José Luis Oreiro
Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília Pesquisador Nível IC do CNPq Diretor de Relações Institucionais da Associação Keynesiana Brasileira Líder do Grupo de Pesquisa Macroeconomia Estruturalista do DesenvolvimentoDefinições preliminares
ç
p
y Regime de política macroeconômica: É o conjunto de objetivos, metas e instrumentos
de política macroeconômica, bem como o arcabouço institucional no qual essas políticas são implementadas
são implementadas.
y Os objetivos mais gerais da política macroeconômica são a obtenção do pleno‐ emprego da força de trabalho, estabilidade da taxa de inflação, crescimento robusto e sustentável do produto real e equidade da distribuição de renda.
sustentável do produto real e equidade da distribuição de renda.
y Os instrumentos de política macroeconômica são a taxa básica de juros, os impostos, os gastos do governo, a taxa de câmbio (nas economias onde prevalece o regime de câmbio administrado) e os diversos instrumentos regulatórios (depósito compulsório, taxação sobre certos tipos de entrada de capitais e etc) que permitem um controle mais ou menos direto da taxa de expansão do crédito bancário e do ingresso de capitais externos.
E f ã d hi t t l l id t d l d
y Em função do hiato temporal envolvido entre a mudança nos valores dos instrumentos e a obtenção dos objetivos da política econômica, deve‐se definir uma estratégia para a obtenção desses objetivos, o que envolve a fixação de valores numéricos para certas variáveis chave como, por exemplo, a taxa de inflação e o ritmop , p p , ç de expansão do PIB.
Qual a relação entre crescimento e regime
de política macroeconômica?
de política macroeconômica?
y
Teoria econômica convencional (Neoclássica): Nenhuma.
y O crescimento de longo‐prazo depende da acumulação deg p p ç fatores de produção e do ritmo de progresso tecnológico, ambos independentes da demanda agregada.
y O crescimento é restrito pelas condições de oferta dap ç economia.
y A demanda agregada explica apenas as flutuações da economia em torno da tendência de longo‐prazo, eco o a e to o da te dê c a de o go p a o, determinada pelas condições de oferta.
y A política macroeconômica tem por objetivo administrar o nível de demanda agregada de maneira a suavizar as nível de demanda agregada de maneira a suavizar as flutuações da economia em torno da tendência (exógena) de crescimento de longo‐prazo e manter a estabilidade da taxa de inflação.ç
Problemas da abordagem tradicional
Problemas da abordagem tradicional
y
Problema de “raiz unitária” das séries temporais de PIB
y O PIB dos países desenvolvidos e em desenvolvimento segueO PIB dos países desenvolvidos e em desenvolvimento segue um randon walk de forma que choques temporários de oferta ou de demanda tem efeitos persistentes sobre o nível de produto
produto.
y Impossível decompor as séries de tempo de PIB em “tendência” e “ciclo”.
y O componente cíclico da atividade econômica afeta a tendência de longo‐prazo.
y Fenômeno da “dependência de trajetória”
y Fenômeno da dependência de trajetória .
y Política macroeconômica afeta a trajetória que a economia descreve ao longo do tempo, logo é capaz de influenciar a
dê i d l d
O Motor do Crescimento
y Kaldor: O motor do crescimento das economias capitalistas é a demanda
agregada haja vista que a disponibilidade dos “fatores de produção” e o progresso tecnológico são variáveis que se ajustam no longo‐prazo ao nível de demanda efetiva.
y O estoque de capital é resultado das decisões de investimento tomadas no
passado, as quais se baseiam fundamentalmente nas expectativas que os
p q p q
empresários formulam a respeito da taxa de crescimento da demanda por seus produtos.
y A força de trabalho também se ajusta ao crescimento da demanda uma vezç j
que o número de horas trabalhadas, a taxa de participação e o tamanho da própria força de trabalho são elásticas com respeito ao nível de produção.
y A existência de economias estáticas e dinâmicas de escala faz com que ae stê c a de eco o as estát cas e d â cas de esca a a co que a produtividade do trabalho seja uma função do nível e da taxa de crescimento da produção das firmas.
y Relação estrutural entre a taxa de crescimento da produtividade doRelação estrutural entre a taxa de crescimento da produtividade do
trabalho e a taxa de crescimento do nível de produção,
Componentes da Demanda
Componentes da Demanda
Agregada
g g
y
Demanda Autônoma: corresponde àquela parcela da
demanda agregada que é independente do nível e/ou da
g g
q
p
/
variação da renda e da produção.
y Gastos do governo e as exportações.
y
Demanda Induzida: é uma função do nível de renda e de
produção e/ou da variação do mesmo.
y Gastos de consumo (dada a distribuição de renda e o nível de
y Gastos de consumo (dada a distribuição de renda e o nível de endividamento das famílias) e o investimento.
y
No longo prazo, a taxa de crescimento do produto é
determinada pela taxa de crescimento da demanda
agregada autônoma, uma vez que a demanda induzida se
ajusta a expansão do nível de renda e de produção
Regimes de Crescimento
g
y
Export‐led: Crescimento de longo‐prazo do produto real é
puxado pela expansão das exportações.
p
p
p
p
ç
y
Government‐led: Crescimento de longo‐prazo é puxado
pela expansão dos gastos do governo.
y
Wage‐led: Crescimento de longo‐prazo é puxado pelo
crescimento dos salários reais acima da produtividade do
trabalho o que gera aumentos “autonômos” dos gastos de
trabalho, o que gera aumentos autonômos dos gastos de
consumo das famílias.
y
Finance‐led: Crescimento de longo‐prazo é puxado pelo
g p
p
p
endividamento do setor privado, principalmente das
famílias, o qual permite um aumento dos gastos de
consumo acima do crescimento dos salários reais
Sustentabilidade dos regimes de
Sustentabilidade dos regimes de
crescimento
y
Para economias abertas que não possuem moeda de reserva
internacional apenas o regime export‐led é sustentável no
internacional, apenas o regime export led é sustentável no
longo‐prazo.
y Se a taxa de crescimento dos gastos do governo for maior dog g que a taxa de crescimento das exportações, então o produto e a renda doméstica irão crescer mais rapidamente do que as exportações
exportações.
y Supondo que a elasticidade renda das importações é maior do um (como é usual em economias em desenvolvimento), então um (como é usual em economias em desenvolvimento), então as importações irão crescer mais do que as exportações, gerando um déficit comercial crescente e, provavelmente, i t tá l l
A Insustentabilidade do Wage‐Led
g
y
Um aumento cumulativo da participação dos salários
na renda condição necessária para a ocorrência de um
na renda, condição necessária para a ocorrência de um
crescimento autônomo dos gastos de consumo, é
econômica e politicamente inviável
econômica e politicamente inviável.
y
Tendência a queda da taxa de lucro.
y Estagnação da acumulação de capital y Estagnação da acumulação de capital.y
Reação da classe capitalista ao seu processo de
“eutanásia”.
y Recrudescimento da luta de classes, com a provável instituição
Regime Ideal de Política Macroeconômica
Regime Ideal de Política Macroeconômica
y Condições para a existência de um regime ideal:
y Consistência no sentido de Tinbergen: os objetivos e as metas
i i d i d lí i ô i d
operacionais do regime de política macroeconômica devem ser consistentes no sentido de que a obtenção simultânea dos mesmos é possível a partir da manipulação dos instrumentos de política econômica a disposição do policy‐maker
econômica a disposição do policy maker.
y Uma condição para isso é que os objetivos e as metas operacionais das
diversas políticas macroeconômicas tenham efeitos de spillover positivos, ou seja, a percecução de um objetivo ou meta operacional deve
t tid d f ilit bt ã d d i bj ti t
atuar no sentido de facilitar a obtenção dos demais objetivos ou metas operacionais.
y Sustentabilidade: o regime de política macroeconômica deve
promover a escolha de um padrão ou regime de crescimento que promover a escolha de um padrão ou regime de crescimento que seja sustentável no longo‐prazo.
y No caso dos países em desenvolvimento, sem moeda reserva
internacional, isso significa um regime de crescimento do tipo export‐
l d led.
TABELA I – Descrição dos componentes de um regime ideal de política macroeconômica Tipo de Política Objetivos Metas Operacionais Instrumentos
Inflação baixa e Meta de inflação Taxa de juros de curto
Política monetária Inflação baixa e estável no médio e longo prazo Crescimento robusto e á l d Meta de inflação Meta de Crescimento do
produto real compatível com o equilíbrio do balanço de pagamentos
Taxa de juros de curto-prazo Depósito compulsório Requerimento de capital próprio. sustentável do produto real próprio. Política Fiscal Estabilização do nível de atividade econômica
Meta de Déficit fiscal ciclicamente ajustado igual ou próximo de zero
Estabilizadores automáticos econômica
Dívida pública como proporção do PIB baixa e estável no médio de longo
igual ou próximo de zero. Meta de Crescimento do produto real compatível
com o equilíbrio do balanço de pagamentos
Gastos discricionários com investimento público em obras de infraestrutura. prazo. Política Salarial Estabilidade da participação dos salários na renda nacional
Meta de variação do custo unitário do trabalho igual
Fixação da taxa de variação dos salários nominais numa magnitude ig al a soma entre meta de nacional
Inflação baixa e estável no médio e
longo prazo
g
à meta de inflação. igual a soma entre meta de inflação e a taxa de
crescimento da
produtividade do trabalho.
Política Cambial Competitividade das exportações de manufaturados nos
mercados
Meta de taxa real de câmbio competitiva no
médio e longo prazo
Controles a entrada de capitais.
internacionais
Regimes de Política Macroeconômica
no Brasil (1999‐2011)
y
Após o abandono da “âncora cambial” o Brasil adotou
três regimes distintos de política macroeconômica:
três regimes distintos de política macroeconômica:
yTripé Macroeconômico (1999‐2005)
yTripé Flexibilizado (2006 2008)
yTripé Flexibilizado (2006‐2008)
yDesenvolvimentismo Inconsistente (2009‐?)
TABELA II – Descrição dos componentes do “Tripé Macroeconômico”
Ti d P líti Obj ti M t O i i I t t
Tipo de Política Objetivos Metas Operacionais Instrumentos
Estabilidade da
Política monetária taxa de inflação a
curto-prazo Inflação baixa a
Metas declinantes de inflação.
Taxa de juros de curto-prazo Inflação baixa a longo-prazo P líti Fi l Dívida pública como proporção do M t d á it R d ã d i ti t Política Fiscal p p ç
PIB baixa e estável no médio e longo prazo. Meta de superávit primário Redução do investimento público p
Política Cambial Autonomia da
política monetária
Nenhuma Livre flutuação da taxa nominal de câmbio política monetária nominal de câmbio. Fonte: Elaboração própria.
Tabela III: Performance comparada entre os regimes de política macroeconômica
prevalecentes no Brasil (1995-2005)
prevalecentes no Brasil (1995-2005)
Período
Taxa Média de
Taxa de
Investimento
Período
Taxa Média de
Crescimento do
PIB real
Taxa de
Investimento a
Preços
Investimento
Público como
Proporção do PIB
ç
Constantes
(1)p ç
Âncora Cambial
(1995-1998)
3,06 16,76 3,62
Tripé
M
ô i
2,65 14,76 2,7
Macroeconômico
(1999-2005)
50
Figura 1 - Taxa Real de Juros no Brasil (1995-2003)
40 50 30 20 10 0 jan/ 95 ab r/ 95 ju l/ 9 5 o u t/9 5 jan/ 96 ab r/ 96 ju l/ 9 6 o u t/9 6 jan/ 97 ab r/ 97 ju l/ 9 7 o u t/9 7 jan/ 98 ab r/ 98 ju l/ 9 8 o u t/9 8 jan/ 99 ab r/ 99 ju l/ 9 9 o u t/9 9 jan/ 00 ab r/ 00 ju l/ 0 0 o u t/0 0 jan/ 01 ab r/ 01 ju l/ 0 1 o u t/0 1 jan/ 02 ab r/ 02 ju l/ 0 2 o u t/0 2 jan/ 03 ab r/ 03 20 -10 -20 (%) ao ano Selic-Real
TABELA VI – Descrição dos componentes do “Tripé Flexibilizado”
Tipo de Política Objetivos Metas Operacionais Instrumentos
Política Monetária Estabilidade da taxa de inflação tanto no curto-prazo como no longo-prazo Metas constantes de inflação.
Taxa de juros de curto-prazo
Dívida pública como proporção do
PIB estável no Aumento da carga tributária
Política Fiscal PIB estável no médio e longo prazo. Aumento do investimento Redução da meta de superávit primário
Aumento das despesas primárias como proporção
do PIB
Estabilidade do superávit investimento
público
Estabilidade do superávit primário como proporção
do PIB Política Salarial Elevação do salário real Aumento da participação dos
Não definida Reajuste do salário mínimo pela inflação de t-1 e pelo crescimento do PIB real de
t-2. p p ç salários na renda Política Cambial Autonomia da política monetária Nenhuma Compra de reservas internacionais em larga escala Estabilidade da taxa real de câmbio escala.
Tabela III: Performance comparada entre os regimes de política macroeconômica
prevalecentes no Brasil (1999-2008)
prevalecentes no Brasil (1999-2008)
Período
Taxa Média de
Taxa de
Investimento
Período
Taxa Média de
Crescimento do
PIB real
Taxa de
Investimento a
Preços
Investimento
Público como
Proporção do PIB
ç
Constantes
(1)p ç
Tripé
Macroeconômico
2,65 14,76 2,7
(1999-2005)
T i é Fl ibili d
5 07
16 05
3 2
Tripé Flexibilizado
(2006-2008)
5,07
16,05
3,2
160 Figura 2 ‐ Taxa Real Efetiva de Câmbio (1999/01 ‐ 2008/09) 140 150 130 110 120 90 100 80 60 70 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 19 99. 0 19 99. 0 19 99. 0 19 99. 0 19 99. 0 19 99. 1 20 00. 0 20 00. 0 20 00. 0 20 00. 0 20 00. 0 20 00. 1 20 01. 0 20 01. 0 20 01. 0 20 01. 0 20 01. 0 20 01. 1 20 02. 0 20 02. 0 20 02. 0 20 02. 0 20 02. 0 20 02. 1 20 03. 0 20 03. 0 20 03. 0 20 03. 0 20 03. 0 20 03. 1 20 04. 0 20 04. 0 20 04. 0 20 04. 0 20 04. 0 20 04. 1 20 05. 0 20 05. 0 20 05. 0 20 05. 0 20 05. 0 20 05. 1 20 06. 0 20 06. 0 20 06. 0 20 06. 0 20 06. 0 20 06. 1 20 07. 0 20 07. 0 20 07. 0 20 07. 0 20 07. 0 20 07. 1 20 08. 0 20 08. 0 20 08. 0 20 08. 0 Série1
2 Figura 3 ‐ Déficit em Conta‐Corrente como Proporção do PIB (2006/T1‐2008/T3) 1,5 1 0,5 ‐0,5 0 2006 T1 2006 T2 2006 T3 2006 T4 2007 T1 2007 T2 2007 T3 2007 T4 2008 T1 2008 T2 2008 T3 ‐1 ‐1,5 ‐2 Série1
0,5 Figura 3 ‐ Taxa Real de Juros (1999/01 ‐ 2008/08) 0,4 0,45 0,35 0,25 0,3 0,15 0,2 0,1 0 0,05 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 0 9 1 1 0 1 0 3 0 5 0 7 19 99. 0 19 99. 0 19 99. 0 19 99. 0 19 99. 0 19 99. 1 20 00. 0 20 00. 0 20 00. 0 20 00. 0 20 00. 0 20 00. 1 20 01. 0 20 01. 0 20 01. 0 20 01. 0 20 01. 0 20 01. 1 20 02. 0 20 02. 0 20 02. 0 20 02. 0 20 02. 0 20 02. 1 20 03. 0 20 03. 0 20 03. 0 20 03. 0 20 03. 0 20 03. 1 20 04. 0 20 04. 0 20 04. 0 20 04. 0 20 04. 0 20 04. 1 20 05. 0 20 05. 0 20 05. 0 20 05. 0 20 05. 0 20 05. 1 20 06. 0 20 06. 0 20 06. 0 20 06. 0 20 06. 0 20 06. 1 20 07. 0 20 07. 0 20 07. 0 20 07. 0 20 07. 0 20 07. 1 20 08. 0 20 08. 0 20 08. 0 20 08. 0 Série1
Novo‐Desenvolvimentismo ou
Desenvolvimentismo Inconsistente?
Desenvolvimentismo Inconsistente?
y A crise financeira de 2008, ocorrida após a falência do Lehman
Brothers no dia 15 de setembro daquele ano, levou a um
f d t d d fl ibili ã d “t i é aprofundamento do processo de flexibilização do “tripé macroeconômico”, estabelecendo as bases de um novo regime de política macroeconômica no Brasil.
O i á l d lí i i í li B il i i
y O sucesso inegável das políticas anti‐cíclicas no Brasil permitiu uma mudança no discurso econômico do governo, com o abandono progressivo da retórica do “tripé macroeconômico” e sua substituição por um discurso “novo desenvolvimentista”
sua substituição por um discurso novo‐desenvolvimentista .
y Com efeito, na campanha presidencial de 2010, a candidata do governo, Dilma Rouseff, assumiu explicitamente o discurso “novo desenvolvimentista” afirmando que a política econômicanovo‐desenvolvimentista , afirmando que a política econômica de seu governo seria pautada pelos princípios básicos desse discurso (O Estado de São Paulo, 27/12/2009)
Novo‐Desenvolvimentismo e Regime de
Política Macroeconômica
Política Macroeconômica
y O novo‐desenvolvimentismo, conceito desenvolvido no Brasil a partir dos trabalhos de Bresser‐Pereira (2006, 2007, 2009), é definido como7 9 um conjunto de propostas de reformas institucionais e de políticas econômicas, por meio das quais as nações de desenvolvimento médio buscam alcançar o nível de renda per‐capita dos países desenvolvidos. buscam alcançar o nível de renda per capita dos países desenvolvidos. y Essa estratégia de “alcançamento” baseia‐se explicitamente na adoção
de um regime de crescimento do tipo export‐led, no qual a promoção
d t õ d d t f t d i d l ã d it
de exportações de produtos manufaturados induz a aceleração do ritmo de acumulação de capital e de introdução de progresso tecnológico na economia.
Características do RPM Novo‐
Características do RPM Novo‐
Desenvolvimentista
y Política cambial ativa, que mantenha a taxa real de câmbio num
nível competitivo no médio e longo‐prazo,
y Política fiscal responsável que elimine o déficit público, ao
mesmo tempo em que permite o aumento sustentável do investimento público.
y Política salarial que promova a moderação salarial ao vincular o
aumento dos salários reais ao crescimento da produtividade do trabalho, garantindo assim a estabilidade da distribuição
f i l d d l
funcional da renda no longo prazo.
y A combinação entre política fiscal responsável e moderação salarial se encarregaria de manter a inflação a um nível baixo e
á l i i d i lí i á i j ili d estável, permitindo assim que a política monetária seja utilizada para a estabilização do nível de atividade econômica, ao mesmo tempo em que viabiliza uma redução forte e permanente da taxa
l d j
TABELA VIII – Descrição dos componentes do “Desenvolvimentismo Inconsistente” Tipo de Política Objetivos Metas Operacionais Instrumentos Política Monetária Estabilidade da taxa de inflação no longo-prazo Crescimento robusto (sustentável?) do
Metas constantes de inflação, mas como alongamento do
prazo de convergência.
Taxa de juros de curto-prazo Medidas macro prudenciais (sustentável?) do
produto real.
Dívida pública como
Política Fiscal proporção do PIB estável no médio e longo prazo. Aumento do investimento público
Meta de superávit primário em torno de 3% do PIB.
Aumento da carga tributária Aumento das despesas primárias como proporção do
PIB investimento público
Aumento da demanda agregada doméstica
Redução do superávit primário como proporção do PIB
Política Salarial Elevação do salário real
Aumento da participação dos
l i d
Não definida Reajuste do salário mínimo pela inflação de t-1 e pelo crescimento do PIB real de t-2.
salários na renda nacional. Política Cambial Autonomia da política monetária Nenhuma Compra de reservas
internacionais em larga escala.
Política Cambial
Estabilidade da taxa real de câmbio
Nenhuma
Controles à entrada de capitais
20 Figura 4 ‐ Evolução das Despesas Primárias do Governo Federal (% PIB) 19 18 16 17 15 14 13 12 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Série1
120 Figura 5 ‐ Evolução da Taxa Real Efetiva de Câmbio (09/2008 ‐ 04/2011) 110 100 90 80 60 70 50 60 Série1
Tabela VIII – Dinâmica da Formação Bruta de Capital Fixo (2006/T2-2011/T2).
Período
Taxa Trimestral de
Taxa Anualizada de
Período
Taxa Trimestral de
Crescimento da FBKF
Taxa Anualizada de
Crescimento da FBKF
2006/T2 2008/T3
5 31%
23 0%
2006/T2-2008/T3
5,31%
23,0%
2008/T4-2011/T2
008/
0 /
0,46%
, %
1,18%
, %
2009/T4-2011/T2
4,52%
19,38%
Fonte: IPEADATA. Dados deflacionados pelo IPCA. Taxas calculadas a partir da média móvel da FBKF dos últimos 12 meses Elaboração própria
0,09 Figura 6 ‐ Taxa de Inflação e Taxa real de Juros no Brasil (09/2008‐06/2011) 0,08 0,07 0,06 0,05 0,03 0,04 0,02 0,03 Taxa real de juros Taxa de Inflação
Desenvolvimentismo Inconsistente
y O novo regime de política macroeconômica tem por objetivos manter a estabilidade d l d â bi i i ã d lá i d i l da taxa real de câmbio, aumentar a participação dos salários na renda nacional, garantir a estabilidade da taxa de inflação no longo‐prazo, induzir um crescimento robusto do produto real e viabilizar um forte aumento da demanda agregada doméstica por intermédio de um crescimento acelerado dos gastos primários do doméstica por intermédio de um crescimento acelerado dos gastos primários do governo.
y Esses objetivos não são mutuamente consistentes, ou seja, não podem ser obtidos simultaneamente
obtidos simultaneamente.
y Com efeito, a expansão fiscal e o aumento da participação dos salários na renda são incompatíveis com os objetivos de estabilidade da taxa real de câmbio e estabilidade da taxa de inflação.ç
y Isso porque a forte expansão da demanda agregada doméstica num contexto de elevação do custo unitário do trabalho e crescimento acelerado do produto real deverá resultar na aceleração da taxa de inflação, caso o governo decida impedir aç ç , g p valorização da taxa real de câmbio resultante dessa combinação de políticas.
y Por outro lado, se a decisão do governo for manter a inflação estável e dentro das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional, a taxa de juros nominal e real de juros deverá ser mantida em patamares elevados, induzindo assim uma forte entrada de capitais externos, a qual irá produzir a continuidade da apreciação da taxa real de câmbio
Conclusão
Conclusão
y O regime de política macroeconômica adotado no Brasil após a erupção da crise
fi i d 8 é i i t t tid d Ti b b i t tá l
financeira de 2008 é inconsistente no sentido de Tinbergen, bem como insustentável no longo‐prazo.
y Com efeito, as metas de política econômica do atual RPM, a saber, a estabilidade da taxa real de câmbio o aumento da participação dos salários na renda nacional a estabilidade real de câmbio, o aumento da participação dos salários na renda nacional, a estabilidade da taxa de inflação no longo‐prazo, o crescimento robusto do produto real e o aumento da demanda agregada doméstica não podem ser obtidos simultaneamente.
y Nesse contexto, cria‐se um dilema entre a estabilidade/competitividade da taxa real dep câmbio e a estabilidade da taxa de inflação.
y Mais especificamente, o RPM vigente atualmente no Brasil não permite que se obtenha simultaneamente uma taxa real de câmbio competitiva e uma taxa de inflação estável no llongo‐prazo.
y Até o presente momento, o governo brasileiro, apesar de alguns sinais contraditórios, tem optado pela estabilidade da taxa de inflação em detrimento da competitividade externa da economia brasileira
da economia brasileira.
y Essa opção, contudo, não é sustentável no longo‐prazo, pois levará a uma deterioração
progressiva da conta de transações correntes do balanço de pagamentos e ao
aprofundamento do processo de desindustrialização da economia brasileira.p f p ç
y O retorno ao passado inglório de alta inflação é uma consequência possível do atual regime de política macroeconômica.