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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA COMARCA DE RIO NEGRINHO ESTADO DE SANTA CATARINA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA COMARCA DE RIO NEGRINHO – ESTADO DE SANTA CATARINA

RONEI JOSÉ LOVEMBERGER, brasileiro, solteiro, Vereador, portador do

documento de identidade RG nº 2.372.063, CPF: 041.028.219-70, residente e domiciliado na rua Carlos Speicher nº 65, bairro: Vila Nova, Rio Negrinho, Santa Catarina – CEP: 89.295-000, por seu advogado legalmente constituído pelo instrumento de procuração anexo, vêm, com fundamento no artigo 5º, inciso LXIX da Constituição da República Federativa do Brasil e na Lei 12.016 de 2009, impetrar o presente

MANDADO DE SEGURANÇA

COM PEDIDO DE LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS

Visando proteger direito líquido e certo seu, indicando como autoridade

coatora o Presidente da Câmara Municipal de Rio Negrinho, o Vereador LUCIANO ALVES, brasileiro, divorciado, professor, portador R.G nº

3.874.082 SSP/SC, inscrito no Cadastro de Pessoa Físicas sob o nº 644.585.479-68, com domicílio a rua Pedro Simões de Oliveira, nº 609, centro, Rio Negrinho/SC, devendo ser intimado na Câmara de Vereadores de Rio Negrinho estabelecida na Rua Richard S. Albuquerque, nº 130, Rio Negrinho – SC, pelos fundamentos fáticos e jurídicos que passará a expor:

I. DA SÍNTESE FÁTICA

Foi aprovado na noite de 23 de novembro de 2020, na sessão ordinária virtual da câmara municipal de Rio Negrinho – SC, o Projeto de Lei n° 3024/2020 com mensagem nº 110/2020 – QUE DESAFETA DESTINAÇÃO DE IMÓVEL SOB O DOMÍNIO DO MUNICÍPIO DE RIO NEGRINHO, AUTORIZA O PODER EXECUTIVO MUNICIPAL A REALIZAR DAÇÃO EM PAGAMENTO DESSE IMÓVEL EM FAVOR DA EMPRESA SERRANA ENGENHARIA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Ocorre que o vereador Impetrante foi tomado de surpresa quando o Projeto de Lei n° 3024/2020 deu entrada na pauta de votações do dia 23/11/2020 (18:15).

Isto porque, dentre todas das muitas ilegalidades, o citado projeto estava carente de pareceres das Comissões Permanentes.

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Dentre algumas das ilegalidades discorridas nesta síntese fática cito que o Projeto de Lei n° 3024/2020 é de autoria do Poder Executivo, foi protocolado e colocado em votação sem o cumprimento dos prazos legais estabelecidos no Regimento Interno da casa de leis, mais precisamente em afronta ao artigo 58.

Ainda, o projeto foi aprovado com ausência de documentos imprescindíveis, como atas de conselhos, pareceres de comissões ferindo, documentações ambientais, avaliações dentre outros, ferindo assim o Art. 135, inciso II do Regimento Interno.

Abaixo se vê de forma mais esmiuçada a tramitação e as ilegalidades cometidas.

1.1. DA TRAMITAÇÃO DA MATÉRIA

Consta no sitio oficial da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, que o Projeto de Lei nº 3024/2020 em apreço, de origem do Chefe do

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Poder Executivo Municipal, entrou na Casa de Leis dia 23 de outubro conforme Protocolos de Publicação: Criado em: 23/10/2020 15h06min e 07” por: Edson Frankowiak - Alterado em: 23/11/2020 11:03:39 por: Edson Frankowiak.1 Notadamente não fazem trinta dias que foi protocolado a entrada do Projeto.

Demais disso, no dia 06 de novembro de 2020 o Presidente do Legislativo Municipal encaminhou o Projeto para a Comissão de Constituição Justiça e Redação para que emitisse o devido parecer. No mesmo dia o Projeto foi enviado pela Presidência da Mesa Diretora para a Comissão de Finanças e Orçamento.

Nessa sequência, chegou ao conhecimento do Impetrante, que o Projeto já estaria tramitando dentro da Comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas (da qual o Impetrante é membro relator), momento que fez um requerimento (anexo) à Presidente da Comissão Vereadora

Liliana Aparecida Schoroeder Jurich para que fosse realizada a

Audiência Pública no dia 09 de dezembro de 2020 às 18h na sede da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho.

O objetivo da Audiência Pública era buscar na discussão a apresentação de propostas nos moldes do artigo 50 e 51 do Regimento Interno, e com propósito de instruir a matéria em questão.

Lamentavelmente o requerimento para a audiência (anexo), sequer foi decidido na Comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas e muito menos houve uma decisão por parte da Presidente da

Comissão (parecer anexo), omissa em sua plenitude. Razão que assistia

ao Presidente da Mesa Diretora disciplinar, antes de colocar na Pauta das Votações em respeito ao artigo 50, II, V, X, XI da Lei Orgânica Municipal combinado com a Resolução n. 338/2004 em seus artigos 50 e 51 quais trazem a previsão expressa que restou ignorada.

Tal ato acarretou em prejuízos insanáveis diante o desrespeito ao Princípio da Legalidade.

Contudo, o Impetrante na condição de Relator da Comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas iniciou seu relatório e seu voto dentro da Comissão, mas em um passe de mágica surgiu parecer anexo ao projeto do qual o Impetrante não foi autor, o qual tinha apenas uma assinatura e mesmo assim o Presidente do Parlamento

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fechou os olhos e levou ao Plenário no dia 23 de novembro de 2020 a “toque de caixa”.

SALIENTA-SE QUE O PARECER NÃO FOI DE AUTORIA E NEM FOI ASSINADO PELO IMPETRANTE – CONFORME EXTRATO DO PROCESSO DE ASSINATURA DIGITAL ANEXO.

Importante ainda mencionar que o Projeto de Lei nº 3024/2020 necessitava também do parecer da Comissão de Agricultura e Meio Ambiente, qual inclusive o impetrante é Presidente.

Sobre a necessidade dos pareceres das Comissões permanentes, colhe-se da Jurisprudência, confira-se:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA - LIMINAR - SUSPENSÃO DE PROJETO DE LEI QUE TRAMITAVA NA CÂMARA DE VEREADORES - AUSÊNCIA DO PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA - MATÉRIA DE REPERCUSSÃO NO MEIO SOCIAL - MEDIDA IMPRESCINDÍVEL. A cautela em torno da aprovação de qualquer ato emanado do Poder Legislativo é providência de salutar justiça, porquanto a Comissão Permanente é responsável pela análise da constitucionalidade do projeto de lei, exercendo um verdadeiro controle preventivo. Além disso, neste caso, o parecer de referida Comissão torna-se ainda mais importante, na medida em que a matéria cuidava de assunto de grande repercussão na comunidade, uma vez que o Projeto em pauta tinha como intuito fundamental extinguir a Área de Preservação Ambiental em favor dos interesses econômicos da empresa mineradora. Portanto, sua ausência somente poderia ocorrer quando cercada da observância das normas regimentais aplicáveis à espécie, o que, na presente hipótese não aconteceu, evidenciando-se a completa inexistência da fumaça do bom direito do agravante. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 2004.034348-3, de Içara, rel. Volnei Carlin, Primeira Câmara de Direito Público, j. 05-05-2005).

Nesse sentido, e na omissão da Presidência, o Impetrante na condição de Presidente da Comissão de Agricultura e Meio Ambiente

protocolou junto a Secretaria da Casa de Leis, que inclusive foi dado a devida Publicidade em Mural (anexo fotos) para a realização da Audiência Pública a ser promovida pela Comissão de Agricultura e Meio Ambiente para o dia 09 de dezembro de 2020 às 18h, na sede da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, todavia, mais um vez a ilegalidade se fez presente, tendo em vista a votação do projeto antes mesmo da realização da audiência pública aprazada.

Causou estranheza ainda Excelência, aos 20 dias de novembro de 2020, às 8h00min na reunião virtual das comissões, quando se

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entendeu que a Comissão de Finanças e Orçamento já tinha dado o seu Parecer com relação ao Projeto de Lei em apreço.

Entretanto, na segunda-feira dia 23 de novembro de 2020 às 8h00min em uma segunda reunião, só que agora presencial, junto ao Plenário Rodolfo Jablonski a integrante da Comissão de Finanças e Orçamento Vereadora Flavia Vicente, revelou que não havia dado seu

voto no parecer ainda, e que iria até a empresa Hera Sul para se embasar, para só então emitir seu voto. Ou seja, voltando-se à estaca

zero junto a Comissão de Finanças e Orçamento.

NÃO BASTASSE, há ilegalidade flagrante no ato de assinatura do parecer da Comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas, por parte dos Parlamentares INEIR MIGUEL MITTMANN e LILIANA APARECIDA

SCHOROEDER JURICH, pois:

a. Quando da votação do projeto o parecer da comissão citada

não era de autoria do Impetrante.

b. A Vereadora LILIANA APARECIDA SCHOROEDER JURICH

(presidente da comissão), assinou um parecer que não foi de autoria do relator da comissão.

c. O Impetrante protocolou seu relatório com o parecer contrário ao

projeto proposto (parecer anexo). O parecer anexo ao projeto é favorável ao prosseguimento da Lei e contrário a opinião da relatoria.

d. O Vereador INEIR MIGUEL MITTMANN, assinou o parecer que

parecer que não foi de autoria do relator da comissão e o pior

ASSINOU O PARECER APENAS DEPOIS DE APROVADA A LEI EM PLENÁRIO AOS DIAS 24/11/2020 às 15h56min. EXTRATO DE ASSINATURA ANEXO

EXCELÊNCIA, O PROJETO FOI APROVADO SEM AS ASSINATURAS NECESSÁRIAS, DE FATO FALTOU A APROVAÇÃO DO PROJETO NA COMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS E ATIVIDADES PRIVADAS

Mais estranho ainda Excelência é que às 18h15min chegou ao conhecimento do Vereador Impetrante que estava sendo pautada para votação naquela mesma noite do dia 23 de novembro de 2020 o Projeto de Lei nº 3024/2020.

Importante frisar que o trâmite da matéria em apreço estava carente de pareceres de três Comissões Permanentes, qual seja: das

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Comissões de Finanças e Orçamento, Serviços Públicos e Atividades

Privadas, Agricultura e Meio Ambiente.

Demais disso, ficou para traz o Relatório do Impetrante que é Relator da Comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas, bem como o seu voto referente ao Projeto em tela.

Não bastando isso, o Diretor do Parlamento enviou para o vereador Impetrante e Presidente da Comissão de Agricultura e Meio Ambiente um Parecer pronto, onde dizia que ele era favorável, que era apenas para ser assinado digitalmente. Logicamente não assinou e mesmo assim o Projeto foi levado a Sessão Plenária para discussão e votação apenas com uma assinatura no parecer no dia 23 de novembro de 2020.

1.2. DA SESSÃO PLENÁRIA

Em sessão plenária o impetrante tentou mais uma vez alertar seus pares das barbáries que estava acontecendo, requerendo inclusive verbalmente a retirada de pauta do Projeto de Lei nº 3024/2020 para a conclusão do que estava faltando e para corrigir os erros na proposta. ( https://www.facebook.com/camararn/videos/290763308939831 )

Alegou em seu requerimento verbal na forma do Art. 156, §1º do Regimento Interno da Câmara de Vereadores o adiamento da votação do Projeto de Lei mensagem nº 110/2020 que foi colocado na pauta da Ordem do Dia.

O impetrante chamou atenção da edilidade em seu requerimento verbal, questionando o porquê da Comissão de Constituição Justiça e Redação – não se ater a buscar na redação o erro grotesco que havia no Projeto, arguindo – “pois sequer foram

capazes de olhar a integralidade da matrícula do imóvel que querem dar para a empresa Serrana” – explanou que o imóvel objeto da dação

discutida – matrícula nº 15.711(anexo certidão imóveis) – nem de propriedade da prefeitura seria, pois perante ao Ofício de Registro de Imóveis desta comarca consta como proprietário do imóvel a empresa

Placas Paraná S/A.

Ademais o impetrante aventou ainda no requerimento verbal que a Comissão de Constituição Justiça e Redação não requereu diligências ao Chefe do Poder Executivo Municipal para que fosse apresentadas as Atas deliberativas dos conselhos municipais: CONCIDADE E CONDEMA.

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Ferindo assim a própria legalidade das atribuições elencadas nos regimentos internos destes Conselhos.

O impetrante discorreu em seu requerimento verbal direcionada a

Comissão de Finanças e Orçamento, o motivo que não trouxeram ao Projeto – o Procedimento licitatório como foi feito, ou seja, cadê a Ata

da Comissão de Licitação da Prefeitura? Cadê a Ata de avaliações de imóveis e as demais avaliações?

Pediu o apoio de toda a edilidade para aprovação do requerimento apresentado, para que se retirasse o Projeto de Lei mensagem nº 110/2020 da Ordem do Dia e da votação – ficando adiado até quer se resolvesse aqueles vícios apresentados, todavia, foi reprovado o requerimento verbal.

Por fim, na intenção de corrigir o erro na propriedade do imóvel, para que se respeitasse a Lei 6015/1973, haja vista que, sequer foi averbada a área construída naquele imóvel, o Impetrante apresentou em plenário uma Emenda Modificativa de forma Verbal aos parlamentares, com o seguinte conteúdo:

Justificativa: A Emenda modificativa em apreço fundamenta-se nos ditames regimentais, especificamente ao artigo 132, § 5º, combinado com artigo 142 do Regimento Interno desta Casa de leis. Devendo, portanto, ser recebida para que surta seus efeitos legais. Essa Emenda tem o objetivo não deixar incorrer na maior aberração jurídica que esse Parlamento Municipal já presenciou. Nesse sentido, sob um aspecto legalista, em respeito art. 1º referente ao Projeto de Lei mensagem nº 110/2020 não se sustenta quando se adentra na seara patrimonial de propriedade, devendo ser modificado.

EMENDA MODIFICATIVA N. 01/2020 - AO PROJETO DE LEI MENSAGEM Nº 110/2020.

Art. 1º. Fica modificado o artigo 1º referente ao Projeto de Lei nº 3024/2020, passando a valer a seguinte redação:

Art. 1º - Fica desafetada da destinação realizada pelo Lei 1357/2001 e transpassada para a categoria de bem dominical a área de terra sob a propriedade do Município de Rio Negrinho, com as benfeitorias e acessões nela existentes, consistente em terreno de formato irregular, situado na localidade de Queimados do Rio Preto, neste Município, com a área de 154.772,00m² (cento e cinquenta e quatro mil, setecentos e setenta e dois metros quadrados), de propriedade de Placas do Paraná S/A„ devidamente matriculado em área maior sob nº 15.711.

Muito bem, essa Emenda Modificativa nº 001/2020 ao Projeto de Lei nº 3024/2020, deveria ser encaminhada a Consultoria Jurídica e na

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sequência para a Comissão de Constituição Justiça e Redação para o devido parecer.

Porém não foi isso que ocorreu, simplesmente a emenda apresentada pelo impetrante foi colocada em votação sem o devido parecer, ferindo mais uma vez a Resolução nº 338/2004 em especial o seu § 7º do artigo 58 c/c artigo 132, § 5º, bem como o Princípio da Legalidade.

Após todas as ilegalidades perpetradas pelo Impetrado, o Presidente da Casa colocou o projeto de Lei 3024/2020 em votação, e discussão de seu mérito.

As discussões ocorreram e o projeto foi aprovado com a seguinte votação:

O que houve na verdade, na fatídica Sessão Ordinária do dia 23 de novembro de 2020 da Câmara Municipal de Rio Negrinho, foi uma aberração jurídica, e uma série de erros grotescos, ou um absoluto ato de ilegalidade Ditatorial e Autoritarista do EXCELENTÍSSIMO SENHOR

PRESIDENTE LUCIANO ALVES, atos estes que há muito tempo foram

extirpados do Nosso País.

Devendo ser corrigido por este Poder Judiciário. O Controle Judicial constitui, juntamente com o Princípio da Legalidade, um dos fundamentos em que repousa o Estado do Direito, pois de nada adiantaria sujeitar-se a

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Administração Pública à lei, se seus atos não pudessem ser controlados por um órgão dotado de garantias de imparcialidade, que permita apreciar e invalidar os atos ilícitos por ela praticados.

A inobservância do Regimento Interno da Câmara dos Vereadores pelo Presidente desta, configura verdadeira ofensa ao Princípio da Legalidade, impondo-se a nulidade dos atos normativos que não cumpriram o determinado em lei.

São nulos os atos lesivos a administração consistente na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato. Portanto na Sessão Ordinária que aprovou o Projeto de Lei nº 3024/2020 não houve a observância, por parte do Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Rio Negrinho, das formalidades legais, tendo o Edil, impetrante da presente manus, o Poder dever de corrigir, perante o Poder Judiciário, a ilegalidade da aprovação do Projeto de Lei em apreço e a afronta ao Regimento Interno daquela Casa Legislativa.

II. DO DIREITO LIQUIDO E CERTO ATACADO

A legislação específica que conduz o procedimento proposto está prevista na Lei 12.016/2009, in verbis:

Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Consoante o disposto constitucional previsto no artigo 5º inciso LXIX.

Direito líquido e certo há quando a ilegalidade ou abusividade forem passíveis de demonstração documental, independentemente de sua complexidade ou densidade. Está superado o entendimento de que eventual complexidade das questões (fáticas ou jurídicas) redunda no descabimento do mandado de segurança. O que é fundamental para o mandado de segurança é a possibilidade de prova documental do que alegado e a desnecessidade de produção de outras provas ao longo do procedimento. Nisso – e só nisso – reside a noção de direito líquido e certo. (BUENO, 2002, p.13)

Os pressupostos de cabimento e de adequação via eleita são comprovados documentalmente, com efeito, será demonstrado os momentos de ilegalidade cometidos pelo Impetrado quando este violou,

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não somente o Regimento Interno, mas também a Lei Orgânica do Município de Rio Negrinho – SC.

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE MESA DE CÂMARA LEGISLATIVA. PROCESSO LEGISLATIVO. ALEGAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE VÍCIO FORMAL. PROMULGAÇÃO DA LEI POSTERIORMENTE À IMPETRAÇÃO DO WRIT. AUSÊNCIA DE PERDA DE OBJETO. NÃO-CABIMENTO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL COM SÚMULA. 1. Na hipótese de mandado de segurança impetrado contra ato de Mesa de Câmara Legislativa, a posterior promulgação da lei não determina a extinção do processo sem julgamento do mérito (Súmula n. 266/STF), uma vez que o exame da ocorrência de vícios no procedimento legislativo não se confunde com o exame da lei em si. 2."O dissídio jurisprudencial com Súmula não autoriza a interposição do recurso especial fundado na letra c do permissivo constitucional, impondo-se a demonstração do dissenso com os julgados que originaram o verbete indicado como divergente" (REsp 338.474/PE, rel. Ministro Peçanha Martins, DJ de 30.6.04). 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não-provido. (STJ - REsp: 251340 DF 2000/0024626-3, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 02/02/2006, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 20/03/2006 p. 224LEXSTJ vol. 200 p. 137)

1. DO NÃO CUMPRIMENTO DO ART. 60 § 1º III, § 2º DO REGIMENTO INTERNO - RES. 338/2004

Como já colocado na síntese fática, o Projeto de Lei nº 3024/2020 foi aprovado pela câmara, porém com a ausência de decisão acerca do parecer da comissão permanente, sendo:

a. Serviços Públicos e Atividades Privadas: ante a inexistência de

parecer aprovado pela maioria dos membros da comissão no ato de aprovação do projeto (ausência assinaturas de Ronei Lovemberger e Ineir Miguel Mittmann). O Vereador Ineir somente

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b. Serviços Públicos e Atividades Privadas: parecer anexo ao projeto

não é de autoria do Relator designado na comissão. O Impetrante emitiu parecer contrário ao projeto de Lei e diferente daquele que está no projeto.

A ausência dos pareceres aprovados é flagrante ilícito e afronta ao artigo 60 do Regimento Interno da casa, senão vejamos:

Art. 59. As Comissões deliberarão por maioria de votos, desde que presente a maioria dos seus membros.

Art. 60. O parecer, que é o pronunciamento da comissão sobre qualquer matéria sujeita ao seu estudo, poderá ser oral, devendo, neste caso ser reduzido a termo.

§ 1º O parecer deverá conter, obrigatoriamente:

I – Exposição da matéria em exame, em que se dará a individualização da proposição com o seu número de registro na Câmara, o seu autor e objeto;

II – Fundamentação, consistindo nas razões do relator para indicar a aprovação ou a rejeição total ou parcial da matéria, podendo, quando for o caso, oferecer substitutivos ou emendas;

III - decisão da comissão, com assinatura dos membros que subscreveram o parecer vencedor.

§ 2º O Presidente da Câmara devolverá à Comissão o parecer que não atender às exigências deste artigo, para o fim de ser devidamente redigido. (Grifei)

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Excelência, o parecer das comissões permanentes é imprescindível para o bom andamento legislativo, sendo competências previstas no artigo 50 do Regimento Interno, sendo que:

Art. 50. Compete às Comissões Permanentes:

I - Analisar os processos e outras matérias que lhes forem submetidas e emitir-lhes parecer;

II - Realizar audiências públicas para instruir matéria legislativa em trâmite, bem como para tratar de assuntos de interesse público relevante, atinentes à sua área de atuação; grifei

III – Elaborar seus regulamentos; e

IV - Requerer ao Presidente da Câmara que outra comissão se manifeste sobre proposição a ela submetida.

Parágrafo único. Para cumprir seu desiderato as comissões poderão, ainda, determinar toda e qualquer diligência, oficializando ao Prefeito ou a qualquer órgão governamental ou entidade privada, sempre por meio do Presidente da Câmara.

As competências específicas das comissões permanentes estão previstas nos artigos 54 a 56 do Regimento Interno.

Ademais, o Presidente do Poder Legislativo Municipal, recusará qualquer proposição conforme o Art. 135, inciso II do Regimento Interno, fato não observado, tendo em vista a ausência de documentos técnicos, ambientais e outros, fato que poderá ser questionado por qualquer vereador. Como foi o caso das atas deliberativas dos Conselhos.

Já destacado acima, há vícios no parecer da comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas, não sendo unicamente o alegado.

Como comentado nos fatos, o Impetrante requereu a realização de audiência pública à presidente da comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas (Liliana Aparecida Schoroeder Jurich), ocorre que tal requerimento fora totalmente ignorado pela presidente e pelos demais membro do parlamento, tanto é verdade que inexiste no parecer ilegal acostado daquela Comissão o relato sobre o requerimento do ato público.

Pela omissão da Presidente da Comissão, e pelo silencio do Presidente da Câmara de Vereadores Vereador Luciano Alves, saliente-se que o mandado de segurança é o remédio cabível quando a omissão da

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Administração Pública ocasiona lesão a direito líquido e certo do

impetrante.

Tal omissão trouxe prejuízo insanável ao processo democrático, vez que se vetou a real participação popular que deve ser inerente ao poder legislativo.

2. DA AFRONTA AOS ART. 132, § 5º, COMBINADO COM ARTIGO 142, A ARTIGO 58 § 7º DO REGIMENTO INTERNO

Excelência, existiu afronta ao regimento interno quando não obedecido o rito para a propositura de emendas ao projeto.

Se apresentadas emendas ao Projeto será o projeto submetido a novo exame da Comissão de Constituição, Justiça e Redação pelo prazo 7 dias e devolvido à Mesa para inclusão na Ordem do Dia.

As emendas possuem espécies e são previstas no Regimento Interno da casa. Saliento que as emendas PODEM SER PROPOSTAS EM PLENÁRIO DURANTE A DISCUSSÃO DA MATÉRIA.

A emenda proposta em plenário pelo Impetrante guarda guarida legal, muito embora o Impetrado ignorou as determinações regimentais, sendo o ato da seguinte forma:

a. Propositura de emenda em plenário durante a discussão da matéria

pelo impetrante.

b. Admissão da emenda pelo Presidente da casa.

c. Emenda posta em votação em flagrante desobediência ao

Regimento Interno, pois, sequer havia parecer jurídico e da Comissão de Constituição Justiça e Redação.

d. Negada a emenda pelo plenário.

O Ato ocorrido e conduzido de forma arbitrária pelo Presidente Impetrado não guardou guarida ao Regimento, pois vejamos o disposto regimental abaixo:

Art. 132. Emendas e substitutivos são proposições apresentadas por Vereadores, por Comissão ou pela Mesa, que visam a alterar, em parte ou totalmente, o projeto a que se referem.

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§ 5º As emendas modificativas poderão ampliar, restringir e corrigir expressões ou partes de projetos ou substitutivos.

§ 6º As emendas da Comissão só serão admitidas quando constantes do corpo de parecer das Comissões Permanentes ou em Plenário durante a discussão da matéria, respeitado o requisito previsto no § 3º do art. 142, deste Regimento.

Saliento que a emenda foi recebida pela presidência, obedecendo o disposto abaixo no artigo 142:

Art. 142. As emendas e os substitutivos poderão ser propostos até o término da discussão do projeto em Plenário.

§ 1º O Presidente não admitirá emendas ou substitutivos que não guardem pertinência com a matéria da proposição original.

§ 2º Contra o ato do Presidente que indeferir a proposição de emenda ou substitutivo caberá recurso ao Plenário na forma do art. 130 deste Regimento.

§ 3º As emendas e substitutivos apresentados em Plenário só serão admitidos se subscritos pela maioria absoluta dos membros da Câmara, devendo, neste caso, ser observado o

disposto no § 7º do art. 58 deste Regimento.

Art. 58. Salvo as exceções previstas neste Regimento, para

emitir parecer sobre qualquer matéria, cada Comissão terá o

prazo de trinta (30) dias, prorrogáveis por igual prazo, se necessário, desde que solicitado pela Comissão e deliberado pelo Plenário:

(...)

§ 7º Apresentadas emendas ou substitutivos em Plenário serão

os mesmos submetidos ao novo exame das Comissões originalmente designadas que, sob a direção do Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, apresentarão parecer conjunto no prazo improrrogável de sete (07) dias, devendo o projeto ser apreciado pelo Plenário na sessão ordinária subsequente à sua devolução.

Excelência, como visto nos artigos acima citados, o correto andamento seria:

a. Apresentação da emenda em plenário.

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c. Em caso de admissão, nos termos do art. 58 § 7º deveria o projeto

ser retirado da ordem do dia e enviado às Comissões originalmente designadas para que então oferecessem parecer sobre a emenda. Ocorre que o parlamento se manifestou acerca da emenda e não as comissões permanentes técnicas como deve ser. Ressalta-se novamente, ato ilegal feito pelo Impetrado em flagrante desrespeito ao Regimento Interno, ante a inexistência de previsão legal para tal ato. Elementar, só faça gestor público o que lei autoriza fazer.

3. DA OMISSÃO DE DECISÃO EM FACE AO REQUERIMENTO PARA CELEBRAÇÃO DE AUDIÊNCIA PÚBLICA;

Como já explanado de forma esmiuçada, durante a tramitação do projeto dentro da Comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas, foi feito requerimento à Presidente da Comissão Vereadora

Liliana Aparecida Schoroeder Jurich para que fosse realizada a

Audiência Pública no dia 09 de dezembro de 2020 às 18h na sede da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho/SC.

Por se tratar de matéria de relevante interesse público a Comissão deixou de realizar audiência pública para instruir a matéria legislativa em tramite, que deveria ser convocada conforme Art. 51 de Regimento Interno.

As Comissões violaram as normas estabelecidas em seu Regimento Interno, não atentando para os prazos para apreciação da matéria em suas devidas comissões, conforme dispõe o art. 58 e parágrafos, sendo a matéria colocada em votação no mesmo dia em que o projeto foi protocolado sem que fosse feita as devidas analise legais, técnicas e constitucionais

Contudo, sem decisão da Presidente da Comissão, e diante o

protocolo (anexo) junto a secretaria da Casa de Leis, cabe ao

Presidente do Legislativo Municipal decidir aquele requerimento omisso e silenciado pela Comissão, contudo, não decidiu e muito menos justificou-o antes de levar o Projeto em questão ao Plenário para votação.

É papel da Autoridade eleita pelos seus próprios pares, respeitá-los de forma imparcial para o bom andamento dos trabalhos no

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Parlamento municipal. Todavia, quando é omitido um pedido feito na mesma Casa, evidencia-se o Abuso de Poder.

Nesse sentido, a Lei Orgânica do Município de Rio Negrinho em seu artigo 50, descreve claramente o rol taxativo a ser respeitado pelo Presidente da Câmara de Vereadores:

Art. 50. Ao Presidente da Câmara, dentre outras atribuições regimentais, compete:

I - ...

II – dirigir, executar e disciplinar os trabalhos legislativos e administrativos da Câmara;

...

V – interpretar e fazer cumprir o Regimento Interno; ...

X – realizar audiência pública em entidades da sociedade civil e com membros da comunidade;

XI – administrar os serviços da Câmara Municipal, fazendo lavrar os atos pertinentes a essa área de gestão; Notadamente houve omissão administrativa capaz de gerar lesão a direito do cidadão e nesse caso específico ao Vereador, ensejando a impetração de mandado de segurança para compelir a Administração Pública a agir ou se pronunciar sobre o requerimento.

Nesse sentido o objetivo da Audiência Pública era buscar na discussão a apresentação de propostas nos moldes do artigo 50 e 51 do Regimento Interno, e com propósito de instruir a matéria em questão.

O requerimento apresentado pelo impetrante é tão relevante, que há previsão expressa na Lei Orgânica em seu artigo 60, § 2º, “a”:

Artigo 60. A Câmara de Vereadores terá Comissões Permanentes(...)

§ 2º Às Comissões, em razão da matéria de sua competência regimental, entre outras, cabe:

(17)

Como observado, havia previsão legal, portanto, o requerimento (anexo) para a realização de Audiência Pública encontra-se em aberto, sem uma decisão que justificasse o deferimento ou indeferimento. Não bastasse isso, a matéria que carecia ser instruída por audiência pública, foi a plenário sem ter decisão fundamentada.

O requerimento para a audiência, como observado, não teve decisão fundamentada pela autoridade competente, nem pela Comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas e muito menos houve uma decisão por parte da Presidente da Câmara de Vereadores, acarretando prejuízos insanáveis diante do desrespeito ao Princípio da Legalidade.

Em que pese a existência de previsão legal, além daquela já prevista na Lei Orgânica do Município de Rio Negrinho, para o requerimento e a realização de discussão pública, houve afronta também escancarada ao regimento, sendo ignorado nas comissões o pedido de audiência pública para debate de tão importante tema, impactando na nulidade da deliberação.

Os artigos 50 e 51 do Regimento Interno apontam que:

Art. 50. Compete às Comissões Permanentes:

I - analisar os processos e outras matérias que lhes forem submetidas e emitir-lhes parecer;

II - realizar audiências públicas para instruir matéria legislativa em trâmite, bem como para tratar de assuntos de interesse público relevante, atinentes à sua área de atuação; grifei

III – elaborar seus regulamentos; e

IV - requerer ao Presidente da Câmara que outra comissão se manifeste sobre proposição a ela submetida.

Parágrafo único. Para cumprir seu desiderato as comissões poderão, ainda, determinar toda e qualquer diligência, oficializando ao Prefeito ou a qualquer órgão governamental ou entidade privada, sempre por meio do Presidente da Câmara.

Art. 51. Cada Comissão poderá realizar reunião de audiência pública com as entidades da sociedade civil e qualquer cidadão para instruir matéria legislativa em trâmite, bem como para tratar de assuntos de interesse público, atinentes à sua área de atuação, para avaliação, discussão e apresentação de propostas. Grifei

Vê-se que há previsão expressa para a realização de audiência pública na deliberação de matérias legislativas, com efeito, as audiências tem grande importância em matérias afetas diretamente ao interesse público e popular.

(18)

O interesse público, in casu, é inquestionável, afinal a gestão de resíduos impacta diretamente no meio ambiente e na saúde pública.

Contudo, ainda que com pedido expresso e legal para realização de referido ato, com argumentos sólidos e justificáveis, preenchendo todos os requisitos para sua admissibilidade, ou no mínimo análise, a Comissão e o Presidente da Câmara de Vereadores, ignorou o pedido, emitindo parecer espúrio, encaminhando a matéria para a ordem do dia, em flagrante insulto a normativa legal e constitucional, não podendo, deste modo, perdurar o ato.

Afinal, há de se respeitar a higidez da norma legal, sob pena de incidirmos em excessos e cinismo de forma deliberada.

Não há como não demonstrar a irresignação da impetrante, pois parece um tanto ou quanto absurdo, e nada razoável, a Administração Pública silenciar, omitir, esconder, requerimento que preencheu todas as arrimas constitucionais e legais.

Excelência o Vereador Relator, ora Impetrante não vê outra alternativa a não ser recorrer ao remédio constitucional em face da autoridade pública o Presidente da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, qual está obrigada a analisar e responder aos pedidos aviados pelos administrados, em exercício do direito de petição, sob pena de violar seu direito líquido e certo previsto na Constituição da República de 19882, cabendo, no caso, a impetração do mandamus para fazer cessar a ilegalidade ou abuso de poder.

Sobre o direito de petição, apresenta-se à colação a lição do ilustre doutrinador Alexandre de Moraes (in Direito constitucional. 11. ed. São Paulo: Atlas, pp. 190/191):

Pode ser definido como o direito que pertence a uma pessoa de invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma questão ou uma situação. [...].

O direito em análise constitui uma prerrogativa democrática, de caráter essencialmente informal, apesar de sua forma escrita, e independe de pagamento de taxas. Dessa forma, como instrumento de participação político-fiscalizatório dos negócios do Estado, que tem por finalidade a defesa da legalidade constitucional e do interesse público geral, seu exercício está desvinculado da comprovação da existência de qualquer lesão a interesses próprios do peticionário.

(19)

E, mais adiante, conclui:

O direito de petição possui eficácia constitucional, obrigando as autoridades públicas endereçadas ao recebimento, ao exame e, se necessário for, à resposta em prazo razoável, sob pena de configurar-se violação ao direito líquido e certo do peticionário, sanável por intermédio de mandado de segurança.

Destarte, estando patente a omissão da autoridade impetrada, visto que a mesma deixou de se pronunciar acerca do pedido da impetrante e, ainda, estando correta e adequada a providência eleita para aviar sua pretensão, entende-se que outra não pode ser a solução para o caso que ora se examina que não a concessão do writ. Ante o exposto, requer seja concedida a segurança, por ser uma questão de justiça.

4. DA INEXISTÊNCIA DO PROJETO DE LEI ORIGINÁRIO

O Projeto de Lei de autoria do Poder Executivo foi protocolado e colocado em votação sem o cumprimento dos prazos legais estabelecidos no Regimento Interno em seu artigo 58. ( https://www.camararn.sc.gov.br/camara/proposicao/Projetos-de-Lei-ordinaria-Legislativo/2020/2/0/13880)

Data máxima vênia, note Excelência que o Projeto de Lei nº

3024/2020 com a Mensagem nº 110/2020 - (anexo) foi assinado pelo Prefeito de Rio Negrinho Sr. Júlio Cesar Ronconi no dia 23.11.2020, e tem como protocolo de entrada sob o número 2833.

(20)

Perceba Excelência que nas diversas Mensagens nº 110/2020 do

mesmo Projeto de Lei nº 3024/2020 (anexo) aparece datas distintas.

Na verdade, ninguém sabe qual projeto, de fato, tramitou na Casa de Leis até o dia 23 de novembro de 2020. O que se sabe, é que

não é esse que deu entrada no dia 23 de novembro de 2020 (protocolo nº 2833) e que recebeu o autografo nº 122/2020 no mesmo dia.

Ora, se o Projeto de Lei em apreço foi confeccionado e assinado pelo Chefe Poder Executivo Senhor Júlio Cesar Ronconi no dia 23.11.2020, como poderia ter recebido Parecer Jurídico no dia

06/10/2020 e devidamente assinado pelo novo Consultor Jurídico da Câmara de Vereadores SENHOR VILMAR PEREIRA? (abaixo)

(21)

Na mesma batida, conclui-se que o mesmo ocorreu com os pareceres das Comissões Permanentes, ainda que, eivados de vícios insanáveis, porém com base naquele Projeto do dia 23 de outubro de 2020. Todavia, com essa informação observa-se Excelência que o problema é muito maior.

Inclusive há diferenças nas redações dos inúmeros Projetos de Lei sob o mesmo número, segue abaixo alguns recortes como é o caso do artigo 6º. Também segue em anexo cópia do Projeto que o Vereador recebeu do Diretor da Câmara, que ficam evidente a confusão legislativa que ocorre na Casa de Leis.

III. DA LEGITIMIDADADE ATIVA

O vereador impetrante detêm legitimidade para a propositura do presente remédio constitucional, tendo por finalidade rechaçar atos ilegais e abusivos cometidos no processo de aprovação de leis, que vieram a afrontar as disposições do Regimento Interno da Câmara Municipal.

Bem como o Presidente da Câmara Municipal detém legitimidade para figurar no polo passivo da presente ação, vez que, cabe a ele

(22)

representar Câmara Municipal, já que esta não possui personalidade jurídica.

TJ-SE - APELAÇÃO CÍVEL AC 1999204936 SE (TJ-SE) Data de publicação: 14/08/2001 Ementa: Apelação Cível - Mandado de segurança. Vício na tramitação de processo legislativo. Vereador. Legitimidade e cabimento. Apelo provido. Unânime. - Tem o vereador legitimidade para tanto e é cabível o mandado de segurança objetivando atacar vício na tramitação de processo legislativo. - Apelo provido. - Decisão unânime...

TJ-PR - Reexame Necessário REEX 653565 PR Reexame Necessário 0065356-5 (TJ-PR) Data de publicação: 11/10/1999 Ementa: REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA - VOTAÇÃO DE PROJETO DE LEI PELA CÂMARA DE VEREADORES - AFRONTA AO REGIMENTO INTERNO DO LEGISLATIVO MUNICIPAL - ILEGALIDADE - SEGURANÇA CONCEDIDA E CONFIRMADA - DECISÃO MANTIDA. A inobservância do Regimento Interno da Câmara Municipal para com o devido processo legislativo, na votação de projeto de lei, afronta a legalidade e deve ser assegurada pela via mandamental. Sentença confirmada.

O direito legítimo invocado pelo Impetrante encontra guarida Constitucional, pois a todos é assegurado, independentemente do

pagamento de taxas o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. (art. 5º, XXXIV, a) CF)

Ainda, a via eleita é correta, vez que somente o remédio constitucional, requerido ao Judiciário, tem força para reprimir atos de ilegalidade perpetrados por outros poderes, senão vejamos:

É importante ter presente que tanto os casos de “ilegalidades” como os de “abuso de poder” são formas de invalidades e desconformidades com o ordenamento jurídico, declaráveis pelo Judiciário. Daí submeterem, igualmente, ao mandado de segurança... (BUENO, 2002, p.16)

A intervenção do Estado-Juiz é imprescindível. No caso em tela, o ato ilegal do Impetrado ultrapassou os assuntos interna corporis da Casa Legislativa.

A ilegalidade atingiu em cheio o interesse público, tendo em vista a natureza do próprio projeto onde se entregou um bem PÚBLICO pelo abatimento de dívida.

Com efeito, tendo o Impetrante alertado e requerido todas as medidas regimentais para não aprovação do projeto, muito embora ignorado pelo Presidente da Casa, só lhe restou o socorro ao Poder Judiciário para cessar os abusos e ilegalidades do Impetrado.

(23)

Legítima a atuação do Impetrante, que, na verdade, defende o próprio mandato, em virtude do qual legisla, e pretende que as deliberações sejam adotadas nos estritos limites da legalidade e conforme o Regimento Interno.

IV. DA SÍNTESE JURÍDICA

Nota-se Excelência, que a Sessão que aprovou o Projeto de Lei nº 3024/2020, está eivada de vícios insanáveis, o que possibilita o manuseio do Mandado de Segurança, para declarar a nulidade da sessão, bem como obrigar o Poder Executivo a não praticar qualquer ato amparado pela referida lei.

Cumpre inicialmente registrar que:

“Os atos praticados por parlamentares na elaboração da lei, na votação de proposições ou na administração do Legislativo entram na categoria de atos de autoridade e expõem-se a mandado de segurança, desde que infrinjam a Constituição ou as normas regimentais da Corporação e ofendam deireito ou prerrogativas do impetrante.” (Hely Lopes Meirelles. Mandado de Segurança. 26 Ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 34).

Nesse sentido, como pôde ser observado na presente, não foram respeitados a noções básicas e os princípios que norteiam a Administração Pública, como por exemplo o Princípio da Legalidade.

Note Excelência que no conceito de Direito Administrativo, apresentado por Hely Lopes Meirelles, mostra-se como um ícone e vem de encontro o que passará a discorrer doravante:

O conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. (MEIRELLES, 2000, p.38)

Assim, seguem os autores da área com seus posicionamentos, vejamos o que Maria Sylvia Zanella Di Pietro aponta sobre Direito Administrativo,

[...] ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para consecução de seus fins, de natureza pública. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Curso de Direito Administrativo. 24 ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 48)

(24)

Corroborando com o pensamento indicado, observa-se o conceito a que chegaram os autores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sobre Direito Administrativo,

Conjunto de regras e princípios aplicáveis à estruturação e ao funcionamento das pessoas e órgão integrantes da administração pública, às relações entre esta e seus agentes, ao exercício da função administrativa, especialmente às relações com os administrados, e à gestão aos bens públicos, tendo como finalidade geral de bem atender ao interesse público. (ALEXANDRINO, Marcelo. PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 16ª ed. rev. atua. São Paulo: Editora Método, 2008, p. 3.)

Marçal Justen Filho, autor consagrado do Direito Administrativo, sintetiza o conceito da matéria:

O direito administrativo é o conjunto de normas jurídicas de direito público que disciplinam as atividades administrativas necessárias à realização dos direitos fundamentais e a organização e o funcionamento das estruturas estatais e não estatais encarregados de seu desempenho. (ARAÚJO, 2005, p. 32)

Em que pese os princípios, destaca-se o contexto apresentado por Diógenes Gasparini, sendo que os princípios embasam e garantem validade a um sistema. Portanto sua observância é obrigatória a todos aqueles que integram o sistema irradiado pelo princípio. Os princípios muitas vezes não estão dispostos na Lei, não estão positivados, todavia seu cumprimento é inquestionável, pois seu descumprimento é mais grave que o descumprimento de uma norma porque se fere todo o sistema e não apenas a uma norma, nesse sentido ensina Celso Antonio Bandeira de Mello apud Diógenes Gasparini:

[...] violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não a um especifico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio violado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. (GASPARINI, 2009. p. 7).

Diante disso, infere-se a relevância dos princípios a um sistema, contumaz se falar em Direito Administrativo, pois alguns dos princípios deste sub-ramo do Direito Público estão previstos inclusive na Constituição Federal, art. 37, caput, são eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (incluído pela Emenda Constitucional 19 de 1998).

(25)

Lamentavelmente não se observou a marcha processual exposta o regimento interno e na própria Lei Orgânica, nem antes e nem quando foi levado ao Plenário o Projeto de Lei nº 3024/2020 na noite do dia 23.11.2020.

A Resolução nº 338/2004, (Regimento Interno) artigo 60, § 1º III e § 2º, sofreu um golpe terrível, pois, foi ferida quando o Parecer da Comissão de Serviços Públicos e Atividades Privadas não tinha seu Parecer votado e aprovado pelos seus membros antes da Sessão Ordinária do dia 23.11.2020 conforme pode ser observado (anexo parecer sem assinatura da maioria no dia 23.11.2020). Também quando dá omissão dos requerimentos apresentados pelo impetrante.

Nesse sentido, o Princípio da Legalidade que é um princípio mandamental do Direito Administrativo, deve ser estritamente observado, já que toda a atuação da administração está a ele sujeita. Sendo que inobservância do princípio da legalidade, gera nulidade do ato e seus derivados.

Assim ensina Meirelles sobre o princípio da Legalidade:

A legalidade, como princípio da administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 39ª ed. atua. São Paulo: Malheiros, 2013, p. 90.)

Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa “pode fazer assim”; para o administrador público significa “deve fazer assim. (p.91)

Observados entendimentos acerca do Direito Administrativo, aventa-se doravante, acerca da nulidade dos atos em virtude do descumprimento das regras administrativas, em especial a legalidade, já decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina:

APELAÇÃO CÍVEL EM MANDADO DE SEGURANÇA E REEXAME NECESSÁRIO. IRREGULARIDADES NO PROCEDIMENTO ADOTADO EM REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA REALIZADA PELO PRESIDENTE DA MESA DIRETORA DA CÂMARA DE VEREADORES DE SANTA ROSA DE LIMA, VIOLANDO A LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO E NORMAS REGIMENTAIS DAQUELA CASA LEGISLATIVA, QUANDO DA EDIÇÃO DA RESOLUÇÃO N. 01/2005, A QUAL LHE CONCEDIA AUTONOMIA FINANCEIRA E

(26)

ADMINISTRATIVA. OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO. SEGURANÇA CONCEDIDA. INSURGÊNCIA RECURSAL ADSTRITA À IMPOSSIBILIDADE DE IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA LEI EM TESE. INOCORRÊNCIA. REMÉDIO HERÓICO OBJETIVANDO DESCONSTITUIR ATO COATOR RELACIONADO AO PROCEDIMENTO LEGISLATIVO ADOTADO NA REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA QUE CULMINOU NA EDIÇÃO DA SOBREDITA RESOLUÇÃO, NÃO A ATACANDO PROPRIAMENTE. LEGITIMIDADE DOS EDIS PARA QUESTIONAR, EM AÇÃO MANDAMENTAL, A VALIDADE DO PROCESSO LEGISLATIVO QUE DEIXA DE OBSERVAR OS PRECEITOS CONTIDOS NO REGIMENTO INTERNO E NA LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO. APELO E REMESSA NECESSÁRIA DESPROVIDOS. Segundo o magistério de Alexandre Moraes, "o controle jurisdicional sobre a elaboração legiferante, inclusive sobre propostas de emendas constitucionais, sempre se dará de forma difusa, por meio do ajuizamento de mandado de segurança por parte dos parlamentares que se sentirem prejudicados durante o processo legislativo. Reitere-se que os únicos legitimados à propositura de mandado de segurança para defesa do direito líquido e certo de somente participarem de um processo legislativo conforme as normas constitucionais e legais são os próprios parlamentares. Os parlamentares, portanto, poderão propiciar ao Poder Judiciário a análise difusa de eventuais inconstitucionalidades ou ilegalidades que estiverem ocorrendo durante o trâmite de projetos ou proposições por meio de ajuizamento de mandados de segurança contra atos concretos da autoridade coatora (Presidente ou Mesa da Casa Legislativa, por exemplo), de maneira a impedir o flagrante desrespeito às normas regimentais ao ordenamento jurídico e coação aos próprios parlamentares, consistente na obrigatoriedade de participação e votação em um procedimento inconstitucional ou ilegal" (in Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2003. p. 596-597)

(TJ-SC - MS: 403777 SC 2009.040377-7, Relator: Carlos Adilson Silva, Data de Julgamento: 24/08/2011, Terceira Câmara de Direito Público, Data de Publicação: Apelação Cível em Mandado de Segurança n. , de Braço do Norte)

“REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ANULAÇÃO DE PROCESSO QUE REJEITOU AS CONTAS DO EXERCÍCIO DE 2013 DA PREFEITURA DE SÃO JOÃO BATISTA PELA CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES. ORDEM CONCEDIDA NA ORIGEM. INOBSERVÂNCIA DO RITO ESTABELECIDO PELA LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO E PELO REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA LEGISLATIVA. FALTA DE PUBLICIDADE DO ATO DE DISPONIBILIZAÇÃO DO PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS PARA EXAME DE QUALQUER CIDADÃO. AFRONTA AO ART. 49, § 2º, DA LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO. MANUTENÇÃO DO PROCESSO EM PAUTA PELO PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS. PROVIDÊNCIA NÃO ADOTADA. DESCONFORMIDADE COM O ART. 180 DO REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DE VEREADORES. NULIDADE EVIDENCIADA, A PARTIR DA EMISSÃO DO PARECER PRÉVIO DA COMISSÃO DE FINANÇAS, ORÇAMENTO E FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA. AUSÊNCIA DE

(27)

NOTIFICAÇÃO DO IMPETRANTE PARA ACOMPANHAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS. INEXISTÊNCIA DE IMPOSITIVO LEGAL NESSE SENTIDO. NULIDADE NÃO VERIFICADA. NÃO DELIBERAÇÃO ACERCA DA DEFESA APRESENTADA PELO PREFEITO. MERA REPRODUÇÃO, NO DOCUMENTO FINAL DA COMISSÃO, DO PARECER PRÉVIO. FALTA DE ANÁLISE DOS ARGUMENTOS VEICULADOS. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. SUSPEIÇÃO DE VEREADORES. INOCORRÊNCIA. AJUIZAMENTO PELO PREFEITO DE AÇÃO, NA ESFERA CRIMINAL, POR CALÚNIA E INJÚRIA, CONTRA MEMBROS DA CÂMARA. SITUAÇÃO QUE NÃO LHES AFASTA DA APRECIAÇÃO DAS CONTAS. ATOS INERENTES AO MANDATO LEGISLATIVO. REMESSA OFICIAL CONHECIDA; SENTENÇA REAFIRMADA. (TJSC, Apelação / Remessa Necessária n. 0302267-75.2016.8.24.0062, de São João Batista, rel. Odson Cardoso Filho, Quarta Câmara de Direito Público, j. 09-08-2018).

Nesse sentido, ao longo da presente, constatou-se indubitavelmente que a não observância ao Regimento Interno da Câmara Municipal de Rio Negrinho, gera nulidade dos atos praticados.

A doutrina mais abalizada de Hely Lopes Meireles ensina que:

“a atribuição do plenário é deliberar na forma regimental, votando leis, decretos legislativos, resoluções e proposições inominadas de interesse da Administração municipal. Mas essa atribuição há que ser exercida com atendimento do processo legislativo e das prescrições regimentais, elaborando as leis e demais atos de sua alçada com técnica e redação apropriada, [...]' (Direito Municipal Brasileiro. 11 ed. São Paulo: Malheiros, 2000.p. 556).

Assim sendo, a não observância das disposições contidas no Regimento Interno da Câmara Municipal, fere o direito do impetrante a um devido processo legislativo, eivando de vícios insanáveis a sessão ordinária que culminou com a aprovação do Projeto de Lei nº 3024/2020, tornando possível a impetração do presente “writ of mandamus”.

Nesta esteira já decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. ILEGITIMIDADE RECURSAL DA AUTORIDADE COATORA. MANDADO DE SEGURANÇA. VEREADORES. PRETENSÃO DE IMPLEMENTAÇÃO DA LEI QUE DEFINE NOVOS SUBSÍDIOS. LEGISLATURA SEGUINTE. ALEGAÇÃO DE INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO E DO LIMITE CONSTITUCIONAL DE GASTO COM PESSOAL. NÃO COMPROVAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. CONCESSÃO DA SEGURANÇA. MANUTENÇÃO DO DECISUM. CONHECIMENTO E IMPROVIMENTO DA REMESSA NECESSÁRIA. (TJ-RN - AC: 7916 RN 2006.000791-6, Relator: Desª.Célia Smith, Data de Julgamento: 12/05/2008, 1ª Câmara Cível)

(28)

Sendo assim, perfeitamente amparado juridicamente o pedido requerido nesta querela.

V. DA CONCESSÃO DA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS

São pressupostos para a concessão da medida liminar o fumus boni iuris (plausibilidade do direito), o que estar supra evidenciado através da mais embasada Jurisprudência e na fundamentada Doutrina, e o periculum in mora (risco de dano grave), dano este que poderia causar enormes prejuízos a Administração e ao Erário Público, caso algum ato venha a ser praticado pela Administração, com fulcro em uma Lei Ilegalmente em vigor, que posteriormente venha a ser reconhecida sua ilegalidade nas vias judiciais.

Como já exposto, o Judiciário deve atuar quando não observados os requisitos legais dentro do Poder Legislativo, consoante o escólio de Hely Lopes Meirelles:

"o processo legislativo, tendo atualmente contorno constitucional de observância obrigatória em todas as Câmaras (...) e normas regimentais próprias de cada Corporação, tornou-se passível de controle judicial para resguardo da legalidade de sua tramitação e legitimidade da elaboração da lei. Claro está que o Judiciário não pode adentrar o mérito das deliberações da Mesa, das Comissões ou do Plenário, nem deve perquirir as opções políticas que conduziram à aprovação ou rejeição dos projetos, proposições ou vetos, mas pode e deve - quando se argúi lesão de direito individual - verificar se o processo legislativo foi atendido em sua plenitude, inclusive na tramitação regimental. Deparando infringência à Constituição, à lei ou ao regimento, compete ao Judiciário anular a deliberação ilegal do Legislativo para que outra se produza em forma legal"("Direito Administrativo Brasileiro", 17ª ed, p. 609).

Nessa linha de raciocínio, leciona Arnoldo Wald que "os atos do

poder legislativo, que podem ser corrigidos por mandado de segurança, são os atos praticados pela Mesa das Câmaras, órgãos executivos destas"("Do Mandado de Segurança na Prática Judiciária", 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 141).

Com efeito, perlustra o autor, "os atos praticados por parlamentares

na elaboração de lei ou votação de propostas, desde que o processamento infrinja a Constituição ou ofenda direito individual coletivo, são considerados atos de autoridade" (ob. cit., p. 142).

(29)

No mesmo diapasão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do MS n. 22.503/DF, assentou que "os participantes dos trabalhos legislativos,

porque representantes do povo, quer de segmentos majoritários, quer de minoritários, têm o direito público subjetivo de ver respeitadas na

tramitação de projetos, de proposições, as regras normativas em vigor, tenham estas, ou não, estatura constitucional" (relator Ministro Março

Aurélio, DJ de 6.6.1997).

Reitero que a discussão do processo não está acerca do mérito da Lei, o presente mandamus está fundado no processo legislativo que não foi observado pelo Impetrado.

Assim sendo, em estando presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, conforme disposição o art. 7º, III da Lei 12.016/09, o juiz ao despachar a inicial, ordenará que se suspenda o ato que deu ensejo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida.

Há nos autos “prova inequívoca” da possibilidade jurídica do pedido, fartamente comprovada por documentos imersos nesta querela.

Por esse ângulo, claramente restaram comprovados, objetivamente, os requisitos do “FUMUS BONI IURIS” e do “PERICULUM IN

MORA” a justificar o deferimento da medida ora pretendida.

Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos contidos nas provas dos autos, trazem à tona circunstâncias de que o direito muito provavelmente existe.

Acerca do tema em espécie, é do magistério de José Miguel Garcia Medina as seguintes linhas:

(...) sob outro ponto de vista, contudo, essa probabilidade é vista como requisito, no sentido de que a parte deve demonstrar, NO MÍNIMO, que o direito afirmado é provável (e mais se exigirá, no sentido de se demonstrar que tal direito muito provavelmente existe, quanto menor for o grau de PERICULUM. (MEDINA, 2015, p. 472).

Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior, delimitando comparações acerca da “probabilidade de direito” e o “FUMUS BONI IURIS”, discorre:

(30)

Requisitos para a concessão da tutela de urgência: FUMUS BONI IURIS: Também é preciso que a parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela afirmado (FUMUS BONI IURIS). Assim, a tutela de urgência visa assegurar a EFICÁCIA do processo de conhecimento ou do processo de execução...” (NERY JÚNIOR, 2015, p. 857-858)

Diante dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a concessão da tutela de urgência antecipatória, o que também sustentamos à luz dos ensinamentos de Tereza Arruda Alvim Wambier:

O juízo de plausibilidade ou de probabilidade – que envolvem dose significativa de subjetividade – ficam, ao nosso ver, num segundo plano, dependendo do periculum evidenciado. Mesmo em situações que o magistrado não vislumbre uma maior probabilidade do direito invocado, dependendo do bem em jogo e da urgência demonstrada (princípio da proporcionalidade), deverá ser deferida a tutela de urgência, mesmo que satisfativa. (Wambier, 2015, p. 499). (Grifo nosso)

No presente caso, estão preenchidos todos os critérios objetivos para concessão da liminar, como se comprovará a seguir.

O fumus boni iuris consubstanciado nas alegações da Requerente, ratificadas pelos documentos que provam a inobservância, pelo Impetrado, do Regimento Interno da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho e da Lei Orgânica do mesmo município no tramite do Projeto de Lei 3024/2020 mensagem 110/2020.

É com base no pensamento acima que se encontra materializado um dos requisitos que autorizam a concessão liminar da antecipação dos efeitos da tutela, qual seja, A PROBABILIDADE DO DIREITO E O

PERIGO DO DANO.

A verossimilhança e a prova inequívoca do direito pretendido pelos Requerentes encontram-se respaldadas em todos os argumentos e documentos elencados neste petitório.

Outro requisito é o periculum in mora, ou seja, o perigo da demora de um provimento jurisdicional tendo em vista a possibilidade da concretização da dação em pagamento, com efeito da perda de um bem da municipalidade valioso ao interesse público.

(31)

Por fim, o requisito da reversibilidade dos fatos ou dos efeitos decorrentes da execução da medida também se encontram presentes. Há de se ressaltar que o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela não obstará o direito de referida medida ser posteriormente revogada em caso de prova em contrário e a matéria debatida na Câmara seguirá seu rito ordinariamente.

Desse modo, perfeitamente cabível a antecipação dos efeitos da tutela antecipada no presente caso, em decorrência de estarem presentes os requisitos indispensáveis do fumus boni iuris e o periculum in

mora, bem como a possibilidade de reversão da presente medida sem

que cause prejuízo às partes em caso de surgimento de prova em contrário.

Melhor sorte não assiste aos Requerentes, caso referida medida não seja deferida. Sendo assim, requer a Vossa Excelência, seja deferida “IN

LIMINE” e “INALDITA ALTERA PARTE” a tutela requerida para conceder VI. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer seja:

a) Concedida medida liminar, inaudita altera parte, para declarar a

nulidade do ato praticado pelo Presidente da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, na sessão ordinária do dia 23 de novembro de 2020, especificamente na conduta ilegal do Impetrado ao colocar em votação o Projeto de Lei n° 3024/2020 carente de requisitos técnicos jurídicos e regimentais, com fundamento no artigo 7º, inciso III, da Lei 12.016/2009. Sucessivamente Requer que notifique o Poder Executivo para se abstenha de praticar qualquer ato consubstanciado na Lei n° 3024/2020 aprovada ilegalmente e atacada pelo Writ.

b) A notificação da autoridade coatora, para no prazo de 10 (dias)

preste as devidas informações, nos termos do artigo 7º, inciso I, da Lei 12.016/2009;

c) Seja ouvido o representante do Ministério Público, nos termos da

Lei 12.016/2009.

d) Ao final seja concedida a segurança pleiteada, confirmando-se

(32)

Atribui à causa o valor de R$ 100,00 (cem reais), para efeitos meramente fiscais.

Termos em que pede deferimento.

Rio Negrinho – SC 26 de novembro de 2020.

Assinado digitalmente ALLAN RATZKOB

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