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A OUTORGA DA ÁGUA COMO GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DE MATO GROSSO.

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1) Analista ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA. Av. Senador Filinto Muller, 1343 – Quilombo Cuiabá. 78043-409. email:

A OUTORGA DA ÁGUA COMO GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO

ESTADO DE MATO GROSSO.

Marizete Caovilla1; Luiz Airton Gomes2; Martha Fernanda Caovilla da Costa3 & Fernanda Cristina Caovilla4

RESUMO A gestão dos recursos hídricos passa pelos instrumentos das Leis Federal e Estadual para garantir a disponibilidade e, os usos múltiplos das águas com qualidade e quantidade para suprir a demanda. Por este motivo, são necessários instrumentos que busquem o planejamento do uso de forma a garantir a sua sustentabilidade. As águas superficiais, por várias razões, ocupam um importante papel dentro das necessidades vitais da humanidade, contudo em casos de escassez, podem gerar conflitos entre os usuários. Portanto, o Plano Estadual de Recursos Hídricos no Estado de Mato Grosso, que tem como órgão gestor a Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA vem para disciplinar os usos e estabelece critérios para outorga de usos consuntivos e não consuntivos, bem como a implantação de comitês de bacias hidrográficas, com o propósito de manter o desenvolvimento sustentável, evitando a deteriorização dos mananciais.

ABSTRACT The management of water resources through the instruments of federal and state laws to ensure the availability and multiple uses of water to meet demand in terms of quality and quantity. For this reason, instruments are needed to seek to usage planning in a way to guarantee its sustainability. Surface water, for various reasons, play an important role in the vital needs of humanity, however cases of scarcity can generate conflicts between users. Therefore, the Mato Grosso State Plan of Water Resources, which has as management body the Secretary of State for the Environment – SEMA, comes to discipline the usage and establishes criteria for granting the consumptive and not consumptive usages, and the implementation of water basin committees, in order to maintain sustainable development, avoiding the deterioration of water sources.

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1.0 INTRODUÇÃO

De modo geral, as águas superficiais são utilizadas desde os primórdios das civilizações e, por razões naturais, possui ainda, uma boa qualidade, sendo por isto, um dos mananciais preferidos pelos usuários. Um dos motivos que justifica esta afirmação é que os rios têm um poder de autodepuração que serve como um filtro natural das águas. Porém, a má utilização das águas ao longo do tempo está causando mudanças nos aspectos naturais e, infelizmente, mesmo os aqüíferos que possuem condições naturais semelhantes a que foi referida já não têm o mesmo padrão de qualidade porque, com os solos sendo contaminados por agentes externos, eles passaram a ser ao invés de um filtro natural uma fonte de contaminação.

A preocupação passou então a ser mais ampla, envolvendo ambos os recursos, superficiais e subterrâneos. Sem desmerecer os cuidados que se deve ter em relação à água superficial, no caso de retiradas e lançamentos, chama-se a atenção que para o caso da água subterrânea as conseqüências de uma falta de gerenciamento poderá causar danos ainda mais graves, por sua lenta recuperação qualitativa e quantitativa.

A criação de leis tornou-se necessária devido a fatores relacionados, na maioria das vezes, com o crescente e acentuado desenvolvimento urbano e populacional. Os recursos hídricos superficiais eram, pela facilidade de acesso, mais utilizados tendo assim atingido mais rapidamente problemas decorrentes do seu uso indiscriminado e, conseqüentemente, as preocupações iniciais foram voltadas especialmente para os recursos superficiais, SETTI 2001.

Sabe-se que a gestão da água tornou-se uma das principais prioridades dos governos, com o objetivo de manter a sustentabilidade do desenvolvimento. No Brasil seu início se verificou a partir da Lei 9.433/97 da Política Nacional de Recursos Hídricos, que teve como pontos chaves a exigência de um plano de gestão por bacia hidrográfica e a implantação dos instrumentos de outorga e cobrança. O objetivo maior da Lei é assegurar que as águas superficiais e subterrâneas, essenciais à sobrevivência humana e ao desenvolvimento sócio - econômico, possam ser controladas e utilizadas de forma racional e dentro de parâmetros de qualidade desejáveis.

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1) Analista ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA. Av. Senador Filinto Muller, 1343 – Quilombo Cuiabá. 78043-409. email:

2.0 OBJETIVO GERAL

Avaliar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água no Estado de Mato Grosso.

3.0 METODOLOGIA APLICADA

Este trabalho, sobre a outorga de direito de uso das águas, está sendo realizado com o foco nas águas superficiais por diversos fatores, como a possibilidade de verificação de usos múltiplos da água como o abastecimento humano, a geração de energia elétrica, a indústria, o lançamento e dispersão de efluentes domésticos e industriais, irrigação, pecuária, navegação, aqüicultura, pesca, turismo; a disponibilidade de material de pesquisa; e o arcabouço jurídico. Para o desenvolvimento deste estudo, foi realizada uma abordagem de natureza teórica, como pesquisa bibliográfica em livros, revistas, periódicos, teses sobre o tema proposto, e, sobretudo, notas técnicas do órgão gestor de recursos hídricos, do Estado de Mato Grosso.

4.0 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O Estado de Mato Grosso, situado na Região Centro Oeste do Brasil, possui uma extensão territorial de 906.806,9 Km², com uma população de 2.854.456 habitantes, IBGE (2007), sendo constituído por 141 municípios, inseridos nas três bacias hidrográficas: Amazônica, Tocantins- Araguaia e Paraguai.

Assim, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CEHIDRO, considerando a importância de se estabelecer uma base organizacional que contemple as bacias hidrográficas como unidade de planejamento e gerenciamento do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, aprovou a Resolução 05 no dia 18 de agosto de 2006, que estabelece a divisão do território mato-grossense em vinte e sete Unidades de Planejamento e Gerenciamento – UPGs, conforme Figura 1.

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Fonte: SEMA, 2009.

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1) Analista ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA. Av. Senador Filinto Muller, 1343 – Quilombo Cuiabá. 78043-409. email:

5.0 RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO

5.1 A Natureza Jurídica da Gestão dos Recursos Hídricos em Mato Grosso

Neste contexto, a Lei 6.945/97 que institui a Política Estadual de Recursos Hídricos – PERH e estabelece princípios e instrumentos de gestão dos recursos hídricos, é um modelo ambicioso de gestão das águas, onde as decisões sobre os usos das águas são atribuídas ao órgão gestor – SEMA que irá deliberar sobre os critérios e normas previstos no Plano Estadual de Recursos Hídricos, que considera importantes os usos para o abastecimento urbano, industrial, irrigação e rural, bem como a dessedentação animal para outorga; aprovar os Comitês Estaduais de Bacias Hidrográficas, que são constituídos por representantes da sociedade civil, do Estado e dos Municípios e, examinar os relatórios técnicos sobre a situação dos mananciais. Assim, cabe ao Poder Público Estadual, através de seu órgão gestor, a responsabilidade de gerir suas águas através de autorização de extração aos usuários, que a luz da legislação vigente denomina-se de Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos.

O Plano Estadual de Recursos Hídricos prevê também, alguns casos, como: a execução de pequenos poços, cujas capacidades e vazões serão posteriormente regulamentadas através de uso de recursos hídricos para a satisfação das primeiras necessidades de vida das populações difusas; derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes pelo Órgão Gestor dos Recursos Hídricos; usos de caráter individual para a satisfação das necessidades básicas da vida; estes usos serão regulamentados posteriormente através de Resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CEHIDRO. A outorga dos recursos hídricos é fundamental para que se tenha o ordenamento das águas, através de planejamento. Para tanto, é a SEMA que autoriza, concede ou licencia o direito de uso das águas, com a finalidade de garantir a preservação e conservação dos recursos hídricos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável em beneficio da qualidade de vida dos cidadãos.

Desta forma, após a análise da solicitação de outorga do direito do uso da água, a SEMA expede uma Portaria deferindo ou não a solicitação de outorga, na qual determina basicamente o prazo de concessão da mesma, a vazão outorgada, os deveres do outorgado e as condicionantes para a validade da outorga, como: implantar e manter em funcionamento equipamentos de medição para monitoramento contínuo da vazão captada e/ou lançada, sujeitando-se a partir desta outorga à

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0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 Q m 3 /s

saneamento irrigação indústria

Finalidades de uso da água

cobrança pelo uso da água, ás situações que podem acarretar em suspensão ou revisão da mesma, bem como à fiscalização pelo órgão gestor.

CAOVILLA et al 2009, relata que, para o ordenamento dos recursos hídricos no Estado, a SEMA, em novembro de 2007, concedeu a sua primeira outorga para o setor de saneamento, localizada na Bacia Platina, com uma vazão de 0,45 m3/s o que corresponde a 1,55% da Q95 do

manancial. Com o processo de implantação de outorga em fase de consolidação, a SEMA emitiu, ainda, para uso consuntivos no setor de irrigação, uma vazão de 0,505 m3/s, e para a indústria uma vazão de 0,139m3/s, conforme Figura 2.

Fonte: CAOVILLA et al, 2009.

Figura 2 Vazão Outorgada no Estado de Mato Grosso MT.

O mesmo estudo informa que foram emitidas, neste ano, 10 outorgas de Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica – DRDH para Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs. Estas DRDHs são uma outorga preventiva que tem a finalidade de assegurar a água para empreendimentos que necessitem de longo período de tempo para sua implantação, como é o caso de usos para o aproveitamento hidrelétricos, como apresentado na Figura 3.

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1) Analista ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA. Av. Senador Filinto Muller, 1343 – Quilombo Cuiabá. 78043-409. email:

Fonte: SEMA, 2008.

Figura 3 A divisão das três bacias hidrográficas do Estado de Mato Grosso.

6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A grande disponibilidade hídrica no Estado de Mato Grosso, faz com que não haja uma necessária preocupação com sua preservação. Portanto, torna-se imprescindível que diversos segmentos da sociedade, envolvam-se na execução de projetos com a visão de que, o Estado é um grande produtor de águas e, tem papel importante na manutenção da quantidade e qualidade das águas nas três grandes bacias hidrográficas que compõem o Estado: Amazônica, Araguaia-Tocantins e Platina.

Assim, a outorga é um dos instrumentos das Leis Federal e Estadual que planeja a gestão das águas que é essencial para o seu desenvolvimento sustentável. As leis buscam orientar o melhor uso das águas, sendo o mais nobre, o abastecimento humano, e a outorga irá disciplinar esta e outras finalidades, bem como concretizar ações básicas que permitam a execução da legislação pertinente. Para isto, um fator essencial na consecução da outorga sustentável, é a existência de efetiva fiscalização sobre os usos outorgados e os não outorgados, tendo em vista, ser esta uma das ferramentas mais eficazes para garantir o cumprimento da norma.

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Portanto, a realidade que se observa atualmente no Estado, é que se por um lado poucos usuários possuem outorga para o uso da água, por outro, a qualidade das mesmas vem sendo comprometida pela grande carga poluidora, proveniente de esgotos domésticos, lançada “in natura” nos mananciais. CAOVILLA et al (2007) relata que apenas 10% dos esgotos domésticos são tratados no Estado, impactando negativamente a qualidade das águas de importantes mananciais de municípios com expressiva relevância econômica, tais como: Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sorriso, Sinop, Tangará da Serra, Lucas do Rio Verde, que quando tratam seus efluentes domésticos, o fazem apenas parcialmente.

Portanto, é essencial que haja integração do setor dos usuários com o da gestão das águas, pois a falta de tratamento de esgoto é um dos problemas mais relevantes a ser considerado na gestão dos recursos hídricos, devido à possibilidade de transmissão de doenças de veiculação hídrica a população.

7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei 9.433/97 - Política Nacional de Recursos Hídricos.

CAOVILLA, M. Avaliação dos Serviços de Água e Esgoto no Estado de Mato Grosso: uma Abordagem Crítica. Dissertação de mestrado. UFMT. 2007.

CAOVILLA M; LIMA E. B. N. R; GOMES. L. A. Avaliação dos Sistemas Municipais de Água e Esgoto do Estado de Mato Grosso, Interface com Recursos Hídricos. Trabalho apresentado no XXIV Congresso da ABES. Belo Horizonte MG. 2007.

CAOVILLA, M; GOMES. L. A; COSTA. C. M. F; CAOVILLA, F. Outorga: O Estado da Arte no Estado de Mato Grosso. Trabalho aceito para o 25° Congresso de Engenharia Sanitária e Ambiental 2009.

CAROLO, F. Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos: Instrumento para o Desenvolvimento Sustentável. Estudo das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Dissertação de mestrado. Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

FREITE, C. C. Águas Subterrâneas: Cobrança e Outorga. PANEL 3 del 16 de junio - Ponencia 9. Resumos de Trabalhos apresentados. Uruguai. Disponível http://www.iica.org.uy/16-6-pan3-pon9.htm em 30/05/2009.

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1) Analista ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA. Av. Senador Filinto Muller, 1343 – Quilombo Cuiabá. 78043-409. email:

MATO GROSSO. Lei 9.645/97 Política Estadual de Recursos Hídricos. Disponível site>

http//www.sema.mt.gov.br acessado em 2008.

SEMA, Regulamentação de Outorga no Estado de Mato Grosso. Apresentação PowerPoint. 2008. SEMA, Plano Estadual de Recursos Hídricos, 2009. Disponível site> http//www.sema.mt.gov.br

acessado em 2009.

SETTI, Arnaldo Augusto et al. Introdução ao Gerenciamento dos Recursos Hídricos. Brasília: ANEEL/ANA, 2001.

VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

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