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A abordagem de espécie-bandeira na Educação Ambiental: estudo de caso do bugio-ruivo (Alouatta guariba) e o Programa Macacos Urbanos.

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A abordagem de espécie-bandeira na Educação Ambiental: estudo de caso do

bugio-ruivo (Alouatta guariba) e o Programa Macacos Urbanos.

Gerson Buss1 Luisa Xavier Lokschin2 Robberson Bernal Setubal3 Fernanda Zimmermann Teixeira4 Apresentação

Neste capítulo pretendemos apresentar e refletir sobre algumas das experiências do nosso grupo de trabalho através da contextualização de nossa vivência, relatando ações relacionadas à pesquisa e Educação Ambiental que vêm sendo desenvolvidas desde 1993.

Na primeira parte apresentaremos um breve histórico da Educação Ambiental, a relação da fauna com essa educação e experiências de estratégias do uso de primatas como espécie-bandeira. Como será claro ao leitor, nosso objetivo é trazer algumas das referências que temos utilizado como ferramentas de apoio ao nosso trabalho, as quais buscamos compartilhar com outros grupos e pessoas. Longe de serem a totalidade e esgotamento desses assuntos são alguns dos textos que temos discutido em nossas reuniões e ações de trabalho.

Na segunda parte exploramos as temáticas diretamente relacionadas ao Programa Macacos Urbanos (PMU) enquanto um grupo trabalhando frente às questões que vem conhecendo e convivendo ao longo de sua trajetória. Esperamos que este relato sirva de apoio a outros grupos e pessoas que trabalham a Educação Ambiental e a biologia da conservação em seu dia-a-dia.

1 Biólogo, Professor da UERGS São Francisco de Paula, membro do Programa Macacos Urbanos (PMU). 2 Bióloga, Programa Macacos Urbanos (PMU), Depto de Zoologia, UFRGS.

3 Biólogo, Programa Macacos Urbanos (PMU), Depto de Zoologia, UFRGS. 4 Acadêmica de Ciências Biológicas, Programa Macacos Urbanos (PMU), UFRGS.

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Educação Ambiental: breve histórico

Durante a década de 1970, a humanidade começou a dar-se conta de que suas intervenções no meio ambiente estavam gerando diversos impactos, muitos dos quais negativos e irreversíveis, que poderiam colocar a sua própria sobrevivência em risco. Dessa preocupação em divulgar para toda a sociedade as questões ambientais nasceu a Educação Ambiental, em uma tentativa de chamar a atenção para finitude de bens e processos da natureza e envolver os cidadãos em ações ambientalmente mais apropriadas (Carvalho, 2004).

A Educação Ambiental tem raízes históricas no ano de 1972, com a realização da I Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente em Estocolmo (Suécia) e, no ano de 1977, com a realização da I Conferência sobre Educação Ambiental em Tbilisi (ex-URSS). Esses eventos traduziram os anseios das novas gerações, ligadas a movimentos questionadores da estrutura social vigente, como a contracultura e os novos movimentos sociais emergentes, associados na busca por alternativas para os modelos desenvolvimentistas da sociedade. Como resultado, novas temáticas foram identificadas e discutidas revelando a complexidade da teia de relações – gerada pela emergência do capitalismo globalizador – e de novos processos sociais e ambientais. Dessa discussão, verificou-se a necessidade em consolidar diretrizes e estratégias conjuntas, direcionando ações e esforços de diversos países em disseminar uma nova postura das sociedades humanas frente ao modelo em vigência, visto que este se opõe à conservação da natureza trazendo degradação ambiental e perda de qualidade de vida. Nesse expoente, foram formuladas políticas públicas propondo universalizar conceitos da Educação Ambiental de forma a proporcionar a discussão, avaliação e trocas de experiências embasadas em critérios comuns de trabalho.

Além das ações políticas, como a implementação de legislação pública de Educação Ambiental, os movimentos sociais também cumprem um importante papel de disseminação e efetivação de experiências na área. Esses movimentos, emblematizados por bandeiras gerais de mudança das relações sociais como um todo, buscam equacionar a distribuição das riquezas de maneira mais justa, promovendo a inclusão cidadã, acesso à educação,

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habitação, saúde e qualidade de vida, relacionando o bem estar comum com a conservação da natureza.

No Brasil, a temática da Educação Ambiental se consolidou a partir dos anos 80, aliada ao surgimento do movimento ecológico nacional. Nos últimos anos, com o crescimento dos problemas ambientais, surgiu uma busca por alternativas que visam à diminuição desses problemas, a melhoria da qualidade de vida e um equilíbrio maior entre ser humano e meio ambiente (Padua, 1997). Cada vez mais, a Educação Ambiental tem se tornado importante no processo de sensibilização da sociedade, visando o desenvolvimento sustentável.

No Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, produzido pelo Fórum Global (evento que aconteceu paralelamente à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente – a chamada Rio 92), a educação é tratada como processo permanente de aprendizagem.Carvalho (2004) aponta que a Educação Ambiental foi concebida inicialmente como preocupação dos movimentos ecológicos em chamar a atenção para a finitude e má distribuição no acesso aos recursos naturais e, em um segundo momento, se transforma em uma proposta educativa no sentido forte, isto é, que dialoga com o campo educacional, com suas tradições, teorias e saberes.

Em 1999, houve a efetivação de uma Política Nacional de Educação Ambiental, sendo o Brasil o primeiro país da América Latina a conquistar uma legislação específica no assunto (Brasil, 1999). Com essa conquista, atingimos uma nova etapa do processo de implementação da Educação Ambiental, balizando a ação dos diversos grupos de educadores ambientais através de objetivos e diretrizes comuns. O atual Programa de implantação dessa política (MMA, 2005) vem como instrumento de referência na implantação dessas diretrizes, respeitando e estimulando a existência de pluralidade na ação de cada grupo frente às questões sócio-ambientais da sua região de trabalho.

A fauna na Educação Ambiental: sensibilização através de espécie-bandeira

Uma das estratégias de Educação Ambiental é a abordagem de espécie-bandeira. Uma espécie-bandeira, em geral, é um grande vertebrado, o qual é usado como âncora para campanhas conservacionistas por atrair o interesse e simpatia do público (Simberloff,

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1998). São diversas as razões que levam às escolhas de determinadas espécies como “bandeira”, mas o fato de despertarem a atenção do público em geral é a mais importante delas.

A espécie-bandeira pode ser uma facilitadora dos processos de sensibilização em atividades de Educação Ambiental. Os animais carismáticos como símbolos de campanhas educativas valorizam todo o ecossistema e as outras espécies presentes (Padua, 1997). Além disso, a espécie-bandeira proporciona um melhor entendimento do ambiente e dos outros seres, possibilitando a abordagem de temas, muitas vezes complexos, relacionados à conservação da natureza (Sammarco & Printes, 2004).

Estratégias de conservação a partir de espécies-bandeira devem ter a clareza de que muitas vezes esta não será um indicador de qualidade ambiental, nem sua presença necessariamente estará ligada a ambientes mais ou menos preservados (Dietz & Nagagata, 1985; Simberloff, 1998; Caro & O´Doherty, 1999; Bowen-Jones & Entwistle, 2002). O fato dessas espécies serem carismáticas e despertarem a atenção do público em geral, facilita o processo de sensibilização e resignificação dos processos ambientais. A abordagem de espécie-bandeira está relacionada à abertura de diálogo entre os educadores, as comunidades do entorno de determinado foco de ação e a sociedade em geral. Através do estudo das relações ecológicas da espécie-bandeira, pode-se trabalhar uma visão holística dos processos ecossistêmicos e não apenas a espécie isolada. Dessa forma, pode-se buscar a conservação de um ecossistema através de uma única espécie.

Algumas espécies são usadas em campanhas mundiais para a conservação da natureza. A imagem do panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca) tem sido trabalhada em campanhas educacionais de conservação tendo se tornado um símbolo mundial. Outras espécies também são bandeiras mundiais, tais como o elefante-africano (Loxodonta africana) e o tigre (Panthera tigris) (Bowen-Jones & Entwistle, 2002).

No contexto brasileiro, a abordagem de espécie-bandeira também tem sido utilizada e, há muitos anos, conservacionistas vêm trabalhando com essa temática em campanhas educativas, como é o caso das tartarugas-marinhas e do mico-leão-dourado.

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O Projeto Tamar, em atividade desde 1980, consolidou a estratégia de espécie-bandeira com seu objeto de estudo, as tartarugas marinhas. A partir de um diagnóstico inicial sobre as principais ameaças que as tartarugas sofrem em seu ambiente natural, foram propostas atividades educativas, tanto com as populações tradicionais, como com os turistas e moradores das grandes cidades. Esses trabalhos educativos atacam o problema a partir de vários ângulos: os pesquisadores buscam trabalhar os problemas econômicos, sociológicos e gerenciais que ameaçam as espécies(Primack & Rodrigues, 2001).

Espécies de primatas como espécies-bandeira

Os primatas são o grupo animal onde se incluem os seres humanos. Devido a essa proximidade evolutiva, muitas espécies de primatas são simpáticas ao público em geral, o que facilita a abordagem educativa. Como resultado existem diversos trabalhos com primatas em atividades de Educação Ambiental. Estes animais desempenham papel particularmente importante na conservação, e estudos com primatas estão ligados ao início das políticas e ações conservacionistas no Brasil (Mittermeier et al., 2005). Além disso, o Brasil é o país com maior número de espécie de primatas do mundo (Rylands et al., 2000).

O mais famoso primata brasileiro é o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e seu reconhecimento está ligado a um longo trabalho de pesquisa e manejo da espécie através do Projeto Mico Leão. Associado às pesquisas, campanhas e atividades educativas – orientadas sob a ótica de espécie-bandeira – o Projeto vêm trabalhando com comunidades do entorno das florestas onde esse primata habita, bem como com a sociedade brasileira como um todo. É difícil criar interesse para a conservação de uma cobra, mas conservando uma área de mata onde vivem micos-leões, quase todos os elementos que ali vivem também estarão sendo conservados (Dietz & Nagagata, 1985).

Entre os anos de 1986 e 1989, a figura do muriqui ou mono-carvoeiro (Brachyteles hypoxanthus), o maior primata das Américas, foi amplamente usada na divulgação da Mata Atlântica e da Estação Biológica de Caratinga (em Minas Gerais). Através de folders, cartazes, filme, camisetas e adesivos, escolas e diversos segmentos da sociedade local foram envolvidos em atividades de conhecimento dessa área protegida onde habita o maior

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grupo de muriquis conhecido no Brasil. Em 1992, a campanha “Seja humano, salve o mono" orientava excursões de todas as escolas de Caratinga à Estação Biológica. O muriqui é usado como símbolo da região e é uma espécie-bandeira na Fazenda Montes Claros (Couto-Santos & Mourthé, 2004). O muriqui também é o símbolo, a bandeira, da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (www.rbma.org.br).

Em São Paulo, o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) é o símbolo do trabalho no entorno do Parque Estadual Morro do Diabo e facilitou a abordagem conservacionista com a comunidade próxima. Estudos prévios mostraram que a comunidade que vivia próxima ao Parque conhecia este primata, mas ignorava a presença de muitas outras espécies, também habitantes da região. O mico-leão foi então adotado como símbolo das atividades educativas, de abordagem e sensibilização em estratégias formais e informais de Educação Ambiental promovidas no Parque (Padua et al., 2003).

A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS) também trabalha considerando os primatas como símbolo de suas campanhas de combate ao tráfico e de proteção da biodiversidade (www.renctas.org.br).

No Rio Grande do Sul, o Programa Macacos Urbanos adota estratégia similar de abordagem, enfocando o bugio-ruivo como espécie-bandeira em atividades de Educação Ambiental.

O Bugio-ruivo (Alouatta guariba) como espécie-bandeira

Nas atividades educativas realizadas pelo Programa Macacos Urbanos com as comunidades têm-se adotado a estratégia de trabalho em que o bugio-ruivo é a bandeira para facilitar a reflexão sobre temáticas ambientais com a sociedade. A partir de nossas experiências com essa abordagem, conceitos, relações e processos naturais tem sido trabalhados e discutidos, sendo a imagem do bugio uma facilitadora na abordagem das temáticas.

Bowen-Jones & Entwistle (2002) sugerem alguns critérios para a escolha de espécies-bandeira localmente apropriadas (Anexo 1). Baseado em nossas experiências de pesquisa e extensão, avaliamos o potencial do bugio-ruivo como espécie-bandeira no Rio

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Grande do Sul, analisando seu perfil através dos critérios propostos pelos autores citados conforme a Tabela 1.

Vale ressaltar que o contato com as comunidades do entorno das áreas de trabalho mostram que elas têm conhecimentos sobre a ocorrência dos animais e alguns de seus hábitos. A partir do contato dos pesquisadores com essas comunidades, percebe-se o interesse e o conhecimento tradicional sobre os bugios, o que facilita e enriquece a proposta de abordagem de espécie-bandeira.

As características dos bugios-ruivos que facilitam o reconhecimento pelas comunidades são principalmente a sua vocalização, que pode se propagar por alguns quilômetros, o que os torna conhecidos pela maioria das pessoas que vivem no entorno das matas, conforme destacado pelo Pe. Balduíno Rambo S. J. em A Fisionomia do Rio Grande do Sul: “Nenhum amigo de nossas florestas virgens desconhece o bugio (...)” (Rambo, 2005: 282). O fato dos bugios serem animais sociais e terem um ritmo de vida vagaroso facilita seu avistamento. Em geral, a figura do bugio desperta o interesse e a curiosidade de crianças, jovens e adultos.

Tabela 1 - O bugio-ruivo como espécie bandeira segundo os critérios sugeridos por Bowen-Jones & Entwistle (2002)

Critérios Enquadramento do bugio

1. Distribuição geográfica A espécie é endêmica do bioma mata atlântica, considerado um dos biomas mais ameaçados do mundo, hotspot para a conservação mundial.

2. Status de conservação No Brasil a espécie é considerada próxima à ameaça (Machado et

al., 2005) e no Rio Grande do Sul é considerada vulnerável à extinção (Marques, 2003).

3. Papel ecológico “Semeador de florestas” por dispersar sementes das plantas ingeridas.

4. Nível de reconhecimento Bastante conhecido pelas comunidades tradicionais; a vocalização característica e a presença de apenas três espécies de primatas no estado são fatores que podem favorecer o conhecimento da espécie

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no RS.

5. Uso existente Usos como símbolo de Unidades de Conservação e do Parque Zoológico da região.

6. Carisma Macaco relativamente grande, coloração vistosa (machos ruivos). 7 . Significância cultural Presente no folclore gaúcho através do ritmo musical tradicionalista

chamado bugio e ainda em causos e histórias.

8. Associações positivas Associação com a figueira-da-folha-miúda (Ficus organensis), árvore característica do RS, de grande importância ecológica e beleza cênica.

9. Conhecimento tradicional As comunidades vêem os bugios como animais que vivem no ermo das matas, reconhecem seus hábitos sociais e sazonais.

10. Nomes populares Os nomes populares bugio, barbado e guariba em geral não têm conotações pejorativas.

A interação dos bugios com outras espécies possibilitam o estabelecimento de conexões importantes a serem exploradas no processo educativo. Por exemplo, os bugios têm uma associação positiva com a figueira (Ficus organensis) já que utilizam essa árvore de grande porte como sítio de dormitório e de alimentação. As sementes de figueira só germinam após passarem pelo sistema digestório de algum vertebrado, e o bugio é um deles. Essa relação é muitas vezes conhecida pelas populações tradicionais do Rio Grande do Sul, e, para trabalhos de educação, facilita a abordagem de temáticas de relações ecológicas e interdependência entre os seres vivos.

Além do conhecimento sobre áreas de uso e de hábitos diurnos e sazonais dos animais, algumas histórias são repetidas por pessoas de diferentes áreas e tidas por elas como verdadeiras. Uma delas é a de que uma fêmea de bugio, ao ver um caçador com uma arma apontada para si, exporia o seu filhote como que para causar piedade ao caçador e assim evitaria ser caçada. Outro fato relatado pela maioria dos moradores do entorno das matas é de que os bugios arremessariam suas fezes nas pessoas ao vê-las na sua área de uso,

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para espantá-las. Outros acrescentam que, além do arremesso, as fezes queimariam a pele daquele que for por ela atingido.

Essas histórias, apesar de parecerem depreciativas e nunca comprovadas de fato, não nos parecem afetar a imagem do bugio como espécie carismática, mas enfatizam a presença desse animal no imaginário das pessoas e parte dos conhecimentos da cultura gaúcha. Os animais são bastante conhecidos e despertam a curiosidade; muitas das abordagens populares começam pela pergunta: “é verdade que os bugios...?”, mostrando a transmissão oral da cultura de lendas sobre a espécie e que, de certa forma, contribuem no interesse das pessoas em saber a “verdade” para essas perguntas.

O bugio-ruivo também está fortemente inserido no folclore do Rio Grande do Sul, sendo nome e fonte inspiradora do único ritmo musical tradicionalista genuinamente criado no Estado, o bugio. Esta tradição cultural agrega à espécie um valor ainda mais especial para a Educação Ambiental.

Experiências com o bugio-ruivo como espécie-bandeira no Rio Grande do Sul 1. O Projeto Alouatta e o Parque Estadual de Itapuã.

No final dos anos 80 foi iniciado no Parque Estadual de Itapuã um estudo sobre ecologia do bugio-ruivo denominado Projeto Alouatta. O Parque Estadual de Itapuã está localizado no município de Viamão, RS, tem 5.566 ha de área e é uma das mais importantes Unidades de Conservação do Rio Grande do Sul. Naquela época o Parque não havia sido implementado e um dos objetivos do Projeto Alouatta era divulgar a importância do Parque de Itapuã para a conservação do bugio-ruivo. O Projeto Alouatta desenvolvia suas ações de forma integrada com a Comissão de Luta pela Efetivação do Parque Estadual de Itapuã (CLEPEI), organização não-governamental (ONG) que atuava especificamente com a questão do Parque.

Para atingir esse objetivo foi criada a campanha “Salve o Bugio” (Figura 1). Nessa campanha foram elaborados adesivo e cartaz e foi produzido um áudio-visual. O adesivo e o cartaz tinham como ênfase a conservação do bugio-ruivo enquanto que o áudio-visual ainda abordava a situação do Parque, sua importância e a necessidade de

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implementação. Durante o ano de 1989 foram feitas apresentações em escolas da região metropolitana de Porto Alegre, principalmente na região de Viamão, na área do entorno do Parque. Esse projeto foi realizado pelo Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e financiado pela World Wildlife Fund for Nature (WWF) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Figura 1 - Logotipo do Projeto Alouatta.

O Projeto Alouatta desenvolveu suas atividades de 1987 a 1991, tendo produzido vários artigos científicos e contribuído de forma essencial no processo de implementação do Parque. A campanha "Salve o Bugio" foi importante na criação de um ambiente propício para a implementação dessa Unidade de Conservação.

2. O Programa Macacos Urbanos (PMU)

O Programa Macacos Urbanos (PMU) é um grupo de pesquisa e conservação de primatas vinculado ao Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e à ONG InGa - Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais. Reúne uma equipe multidisciplinar de estudantes, docentes e profissionais que desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão, tendo como enfoque principal à conservação do bugio-ruivo.

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O PMU surgiu em 1993 da iniciativa de um grupo de estudantes a partir de um projeto que tinha como objetivo identificar as áreas de ocorrência dos bugios no município de Porto Alegre e as condições do seu hábitat. Além da área de ocorrência, conflitos e ameaças às populações de bugios foram identificados ao longo do trabalho (Figura 2).

Figura 2 – Principais fatores de ameaça às populações de bugio-ruivo (Alouatta guariba) no município de Porto Alegre, RS.

A partir do projeto “Ocorrência e distribuição do bugio-ruivo no município de Porto Alegre” e da identificação das principais ameaças ao bugio, diversas estratégias relacionadas surgiram e se incorporaram às atividades do grupo, conforme ilustrado na Figura 3. Com o aporte de informações geradas através das atividades de pesquisa, são elaboradas e desenvolvidas ações práticas visando minimizar as ameaças ao bugio-ruivo. Processo de urbanização desordenado

Destruição das florestas

Fragmentação do hábitat e isolamento de populações

Maus tratos Predação por cães

Atropelamentos Choques elétricos

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Essas ações se relacionam ao manejo da espécie e a atividades de extensão, como Educação Ambiental e ativismo político-comunitário.

Figura 3 - Organograma do Programa Macacos Urbanos, gerado a partir da pesquisa “Ocorrência e distribuição do bugio-ruivo (Alouatta guariba) no município de Porto Alegre”.

As ações de manejo de fauna e flora são parte do leque de alternativas para a manutenção e conservação da vida silvestre. O manejo da flora está ligado ao plantio de mudas de árvores nativas nas áreas de ocorrência do bugio-ruivo. O desenvolvimento dessas atividades de plantio comunitário – chamadas ocupações verdes – envolve estratégias de restauração das florestas em áreas degradadas e impactadas pelas ações humanas (Liesenfeld et al., 2003).

O manejo do bugio-ruivo realizado pelo PMU está geralmente ligado aos conflitos já identificados na Figura 2. Há algumas experiências de soltura de animais apreendidos (Alonso et al., 2005), as quais são precedidas de amplas discussões e aferimentos frente às

PROGRAMA MACACOS URBANOS

BIOLOGIA E

CONSERVAÇÃO ANÁLISE DO HÁBITAT

PESQUISA CIENTÍFICA ATIVIDADES

DE EXTENSÃO

OCORRÊNCIA E DISTRIBUÇÃO DO BUGIO-RUIVO NO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE

ESTUDOS POPULACIONAIS MANEJO GENÉTICA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS RESTAURAÇÃO DE HÁBITAT EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATUAÇÃO POLÍTICA INCENTIVO A RPPNs ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO REGENERAÇÃO FLORÍSTICA COMPORTAMENTO

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normas da captura e soltura de primatas editadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, 2000). Outro foco de ação é a instalação de pontes de cordas sobre a fiação elétrica em áreas de deslocamento da espécie visando minimizar a incidência de choques elétricos que, na maioria das vezes, mutilam os animais ou mesmo levam a óbito os espécimes acidentados (Lokschin et al., no prelo).

As atividades de extensão do PMU incluem ações educativas e de ativismo político-comunitário. Dentre as ações educativas ligadas ao manejo de fauna, citamos o trabalho de capacitação de guardas-parque e soldados do Batalhão Ambiental de Porto Alegre nos procedimentos de captura e acondicionamento de animais apreendidos. Outras ações educativas do grupo serão abordadas no tópico seguinte.

As ações de ativismo político-comunitário são uma estratégia na formulação de políticas públicas de conservação da natureza, sendo um importante eixo de ação do PMU. São movidas pelo interesse e pelo conhecimento de que dados de pesquisa podem e devem ser aplicados na gestão pública. Utilizando-se de dados dos trabalhos de pesquisa, integrantes do PMU participam de diversos fóruns de discussão e de planejamento do município, buscando resoluções que estejam de acordo com os objetivos de conservação da natureza. Fazem parte das ações do grupo o posicionamento frente a questões de injúria a natureza e descumprimento da legislação ambiental com encaminhamento de denúncias à Justiça e participação na elaboração de leis do município.

Com isso, algumas vitórias a favor da fauna e flora silvestres já foram obtidas, tais como:

• alteração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental, • lei do “IPTU Ecológico”,

• isolamento da fiação pública que causava choques nos bugios e

• indicação de área para criação do Parque Natural no Morro São Pedro. Nas ações de conservação de hábitats, uma das principais frentes de trabalho é a atuação junto a proprietários de áreas naturais, para que esses as conservem e/ou as transformem em Reservas Particulares, num trabalho de educação pontual e continuada de longo prazo. Hoje, o grupo colhe o resultado na efetivação de duas importantes áreas de reservas particulares em Porto Alegre. São elas: o Recanto do Lago, área localizada no bairro Lami com 80 ha, um dos últimos remanescentes dos ecossistemas de restinga

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presentes ao longo da margem do lago Guaíba e o Espaço de Conservação Econsciência, área de 140 ha no morro São Pedro, o maior remanescente florestal da capital e que abriga a maior população de bugios (Jardim, 2005).

As atividades de educação-ambiental do Programa Macacos Urbanos

Após a primeira etapa da pesquisa sobre a ocorrência e distribuição das populações de bugio em Porto Alegre e o diagnóstico do estado de conservação dessas populações, realizado de 1993 a 1995 (Romanowski et al., 1998), foram elaborados materiais informativos sobre os resultados do projeto, sobre os bugios e o seu hábitat na forma de cartaz e folder. O slogan de campanha proposto para identificar esses resultados destacava o registro da presença de populações de bugio-ruivo na área rural da cidade, através da frase: “Porto Alegre tem bugio”. A estratégia foi chamar a atenção da sociedade divulgando a presença do bugio e, conseqüentemente, a presença de fauna silvestre na capital. Nesses materiais destacaram-se características sobre o reconhecimento da espécie, a divulgação de informações sobre sua biologia (alimentação, vida em sociedade, número de animais por grupo, etc.) e ecologia (características do hábitat, “semeador de florestas”), bem como a localização, em mapa do município, das áreas de ocorrência em Porto Alegre.

Como fundamento nos seus trabalhos educativos, o PMU tem buscado sensibilizar a sociedade para a importância da conservação das áreas de mata em Porto Alegre utilizando a abordagem de espécie-bandeira, na medida em que busca observar a aceitação e eficiência dessa abordagem. A criação de um logotipo (Figura 4) fez desta espécie um símbolo para o grupo. Na região, temos outros exemplos dessa abordagem como o Parque Zoológico, em Sapucaia do Sul, Parque Natural Morro do Osso, em Porto Alegre, e o Parque Estadual de Itapuã, em Viamão.

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Figura 4 - Logotipo do Programa Macacos Urbanos.

Uma das principais abordagens educativas buscando a conservação do bugio e dos ecossistemas a ele associados é desenvolvida junto às comunidades que residem em proximidade com as áreas de ocorrência da espécie. Através dos trabalhos de campo e contato com o público, identificou-se que muitas das causas dos problemas ambientais são geradas a partir da falta de planejamento de ocupação do espaço, o que causa degradação ambiental, diminuindo a qualidade de vida para todos os seres vivos. Assim os trabalhos educativos que vêm sendo desenvolvidos junto a essas comunidades buscam propostas de trabalho que abordem a identificação, gerenciamento e resolução desses conflitos sempre que possível.

Uma das constatações do grupo é o fato de que a presença de um meio ambiente conservado existente no entorno de vilas e bairros não são reflexo de qualidade de vida no entendimento de seus moradores, representando assim um empecilho na ocupação do espaço. Esses espaços naturais, muitas vezes, não aparecem nas reflexões e representações do ambiente natural presente no entorno aonde moram. Os campos e matas nativas são vistas como um “vazio”, um local sem nada, ou seja, sem presença de casas, ruas e pessoas. Neste sentido, busca-se a divulgação da biodiversidade como uma riqueza a ser conhecida, compreendida e conservada e que está intrinsecamente ligada ao acesso a um meio ambiente equilibrado e de qualidade. Enfatiza-se também que a natureza está associada à história e à cultura do povo gaúcho e que está presente nos conhecimentos empíricos das comunidades tradicionais há muitas gerações.

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Ações de Educação Ambiental são realizadas em escolas da região metropolitana de Porto Alegre como estratégia educativa e de troca de informações com as comunidades vizinhas dos bugios e a sociedade. As primeiras atividades com esse segmento ocorreram de maneira pontual, através do contato entre pesquisadores e comunidade escolar de uma maneira informal, com oficinas e palestras. Nessas atividades eram discutidas temáticas ambientais associadas aos bugios e à relação das pessoas com o ambiente.

A primeira ação continuada realizada em uma escola ocorreu durante o ano 2000 através do projeto intitulado “Desenvolvimento de uma escola-pólo em educação ambiental: A conservação do bugio-ruivo e seu hábitat” (Sammarco & Printes, 2004). Este projeto foi realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Mário Quintana, no bairro Restinga, em Porto Alegre (com apoio da Fundação Margot Marsh, Washington, DC). Essa escola situa-se numa área próxima ao morro São Pedro, onde estão concentradas as importantes populações de bugios.

Como resultado imediato deste projeto, realizou-se um curso de Educação Ambiental para os professores e foram inseridas temáticas ambientais no currículo; reorganizou-se o espaço escolar em função de propiciar locais para as práticas educativas propostas, e foi definido e realizado pelo coletivo, durante o ano, um cronograma ambiental, com as ações e atividades (Sammarco & Printes, 2004).

A partir de 2005, iniciou-se uma nova ação educativa continuada nas escolas de Porto Alegre. Este trabalho foi implementado simultaneamente à realização da segunda etapa do levantamento da ocorrência do bugio na capital. O deslocamento da pesquisa para uma área mais urbanizada da cidade (região centro-sul do município) revelou um contexto diferente da situação encontrada pelo grupo dez anos antes na área mais rural do município. A forte pressão de urbanização, intensificada pela multiplicação de áreas em loteamento para novas moradias tem imposto novos desafios à sobrevivência da espécie (Teixeira et al., 2006). Este projeto, intitulado “O bugio-ruivo como espécie-bandeira para ações de Educação Ambiental nas escolas de Porto Alegre” conta com apoio da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ocorre concomitante à pesquisa de campo. Um de seus objetivos é fundir a prática de extensão e pesquisa realizada pelo grupo com a intenção de trocar informações com as comunidades.

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Durante o primeiro ano, foram realizadas atividades em duas escolas da região da Lomba do Pinheiro visando fomentar o conhecimento das comunidades sobre a presença do bugio-ruivo em áreas florestais da região, divulgar informações sobre sua biologia e ecologia e sensibilizar para a necessidade da conservação desta espécie. Foram alvo as escolas estaduais de ensino fundamental Rafaela Remião e Maria Cristina Chiká, com cerca de 1200 alunos cada uma. O trabalho envolveu a apresentação do projeto, um diagnóstico escolar e a execução de atividades tais como: palestras, oficinas e visita guiada à exposição fotográfica do PMU (Setubal et al., 2006).

O PMU também criou a exposição fotográfica itinerante: “Outros Habitantes: Imagens do bugio-ruivo em Porto Alegre”. A exposição, que conta com 16 quadros, revela imagens do cotidiano dos bugios, mostrando-os em situações de alimentação, descanso e interação em seu hábitat. Cada quadro é acompanhado de uma legenda explicativa. Já foi exposta em locais públicos como livrarias, escolas e eventos temáticos diversos. Outro elemento utilizado nas práticas educativas do grupo é um animal taxidermizado, carinhosamente chamado “Bronco”.

Fazem parte das ações educativas saídas a campo, orientadas sob a ótica da contextualização e estímulo ao pensamento crítico. Estas práticas envolvem uma temática e são realizadas durante encontros de estudantes, cursos, congressos e atividades com alunos calouros do curso de Biologia.

Cursos voltados às temáticas da Biologia da Conservação, difusão de elementos da biodiversidade local e Educação Ambiental também se incorporaram nas práticas do grupo. Os cursos são voltados para acadêmicos de graduação e pós-graduação, estudantes e professores do ensino fundamental e médio e interessados em geral. Além de cursos, palestras são proferidas em eventos acadêmicos e sociais quando solicitado. São abordados temas específicos, de acordo com os eventos. Em cada ocasião, são apresentadas as atividades do grupo, aspectos da ecologia do bugio, ameaças, etc.

Uma homepage foi lançada para divulgar os trabalhos do PMU (http://www.ufrgs.br/zoologia/macacosurbanos), com diversas informações sobre a dinâmica de trabalho da equipe, os trabalhos já realizados e em andamento, além de informações sobre o bugio, sobre o município de Porto Alegre e um tópico destacando as ações de Educação Ambiental.

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Considerações finais

O trabalho de Educação Ambiental através da abordagem de espécie-bandeira tem grande valor para a conservação, pois além de facilitar a aproximação com as comunidades e a sociedade em geral, permite que sejam tratadas questões complexas com relação aos processos dos ecossistemas e às relações humano-natureza. O mérito desta estratégia está, não em conservar apenas uma espécie, mas de associar a ela os demais seres vivos do ambiente e as relações entre eles e o meio.

Todas as experiências com primatas brasileiros em campanhas de conservação da natureza demonstram que eles têm um forte apelo junto à sociedade. Por ser uma espécie endêmica da Mata Atlântica, o bugio-ruivo tem seu potencial de espécie-bandeira ainda mais valorizado, pois ao se trabalhar a imagem do bugio também enfoca-se a conservação deste bioma ameaçado.

A proposta elaborada por Bowen-Jones & Entwistle (2002), compilando uma lista de critérios de definição de uma espécie-bandeira localmente apropriada, é válida por reunir características das espécies e do contexto em que elas estão inseridas. A análise do bugio sob esses critérios preencheu positivamente todos os pressupostos estabelecidos pelos autores. Dessa forma, avalia-se que a escolha do bugio-ruivo como espécie-bandeira é localmente apropriada atendendo os critérios propostos e vem tendo boa aceitação pelas comunidades.

As ações educativas e a percepção do trabalho, enfocando o bugio como espécie-bandeira no ambiente escolar das áreas próximas às suas áreas de ocorrência, se mostram satisfatórias. O potencial do bugio-ruivo como espécie-bandeira é alto dado à sua imagem carismática e popularidade junto ao público escolar de diferentes faixas etárias, facilitando a comunicação com as comunidades alvo do trabalho.

As ações do grupo têm se dividido em atividades pontuais e continuadas, equilibrando práticas de divulgação dos trabalhos a novos segmentos e consolidando parcerias na busca por uma efetiva mudança de olhares para a conservação do bugio. As experiências adquiridas, desde 1993, nos fazem considerar o bugio como uma eficiente

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ferramenta para a construção e divulgação de novos paradigmas ambientais que buscam a conservação da natureza aliada à qualidade de vida.

A experiência de trabalho do PMU tem o mérito de compilar informações sobre o bugio-ruivo, não apenas de ordem biológica, mas relacionada a diversos fatores sociais e culturais. Esses resultados são fruto da dedicação do grupo que desde 1993 trabalha para construção de conhecimento e conservação dessa espécie em Porto Alegre.

Referências Bibliográficas:

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ANEXO 1

Critérios para a seleção de espécies-bandeira localmente apropriadas (Bowen-Jones & Entwistle, 2002):

Critério Caracterização

1. Distribuição Geográfica Para ser efetivo na promoção da conservação, a espécie deve ocorrer na área focal e deve ser típica ou localmente importante nos hábitats. As espécies que são endêmicas ou têm distribuição restrita devem servir como símbolo de uma região, grupo étnico ou nação, e assim, reforçar a efetivação como espécie-bandeira.

2. Status de Conservação Embora espécies-bandeira tenham tradicionalmente sido escolhidas pelo alto risco de extinção, espécies que não são ameaçadas também servem. O maior conhecimento das comunidades locais sobre espécies comuns, em relação a espécies raras, pode fazer delas embaixadoras para a conservação.

3. Papel ecológico Os benefícios de usar uma espécie bandeira pode ser ampliado se a espécie tiver um papel ecológico central no ecossistema (como as espécies guarda-chuva). Elas possibilitam explicar a comunidades as relações entre as diferentes espécies e a valorizar espécies aparentemente pouco importantes.

4. Reconhecimento A espécie, ou taxa, deve ser conhecida pelo público e deve se distinguir de outras espécies sem causar confusões.

5. Uso preexistente Espécies que já são usadas como símbolos por outras organizações ou produtos podem ser usadas como espécie-bandeira somente se os usos não existir potencial conflitos de mensagem e se o público puder facilmente distinguir os usos. Entretanto, o uso repetido de motivos comuns por diferentes organizações trabalhando com objetivos similares pode reforçar a mensagem conservacionista.

6. Carisma Apesar de espécies bandeira serem tradicionalmente espécies carismáticas como mamíferos e aves, o carisma é uma característica subjetiva. O apelo da novidade e interesse em espécies menos carismáticas não deve ser ignorada. Essas espécies podem efetivamente influenciar a opinião pública. Cobras e lagartos foram usados com sucesso em algumas experiências de conservação.

7. Significância cultural Qualquer associação cultural da espécie deve ser identificada incluindo folclore, arte, ou uso na comida e artesanato. Tem muitas oportunidades de se valorizar as associações culturais entre a espécie-bandeira por representações baseadas na arte popular.

8. Associações positivas Espécies com associações positivas para o público têm mais chances de serem efetivas. Não se deve presumir que fortes relações com espécies são necessariamente

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positivas (por exemplo, a má reputação dos lobos no folclore e tradições européias)

9. Conhecimento Tradicional A existência de conhecimento tradicional sobre uma espécie não só é valorizável, como fonte de informação conservacionista, mas também provê oportunidades de construir e reforçar o conhecimento tradicional. Por exemplo, comunidades locais do norte das ilhas Salomão dão informações sobre poleiros de morcegos frugívoros e distinguem diferentes espécies.

10. Nomes populares Só espécies cujos nomes não têm conotações negativas, pejorativas nas comunidades devem ser usadas como espécies-bandeira. O nome popular de uma espécie pode influenciar na percepção do público e a mudança do nome pode melhorar a imagem de um animal.

Citação:

Buss, G.; Lokschin, L.X.; Setubal,R.B. & Teixeira F.Z. 2007. A abordagem de espécie-bandeira na Educação Ambiental: estudo de caso do bugio-ruivo (Alouatta guariba) e o Programa Macacos Urbanos: 165-185. In: Gorczevski, C. (organizador) Direitos Humanos, Educação e Meio Ambiente. Editora Evangraf, Porto Alegre, 341pp.

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