An´
alise Matem´
atica II - LEIC (Alameda)
1o Exame (Grupos I, II, III, IV e V)
2o Teste (Grupos III, IV e V)
dura¸c˜ao: 21 de Junho de 2006, 9:00
teste - 1:30, exame - 3:00
Apresente todos os c´alculos e justifica¸c˜oes relevantes
I. a) Primitive (3.0 vals.) cos(log x) x , cos x √ 1 + sen x, e x 1 + e2x, e 2xsen 2x
Por primitiva¸c˜ao imediata obtem-se, em cada intervalo contido no dom´ınio, Pcos(log x) x = sen(log x) + C P cos x√1 + sen x = 2 3(1 + sen x) 3/2+ C P e x 1 + e2x = arctg(e x) + C
Usando duas vezes a regra de primitiva¸c˜ao por partes, P e2xsen 2x = 1 2e 2xsen 2x − P e2xcos 2x + C = 1 2e 2xsen 2x − 1 2e 2xcos 2x − P e2xsen 2x + C = e 2x 2 (sen 2x − cos 2x) − P e 2x sen 2x + C , donde, P e2xsen 2x = e 2x 4 (sen 2x − cos 2x) + C . b) Calcule (3.0 vals.) Z e 0 x2− e2x (x + 1)(e2+ x2)dx
A fun¸c˜ao integranda ´e uma fun¸c˜ao racional pr´opria que pode ser factorizada da forma seguinte: x2− e2x (x + 1)(e2 + x2) = A x + 1 + B + Cx e2+ x2 .
Isto permite-nos escrever, para o c´alculo das constantes A, B e C,
x2− e2x = A(e2+ x2) + (B + Cx)(x + 1) = (Ae2+ B) + (B + C)x + (A + C)x2,
resultando no seguinte sistema de equa¸c˜oes: Ae2+ B = 0 B + C = −e2 A + C = 1
Das duas primeiras equa¸c˜oes deduz-se Ae2 − C = e2. Somando `a terceira termo a
termo, resulta A(e2 + 1) = e2 + 1, ou seja, A = 1. Por substitui¸c˜ao na terceira,
resulta C = 0 e, portanto, B = −e2. Logo,
x2− e2x (x + 1)(e2+ x2) = 1 x + 1 − e2 e2+ x2 Como, Z e 0 dx (x + 1) = [log |x + 1|] e 0 = log(e + 1) , e Z e 0 e2dx e2+ x2 = Z e 0 dx 1 + xe2 = h e arctgx e ie 0 = eπ 4 , conclui-se Z e 0 x2− e2x (x + 1)(e2+ x2) = log(e + 1) − eπ 4 .
II. Seja f : R+0 → R uma fun¸c˜ao de classe C 2
e seja g : R+ → R a fun¸c˜ao dada, (4.0 vals.)
para cada x > 0 por
g(x) = 1 x
Z x
0
f (t) dt
a) Mostre que a ´e um ponto de estacionaridade de g se e s´o se f (a) = 1
Z a
Designemos por ϕ(x) o integral indefinido de f : ϕ(x) =R0xf (t) dt, para x > 0. As-sim, dado que f ´e de classe C2, f ´e cont´ınua e podemos usar o Teorema Fundamental do C´alculo: ϕ0(x) = f (x) , ∀x ∈ R+. Logo, g0(x) = ϕ(x) x 0 = xϕ 0(x) − ϕ(x) x2 = xf (x) − ϕ(x) x2 , ∀x ∈ R +.
Por defini¸c˜ao, a > 0 ´e um ponto de estacionaridade de g sse g0(a) = 0. Mas,
g0(a) = 0 ⇔ af (a) − ϕ(a)
a2 = 0 ⇔ af (a) − ϕ(a) = 0 ⇔ f (a) =
ϕ(a)
a ,
que ´e o que se pretendia obter.
b) Mostre que, para cada x > 0,
xg00(x) + 2g0(x) = f0(x).
Em virtude dos c´alculos efectuados na al´ınea anterior, x2g0(x) = xf (x) − ϕ(x) .
Pelo facto de f ser diferenci´avel para x > 0, resulta que g0 ´e diferenci´avel para x > 0 e, por deriva¸c˜ao termo a termo da express˜ao anterior, que
2xg0(x) + x2g00(x) = f (x) + xf0(x) − ϕ0(x) = f (x) + xf0(x) − f (x) = xf0(x) .
Dividindo por x (podemos fazˆe-lo, j´a que x > 0), obtem-se 2g0(x) + xg00(x) = f0(x).
c) Se a for um ponto de estacionaridade de g e f0(a) 6= 0, que pode concluir quanto `a sua natureza?
Como f ´e de classe C1, g ´e de classe C2. Al´em disso, de acordo com o enunciado da al´ınea anterior e, atendendo a que a ´e ponto de estacionaridade de g e, portanto g0(a) = 0,
g00(a) = f
0(a)
a .
Como a > 0 e f0(a) 6= 0, resulta que g00(a) 6= 0 e que, portanto, a trata-se de um ponto de extremo local de g. Como o sinal de g00(a) ´e igual ao sinal de f0(a),
concluimos, al´em disso, que
f0(a) > 0 ⇒ g tem um m´ınimo local em a, f0(a) < 0 ⇒ g tem um m´aximo local em a .
2
oTeste
III. Considere a fun¸c˜ao f = (f1, f2) com dom´ınio D ⊂ R2, dada por
(4.0 vals.) f1(x, y) = x arctg y x2 + y2 f2(x, y) = p 1 − x2− y2
Seja D, como habitualmente se convenciona, o maior conjunto onde ambas as express˜oes est˜ao definidas.
a) Determine D e esbo¸ce-o.
A express˜ao de f1(x, y) est´a definida para qualquer (x, y) 6= (0, 0). A express˜ao de
f2(x, y) est´a definida para qualquer (x, y) tal que 1 − x2− y2 ≥ 0, ou seja, tal que
x2+ y2 ≤ 1. Logo, D = {(x, y) ∈ R2 : (x, y) 6= (0, 0) ∧ x2+ y2 ≤ 1} . x y 0 1 D
b) Indique int D, front D e D. Diga, justificando sucintamente, se D ´e aberto, se ´e fechado, se ´e limitado, se ´e compacto e se ´e conexo.
int D = {(x, y) ∈ R2 : (x, y) 6= (0, 0) ∧ x2+ y2 < 1} front D = {(x, y) ∈ R2 : x2+ y2 = 1} ∪ {(0, 0)}
D = int D ∪ front D = {(x, y) ∈ R2 : x2+ y2 ≤ 1}
O conjunto D n˜ao ´e aberto porque D 6= int D. Tamb´em n˜ao ´e fechado porque D 6= D. ´E limitado porque se (x, y) ∈ D ent˜ao k(x, y)k ≤ 1. N˜ao ´e compacto porque n˜ao ´e fechado. ´E conexo porque ´e conexo por arcos: dados dois pontos quaisquer de D, digamos (a, b) e (c, d), podemos construir uma fun¸c˜ao cont´ınua ϕ(t), t ∈ [0, 1] tal que ϕ(0) = (a, b) e ϕ(1) = (c, d) e tal que ϕ([0, 1]) ⊂ D, do seguinte modo: com t ∈ [0, 1/2], ϕ(t) percorre o segmento de recta de (a, b) a um ponto interm´edio (α, β) situado sobre o mesmo raio que (a, b) e tal que k(α, β)k = k(c, d)k; com t ∈ [1/2, 1], ϕ(t) percorre o arco de circunferˆencia k(x, y)k = k(c, d)k de (α, β) para (c, d).
c) Justifique sucintamente a continuidade de f em cada (a, b) ∈ intD.
Em cada (a, b) ∈ D, f1 coincide com uma fun¸c˜ao racional tal que o polin´omio
denominador n˜ao possui raizes em D. Logo f1´e cont´ınua em (a, b). Em cada (a, b) ∈
D, f2 coincide com a composta de uma fun¸c˜ao polinomial que apenas assume valores
n˜ao negativos em D, com a fun¸c˜ao raiz quadrada e, como ambas s˜ao cont´ınuas, pelo teorema da continuidade da fun¸c˜ao composta conclui-se que f2 ´e cont´ınua em (a, b).
Como uma fun¸c˜ao com valores em R2 ´e cont´ınua num ponto sse cada uma das suas
duas fun¸c˜oes coordenadas o forem, conclui-se que f ´e cont´ınua em cada (a, b) ∈ D. d) Investigue se f1 admite um prologamento por continuidade a (0, 0).
Estudemos os limites relativos a rectas n˜ao verticais dadas por y = mx (note que interessa que essas rectas passem pelo ponto em estudo, neste caso, (0, 0)):
lim (x,y)→(0,0) y=mx f1(x, y) = lim x→0f1(x, mx) = limx→0 x arctg mx (1 + m2)x2 = limx→0 arctg mx (1 + m2)x = lim x→0 m 1+(mx)2 1 + m2 = m 1 + m2.
onde foi usada a regra de Cauchy para levantamento de indetermina¸c˜oes do tipo 0/0. Este limite depende do declive da recta considerada, m. Conclui-se que n˜ao existe lim(x,y)→(0,0)f1(x, y), e, portamto, f1 n˜ao ´e prolong´avel por continuidade ao
IV. Seja g ∈ C1(R2) dada por
(4.0 vals)
g(x, y) = xy arctg(x + y), a) Calcule a matriz jacobiana de g em (1, −1).
Dado que g ´e de classe C1 em R2, as suas derivadas parciais podem ser calculadas
da forma usual ∂g ∂x = y arctg(x + y) + xy 1 + (x + y)2 ∂g ∂y = x arctg(x + y) + xy 1 + (x + y)2.
Calculando estas derivadas no ponto (x, y) = (1, −1), obtemos a matriz jacobiana M (1, −1), (cujos elementos s˜ao as coordenadas do vector gradiente ∇g(1, −1)) de g:
M (1, −1) = h ∂x∂g ∂g∂y i
(1,−1) = −1 −1 .
b) Calcule ∂g∂v(1, −1), onde v = (1, 2).
Uma vez que g ´e de classe C1 em R2, a derivada de g segundo o vector v = (v 1, v2)
pode ser calculada usando a f´ormula ∂g ∂v(1, −1) = ∇g(1, −1) · v = h ∂g ∂x(1, −1) ∂g ∂y(1, −1) i v 1 v2 = ∂g ∂x(1, −1) v1+ ∂g ∂y(1, −1) v2.
Usando a al´ınea anterior e tomando v = (1, 2) concluimos que ∂g ∂v(1, −1) = −1 −1 1 2 = −3.
c) Considere φ ∈ C1(R2, R2) e (a, b) ∈ R2 tais que φ(a, b) = (1, −1) e φ0(a, b)
´
e a aplica¸c˜ao linear L definida por
∀(x,y)∈R2 L(x, y) = (5x + 3y, 2x − 4y) .
As coordenadas de ∇(g ◦ φ)(a, b) s˜ao os elementos da matriz jacobiana de g ◦ φ no ponto (a, b). Como φ ´e diferenci´avel em (a, b) e g ´e diferenci´avel em (1, −1) = φ(a, b). para calcular o gradiente da composi¸c˜ao g ◦ φ, podemos usar a regra da deriva¸c˜ao da fun¸c˜ao composta (regra da cadeia)
M(a.b)(g ◦ φ) = M(1,−1)(g)M(a,b)(φ) (produto maticial)
Uma vez que
L(x, y) = (5x + 3y, 2x − 4y) = 5 3 2 −4
x y
concluimos que L = φ0(a, b) ´e representada pela matriz jacobiana
M(a,b)(φ) = 5 3 2 −4 . Assim, temos M(a.b)(g ◦ φ) = −1 −1 5 3 2 −4 = −7 1 . Logo, ∇(g ◦ φ)(a, b) = (−7, 1).
V. Seja f ∈ C2(R) tal que f0(0) > 0. Considere a fun¸c˜ao φ dada por φ(x, y) = (2.0 vals.)
f (x2+ 2y2− 2xy), para todo (x, y) ∈ R2. Mostre que φ tem um extremo local
em (0, 0) e classifique-o.
Uma vez que f ´e de classe C2, sabemos que φ(x, y) = f (x2+ 2y2− 2xy) ´e tamb´em
de classe C2. As suas derivadas parciais de primeira ordem s˜ao
∂φ ∂x = (2x − 2y)f 0 (x2+ 2y2− 2xy) ∂φ ∂y = (4y − 2x)f 0 (x2+ 2y2− 2xy).
Como ambas as derivadas s˜ao nulas na origem, o ponto (0, 0) ´e um ponto de estaci-onaridade. As derivadas parciais de segunda ordem s˜ao dadas por
∂2φ ∂x2 = 2f 0 (x2+ 2y2− 2xy) + (2x − 2y)2f00 (x2+ 2y2− 2xy) ∂2φ ∂x∂y = ∂2φ ∂y∂x = −2f 0 (x2+ 2y2− 2xy) + (2x − 2y)(4y − 2x)f00 (x2+ 2y2− 2xy) ∂2φ ∂x2 = 4f 0
Assim, a matriz Hessiana na origem (ponto (x, y) = (0, 0)) ´e dada por Hφ(0, 0) = 2 −2 −2 4 f0(0).
Os valores pr´oprios da matriz
A =
2 −2
−2 4
s˜ao as ra´ızes do polin´omio caracter´ıstico det(A − λI) = 2 − λ −2 −2 4 − λ = λ2− 6λ + 8 − 4 = 0, dados por λ = 6 ± √ 36 − 16 2 = 3 ± √ 5.
Como ambos estes valores de λ s˜ao positivos e f0(0) > 0, temos que ambos os valores pr´oprios λ1, λ2 de Hφ(0, 0) = Af0(0) s˜ao igualmente positivos. Pelo teste da
matriz Hessiana, podemos concluir que a origem ´e ponto de m´ınimo local de φ. Alternativamente: Como λ1λ2 = det Hφ(0, 0) = 8f0(0)2 − 4f0(0)2 = 4f0(0)2 > 0,
podemos concluir que λ1, λ2 tˆem o mesmo sinal e, potanto, (0, 0) ´e ponto de extremo
local de φ. Como, al´em disso, temos ∂∂x2φ2(0, 0) = 2f
0(0) > 0, podemos concluir que