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GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO: POSSIBILIDADES NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO E FORA DE SALA DE AULA

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Academic year: 2021

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GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO: POSSIBILIDADES NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO E FORA DE SALA DE

AULA

OTACÍLIO LOPES DE SOUZA DA PAZ

Acadêmico de Geografia – UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, 100 - Jardim das Américas – Curitiba/PR. otacilio.paz@gmail.com

ELAINE DE CACIA DE LIMA FRICK

Professora do departamento de Geografia – UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, 100 - Jardim das Américas – Curitiba/PR. elaineclfrick@gmail.com

RESUMO: Compreender a Geodiversidade é fundamental em nossa sociedade para a

implementação de ações em prol a Geoconservação, visando o uso racional dos recursos naturais. Estando esses conceitos ligados a educação ambiental, estes devem ser trabalhados em ambiente escolar. O presente trabalho discutirá sobre a importância da Geodiversidade e da Geoconservação, sua ligação com a educação ambiental e pleitear as possibilidades da prática da aula em campo para trabalhar esses conceitos no ambiente escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Geodiversidade; Geoconservação; Educação Ambiental; Aula

em Campo.

INTRODUÇÃO

Os avanços nas ciências naturais causam modificações na mentalidade da sociedade, entre elas pode-se citar a ideia de que a humanidade está integrada aos sistemas naturais (sistema terra) e que ações individuais dentro desse ambiente sistêmico causam profundas alterações em todo conjunto, por vezes de forma irreversível (MANTESSO-NETO, 2009).

Compreender a vulnerabilidade dos sistemas naturais e/ou a finitude dos recursos naturais (recursos bióticos e abióticos) pode incentivar a promoção de ações de cunho sustentável por parte da sociedade.

Conceitos como biodiversidade surgem em um primeiro momento visando destacar a grande multiplicidade e singularidades das formas de vida existentes no ambiente terrestre. Complementar ao conceito de Biodiversidade surge a

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Geodiversidade. Para se melhor entender a relação desses dois conceitos, Mantesso-Neto (2009) diz que enquanto a Geodiversidade é o “palco”, as inúmeras formas de vida existentes sãos os “atores” (Biodiversidade), ou seja, a Geodiversidade é a base para a existência da Biodiversidade.

Conhecendo a grande diversidade do sistema abiótico, se faz necessário promover ações visando conservar esse sistema, usando seus recursos não renováveis de forma racional. Surge o conceito de Geoconservação, que pode ser entendido como o uso consciente de forma responsável dos recursos não renováveis (pela escala humana) provindos da Geodiversidade (GRAY, 2004; BRILHA, 2005; PEREIRA, 2010).

Este trabalho tem por objetivo discutir a importância dos conceitos de Geodiversidade e Geoconservação no âmbito da educação ambiental no ambiente escolar, associando estes à abordagem didática por meio da prática da aula em campo.

GEODIVERSIDADEEGEOCONSERVAÇÃONAEDUCAÇÃOAMBIENTAL

O conceito de Geodiversidade e consequentemente Geoconservação ainda são pouco abordados quando se compara com os esforços nas abordagens do conceito de Biodiversidade na educação (BRILHA, 2009).

Essas diferenças de abordagens não possuem nexo do ponto de vista conceitual, visto que de acordo com Mantesso-Neto (2009): “A Geodiversidade é a base da Biodiversidade”. Um não existe sem a outra e claro que uma pode influenciar na outra, ou seja, um dado sistema abiótico pode influenciar num dado sistema biótico, alterando assim o conjunto (Erikstad e Bakkestuen, 2004 apud PEREIRA, 2010).

Johansson et al. (1999) definem a Geodiversidade como a diversidade de rochas, formas do relevo, depósitos e processo geológicos (diferentes tipos: vulcânicos, glaciais, fluviais, lacustres, litorâneos, entre outros) que criam as paisagens. A esse conceito podem trazer a crítica da falta de abordagem da relação entre a Geodiversidade e Biodiversidade.

No Brasil, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM (2006) também criou uma definição para o termo Geodiversidade:

[...] natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de ambientes, fenômenos e processos geológicos que dão origem às paisagens, rochas, minerais, solos, águas, fósseis e outros depósitos superficiais que

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propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, o educativo e o turístico. (CPRM, Mapa da Geodiversidade do Brasil, 2006, s/p).

Essa definição do CPRM se destaca não apenas por relacionar a Geodiversidade com a Biodiversidade, mas por relacionar esse conceito com fatores culturais, estéticos, econômicos, científicos, educativos e até turísticos.

Já o conceito de Geoconservação é um conceito que evoluiu do conceito de Geodiversidade. Brilha (2005) defende que em sentido amplo, a Geoconservação é a gestão sustentável dos recursos abióticos. A definição de Brilha (2005) entende-se como muito ampla, sendo assim Sharples (2002) apud Mantesso-Neto (2009) defende que a Geoconservação deve sim visar a gestão sustentável dos recursos abióticos, mas apenas no sentido da manutenção da sua evolução natural.

Azevedo (2007) diz que a falta de conhecimento por parte da sociedade sobre a Geodiversidade consiste um dos grandes obstáculos para a conscientização da Geoconservação. Sendo assim, é necessário abordar esses conceitos já no ambiente escolar, visando formar cidadãos mais conscientes da importância da Geodiversidade para a vida (meio biótico, economia, entre outros) facilitando a implantação de ações em prol a Geoconservação.

De acordo com Dahmer (2014), trabalhar questões voltadas à conservação e manejo dos recursos naturais abióticos como relevo, águas, rochas, minerais, petróleo e outros é uma das competências da educação ambiental, visto que não se deve priorizar apenas a conservação das formas de vida (o que não tira a sua importância), mas sim promover uma conscientização da relação entre os meios bióticos e abióticos.

Ainda de acordo com Dahmer (2014), a educação ambiental deve ser interpretada como um tema dito transdisciplinar, ou seja, é um tema com uma importância tão grande que transpassa as fronteiras das disciplinas, da sala de aula, do ambiente escolar, devendo ser parte de todos os ambientes em que o aluno é exposto. Considerando isso, não apenas a Biologia, Química, Geografia, Artes, e outras disciplinas do currículo escolar devem trabalhar isoladamente a Educação Ambiental, mas sim de forma conjunta com outras disciplinas, professores e outros atores do ambiente escolar e social.

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GEODIVERSIDADEEGEOCONSERVAÇÃONAEDUCAÇÃO:AULAS

DENTROEFORADASALADEAULA

Metodologias diferenciadas de ensino são necessárias para chamar a atenção dos alunos na atualidade, são exemplos: oficinas, trabalhos manuais, inserção de novas tecnologias (como os tablets), materiais didáticos diferenciados e aulas em campo são abordagens diferenciadas para chamar atenção dos alunos. Pesquisar melhores métodos de ensino resulta em melhores práticas em sala de aula que consequentemente facilita o processo de ensino e de aprendizagem (RANGEL, 2010).

A aula em campo se torna um momento de fascínio, onde a teoria aprendida em sala de aula ganha forma e vida. As aulas em campo levam os alunos a uma descoberta do mundo (MEZZOMO E FRICK, 2010). A aula em campo para o ensino sobre temas ligados a conservação do meio ambiente (incluindo os meios bióticos e abióticos) é uma ferramenta de grande valia, visto que ajuda e muito no processo de ensino e de aprendizagem.

Levando em consideração os conceitos de Geodiversidade e Geoconservação apresentados anteriormente e analisando as potencialidades da aula em campo no processo de ensino e de aprendizagem, recomenda-se fortemente a implementação dessa prática no ambiente escolar visando abordar esses temas.

As aulas em campo para serem bem-sucedidas devem ser planejadas com antecedência. O educador deve ter um roteiro previamente planejado, assim como identificar possíveis pontos de abordagens para chamar a atenção dosestudantes durante o trajeto. Essas aulas em campo podem ser realizadas em Unidades de Conservação, parques urbanos, indústrias do ramo de extração mineral, feições do relevo de destaque na paisagem (montanhas, colinas, dolinas, cavernas, voçorocas, entre muitos outros).

Em função de falta de recursos para realização de aulas em campo (aluguel de ônibus, por exemplo) estas podem ser realizadas no entorno da própria instituição de ensino. Um olhar um pouco mais atento as suas paisagens cotidianas podem revelar grandes surpresas e proporcionar momentos de aprendizados produtivos.

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Autores como Costella (2008), Santos et. al. (2014) e outros afirmam que os estudantes anseiam serem autores e atores dentro da realidade explanada em sala de aula, e quando isso acontece o processo de ensino e de aprendizagem se torna mais prazeroso, mais humano e os conhecimentos desprendidos na aula se tornam mais visíveis na sua realidade.

De acordo com Mezzomo e Frick (2010) na aula em campo o estudante percebe o seu “estar no mundo”, gerando um sentimento de pertencimento a realidade ouvida ou imaginada.

Mas antes da explanação desses conceitos aos estudantes, é necessário que o docente entenda bem esses temas pouco abordados nos livros didáticos. Compreendendo melhor esses conceitos, será mais fácil justificar a importância dos mesmos assim como relaciona-los com o cotidiano dos alunos.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

É necessário conscientizar a sociedade sobre a vulnerabilidade da Geodiversidade a diversas atividades antrópicas nocivas, como construções, mineração irregular, entre muitos outros, pois, nossa sociedade moderna é extremamente dependente dos recursos naturais abióticos (minerais, por exemplo), sendo necessário formar cidadãos conscientes dessa importância.

Trabalhando esses conceitos com os alunos, visando não apenas “decorar” mais sim compreender a relação desses com o seu cotidiano, permite a formação de cidadãos mais conscientes e críticos e consequentemente consumidores mais responsáveis, o que irá contribuir para uma gestão/uso mais sustentável dos recursos naturais (bióticos e abióticos). Por fim, destaca-se que a aula em campo é uma das possibilidades das abordagens diferenciadas no ensino. Aliando essa prática com experiências com trabalhos manuais, seminários participativos, oficinas, entre outros podem gerar resultado excelentes.

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AZEVEDO, U. R. Patrimônio geológico e geoconservação no Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais: potencial para criação de um geoparque da UNESCO. 235f. Tese (Doutorado em Geologia) – Departamento de Geologia, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2007.

BRILHA, J. A importância dos geoparques no ensino e divulgação das Geociências. Revista do Instituto de Geociências. Ed. Especial. v.5. São Paulo. USP, 2009. P. 27-33. Disponível em: <http://www.dct.uminho.pt/docentes/pdfs/jb_usp.pdf> acesso em 15/11/2014.

BRILHA, J. Patrimônio Geológico e Geoconservação: A Conservação da Natureza na sua Vertente Geológica. 1.ed. Braga/PT: Palimage, 2005.

COSTELA, R. Z. O ignificado da construção do conhecimento geográfico gerado por vivências e por representações espaciais. 203f. Tese (Doutorado em Geografia)– Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2008.

CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Mapa da Geodiversidade Brasil: Brasília/DF:DNPM, 2006. Escala: 1:2.500.000.

DAHMER, R. L.. Ações pedagógicas e questões ambientais na Educação Básica das escolas públicas da rede estadual do município de Blumenau, SC. 175f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Departamento de Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2014.

GRAY, M. Geodiversity: Valuing and Conserving Abiotic Nature. John Wiley and Sons, Chichester/Inglaterra. 2004.

JOHANSSON, C. E., ANDERSEN, S. e ALAPASSI, M. Geodiversity in the Nordic Countries. ProGEO News, p.1- 3. 1999. Disponível em: <http://w.sgu.se/hotel/progeo> acesso em 13/11/2014.

MANTESSO-NETO, V. Geodiversidade, Geoconservação, Geoturismo, Patrimônio Geológico,

Geoparque: Novos conceitos nas geociências do século XXI. 2009. Disponível

em:<http://www.sugeologia.org/documentos/ACTAS%20VI%20CONGRESO%20URUGUAYO/trabajo s/123_Mantesso-Neto_Virginio.pdf> acesso em 15/11/2014.

MEZZOMO, M. M.; FRICK, E. de C. de L. Projeto Expedições Geográficas na Serra do Mar: Teoria e Prática do Ensino de Geografia. In: Anais XVI Encontro Nacional dos Geógrafos. Porto Alegre, 2010. NIETO L. M. Geodiversidad: propuesta de una definición integradora. Boletín Geológico y Minero. Espanha, v. 112, n. 2, p. 3-12. 2001.

PEREIRA, R. G. F. A. Geoconservação e desenvolvimento sustentável na Chapada Diamantina (Bahia - Brasil). Braga (Portugal): UMINHO, 2010. Tese (Doutorado em Geologia), Escola de Ciências, Universidade do Minho. 2010.

RANGEL, M. Métodos de Ensino Para a Aprendizagem e a Dinamização das Aulas. 2. ed. Campinas: Papirus, 2010. 93 p.

SANTOS, L. P. S.; PERES, B. M.; MENEZES, V. S.; COSTELLA, R. Z.; Nossas práticas, nossos desafios: a Geografia do custo zero em sala de aula. In: Anais VI Fórum Internacional de Pedagogia.

Santa Maria, 2014. Disponível

em:<http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Modalidade_2datahora_15_06_2014_11_43_37 _idinscrito_668_9161dfe5f692bad32e16a4592103506d.pdf > acesso em 23/08/2015.

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