• Nenhum resultado encontrado

Potencial enzimático de leveduras isoladas de folhas em decomposição

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Potencial enzimático de leveduras isoladas de folhas em decomposição"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

65

Potencial enzimático de leveduras

isoladas de folhas em decomposição

Graziela Barbosa Paludo1;

Thiago Lucas de Abreu-Lima2;

Solange Cristina Carreiro3;

1 Professora do Instituto Federal do Tocantins IFTO Campus Palmas; E-mail: grazi_paludo@hotmail.com;

2 Professor do Curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Tocantins Campus Palmas; E-mail: abreulimatl@uft.edu.br; 3 Professora do Curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Tocantins Campus Palmas; E-mail: solange@uft.edu.br;

RESUMO

As enzimas são amplamente utilizadas no mercado industrial e inúmeros trabalhos têm apresentado o potencial de leveduras isoladas de diversas fontes para a produção de diversas enzimas. O objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial de leveduras isoladas de folhas em decomposição, provenientes de 3 córregos no município de Taquaruçu, estado do To-cantins, para a produção de enzimas. Foram testadas 205 linhagens quanto à produção de amilase, lipase, celulase e xilanase, utilizando meios sólidos específicos com incubação a 25°C no período de 5 a 15 dias. Os resultados foram dados como Índice Enzimático (IE), que representa a relação entre o diâmetro do halo de hidrólise e o diâmetro da colônia. Das 205 linhagens avaliadas, 143 (69,8%) apresentaram resultado positivo para pelo menos uma das enzimas, sendo 83 para lipase (40,5%), 59 para celulase (28,8%), 30 para xilanase (14,6%) e 35 para amilase (17,1%). Os valores de IE variaram de 1,19 (celulase) a 7,63 (lipase).

Palavras-chave: Amilase. Celulase. Córregos. Lipase. Xilanase.

(2)

66

Enzymatic potential of yeasts isolated

from decaying leaves

ABSTRACT

The enzymes are widely utilized in industrial market and several researches have been showed the potential of isolated yeasts from various substrates to produce several enzymes. The aim of this work was to evaluate the potential of yeasts isolated from decaying leaves, collected in 3 streams in Taquaruçu, state of Tocantins, to produce enzymes. They were tested 205 strains to amylase, lipase, cellulase and xylanase production, using specific solid media, at 25°C in the period of 5 to 15 days of incubation. The results were given as Enzymatic Index (EI), which is calculated by the ratio between the average diameter of the halo of degradation and the average diameter of the colony. Among the 250 strains analyzed, 143 (69.8%) showed positive results to at least one of the enzymes, being 83 for lipase (40.5%), 59 for cellulase (28.8%), 30 for xylanase (14.6%) and 35 for amylase (17.1%). The EI values ranged from 1.19 (cellulase) to 7.63 (lipase).

(3)

67

1 INTRODUÇÃO

Enzimas são catalisadores biológicos indis-pensáveis a todas as reações do metabolis-mo celular. Tais proteínas são produzidas por todos os organismos vivos e podem atuar como catalisadores em inúmeras re-ações bioquímicas. Além de serem catali-sadores in vivo, as enzimas também podem ser catalisadores in vitro para várias reações, incluindo diversos processos industriais (JEGANNATHAN e NIELSEN, 2013). En-quanto catalisadores, as enzimas são mais interessantes em relação aos catalisadores químicos, uma vez que atuam em condi-ções mais brandas (pH, temperatura e pres-são atmosférica) e pres-são altamente específicas (SUNDARRAM e MURTHY, 2014). Essas propriedades únicas das enzimas, além de sua biodegradabilidade, permitem aos pro-cessos industriais serem conduzidos sob condições mais amenas, com aumento na produtividade e redução da geração de resí-duos (ADRIO e DEMAIN, 2014).

A maioria das enzimas utilizadas industrial-mente são hidrolases, sendo essas emprega-das na degradação de vários substratos na-turais (GURUNG et al, 2013). A utilização de enzimas como aditivos de detergentes representa a principal aplicação de enzi-mas industriais, como as proteases, lipases, amilases, oxidases, peroxidases e celulases. Outras aplicações, porém, vêm ganhando importância e incluem o uso de lipases, xi-lanases e lacases na remoção de trigliceróis e graxas na indústria de celulose (ADRIO e DEMAIN, 2014). Embora as proteases pre-dominem em função de seu extenso uso

na indústria de detergentes e laticínios, ou-tras hidrolases como as amilases e celulases representam a segunda classe de enzimas mais utilizadas (GURUNG et al, 2013). As amilases microbianas têm sido ampla-mente utilizadas devido a sua maior es-tabilidade em comparação às amilases de origem vegetal ou animal. Elas apresentam aplicação em várias indústrias tais como: papel, têxtil, detergentes, bioetanol, ado-çantes, produção de xaropes de glicose, sucos de frutas, panificação e bebidas. A vantagem em se utilizar microrganismos para a produção de amilases reside na sua capacidade produtiva e na facilidade de manipulação para otimizar a produção, o que confere às amilases um importante pa-pel biotecnológico (GURUNG et al, 2013). As lipases representam outro importante grupo de hidrolases, especialmente devido à sua versatilidade de aplicações. Lipases microbianas são amplamente diversificadas em suas propriedades catalíticas e especifi-cidade de substratos, o que as torna úteis em diversos setores industriais. São ainda, catalisadores versáteis e baratos para a hi-drólise de lipídeos e lipases recombinantes e têm sido utilizadas em inúmeras aplica-ções, tais como: na indústria de panifica-ção, detergentes e na conversão de óleos em biodiesel (GURUNG et al, 2013).

Pesquisas envolvendo celulases e hidrola-ses relacionadas tiveram seu início ainda na década de 1950, devido ao seu poten-cial de conversão da lignocelulose, o mais abundante recurso renovável da Terra, em açúcares fermentescíveis. No entanto,

(4)

con-68

tínuas pesquisas revelaram seu potencial biotecnológico em várias indústrias, como: alimentos, produção de cervejas e vinhos, alimentação animal, têxtil, polpa e papel (BHAT, 2000). Juntamente com as xilana-ses, as celulases têm importante aplicação na sacarificação da biomassa lignocelulósica pré-tratada para a produção de biocombus-tíveis de segunda geração, além de outras aplicações, como a clarificação de sucos de frutas, melhoramento de produtos de pani-ficação, polimento e lavagem de têxteis e biorremediação (ADRIO e DEMAIN, 2014). As xilanases podem estar associadas a ce-lulases ou não – formando as chamadas

celulase-free xilanases. As primeiras são

uti-lizadas no processamento de alimentos e bebidas, para produção de hidrolisados, na redução da viscosidade, aumento da diges-tibilidade de nutrientes para alimentação animal e produção de xilitol. Já as

celula-se-free xilanases são amplamente utilizadas

na indústria de papel no pré-tratamento da polpa antes no branqueamento, mini-mizando o uso de cloro como agente bran-queador (OTERO et al, 2015).

As enzimas microbianas são de grande im-portância no desenvolvimento de bioproces-sos industriais. Os microrganismos fornecem uma considerável quantidade de catalisado-res com aplicações que vão desde a indústria de alimentos, bebidas, polpa e papel, couro, detergentes, têxtil, alimentação animal, até a química fina, farmacêutica e de biocombus-tíveis (ADRIO e DEMAIN, 2014).

Os microrganismos têm fornecido uma gran-de riqueza gran-de enzimas úteis e o potencial uso

destes como fontes biotecnológicas para pro-dução de enzimas industriais tem estimulado o interesse na investigação da atividade en-zimática extracelular de inúmeros microrga-nismos (SARANRAJ e STELLA, 2013).

Dentre os fungos, as leveduras se apresentam como uma importante fonte alternativa para a produção de enzimas microbianas úteis na indústria. Leveduras não patogênicas são ca-pazes de produzir enzimas industrialmente úteis e têm ganhado cada vez mais impor-tância, já que podem ser facilmente cultiva-das e produzir altos níveis de enzimas extra-celulares (YALÇIN e ÇORBAC, 2013).

Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial enzimático de linhagens de leveduras isoladas a partir de folhas em decomposição, com foco em ce-lulases, lipases, amilases e xilanases.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Leveduras

As 205 linhagens de leveduras utilizadas neste estudo pertencem à coleção de cul-turas microbianas Carlos Rosa da Univer-sidade Federal do Tocantins e foram isola-das de folhas em decomposição coletaisola-das em 3 córregos no município de Taquaruçu, estado do Tocantins: Ribeirão Taquaruçu (TAQ), Córrego Taquaruçu (BIO) e Ribeirão Água Suja (AS). Todas as linhagens estão preservadas a -80°C e foram reativadas em placas contendo ágar Sabouraud (20 g.L-1

de glicose, 5 g.L-1 extrato de levedura, 10

g.L-1 de peptona e 18 g.L-1 de ágar e 0,02 g.L -1 de cloranfenicol) a 28ºC±1 por 48 horas.

(5)

69 2.2 Produção de hidrolases em meio sólido

Os ensaios para verificar a produção das hi-drolases foram realizados em meios sólidos específicos em 3 repetições. As linhagens fo-ram inoculadas na superfície dos meios com auxílio de palitos de dente estéreis, sendo inoculadas 6 linhagens por placa. Essas pla-cas foram incubadas a 25°C por 5 dias (ami-lase e lipase), 10 dias (celu(ami-lase) ou 15 dias (xilanase). Após o período de incubação, as placas foram submetidas a tratamentos es-pecíficos, quando necessário, para visuali-zação dos halos de hidrólise, medidos com auxílio de um paquímetro. Os resultados foram dados como Índice Enzimático (IE), que corresponde à relação entre o diâmetro do halo de hidrólise do substrato pelo diâ-metro da colônia do microrganismo, segun-do Hankin e Anagnostakis (1975).

2.2.1 Lipase

A produção de lipase foi determinada de acordo com metodologia descrita por Sierra (1956), em meio contendo 10 g.L-1 de

pep-tona, 5 g.L-1 de NaCl, 0,1 g.L-1 de CaCl 2, 18

g.L-1 de agar e 10 g.L-1 de Tween-20

(mono-laurato de sorbitan) com pH ajustado para 6,0. Após incubação, os halos de hidrólise foram visualizados como um precipitado cristalizado ao redor das colônias.

2.2.2 Celulase

A produção de celulase foi verificada em meio contendo 4 g.L-1 de

carboximetilcelu-lose (CMC), 10 g.L-1 de extrato de

levedu-ra, 20 g.L-1 de peptona, e 20 g.L-1 de agar

(STRAUSS et al., 2001). Após incubação, as placas foram coradas durante 30 minutos com solução de vermelho congo (0,3 g.L-1)

em tampão Tris-HCl 1 mol.L-1, pH 7,0 e em

seguida lavadas 2 vezes com NaCl 1 mol.L-1

(MAIJALA et al., 1991).

2.2.3 Xilanase

A produção de xilanase foi determinada de acordo com metodologia descrita por Men-des et al (2012) em meio contendo 6,7 g.L-1

de Yeast Nitrogen Base (YNB), 10 g.L-1 de

Xilana (beechwood) e 18 g.L-1 de agar. Após

incubação, as placas foram coradas durante 30 segundos com vapor de iodo (HANKIN e ANAGNOSTAKIS, 1975).

2.2.4 Amilase

A atividade amilolítica foi determinada em meio contendo 20 g.L-1 de amido solúvel, 5

g.L-1 de (NH4)

2SO4, 10 g.L-1 de KH2PO4 e 18

g.L-1 de agar (LOODER et al., 1970). Após

incubação, as placas foram coradas durante 30 segundos com vapor de iodo (HANKIN e ANAGNOSTAKIS, 1975).

2.3 Análise estatística

Utilizou-se um delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), com 3 repeti-ções, aplicando o teste de Tukey a 5% de pro-babilidade para comparar as médias dos trata-mentos, utilizando o programa ASSISTAT 7.0.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 205 linhagens avaliadas, 141 (68,8%) apresentaram resultado positivo para pelo menos uma das enzimas testadas, sendo 83 para lipase (40,5%), 59 para celulase (28,8%), 30 para xilanase (14,6%) e 35 para amilase (17,1%). Das 141 linhagens positi-vas, 21 (14,9%) apresentaram resultado po-sitivo para 2 enzimas, 13 linhagens (9,2%)

(6)

70

foram positivas para 3 das enzimas e 6 (4,3%) foram positivas para as 4 enzimas testadas. Os valores médios de IE para lipase ficaram entre 1,27 e 7,63; para celulase, os valores mé-dios de IE ficaram entre 1,19 e 3,07, enquanto que, para amilase e xilanase, esses valores variaram entre 1,37 e 4,55 e entre 1,31 e 5,59, respectivamente. Os resultados dos valores médios de IE para lipase, celulase, xilanase e amilase estão apresentados nas tabelas 1 a 4. As linhagens TAQ164, BIO45 e TAQ54 apresentaram valores de IE para lipase maiores em relação às demais (7,63; 7,12; 7,11 respectivamente). O maior valor de IE para celulase (3,07) foi da linhagem AS122, mas esse valor não diferiu estatisticamente de outras 10 li-nhagens com valores de IE entre 2,90 e 2,49. Os maiores valores de IE para xilanase (5,59) e amilase (4,55) foram das linhagens BIO119 e As110, respectivamente.

Tabela 1: Valores de IE para lipase. Média de 3 repetições.

Linhagens IE médio Linhagens IE médio Linhagens IE médio

TAQ 164 7,63b TAQ 141 2,80h AS 46 1,77i

BIO 45 7,12b AS 33 2,74h AS 36 1,77i

TAQ 54 7,11b TAQ 453 2,69h AS 95 1,75i

TAQ 616 5,58c TAQ 518 2,62h TAQ 646 1,71j

AS 11 5,27c TAQ 78 2,53h TAQ 444 1,68j

TAQ 109 4,98d TAQ 72 2,50h AS 18 1,63j

TAQ 142 4,94d AS 07 2,34h BIO 480 1,62j

TAQ 101 4,75d TAQ 114 2,31h TAQ 461 1,61j

BIO 100 4,69d BIO 139 2,20i TAQ 615 1,59j

BIO 52 4,65d TAQ 506 2,18i BIO 609 1,58j

TAQ 61 4,47e TAQ 139 2,14i TAQ 571 1,57j

TAQ 343 4,45e TAQ 03 2,10i BIO 149 1,56j

TAQ 59 4,41e AS 86 2,09i TAQ 396 1,56j

TAQ 46 4,210e TAQ 09 2,09i BIO 521 1,56j

BIO 76 3,95f TAQ 614 2,04i TAQ 653 1,54j

AS 119 3,83f TAQ 354 2,03i TAQ 74 1,53j AS 125 3,74f TAQ 632 2,03i TAQ 669 1,52j AS 81 3,64f TAQ 143 2,02i BIO 119 1,52j AS 110 3,62f TAQ 14 1,94i TAQ 667 1,51j TAQ 611 3,46g AS 138 1,92i TAQ 488 1,48j AS 121 3,40g TAQ 131 1,89i TAQ 75 1,46j TAQ 16 3,16g AS 75 1,88i BIO 43 1,44j B 142 3,07g AS 105 1,87i TAQ 680 1,41j TAQ 13 3,05g AS 34 1,85i TAQ 97 1,39j TAQ 93 2,98g AS 98 1,82i BIO 541 1,34j TAQ 12 2,95g BIO 39 1,81i AS 02 1,33j AS 64 2,91g AS 126 1,79i BIO 231 1,27j TAQ 02 2,84h AS 69 1,78i

AS = córrego Água suja; BIO = córrego Taquaruçu; TAQ = ribeirão Taquaruçu. Médias seguidas de letras iguais não diferem entre si a 5% de significância.

(7)

71

Os dados obtidos no presente estudo mostraram um maior percentual de linhagens lipo-líticas (40,5%) em comparação com as outras enzimas estudadas, assim como os maiores valores de IE foram encontrados para lipase. Isso confirma o potencial dessas linhagens para a produção de lipase, característica também descrita por outros autores com percen-tuais próximos aos obtidos nesse estudo. Buzzini e Martini (2002), em um estudo utili-zando 397 linhagens de leveduras isoladas de água, solo, insetos e materiais vegetais, ob-tiveram 40,3% das linhagens com habilidade para produzir enzimas lipolíticas. Fuentefria (2004) encontrou atividade lipolítica em 40% das 84 linhagens de leveduras isoladas do filoplano de Hibiscus rosa-sinensis e Lock (2007) obteve 26% de leveduras lipolíticas de um total de 56 isoladas de bromélias. Goldbeck e Filho (2013), ao fazerem a seleção quanto a atividade lipolítica de 372 leveduras isoladas de flores, frutos e solo de diversos biomas brasileiros, obtiveram 55,6% de linhagens positivas.

O crescente interesse em microrganismos produtores de lipases se justifica pela gama de aplicações dessas enzimas, que vão desde a indústria alimentícia até a farmacêutica e quími-ca fina (SALIHU et al, 2012). Nesse sentido, a busquími-ca por novos microrganismos produtores é de grande interesse biotecnológico e as leveduras têm se destacado nesse contexto, po-dendo representar importantes ferramentas na busca de novos microrganismos lipolíticos.

Tabela 2: Valores de IE para celulase. Média de 3 repetições.

Linhagens IE médio Linhagens IE médio Linhagens IE médio

AS 122 3,07a TAQ 505 2,07de AS 04 1,62mn

TAQ 631 2,90ab TAQ 475 1,98ef BIO 119 1,60no

TAQ 14 2,88ab TAQ 296 1,96f AS 155 1,57no

TAQ 250 2,70ab TAQ 614 1,95f TAQ 39 1,53op

TAQ 512 2,68ab TAQ 12 1,93f TAQ 03 1,51op

TAQ 54 2,66ab TAQ 423 1,90f TAQ 544 1,46pq

TAQ 09 2,53ab TAQ 474 1,89f TAQ 95 1,45pq

TAQ 613 2,53ab TAQ 93 1,88f AS 68 1,39q

TAQ 46 2,52ab TAQ 270 1,81hi AS 43 1,38l

AS 02 2,51ab TAQ 52 1,80ij AS 172 1,34l

AS 52 2,49ab TAQ 506 1,79ij TAQ 638 1,31l

TAQ 232 2,37bc TAQ 121 1,79ab TAQ 638 1,30l

AS 01 2,37bc TAQ 11 1,75j AS 141 1,29l

AS 03 2,35bc TAQ 164 1,75j TAQ 08 1,26l

TAQ 61 2,29bc AS 07 1,74j BIO 609 1,25l

TAQ 344 2,27bc TAQ 101 1,73j TAQ 413 1,25l

TAQ 139 2,22bc TAQ 616 1,69j AS 61 1,22l

TAQ 349 2,18cd TAQ 251 1,68j AS 46 1,19l

TAQ 500 2,13cd TAQ 636 1,66j TAQ 10 1,19l

TAQ 625 2,11cd TAQ 31 1,63j

AS = córrego Água suja; BIO = córrego Taquaruçu; TAQ = ribeirão Taquaruçu. Médias seguidas de letras iguais não diferem entre si a 5% de significância.

(8)

72

Tabela 3: Valores de IE para xilanase. Média de 3 repetições.

Linhagens IE médio Linhagens IE médio Linhagens IE médio

BIO 119 5,59a BIO 120 2,20fghijl AS 14 1,59lmnop

TAQ 461 4,03b TAQ 11 2,19fghijlm TAQ 164 1,57mnop

TAQ 54 3,46bc AS 24 2,05ghijlmn AS 47 1,57mnop

TAQ 131 3,36cd BIO 121 2,03ghijlmn TAQ 506 1,53nop

TAQ 139 2,82def TAQ 93 2,03ghijlmn AS 86 1,52nop

TAQ 616 2,77def TAQ 638 2,03ghijlmno TAQ 61 1,47nop

TAQ 631 2,60efg AS 58 1,99ghijlmno TAQ 615 1,43nop

AS 36 2,47fgh TAQ 46 1,88hijlmnop TAQ 59 1,40op

TAQ 143 2,39fghi TAQ 611 1,70jlmnop BIO 45 1,33p

AS 27 2,27fghij TAQ 13 1,68jlmnop BIO 76 1,31p

AS = córrego Água suja; BIO = córrego Taquaruçu; TAQ = ribeirão Taquaruçu. Médias seguidas de letras iguais não diferem entre si a 5% de significância.

Fonte: Autor.

Embora a atividade celulolítica não seja uma característica comum entre as leveduras, alguns trabalhos têm demonstrado essa capacidade em leveduras isoladas de substratos vegetais, solo e água. O estudo de microrganismos celulolíticos torna-se especialmente importante pela aplicação de celulases extracelulares na conversão de resíduos lignoce-lulósicos (DASHTBAN et al, 2009). Fuentefria (2004), em estudo envolvendo microrga-nismos isolados a partir de filoplano de Hibiscus rosa-sinensis, encontrou 24% de levedu-ras produtolevedu-ras de celulases, percentual similar ao encontrado no presente estudo. Farias (2008), avaliando a habilidade de 440 leveduras isoladas de solo em degradar celulose, obteve 11,4% das linhagens com atividade celulolítica e Souza et al (2013) obtiveram 9,1% de linhagens celulolíticas entre 317 leveduras isoladas de solo. Atividade celulolítica também foi descrita em 3 dentre 20 leveduras termofílicas isoladas de fontes termais e não termais (KHELIL e CHEBA, 2014).

De maneira similar ao que ocorre com as celulases, as xilanases são enzimas amplamente obtidas a partir de fungos filamentosos e bactérias e há poucos relatos acerca de leveduras produtoras de xilanases. Otero et al (2015) avaliaram a atividade xilanolítica de 119 leve-duras isoladas de diferentes vegetais, grãos, frutos e resíduos agroindustriais, encontrando 23 linhagens (19,3%) capazes de degradar xilana, percentual similar ao encontrado no presente trabalho. Por outro lado, Lopes et al (2011) encontraram apenas 2,6% de linha-gens positivas quando avaliaram a capacidade xilanolítica de 349 leveduras isoladas de solo, frutos e flores, assim como Rao et al (2008) obtiveram 2,1% de linhagens positivas entre 239 leveduras isoladas a partir de cascas de árvores. Apesar do baixo percentual obtido, Lopes et al (2011) consideram que as linhagens estudadas apresentam potencial

(9)

73

aplicação para a produção industrial de xilanases, o que reforça a necessidade de buscar novas linhagens produtoras dessas enzimas.

Considerando que as leveduras estão presentes tanto nos estágios iniciais quanto nos avançados da decomposição de folhas e restos de caule (BLANCHETTE, 1978), além de apresentarem associações simbiônticas com insetos herbívoros, produzindo enzimas que auxiliam na decomposição de materiais vegetais (VEGA e DOWD, 2005), a produção de enzimas envolvidas na hidrólise desses materiais, como celulases e xilanases, pode ser uma característica de importância biotecnológica a ser explorada.

Tabela 4: Valores de IE para amilase. Média de 3 repetições.

Linhagens IE médio Linhagens IE médio Linhagens IE médio

AS 110 4,55a BIO 76 2,58defghijlm AS 57 2,14lmno

BIO 121 3,39b TAQ 611 2,56efghijlm TAQ 59 2,13lmno

TAQ 100 3,37bc TAQ 93 2,51efghijlm BIO 104 2,12mnop

BIO 119 3,36bc BIO 141 2,48fghijlm AS 90 2,09mnop

AS 122 3,18bcd TAQ 615 2,47fghijlm TAQ 52 2,04mnop

TAQ 3 3,11bcde BIO 77 2,34ghijlm AS 11 2,04mnop

TAQ 74 3,03bcdef TAQ 616 2,31ghijlmn TAQ 13 1,73nopq

AS 49 2,88bcdefg AS 99 2,31ghijlmno TAQ 330 1,72nopq

TAQ 465 2,87bcdefgh TAQ 11 2,28hijlmno AS 119 1,71opq

TAQ 14 2,78cdefghi TAQ 646 2,24ijlmno AS 142 1,52pq

TAQ 61 2,75defghij TAQ 54 2,20ijlmno TAQ 86 1,37q

TAQ 46 2,70defghijl BIO 45 2,15jlmno

AS = córrego Água suja; BIO = córrego Taquaruçu; TAQ = ribeirão Taquaruçu. Médias seguidas de letras iguais não diferem entre si a 5% de significância.

Fonte: Autor.

Landell et al (2009), analisando o IE de linhagens amilolíticas isoladas de bromélias, ob-tiveram 13% de isolados positivos, enquanto que Costa et al (2011), em um teste de tria-gem com 98 leveduras isoladas de batata doce, encontraram 16,3% de linhagens positivas para a atividade amilolítica. Yalçın e Çorbac (2013) testaram a atividade amilolítica de 25 isolados provenientes de diferentes fontes (solo, pão, arroz e farinha de arroz) e encontra-ram 12 linhagens amilolíticas (48%). Esses resultados, assim como os obtidos no presente estudo, demonstram o potencial amilolítico de leveduras isoladas de diferentes substratos. As amilases estão entre as mais importantes enzimas para todas as indústrias baseadas em produtos amiláceos, com aplicações em diversos processos industriais e as amilases microbianas têm substituído completamente a hidrólise química na indústria de proces-samento de amido (SARANRAJ e STELLA, 2013). Isso leva a um aumento na demanda

(10)

74

por enzimas amilolíticas e a busca por microrganismos produtores dessas enzimas é uma etapa fundamental desse processo.

Atualmente, há a necessidade de busca por novas enzimas, no sentido de se desenvolve-rem processos produtivos mais competitivos e sustentáveis (ADRIO e DEMAIN, 2014), além da otimização das condições de produção. Um primeiro passo para o desenvolvi-mento de um processo industrial visando a produção de enzimas é o isoladesenvolvi-mento de linha-gens potencialmente produtoras, portanto, estudos de bioprospecção para a seleção de microrganismos de interesse biotecnológico são fundamentais nesse contexto.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As linhagens de levedura estudadas demonstraram importante capacidade para produção de enzimas, especialmente para lipase, já que cerca de 40% dos isolados foram positivos para essa enzima. Desta forma, a microbiota de leveduras associada às folhas em decom-posição pode representar uma rica fonte de linhagens para os estudos de produção de enzimas de interesse industrial. Estudos posteriores, em cultivos submersos, envolvendo a quantificação das enzimas produzidas, bem como a avaliação das condições de cultivo para a produção dessas enzimas, devem ser conduzidos a fim de se avaliar o potencial de produção das leveduras para essas enzimas.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da coordenação de aperfeiçoamento de pes-soal de nível superior – Brasil (CAPES) – Código de financiamento 001. Os autores agrade-cem à Profª Drª Paula Benevides de Morais do Laboratório de Microbiologia e Biotecnolo-gia da UFT pela cessão das linhagens de leveduras.

(11)

75

REFERÊNCIAS

ADRIO, J.L; DEMAIN, A.L. Microbial enzymes: tools for biotechnological processes. Bio-molecules, Tampa, USA, v. 4, p. 117-139, 2014.

BHAT, M.K Cellulases and related enzymes in biotechnology. Biotechnology Advances,

Rehovot, Israel, v.18, p. 355–383, 2000.

BLANCHETTE, R.A.; SHAW, C.G. Associations among bacteria, yeasts and basidiomycetes during wood decay. Phytopathology, Atenas, Grécia, v. 68, p. 631-637, 1978.

BUZZINI, P.; MARTINI, A. Extracellular enzymatic activity profiles in yeast and yeast like strains isolated from tropical environments. Journal of Applied Microbiology, Northern

Ireland, UK, v. 93, n. 6, p. 1020-1025, 2002.

COSTA, S.T.C.; ABREU-LIMA, T.L.; CARREIRO, S.C. Atividade amilolítica de leveduras iso-ladas de batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam), Revista de Biociências, Taubaté, Brasil, v. 17, n. 2, p. 15-24, 2011.

DASHTBAN, M.; SCHRAFT, H.; QIN, W. Fungal bioconversion of lignocellulosic residues: opportunities & perspectives. International Journal of Biological Science, Macau,

Chi-na, v. 5, n. 6, p. 578-595, 2009.

FARIAS, Mariçula Vieira. Produção de enzimas hidrolíticas por leveduras isoladas de solos de áreas preservadas em Roraima. 2008. 116f. Dissertação (Mestrado em Recursos

Naturais), Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, 2008.

FUENTEFRIA, Alexandre Meneghello. Identificação e avaliação do potencial biotecno-lógico de leveduras isoladas de filoplano do Hibiscus rosa-sinensis. 2004. 122f.

Disser-tação (Mestrado em Microbiologia Agrícola e do Ambiente), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

GOLDBECK, R.; FILHO, F.M. Screening, characterization, and biocatalytic capacity of li-pases producing wild yeasts from Brazil biomes. Food Science and Biotechnology,

Nam--gu, Coreia do Sul, v. 22, n. 1, p. 79-87, 2013.

GURUNG, N.; RAY, S.; BOSE, S.; RAI, V. A broader view: microbial enzymes and their re-levance in industries, medicine, and beyond. BioMed Research International, Londres,

UK, v. 2013, p. 1-18, 2013.

HANKIN, L.; ANAGNOSTAKIS, S. L. The Use of solid media for detection of enzyme pro-duction by fungi. Mycologia, Filadélfia, USA, v. 67, n. 3, p. 597-607, 1975.

JEGANNATHAN, K.R.; NIELSEN, P.H. Environmental assessment of enzyme use in indus-trial production: a literature review. Journal of Cleaner Production, Brno, República

(12)

76

KHELIL, O.; CHEBA, B. Thermophilic cellulolytic microorganisms from western Algerian sources: promising isolates for cellulosic biomass recyclinG. Procedia Technology,

Ams-terdan, Holanda, v.12, p. 519-528, 2014.

LANDELL, M. F.; INÁCIO, J.; FONSECA, A.; VAINSTEIN, M.H.; VALENTE, P. Cryptococcus

bromeliarum sp. nov., an orange-coloured basidiomycetous yeast isolated from bromeliads

in Brazil. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology,

Sala-manca, Espãnha, v. 59, p. 910-913, 2009.

LOCK, Luiza Lux. Seleção de leveduras lipolíticas isoladas de bromélias e produção e caracterização de lipase bruta de Debaryomyces melissophilus BI81. 2007. 125f.

Disser-tação (Mestrado em Microbiologia Agrícola e do Ambiente). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.

LOODER, J. General classification of the yeast. In: KREGER-VAN RIJ, N.J.W. The yeast, a taxonomic study. Amsterdam: North-Holland Publishing Co., 1970.

LOPES, F.; MOTTA, F.; ANDRADE, C.C.P.; RODRIGUES, M.I.; MAUGERI-FILHO, F. Ther-mo-stable xylanases from non-conventional yeasts. Journal of Microbial and Biochemi-cal Technology, Louisville, USA, v. 3, p. 36-42, 2011.

MAIJALA, P., FAGERSTEDT, K.V. AND RAUDASKOSKI, M. Detection of extracellular cellu-lolytic and proteolytic activity in ectomycorrhizal fungi and Heterobasidion annosum (Fr.).

New Phytology, Bristol, UK, v. 117, p. 643-648, 1991.

MENDES, T.D.; RODRIGUES, A.; DAYO-OWOYEMI, I.; MARSON, F.A.L.; PAGNOCCA, F.C. Generation of nutrients and detoxification: possible roles of yeasts in leaf-cutting ant nests. Insects, Atlanta, USA, v. 3, n. 1, p. 228-245, 2012.

OTERO, D.M.; CADAVAL, C.L.; TEIXEIRA, L.M.; ROSA, C.A.; SANZO, A.V.L.; KALIL, S.J. Screening of yeasts capable of producing cellulase-free xylanase. African Journal of Bio-technology, Bowie, USA, v. 14, n. 23, p. 1961-1969, 2015.

RAO, R.S.; BHADRA, B.; SHIVAJI, S. Isolation and characterization of ethanol producing yeasts from fruits and tree barks. Letters in Applied Microbiology, Cardiff, UK, v. 47, p.

19–24, 2008.

SALIHU, A.; ALAM, M.Z.; ABDULKARIM, M.I.; SALLEH, H.M. Lipase production: an in-sight in the utilization of renewable agricultural residues. Resources, Conservation and Recycling, Michigan, USA, v. 58, p. 36-44, 2012.

SARANRAJ, P.; STELLA, D. Fungal amylase - a review. International Journal of Microbio-logical Research, Belo Horizonte, Brasil, v. 4, n. 2, p. 203-211, 2013.

(13)

77

SIERRA, G. A simple method for the detection of lipolytic activity of microorganisms and some observations on the influence of the contact between cells and fatty substrates. An-tonie van Leeuwenhoek, Sachsenplatz, Austria, v. 23, n. 1, p. 15-22, 1956.

SOUZA, A.C.; CARVALHO, F.P.; SILVA E BATISTA, C.F.; SCHWAN, R.F.; DIAS, D.R.

Sugarcane bagasse hydrolysis using yeast cellulolytic enzymes. Journal of Microbiology and Biotechnology, Seoul, Coreia do Sul, v. 23, n. 10, p. 1403–1412, 2013.

STRAUSS, M.L.; JOLLY, N.P.; LAMBRECHTS, M.G.; VAN RENSBURG, P. Screening for the production of extracellular hydrolytic enzymes by non-Saccaromyces wine yeasts. Journal

of Applied Microbiology, Northern Ireland, UK, n. 91, n. 1, p. 182-190, 2001.

SUNDARRAM, A.; MURTHY, T.P.K. α-Amylase production and applications: a review.

Journal of Applied & Environmental Microbiology, Kalyani, Índia, v. 2, n. 4, p.

166-175, 2014.

VEGA, Fernando; DOWD, Patrick. The role of yeasts as insect endosymbionts. In VEGA, Fernando; BLACKWELL, Meredith. Insect-fungal associations: ecology and evolution.

New York: Oxford University Press, 2005.

YALÇIN, H.T.; ÇORBAC, C. Isolation and characterization of amylase producing yeasts and improvement of amylase production. Turkish Journal of Biochemistry, Ankara,

Referências

Documentos relacionados

Essas conclusões do monitoramento apontam uma coerência nos lan- çamentos de moda tanto de São Paulo quanto do Rio de Janeiro: as cores quentes são as preferidas, colocando por terra

Mesmo adotando uma visão abrangente esta teoria não deixou de lado um dos setores mais clássicos dos estudos de segurança, Buzan et alii (1998) fala que é no setor militar

Que Molière s’inspire de Cyrano pour l’usage de ce patois n’est contesté par personne – pas plus que ne peut l’être l’imitation qu’il fera ultérieurement de

Se- gundo Souza (1990), Costa (1992), Rings & Rings (1993) e Dirksen (1993), o conteúdo do rúmen pode ser verificado quanto aos aspectos físicos (cor, odor, consistência e tempo

As polpas dos quatro clones de cajá foram caracterizadas quanto ao pH (ASSOCIAÇÃO OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS, 1997), acidez titulável (ASSOCIAÇÃO OF OFFICIAL ANALYTICAL

a) Uma curva de preço-consumo e uma curva da demanda. A curva preço-consumo mostra alterações na cesta escolhida pelo consumidor de acordo com a variação do preço. b) Uma

RESUMO: Neste trabalho está descrito aspectos do ciclo silvestre do Trypanosoma cruzi em região do cerrado do Brasil Central, endêmica para doença de Chagas.. Entre 151 roedores