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Tecnólogo em Processos Gerenciais

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Academic year: 2021

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Tecnólogo em Processos Gerenciais

Carlos Marcos Alves Dias

ANÁLISES DE VIABILIDADE FINANCEIRA NA CONSTRUÇÃO DE

UMA FÁBRICA DE FARINHA E FÉCULA DE MANDIOCA.

Trabalho de conclusão do curso

Almenara-MG 2019

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Carlos Marcos Alves Dias

ANÁLISES DE VIABILIDADE FINANCEIRA NA CONSTRUÇÃO DE

UMA FÁBRICA DE FARINHA E FÉCULA DE MANDIOCA

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado ao Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Almenara do Curso Tecnólogo em Processos Gerenciais como requisito obrigatório para a conclusão do curso.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Célio Souza Rocha

Almenara/MG 2019

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Para meus colegas, que compartilharam comigo muitos sacrifícios, meu filho, que juntos, estamos na luta para uma vida melhor, e minha mãe, que quase não compreendeu o quanto era importante para mim esta etapa da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço todo momento pelas as graças e benção recebidas pelo Deus eterno e poderoso.

Gratidão aos meus familiares, que, com todas as dificuldades, tiveram um grande respeito por esta escolha vitoriosa.

Obrigado a meu filho, Saulo, que me auxiliou nas tarefas do curso, e deu motivos gigantescos, que vale a pena lutar e nunca desistir.

Aos professores fica uma gratidão enorme pela a grandeza do profissionalismo que foi passado. Grato aos professores substitutos, que cumpriram os seus objetivos na sala de aula. A Olden, grato pela a capacidade e dom de ensinar. Luiz, por ser um orientador 10, pela a sua dedicação à missão de ensinar e vestir a camisa do Instituto. Aline, agradecimentos eternos, às dicas, à confiança que depositou em mim, à mensagem de seu pai “Chiquinho” que deu razão para que eu levasse até o final o curso. Um agradecimento especial a João Leandro, que no início do curso, disse uma frase: “Pessoal, sigam Marcos, ele é bom e vai chegar até o final”.

Obrigado ao IFNMG com tudo que me foi oferecido, a toda a sua equipe, em especial à secretaria, que forneceu o estágio e toda compreensão das minhas necessidades.

Grato às pessoas que forneceram carona de ida e volta para o IFNMG, em especial aos motoristas: Valdivino, Fábio, Vagner, Fernando e seu Geraldo.

Obrigado aos meus colegas por ter lutado comigo, e até mesmo aqueles, que me chamando de vô, fizeram com que eu me tornasse um garoto.

Enfim, agradecimento grandioso ao meu colega e amigo Gilvan, com sua simplicidade mostrou muitos sentidos reais de se viver.

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EPÍGRAFE

“ Posso, tudo posso naquele que me fortalece.

Nada e ninguém no mundo vai me fazer desistir.

Quero, tudo quero, sem medo entregar meus projetos.

Deixar-me guiar nos caminhos que Deus desejou pra mim e ali estar”.

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RESUMO

A mandioca (Manihot Esculenta Crantz) se destaca como fonte de energia na alimentação humana e animal e na indústria de derivados. Mesmo possuindo características favoráveis a produção de mandioca, a região de Almenara-MG não explora industrialmente esse cultivo. Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a viabilidade financeira de uma planta industrial para a produção de farinha e fécula de mandioca. Trata-se de uma pesquisa de natureza quantitativa, exploratória e descritiva, em que foram realizadas três simulações: simulação com carga máxima de produção, simulação com 50% da capacidade produtiva ocupada e simulação com a carga mínima da produção necessária para a viabilidade. O estudo obteve os seguintes resultados: VPL de R$ 4.018.836,32, TIR de 277,60% e Prazo de Retorno (Payback) menor que um ano para o primeiro cenário; VPL de R$ 1.237.238,07, TIR de 99,15% e Prazo de Retorno (Payback) menor que dois anos para o segundo cenário; e VPL de R$ 0,00, TIR de 15% e Prazo de Retorno (Payback) menor que onze anos, obtido a partir do beneficiamento de 452.559,77 kg de raízes de mandioca por ano. Assim, conclui-se que o projeto analisado é viável financeiramente, mesmo considerando um cenário adverso, em que somente 28,57% da capacidade produtiva instalada são utilizados, o que confirma o alto potencial da mandioca e seus derivados nessa região.

Palavras-chave: viabilidade financeira, farinha, fécula, mandioca e derivados.

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ABSTRACT

Manihot (Manihot Esculenta Crantz) stands out as a source of energy in human and animal food and in the derivatives industry. Even though it has favorable characteristics for cassava production, the Almenara-MG region does not exploit this crop industrially. Thus, the present work aims to evaluate the financial viability of an industrial plant for the production of cassava flour and starch. This is a quantitative research, descriptive and exploratory, in which there were three simulations: maximum load simulation production, simulation occupied 50% of capacity and simulation with a minimum production load required for viability. The study obtained the following results: NPV of R $ 4,018,836.32, IRR of 277.60% and Payback of less than one year for the first scenario; NPV of R $ 1,237,238.07, IRR of 99.15% and Payback less than two years for the second scenario; and NPV of $ 0.00, IRR of 15% and Return Time (Payback) less than eleven, obtained from the processing of 452,559.77 kg of cassava per year. Thus, it is concluded that the analyzed project is financially viable, even considering an adverse scenario, where only 28.57% of the installed capacity are used, which confirms the high potential of cassava and its derivatives in this region.

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LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADROS

Figura 1. Evolução da Área Plantada de Mandioca em hectares (ha) nas Regiões do Brasil. ... 15

Figura 2. Distribuição Percentual da Mandioca (t/ha) no Brasil. ... 15

Figura 3. Maiores Produções Estaduais de Mandioca do Brasil. ... 16

Figura 4. Potencialidade da Fécula. ... 18

Figura 5. Fluxograma do processo de extração da fécula da mandioca. ... 19

Figura 6. Atividades de Projeto em Administração da Produção. ... 20

Figura 7. Extração artesanal de farinha e fécula de mandioca. ... 33

Figura 8. Casa de farinha de madeira e sem paredes. ... 34

Figura 9. Fluxograma de produção da farinha de mandioca. ... 35

Figura 10. Desenho esquemático da planta baixa da fábrica de farinha e fécula de mandioca. ... 42

Tabela 1. Características químicas da mandioca. ... 10

Tabela 2. Demonstrações para as alíquotas do Simples Nacional. ... 24

Tabela 3. Orçamento para construção da fábrica. ... 40

Tabela 4. Relação de Funcionários/Salários/Encargos. ... 42

Tabela 5. Orçamento de Equipamentos de Produção de Farinha e Fécula de mandioca. ... 43

Tabela 6. Relação de veículos e valores. ... 43

Tabela 7. Produção Máxima da Fábrica (1.584.000 kg de mandioca). ... 44

Tabela 8. Simulação com Carga Máxima de Produção. ... 45

Tabela 9. DRE – Primeira Simulação. ... 45

Tabela 10. Produção de 50% da Capacidade Produtiva (792.000 kg de mandioca). ... 46

Tabela 11. Simulação com 50% de Produção. ... 46

Tabela 12. DRE - Segunda Simulação....47

Tabela 13. Produção com Carga Mínima da Produção Necessária para Viabilidade. ... 48

Tabela 14. Simulação com a carga mínima da capacidade produtiva ocupada. ... 48

Tabela 15. DRE - Terceira Simulação. ... 49

Quadro 1. Demonstrativo de Resultados de Exercício. ... 26

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 10 1.1. OBJETIVOS ... 13 1.1.1. Objetivo Geral ... 13 1.1.2. Objetivos Específicos ... 13 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 14 2.1. MANDIOCA ... 14 2.2. FARINHA ... 17 2.3. FÉCULA (POLVILHO) ... 17 2.4. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ... 19

2.5. ARRANJO FÍSICO E FLUXO ... 20

2.5.1. Tipos básicos de arranjo físico: ... 22

2.6. INFORMAÇÕES FISCAIS E TRIBUTÁRIAS ... 23

2.7. ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA ... 24

2.8. DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) ... 26

2.8.1. Fluxos de Caixa ... 27

2.8.2. Custos ... 27

2.8.3. Receita ... 27

2.8.4. Custos Fixos e Variáveis ... 28

2.8.5. Depreciação ... 28

2.8.6. Valor Presente Líquido (VPL) ... 29

2.8.7. Taxa Interna de Retorno (TIR) ... 29

2.8.8. Payback ... 30

3. METODOLOGIA ... 32

3.1. ESTRUTURA DA CASA DE FARINHA DE MANDIOCA ... 33

3.1.1. Das condições de trabalho ... 35

3.1.2. Etapas da produção da farinha de mandioca ... 35

3.2. OUTRAS EXIGÊNCIAS ... 38

4. RESULTADOS ... 40

4.1. ESTRUTURA FÍSICA DA FÁBRICA ... 40

4.2. ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA ... 44

5. CONCLUSÃO ... 50

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1. INTRODUÇÃO

Originária da América do Sul, a mandioca (Manihot esculenta Crantz) constitui um dos principais alimentos energéticos para mais de 700 milhões de pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento. Muitos países produzem mandioca, sendo que o Brasil participa com 10% da produção mundial (é o segundo maior produtor do mundo). De fácil adaptação, a mandioca é cultivada em todos os estados brasileiros, situando-se entre os oito primeiros produtos agrícolas do país, em termos de área cultivada, e o sexto em valor de produção (MATTOS et al, 2006).

A mandioca possui muitas variedades e diferentes denominações de acordo com cada região do país, podendo também ser chamada de macaxeira ou aipim. Trata-se de uma raiz rica em hidratos de carbono (carboidratos), por conter em sua composição, grandes quantidades de amido (polissacarídeos). Secularmente cultivada e consumida por povos sul-africanos, asiáticos e do continente americano ao lado da batata, do inhame e do cará, a mandioca foi e ainda é um dos principais responsáveis pela nutrição de milhares de pessoas ao redor do globo. As características químicas da mandioca estão relacionadas na Tabela 1.

Tabela 1. Características químicas da mandioca.

Quantidade 100 g Água (%) Calorias (kcal) Proteína (g) Carboidrato (g) Lipídeos (g) Fibra Alimentar (g) Cálcio (mg) Magnésio (mg) 61,8 151 1,1 36,2 0,3 1,9 15 44 Fonte: NEPA, 2011.

Além das propriedades nutricionais por ser rica em potássio, rica em fibras, fonte de vitamina C e rica em folato, que pertence à família da vitamina B, possui, como benefícios, ação anti-inflamatória contra artrite, ação antioxidante, fonte saudável para os diabéticos, proteção para a pele dos raios ultravioletas do sol, ação energética, idealização para as dietas sem glúten, atuação na construção de massa óssea e novos tecidos, benefícios para o coração,

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auxílio na perca de peso e ação saudável para as grávidas. Com isso, podem ser extraídos vários derivados da mandioca, como a farinha, o polvilho, a tapioca, a puba e a fécula.

A mandioca é uma planta que desenvolve muito bem em solos de franco-arenoso a argilo-arenoso bem drenados e cuja temperatura esteja em torno de 25°C. Consumida de várias maneiras e por diferentes culturas, a raiz de mandioca é um alimento muito saboroso. Porém, não é recomendado a sua ingestão quando crua, pois ela contém uma enzima de ácido cianídrico, que a torna desagradável e pode causar intoxicações quando ingerida. Dessa forma, deve ser bem cozida ou frita, antes do consumo, podendo ser utilizada na preparação de purês, farinha, fécula, tapiocas e outros derivados.

A EMBRAPA (s.d.) cita que a fécula da mandioca tem utilização na indústria, especialmente de tecidos, papéis, colas, tintas, embutidos de carne, cervejas e alimentos. Esse derivado de mandioca é usado também na indústria petrolífera, em brocas de perfuração de poços, assim como na produção de itens biodegradáveis, em substituição aos derivados do petróleo. Por sua vez, a mandioca, uma matéria de baixo custo, possuidora de variedades resistentes a pragas e cultivada principalmente em climas quentes, é pouco explorada industrialmente na região de Almenara-MG, onde possui um solo apropriado para o cultivo dessa raiz. Além disso, vale ressaltar que boa parte dos derivados desse produto é adquirida de outros estados, como Bahia e Paraná, o que desvaloriza a produção local e sua forte cultura artesanal na região do baixo Jequitinhonha.

Um dos fatores de dificuldades de viabilizar uma fábrica de farinha e fécula na cidade de Almenara-MG é o fornecimento da matéria prima, a mandioca. Com a implantação de uma planta industrial, seria necessário um avanço no cultivo da raiz em larga escala, buscando oferecer incentivos aos produtores e conscientizando-os dos ganhos financeiros e do escoamento do produto. Esse incentivo pode ser precedido do apoio de outras instituições como o próprio IFNMG, na instrução de novas técnicas aos agricultores, e alguns órgãos e sindicatos que fornecem suporte a produtores rurais, além de secretarias municipais de agricultura e cultura, responsáveis pela tradicional Festa da Mandioca na cidade, entre outras feiras artesanais.

Outro ponto de dificuldade é o investimento financeiro que será aplicado na fábrica de derivados de mandioca, o que levanta a seguinte questão: é viável a implantação de uma fábrica de derivados de mandioca na região de Almenara-MG? Para responder essa questão, foi desenvolvida uma pesquisa para avaliar a eficiência do processo e custos por meio de comparação de características do funcionamento do sistema atual, pois consta que na região

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não existe uma fábrica industrial de derivados de mandioca, e tão somente fabricações artesanais.

A implantação da fábrica traria um incentivo aos produtores, a fim de que produzam mais, fortalecendo a agricultura familiar e trazendo melhorias econômicas para a região. Com isso, cumpre destacar a importância da fábrica para a conscientização dos produtores quanto às boas práticas de fabricação, segurança e higiene dos processos artesanais, além de divulgar a qualidade e tradição do produto para outras regiões do país.

A análise de viabilidade financeira da fábrica de derivados de mandioca envolve a análise de todos os custos e despesas, apurados por meio do Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), dando atenção a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor Presente Líquido (VPL). Utilizando simulações das quantidades de raiz processadas, obtiveram-se valores de VPL e TIR de uma fábrica de derivados de mandioca a fim de analisar o favorecimento financeiro da implantação de uma fábrica industrial.

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1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é analisar a viabilidade econômica de uma fábrica de farinha e fécula de mandioca.

1.1.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

• Identificar os investimentos necessários para se implantar uma fábrica de farinha e fécula de mandioca;

• Identificar os custos de operação da planta projetada;

• Prever o fluxo de caixa anual para cada ano de operação do projeto;

• Avaliar a viabilidade financeira do negócio com base nos dados e informações obtidos; • Avaliar os benefícios que o projeto promoverá na cidade de Almenara-MG, incluídos o

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Com o desenvolvimento da sociedade brasileira, a agricultura nacional acompanha este momento e a mandioca tem uma grande influência entre as culturas ligadas à alimentação. Com isso, a raiz é explorada em todo território nacional com uma boa participação nos sistemas produtivos da agricultura familiar, sendo o Brasil o país mais desenvolvido nesta cultura dentre os grandes produtores. A razão deste comportamento está consagrada na importância da raiz de mandioca como fonte de carboidratos para alimentação humana e animal (MARTINS, 2014), além de outros aspectos históricos que ajudam a explicar o seu cultivo, os quais tem origem na cultura indígena e na formação do Brasil.

2.1. MANDIOCA

Como já apresentado, a mandioca possui grande importância na alimentação humana e também na atividade econômica. Nos últimos anos, processos que procuram agregar valor ao beneficiamento da mandioca tem gerado o crescimento dessa cultura e de sua agroindústria.

O plantio de mandioca nas regiões do Brasil ao longo dos anos tem apresentado um quadro bastante estabilizado, com exceção das regiões Norte e Nordeste, onde a primeira teve um aumento de quase 20% da área plantada, e a segunda, teve uma redução de aproximadamente 20%. Na Região Nordeste, apesar de ter uma dominação em área plantada de mandioca desde a década de 1990, com mais de 57% da área cultivada no Brasil, veio diminuindo esses números ao longo dos anos, atingindo em 2017 pouco mais de 37%. Enquanto a Região Norte, com a segunda maior área plantada, veio adquirindo um crescimento gradativo no mesmo período, passando de 17,1% em 1990 para 34,6% em 2017. Já na Região Centro-Oeste é a que possui a menor área plantada de mandioca em todo o período de estudo no ano de 2017, que contava com 4,4% de área plantada, seguida da Região Sudeste na 4ª posição com 8,7% e Região Sul na 3ª posição com 14,8% (EMBRAPA, 2018, s.p.).

A Figura 1 apresenta a evolução da área plantada de mandioca no Brasil (EMBRAPA, 2018, s.p.).

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Figura 1. Evolução da Área Plantada de Mandioca em hectares (ha) nas Regiões do Brasil.

Fonte: EMBRAPA, 2018.

A Figura 2 mostra que juntas, as regiões Norte e Nordeste possuem aproximadamente 61,18% da produção nacional de mandioca, com 72% das áreas cultivadas (ha), possuindo, assim, as maiores produções nacionais. Porém, é apresentada por elas, baixa eficiência produtiva (t/ha), isto é, os menores índices de rendimento em kg/ha de mandioca produzida. A Região Sul, com 14,8% das áreas plantadas, responde por mais de 22,1% da produção brasileira, sendo líder nacional em produtividade, com a apresentação de rendimento de 21.891,85 kg/ha de mandioca colhida.

Figura 2. Distribuição Percentual da Mandioca (t/ha) no Brasil.

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De acordo com informações da EMBRAPA (2018), a maior produção estadual de mandioca pertence ao estado do Pará com 20,55% da fatia nacional, acompanhado pelo estado do Paraná com 14,79%. Afastando-se de suas margens históricas de produção, em 3ª colocação com 10,09% está o estado da Bahia. O estado do Maranhão produz o equivalente a 6,38% da produção nacional, ocupando a 4ª colocação no ranking nacional. Os demais estados juntos possuem pouco mais de 48% da produção nacional de mandioca. A Figura 3 mostra os dados dos maiores produtores Estaduais de toneladas de mandioca por hectares (ha).

Figura 3. Maiores Produções Estaduais de Mandioca do Brasil.

Fonte: EMBRAPA, 2018.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção da mandioca alcançou 23,71 milhões de toneladas em 2016, com uma área colhida de 1,55 milhão de hectares. Já no ano de 2017, a previsão de queda de 15%, considerado em 20,02 milhões de toneladas, devido à redução da área plantada constatada na maioria dos estados brasileiros.

Por terem uma produtividade elevada e serem adquiridas por vários produtores, as cultivares de mandioca devem mostrar características como alto teor e qualidade de amido e farinha, destaque fácil da película, ausência de cintas na raiz, boa conformação de raiz e polpa de cor amarelada. Para uma fábrica industrial, é bom que mantenha a qualidade da raiz, para que tenha sempre uma boa qualidade da farinha e do polvilho, uma vez que o fabricante não consegue melhorar a qualidade da raiz ao transformá-la em derivados. Para que a raiz seja de boa qualidade, deve-se haver um manejo de qualidade por parte do agricultor no cultivo da mandioca, dentro de padrões conhecidos: plantio na época certa, com o uso de manivas selecionadas.

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2.2. FARINHA

A farinha de mandioca está presente em boa parte da mesa da população brasileira e é um dos itens essenciais da alimentação, principalmente em regiões do Norte e Nordeste, onde os pratos que levam esse ingrediente são bem diversificados e tradicionais. Ademais, a farinha representa, muitas vezes, a única fonte de carboidrato, como exemplo de algumas tribos indígenas ou famílias rurais.

O termo ‘farinha’ foi concedido no século XVI pelos primeiros exploradores europeus a um produto encontrado no litoral brasileiro entre os índios Tupinambá. Posteriormente, integraram esse produto à sua dieta devido às excepcionalidades de conservação que ele apresenta nos tópicos. No Brasil, hoje, existem muitos tipos diferentes de ‘farinhas’, com modos de preparação diversificados, que abrangem uma cadeia operatória complexa, a qual também envolve processos valorativos associados tanto à matéria-prima – os tubérculos – quanto às técnicas de produção e aos utensílios empregados (VELTHEM e KATZ, 2012).

A tecnologia de transformação de raízes de mandioca em farinha e derivados é bastante tradicional nas regiões Norte e Nordeste, sendo realizada há muito tempo em pequenas unidades artesanais rurais, conhecidas como casas de farinha. São utilizados no processamento da farinha e da fécula (polvilho) equipamentos rústicos, mão de obra familiar ou colaboradores locais.

2.3. FÉCULA (POLVILHO)

Segundo Fernandes (2004), o amido de mandioca, também conhecido como fécula, polvilho doce ou goma, é um pó fino, branco, inodoro, insípido e ao juntar-se entre os dedos produz uma ligeira sensação de ruídos. É um polissacarídeo natural da família química dos carboidratos, constituído de cadeias lineares (amilose) e cadeias ramificadas (amilopectina). É obtido através das raízes de mandioca devidamente limpas, descascadas, trituradas, desintegradas, purificadas, peneiradas, centrifugadas, concentradas, desidratadas e secas. Além disso, é extremamente versátil e alcança uma eficiência incomparável em todas as suas aplicações.Segundo Schrippe et al. (2012), a fécula de mandioca é formada por 18% de amilose e 82% amilopectina. Ela tem um destaque entre os derivados da mandioca pelo seu

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retorno financeiro e a infinidade de aplicações, com importância destacada nas indústrias alimentícia, química, metalúrgica, têxtil, papeleira e petrolífera.

Os dados da EMBRAPA (2003) informam algumas utilidades da fécula:

A fécula é um produto insípido, insolúvel em água fria, embora absorva água e os grânulos intumesçam. Em água fria, o amido forma uma suspensão leitosa, mas se deposita rapidamente, o que permite fácil separação. Em água aquecida entre 60º e 75º, o amido geleifica (gomifica). A partir da fécula, podem ser fabricados diversos produtos, como o povilho-azedo, a tapioca, o sagu e o xarope de glicose, dentre outros (EMBRAPA, 2003).

A Figura 4 a seguir mostra a potencialidade da fécula brasileira:

Figura 4. Potencialidade da Fécula.

Fonte: Gomes e Leal (2003).

O fluxograma de produção da fécula passa praticamente pelo mesmo processo do fluxograma de produção da farinha de mandioca, modificando-se em alguns pontos, como mostra a Figura 5:

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Figura 5. Fluxograma do processo de extração da fécula da mandioca.

2.4. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

A administração da produção é a atividade de gerenciar recursos que criam e entregam serviços e produtos.Desde o período pós-guerra, o setor de produção e sua equipe passaram anos afastados do processo decisório global da empresa, sendo comunicado somente do desempenho das quantidades desejadas.

Toda organização possui uma função produção, pois toda organização produz algum tipo de serviço ou produto e sua função é fundamental para a empresa, porque produz e entrega os produtos e serviços que são a razão de sua existência. A função produção centralizada em qualquer organização é responsável pela criação e entrega de produtos e serviços conforme pedidos dos clientes (SLACK, 2018).

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A administração da produção tem uma importância em todos os tipos de organizações, pois ela tem como principal finalidade agregar valor ao produto final. Para a área de produção, há dois tipos de recursos de transformação que formam os componentes essenciais de todas as operações, os quais são Instalações: prédios, maquinários, terrenos e tecnologia de processos de produção; eFuncionários: pessoas que operam, mantêm, planejam e gerenciam a produção. Para as Instalações, encontrar a localização ótima é fundamental para a empresa, de forma que se possa alcançar uma a maior diferença entre receitas e custos. Já o uso de Funcionários é fundamental para descrever todos envolvidos na operação.

Conforme o Zoldan (2006), a estrutura do imóvel deverá estar de acordo com as normas de higiene e limpeza da Vigilância Sanitária e com o Plano Diretor Urbano (PDU) do município. Para obter mais informações, a organização deverá consultar a prefeitura de sua cidade, visto que o PDU é, segundo a lei Federal 10.257, obrigatório para os municípios brasileiros com mais de 20.000 habitantes.

2.5. ARRANJO FÍSICO E FLUXO

O arranjo físico de uma operação diz respeito ao posicionamento físico de todo o pessoal que está envolvido na organização e as instalações, sendo importante por determinar a aparência da operação, uma vez que é notado por qualquer pessoa que entre em uma unidade produtiva. Ele também é responsável por onde alocar instalações, móveis, maquinários, equipamento e pessoal da operação. Por fim, traz atratividade, flexibilidade e eficiência em cada etapa da produção, além de um controle de segurança necessário para a organização. A Figura 6 mostra a atividade do arranjo físico no modelo de projeto na produção.

Figura 6. Atividades de Projeto em Administração da Produção.

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Para que um arranjo físico se torne adequado, será necessário observar as metas estratégicas de uma operação, além de analisar os objetivos da atividade do arranjo:

a) Segurança contra riscos acidentais: é um pré-requisito para qualquer arranjo

físico em qualquer tipo de operação. Todos os processos que oferecerem qualquer perigo para os funcionários ou os clientes deverão ser acessíveis ao pessoal autorizado. O prédio deve possuir saídas suficientes e claramente marcadas em caso de emergência, permitindo a retirada das pessoas de forma segura e rapida. Conforme a Norma Regulamentadora NR-23 do Ministério do Trabalho e Emprego (publicada no Diário Oficial da União em 06/07/1978), é necessária a instalação de equipamentos de combate ao fogo, adequados ao tipo de incêndio. As instalações elétricas devem obedecer a Norma Regulamentadora NR-10 do Ministério do Trabalho e Emprego (publicada no Diário Oficial da União em 07/12/2004), sendo que os fios elétricos não devem estar expostos à umidade e nem próximo às pessoas;

b) Segurança contra riscos intencionais: objetos que oferecem intenções maliciosas

devem ser distanciados de funcionários e de clientes;

c) Extensão do fluxo: o fluxo de materiais deverá ser canalizado por arranjo físico

para que seja apropriado aos objetivos da operação;

d) Minimizar atrasos: podem ser causados por rotas bastante longas, conforme o

posicionamento das instalações;

e) Reduzir o trabalho em andamento: excesso de trabalho em andamento pode ser

causado por gargalos, impedindo que a meta seja alcançada e que o desempenho seja eficiente;

f) Clareza do fluxo: fluxo de materiais bem sinalizado, claro e evidente para uma

boa visualização dos funcionários e dos clientes;

g) Condições dos funcionários: os arranjos devem oferecer tranquilidade e conforto

aos funcionários na operação;

h) Comunicação: a comunicação entre funcionários e gestores dentro de uma

organização é particularmente importante em alguns tipos de operações;

i) Coordenação da administração: devem ser instalados na organização meios de

comunicação e informação que supervisionem e orientem o pessoal;

j) Acessibilidade: toda estrutura, envolvendo maquinários e equipamentos, deverá

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k) Uso do espaço: todos os arranjos físicos deverão oferecer uma disponibilidade na

operação, gerando a impressão de um ambiente espaçoso;

l) Uso do capital: o investimento de capital deverá ser minimizado de uma forma

lógica com os outros objetivos quando for finalizado o arranjo físico;

m) Flexibilidade em longo prazo: com a mudança das necessidades da operação ou

com um planejamento do arranjo físico feito, visam-se as possíveis necessidades futuras da operação;

n) Imagem: o arranjo físico de uma operação pode ajudar a moldar a imagem de uma

organização, tanto para os clientes como para os funcionários.

Segundo Slack, Brandon e Johnston (2018), o arranjo físico em linha ou por produto consiste em localizar os recursos de transformação inteiramente segundo uma conveniência melhor dos recursos transformados.O arranjo físico em linha ou por produto procura definir a sequência em que os recursos produtivos devem ser dispostos de modo a processar o produto.

2.5.1. Tipos básicos de arranjo físico:

Slack, Brandon e Johnston (2018) citam informações de todos os tipos de arranjo físico:

a) Arranjo físico de posição fixa (posicional): é de certa forma uma contradição em

termos, visto que os recursos transformados não se movem entre os recursos de transformação. Em vez de materiais, informações ou clientes circularem por uma operação, quem sofre o processamento fica no lugar, enquanto equipamentos, maquinários, instalações e pessoas fazem o movimento na medida do necessário (ex: construção naval – o produto é muito grande para ser movido).

b) Arranjo físico funcional:os recursos ou processos semelhantes estão localizados juntos, podendo agrupá-los. Quando produtos, informações ou clientes circulam pela operação, percorrendo um roteiro de atividade de acordo com suas necessidades (ex: supermercado – alguns setores necessitam de tecnologia comum de armazenamento em câmeras refrigeradas, como as comidas congeladas e os vegetais frescos, podendo ser mantidos juntos e de forma mais atraente aos olhos do consumidor).

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c) Arranjo físico celular:tem uma pré-seleção dos recursos transformados para irem a uma parte da operação em que todos os recursos de transformação estão localizados a fim de atender as necessidades de processamento imediato, podendo a própria operação ser organizada em um arranjo físico funcional ou em linha (ex: área para produtos de lanches rápidos em um supermercado – é usado por alguns clientes para comprar sanduíches, iogurtes ou refrigerantes para consumo imediato, sendo que estes produtos se encontram próximos uns dos outros, evitando percorrer longas distâncias).

d) Arranjo físico em linha (por produto): conhecido como linear ou linha de produção, envolve localizar os recursos produtivos transformadores segundo a melhor conveniência do recurso que está sendo transformado, com vantagens de ter uma produção em massa com grande produtividade e de ter controle de produtividade mais fácil (ex: restaurante self-service – quase sempre a sequência de serviços solicitados pelo cliente como entrada, prato principal, bebida e sobremesa é comum para todos os clientes, sendo que o arranjo físico também auxilia a manter controle sobre o fluxo de clientes.

2.6. INFORMAÇÕES FISCAIS E TRIBUTÁRIAS

Para obter resultados concretos, é preciso, antes de abrir qualquer empresa, incluir custos, despesas e encargos. Como informa Martins (2014), o segmento de uma “Fábrica de Derivados de Mandioca”, entendido pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNAE/IBGE 1063-5/00 como a atividade de fabricação de derivados de mandioca, poderá optar pelo SIMPLES Nacional, Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas (ME) e pelas Empresas de Pequeno Porte (EPP), instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, desde que a receita bruta anual de sua atividade não ultrapasse determinados valores previstos em lei. Os valores atualizados para 2018 são apresentados na Tabela 2.

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Tabela 2. Demonstrações para as alíquotas do Simples Nacional.

Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor

recolhido Até R$ 180.000,00 4,5% 0 De 180.000,01 a 360.000,00 7,8% R$ 5.940,00 De 360.000,01 a 720.000,00 10% R$ 13.860,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 11,2% R$ 22.500,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,7% R$ 85.500,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30% R$ 720.000,00

Fonte: SIMPLES Nacional 2018.

Assim, o empreendedor pode recolher os seguintes tributos e contribuições, somente por um documento fiscal, o DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional) que é gerado no Portal do SIMPLES Nacional:

• IRPJ (Imposto de renda da pessoa jurídica); • CSLL (Contribuição social sobre o lucro); • PIS (Programa de integração social);

• COFINS (Contribuição para o financiamento da seguridade social); • ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços); • INSS (Contribuição para a Seguridade Social à parte patronal); • ISS (Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza);

• CPP (Contribuição Patronal Previdenciário).

Além dos percentuais previstos na Tabela 2, o empreendedor recolherá também os seguintes percentuais:

• Retém do empregado 8% de INSS sobre a remuneração;

• Desembolsa 3% de INSS patronal sobre a remuneração do empregado.

2.7. ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA

Investir em um projeto novo sempre traz para o empreendedor um risco considerável, sendo que é impossível saber com plena certeza se o investimento irá dar certo. Neste

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trabalho, são apresentadas as bases teóricas fundamentais à compreensão deste projeto com abordagem das análises de viabilidades financeiras e outros aspectos importantes.

A análise de viabilidade financeira faz comparação com os retornos que poderão ser obtidos com os investimentos demandados, a fim de tomar a decisão sobre o investimento. Sendo assim, ela tem uma grande importância devido à medição precisa quanto ao retorno do investimento. Com isso, o investidor consegue eliminar projetos que não gerem benefícios, investindo e direcionando seu esforço e dinheiro para projetos mais promissores, principalmente quando for necessário decidir entre dois ou mais projetos e tiver capital para investir em apenas um. Portanto, o projeto de investimento tem como objetivo identificar e analisar as consequências mais relevantes quanto à decisão de investimentos financeiros variando de um projeto para outro.

A decisão de se fazer investimento de capital é parte de um processo que envolve a geração e a avaliação das diversas alternativas que atendam às especificações técnicas dos investimentos. Após relacionadas as alternativas viáveis tecnicamente é que se analisam quais delas são atrativas financeiramente. É nessa última parte que os indicadores gerados auxiliarão o processo decisório (SOUZA e CLEMENTE, 2009, p.66).

Quando é avaliada a possibilidade de realizar um investimento, são vários os fatores que influenciam a decisão do investidor: se há recursos suficientes para o investimento, se há necessidade de investir, se pode melhor a operação, se o tempo de retorno deste investimento é favorável, qual é o custo de oportunidade, entre outras variáveis que possuem fundamento importante para uma adequada análise do investimento.

“... desenvolver e manter um conjunto coerente de estratégias empresariais, de objetivos de investimento, de metas operacionais e de políticas financeiras que se reforcem uns aos outros, ao invés de gerar conflitos entre si. Eles devem ser escolhidos por análise consciente e cuidadosa das várias compensações econômicas envolvidas, individualmente e em conjunto” (Helfert, 2000, p. 29).

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2.8. DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)

Segundo Rasoto (2012), o DRE reflete o resultado consequente das operações da empresa, podendo esse resultado ser lucro ou prejuízo. Sendo o resultado apurado ao longo de determinado período, o DRE é considerado uma demonstração dinâmica tratando da acumulação de valores de receitas, custos e despesas de certo período.

Para Motta (2009), o Balanço Patrimonial junto com o DRE apresenta um bom retrato da organização do ponto de vista financeiro. Ainda segundo este autor, as variações modificativas do balanço de despesas e de receitas são os negócios comerciais mais expressivos, dado que atingem diretamente o Patrimônio Líquido (PL). Assim, a contabilidade criou o DRE com o intuito específico de apresentar a formação dos lucros das organizações.

O DRE, conforme o Quadro 1, reflete o resultado consequente das operações da empresa, podendo esse resultado ser lucro ou prejuízo.

Quadro 1. Demonstrativo de Resultados de Exercício.

Receita ( - ) Impostos Receita Líquida ( - ) Custos Fixos ( - ) Custos Variáveis Lucro Bruto ( - ) Despesas Lucro antes IR ( - ) IRPJ Lucro Líquido

Fonte: Gestão Financeira - Enfoque em Inovação (2012).

Geralmente são apresentados dois anos consecutivos, em que também é avaliado como as contas se comportaram de um período para o outro. O principal objetivo de elaborar um DRE é representar a formação do ganho gerado no exercício diante da receita, dos custos e despesas até o resultado final, podendo ser lucro ou prejuízo.

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2.8.1. Fluxos de Caixa

Segundo Souza e Clemente (2006), o Fluxo de Caixa tem a representação feita pelas entradas e saídas de dinheiro, através do caixa ao longo do tempo. Dessa forma, Fluxo de Caixa é a base utilizada para avaliar uma empresa. De acordo com Motta e Calôba (2006), as informações relevantes para o Fluxo de Caixa são: investimentos, custos diretos e indiretos, capital de giro, resultados de entrada e de saída. Para Braga (1995), os fluxos de caixa podem ter uma avaliação por técnicas simples (prazo de retorno) ou serem avaliados por técnicas mais aprimoradas, as quais consideram o valor do dinheiro no tempo (Valor Atual Líquido e TIR).

2.8.2. Custos

Para Rebelatto (2004), a definição dos custos não é uma tarefa fácil, embora seja uma imprecisão ignorá-los ou defini-los sem critérios, porque através da sua avaliação é possível empregar melhor os recursos envolvidos no projeto, com diminuição de saídas e criação de caixa.

2.8.3. Receita

Segundo Rebelatto (2004, p.135), a receita corresponde aos fluxos de recursos financeiros recebidos, diretamente ou indiretamente, devido sua operação. A conclusão é de que a receita é a geração de caixa através da venda dos produtos da operação.A informação de custo é normalmente utilizada de forma extensa no processo de tomada de decisão rotineira das organizações, para retirar dúvidas do valor de determinados produtos ou serviços. Isto é chamado de objeto de custo, sendo qualquer coisa para o qual se deseja uma avaliação do custo. No Quadro 2 estão apresentados alguns exemplos de diferentes tipos de objetos de custos.

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Quadro 2. Exemplos de objetos de custos. OBJETO DE

CUSTO

ILUSTRAÇÃO

Bens Uma mesa, um carro, uma casa, um computador, um congelador.

Serviços Um voo de Minas Gerais a Brasília, um procedimento médico, um reparo de um veículo.

Atividade O processamento da folha de pagamento, um teste de qualidade, preparação de máquina para produção, a emissão de um lançamento.

Processo Um atendimento do pedido de um cliente, contratação de um serviço. Departamento O Departamento Contábil de uma empresa, o Departamento de Vendas, o

Departamento de Acabamento da fábrica.

2.8.4. Custos Fixos e Variáveis

Estes indicadores são necessários para calcular o ponto de equilíbrio e a margem de contribuição. Dessa maneira, os custos podem ser classificados em relação ao seu comportamento em decorrência do aumento ou da redução do nível de atividade. Para fazer a verificação dessas diferenças, classifica-os em variáveis ou fixos. Segundo, Bruni e Famá (2002), os custos fixos em determinado período de tempo e em certa capacidade instalada não diferenciam até que o volume de atividade da organização se modifique, ou que não haja produção. O custo fixo proposto é composto pelas despesas gerais, mão de obra, despesas financeiras e a depreciação.

Já o custo variável proposto é formado pelos custos das mercadorias vendidas (CMV), comissão e impostos sobre as vendas. Segundo Batalha (2007), os custos variáveis podem ser definidos como custos diretamente relacionados com a quantidade produzida. Quando não se produz nada, o custo é nulo e aumentará conforme aumentar a produção; como por exemplo mão de obra, consumo de lenha, energia elétrica e custo operacional de armazenagem.

2.8.5. Depreciação

A maior parte dos Ativos Imobilizados, com exceção feita praticamente a terrenos e obras de arte, tem vida útil limitada, isto é, será útil à empresa por um conjunto de períodos finitos, também chamados Períodos Contábeis. O processo contábil para essa conversão gradativa do ativo imobilizado em despesa chama-se Depreciação. Um caso clássico é a

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depreciação que é subtraída no fluxo econômico (DRE) por se tratar de um consumo de ativo – reduz o benefício do ativo imobilizado pelo uso, desgaste, perda de eficiência, defasagem tecnológica com o passar do tempo –, mas não é deduzida no fluxo financeiro, pois não se trata de um desembolso ou saída de dinheiro do caixa.

2.8.6. Valor Presente Líquido (VPL)

Segundo Hirschfeld (2010), o método do Valor Atual Líquido, também conhecido por Valor Presente Líquido (VPL), traz todos os valores de custos e receitas do fluxo de caixa ao período inicial à Taxa Mínima de Atratividade (TMA) definida. Se o valor for positivo, a proposta é atrativa.

Para Souza e Clemente (2009), o valor presente é a concentração de todos os valores esperados de um fluxo de caixa na data zero. Os autores afirmam que o VPL é a técnica vigorosa de análise de investimento mais conhecida e mais utilizada.

Segundo Gitman (1992), a contabilização do VPL é simples e o trabalho maior é a obtenção das informações. Para ser calculado o VPL, é necessário obter o custo, o retorno esperado em um determinado tempo e o custo de capital.

Por isso o valor presente dos fluxos de caixa deduzidos o valor inicial do investimento, conforme a fórmula:

Equação 1. Valor Presente Líquido.

2.8.7. Taxa Interna de Retorno (TIR)

Taxa Interna de Retorno é a taxa de desconto que iguala o Valor Presente dos Fluxos de investimento inicial. Segundo Brito (2003), o TIR é o melhor indicador que compara o investimento dentro de um mesmo ramo de negócio, já o VP é o melhor indicador para a comparação de projetos diferentes.

Para obtenção do resultado do TIR (Taxa Interna do Retorno), Schubert (1989, p. 50) destaca que o procedimento será encontrar a taxa de retorno, que fará com que o valor

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presente de caixa líquido esperado ou projetado do projeto, se iguale ao valor presente dos desembolsos de caixa aplicados no projeto.

O indicador obtido com o cálculo da TIR tem o objetivo de analisar a escolha de risco e retorno. Segundo Brito (2003), para todo investimento existe uma taxa mínima e uma taxa média para que o investimento retorne, e só ocorre isso quando o Valor Presente é igual a zero.

Equação 2. Taxa de Retorno (TIR).

O risco financeiro do projeto é medido pelo indicador TMA/TIR. Sua importância consiste na proximidade entre as duas variáveis e, sendo assim, a TIR como medida de risco necessita ser redefinida. Nesse caso, ela pode ser definida como a taxa que estabelece o limite superior para a variabilidade da TMA, isto é, a diferença entre a TIR e a TMA coloca em vigor o ponto de ruptura para a variabilidade máxima de acréscimo permitida sobre a TMA para recomendar a aceitação do projeto. Lembrando que uma variação acima desse limite representa o ponto a partir do qual o projeto torna-se inviável financeiramente.

2.8.8. Payback

Para Gitman (2010), os períodos de Payback são normalmente usados para avaliar propostas de investimento de capital. O período de Payback é o tempo necessário para que a empresa recupere o investimento inicial em um projeto. No caso de uma anuidade, pode ser encontrado dividindo-se o investimento inicial pela entrada de caixa anual.

Período de Payback = Investimento / Fluxo de caixa depois do imposto de renda Exemplo: Pbk = R$ 20.000,00 / R$ 3.000,00 = 6,67 anos

Segundo Schubert (1989), deve ser utilizado o Payback como parâmetro, sendo que ele faz a medição em quanto tempo o dinheiro investido retornará, com base na geração de

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caixa. Para Brito (2003), o Payback apresenta-se de maneiras diferentes para cada tipo de organização, calculado no fluxo de caixa de vida útil de dez anos.

Schubert (1989) destaca que uma das vantagens desse método é que ele reflete a liquidez do projeto, por isso há o risco de não recuperar o investimento. Faz-se ainda um complemento de que quanto mais líquido o investimento, presume-se que menos será arriscado e vice-versa.

Schubert (1989) destaca que uma das vantagens desse método é que ele reflete a liquidez do projeto e, portanto, há o risco de não recuperar o investimento. Complementa ainda que quanto mais líquido o investimento, supõe-se que menos risco haverá e vice-versa. Por ser um indicador de cálculo fácil, pequenas empresas o utilizam por ser intuitivo e por demonstrar o período necessário para que o investimento seja retornado.

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3. METODOLOGIA

O presente projeto trata-se de uma pesquisa de natureza quantitativa, exploratória e descritiva. Para isso, buscou-se informações de várias instituições que tenham vínculos com os produtores de mandioca da região de Almenara-MG, além de orçamentos realizados a fim de demonstrar valores de maquinários, de equipamentos e de construção da fábrica, o que traz segurança para todo o processo de produção.

Com relação ao objetivo da pesquisa, ela é classificada como exploratória, pois de acordo com Gil:

Tem como propósito oferecer maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fato ou fenômeno estudado. (GIL, 2010, p.27).

A abordagem quantitativa também foi utilizada, tendo em vista que, a pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis (FONSECA, 2002). Este ainda esclarece que a utilização conjunta de pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente.

O presente estudo é uma construção acadêmica que para o levantamento e coleta de dados teve como procedimento a pesquisa bibliográfica com a utilização de dados secundários. Segundo Marconi e Lakatos (2003), a pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses e material cartográfico. Qualquer trabalho inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto (FONSECA, 2002, p.32).

A Análise de Viabilidade Financeira de Construção de uma Fábrica de Derivados de Mandioca na Região Almenara-MG traz dados, custos, valores aplicados aos produtos e outros aspectos importantes para que o projeto seja efetivado, como custos do investimento da compra do imóvel e construção civil, custos de maquinários e de equipamentos, despesas diversas, qualidade e importância dos produtos antes e depois do beneficiamento. Ademais, são agregadas informações ao empreendedor sobre o quanto os valores investidos e os indicadores são viáveis para a instalação da fábrica.

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Por outro lado, ressalta-se a procura de parcerias com outras entidades a fim de engrandecer a cultura do cultivo da mandioca de forma artesanal, que representa a maior parte da produção de derivados na região, como mostra a Figura 7. Com isso, surge a necessidade de incentivo por meio de cursos, orientações e eventos, os quais ofereçam aos produtores suporte para aumentar e melhorar a produção da raiz, proporcionando maior renda familiar e maior oferta do produto.

Figura 7. Extração artesanal de farinha e fécula de mandioca.

3.1. ESTRUTURA DA CASA DE FARINHA DE MANDIOCA

Como este projeto não é inovador, ele existe em várias regiões brasileira com apoio da EMBRAPA e do SEBRAE, os quais fornecem informações que vão desde os primeiros passos necessários para a implantação de uma fábrica de farinha e derivados de mandioca até o final do processo de produção.

O espaço da fábrica deve ser suficiente para a instalação de equipamentos, a estocagem de matéria-prima e produtos acabados, como também para obtenção dos fluxos de operações adequados. As raízes não devem ter o armazenamento acima de 24 horas após a sua colheita para evitar escurecimento que comprometa na qualidade dos derivados produzidos (BEZERRA, 2011 e ASSAD, 2014).

A fábrica de derivados de mandioca deve ser construída de modo que a área interna, onde acontece o processo final de fabricação dos produtos – chamada “área limpa”, seja

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separada da área onde inicia todo o processo, em que a raiz é recebida, lavada e descascada – chamada “área suja”. É necessário que se faça essa divisão da fábrica para que não aconteça contaminação cruzada, ou seja, os derivados produzidos não sejam contaminados por sujeiras que a raiz de mandioca ainda possua. Além disso, não deve ser permitida a presença de cachorros, gatos ou qualquer animal dentro da fábrica, a fim de se evitar pêlos, penas e outras contaminações que desqualifiquem os produtos.

Já a direção do fluxo de ar não pode ser de uma área contaminada ou “suja” para uma área “limpa”. Também é indispensável que as áreas de produção e fluxo de pessoas envolvidas na fábrica tenham lavatórios com sabão sanitizante para mãos, papel-toalha e recipiente de lixo com tampa. Estas áreas de fabricação devem ser separadas das áreas de refeitório, vestiário, descanso e lavanderia. Quanto ao piso externo da fábrica, orienta-se ser coberto por grama e que o prédio seja contornando com calçada em torno de 1 metro de largura com declive de 1%. Geralmente as casas de farinha e derivados construídas por pequenos produtores da região são de madeira e sem parede, como mostra a Figura 8.

Figura 8. Casa de farinha de madeira e sem paredes.

A fábrica de derivados deve ter no mínimo uma parede na altura de 1 metro e a outra parte completada até o teto com telado de um material resistente e seguro que evite a entrada de animais. O piso deve conter cerâmica ou cimento queimado que facilitem a limpeza.Para

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certa quantidade de funcionários, é necessário que se instale um ou mais sanitários, os quais deverão possuir pias para higienização das mãos imediatamente após seu uso, além de estarem a uma distância mínima de vinte metros do poço de água a fim de que seja evitado qualquer tipo de contaminação.

3.1.1. Das condições de trabalho

Os funcionários devem trabalhar com roupa clara, acompanhada de avental de plástico resistente, já que estão em contato com temperaturas altas. Também são imprescindíveis os equipamentos individuais como touca, máscara, luvas e botas de borracha. Além disso, as

roupas devem estar em bons estados de higiene, trocando-as regularmente. Caso algum

funcionário da produção esteja doente, suspende-se seu trabalho até a melhora. No mais, devem-se evitar alguns hábitos anti-higiênicos, como coçar o corpo, falar ou tossir, colocar os dedos na boca, no nariz ou na orelha, assuar o nariz, cuspir no chão, mascar chicletes ou palitos, pentear-se, fumar, provar da farinha, pegar em dinheiro ou usar materiais não higienizados na área da produção, principalmente na torra e na embalagem dos produtos.

3.1.2. Etapas da produção da farinha de mandioca

Para todo processo de produção existem etapas, como mostra o fluxograma de produção de farinha e fécula na Figura 9.

Figura 9. Fluxograma de produção da farinha de mandioca.

Fonte: Martins (2014).

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O processo de produção da farinha se inicia com a colheita das raízes da mandioca, que devem ter de 16 a 20 meses de idade para a fabricação de farinha e do polvilho, sendo que os meses de abril e de agosto apresentam o máximo de rendimento (Martins, 2014). O início do processamento deve ser logo após a colheita ou no máximo em 24 horas porque após esse período inicia-se o processo de fermentação das raízes. Neste momento elas escurecem e podem influenciar o produto final, inferiorizando a sua qualidade. Após a colheita, deve-se redobrar o cuidado com o manuseio das raízes com a finalidade de evitar atritos e esfolamentos, pois isso pode acelerar o processo de fermentação.

O armazenamento das raízes deve ser feito com grande cuidado e atenção, assim como o manuseio. Dessa forma, todo o processo de colheita e utilização da matéria-prima acontecerá no mesmo dia. Em uma parte da unidade industrial, as raízes podem ter um armazenamento fora dos sacos, diretamente no chão impermeável e limpo ou sobre um estrado próximo das máquinas de lavagem.

Após a colheita e armazenamento adequado, deve-se lavar as raízes para eliminar a terra aderida a sua casca, evitando assim a presença de impurezas que tragam prejuízos à qualidade do produto final. No descascamento são eliminadas as fibras presentes nas cascas, as substâncias tânicas, que escurecem a farinha, e parte do ácido cianídrico, que se concentra em maior proporção nas entrecascas. Este processo pode ser manual, utilizando-se facas afiadas ou raspador, ou mecânico, por meio de descascador cilíndrico ou em forma de parafuso.

Depois desta etapa, as raízes devem ser novamente lavadas em água limpa e potável para retirada de todas as impurezas agregadas durante o processo. A água para a higienização da fábrica, dos equipamentos, de utensílios, das mãos e de toda produção deve ter uma boa qualidade, ser límpida, sem cheiro, transparente e livre de qualquer contaminação. Desse modo, a água retirada de poços nem sempre é de boa qualidade, sendo necessário ser clorada com o hipoclorito de sódio.

Após a lavagem, ocorre a rala da mandioca, processo feito para que as células das raízes sejam rompidas, liberando os grânulos de amido e permitindo a homogeneização da farinha. A ralação pode ser feita tanto manual quanto com a ajuda de um ralador elétrico. Neste caso, deve-se ter sempre o tambor bem regulado para que a massa contenha partículas uniformes e íntegras.

Dando continuidade ao processo de produção da farinha, chegamos à fase de

prensagem da massa ralada. Isso deve acontecer logo após a ralação para impedir a fermentação e o escurecimento da farinha, economizando tempo e combustível durante a

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operação de torração, o que também evita a formação de goma e de grumos da massa (grolagem). A água que resulta da prensagem da massa ralada é chamada de “manipueira” e é muito tóxica e poluente. Segundo Assad (2014), uma tonelada de mandioca produz cerca de 300 litros de “manipueira”, necessitando-se de um tratamento adequado para que seja evitada a contaminação de rios e ou de terrenos próximos à fábrica.

Ao sair da prensa, a massa ralada está compactada, sendo importante que o bloco de massa seja esfarelado antes de seguir para operação de grolagem, o que facilita a peneiração. O processo de esfarelamento pode ser feito através do próprio esfarelador ou de forma manual. Após peneirar a massa, restam as frações grosseiras, conhecidas como “crueira crua”, que pode ser utilizada na alimentação animal. O crivo ou malha da peneira determinará a granulometria da farinha.

Esta fase é essencial para dar o sabor e a granulação característicos da farinha, como também para retirar grande parte do veneno da mandioca (ácido cianídrico), que é tóxico para os homens, e que ainda possa estar presente na massa. Em média, a temperatura alcançada no forno de grolar é de 90º C, sendo a massa movimentada por 30 minutos em média (BEZERRA, 2011).

Depois do processo de esfarelamento/peneiração, a massa é colocada em bateladas. Já o forno deve estar com a temperatura média de 160º C para que a massa seja torrada, com movimentação ininterrupta do início ao fim do processo e auxílio de pás de madeira ou elétrica, durante 45 a 60 minutos. Não se pode utilizar madeira que produza fumaça com cheiro na queima no forno para não comprometer a qualidade do produto.

A farinha já torrada deve ser resfriada para que haja a completa secagem da massa. Na farinha que não é resfriada completamente, pode aparecer mofos e bolores, assim como alguns grãos de farinha que se juntam formando torrões que comprometem a sua qualidade (BEZERRA, 2011).

É feito um novo peneiramento para separação das farinhas finas, médias e grossas. Esse processo utiliza-se a peneira com crivo que permita a obtenção da farinha com a granulometria desejada a fim de que se atenda as exigências do mercado. Já o empacotamento é feito em sacos de 50 kg, que serão vendidos ao atacado, e de 1 kg, destinados ao varejo, sendo estes de material plástico.

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A farinha deve ser armazenada em local seco e ventilado, exclusivo para essa finalidade. Os sacos devem estar colocados sobre estrados ou grades e empilhados com espaço entre as embalagens. A área de armazenagem deve ter pisos e paredes laváveis, teto de laje ou PVC e cobertura com telha. Deve ser feito um combate constante a insetos e roedores e ainda um giro dos estoques, usando-se primeiro o produto mais antigo. (MARTINS, 2014).

3.2. OUTRAS EXIGÊNCIAS

Nem sempre ocorrem cuidados higiênicos no processamento da farinha de mandioca e derivados, o que compromete a qualidade e o valor comercial dos produtos, além de representar riscos ao consumidor. O projeto de uma fábrica de derivados de mandioca, com um planejamento desde a escolha da matéria-prima até o acondicionamento da farinha e seus derivados produzidos, pretende produzir e ofertar um produto de boa qualidade e seguro ao consumidor.

Para que esses produtos cheguem à mesa do consumidor não oferecendo perigos à sua saúde, deve haver uma preocupação por parte do produtor quanto às Boas Práticas de Fabricação (BPFs). As BPFs regulamentam normas, que vão desde as instalações industriais, passando por regras de higiene pessoal, limpeza e conservação do local de trabalho, até o processamento do produto. O seguimento dessas práticas traz ao fabricante benefícios como melhor qualidade e aumento do tempo de validade do produto, além de proporcionar outros ganhos monetários com um maior rendimento da produção.

Em outra análise, a empresa precisa cumprir normas para executar suas atividades, ou estará sujeita a receber multas ou mesmo ser fechada pela fiscalização e vigilância. Para abertura da fábrica, é necessário solicitar o registro do negócio na Associação Comercial da cidade e na Junta Comercial Estadual. Além disso, cumpre requerer o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) na Receita Federal e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na Secretária Estadual da Fazenda. Após estes processos, é preciso solicitar na Prefeitura Municipal o Alvará de Funcionamento, Imposto Sobre Serviços (ISS), Enquadramento na Entidade Sindical Patronal, Licença de Bombeiro, Licença Ambiental e por fim a Licença da Vigilância Sanitária.

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4. RESULTADOS

4.1. ESTRUTURA FÍSICA DA FÁBRICA

Um aspecto importante para a construção dessa fábrica de derivados de mandioca é que tenha duas áreas: área “suja”, que receberá as raízes de mandioca antes do processo de limpeza, e a área “limpa”, que fará todo o manejo de produção até chegar ao empacotamento e armazenamento. A fábrica também terá um fluxo de serviço, que facilitará todo o manejo dos maquinários e todas as etapas de produção.

Para este projeto, será utilizado um terreno no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), de boa localização e que facilite todo processo da fábrica. Quanto à construção civil, a planilha orçamentária foi fornecida pela a Empresa Santa Cruz Indústria e Comércio (Tabela 3) que segue abaixo.

Tabela 3. Orçamento para construção da fábrica.

DESCRIÇÃO DO ÍTEM VALOR (R$)

Despesas com licenciamento 3.300,00 Serviços preliminares 14.331,58 Infraestrutura e fundação 12.329,80 Superestrutura 1.227,84 Elevação 8.424,71 Cobertura 16.638,72 Revestimento de parede 10.614,08 Pavimentação 10.125,83 Esquadria 5.227,11 Instalações elétricas 8.590,84 Instalações hidráulicas 10.018,20 Aparelhos e metais sanitários 1.685,21

Pintura 2.621,35

Diversos 10.922,65

Administração (engenheiro de obras...) 33.542,08

TOTAL GERAL 149.600,00

Fonte: Santa Cruz Indústria e Comércio

Por meio da planta representada na Figura 10, é possível verificar o fluxo de produção, a área de recepção da matéria-prima (mandioca) – chamada de área “suja” – e a área de

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produção – chamada de área “limpa” –, além da localização para cada maquinário e outras utilidades necessárias para o funcionamento da fábrica.

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Figura 10. Desenho esquemático da planta baixa da fábrica de farinha e fécula de mandioca.

Fonte: Zoldan (2006).

Os principais responsáveis pela produção e desenvolvimento da empresa são seus funcionários, por isso é necessário montar uma equipe para trabalhar na fábrica com quantidade, função e valor salarial ideais, conforme mostra a Tabela 4.

Tabela 4. Relação de Funcionários/Salários/Encargos.

Função Quantidade Salários

(R$) Encargos (R$) Subtotal Mensal (R$) Subtotal Anual (R$) Produção 06 1.000,00 1.000,00 12.000,00 144.000,00 Administrati vo 01 1.000,00 1.000,00 2.000,00 24.000,00 Vendas 01 1.000,00 1.000,00 2.000,00 24.000,00 Limpeza 01 1.000,00 1.000,00 2.000,00 24.000,00 Motorista 01 1.000,00 1.000,00 2.000,00 24.000,00 Total: 240.000,00

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Na Tabela 5 é possível verificar um orçamento para aquisição de maquinários necessários ao beneficiamento da mandioca com a capacidade de produzir 1.500 a 2.000 kg/dia de produto final a partir de cinco toneladas de raízes processadas.

Tabela 5. Orçamento de Equipamentos de Produção de Farinha e Fécula de mandioca.

QTD DISCRIMINAÇÃO UNID (R$) TOTAL (R$)

01 Forno mecanizado para torragem de farinha 8.500,00 8.500,00 01 Ralador e triturador de mandioca elétrico 7.300,00 7.300,00 01 Peneira elétrica em ferro de 1,52 mm 2.830,00 2.830,00

01 Prensa hidráulica 14.000,00 14.000,00

01 Triturador/esfarelador e desmembrador de massa prensada de farinha de mandioca

6.540,00 6.540,00

05 Cocho para armazenagem de massa ou farinha 820,00 4.100,00

01 Desintegrador (moinho) 4.900,00 4.900,00

01 Lavador e descascador de mandioca 8.745,00 8.745,00 01 Balança com base e plataforma de ferro 765,00 765,00 01 Centrífuga e extratora de tapioca 8.050,00 8.050,00 01 Conjunto de magote e registro para saída e entrada de

líquido

550,00 550,00

04 Caixa d’água de 500 L (processo de decantação de fécula) 380,00 1.520,00 04 Caixa inox para peneirar a fécula 270,00 1.080,00 04 Caixa inox para lavagem da fécula 220,00 880,00 01 Conjunto semiautomático para empacotamento de farinha e

fécula

36.000,00 36.000,00

VALOR TOTAL DESTE ORÇAMENTO 105.760,00

Fonte: Santa Cruz Indústria e Comércio (2019).

Dentro dos custos fixos foram inclusos dois veículos, um para o transporte da matéria-prima (mandioca) até o local de processamento (fábrica) e para entrega de produtos beneficiados (farinha, fécula e outros) em grande quantidade, já o outro para entrega de pequena quantidade e locomoção de funcionários, conforme a Tabela 6.

Tabela 6. Relação de veículos e valores.

VEICULO CARGA(kg) VALOR(R$)

Caminhão-baú 5.000 35.000,00

(44)

4.2. ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA

Para analisar a viabilidade financeira da fábrica descrita na Seção 4.1, considerou-se três simulações: a primeira analisou a carga máxima de produção de mandioca, a segunda analisou 50% de produção e a terceira 28,57%. Para avaliar os resultados, utilizou-se os dados do VPL por um período de dez anos, o TIR e o Prazo de Retorno (Payback), que é o investimento divido pelo fluxo de caixa depois dos impostos.

Na primeira simulação, obteve-se 6.000 kg/dia com 22 dias de produção/mês, que totalizam 1.584.000 kg/ano.Será pago ao produtor o valor de R$ 0,60 (sessenta centavos) o quilo de mandioca, retirada na sua propriedade, o que gera um valor total de R$ 950.400,00 (novecentos e cinquenta mil e quatrocentos reais) ao ano. A partir de 1584.000 Kg de mandioca serão produzidos 30% de farinha e 15% de fécula, que terão as seguintes quantidades e valores de venda, conforme a Tabela 7.

Tabela 7. Produção Máxima da Fábrica (1.584.000 kg de mandioca).

Descrição Quantidade % Valor unit. (R$) Valor total (R$)

Farinha 50 kg 7.128 25 90,00 641.520,00

Farinha 01 kg 118.800 75 3,49 414.612,00

Fécula 01 kg 178.200 75 5,49 978.318,00

Fécula 05 kg 11.880 25 27,65 328.482,00

Receita Bruta 2.362.932,00

Para o investimento incluso – terreno, construção, equipamentos de produção e veículos no valor de R$ 370.360,00 –, a simulação com carga máxima de produção mostra os resultados conforme as Tabela 8 e 9: 7.128 sacas de farinha de 50 kg, 118.800 pacotes de farinha de 1 kg, 11.880 pacotes de fécula de 5 kg e 178.00 pacotes de fécula de 1 kg com a receita bruta/ano no valor de R$ 2.3623932,00. Essa receita teve como base 20 exercícios, período de trabalho informado pelo o fornecedor dos equipamentos, os quais estarão suscetíveis a pequenas manutenções. Depois de deduzidos custos e despesas, obteve-se o valor líquido de R$ 831.605,00, em que o VPL foi de R$ 4.018.836,32, o TIR de 277,60% e o TMA de 15%. Nessa simulação, o Prazo de Retorno (Payback), conforme o cálculo (R$ 310.760,00/ R$831.605,00 = 4,48), foi em menos de cinco meses, considerando 22 dias de trabalho por mês.

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Tabela 8. Simulação com Carga Máxima de Produção. Dados

Produção de Farinha 50kg (75% da produção) 7128 unidade Produção de Farinha 1kg (25% da produção) 118800 unidade Produção de Polvilho 5kg (25% da produção) 11880 unidade Produção de Polvilho 1kg (75% da produção) 178200 unidade

MOD/mês $10.000,00 $/Mês

CF/mês= $4.000,00 $/Mês

Raiz 1.584.000,00 kg/ano

Custo da Raiz (R$/ton) $0,60 R$/kg

Preço da Farinha 50kg $90,000 R$/unidade

Preço da Farinha 1kg $3,490 R$/unidade

Preço do Polvilho 5kg $27,650 R$/unidade

Preço do Polvilho 1kg $5,490 R$/unidade

Rendimento Farinha (1ton.raiz) 30% %

Rendimento Polvilho (1ton.raiz) 15% %

Investimento= $310.760,00

Receita= $2.362.932,00

Custos Fixos e Indiretos= $288.000,00

Custos variáveis= $950.400,00

Outros Dados

Taxa de depreciação 10% por ano

Taxa SIMPES NACIONAL 14,7%

Dedução SIMPLES NACIONAL R$ 85.500,00

TMA= 0% ao ano

Tabela 9. DRE – Primeira Simulação.

Ano 0 1

Receita Bruta de Vendas 2.362.932,00 - Impostos Proporcionais 261.851,00 Receita Líquida de Vendas 2.101.081,00

- Custos Fixos 288.000,00

- Custos Variáveis 950.400,00

Lucro Bruto 862.681,00

- Depreciação 31.076,00

Lucro Antes Juros e Imp. (EBIT) 831.605,00

Lucro Antes Tributos 831.605,00

(46)

Para o segundo cenário com produção de 50% da capacidade da fábrica, mantendo o valor de investimento e os custos fixos, o VPL foi de R$ 1.237.238,07 e o TIR de 99,15%, como é visto nas Tabelas 11 e 12. Com a produção já beneficiada e com as devidas quantidades mostradas na Tabela 10, o Prazo de Retorno (Payback), conforme o cálculo (R$ 310.760,00/ R$ 277.365,81 = 1,12), foi dentro de dois anos, considerando 22 dias de trabalho por mês.

Tabela 10. Produção de 50% da Capacidade Produtiva (792.000 kg de mandioca).

Descrição Quantidade % Valor unit. (R$) Valor total (R$)

Farinha 50 kg 3.564 25 90,00 320.760,00

Farinha 01 kg 59.400 75 3,49 207.306,00

Fécula 01 kg 89.100 75 5,49 489.159,00

Fécula 05 kg 5.940 25 27,65 164.241,00

Receita Bruta 1.181.466,00

Tabela 11. Simulação com 50% de Produção.

DADOS

Produção de Farinha 50kg (75% da produção) 3564 Unidade Produção de Farinha 1kg (25% da produção) 59400 Unidade Produção de Polvilho 5kg (25% da produção) 5940 Unidade Produção de Polvilho 1kg (75% da produção) 89100 Unidade

MOD/mês $10.000,00 $/Mês

CF/mês= $4.000,00 $/Mês

Raiz 792.000,00 kg/ano

Custo da Raiz (R$/ton) $0,60 R$/kg

Preço da Farinha 50kg $90,000

Preço da Farinha 1kg $3,490 R$/unidade

Preço do Polvilho 5kg $27,650 R$/unidade

+ Depreciação 31.076,00

- Investimentos 310.760,00

Fluxo de Caixa (310.760,00) 862.681,00 Taxa Mínima de Atratividade: 15%

Valor do Negócio= R$ 4.329.596,32

VPL= R$ 4.018.836,32

Referências

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