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CCD TRANSPORTE COLETIVO S/A.

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VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA/PR

CCD – TRANSPORTE COLETIVO S/A.1, pessoa

jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 76.097.062/0001-25, com sede na Rua Frei Orlando n.º 1400, Cristo Rei, Curitiba/PR, CEP 82530 -040, por seus advogados abaixo assinados2, com

endereço profissional na Rua Moysés Marcondes, n.º 659, Juvevê, Curitiba/PR, CEP: 80.030 -410, onde recebem intimações, vem, respeitosamente, a presença de V. Excelência, com fulcro nos artigos 282 e seguintes do Código de Processo Civil e artigo 47 e seguintes da Lei nº. 11.101/2005 requerer

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

com a finalidade de preservar o núcleo pr odutivo, os mais de 1.000 (um mil) empregos diretos e o interesse dos próprios credores, o que faz conforme razões de fato e de direito que passa a consignar.

1 Ora adiante apenas CCD.

2 DOCUMENTO 1: Ata de Eleição da Diretoria e Instrumento de Procuração.

(2)

2 I. HISTÓRICO DE RELEVANTES SERVIÇOS

PRESTADOS POR DÉCADAS. INTERESSE

PÚBLICO QUE VAI ALÉM DA EMPRE SA RECUPERANDA.

1. A CCD foi constituída por intermédio dos esforços dos seus acionistas3, tendo como objeto social a prestação de serviço

essencial de transporte coletivo, integrando atualmente o Consórcio Pioneiro4, um dos concessionários do serviço de Transporte Coletivo

Urbano de Curitiba.

Atualmente a CCD possui aproximadamente 1.100 (um mil e cem funcionários) 5, com uma frota operacional6 de 164 ônibus,

transportando mensalmente – em média - 2.461.652 (dois milhões, quatrocentos e sessenta e um mil , seiscentos e cinquenta e duas) pessoas7.

Inexorável, pois, a importância social da CCD e o interesse coletivo em sua recuperação e preservação.

Neste contexto, indispensável expor uma resumida contextualização do momento por que passam a CCD e as demais empresas do setor, concessionárias do serviço de transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana.

3 Cujos sócios fundadores, há mais de 50 anos, exerciam as dignas e

honrosas funções e prof issões de motoristas e cobradores das empresas.

4 DOCUMENTO 2: Contrato de Concessão URBS – Consórcio Pioneiro 5 DOCUMENTO 3: Frota operacional de ônibus CCD.

6 DOCUMENTO 4: RAIS – Relação Anual de Informações Sociais . 7 DOCUMENTO 5: Declaração Setransp passageiros.

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3 II. DA CRISE DO TRANSPORTE COLETIVO URBANO DO MUNICÍPIO DE CURITIBA.

2. Infelizmente é caótica a situação do transporte coletivo urbano de Curitiba.

Trata-se de fato público e notório, cf. diuturnamente divulgado na mídia.8

É fato que o Sistema Público de Transporte Coletivo Urbano de Curitiba e Região Metropolitana, como um todo, enfrenta sérias dificuldades.

Prova inequívoca da crise sistêmica é a reiteração de atrasos dos pagamentos pelo Poder Público as empresas integrantes do sistema, bem como greves dos cobradores de ônibus de Curitiba e Região Metropolitana. As frequentes paralisações, em curto intervalo de tempo, também, constituem fatos públicos e notórios, conforme amplamente veiculado pela imprensa 9.

A tarifa técnica10 encontra-se defasada, pelo que

todas as Concessionárias vêm sendo prejudicadas, além de ter havido reajuste dos derivados de petróleo, aumentos de tributos, o que agr avou a situação.

Há divergências entre as estimativas que constaram do Edital de Licitação e os números reais. É uníssono entre as Concessionárias que houve subdimensionamento de despesas, inclusive com aparelhos urbanos (estações tubo, terminais, etc.), o que acarreta indevida majoração de custos para as empresas.

8 DOCUMENTO 6: Notícias a respeito da crise do transporte coletivo urbano de CUritiba-Pr.

9 DOCUMENTO 6: Notícia s a respeito das diversas greves de cobradores e motoristas de ônibus.

10 Critério utilizado pela URBS para remunerar as concessionári as que integram os Consórcios vencedores da Licitação.

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4 Outrossim, depois de encerrada a Licitação e de celebrado o Contrato de Concessão n.º 84/2010, sem respaldo legal nem contratual, houve corte unilateral de remuneração das concessionárias (frota reversível), cujo abuso é objeto de ações coletivas em desfavor do Poder Concedente, conforme gráfico anexo 11.

Tais conclusões estão amparadas em estudos técnicos realizados por profissionais habilitados e fundamentam pedido de revisão da tarifa técnica, com correção do custo quilométrico, formulado pelas Concessionárias12.

Ou seja, existem inúmeras discussões, tanto em âmbito administrativo quanto em âmbito jurídico, a respeito do Contrato de Concessão de Serviços de Transporte Coletivo Municipal de Pa ssageiros nº 084/2010, do qual a autora é parte integrante, inclusive no que tange ao fiel cumprimento das cláusulas do Contrato de Concessão já referido pelo Poder Concedente.

Dentre os argumentos elencados está o de que a Taxa Interna de Retorno – TIR não está se confirmando conforme previsto no contrato entabulado, o que por si só demonstra o déficit do sistema em questão.

Reflexo dessa malsinada situação, reside na decisão proferida pelo E.TJPR, (TJPR - Agravo de Instrumento n. 1.143.066 -5 – 4ª CC - Rel. Des. Lélia Samarda Giacomet – DJE 03/06/2014)13, na qual a CCD e as demais empresas que compõem o polo ativo da referida demanda judicial obtiveram decisão favorável, de modo a

11 DOCUMENTO 7: Notícia com Gráfico que sintetiza os litígios entre Poder Concedente e Empresas de Ônibus .

12 DOCUMENTO 8: Estudo técnico.

13 DOCUMENTO 9: Acórdão do TJPR – Agravo de Instrumento nº 1.143.066-5.

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5 suspender a exigência imposta pela URBS no sentido da necessidade de renovação da frota 14.

Ou seja, a situação das empresas que compõem o Sistema de Transporte Público de Curitiba e Região Metropolitana, dentre as quais a ora autora, é deveras delicada, vez que passam por inúmeras discussões administrativas e judiciais.

Essas anomalias e abusos do Poder Concedente, envolvendo o Contrato de Concessão, estão sendo discutidas em dezenas de ações coletivas, impetradas por todas as sociedades empresárias que integram a RIT do Município de Curitiba e Região Metropolitana 15.

Em verdade, na ação coletiva, tombada sob o n. 0006486-17.2013.8.16.0004, em trâmite perante a 2ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central16, o que se busca, entre outras pretensões, é declarar o direito das autoras em ter seus respectivos contratos rescindidos por just a causa, condenando-se a URBS a devolver os valores pagos por ocasião da outorga e indenizar os investimentos realizados na prestação dos serviços, bem como os custos incorridos e não adequadamente remunerados às autoras até a data da rescisão, na forma dos artigos 35, parágrafo segundo, 36 e 42 da Lei Federal 8.987 /95, a serem apurados em perícia, à título de ressarcimento, observada a vedação legal de confisco e proteção a propriedade privada, antes de considerar revertidos ao poder público todos os bens.

Registre-se, ademais, que todas essas empresas, inclusive invocaram o Ministério Público Estadual17, com o intuito de

14 DOCUMENTO 10: Acórdão do TJ/PR no AI nº. 1.143.066-5 e petição inicial da demanda originária .

15 Vide DOCUMENTO 7: Notícia com Gráfico que sintetiza os litígios entre Poder Concedente e Empresas de Ônibus .

16 DOCUMMENTO 11 : Petição inicial nº 0006486-17.2013.8.16.0004

17DOCUMENTO 12: Procedimento Administrativo instaurado pelas empresas concessionárias junto ao Ministério Público Estadual.

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6 disponibilizarem sua frota, suas garagens e instalações necessárias ao sistema operacional à URBS. As tratativas se encontram em andament o, nada impedindo (caso assim queira Vossa Excelência), seja expedido ofício àquela instituição, para que preste maiores informações a esse d.Juízo, sobre o deslinde da questão 18- 19.

Para se ter simples ideia da gravidade da situação, por força de contrato administrativo a tarifa técnica para o exercício 2015, deveria ser atualizada e definida no mês de fevereiro.

Todavia, até o presente momento, isto é, meados de abril/2015 nada foi definido pelo Poder Concedente20. Isso mesmo. Não

bastasse, as empresas integrantes do sistema de transporte coletivo (como a CCD) são obrigadas a suportar o pagamento da folha já com novos reajustes, sob pena de pagamento de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).21

III. CRISE FINANEIRA SUPERÁVEL.

VIABILIDADE DA EMPRESA NO ÂMBITO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

3. Conforme demonstrado, as dificuldades enfrentadas pela CCD não decorrem de má -gestão ou quaisquer outras causas internas, mas sim, exclusivamente, de fatores externos e sistêmicos.

18 Reitere-se o argumento de que a prova dos abusos do Poder Concedente reside no já mencionado acórdão do TJPR q ue suspendeu a exigência imposta pela URBS de renovação da frota (TJPR - Agravo de Instrumento n.

1.143.066-5 – 4ª CC - Rel. Des. Lélia Samarda Giacomet – DJE 03/06/2014)

19 Digno de destaque, também, o posicionamento do Ministério Público em outras demandas, nas quais reconhece os abusos do Poder Concedente em prejuízo das empresas.

20 DOCUMENTO 13: ATRASO NA DEFINIÇÃO DA TARIFA TÉCNICA EXERCÍCIO 2015.

21 DOCUMENTO 14: ATA DE AUDIÊ NCIA REALIZADA PERANTE O TRIBUNAL

REGIONAL DO TRABALHO.

(7)

7 É público e notório que tais fatores possuem origem em questões políticas, como, por exemplo, a postergação de reajustes em anos de eleições, ou ainda o recente desentendimento entre os governos Estadual e Municipal, que culminou na desintegração das linhas de transporte da Capital e da Região Metrop olitana22.

Pois bem.

Não obstante as referidas vicissitudes, visando à continuidade do serviço público essencial (CF/88, art. 30, inc. V), a CCD buscou meios de permanecer em atividade.

Ao contrário de outras empresas de transporte, que fazem parte de Grupos Econômicos ou mesmo que tiveram substanciais aportes de seus acionistas, a CCD não teve alternativa senão recorrer a financiamentos bancários e, muitas vezes, não dispôs de recursos para o pagamento dos elevados tributos incidentes sobre sua atividade .

A despeito da situação caótica do Transporte Coletivo Urbano de Curitiba, as instituições financeiras recusaram-se a recompor as bases dos contratos bancários celebrados, à luz do Contrato de Concessão em vigor, não obstante o lucro exagerado que já au feriram.

A CCD procurou, em mais de uma oportunidade, cumprir suas obrigações junto aos bancos mediante repactuação e dilatação de prazos. Veja-se que não houve tentativa de rediscutir taxas, juros e encargos, apenas foi solicitado maior prazo para pagam ento da dívida.

Sequer foi aceito pelos bancos o inexorável argumento de que a dívida oriunda da outorga e da renovação antecipada

22 DOCUMENTO 15 : ATRASO NO PAGAMENTO DAS EMPRESAS, GREVES, PROBLEMAS ENVOLVENDO A DESINTEGRAÇAÕ DA RIT.

(8)

8 de frota (requisitos para participar da licitação) deve ser paga pela CCD em prazo inferior à amortização e à vida útil da f rota de veículos, o que acarretou desequilíbrio econômico.

O próprio Governo Federal, por intermédio do BNDES, ciente da crise que assola transporte coletivo nacional23,

estruturou um plano de alongamento das operações bancárias de renovação de frota (denominado REFIN)24 concedendo carência de até 18

(dezoito) meses e outros benefícios, a critério das instituições financeiras. Pois bem. Nenhuma delas outorgou esses prazos à autora. Pelo contrário25.

A CCD buscou ainda consenso junto às instituições financeiras que lhe concederam crédito. Com efeito, convidou os bancos credores para apresentar um plano de reestruturação e de cumprimento dos contratos em questão26.

A postura dos bancos, contudo, não foi receptiva , o que é possível observar por ação de busca e apreensão interpostas por eles, bem como na manutenção da posso de diversos ônibus da frota da CCD27.

Houve contranotificações com o intuito de apreender e retirar da posse os ônibus da CCD28, o que – por óbvio – implicaria caos

23 DOCUMENTO 16: Notícias de outras Capitais que também enfrentam graves problemas com o transporte coletivo urbano.

24 DOCUMENTO 17: Programa REFIN.

25 DOCUMENTO 18: Recusa dos Bancos em conceder a carência plena

sugerida pelo BNDES.

26 DOCUMENTO 1 9: Convite para apresentar e discutir o plano de reestruturação.

27 DOCUMENTO 20: Decisão proferida em Busca e Apreensão nº 0044656-33.2014.8.16.0001, interposta pelo Banco Mercedes Ben z do Brasil S/A em que demonstra a permanência da posse de 4 ônibus da frota da CCD.

28 DOCUMENTO 21: Petição do Banco Mercedes Benz do Brasil reiterand o requerimento de busca e apreensão dos ônibus anteriormente devolvidos.

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9 em Curitiba e na Região Metropolitana, considerando-se os milhares de passageiros transportados diuturnamente pela CCD.

Como as instituições financeiras impediram que fosse viabilizado o plano de reestruturação, a CCD ajuizou Ação Ordinária29

objetivando o cumprimento dos contratos .

Inicialmente foi deferida a antecipação de tutela30,

permitindo o depósito judicial mensal das parcelas vincendas, em montante compatível com o fluxo de pagamentos da CCD. Entretanto, em recurso interposto pelas instituições financeiras, a autorização f oi revogada pelo TJPR, que por sua vez, aliás, recomendou o manejo da recuperação judicial.31

Com a revogação da medida antecipatória, sem prejuízo de acordos firmados com parte dos bancos credores, a CCD persiste em mora junto à outras instituições financ eiras.

6. Além do passivo bancário, como já referido, houve atraso também no pagamento de tributos32.

29 DOCUMENTO 22: Petição Inicial Ação Ordinária buscando o cumprimento dos contratos;

30 DOCUMENTOS 2 3: Liminar concedida pela Juíza da 7a. Vara Cível;

31 DOCUMENTO 24: ACÓRDÃO DO TJPR, REVOGANDO A LIMINAR DE 1.GRAU E

RECOMENDANDO O MANEJO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL;

32 Afinal, em razão da mora do Poder Concedente, porquanto o Contrato de Concessão nunca propiciou às empresas a prometida TIR (Taxa Interna de Retorno) de 8,5% (oito e meio por cento), para evitar busca e apreensões de veículos (essenciais à execução do serviço, por óbvio) e honrar pagamentos de folha de salários e fornecedores (notadamente de combustíveis e lubrificantes, pneus, etc.), todos essenciais à continuidade de serviços, houve impontualidade no pagamento de tributos.

(10)

10 Conclui-se, pois, que a despeito das inúmeras tentativas de negociação promovidas pela impetrante CCD com seus credores, alguns deles optaram por buscar isoladamente o pagamento de suas dívidas por meio do ingresso de ações judiciais individuais, não restando, portanto, alternativa senão a de se socorrer do presente pedido de recuperação judicial, como a expectativa de reestruturar suas dívidas e continuar a explorar regularmente seus ativos, os quais – em operação – são numerosos e valiosos.

IV. VIABILIDADE FINANCEIRA E OPERACIONAL DA IMPETRANTE CCD E DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

4. Conquanto debilitada a situação financeira da CCD – em razão de fatores externos, notadamente do Poder Concedente – a continuidade da empresa é manifestamente viável.

A conclusão, lastreada em Parecer Técnico de profissional especializado 33, parte das seguintes premissas – as quais

serão exaustivamente discorridas por ocasiã o do Plano de Recuperação:

 Reajuste já anunciado da Tarifa Técnica: embora ainda não oficializado, há fortes indicativos de que o valor percebido pelas empresas, inclusive pela CCD, por passageiro transportado passará a ser de R$ 3,41 (três reais e quarenta e um centavos), o que elevará a receita mensal da CCD para cerca de R$ 6,3 milhões (seis milhões e trezentos mil reais);

33 DOCUMENTO 25: Parecer Técnico atestando a viabilidade econômica da CCD.

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11  A CCD não possui passivo trabalhista expressivo, conforme denota -se da CNDT – Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas

34;

 O acréscimo da receita mensal permitirá não apenas honrar os acordos já firmados com alguns bancos, como também buscar repactuações com aqueles faltantes;

 O mesmo sucede com a categoria fornecedores, ou seja, o fluxo permitirá adimplir as obrigações correntes e renegociar os pagamentos em atraso;

 Os débitos tributários não incluídos no referido Plano de Pagamento poderão ser parcelados em até 84 (oitenta e quatro) meses, conforme autoriza a PORTARIA CONJUNTA PGFN / RFB Nº 15, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2009, na redação que lhe foi conferida pela recentíssima PORTARIA PGFN RFB Nº 1, DE 13 DE FEVEREIRO DE 2015;

Registre aqui as conclusões técnicas da consultoria EBRAPE, quanto ao levantamento preliminar de viabilidade econômico financeira da CCD:

Após a análise das informações apresentadas, bem como as previsões de Receita e resultados a partir da nova tarifa técnica, constatamos que as projeções f inanceiras refletem as futuras atividades da empresa e que foram realizadas dentro de um padrão

34 DOCUMENTO 26: CNDT – Certidão Negativa de Débitos Trabalhista s.

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12

“conservador”, consistente e factível e que as receitas brutas, custos e despesas operacionais projetados permitem a obtenção de fluxos de caixa positivos.

Porém, o fluxo de caixa atual vem sendo fortemente impactado pela tarifa técnica defasada e pelo alto comprometimento com despesas f inanceiras geradas pelo passivo.

Considerando, portanto, que a nova tarifa técnica impactará muito positivamente nas receitas e que as despesas não variam em função da receita, conclui -se que com a capacidade de geração de caixa decorrente das operações da empresa e do caixa disponível projetado, a Companhia poderá elaborar Plano de Recuperação Judicial para a cobertura do cronograma de pagamento aos seus credores.

É nosso entendimento que a projeção das receitas brutas é suf icientemente segura pa ra dar aos credores, na apresentação do Plano de Recuperação Judicial, conf iança de que os recursos oriundos das operações poderão viabilizar o cronograma de pagamento aos mesmos.

Dessa forma, após a análise das informações apresentadas, da constatação da coerência dos demonstrativos e projeções f inanceiras e da possibilidade e capacidade de geração de caixa, somos de parecer que a Companhia apresenta viabilidade econômico-f inanceira.

(13)

13 Em suma, a Recuperação Judicial é medida adequada e imprescindível para a preservação da CCD, mantendo em atividade o núcleo produtivo sem comprometer os mais de 1.100 (um mil e cem) empregos diretos e, sobretudo, sem comprometer a continuidade do serviço público essencial de transporte de passageiros.

Indiscutível a viabilidade operacional da empresa. Não obstante, é certo que a situação adversa que a CCD enfrenta é de caráter temporário, razão pela qual a recuperação judicial propiciará o saneamento rápido com o pagamento de todos os seus credores.

Por tudo isso, repita-se, a impetração da recuperação judicial é medida que se impõe.

V. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS AO PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL – ART. 48 DA LEI N.11.101/2005 .

Antes de se passar ao exame dos documentos que instruem o presente pedido, cumpre esclarecer que a Requerente preenche todos os requisitos necessários para pleitear recuperação judicial, nos moldes do que exige o art. 48 lei n. 1101/2005.

Neste sentido, vem a requerente declarar que (i) exercem regularmente suas atividades já m uito mais do que dois anos exigidos por lei; (ii) jamais foi falida; (iii) jamais obtiveram concessão de recuperação judicial ou procedimento que a assemelha e; (iv) seus administradores e sócios jamais foram condenados pela prát ica de crimes falimentares35.

35 Vide relação de documentos como requisitos necessários para a

instrução da Recuperação Judicial.

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14 Comprovada a observância de todos os requisitos objetivos previstos no art. 48 da lei n. 1101/2005, passa -se à análise dos documentos indispensáveis ao deferimento do processamento da recuperação judicial, conforme determina o art. 51 da referida lei.

VI. DA INEXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTOS PARA O PEDIDO – DA DOCUMENTAÇÃO INDISPENSÁVEL DE ACORDO COM A LEI 11.101/2005 (LFR)

Estabelece o art. 51 da Lei n.11101/2005 que o pedido de recuperação judicial deverá ser instruído com a série de documentos que possibilitarão o juízo competente apreciar a real situação da crise econômica financeira da empresa requerente e, assim, deferir o processamento da recuperação judicial almejada.

Em estrito cumprimento ao mencionado no referido dispositivo legal, a requerente apresenta a seguinte documentação36:

a) Demonstrações financeiras (balanços e demonstrações de resultado – art. 51, inciso II) relativas aos exercícios de 2012, 2013 e 2014;

b) Demonstrações financeiras (balanço patrimonial, demonstrativo de resultado des de o último exercício social e demonstrativo de resultado acumulado – art. 51, inc. II) da requerente levantadas especialmente para instruir o pedido;

c) relatórios gerenciais do fluxo de caixa e de sua projeção (art. 51, inciso II);

36 Vide relação de documentos como requisitos necessários para a

instrução da Recuperação Judicial.

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15 d) relação de credores (art. 51, inciso III) que engloba lista nominal de todos os credores, individualizada por classe de seus créditos, com valor atualizado, com todas as informações conforme estabelecido pela legislação aplicável;

e) relação de empregados (art. 51, inciso IV) com funções, salários e demais parcelas a receber;

f) certidão de regularidade da JUCEPAR e demais documentos societários (art. 48 e 51, inciso V) consubstanciadas nas certidões emitidas pelos órgãos competentes;

g) Relação de bens particulares dos diretores e administradores (art. 51, inciso VI);

h) extratos bancários atualizados das contas correntes (art. 51, inciso VII);

i) Certidões dos cartórios de protestos (art. 51, inciso VIII);

f) relação das ações judiciais (art. 51, inciso IX) que contempla todas as ações judiciais de natureza cível, fiscal e trabalhista em que a requerente figura como parte, subscritas por seus representantes;

VII - DA URGÊNCIA NO PROCESSAMENTO DO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

Considerando-se que a CCD se vê ameaçad a por credores insatisfeitos que desejam apropriar -se dos seus bens imediatamente37 e, ofertados neste momento todos os documentos

37 Vide DOCUMENTOS 20 e 21.

(16)

16 previstos em lei, requer a Vossa Excelência, seja deferido imediatamente o processamento do pedido de recuperação judicial, co mprometendo-se a apresentar o Plano Recuperação Judicial, no prazo legal.

No que diz respeito a urgência da obtenção do provimento judicial visando o processamento da recuperação judicial, como forma de manter a unidade produtiva em atividade, assegurando a preservação de centenas de empregos, nossa literatura jurídica assim orienta38:

" (...) se o juiz verificar que a documentação está em termos, deverá desde logo prolatar despacho deferindo o processamento da recuperação. Se a documentação não estiver em termos, deverá conceder prazo razoável para que seja complementada (...)"

Portanto, requer a Vossa Excelência digne -se deferir de forma imediata o processamento do pedido, comprometendo -se a CCD a ofertar eventuais dados complementares e documentos após o deferimento, se necessário, o que se admite apenas para argumentar.

Com a palavra o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Sidnei A. BENETI:39

" o início do processo de recuperação judicial é sempre urgente, de maneira que, entrevista a viabilidade n o essencial, eventuais determinações de sanação de pontos específicos devem ser realizados sem prejuízo do deferimento do processamento - quer dizer: defere-se o processamento e

38 BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Lei de Recuperação de Empresas e Falência s Comentada. Sâo Paulo: Editora Revista dos Tribunais, p.159;

39 BENETI, Sidinei A. In. Direito Falimentar e a Nova Lei de Fal ências e Recuperação de Empresas. São Paulo: Editora Quartier Latin, p.235;

(17)

17

determinam-se as correções e sanações sem paralisar o procedimento no tocante ao principal"40

Com efeito, apenas com o deferimento do processamento a CCD (e sua unidade produtiva, isto é, centenas de empregos e ônibus) estará segura contra as ações e execuções individuais que pretendem a satisfação singular dos seus créditos, os qua is fatalmente estarão sujeito a presente recuperação judicial.

Não se pode olvidar que somente com o processamento do pedido de recuperação, a manutenção das atividades desempenhadas pela CCD estarão asseguradas, evitando, pois, problemas aos milhares de usuários do transporte coletivo urbano de Curitiba.

Afinal, o prazo para suspensão das ações e execuções em desfavor da CCD passará a valer somente após Vossa Excelência determinar o processamento da recuperação judicial. Portanto, essa decisão, além de trazer diversos benefícios a unidade produtiva da CCD, não causará prejuízo a ninguém, inclusive assegurando a continuidade normal do transporte coletivo urbano do Município de Curitiba, desempenhada pela CCD.

Inegável, pois, que o imediato processamento d a recuperação judicial gerará segurança jurídica a toda a coletividade, mesmo porque a análise de viabilidade econômica e financeira da CCD deve ser realizada (e no caso em tela efetivamente é viável) após o processamento da recuperação judicial, isto é, com o oferecimento do plano de recuperação.

40 Nesse sentido constam inúmeros julgados, dentre os quais: TJSP. Agravo de Instrumento n.994092822425, Rel. Des.Pereira Calças. Câmara Reservada à Falência e Recuperação do TJSP, j.06.04.2010

(18)

18 VII. CONCLUSÃO.

Diante do exposto, comprovado que impetrante CCD preenche todos os requisitos necessários ao deferimento do presente pedido, respeitosamente, requer, em caráter de urgência:

a) seja deferido processamento deste pedido de recuperação judicial, nos termos do art. 52 do referido diploma legal;

b) seja nomeado administrador judicial;

c) seja ordenada a suspensão de todas as ações e execuções em curso contra a requerente;

d) seja determinada a dispensa de apresentação de certidões negativas para o exercício de suas atividades;

e) seja intimado o Ministério Público e comunicadas as Fazendas Públicas Federal, Estadual e Municipal; e

f) seja publicado o Edital a que se refere o parágrafo 1º do art. 52 da Lei n. 1101/200541-42

41 § 1o O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá: I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperação judicial; II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a classificação de cada crédito; III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do art. 7o, § 1o, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pe lo devedor nos termos do art. 55 desta Lei. 42 Alternativamente, caso V. Exa, entenda que ainda faltam documentos

ou informações (apesar de não vislumbrar a impetrante CCD nenhuma ausência de documento em relação ao exigido pela lei específica), se compromete a tentar produzi -lo com a urgência necessária, rogando porém que uma eventual falta não acarrete em uma postergação do deferimento, requerendo nestes termos seja deferido o processamento desde logo, como vem sendo firmado pela jurisprudência e doutrina.

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19 Por fim, informa a impetrante CCD que apresentará o plano de recuperação dentro do prazo legal de 60 (sessenta) dias, cf. exigido pelo artigo 53 da Lei n.1101/2005, sendo que tal prazo fluirá a partir da data de publicação da decisão que deferir o pedido ora formulado.

Requer, ainda, que todas as intimações referentes ao processo em questão, sejam realizadas em nome dos subscritores da presente, sob pena de nulidade (art.236, par.1o. do CPC).

Dá-se a causa para efeitos fiscai s, o valor de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais).

Nestes Termos Pede Deferimento

Curitiba, 08 de Abril de 2015.

Carlos Alberto Farracha de Castro Elton Baiocco

OAB/PR 20.812 OAB/PR 53.402

Claudio Mariani Berti Ana Paula Mariani

OAB/PR 25.822 OAB/PR 66.310

Luiz Carlos Soares S. Junior OAB/PR 41.317

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