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ACÓRDÃO. - Somente sobre as parcelas com natureza remuneratória incide a contribuição previdenciária.

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Poder Judiciário

Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba Gabinete da Desa. Maria das Graças Morais Guedes

ACÓRDÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO NQ 200.2010.044.162-1/001

RELATORA: DESA. MARIA DAS GRAÇAS MORAIS GUEDES AGRAVANTE: PBPREV — Paraíba Previdência

ADVOGADOS: Euclides Dias de Sá Filho e outros AGRAVADO: Mário Ferreira Costa Júnior

ADVOGADO: José Ulisses de Lyra Júnior

AGRAVO DE INSTRUMENTO Suspensão da

contribuição previdenciária sobre o terço de férias, serviços extraordinários, gratificações e vantagens pessoais - Tutela antecipada deferida — Irresignação — Acolhimento de parte das razões — Existência de verba com caráter remuneratório - Não especificação de várias outras - Manutenção da suspensão apenas sobre o terço de férias — Provimento parcial.

- A antecipação de tutela em desfavor da Fazenda Pública pode ser concedida, desde que a situação não esteja inserida nas hipóteses do art. 1 9- da Lei n. 9.494/97, que estabelece que não será concedido o provimento liminar apenas quando importar em reclassificação ou equiparação de servidor público, concessão de aumento de vencimento ou extensão de vantagens, situações que não são a dos autos.

- Somente sobre as parcelas com natureza remuneratória incide a contribuição previdenciária.

_ "(...) Integram o conceito de remuneração, sujeitando-se, portanto, à contribuição previdenciária o adicional de horas extras, adicional noturno, salário-maternidade, adicionais de insalubridade e de periculosidade. Precedentes. 3. Agravo regimental não provido." (AgRg no AREsp 69.958/DF, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, Dje 20/06/2012)

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Deve ser reformada a decisão antecipatória de tutela tendente à suspender os descontos previdenciários sobre verbas não especificadas na inicial e na decisão fustigada, porquanto impossível se averiguar a natureza transitória, definitiva ou habitual de cada uma elas.

Vistos, relatados e discutidos os autos acima referenciados. Acorda a Quarta Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, em DAR PROVIMENTO PARCIAL AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.

Relatório

Trata-se de AGRAVO DE INSTRUMENTO com pedido de efeito suspensivo interposto pela PBPREV — Paraíba Previdência, contra decisão proferida pelo Juízo da 2-4 Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital, que, nos autos da Ação de Repetição do Indébito Previdenciário, ajuizada por Mário Ferreira Costa Júnior, concedeu antecipação de tutela, determinando que a insurreta suspendesse os descontos previdenciários incidentes sobre as verbas especificadas na inicial, quais sejam, terço de férias, serviços extraordinários, gratificações e vantagens pessoais.

Sustenta que a incidência é legal, porquanto as verbas integrariam o conceito de remuneração. Por fim, pugnou pela concessão de efeito suspensivo, sob o argumento de que a manutenção da decisão fustigada acarretará grave e irreparável lesão aos cofres públicos.

Conclusos os autos, deferi parcialmente o pedido de efeito suspensivo formulado, ordenando que a suspensão da incidência da contribuição previdenciária se limitasse ao terço de férias (fls. 44/47)

Contrarrazões não ofertadas.

Instada a se pronunciar, a douta Procuradoria de Justiça, em parecer (fls. 53/57), opinou pelo provimento parcial do agravo.

É o relatório.

Voto — Desa. Maria das Graças Morais Guedes:

.1 •

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De plano, destaco ser possível a antecipação de tutela no presente caso, pois a situação não está inserida nas hipóteses do art. 1 2 da Lei n. 9.494/97.

• "PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TRANSPORTE ESCOLAR GRATUITO. TUTELA ANTECIPADA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILIDADE. 1. O art. 2Q da Lei n. 8437/92, tido por violado, não foi apreciado pelo Tribunal a quo, padecendo do necessário prequestionamento. Incidência da Súmula n. 282 do STF, por analogia. 2. A antecipação de tutela em desfavor da Fazenda Pública pode ser concedida, desde que a situação não esteja inserida nas hipóteses do art. • 12 da Lei n. 9.494/97, que estabelece que não será concedido o provimento

liminar apenas quando importar em reclassificação ou equiparação de servidor público, concessão de aumento de vencimento ou extensão de vantagens, situações que não são a dos autos. Precedentes. 3. Agravo regimental não provido." (AgRg no Ag 1281355/ES, Rel. Ministro MAURO

CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/08/2010, Ene 28/09/2010).

Pois bem, nos termos do art. 273, do Código de Processo Civil, "O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I — haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II —fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu." (destaquei).

Como se vê, o juízo de verossimilhança sobre a existência do direito do autor tem como parâmetro legal a prova inequívoca dos fatos que o fundamentam, em um grau de cognição mais profundo do que o exigido para a concessão de qualquer cautelar. Enfim, é necessária a presença de uma forte probabilidade de que os fatos sejam verdadeiros e o requerente tenha razão.

Além disso, o dispositivo exige também o receio de dano irreparável, ou abuso do direito de defesa.

Dito isto, não se pode negar que a jurisprudência pátria sedimentou o entendimento de que não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias. Confira-se:

"A Primeira Seção, revendo posicionamento anterior, firmou entendimento pela não-incidência da Contribuição Previdenciária sobre o terço constitucional de férias, dada a natureza indenizatória dessa verba." (STJ AgRg no Ag

1212894/PR — Min. Herman Benjamin — T2 — 22/02/2010)

-5 c.

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"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE AS HORAS EXTRAS E O TERÇO DE FÉRIAS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. Esta Corte fixou entendimento no sentido que somente as parcelas incorporáveis ao salário

do servidor sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Agravo Regimental a que se nega provimento." (AI 727958 AgR, Relator(a): Min.

EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 16/12/2008, DJe-038 DIVULG 26-02-2009 PUBLIC 27-02-2009 EMENT VOL-02350-12 PP-02375).

Ao revés, integrando as horas extras o conceito de remuneração, segundo precedentes do STJ, creio que a incidência da contribuição previdenciária sobre seus valores deva permanecer.

"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OMISSÃO. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS, HORAS-EXTRAS E ADICIONAIS PERMANENTES.

1. Não se conhece de recurso especial por suposta violação do art. 535 do CPC se a parte não especifica o vicio que inquina o aresto recorrido, limitando-se a alegações genéricas de omissão no julgado, sob pena de tornar-se insuficiente a tutela jurisdicional.

2. Integram o conceito de remuneração, sujeitando-se, portanto, à contribuição previdenciária o adicional de horas-extras, adicional noturno, salário-maternidade, adicionais de insalubridade e de periculosidade. Precedentes.

3. Agravo regimental não provido." (AgRg no AREsp 69.958/DF, Rel.

Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/06/2012, DJe 20/06/2012) (destaquei)

Da mesma forma, no que tange às demais verbas, registre-se que tanto a inicial quanto a decisão agravada não as especificaram, limitando-se a pontificá-las, como qualquer gratificação ou vantagem pessoal, impedindo a averiguação da natureza de cada uma elas, ou seja, se possuem caráter transitório, definitivo ou habituais, fato que, por si só, impede o deferimento da tutela antecipada.

No mais, patente o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, na medida em que a manutenção dos descontos indevidos acarretará decréscimo na remuneração líquida da recorrida.

Diante do exposto, presentes os requisitos autorizadores da concessão da tutela antecipada apenas no que se refere ao terço de férias, DOU

PROVIMENTO PARCIAL AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, autorizando a manutenção dos descontos previdenciários sobre os serviços extraordinários e "demais gratificações e vantagens pessoais".

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É como voto.

Presidi a sessão ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba realizada no dia 11 de dezembro de 2012, conforme Certidão do julgamento de f. 61. Participaram do julgamento, alem desta relatora, os eminentes Juízes Convocados Drs. Wolfram da Cunha Ramos e Onaldo Rocha de Queiroga. Presente à sessão, a Exma. Dra. Marilene de Lima Campos de Carvalho, Procuradora de Justiça.

Gabinete no TJ/PB, em João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2012.

Desa. Maria das Graça's Morais Guedes Relatora

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TRIBUNAL

Diretoria Judiciá.tia Registrado e

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