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Edição 40 - Volume11 - Número 4 - OUT/NOV/DEZ - 2016

movimento & saúde • REVISTA

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O USO DA DANÇA COMO ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO

FISIOTERAPÊUTICO PARA INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE

PARKINSON: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Dance use as physiotherapeutic treatment strategy for individuals with

Parkinson’s Disease: A systematic review

Elio Stein Jr

1

, Silvia Claudinéia Maidanchen

2

RESUMO

A doença de Parkinson (DP) é uma afecção neurodege-nerativa crônica e progressiva dos gânglios da base que causa desordens da postura e do movimento acarretando em várias alterações levando o indivíduo à inatividade. A fisioterapia geralmente é prescrita associada aos fármacos. A dança é uma estratégia fisioterapêutica alternativa ideal para reabilitação, pois integra atividades sensório-motoras com estímulos audiovisuais e ainda promove a socialização. O objetivo deste estudo foi apresentar a dança como recurso fisioterapêutico e seus benefí-cios para indivíduos com DP. Estudo de revisão sistemática com buscas nas bases de dados eletrônica LILACS, PEDro, PubMed e SciELO. Nos resultados de um total de 406 artigos, 394 foram excluídos por não atenderem os critérios de inclusão e exclusão. Aos 12 restantes foi aplicada a Escala de PEDro, restando ao final 5 estudos para esta revisão. Evidências científicas apontam que a dança como um exercício aeróbico através do seu papel neuroprotetor, e pela complexidade exigida pela sequência de movimentos ritmada pela música, proporciona melhorias no que se refere à severidade da doença, mobilidade, postura, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação, marcha e congelamento da marcha, disposição, cognição espacial, interação social, boa adesão ao tratamento e, sobretudo na qualidade de vida e saúde do indivíduo com DP. Conclui-se que a dança é uma estratégia fisioterapêutica que traz benefícios cognitivos e motores, promove a socialização que reflete na melhoria da qualidade de vida do indivíduo com DP.

Palavras-chave: Doença de Parkinson, dança/dançar,

fisioterapia.

ABSTRACT

The Parkinson´s Disease (PD) is a chronic and progressive neuro-degenerative condition of the basal ganglia which causes posture and movement disorders which brings about several changes leading the individual to inactivity. Physiotherapy is usually prescribed, associated with drugs. Dancing is an al-ternative physiotherapeutic strategy for the rehabilitation, for it integrates motor-sensory activities, along with audio-visual stimulation, and even promoting the socialization. The objecti-ves for this study are introduce dancing as a physiotherapeutic resource, and its benefits for Parkinsonians. Study of Systematic Review based upon searches at the Electronic Data Base at the LILACS, PEDro, PubMed and SciELO. In the results, adop-ting the Inclusion and Exclusion criteria, from a total of 406 articles, 394 were excluded for not fitting in. To the remaining 12, the PEDro Scale was applied, leaving out 5 studies for the herein review. Scientific evidences indicate that dancing as an aerobic exercise through its neuroprotecting role, and due to the complexity demanded by the rhythmic movement sequence dictated by music, provide improvements to the disease severity, mobility, posture, static and dynamic balance, coordination, gait and the freezing of gait, mood, spatial cognition, social interaction, better treatment adherence, and above all, over the life and health quality of PD Individuals. It follows that dance is a physiotherapeutic strategy which brings about cognitive and motor benefits, promotes socialization which therefore, reflects in the improvement of the life quality of a PD individual.

Keywords: Parkinson´s Disease, Dance/Dancing,

Phy-siotherapy.

1. Fisioterapeuta, Docente do Curso de Fisioterapia Faculdade Paranaense FAPAR/ Curitiba - PR

2. Acadêmica do Curso de Fisioterapia Faculdade Paranaense FAPAR/ Curitiba – PR

AUTOR CORRESPONDENTE: Élio Stein

Jr-Endereço: Rua padre Agostinho 2885 Ap 501 Torre Barigui- Mercês-Curitiba PR CEP 80710-000-

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INTRODUÇÃO

A Doença de Parkinson (DP) é uma afecção neurodege-nerativa crônica e pro-gressiva que afeta diversas conexões dos núcleos da base cujas estruturas são responsáveis pelo controle motor, preparação e harmonia do movimento. Ocorre a perda neuronal progressiva no grupo de células da parte compacta da substância negra do mesencéfalo, principalmente as produtoras de dopamina acarretando em distúrbios motores, posturais e cognitivos no indivíduo.1 Caracteriza-se também pela

presen-ça de disfunções dos sistemas dopaminérgicos, colinérgicos, serotoninérgicos e noradrenérgicos1, razão pela qual a terapia

medicamentosa por levodopa nem sempre é eficaz no controle dos sintomas clínicos.2

De etiologia multifatorial, a DP é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente na população mundial. Sua prevalência no Brasil gira em torno de 3,3 %, acometendo indi-víduos de ambos os sexos por volta dos 60 anos de idade. Essa prevalência aumenta com o avançar da idade devido à senescência fisiológica do sistema nervoso central (SNC), uma vez que a substância negra compacta é mais sensível ao envelhecimento em relação a outras estruturas cerebrais.1,3

As manifestações clínicas da doença ocorrem inicialmen-te de forma motora levando aos sinais cardinais da DP: rigidez, tremor de repouso, bradicinesia e instabilidade postural.1

A instabilidade postural se deve à dificuldade na manu-tenção do equilíbrio corporal sendo resultado de conflitos no processamento de estímulos sensoriais provenientes dos sistemas proprioceptivo, vestibular e somático e devido à perda dos refle-xos posturais (reações de equilíbrio, endireitamento e proteção).4

Essas alterações associadas ao tônus rígido dificultam a realização de movimentos compensatórios a fim de reestabelecer a estabili-dade estática e dinâmica.2

O déficit no equilíbrio que aumenta devido à alteração do centro de gravidade5 traz prejuízos à marcha e predispõe o

indivíduo às quedas e consequentemente fraturas, sendo as mais comuns as fraturas de fêmur gerando maior restrição às ativida-des6 contribuindo para a perda de independência funcional e à

inatividade que está diretamente relacionada ao maior risco de osteoporose, doenças cardiovasculares, isolamento social e de-pressão, entre outras, afetando a qualidade de vida do indivíduo.7

Os indivíduos com DP apresentam melhora sintomática com a terapêutica farmacológica, porém conforme a progressão da doença, outras propostas terapêuticas mais abrangentes asso-ciadas aos fármacos são importantes no tratamento, entre as quais se destaca a fisioterapia.8

O tratamento fisioterapêutico visa a promoção de saúde, melhorar as limitações físicas, o desempenho funcional, a força muscular, mobilidade, resistência, postura, equilíbrio e marcha9

sendo que todos os exercícios têm como objetivos melhorar a função do movimento, como levantar, andar, sentar, as atividades motoras, bradicinesia, redução das quedas, prevenção de com-plicações secundárias10 e a melhoria da qualidade de vida dos

acometidos pela DP de acordo com as alterações funcionais de cada estágio da doença.9

O declínio físico e a inatividade estão associados à perda

MÉTODOS

RESULTADOS

táteis são estratégias de reabilitação cada vez mais apontadas pela literatura e recomendadas pela American Academy of Neurology desde 2006 como capazes de promover a neuroplasticidade.12

A dança é definida como o ato de um ou mais corpos em movimento de uma forma rítmica estimulados pela música, o que exige um compromisso complexo e simultâneo de várias habilidades cognitivas como a memória; e físicas incluindo efeitos relacionadas à aptidão física como controle de postura e equilíbrio.13

Apesar de ser uma estratégia de reabilitação pouco di-fundida na literatura, a dança é uma atividade motora que exige o controle postural e possui elementos de perturbação envolvendo iniciação e cessação do movimento, mudanças direcionais espon-tâneas, variação rítmica e alterações de velocidade de movimento que são dificuldades apresentadas pelos indivíduos com DP neces-sárias para a melhoria do controle motor e podem ser atenuadas pela música e presença do parceiro no papel de estímulo externo, justificando a abordagem deste estudo.14

Por meio de evidências científicas recentes, o objetivo deste estudo é apresentar a dança como estratégia de tratamento fisioterapêutico alternativo na DP demonstrando seus benefícios ao paciente.

De maneira a atingir o objetivo proposto foi realizada uma revisão sistemática da literatura de maneira a buscar, reunir e sintetizar os estudos feitos sobre o uso da dança como recurso fisioterapêutico em pacientes com DP.

A pesquisa foi realizada nas bases de dados eletrônica LILACS, PEDro, PubMed e SciELO utilizando, de forma com-binada, os seguintes descritores especificados nos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS): “fisioterapia” (physiotherapy/ physical therapy), “dança” (dance) e Doença de Parkinson (Parkinson’s Desease).

Como critérios de inclusão foram selecionados artigos em texto completo nos idiomas inglês, português e espanhol publicados entre os anos de 2009 a 2015.

Foram excluídos desta revisão os estudos de revisão de lite-ratura, teses e dissertações e os que não obtiveram pontuação mínima na Escala de PEDro.

Com o intuito de preservar a relevância do estudo em questão e para avaliar a qualidade metodológica dos artigos selecionados, aplicou-se a escala de PEDro. Esta escala é composta por 11 critérios e permite uma pontuação de zero a dez pontos. O item 1diz respeito a validade externa ou aplica-bilidade do estudo clínico e foi mantido para que a Delphi List (escala internacional original) esteja completa e não é usado para calcular a pontuação no PEDro.

Os artigos selecionados foram submetidos de forma íntegra e original a escala de PEDro. Os artigos que tiveram pontuação maior ou igual a 5 na escala de Pedro foram consi-derados de alta expressividade metodológica e foram incluídos nesta revisão.

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Tabela 1: Tabela de resultados de busca nas bases de dados

Após análise do título e leitura dos resumos dos 406 artigos separados por base de dados foram excluídos os artigos cuja temática não contemplava a abordagem desse estudo, as teses e dissertações, as revisões de literatura e as duplicatas, restando 12 artigos conforme exposto no fluxograma da Figura 1. Dentro dos 12 artigos que se enquadraram aos critérios de inclusão e foram selecionados foi aplicada a escala de PEDro a fim de avaliar a qualidade metodológica dos quais 5 atingiram a pontuação mínima estipulada para este estudo. (Tabela 2)

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Tabela 2: Características dos estudos utilizados nesta revisão publicados entre 2009 e 2015

abordando a dança como recurso fisioterapêutico na Doença de Parkinson.

A tabela 2 contém informações sobre os artigos finais selecionados para este estudo e seus respectivos escores obtidos pela escala de Pedro.

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DISCUSSÃO

Modalidades fisioterapêuticas alternativas vêm sendo utilizadas e retratadas pela literatura além da fisioterapia conven-cional para indivíduos com doenças neurológicas, em destaque neste estudo, a DP. Uma dessas modalidades é a dança que vêm sendo incorporada ao tratamento como atividade sensório- mo-tora através de estímulos audiovisuais e táteis.12

De acordo com evidências científicas e de acordo com a fisiopatologia das desordens do movimento nas doenças dos gânglios da base, as estratégias sensório-motoras, como a dança são recursos capazes de auxiliar no processo de reabilitação junto ao tratamento farmacológico para atenuar os sintomas e disfunções na DP, quando adaptados e direcionados à sua especificidade e necessidades especiais de modo a favorecer a funcionalidade.9

Um estudo realizado por Hackney e Earhart, em 2009, comparou os efeitos das danças tango argentino e dança de sa-lão americana no controle do movimento com indivíduos com DP concluindo que a intervenção de dança obteve resultados significativos em relação ao ganho de controle, de equilíbrio e locomoção pelo aumento do comprimento do passo para trás, aumento na velocidade dos movimentos, diminuição dos epi-sódios de congelamento da marcha e melhorias relacionadas à gravidade da doença em comparação ao grupo controle.14

A prática de dança como atividade física de baixa intensidade pode facilitar ativação de áreas que normalmente mostram ativação reduzida na DP atenuando a progressão da doença. Estaria associada com o aumento de ativação do putâ-men, bem como mudanças na ativação cortical, com aumento da atividade no córtex pré-motor e áreas motoras suplementares durante a caminhada de base do tango, onde há necessidade de focar a atenção consciente no passeio e utilizar os mecanismos de atenção para se concentrar em andar rapidamente com passos largos que com a prática, pode apresentar um melhor desempe-nho automático que não necessite mais de atenção consciente.15

A dança tango incorpora a prática de muitos movi-mentos funcionais que se encontram deficientes nas pessoas com a DP incluindo caminhada para trás e mudança de direção, balanço rítmico e transferência de peso, iniciação do movimento e as pausas que são praticadas repetidamente, bem como passos específicos que se assemelham às estratégias utilizadas para amenizar o congelamento da marcha, abordagem comum na reabilitação. O próprio pé do parceiro pode servir também como uma pista visual para facilitar a circulação no piso. A partir dessa abordagem o indivíduo com DP obtém ganhos relacionados ao bem estar geral levando o indivíduo ao interesse em continuar a prática pelos ganhos obtidos na mobilidade, equilíbrio estático e dinâmico e controle motor facilitando a locomoção e inde-pendência, e reações de proteção reduzindo o risco de quedas, especialmente para trás.15

Em outro estudo piloto, Hackney e Earhart, em 2009, estudaram formas alternativas de tratamento para a DP utilizan-do a dança tango, valsa/foxtrote e o tai chi e compararam os seus efeitos na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) resultando em melhorias significativas em mobilidade e apoio social no grupo tango trazendo benefícios em relação á QVRS.16

A dança integrada à música e ao convívio social é uma estratégia terapêutica envolvente e agradável que através dos ganhos relacionados aos fatores psicossociais e à independência funcional melhora a qualidade de vida e saúde dos pacientes e

de seus cuidadores.17

Com o envelhecimento há um declínio fisiológico na neurogênese e o exercício físico exerce um importante fator neuroprotetor celular agindo tanto nos sintomas motores quanto não motores. A atividade motora constante associada a estímulos cognitivos promove a ativação de diversos neurotransmissores como acetilcolina, norepinefrina, serotonina e GABA, além de estimular a neurogênese e proliferação do fator neurotrófico derivado do cérebro7 que promove a plasticidade, devido ao

seu potencial papel na promoção da reorganização neural e regeneração do SNC. O papel da música é estimular a atividade generalizada de regiões do cérebro potencializando o aumento da neuroplasticidade.13

A interação social amplia o convívio social diminuindo assim os sintomas depressivos geralmente encontrados na popu-lação idosa com ou sem distúrbios neurológicos.7 O isolamento

social tem sido retratado como supressor da neurogênese e a interação social atua sobre a neuroplasticidade e é um fator encontrado na dança, seja em pares ou em grupos, pois muitas vezes se depende do parceiro para condução dos sinais de mo-vimento.13

Assim, a relevância da presença ou ausência um parceiro de dança e seus efeitos sobre a marcha e o equilíbrio foram abordados nos estudos de Hackney e Earhart, em 2010, com a hipótese de que o grupo parceiro teria mais ganhos que o grupo não parceiro, pois poderia desafiar mais o equilíbrio. Os resultados afirmam que os ganhos em marcha, equilíbrio e mobilidade funcional foram semelhantes entre os grupos mos-trando que o parceiro não é essencial para a reabilitação através da dança. Os participantes relataram melhorias no bem estar físico e expressaram satisfação com a intervenção e interesse em continuar18, corroborando o primeiro estudo citado onde os

participantes tiveram o mesmo relato.14

O parceiro é um estímulo externo tátil que facilita a estabilidade postural através do toque das mãos, proporciona melhorias no equilíbrio através do ato de desafiar o paciente, especialmente os com DP mais grave que pode desafiar seus limites de forma mais segura, através de transferências no peso, auxílio na iniciação do movimento, indicação de mudanças de direção, indicação do aumento ou manutenção da passada podendo o indivíduo conseguir movimentos com amplitude e velocidades próximas do normal.18

O parceiro também pode auxiliar na percepção da cognição espacial que consiste em compreender a disposição espacial das coisas, sua relação com o ambiente e consigo mes-mo e sua navegação dinâmica através dele o que têm grande importância para a mobilidade, orientação e controle motor.19

A dança é uma atividade que requer multitarefa em que indi-víduos com DP têm dificuldade para realizar e a prática dessas situações pode melhorar o desempenho, pois o indivíduo deve executar os passos e ao mesmo tempo navegar entre outros na dança atendendo as exigências de coordenação física e motora dos movimentos sendo modulados pela música e perturbações ambientais13, bem como interpretar os sinais de condução do

parceiro para executar o passo seguinte.15

Hackney e McKee, em 2013, retratam os efeitos do tango adaptado sobre a cognição espacial e severidade da DP. Comparados ao grupo controle que recebeu intervenções de educação em saúde, o grupo tango apresentou melhorias na severidade da doença assim como no primeiro estudo de Hack-ney e Earhart14, na cognição espacial, no equilíbrio e na função

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executiva sendo que os resultados obtidos foram mantidos 12 semanas após a intervenção demostrando a retenção do ganho que pode sugerir melhorias na cognição.19

Para melhorar a execução do movimento, as pistas externas de estímulo auditivo, visual, ou somatossensorial são utilizadas com o objetivo de “ignorar” os gânglios basais de-generados e utilizar vias alternativas. Sinais auditivos podem “ignorar” os gânglios basais e acessar a área motora suplementar através do tálamo, ou eles podem ascender ao córtex pré-motor através do cerebelo.15

O exercício físico pode ativar o hipocampo e a com-binação entre as atividades físicas e cognitivas aumentam a neurogênese no hipocampo que exerce o papel importante na aprendizagem e na formação da memória através da potenciação de longo prazo, ou seja, aprender novas habilidades físicas tam-bém pode ser um fator potencial nas alterações neuroplásticas induzidas pela dança.13

Os principais componentes recomendados de um pro-grama de exercício para aqueles com DP são as estratégias para melhorar a marcha, o movimento, estratégias para melhorar as transferências, exercícios para melhorar o equilíbrio, e promo-ção e manutenpromo-ção da mobilidade articular e potência muscular para melhorar a capacidade física. A dança é uma atividade realizada com música que é utilizada como uma pista externa para facilitar o movimento, envolve estratégias específicas de movimento, treinamento de equilíbrio e pode aumentar a força e / ou flexibilidade contemplando os quatro itens de recomen-dação.15,13

Os métodos convencionais de exercício podem não ser vistos como agradáveis pelos pacientes, o que pode levar a um impacto significativo sobre a sua adesão ao tratamento à longo prazo, especialmente para o indivíduo idoso com distúrbios neurológicos e com dificuldade de locomoção, que é diferente de participar de um programa de exercícios que incluem suporte e interação social, que aumentem seu nível de atividade física, lazer e saúde, crenças pessoais, bem como a motivação e prazer como ocorre na dança.8

Em 2013, Volpe et al, compararam exercícios de fisio-terapia convencional com intervenções de dança irlandesa em grupo (polka e carretel) muito populares na população idosa em questão. Os resultados apontam que a dança irlandesa é uma modalidade de intervenção segura e viável tanto quanto a fisio-terapia convencional, no entanto, a dança apresentou resultados superiores em relação ao congelamento da marcha, equilíbrio, déficits motores e apresentou boa adesão ao tratamento a longo prazo20 corroborando com os estudos de Hackney e Earhart (2009-2010).14,18

Apesar de ser uma modalidade de reabilitação pouco difundida na literatura, a dança, independente da modalidade, exige treinamento intensivo em habilidades motoras como controle de postura e equilíbrio e coordenação do corpo para os movimentos grosseiros e finos.13 A sequência de movimentos

exige constantes ajustes posturais, com variação de cadência, ritmo e intensidade do estímulo e respostas ás perturbações do ambiente evitando acomodações sensoriais.2

Desta forma, é possível observar que a intervenção

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

Através de evidências científicas recentes é possível concluir que a dança é um recurso alternativo utilizado asso-ciado á fisioterapia convencional no tratamento da DP trazendo benefícios motores e cognitivos. A dança permite o aumento do nível de atividade física prevenindo complicações secundárias e visa estimular o controle motor no paciente com DP através da sensação visual, auditiva e tátil, exigência de percepção e interpretação da música e sinais de condução e perturbações ambientais e à conceitualização de modo a formular uma estra-tégia de movimento, sua ativação e execução dos movimentos de maneira funcional para tornar possível a realização de suas AVD’s com mais precisão e controle. É uma atividade de lazer que proporciona maior sensação se bem estar e gera uma boa adesão ao tratamento à longo prazo que associado à interação social refletem em uma melhor qualidade de vida e saúde nos indivíduos com DP.

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Referências

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