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III Seminário da Pós-graduação em Engenharia Elétrica

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III Seminário da Pós-graduação em Engenharia Elétrica

MODELAGEM DE TRANSFORMADORES DE CORRENTE PARA USO EM ESTUDOS DE PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

Fernando de Almeida Borges

Aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica – Unesp – Bauru Prof. Dr. José Alfredo Covolan Ulson

Orientador – Depto de Engenharia Elétrica – Unesp – Bauru

RESUMO

Os sistemas de proteção, medição e controle das concessionárias de energia elétrica utilizam transdutores eletromagnéticos de tensão e corrente para adequar as grandezas elétricas de interesse em níveis aceitáveis e necessários para relés de proteção e medidores de energia em geral. A não linearidade da corrente e a presença de frequências diferentes da fundamental provenientes de transitórios motivaram esse estudo o qual buscou o entendimento e modelagem da função de transferência entre as correntes secundária e primária. Partindo do levantamento de dados em ensaios de laboratório de um dado Transformador de Corrente determinou-se a matriz de admitância proposta como modelo em função da frequência e em seguida a função de transferência também como função da frequência utilizando o Algoritmo “Vector Fitting”. Como resultado obteve-se uma função analítica que foi utilizada na estimação de correntes secundárias quando da aplicação de correntes primárias com frequências fundamental e múltiplas. O trabalho teve um resultado positivo em relação ao seu objetivo promovendo o levantamento do comportamento da relação entre as correntes primária e secundária e mostrando um método factível para a modelagem da resposta dos Transformadores de Corrente como função da frequência.

PALAVRAS-CHAVE: Resposta em frequência, Transformador de corrente, “Vector

Fitting”.

1 INTRODUÇÃO 1.1 Motivação

A utilização de um modelo simplificado de transformador de corrente é útil basicamente para seu dimensionamento, mas não é completo o suficiente para ser utilizado em análises em que haja a presença de transitórios eletromagnéticos e para prever saturação e seus efeitos com exatidão. Os métodos de classificação determinam a tensão nominal secundária dos TC’s são baseados em cargas de valores padronizados e medições de tensão e corrente em 60 Hz.

Em condições reais, os profissionais interessados em dimensionar e entender o real comportamento de tais equipamentos é necessário ir além do constante em normas e guias de aplicação. Esse comportamento é complexo uma vez que é dependente das condições de instalação em campo e difícil de ser levantado tendo em vista as grandes correntes necessárias de ser injetadas no enrolamento primário.

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Estudos realizados por fabricantes de relés de proteção a respeito desse comportamento, muitos em conjunto com universidades, não são divulgados. Constituem o segredo do bom funcionamento de seu produto e são utilizados na criação de algoritmos de filtragem ou compensação de distorções na corrente secundária. São informações que seriam primordiais para o entendimento e teste de relés de proteção, mas que não estão disponíveis.

Nesse contexto situa-se o trabalho em questão que busca uma modelagem dos transformadores de corrente que leva em consideração o comportamento de sua relação de transformação em função da frequência. A base para tal desenvolvimento está focada na abordagem na qual o levantamento do modelo de um dado dispositivo elétrico é realizado pela varredura em frequência e tem sido utilizada, por exemplo, para obtenção da matriz de admitância de transformadores de potência.

O emprego do algoritmo “Vector fitting” tem sido utilizado para se obter uma soma de frações parciais com pólos estáveis, criando um modelo no domínio da frequência de ordem tal que represente o objeto de estudo em uma ampla gama de frequências de interesse.

1.2 Objetivos

O objetivo desta pesquisa foi a identificação de um modelo paramétrico que represente o comportamento de um transformador de corrente em frequências acima da fundamental. Mais especificamente, a partir de ensaios laboratoriais para o levantamento da resposta em frequência, um algoritmo de regressão “Vector fitting” identificou uma soma de frações parciais que pode ser usada em simulações de sistemas elétricos de potência, estudos de transitórios eletromagnéticos, de proteção, de qualidade de energia, dentre outras aplicações.

1.3 Referencial Teórico

Os modelos clássicos de transformadores de corrente são a base da discussão nas normas e guias de aplicação existentes. Os próprios métodos que regem o dimensionamento, para a aplicação em sistemas de proteção, levam em conta as resistências e indutâncias, primárias e secundárias, bem como se baseiam na curva de saturação expressa em termos de tensão e corrente. A padronização das tensões de saturação e a definição das classes são realizadas com base em cargas padrão ligadas ao seu secundário e ensaios para levantamento da curva de saturação característica. A tensão de joelho na curva de saturação é associada a corrente 20 vezes a corrente nominal primária quando em seu secundário está ligada a carga padrão.

O comportamento em regime permanente pode ser modelado na forma de um circuito equivalente, como o mostrado na Figura 1 (IEEE GUIDE, 1996).

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ZE ZB XL RS Corrente Primária

Figura 1 – Circuito Equivalente para o TC – 60 Hz VS Tensão Secundária

VB Tensão Terminal na Carga IP Corrente Primária

ZE Impedância de Excitação IST Corrente Secundária Total

RS Resistência Secundária do Transformador de Corrente IS Corrente Secundária na Carga

XL Reatância de Dispersão Secundária do Transformador de Corrente IE Corrente de Excitação

N2 : N1 Relação entre Espiras Secundárias e Primárias

ZB Impedância de Carga (Incluindo impedâncias dos fios e dispositivos ligados) Os guias de aplicação, baseados nas leis dos circuitos elétricos e nos padrões construtivos característicos dos transformadores de corrente, exprimem e indicam como eles devem ser dimensionados. São levados em consideração (IEEE GUIDE, 1996; ZOCHOLL; SMAHA, 1992):

 A corrente de curto circuito do ponto de instalação do TC;  A relação X/R da corrente de curto circuito;

 A impedância total ligada ao circuito secundário, que é a soma da impedância própria secundária, a impedância dos cabos de ligação e a impedância de carga do equipamento ligado.

Para que a conversão da corrente esteja dentro da exatidão esperada e especificada, tem-se:

 Considerando a componente simétrica da corrente de curto circuito, deve-se manter o produto da corrente secundária pela impedância secundária total menor que a tensão de saturação;

 Considerando também o efeito da componente dc da corrente de curto circuito, deve-se manter o produto da corrente secundária, da impedância secundária total e do fator (1 + X/R) menor que a tensão de saturação.

Toda essa discussão é válida levando em conta tensões e correntes na freqüência fundamental, 60 Hz. A questão é saber qual o verdadeiro papel dos transformadores de

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condições adversas, diferentes das condições de teste ou de classificação. Existem situações distintas a ser analisadas:

 A conversão de corrente pode estar sujeita a sinais, de corrente primária, distorcidas e com diferentes frequências, provenientes de transientes no sistema de potência. A corrente distorcida é externa (primária) e pode tomar valores que levem ou não o núcleo à saturação;

 A conversão de corrente pode estar sujeita a sinais, de corrente primária, senoidais com pouca ou muita componente dc, com valores tal que levam a ultrapassagem da tensão de saturação e geração de corrente distorcida secundária.

É sensato esperar que esse papel varie de acordo com o equipamento que o TC esteja alimentando, seja um relé de sobrecorrente, um relé de distância ou diferencial, ou um medidor de qualidade da energia. Mas, parte do entendimento necessário pode ser obtido por meio de ensaios de laboratório com o intuito de obter a matriz de admitância no domínio da freqüência. Esta técnica tem sido utilizada para obtenção de modelos para transformadores trifásicos e mesmo, TC’s. É uma técnica que se mostra viável em auxiliar no levantamento de interesse, mas também apresenta dificuldades em retratar o efeito do núcleo magnético em regiões não lineares (GUSTAVSEN, 2003).

O algoritmo “Vector Fitting” é um código de domínio público que lineariza a solução do problema de ajustar uma função (composta por frações parciais) de transferência no domínio da frequência. É uma alternativa à utilização da convolução de grandezas terminais (por exemplo, tensões nodais) ou à resposta impulsiva (GUSTAVSEN,1999). O processo de ajuste com aproximação por frações parciais também foi abordado em (MORCHED; MARTI; OTTEVANGERS, 1993) com a proposta da geração de um modelo que pode ser expresso pela soma de ramos RL, RC e RLC para cada elemento da matriz de admitância equivalente, resultando em uma ferramenta útil para uso em EMTP (ElectroMagnetic Transients Program).

No ensaio de verificação do erro de relação percentual de um TC de proteção é utilizada uma técnica que consiste em deixar o enrolamento primário aberto e, pela aplicação de tensões previamente calculadas, em seu secundário, faz-se circularem correntes na impedância de magnetização de forma a levantar a curva característica de saturação do núcleo magnético expressa em tensão e corrente (FILHO, 1997). Aplicando este mesmo raciocínio em outras frequências podemos levantar a curva característica de saturação em uma gama de frequências de interesse e verificar se o comportamento é alterado.

2 METODOLOGIA

2.1 Aspectos gerais

Trata-se de uma pesquisa que conciliou o ensaio de laboratório e o processamento computacional com o intuito de converter as informações de interesse em um modelo dinâmico de transformadores de corrente. O ensaio consistiu na aplicação de tensões no circuito secundário do TC ensaiado com as respectivas tensões e correntes, primárias e secundárias sendo coletadas, em módulo e ângulo.

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Foram ensaios semelhantes aos aplicados em transformadores de potência (circuito aberto e curto circuito), repetidos em 56 frequências distribuídas logaritmicamente entre 10Hz e 20 MHz.

2.2 Equipamentos Empregados

Para a coleta de dados, serão empregados os seguintes equipamentos:

 Gerador de Funções Agilent LXI, Arbitrary Waveform Generator, 33220A, 20 MHz;

 Osciloscópio Tektronix TDS 1001B, Two Channel, Digital Storage, 40 MHz, 500 MS/s;

 Transformador de Corrente, Fabricante Soltran, 10B100, 1200 – 5A, Classe 15 kV;

 Resistor shunt para medição de corrente. Valor 1,1 ohms;  Resistor shunt para medição de corrente. Valor 5,6 ohms.

Para o desenvolvimento do processamento computacional foram utilizados o Matlab/Simulink® e o algoritmo “Vector Fitting”.

2.3 Aspectos metodológicos

A Figura 2 mostra circuito equivalente proposto para o equacionamento do transformador de corrente.

Figura 2 – Circuito Equivalente Proposto para o Transformador de Corrente - (ZM resistência de limitação de corrente)

Com a utilização do Método das Tensões Nodais, o equacionamento do circuito elétrico da Figura 2 resulta, matricialmente:

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Onde:

, admitância Yij relativa à impedância Zij.

O objetivo foi a obtenção dos elementos da matriz de admitância através de medições, das tensões e correntes em laboratório. Para tal foram realizados ensaios de curto circuito e de circuito aberto, repetidamente, entre 10 Hz e 20MHz. As tensões secundárias, aplicadas como fonte de excitação foram escolhidas dentro da faixa de operações linear do TC, ou seja, em um ponto próximo ao seu ponto nominal de operação que corresponde a uma corrente no enrolamento secundário de 5A, em 60 Hz.

Com esse procedimento obteve-se a matriz de admitância (módulo e ângulo dos elementos) como função da frequência.

2.3.1 Ensaio de Curto Circuito - Excitação no Secundário

Aplicando um curto circuito, tendendo V1  0 em (1) e medindo I1,I2,V1 e V2,

tem-se:

( (2)

( (3)

2.3.2 Ensaio de Circuito Aberto - Excitação no Secundário Abrindo o circuito, fazendo I1 = 0 em (1) e medindo V1 e V2, tem-se:

( (4) 2.3.3 Função de Transferência

Com os elementos da matriz de admitância procede-se o equacionamento da função de transferência como segue. A Figura 3 mostra o circuito equivalente proposto para o TC alimentando uma carga denominada Zcarga.

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Com a utilização do Método das Tensões Nodais, o equacionamento do circuito elétrico da Figura 3 resulta:

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Isolando V1 na segunda equação do sistema (5) e utilizando os termos admitância,

tem-se:

( (6)

Substituindo (6) na primeira equação do sistema (5) tem-se:

( (7) Chamando: ( (8) E, substituindo (8) em (7), tem-se: ( (9)

A equação (9) é a função de transferência objeto do estudo em questão, e que representa a conversão da corrente primária em corrente secundária no TC. Trata-se de uma expressão no domínio da frequência que pode ser utilizada para o estudo do comportamento, no domínio do tempo, de TC’s quando submetidos a sinais com espectro de frequência entre 10 Hz e 20 MHz.

2.3.4 Vector Fitting

O algoritmo “Vector Fitting” consiste de um método de ajuste de respostas em frequência (medidas ou calculadas) em uma expansão de frações parciais. Trata-se de uma forma de aproximar a resposta em frequência por uma expressão matemática representativa, semelhante a um ajuste polinomial para representação de um conjunto de pontos.

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O método fornece uma expansão em frações parciais conforme a equação (10):

( (10) Onde:

cn e an são resíduos e pólos, que podem ser números reais ou pares de

complexos conjugados; d e h são números reais; N é a ordem escolhida para o ajuste.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 4 mostra graficamente o resultado do levantamento em laboratório após realizados os cálculos expostos anteriormente. Esta Figura mostra em módulo e ângulo a função de transferência expressa na Equação 9.

Figura 4 – Relação I2/I1 em Função da Frequência

Com a aplicação do “Vector Fitting” foi encontrada uma função analítica no domínio da frequência que ajusta o comportamento medido e calculado. Nas Figuras 5 e 6 estão, graficamente, os resultados do ajuste.

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Figura 5 – Gráfico da Função a ser Aproximada, Curva Ajustada e Diferença entre Ambas (Módulo de I2/I1)

Figura 6 – Gráfico da Função a ser Aproximada e Curva Ajustada (Ângulo de I2/I1)

Os elementos da matriz de admitância Y11, Y12 e Y22 calculados a partir dos dados de laboratório mostraram que a dependência entre seus módulos e ângulos em relação à frequência não é constante em toda a faixa analisada.

A função de transferência I2/I1 do transformador de corrente também se mostrou não constante em todo o intervalo. Com o aumento da frequência pode ser observado que módulo

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e ângulo se mantiveram praticamente constantes até 100 kHz e apresentaram variação entre este valor e 20 MHz de acordo com a Figura 4.

Esse resultado mostrou que para componentes de frequência acima de 100 kHZ pode-se esperar que o sinal de corrente pode-secundária não pode-seja uma reprepode-sentação fiel à corrente primária, sofrendo alteração em módulo e ângulo em relação ao nominal.

4 CONCLUSÕES

O objetivo do trabalho foi alcançado no que tange a medição, observação e análise qualitativa do comportamento do transformador de corrente em função da frequência, bem como a utilização do “Vector Fitting” para a obtenção de uma função analítica que representasse o Transformador de Corrente em uma dada gama de frequências.

A função de transferência entre as correntes primária e secundária, a expressão analítica, foi elaborada a partir dos dados de laboratório e o estudo da resposta no domínio do tempo mostrou que esta função é capaz de reproduzir o comportamento levantado nos ensaios.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FILHO, S. de M. Medição de Energia Elétrica, 4ª edição, Livros Técnicos e Científicos, Editora S.A, 1997.

GUSTAVSEN, B. Application of Vector Fitting to High Frequency Transformer Modeling, International Conference on Power Systems Transients, New Orleans, USA, 2003. GUSTAVSEN, B.; SEMLYEN, A. Rational Approximation of Frequency Domain Responses by Vector Fitting, IEEE Transactions on Power Delivery, vol.14, n. 3, pp. 1052-1061, July 1999.

INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS. Std C37.110: IEEE Guide for the Application of Current Transformers Used for Protective Relaying Purposes, 1996.

MORCHED, A.; MARTI, L; OTTEVANGERS, J.A High Frequency Transformer Model for the EMTP, IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 8, n. 3, July 1993.

ZOCHOLL, S. E.; SMAHA, D. W. Current Transformer Concepts. Schweitzer Engineering Laboratories, Inc., Pullman, WA USA, 1992.

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