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Coloração total e coloração total equilibrada de Famílias de Snarks

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Academic year: 2021

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IME-UFF

COLORA ¸C ˜AO TOTAL E COLORA ¸C ˜AO TOTAL EQUILIBRADA DE FAM´ILIAS DE SNARKS

Luana Cordeiro de Almeida

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Pro-grama de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica do Instituto de Matem´atica e Estat´ıstica da Uni-versidade Federal Fluminense, IME-UFF, co-mo parte dos requisitos necess´arios `a obten-¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.

Orientadoras: Simone Dantas de Souza Diana Sasaki Nobrega

Niter´oi Dezembro de 2017

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Cordeiro de Almeida, Luana

Colora¸c˜ao Total e Colora¸c˜ao Total Equilibrada de Fam´ılias de Snarks/Luana Cordeiro de Almeida. – Niter´oi: IME-UFF, 2017.

VIII, 67 p.: il.; 29, 7cm.

Orientadoras: Simone Dantas de Souza Diana Sasaki Nobrega

Disserta¸c˜ao de mestrado – Combinat´oria – Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica, IME-UFF, 2017.

Referˆencias Bibliogr´aficas: p. 64 – 67.

1. snarks. 2. colora¸c˜ao total. 3. dot product. 4. . I. Dantas de Souza, Simone et al.. II. Universidade Federal Fluminense, IME, Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica. III. T´ıtulo.

(3)
(4)

Agradecimentos

`

As minhas orientadoras, Simone Dantas e Diana Sasaki, que com competˆencia e compreens˜ao me guiaram nessa jornada, estimulando-me a crescer como cientista e como pessoa.

Aos membros da banca, professores Slobodan Tanushevski e Raphael Machado, por terem aceitado examinar esse trabalho e contribuir com suas cr´ıticas. Obrigada pela aten¸c˜ao.

A minha m˜ae Socorro, minha tia Cei¸ca e meu marido Jo˜ao, que estiveram ao meu lado em cada passo. Vocˆes s˜ao meu porto seguro.

`

Aqueles que me tocaram com seu exemplo, que me ensinaram sobre dedica¸c˜ao e curiosidade cient´ıfica mas tamb´em sobre coragem, rigorosidade e a necessidade da verdadeira compreens˜ao. Vocˆes s˜ao minha inspira¸c˜ao, Fernando J. O. Souza, Jo˜ao Paulo Costalonga, Daniele Sepe.

`

A Comunidade, aqueles de todos os cantos do mundo que respondem d´uvidas de estranhos, disponibilizam seus artigos, divulgam Ciˆencia. Sua ajuda foi inestim´avel.

Finalmente, aos amigos, que emprestam for¸cas, afastam os maus pensamentos, compartilham conhecimentos (e comida!). Eu n˜ao teria conseguido sem vocˆes, 404 e Priscila Carvalho. I get by with a little help from my friends.

(5)

Resumo da Disserta¸c˜ao apresentada ao IME-UFF como parte dos requisitos necess´arios para a obten¸c˜ao do grau de Mestre em Ciˆencias (M.Sc.)

COLORA ¸C ˜AO TOTAL E COLORA ¸C ˜AO TOTAL EQUILIBRADA DE FAM´ILIAS DE SNARKS

Luana Cordeiro de Almeida

Dezembro/2017

Orientadoras: Simone Dantas de Souza, Diana Sasaki Nobrega

Um grafo c´ubico ´e dito Tipo 1 se admite uma colora¸c˜ao total com 4 cores. Em caso contr´ario, ´e poss´ıvel encontrar uma colora¸c˜ao total desse grafo com 5 cores e ele ´e dito Tipo 2. Em 2003, Cavicchioli, Murgolo, Ruini e Spaggiari apresentaram um abrangente estudo sobre classes especiais de grafos e reportam que todos os snarks livres de quadrado e ciclicamente 4-aresta-conexos com at´e 30 v´ertices s˜ao Tipo 1. Esse achado os levou a propor o problema de achar o menor desses snarks Tipo 2.

Uma quest˜ao relacionada a essa ´e a de colora¸c˜ao total equilibrada, isto ´e, em que a diferen¸ca entre o n´umero de vezes que cada cor ´e usada ´e de, no m´aximo, 1. Grafos c´ubicos sempre admitem colora¸c˜oes totais equilibradas com 4 ou 5 cores mas esse problema de classifica¸c˜ao ´e NP-completo, como mostrado por Dantas et al. em 2016, e nesse mesmo artigo os autores propuseram o problema de encontrar um grafo c´ubico Tipo 1 com cintura maior que 4 e n´umero de colora¸c˜ao total equilibrada 5.

Procurando contribuir com essas investiga¸c˜oes, em nosso trabalho apresentamos colora¸c˜oes totais equilibradas utilizando 4 cores para a primeira fam´ılia de snarks de Loupekine e a estendemos para colora¸c˜oes totais equilibradas com 4 cores de produtos internos entre snarks dessa fam´ılia e das fam´ılias de Goldberg, Flor e para colora¸c˜oes totais de produtos entre snarks de Loupekine e de Blanuˇsa. Tamb´em utilizamos o produto interno para obter uma nova fam´ılia infinita de snarks Tipo 2. Palavras-Chave: Grafos, Snarks, Colora¸c˜ao Total, Colora¸c˜ao Total Equili-brada.

(6)

Abstract of Dissertation presented to IME-UFF as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

TOTAL COLOURING AND EQUITABLE TOTAL COLOURING OF FAMILIES OF SNARKS

Luana Cordeiro de Almeida

December/2017

Advisors: Simone Dantas de Souza, Diana Sasaki Nobrega

A cubic graph is said to be Type 1 if it admits a total colouring with 4 colours. Otherwise, it is possible to find for this graph a total colouring with 5 colours and it is said to be Type 2. In 2003, Cavicchioli, Murgolo, Ruini and Spaggiari presented a comprehensive study on special classes of graphs in which they reported all square-free cyclically 4-edge-connected snarks with at most 30 vertices are Type 1. This lead them to question what is the smallest Type 2 snark with these properties.

A related question to this one is to find an equitable total colouring, i.e., a total colouring for which the cardinalities of colour classes differ by at most 1. Cubic graphs always admit an equitable total colouring with 4 or 5 colours but classifying them is a NP-Complete problem, as shown by Dantas et al. in 2016. In the same paper, the authors posed the problem of finding a cubic Type 1 graph with girth at least 5 that does not admit an equitable total colouring with 4 colours.

Our goal in this work is to contribute to answer these questions. We present equitable total colourings for the first family of Louekine snarks and extend these colourings for dot products between Loupekine and Flower, Goldberg or Blanuˇsa snarks. We also use dot product to find a new infinite family of Type 2 snarks.

(7)

Sum´

ario

Agradecimentos v

Lista de Figuras 1

1 Introdu¸c˜ao 4

2 Preliminares 8

2.1 Defini¸c˜oes e Resultados B´asicos . . . 8

2.2 Colora¸c˜ao de Grafos C´ubicos . . . 13

3 Colora¸c˜ao Total Equilibrada de Fam´ılias Infinitas de Snarks 18 3.1 Snarks Flor . . . 19

3.2 Snarks de Blanuˇsa . . . 22

3.3 Snarks de Goldberg . . . 27

3.4 Snarks de Loupekine . . . 32

4 Colora¸c˜ao Total de Produtos de Snarks 43 4.1 Produtos Internos de Snarks . . . 44

4.1.1 Snarks Flor . . . 47

4.1.2 Snarks de Blanuˇsa . . . 52

5 Produtos Tipo 2 55

6 Trabalhos Futuros 62

(8)

Lista de Figuras

1.1 Grafo de Petersen, o primeiro snark . . . 5

2.1 A aresta a ´e incidente aos v´ertices 1 e 3. O grau do v´ertice 1 ´e 3. . . 8

2.2 Em negrito, o subgrafo induzido pelos v´ertices 1, 2 e 3. A sequˆencia γ = 2, d, 1, f, 6, h, 5, g, 1, a, 3 ´e um caminho que n˜ao ´e simples entre 2 e 3. O conjunto {f, g} ´e um 2-corte do grafo. . . 10

2.3 Colora¸c˜oes de v´ertices, arestas e total de um mesmo grafo, com o menor n´umero de cores poss´ıvel . . . 11

2.4 Da esquerda para a direita representamos a quebra da aresta e, da direita para a esquerda representamos a emenda das semiarestas e1 e e2 13 2.5 Exemplo de 2-Constru¸c˜ao . . . 14

2.6 Exemplo de 3-Constru¸c˜ao . . . 16

3.1 O primeiro snark Flor F3 (`a esquerda) e o bloco LFi (`a direita). . . . 19

3.2 O segundo snark Flor, F5 . . . 20

3.3 4-colora¸c˜oes totais para F3 e LFi . . . 21

3.4 4-colora¸c˜ao total para F5 . . . 22

3.5 O subgrafo P−v,−w . . . 23

3.6 Os dois subgrafos Pe1,e2 poss´ıveis . . . 23

3.7 B1 e B2 . . . 24

3.8 B3 1 (em cima) e B23 (embaixo) . . . 25

3.11 Uma 4-colora¸c˜ao total equilibrada para B3 1 . . . 25

3.9 Colora¸c˜oes totais para B2 1 e B22 . . . 26

3.10 Colora¸c˜oes φ e φ� de P−v,−w . . . 27

3.12 Uma 4-colora¸c˜ao total equilibrada para B3 2 . . . 27

(9)

3.14 O snark G3 . . . 28

3.15 A dupla G∗ que ser´a adicionada ao snark G i−2 . . . 29

3.16 O snark G5 . . . 29

3.17 Uma 4-colora¸c˜ao total para G3 . . . 31

3.18 Uma 4-colora¸c˜ao total para G∗ . . . 31

3.19 Uma 4-colora¸c˜ao total equilibrada para G5 . . . 32

3.20 O primeiro snark de Loupekine, L0 . . . 33

3.21 Bloco Bk . . . 33

3.22 Lk . . . 34

3.23 4-colora¸c˜ao total equilibrada para o primeiro snark de Loupekine . . . 36

3.24 Colora¸c˜oes de Bk e Pk para k≡ 1 mod 4 . . . 36

3.25 4-Colora¸c˜ao total equilibrada de L1 . . . 37

3.26 Colora¸c˜oes de Bk e Pk para k≡ 2 mod 4 . . . 37

3.27 4-Colora¸c˜ao total equilibrada de L2 . . . 38

3.28 Colora¸c˜oes de Bk e Pk para k≡ 3 mod 4 . . . 38

3.29 4-Colora¸c˜ao total equilibrada de L3 . . . 39

3.30 Colora¸c˜oes de Bk e Pk para k≡ 0 mod 4 . . . 40

3.31 4-Colora¸c˜ao total equilibrada de L4 . . . 41

4.1 Produto interno entre os grafos G1 e G2 . . . 44

4.2 u1u2 ´e uma aresta interna, u2v2 ´e uma aresta intermedi´aria e v2x2 ´e uma aresta externa . . . 47

4.3 Colora¸c˜oes para os produtos P0,5 nas arestas internas . . . 49

4.4 Colora¸c˜ao para os produtos P0,3 nas arestas intermedi´arias . . . 50

4.5 Colora¸c˜oes para os produtos P0,3 nas arestas externas . . . 51

4.6 Colora¸c˜oes para os produtos P0,5 nas arestas externas . . . 52

5.1 Superior: O tijolo B∗ (Tipo 2); inferior: o tijolo P(Classe 2) . . . . 56

5.2 Um elemento da fam´ılia S∗ . . . 56

5.3 Um s-quadrado e um s-domin´o . . . 56

5.4 4-Colora¸c˜oes totais equilibradas para os snarks S1 e S2 (apenas as cores das arestas s˜ao representadas; as cores dos v´ertices podem ser deduzidas a partir dessas) . . . 57

(10)

5.5 O snark S (Tipo 2), com uma 5-colora¸c˜ao total equilibrada . . . 58 5.6 Representa¸c˜ao das 3-colora¸c˜oes de arestas para os blocos L� . . . 59

5.7 Tijolo L∗. . . 59 5.8 Tijolo L∗

k. . . 59

5.9 Os snarks T1 e T2 (apenas as cores das arestas s˜ao representadas; as

cores dos v´ertices podem ser deduzidas a partir dessas) . . . 60 5.10 O snark T (Tipo 2) . . . 61

(11)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜

ao

Um dos problemas mais famosos e importantes da Teoria dos Grafos ´e o de colora¸c˜ao de mapas planares. Em 1852, o matem´atico sul-africano Francis Guthrie propˆos, ins-pirado pela observa¸c˜ao de um caso particular, que seriam necess´arias apenas quatro cores para colorir qualquer mapa, de forma que duas regi˜oes vizinhas n˜ao tivessem a mesma cor. Esse problema ficou conhecido como Conjectura das Quatro Cores e ficou em aberto por mais de um s´eculo, at´e que uma prova foi finalmente anunciada em 1976 por Appel e Haken (e publicada em 1989) [1], com aux´ılio computacional. A verifica¸c˜ao dessa prova mostrou-se demasiado intricada e uma outra demonstra-¸c˜ao foi dada por Robertson, Sanders, Seymour e Thomas em 1997 [29], ainda com uso de computadores. Tal quest˜ao, de f´acil formula¸c˜ao mas dif´ıcil de resolu¸c˜ao, foi abordada por muitos matem´aticos ao longo dos anos e uma das tentativas de solucion´a-las deu origem ao objeto de nosso trabalho.

O estudo dos snarks surgiu em 1880, quando o f´ısico matem´atico Peter Tait abordou o problema de colora¸c˜ao de mapas em termos de colora¸c˜ao de arestas de grafos c´ubicos [38], em uma tentativa de provar a (ent˜ao) Conjectura das Quatro Cores. Tait provou que a validade da Conjectura era equivalente a todos os grafos c´ubicos (simples e conexos) sem pontes e planares admitirem uma 3-colora¸c˜ao de arestas. Apesar de verdadeira, tal equivalˆencia ainda n˜ao tornava t˜ao simples a prova da Conjectura. Uma d´ecada mais tarde, Petersen [26] mostrou o primeiro exemplo de um grafo c´ubico sem pontes n˜ao-3-color´avel (embora este grafo tenha aparecido em um artigo de Kempe, em 1886). A existˆencia desse tipo de grafo n˜ao ´e trivial e a dificuldade de encontr´a-los levou Martin Gardner a escrever sobre eles

(12)

Figura 1.1: Grafo de Petersen, o primeiro snark

em 1976 [19], comparando-os `a esquiva criatura apresentada no poema The Hunting of the Snark: An Agony in 8 Fits [9], de Lewis Carroll.

Desde sua descoberta, snarks tˆem se mostrado uma classe de grafos relevante, aparecendo como potenciais contraexemplos minimais para v´arias conjecturas, como a dos 5-fluxos de Tutte [40] e a de Berge-Fulkerson [18]. Outros problemas tamb´em j´a foram resolvidos atrav´es de snarks, como pode ser visto em [4].

Para al´em da modelagem de mapas, os problemas de colora¸c˜ao de grafos possuem as mais diversas aplica¸c˜oes e s˜ao alguns dos mais estudados na ´area. Uma colora¸c˜ao total de um grafo ´e uma atribui¸c˜ao de cores a seus v´ertices e arestas tal que elementos adjacentes ou incidentes n˜ao tenham a mesma cor. Os cl´assicos teoremas de Brooks e Vizing nos fornecem cotas superiores para o m´ınimo de cores necess´arias para colorir os v´ertices ou as arestas, respectivamente, de um dado grafo. Para colora¸c˜ao total, permanece em aberto a existˆencia de um resultado equivalente.

J´a sabemos, no entanto, que para grafos c´ubicos ´e sempre poss´ıvel encontrar uma colora¸c˜ao total com 4 ou 5 cores [30]. No primeiro caso, o grafo ´e dito Tipo 1 e, no segundo, Tipo 2. Tamb´em, dado um grafo, o problema de decidir se existe uma k-colora¸c˜ao total para ele ´e dif´ıcil (de fato, o problema de decidir se um grafo c´ubico admite colora¸c˜ao total com 4 cores ou apenas com 5 cores ´e NP-completo, como mostrado por McDiarmid e S´anchez-Arroyo [25]) ent˜ao seu estudo tem sido feito dentro de classes de grafos. Em 2003, Cavicchioli, Murgolo, Ruini e Spaggiari [10] apresentaram um abrangente estudo sobre classes especiais de grafos. Eles reportam que, com aux´ılio de computador, ´e poss´ıvel determinar que todos os snarks livres de quadrado e ciclicamente 4-aresta-conexos com at´e 30 v´ertices s˜ao Tipo 1. Tal achado os levou a propor o seguinte:

(13)

Quest˜ao 1. Qual ´e a ordem do menor snark (se houver) Tipo 2?

Outra quest˜ao relacionada a essa ´e a de colora¸c˜ao total equilibrada, isto ´e, uma colora¸c˜ao total de um grafo de modo que a diferen¸ca entre o n´umero de vezes que cada cor ´e usada ´e de, no m´aximo, uma unidade. Wang [42] provou que o n´umero de colora¸c˜ao total equilibrada de um grafo c´ubico ´e 4 ou 5. Esse problema de decis˜ao ´e NP-completo, como mostrado por Dantas et al. [15], e nesse mesmo artigo foi proposta a seguinte quest˜ao:

Quest˜ao 2. Existe um grafo c´ubico Tipo 1 com cintura maior que 4 e n´umero de colora¸c˜ao total equilibrada 5?

Colora¸c˜oes totais equilibradas com 4 cores foram apresentadas para v´arias fam´ı-lias de snarks como os snarks Flor por Campos, Dantas e de Mello [8], para a fam´ılia de Goldberg por Dantas et al. [15], e para as fam´ılias de Blanuˇsa por Sasaki, Dantas, Figueiredo e Preissmann [35]. Por´em, os exemplos de snarks Tipo 1 que n˜ao admi-tem uma 4-colora¸c˜ao total equilibrada envolviam sempre quadrados ou triˆangulos. Assim como na quest˜ao anterior, os ciclos pequenos parecem exercer um importante papel nesse problema.

Uma 4-colora¸c˜ao total para snarks de Loupekine havia sido constru´ıda por Sasaki et al. [35], mas essa n˜ao era equilibrada. Sendo essa uma fam´ılia de snarks com cintura grande, escolhemos este ponto de partida, e obtivemos uma colora¸c˜ao total equilibrada para essa fam´ılia. Nos demais snarks e produtos estudados, procuramos questionar se a colora¸c˜ao obtida era equilibrada ou poderia ser modificada de modo a tornar-se equilibrada.

No Cap´ıtulo 2, introduzimos as defini¸c˜oes b´asicas de grafos bem como as espec´ı-ficas ao nosso problema. Em seguida, discutimos o problema de colora¸c˜ao de grafos c´ubicos e propriedades que podemos utilizar para restringir nosso estudo a grafos ‘n˜ao-triviais’ e vemos a defini¸c˜ao de snark. Por fim, apresentamos alguns exemplos que ilustram como o problema de colora¸c˜ao total se distancia do problema de colo-ra¸c˜ao de arestas em grafos de cintura pequena, o que motiva a investiga¸c˜ao de grafos com cintura maior.

(14)

No Cap´ıtulo 3, tratamos de colora¸c˜ao total de fam´ılias infinitas de snarks. Estu-damos resultados anteriores para as fam´ılias de Blanuˇsa, Goldberg e Flor. A estrat´e-gia envolvida na constru¸c˜ao de colora¸c˜oes equilibradas para esses casos n˜ao pode ser estendida diretamente para a fam´ılia de snarks de Loupekine, embora o princ´ıpio de constru¸c˜ao desses grafos seja semelhante. Assim, nesse trabalho n´os investigamos os snarks de Loupekine e, inspirados pelos exemplos anteriores, construimos para essa fam´ılia uma colora¸c˜ao em quatro partes, que mant´em-se equilibrada a cada passo.

Em seguida, no Cap´ıtulo 4, nos dedicamos `a opera¸c˜ao de produto interno en-tre snarks. Discutimos algumas propriedades dessa opera¸c˜ao e como ela ´e ´util no estudo de colora¸c˜ao. Questionamos se os resultados vistos no Cap´ıtulo 3 podem ser estendidos quando efetuamos o produto entre dois desses snarks e vemos alguns exemplos. Os resultados desses dois ´ultimos cap´ıtulos foram apresentados no VII Latin American Workshop on Cliques in Graphs, realizado em 2016 na Argentina, e um resumo expandido relativo a essa apresenta¸c˜ao foi submetido `a revista Matem´a-tica Contemporˆanea sob o t´ıtulo ‘On equitable total colouring of Loupekine Snarks and their products’ [14].

No Cap´ıtulo 5, estudamos os grafos Tipo 2 de cintura pequena obtidos por Brink-mann, Preissmann e Sasaki [5]. Utilizamos o produto interno para obter uma fam´ılia infinita de snarks Tipo 2. Nossos resultados desse cap´ıtulo foram aceitos para apre-senta¸c˜ao no IX Latin and American Algorithms, Graphs and Optimization Sym-posium (LAGOS), que ser´a realizado em Setembro de 2017 na cidade de Marseille, Fran¸ca, e o respectivo resumo extendido foi submetido `a revista Electronic Notes in Discrete Mathematics sob o t´ıtulo de ‘On Type 2 Snarks and Dot Products’ [13].

Finalmente, no Cap´ıtulo 6, apresentamos nossas conclus˜oes e um resumo dos atuais resultados, relativos `as quest˜oes levantadas, para alguns dos snarks e fam´ılias de snarks mais conhecidos. Tamb´em mostramos t´opicos para estudos futuros nesse tema.

Agora que as motiva¸c˜oes e a organiza¸c˜ao desse trabalho foram expostas, estamos prontos para dar in´ıcio `a nossa investiga¸c˜ao.

(15)

Cap´ıtulo 2

Preliminares

2.1

Defini¸c˜

oes e Resultados B´

asicos

Um grafo G ´e uma dupla (V (G), E(G)) de conjuntos, em que E(G) ´e formado por pares n˜ao-ordenados de elementos distintos de V (G). Os elementos de V (G) s˜ao chamados de v´ertices e os de E(G) de arestas. Quando n˜ao houver risco de confus˜ao, podemos escrever simplesmente V e E. Se e ={u, v} ´e um elemento de E, dizemos que e ´e incidente a u e v e que estes v´ertices s˜ao vizinhos; se duas arestas e e f s˜ao incidentes a um mesmo v´ertice, diremos que elas s˜ao arestas adjacentes. Podemos escrever e = uv se a aresta e ´e incidente aos v´ertices u e v. Um grafo ´e dito completo se h´a arestas entre todo par de v´ertices distintos.

O grau de um v´ertice v ´e o n´umero de arestas incidentes a ele e ´e denotado por dG(v). Um grafo ´e k-regular se todos os seus v´ertices possuem grau k e ´e regular

se ´e k-regular para algum k. Um grafo 3− regular ´e dito c´ubico. O grau m´aximo Δ(G) ´e o maior dentre os graus de v´ertices de G.

1

2

3

4

a

b

c

e

d

Figura 2.1: A aresta a ´e incidente aos v´ertices 1 e 3. O grau do v´ertice 1 ´e 3.

(16)

E(G�)⊆ E(G). Um subgrafo G� de G ´e dito induzido por um conjunto de v´ertices

V� ⊆ V (G) se tem Vcomo seu conjunto de v´ertices e seu conjunto de arestas

´e formado por todas as arestas de G que s˜ao incidentes apenas a v´ertices de V�; analogamente, G�� ´e induzido pelo conjunto de arestas E�� ⊆ E(G) se E��= E(G��)

e V (G��) ´e formado por todos os v´ertices que s˜ao incidentes `as arestas de E��. Um caminho ´e um grafo simples cujos v´ertices podem ser arranjados em uma sequˆencia linear tal que dois v´ertices s˜ao adjacentes se e somente se s˜ao consecutivos na sequˆencia. Por extens˜ao, tamb´em chamamos de caminho em um grafo G um subgrafo de G que ´e um caminho. Dizemos que γ ´e de tamanho ou comprimento n. Um caminho ´e dito simples se n˜ao h´a repeti¸c˜ao de v´ertices internos na sequˆencia e fechado se v0 = vn. Um ciclo ´e um caminho simples fechado e a cintura do grafo

´e o comprimento do menor ciclo desse grafo.

Um grafo ´e dito conexo se existe um caminho entre quaisquer dois de seus v´er-tices; cada subgrafo conexo maximal ´e dito uma componente conexa de G. Seja W � V (G) um conjunto de v´ertices de G. Dada uma parti¸c˜ao V (G) = W ∪V (G)\W dos v´ertices de um grafo G, o corte por arestas (ou simplesmente ‘corte’) defi-nido por essa parti¸c˜ao ´e o conjunto de arestas C com uma extremidade em W e a outra em V (G)\W . Note que a dele¸c˜ao de um corte aumenta o n´umero de compo-nentes conexas do grafo. Uma ponte ´e um corte formado por apenas uma aresta. Um k−corte ´e um corte formado por k arestas. Dizemos que um grafo conexo ´e k-aresconexo (aqui diremos simplesmente k-conexo) se n˜ao possui cortes de ta-manho menor que k. Um c-corte ´e um corte C tal que cada um dos grafos induzidos por W e por V (G)\W ap´os a dele¸c˜ao de C cont´em um ciclo; se um grafo conexo n˜ao possui um c−corte de tamanho menor que k, ele ´e dito ciclicamente k−aresta conexo. Sempre que n˜ao for especificado o contr´ario, sem perda de generalidade, trataremos de grafos conexos.

(17)

1

2

3

4

a

b

c

e

d

f

g

h

5

6

Figura 2.2: Em negrito, o subgrafo induzido pelos v´ertices 1, 2 e 3. A sequˆencia γ = 2, d, 1, f, 6, h, 5, g, 1, a, 3 ´e um caminho que n˜ao ´e simples entre 2 e 3. O conjunto {f, g} ´e um 2-corte do grafo.

Uma colora¸c˜ao de v´ertices de um grafo G ´e uma fun¸c˜ao CV que associa a

cada v´ertice de G um elemento de um conjunto C, disjunto de V e de E, que chamaremos de cores de modo que v´ertices vizinhos n˜ao possuam a mesma cor. De forma semelhante, uma colora¸c˜ao de arestas de um grafo G ´e uma fun¸c˜ao CE que

associa a cada aresta de G uma cor e n˜ao associa cores iguais a arestas adjacentes. Diremos que um grafo ´e k−color´avel se admite uma k− colora¸c˜ao de arestas. Neste trabalho, sempre que nos referirmos simplesmente a ’colora¸c˜ao’ estaremos tratando de uma colora¸c˜ao de arestas. Diremos que um grafo c´ubico ´e Classe 1 se admite uma 3-colora¸c˜ao de arestas e que ´e Classe 2 em caso contr´ario.

Por fim, uma colora¸c˜ao total de um grafo ´e uma fun¸c˜ao que associa cores a ambos v´ertices e arestas, sendo que n˜ao s˜ao atribu´ıdas cores iguais a elementos adjacentes, vizinhos ou incidentes. Quando quisermos enfatizar que as cores de elementos adjacentes ou incidentes s˜ao diferentes, diremos que a colora¸c˜ao total ´e pr´opria. Diremos que um grafo c´ubico ´e Tipo 1 se admite uma 4-colora¸c˜ao total e que ´e Tipo 2 em caso contr´ario. Uma colora¸c˜ao (de v´ertices, de arestas ou totais) ser´a dita equilibrada se a diferen¸ca entre o n´umero de vezes que cada cor ´e usada ´e de, no m´aximo, 1. Se um grafo c´ubico admite uma 4-colora¸c˜ao equilibrada, diremos que ele ´e equilibradamente Tipo 1 e, em caso contr´ario, diremos que ´e equilibradamente Tipo 2.

(18)

1

2

2

3

1

1

2

2

3

1

3

2

3

4

2

1

4

3

Figura 2.3: Colora¸c˜oes de v´ertices, arestas e total de um mesmo grafo, com o menor n´umero de cores poss´ıvel

O n´umero crom´atico χ(G) de um grafo G ´e o menor n´umero de cores para o qual existe uma colora¸c˜ao de v´ertices, enquanto o ´ındice crom´atico χ�(G) ´e o

menor n´umero de cores para o qual existe uma colora¸c˜ao de arestas. A investiga¸c˜ao desses conceitos deu origem a dois teoremas cl´assicos da Teoria dos Grafos, que nos informam a quantidade de cores necess´aria para obter colora¸c˜oes de um dado grafo. S˜ao eles:

Teorema 3. (Teorema de Brooks [6]) Se G ´e um grafo completo ou um ciclo ´ımpar, ent˜ao χ(G) = Δ(G) + 1. Em caso contr´ario, χ(G)� Δ(G).

Teorema 4. (Teorema de Vizing [41]) O ´ındice crom´atico χ�(G) de um grafo

G ´e igual a Δ(G) ou a Δ(G) + 1.

Esses dois fortes resultados inspiraram uma extens˜ao para mundo de colora¸c˜ao total. Analogamente `as defini¸c˜oes anteriores, definimos o n´umero crom´atico total χ��(G) de um grafo G como o menor n´umero de cores para o qual obtemos uma

colora¸c˜ao total de G. Na d´ecada de 60, foi posto o seguinte:

Conjectura 5. (Conjectura da Colora¸c˜ao Total (TCC) [2], [41]) O n´umero crom´atico total χ��(G) ´e igual a Δ(G) + 1 ou Δ(G) + 2.

Tal conjectura foi respondida afirmativamente para grafos c´ubicos por Rosen-feld [30] (uma prova concisa foi dada por Feng e Lin em [17]) mas permanece em aberto no caso geral.

Note que, semelhante ao Teorema de Vizing, a Conjectura da Colora¸c˜ao Total apresenta apenas duas possibilidades para n´umero crom´atico total: a cota inferior trivial para o problema ou esse n´umero mais uma unidade. No entanto, enquanto

(19)

o Teorema de Brooks cita caracter´ısticas estruturais como crit´erio para sabermos quando o n´umero crom´atico de um grafo ´e exatamente seu grau m´aximo mais 1 ou ´e estritamente menor que esse n´umero, a TCC n˜ao faz men¸c˜ao a um crit´erio desse tipo para classificar os grafos em Tipo 1 ou Tipo 2. Esse problema de classifica¸c˜ao ´e NP-Completo, como demonstrado por McDiarmid e S´anchez-Arroyo [25]. Um problema pertence `a classe NP se uma resposta pode ser verificada em tempo polinomial por uma m´aquina de Turing determin´ıstica e ´e dito NP-Completo se qualquer problema NP pode ser reduzido a ele em tempo polinomial - da´ı a importˆancia dessa ´ultima classe. Mais informa¸c˜oes sobre complexidade podem ser encontradas em [20].

Utilizaremos tamb´em o conceito de semigrafo, que ´e uma extens˜ao do conceito de grafo com a introdu¸c˜ao de ‘arestas pendentes’, que se ligam a apenas um v´ertice; estas ser˜ao chamadas de semiarestas. Definimos um semigrafo G como uma tripla (V (G), E(G), S(G)) em que V (G), E(G) e S(G) s˜ao conjuntos disjuntos, cujos ele-mentos s˜ao chamados v´ertices, arestas e semiarestas, respectivamente. Podemos escrever s = (x1,·) se a semiaresta s ´e incidente ao v´ertice x1. Colora¸c˜ao,

conexi-dade, subgrafo e as demais no¸c˜oes apresentadas anteriormente podem ser estendidas para semigrafos de forma natural, com as devidas adapta¸c˜oes. O grafo subjacente a um semigrafo G = (V, E, S) ´e o grafo G� = (V, E).

Uma jun¸c˜ao de dois semigrafos G� e G��com o mesmo n´umero k de semiarestas ´e um grafo com todos os v´ertices e arestas em ambos G� e G�� mais k arestas disjuntas

(x, y) tais que (x,·) ´e uma semiaresta de G� e (y,·) ´e uma semiaresta de G��.

Denotamos por G−v o semigrafo obtido a partir de G pela dele¸c˜ao do v´ertice v. As

arestas (v, x) incidentes a v tornam-se semiarestas (x,·) em G−v. Se deletamos dois

v´ertices vizinhos, G−v,−w tem dois pares de semiarestas (x

1,·), (x2,·) e (y1,·), (y2,·),

em que x1 e x2 eram vizinhos de v e y1, y2 eram vizinhos de w.

Duas opera¸c˜oes que usaremos frequentemente entre grafos e semigrafos s˜ao as de quebra e emenda de arestas. Seja G um grafo (ou, possivelmente, um semigrafo) e e = (x, y) uma aresta de G. A quebra de e em G produz o semigrafo Ge que tem

os mesmos v´ertices que G, sendo E(Ge) = E(G)\{e} e S(Ge) = S(G)∪ {s

1, s2}, em

que s1 = (x,·) e s2 = (y,·) (se G ´e um grafo, consideramos S(G) = ∅). Os v´ertices

x e y aos quais e ´e incidente formam um par de v´ertices. De forma semelhante, a emenda de duas semiarestas s1 = (x,·) e s2 = (y,·) em um semigrafo G produz

(20)

um semigrafo G� com os mesmos v´ertices de G e com E(G�) = E(G)∪ {e}, em que e = (x, y), e S(G�) = S(G)\{s

1, s2} (mais uma vez, se S(G�) = ∅, G� ´e um grafo).

As opera¸c˜oes de quebra e emenda ser˜ao especialmente utilizadas quando quisermos construir grafos a partir de dois outros grafos dados.

e

e

1

e

2

Figura 2.4: Da esquerda para a direita representamos a quebra da aresta e, da direita para a esquerda representamos a emenda das semiarestas e1 e e2

2.2

Colora¸c˜

ao de Grafos C´

ubicos

Chamamos de snark um grafo c´ubico sem ponte que n˜ao admite 3-colora¸c˜ao de ares-tas. Na Introdu¸c˜ao, mencionamos os grafos c´ubicos ciclicamente 4-aresta-conexos. Vejamos que podemos nos restringir a esses grafos no estudo de snarks.

Um resultado cl´assico no estudo de colora¸c˜oes ´e o Lema de Paridade, posto independentemente por Blanuˇsa e Blanche Descartes:

Lema 6. (Lema de Paridade [3], [16]) Seja G um grafo c´ubico com arestas 3-coloridas. Se um corte de n arestas tem ni arestas de cor i, ent˜ao n1 ≡ n2 ≡ n3 ≡

n(mod2).

Demonstra¸c˜ao. Sejam G1 e G2 as componentes conexas definidas pela dele¸c˜ao em

G do n-corte C e V1, V2 seus respectivos conjuntos de v´ertices. Note que cada

aresta em C possui um extremo em V1 e outro em V2. Sem perda de generalidade,

consideraremos os v´ertices de V1: como G ´e c´ubico e suas arestas est˜ao 3-coloridas,

cada um desses v´ertices ´e extremo de exatamente uma aresta de cada cor, sendo que, para cada cor i, um v´ertice v de V1 ´e extremo de uma aresta do corte de cor i

ou ´e extremo da aresta vw de cor i, com w∈ V1. Assim, o n´umero de v´ertices em V1

´e igual ao n´umero de arestas de cor i no corte mais um n´umero par (correspondente `as duplas de v´ertices v e w das arestas vw dessa cor que n˜ao est˜ao no corte) isto ´e,

(21)

n1 ≡ n2 ≡ n3 ≡ |V1| ≡ |V2| ≡ n(mod2),

como desej´avamos, sendo que a ´ultima equivalˆencia segue diretamente da soma de n1, n2 e n3.

Corol´ario 7. Um grafo c´ubico que possui ponte n˜ao admite 3-colora¸c˜ao de arestas. Demonstra¸c˜ao. ´E consequˆencia direta do Lema de Paridade, pois a cor da ponte teria paridade diferente das demais, que n˜ao aparecem no corte.

Note que a contagem dada pelo Lema de Paridade se aplica tamb´em a semia-restas, com demonstra¸c˜ao an´aloga: nesse caso, transformamos as semiarestas em arestas adicionando v´ertices como seus extremos. Assim, as semiarestas passam a ser arestas de um corte e podemos aplicar o argumento anterior. As colora¸c˜oes en-contradas para esse corte s˜ao naturalmente aplicadas `as semiarestas correspondentes.

Vejamos tamb´em duas constru¸c˜oes de grafos c´ubicos dadas por Isaacs [22]. 2-Constru¸c˜ao (Isaacs [22]) Sejam G e H gr´aficos c´ubicos e x1x2, y1y2 duas

arestas de G e H, respectivamente. O grafo G2H ´e obtido por 2-Constru¸c˜ao a partir de G e H usando as arestas x1x2 e y1y2 se ´e o resultado das emendas das

semiarestas (xi,·), (yi,·), obtidas pelas quebras das duas arestas originais. Note que

G2H ´e ainda um grafo c´ubico.

x

2

x

1

y

1

y

2

x

1

x

2

y

1

y

2

x

1

x

2

y

1

y

2

Figura 2.5: Exemplo de 2-Constru¸c˜ao

Lema 8. (Isaacs [22]) O grafo G2H obtido por 2-Constru¸c˜ao ´e Classe 1 se e somente se G e H s˜ao Classe 1.

Demonstra¸c˜ao. Sejam e = (x1, x2) uma aresta de G e f = (y1, y2) uma aresta de H.

(22)

ent˜ao as 3-colora¸c˜oes de G e H se estendem a uma 3-colora¸c˜ao de G2H. Por outro lado, pelo Lema de Paridade, as semiarestas em Ge possuem a mesma cor (assim

como as de Hf) e uma colora¸c˜ao de Geinduz uma colora¸c˜ao de G, atribuindo `a aresta

(x1, x2) a mesma cor de (x1,·) (analogamente para H). Assim, uma 3-colora¸c˜ao de

G2H induz 3-colora¸c˜oes de G e de H (pela quebra de (x1, y1) e (x2, y2)).

Antes do pr´oximo resultado sobre essa constru¸c˜ao, precisaremos de um Lema. Lema 9. Se G ´e um grafo com subgrafo G∗ Classe 2 (Tipo 2) e Δ(G) = Δ(G),

ent˜ao G ´e Classe 2 (resp. Tipo 2).

Demonstra¸c˜ao. Se G admite uma Δ(G)-colora¸c˜ao de arestas (resp. Δ(G) + 1-colora¸c˜ao total), sua restri¸c˜ao induz uma 1-colora¸c˜ao de G∗. Ent˜ao, se Δ(G∗) = Δ(G), isso significa que G∗ admite uma Δ(G)-colora¸c˜ao de arestas (resp. Δ(G) +

1-colora¸c˜ao total), o que contradiz a hip´otese de G∗ ser Classe 2 (resp. Tipo 2). Corol´ario 10. Sejam G um grafo c´ubico e H um grafo c´ubico. Se Ge ´e Tipo 2,

ent˜ao G2H obtido utilizando a aresta e ´e Tipo 2.

Vejamos que n˜ao obtemos por 2-Constru¸c˜ao um grafo Tipo 2 a partir de grafos que n˜ao s˜ao Tipo 2.

Proposi¸c˜ao 11. (Isaacs [22]) Se G e H s˜ao grafos c´ubicos Tipo 1, ent˜ao G2H ´e um grafo Tipo 1.

Demonstra¸c˜ao. Rotulamos os v´ertices usados na constru¸c˜ao como na Figura 2.5. Sem perda de generalidade, podemos assumir que x1 e y2 possuem cor 1, que os

v´ertices x2 e y1 possuem cor 2 e que as arestas e e f possuem cor 3. Dessa forma,

se atribuimos cor 3 `as arestas (x1, y1) e (x2, y2), uma 4-colora¸c˜ao total de G2H ´e

obtida naturalmente pela extens˜ao das colora¸c˜oes de G e H.

3-Constru¸c˜ao (Isaacs [22]) Sejam G e H gr´aficos c´ubicos e x e y v´ertices de G e H, respectivamente. O grafo G3H ´e obtido por 3-Constru¸c˜ao a partir de G e H usando os v´ertices x e y se ´e o resultado das emendas das semiarestas (xi,·),

(23)

vizinhos de y em H. Note que G3H ´e ainda um grafo c´ubico. Obtemos ent˜ao dois resultados semelhantes aos anteriores.

x

1

x

y

y

1 2

y

3

y

x

2

x

3

x

1

x

2

x

3

y

1

y

2

y

3

y

1

y

2

y

3

x

1

x

2

x

3

Figura 2.6: Exemplo de 3-Constru¸c˜ao

Lema 12. (Isaacs [22]) Um grafo G3H obtido por 3-Constru¸c˜ao ´e Classe 1 se e somente se G e H o s˜ao.

Demonstra¸c˜ao. A demonstra¸c˜ao ´e semelhante `a do Lema 8: Sem perda de gene-ralidade, podemos supor que (xi, x) e (yi, y) possuem cor i. Assim, as respectivas

arestas (xi,·), (yi,·) e (xi, yi) tamb´em possuem cor i e 3-colora¸c˜oes de G e H s˜ao

preservadas em G3H. Por outro lado, se G3H admite uma 3-colora¸c˜ao de arestas, pelo Lema de Paridade, cada uma das arestas no corte possui uma cor diferente. Assim, podemos adicionar um v´ertice em cada subgrafo pelo corte e conectar a esses v´ertices as trˆes arestas do corte, obtendo 3-colora¸c˜oes de arestas para G e H. Corol´ario 13. Sejam G um grafo c´ubico e H um grafo c´ubico. Se G−x ´e Tipo 2, ent˜ao G3H obtido utilizando o v´ertice x ´e Tipo 2.

Demonstra¸c˜ao. Mais uma vez, segue diretamente do Lema 9.

Finalmente, vejamos o Teorema que justifica a classifica¸c˜ao dos grafos c´ubicos de corte pequeno como ‘triviais’ para nosso estudo.

Teorema 14. (Isaacs [22]) Seja G um grafo c´ubico conexo n˜ao-3-color´avel, com um c-corte de tamanho 2 (resp. c-corte de tamanho 3). Ent˜ao G pode ser obtido por 2-Constru¸c˜ao (resp. 3-Constru¸c˜ao) a partir de um grafo c´ubico H n˜ao-3-color´avel que possui menos v´ertices que G.

Demonstra¸c˜ao. Suponha que G possui um c-corte {e1, e2}, com e1 = (x1, y1) e e2 =

(24)

e G�2 e, emendando as semiarestas de uma componente entre elas mesmas, obtemos grafos c´ubicos conexos G1 e G2. J´a que, por hip´otese, G n˜ao admite 3-colora¸c˜ao

de arestas pelo Lema 8, s.p.g., G1 ´e Classe 2; como a 2-constru¸c˜ao n˜ao cria novos

v´ertices e G2 n˜ao ´e vazio, G1 tem menos v´ertices que G, como desej´avamos. Para

um c-corte de tamanho 3, a demonstra¸c˜ao ´e an´aloga, utilizando o Lema 12.

Por esses resultados, Isaacs qualificou os grafos c´ubicos com ponte e c-corte de tamanho 2 ou 3 de triviais em rela¸c˜ao `a colora¸c˜ao de arestas e propˆos concentrar esse estudo nos grafos c´ubicos ciclicamente 4-aresta-conexos. Aqui acaba nossa exposi¸c˜ao sobre fatos b´asicos de colora¸c˜ao de grafos c´ubicos. Estamos prontos para explorar as colora¸c˜oes de fam´ılias infinitas de snarks.

(25)

Cap´ıtulo 3

Colora¸c˜

ao Total Equilibrada de

Fam´ılias Infinitas de Snarks

Nesse cap´ıtulo, veremos colora¸c˜oes para algumas das fam´ılias mais estudadas de snarks. S˜ao elas as fam´ılias Flor, de Blanuˇsa, de Goldberg e de Loupekine. O que essas fam´ılias possuem em comum ´e que s˜ao constru´ıdas por processos iterativos a partir da adi¸c˜ao de blocos de modo que os grafos obtidos s˜ao, ainda, snarks. Essa propriedade confere certa simetria aos elementos dessas fam´ılias e nos permite encontrar infinitas colora¸c˜oes a partir de um n´umero finito de configura¸c˜oes. Para as trˆes primeiras dessas fam´ılias, precisamos colorir apenas dois subgrafos para que possamos estender essa colora¸c˜ao para toda a fam´ılia. Por´em, esse n˜ao ´e o caso da fam´ılia de Loupekine e apresentar uma 4-colora¸c˜ao total equilibrada dessa fam´ılia ´e um dos nossos objetivos com esse trabalho.

Primeiro, estudaremos os snarks Flor, cuja estrutura ´e a mais simples dentre os grafos tratados aqui e ´e tamb´em diferente das demais. Os snarks de Loupekine, Blanuˇsa e Goldberg s˜ao constitu´ıdos de c´opias de um subgrafo do grafo de Petersen muito parecido com o grafo original. Veremos como se d´a a constru¸c˜ao dessas trˆes fam´ılias utilizando esses subgrafos. Para os snarks de Blanuˇsa e Goldberg, apresentamos as colora¸c˜oes j´a estabelecidas em trabalhos anteriores. Finalmente, na se¸c˜ao 3.4, apresentamos a nossa 4-colora¸c˜ao total da fam´ılia de Loupekine.

(26)

3.1

Snarks Flor

Os snarks Flor formam a primeira fam´ılia infinita de snarks, tendo sido descoberta independentemente por Grinberg (que n˜ao a publicou) e por Isaacs [22]. O primeiro elemento dessa fam´ılia, F3, ´e na verdade o grafo de Tietze [39], cujo mergulho na

Faixa de M¨obius forma um mapa que ´e colorido com, no m´ınimo, 6 cores (lembre que quaisquer mapas no plano podem ser coloridos com 4). Eles s˜ao formados por ‘p´etalas’ em formato de Y conectadas entre si e dispostas em torno de um ‘c´alice’ central, que ´e um n-´agono, como podemos ver na Figura 3.1. Novos snarks s˜ao obtidos adicionando pares de p´etalas ao snark anterior e aumentanto o n-´agono de maneira a acomod´a-las. Note que, para F3, o c´alice ´e um triˆangulo que, se contra´ıdo,

origina o grafo de Petersen.

u1 u2 u3 v1 v2 v3 x1 x2 x3 y1 y2 y3 ui ui-1 vi vi-1 xi xi-1 yi yi-1

Figura 3.1: O primeiro snark Flor F3 (`a esquerda) e o bloco LFi (`a direita).

Mais precisamente, a constru¸c˜ao de um snark Flor ´e a seguinte: sejam F2n+1,

n� 1 os elementos da fam´ılia de Snarks Flor, em que Fi tem ordem 4i. Definimos a

p´etala P ti como o grafo com conjunto de v´ertices V (P ti) = {ui, vi, xi, yi} e conjunto

de arestas E(P ti) ={uivi, xivi, yivi}. As arestas usadas para unir as p´etalas P ti e

P tj (com uma exce¸c˜ao, no primeiro snark), s˜ao ditas arestas de conex˜ao e definimos

um conjunto delas como Eij ={uiuj, xixj, yiyj}. Por fim, para cada i ´ımpar e maior

que 5, definimos o bloco LFi como o grafo com v´ertices V (LFi) = V (P ti−1)∪V (P ti)

e arestas E(LFi) = E(P ti−1)∪ E(P ti)∪ E(i−1)i, como ilustrado na Figura 3.1. Este

(27)

u4 u5 v4 v5 x4 x5 y5 y4 u1 v1 x1 y1 u2 v2 x2 y2 u3 v3 x3 y3

Figura 3.2: O segundo snark Flor, F5

Ent˜ao o primeiro snark flor F3 ´e definido como a uni˜ao de P t1, P t2, P t3 e

E23∪ E31 ∪ {u1u2, x1y2, y1x2}. Para cada i ´ımpar maior que 5, Fi ´e obtido de

Fi−2 e LFi quando unimos seus conjuntos de v´ertices e de arestas e substituimos

E(i−2)1 (em destaque na Figura 3.1) por E(i−2)(i−1)∪ Ei1. A Figura 3.2 mostra F5;

em destaque est˜ao as arestas em E(i−2)(i−1)∪ Ei1.

Uma colora¸c˜ao total equilibrada com 4 cores para essa fam´ılia foi determinada por Campos, Dantas e Mello:

Teorema 15. (Campos et al. [8]) Cada snark Fi, i � 3 ´ımpar, da fam´ılia Flor

´e Tipo 1.

Demonstra¸c˜ao. Colora¸c˜oes para o primeiro Flor e todos os blocos LFi s˜ao ilustradas

em 3.3. Para verificarmos se essa colora¸c˜ao serve no caso de F5, precisamos analisar

as cores presentes nas conex˜oes entre as p´etalas P t3, P t4 e entre as p´etalas P t5, P t1.

Primeiro, deletamos as arestas (u3, u1), (x3, x1) e (y3, y1) de forma que cada um

desses v´ertices agora n˜ao ´e extremo de uma aresta de cor 4. Como os v´ertices de grau 2 no bloco LF5 tamb´em n˜ao s˜ao extremos de arestas de cor 4, podemos usar

essa cor em todas as novas arestas de conex˜ao. Resta ver que a cor dos v´ertices s˜ao compat´ıveis. Mas u4 e u5 s˜ao de cor 2 e 3, respectivamente, ent˜ao podem ser

(28)

x4 e y4 (cores 3 e 1) a x3 e y3 (cores 2 e 3) e fazemos de forma semelhante com x5

e y5 (cores 1 e 2) a x1 e y1 (cores 3 e 1). Assim, a colora¸c˜ao obtida para F5 ´e

pr´opria, como pode ser visto na Figura 3.4. Para os snarks Flor a partir de F5, a

demonstra¸c˜ao ´e essencialmente a mesma, exceto que agora as cores de xi−2 e yi−2

s˜ao 1 e 2, respectivamente. O argumento anterior permanece v´alido j´a que essas cores s˜ao ainda diferentes das de xi−1 e yi−1 (de fato, eles s˜ao vizinhos de v´ertices

de cor 1 e 2 mesmo no bloco LFi). Ent˜ao, gra¸cas `a conserva¸c˜ao dessa configura¸c˜ao

de cores nos elementos envolvidos na amplia¸c˜ao do snark, podemos garantir que a colora¸c˜ao do novo snark ´e ainda pr´opria e o Teorema segue, por indu¸c˜ao.

2 3 3 4 4 4 1 2 3 3 4 4 1 2 1 1 2 4 1 2 3 4 4 1 1 1 2 2 3 3

1

2

1

2

2

2

2

4

4

4

4

4

3

3

3

3

3

(29)

2 3 3 4 4 4 1 2 3 3 4 4 1 2 1 1 2 4 1 2 3 4 4 1 1 1 2 3 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 4 4 4 4 4 3 3 3 3 3 2 3

Figura 3.4: 4-colora¸c˜ao total para F5

Corol´ario 16. Cada snark Fi, i � 3 ´ımpar, da fam´ılia Flor admite uma colora¸c˜ao

Tipo 1 equilibrada.

Demonstra¸c˜ao. A colora¸c˜ao exibida para o snark F3 ´e equilibrada, sendo as cores 1

e 4 atribu´ıdas a 8 elementos e as cores 2 e 3 a 7 elementos. A adi¸c˜ao de um grafo de conex˜ao (com as devidas dele¸c˜oes e adi¸c˜oes de arestas) contribui com 5 elementos de cada cor, preservando o equil´ıbrio de colora¸c˜ao do snark anterior.

3.2

Snarks de Blanuˇ

sa

Os dois snarks originais de Blanuˇsa foram os primeiros a serem descobertos [3] ap´os de Petersen e s˜ao os ´unicos snarks com 18 v´ertices [28]. As fam´ılias baseadas nesses snarks foram constru´ıdas por Watkins [43] a partir de grafos de Petersen usando a opera¸c˜ao de produto interno, discutida no Cap´ıtulo 4. Neste cap´ıtulo, por´em, abordaremos essa constru¸c˜ao em termos da adi¸c˜ao de blocos fundamentais, como fazemos para as demais fam´ılias.

Primeiro, note que devido `a alta simetria do grafo de Petersen P , todas as suas arestas (v, w) s˜ao equivalentes entre si de modo que existe apenas um semigrafo

(30)

Pv = P−v,−w, a menos de isomorfismos. Em P−v,−w, os dois pares de v´ertices s˜ao

equivalentes e os dois pares de semiarestas tamb´em.

Figura 3.5: O subgrafo P−v,−w

Al´em disso, existem apenas duas maneiras de escolher pares de arestas e1 e e2

n˜ao-adjacentes em um grafo de Petersen, sejam elas duas arestas `a distˆancia 2 ou duas arestas `a distˆancia 3. Assim, existem apenas dois semigrafos Pe1,e2.

Figura 3.6: Os dois subgrafos Pe1,e2 poss´ıveis

Dessa maneira, se emendamos as semiarestas de dois semigrafos P−v,−w e Pe1,e2

par a par, podemos obter apenas dois grafos diferentes B1 e B2, que s˜ao ditos o

primeiro e o segundo snark de Blanuˇsa, ilustrados na Figura 3.7.

De fato, estes dois grafos n˜ao s˜ao isomorfos e s˜ao chamados de Blanuˇsa 1 e Blanuˇsa 2. Eles s˜ao os primeiros snarks nas fam´ılias B1 e B2, cujos membros s˜ao

constru´ıdos adicionando ao grafo anterior novos blocos P−v,−w. Para isso, deletamos

as arestas e e f que conectam os v´ertices v e w ao bloco seguinte e o novo bloco ´e conectado aos v´ertices aos quais as arestas e e f eram incidentes. Um exemplo dos segundos elementos em cada uma dessas fam´ılias pode ser visto na Figura 3.8. Note que no novo grafo rotulamos duas novas arestas e e f , escolhidas da mesma

(31)

e f v w e f v w Figura 3.7: B1 e B2

forma que as anteriores. Escrevemos Bk

n para o snark de Blanuˇsa da n-´esima fam´ılia

formado por k blocos, ou seja, o (k−1)-´esimo elemento dessa fam´ılia; nessa nota¸c˜ao, B1 = B12 e B2 = B22.

Foi provado por Sasaki et al. que snarks de Blanuˇsa s˜ao Tipo 1 e, al´em disso, as colora¸c˜oes exibidas nesse trabalho s˜ao equilibradas:

Teorema 17. (Sasaki et al. [35]) Os snarks de Blanuˇsa admitem colora¸c˜oes Tipo 1 equilibradas.

Demonstra¸c˜ao. As colora¸c˜oes dadas para B2

1 e B22 na Figura 3.9 s˜ao 4-colora¸c˜oes

totais pr´oprias. Note que as cores das arestas e e f s˜ao as mesmas das semiarestas do bloco adicional na colora¸c˜ao φ, ilustrada na Figura 3.10, ent˜ao podemos emendar as semiarestas resultantes da quebra de e e f , par a par, com as do bloco e a cor das novas arestas ser´a a mesma usadas nas semiarestas. Tamb´em, os v´ertices expostos no snark original, `a esquerda, s˜ao de cor 3 e ser˜ao conectados a v´ertices de cor 1 e 2 em P−v,−w; `a direita, s˜ao de cor 4 e 1 e ser˜ao conectados a v´ertices de cor 1 e

2, respectivamente (note que as cores dos elementos envolvidos ´e a mesma para as duas fam´ılias). Assim, a colora¸c˜ao obtida para B3

(32)

e f v w e f v w Figura 3.8: B3

1 (em cima) e B23 (embaixo)

1 1 2 2 3 2 3 3 4 3 1 3 4 2 4 3 1 4 2 1 4 4 3 1 4 3 2 2 4 3 1 2 1 2 3 3 1 4 2 3 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4

Figura 3.11: Uma 4-colora¸c˜ao total equilibrada para B3 1

Agora, dado um snark de Blanuˇsa B3

n, n = 1, 2 colorido dessa forma, os v´ertices

expostos no primeiro bloco quando quebramos e e f permanecem os mesmos, na cor 3, bem como a cor das semiarestas criadas. Nos v´ertices do lado direito, por´em, teremos as cores 2 e 4, enquanto que da colora¸c˜ao φ obtemos as cores 2 e 3 para os v´ertices que devem ser conectados a esses. Por isso, no segundo bloco adicionado

(33)

1 1 2 2 3 2 3 3 4 3 1 3 4 2 4 3 1 4 2 1 4 4 3 1 4 3 2 2 4 3 1 2 1 2 3 3 1 4 2 3 1 2 4 4 1 4 2 4 1 3 2 4 3 2 2 1 1 2 4 2 3 1 3 1 4 2 3 1 2 3 3 1 1 4 1 2 2 3 2 3 2 4 4 3 4 1 2 4 4 1

Figura 3.9: Colora¸c˜oes totais para B2 1 e B22

usamos a colora¸c˜ao φ�, na qual esses v´ertices possuem cores 3 e 1, respectivamente. Procedendo dessa maneira, n˜ao s´o obtemos uma colora¸c˜ao pr´opria para B4

1 e B24

como fazemos os pr´oximos v´ertices do lado direito a serem expostos voltarem `a con-figura¸c˜ao original, 4 e 1. Podemos ent˜ao proceder por indu¸c˜ao e colorir os pr´oximos blocos adicionados, alternadamente, com φ e φ�, o que produz 4-colora¸c˜oes totais para todos os snarks em ambas as fam´ılias.

Por fim, as colora¸c˜oes iniciais, de B2

1 e B22, eram equilibradas, com trˆes cores

sendo usadas em 11 elementos e uma cor em 12. A adi¸c˜ao de um bloco contribui com 5 elementos de cada cor, o que mant´em o equil´ıbrio das colora¸c˜oes.

(34)

1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 Figura 3.10: Colora¸c˜oes φ e φ� de P−v,−w 4 2 4 1 3 2 4 3 2 2 1 1 2 4 2 3 1 3 1 4 2 3 1 2 3 3 1 1 4 1 2 2 3 2 3 2 4 4 3 4 1 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 1 2 1 2 4 4

Figura 3.12: Uma 4-colora¸c˜ao total equilibrada para B3 2

3.3

Snarks de Goldberg

Os grafos de Goldberg foram apresentados em 1978 [21] como uma fam´ılia infinita de contraexemplos para a Conjectura do Grafo Cr´ıtico (mais detalhes em [12]). Eles s˜ao formados por blocos BGi obtidos pela dele¸c˜ao de um caminho de tamanho 3 em

um grafo de Petersen dispostos ao redor de um ciclo de tamanho ´ımpar. ui

vi

zi wi

si ti

xi yi

(35)

O primeiro grafo G3 cont´em trˆes dessas unidades, em torno de um triˆangulo. Os

demais snarks Gi surgem por indu¸c˜ao, adicionando a Gi−2 uma dupla de blocos, que

chamaremos de G∗, entre BGi−2 e BG1. u1 v1 z1 w1 s1 t1 x1 y1 u2 u3 v2 v3 s 2 s3 t2 t3 z2 z3 w2 w3 x2 x3 y2 y3 Figura 3.14: O snark G3

(36)

ui-1 vi-1 zi-1 wi-1 si-1 ti-1 xi-1 yi-1 ui vi zi wi si ti xi yi

Figura 3.15: A dupla G∗ que ser´a adicionada ao snark G i−2 u4 v4 z4 w4 s4 t4 x4 y4 u5 v5 z5 w5 s5 t5 x5 y5 u1 v1 z1 w1 s1 t1 x1 y1 u2 v2 s2 t2 z2 w2 x2 y2 u3 v3 s3 t3 z3 w3 x3 y3 Figura 3.16: O snark G5

Campos et al. [8] mostraram que os snarks de Goldberg admitem 4-colora¸c˜oes totais, mas as colora¸c˜oes encontradas nesse trabalho n˜ao eram equilibradas. Foi provado por Dantas et al. que eles admitem 4-colora¸c˜oes totais equilibradas:

Teorema 18. (Dantas et al. [15]) Todos os Gi, i ´ımpar, snarks de Goldberg

(37)

Demonstra¸c˜ao. A Figura 3.17 mostra uma 4-colora¸c˜ao total equilibrada para G3.

Agora, considere a colora¸c˜ao das duplas G∗ dada na Figura 3.18. Note que as

arestas tracejadas s˜ao das cores 3, 1 e 2, respectivamente, e os v´ertices u4, s4 e x4

em BG5 n˜ao est˜ao conectados a arestas dessas cores, respectivamente. Al´em disso,

esses v´ertices possuem as mesmas cores que os vizinhos de BG3 em BG1, portanto,

n˜ao h´a conflito nessa parte da colora¸c˜ao de BG5. Por outro lado, u5, t5 e y5 tamb´em

n˜ao est˜ao conectados a arestas coloridas com 3, 1 e 2, respectivamente, e suas cores s˜ao diferentes das de u1, s1, x1. Assim, a colora¸c˜ao que obtemos para G5 ´e pr´opria.

Se procedemos dessa maneira para colorir Gi−2, as rela¸c˜oes entre as cores de BGi

e BG1 s˜ao as mesmas de quando i = 5. Tamb´em, para i� 7, os v´ertices ui−2, ti−2,

yi−2 possuem cores 1, 3 e 3, que s˜ao diferentes das de ui−1, si−1 e xi−1, e as cores

3, 1, 2 podem ser usadas para as arestas entre BGi−2 e BGi−1. Ent˜ao as colora¸c˜oes

obtidas para todos os snarks Gi, i� 3 ´ımpar, tamb´em s˜ao pr´oprias.

Por fim, a cada passo s˜ao adicionados 10 elementos de cada cor e, portanto, as colora¸c˜oes obtidas s˜ao sempre equilibradas.

(38)

4 2 1 4 2 3 2 4 4 1 1 3 3 3 3 2 1 4 1 2 4 3 4 2 2 1 4 3 1 3 2 4 3 4 2 4 1 3 4 1 2 2 2 4 4 1 3 3 3 1 4 2 3 1 1 2 1 2 3 1

Figura 3.17: Uma 4-colora¸c˜ao total para G3

1 3 4 1 2 4 1 4 4 2 3 3 2 3 3 2 1 3 1 4 4 4 3 2 3 2 4 4 1 1 3 2 1 3 2 4 1

(39)

4 2 1 4 2 3 2 4 4 1 1 3 3 3 3 2 4 1 2 1 1 2 3 4 4 4 2 4 3 3 3 3 1 4 3 3 4 1 2 4 4 2 1 1 2 2 3 4 2 2 4 1 3 4 1 2 2 2 4 4 1 3 3 3 1 1 4 1 2 4 3 4 2 2 1 4 3 1 3 2 4 3 1 2 1 2 1 3 1 2 2 4 3 2 1 3 1 4 1 3

Figura 3.19: Uma 4-colora¸c˜ao total equilibrada para G5

3.4

Snarks de Loupekine

Finalmente, estudamos os snarks de Loupekine e trazemos os principais resultados desse cap´ıtulo. As duas fam´ılias de Loupekine foram introduzidas por Isaacs [23] e s˜ao constru´ıdas usando os mesmos blocos fundamentais que os grafos de Goldberg, com duas diferen¸cas: os trˆes primeiros blocos s˜ao unidos a um ´unico v´ertice central e as duplas de blocos adicionadas possuem um outro formato. Nesse trabalho, estudamos apenas a primeira fam´ılia, para a qual obtivemos uma colora¸c˜ao total equilibrada.

Mais precisamente, o primeiro grafo L0nessa fam´ılia ´e o ilustrado na Figura 3.20.

Denotamos por Lfixed o subgrafo induzido pelos v´ertices {u1, . . . , u7, v1, . . . , v7, x}

(40)

induzido por {w1, . . . w7, x}. O segundo snark L1 ´e constru´ıdo pela dele¸c˜ao em

L0 das arestas dos tipos wivj e wiuj, para i, j = 1, ..., 7, e pela adi¸c˜ao do bloco B,

ilustrado 3.21. Ao bloco adicionado a Lk−1 damos o nome de Bk e seus v´ertices s˜ao

rotulados de acordo. Os pr´oximos elementos na fam´ılia s˜ao obtidos pela adi¸c˜ao de outros blocos Bi, conectando os v´ertices de baixo do ´ultimo bloco adicionado aos

v´ertices superiores do novo bloco e os v´ertices inferiores desse ´ultimo com os de Pk,

como mostrado na Figura 3.22.

v1 v2 v3 v4 v5 v6 v7 w1 w2 w3 w4 w5 w6 w7 x u1 u2 u3 u 4 u5 u6 u7

Figura 3.20: O primeiro snark de Loupekine, L0

yk2 yk6 x k3 xk7 yk3 yk7 xk2 xk6 yk1 xk1 yk4 yk5 xk5 xk4 Figura 3.21: Bloco Bk

(41)

...

...

Lfixed B1 B2 B3 Bk Pk B4 Figura 3.22: Lk

(42)

Nosso objetivo nessa parte do trabalho foi encontrar uma colora¸c˜ao total equili-brada para esses snarks. Para isso, estudamos os resultados apresentados no in´ıcio desse cap´ıtulo. No entanto, as estrat´egias utilizadas para os demais snarks n˜ao po-deriam ser estendidas diretamente para esse caso. Como provado anteriormente, os blocos adicionados aos snark Flor n˜ao interferem de modo algum no equil´ıbrio de cores do grafo e a configura¸c˜ao de cores da regi˜ao onde o pr´oximo bloco ser´a adicionado tamb´em permanece a mesma; algo semelhante acontece na fam´ılia de Goldberg. J´a nos snarks de Blanuˇsa, o equil´ıbrio ´e mantido a cada passo mas as configura¸c˜oes de cores mudam e, por isso, ´e necess´ario alternar duas colora¸c˜oes para os novos blocos.

Para os snarks de Loupekine, nos deparamos com ambas as dificuldades. Pri-meiro, o n´umero de elementos novos no grafo a cada passo n˜ao ´e m´ultiplo de 4. Como consequˆencia, ser´a adicionado a uma das classes de cores um elemento a me-nos que `as demais. Assim, precisamos ter o cuidado de que essa cor deficit´aria n˜ao seja a mesma em todos os passos e n˜ao podemos atribuir a mesma colora¸c˜ao a todas as duplas adicionadas. Para resolver esse problema, construimos quatro colora¸c˜oes para as duplas, cada uma compat´ıvel com a anterior. Por´em, essa solu¸c˜ao apenas n˜ao foi suficiente: necessitamos tamb´em recolorir a parte inferior do grafo, o sub-grafo Pk, a cada passo, de modo que ao final a colora¸c˜ao obtida fosse pr´opria. Essa

´e a essˆencia da demonstra¸c˜ao que trazemos em seguida.

Teorema 19. Todos os membros da fam´ılia de Loupekine admitem colora¸c˜oes Tipo 1 equilibradas.

(43)

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

3

3

3

3

3

3

3

3

3

3

3

3

3

3

4

4

4

4

4

4

4

4

4

4

4

4

4

Figura 3.23: 4-colora¸c˜ao total equilibrada para o primeiro snark de Loupekine

Demonstra¸c˜ao. O primeiro grafo nessa fam´ılia admite uma 4-colora¸c˜ao total, como ilustrado na Figura 3.23; a colora¸c˜ao de Lfixed ´e sempre a mesma para todos os

membros da fam´ılia. Por´em, os blocos adicionados aqui n˜ao possuem um n´umero m´ultiplo de quatro de elementos e, portanto, eles mudam o equil´ıbrio entre o n´umero de elementos de cada cor. Assim, constru´ımos quatro colora¸c˜oes para esses blocos - e os respectivos Pk - de forma que ap´os adicionarmos quatro blocos, chegamos a

uma colora¸c˜ao semelhante `a inicial e o processo pode ser repetido. As colora¸c˜oes de Bk e Pk, s˜ao as mostradas nas Figuras 3.24 a 3.30.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 1 4 4 4 4 4 4 4 4 4 1 1 1 1 2 2 2 2 3 2 2 3 3 3 4 4 4 4 4 3

(44)

1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 1 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 4 4 4 4 3

Figura 3.25: 4-Colora¸c˜ao total equilibrada de L1

1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 2 1 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 1

(45)

1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 1 4 4 4 4 4 4 4 4 4 3 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 1 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 4 1 3 2 3 3 2 4 2

Figura 3.27: 4-Colora¸c˜ao total equilibrada de L2

1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 2 4 4 3 3 4 3 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 4

(46)

1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 1 4 4 4 4 4 4 4 4 4 3 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 3 2 4 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 2 4 4 3 3 4 3 2 3 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 4 4 4 4 1 4 2 3

(47)

1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 2 1 3 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 4 Figura 3.30: Colora¸c˜oes de Bk e Pk para k ≡ 0 mod 4

(48)

1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 1 4 4 4 4 4 4 4 4 4 3 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 3 2 4 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 2 4 4 3 3 4 3 2 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 2 4 3 2 1 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 4 4 4 4

(49)

Note que, a cada passo, a colora¸c˜ao do novo bloco encaixa com a do grafo pr´evio, de modo que a colora¸c˜ao obtida ´e pr´opria. Agora, precisamos verificar que essas colora¸c˜oes s˜ao equilibradas.

Dada uma colora¸c˜ao total C de um grafo G, seja ϕC(c) o n´umero de elementos

de G coloridos com a cor c. Para Lfixed, a distribui¸c˜ao de cores ´e ϕ(1) = 9, ϕ(2) = 9,

ϕ(3) = 9 e ϕ(4) = 8. Para Bk+ Pk, a distribui¸c˜ao das cores ´e a seguinte:

ϕ(1) ϕ(2) ϕ(3) ϕ(4) B1+ P1 +9 +9 +8 +9 B1+ B2+ P2 +18 +17 +17 +18 B1+ B2+ B3+ P3 +26 +26 +26 +27 B1+ B2+ B3+ B4+ P4 +35 +35 +35 +35 B1+ B2+ B3+ B4+ B1+ P1 +44 +44 +44 +43

Analisando as arestas deletadas e adicionadas a cada passo, concluimos que, para Lk, obtemos ϕ(1) = n, ϕ(2) = n, ϕ(3) = n e ϕ(4) = n-1, se k ≡ 0 mod 4; ϕ(1) = n,

ϕ(2) = n, ϕ(3) = n-1 e ϕ(4) = n-1, se k ≡ 1 mod 4; ϕ(1) = n, ϕ(2) = n-1, ϕ(3) = n-1 e ϕ(4) = n-1, se k≡ 2 mod 4 e finalmente ϕ(1) = ϕ(2) = n = ϕ(3) = ϕ(4) = n se k≡ 3 mod 4. Portanto, cada uma das colora¸c˜oes obtidas ´e equilibrada e a primeira fam´ılia de Loupekine admite colora¸c˜oes Tipo 1 equilibradas.

Os resultados desta sess˜ao foram apresentados no VII Latin American Workshop on Cliques in Graphs, realizado em Novembro de 2016 na Argentina. Um resumo expandido relativo a essa apresenta¸c˜ao foi submetido `a revista Matem´atica Contem-porˆanea sob o t´ıtulo ‘On equitable total colouring of Loupekine Snarks and their products’.

Agora, vamos explorar fam´ılias de snarks obtidas a partir das estudadas neste cap´ıtulo usando a opera¸c˜ao de produto interno entre snarks.

(50)

Cap´ıtulo 4

Colora¸c˜

ao Total de Produtos de

Snarks

No Cap´ıtulo 2, estudamos maneiras de construir novos grafos c´ubicos a partir de dois grafos c´ubicos dados. No entanto, os m´etodos descritos criam cortes pequenos nos grafos resultantes e os problemas de colora¸c˜ao para os grafos obtidos resumem-se aos problemas de colora¸c˜ao dos grafos originais. Neste cap´ıtulo, estudaremos a opera¸c˜ao de produto interno entre grafos c´ubicos, que nos fornece grafos com propriedades mais robustas. Em seguida, executamos essa opera¸c˜ao entre grafos de Loupekine e das fam´ılias Flor e de Blanuˇsa, e exibimos 4-colora¸c˜oes totais para as fam´ılias de snarks obtidas dessa forma.

O produto interno entre dois snarks ´e ainda um snark e, caso os grafos originais tenham corte m´ınimo maior ou igual a 4, o grafo resultante tamb´em o ter´a. Essa opera¸c˜ao foi introduzida por Isaacs [22] e ´e a base da constru¸c˜ao de algumas fam´ı-lias de snarks. No entanto, o produto de dois grafos c´ubicos Tipo 1 pode ser Tipo 2 e, como veremos no Cap´ıtulo 5, mesmo o produto interno de dois snarks Tipo 1 pode ser Tipo 2. Al´em disso, a colora¸c˜ao dos grafos originais n˜ao pode ser direta-mente estendida para o novo grafo. Dessa forma, a opera¸c˜ao de produto interno ´e uma ferramenta interessante para o estudo de colora¸c˜ao e colora¸c˜ao total de grafos c´ubicos.

(51)

4.1

Produtos Internos de Snarks

Um tijolo ´e um semigrafo c´ubico com exatamente quatro semiarestas, sendo essas n˜ao-adjacentes, cujo grafo subjacente ´e um subgrafo de um grafo ciclicamente 4-aresta-conexo.

Dado um grafo c´ubico ciclicamente 4-aresta-conexo G, quebrando duas arestas n˜ao-adjacentes e, f de G obtemos um semigrafo c´ubico B com quatro semiarestas n˜ao-adjacentes; esse semigrafo ´e dito um tijolo-direto e escrevemos B = Ge,f. Dois

v´ertices n˜ao-adjacentes em B = Ge,f que s˜ao incidentes `a mesma aresta e ou f em

G s˜ao ditos um par ; as semiarestas correspondentes tamb´em formam um par. Re-movendo dois v´ertices vizinhos v, w (e a aresta vw, sendo as demais transformadas em semiarestas) de um grafo c´ubico ciclicamente 4-aresta-conexo H, tamb´em obte-mos um semigrafo c´ubico B com quatro semiarestas n˜ao-adjacentes; este semigrafo ´e chamado de tijolo-aresta e denotado por C = H−v,−w. Dois v´ertices em C que s˜ao adjacentes a um mesmo v´ertice v ou w em H s˜ao um par e as semiarestas cor-respondentes tamb´em s˜ao ditas um par. As defini¸c˜oes de tijolo-direto e tijolo-aresta s˜ao devidas a Brinkmann et al. [5].

Defini¸c˜ao 20. Sejam G1, G2 dois grafos c´ubicos ciclicamente 4-aresta-conexos e

seja B1 = (V1, E1, S1) um tijolo-direto de G1 com pares de v´ertices r1, r2 e s1,

s2, e seja B2 = (V2, E2, S2) um tijolo-aresta de G2 com pares de v´ertices x1, x2

e y1, y2. Definimos o produto interno G1 · G2 entre G1 e G2 como um grafo D =

((V1∪V2)\{x, y}, (E1∪E2)\{r1r2, s1s2, xx1, xx2, yy1, yy2}∪{r1x1, r2x2, s1y1, s2y2}). r1 r2 s1 s2 x1 x y1 y2 y x2 r1 r2 s1 s2 y2 y1 x2 x1

Figura 4.1: Produto interno entre os grafos G1 e G2

Vejamos ent˜ao algumas propriedades dos grafos descritos acima.

Exemplo 1. (Sasaki [33]) O produto interno entre dois grafos Tipo 1 pode ser Tipo 2. Os grafos que usaremos aqui foram vistos no Cap´ıtulo 2. O grafo G(3, 1)

(52)

´e Tipo 1, por´em, o produto interno entre duas c´opias desse grafo representado na Figura 1 n˜ao ´e.

r1 s1 s2 r2 x2 x1 y2 y y 1 x r1 s1 x1 y1 x2 y2 s 2 r2

Lema 21. (Isaacs [22]) Seja S um snark e B um tijolo-direto de S. Em toda 3-colora¸c˜ao de arestas de B, ao menos duas semiarestas que formam um par (em rela¸c˜ao a S) devem possuir cores diferentes.

Demonstra¸c˜ao. Segue de S ser Classe 2 e pelo Lema de paridade: se um par tivesse a mesma cor, pelo Lema, as outras tamb´em teriam cores iguais, mas ent˜ao a cor de um par de arestas pode ser usada na respectiva aresta quebrada de S, o que induz uma 3-colora¸c˜ao das arestas de S. Absurdo.

Lema 22. (Isaacs [22]) Seja S um snark e B um tijolo-aresta de S. Em toda 3-colora¸c˜ao de arestas de B, ao menos as semiarestas que formam um par em rela¸c˜ao a S devem possuir a mesma cor.

Demonstra¸c˜ao. Pelo Lema de Paridade aparecem no m´aximo duas cores nas semia-restas, digamos, as cores 1 e 2. Se um par tem cores distintas 1 e 2, o outro tamb´em tem. Mas ent˜ao podemos emendar as semiarestas obtendo uma aresta que pode ser colorida com 1 e outra que pode ser colorida com 2, induzindo uma 3-colora¸c˜ao das arestas de S, o que contradiz a hip´otese de que S ´e snark.

Os dois teoremas seguintes motivam nosso estudo no resto desse cap´ıtulo: Teorema 23. (Isaacs, [22]) O produto interno entre dois snarks ´e um snark.

(53)

Demonstra¸c˜ao. Seja S o produto interno de dois snarks S1 e S2, com tijolos B1 e

B2, respectivamente. Uma 3-colora¸c˜ao de arestas de S induz 3-colora¸c˜oes de arestas

de B1 e B2 que coincidem nas semiarestas que correspondem a uma mesma aresta

em S. Como S ´e uma jun¸cao par-a-par desses tijolos, pelos Lemas 21 e 22, h´a uma contradi¸c˜ao. Ent˜ao S deve ser Classe 2.

Lema 24. (Brinkmann et al. [5]) O grafo subjacente a um tijolo n˜ao possui ponte.

Demonstra¸c˜ao. Sejam B um tijolo, GB o grafo subjacente a B e H um grafo c´

u-bico ciclicamente 4-aresta-conexo do qual GB ´e subgrafo. Sejam s1, s2, s3, s4 as

semiarestas de B e e1, e2, e3, e4 as respectivas arestas que conectam os v´ertices

de GB aos v´ertices de H\GB. Suponha que GB possui uma ponte b que o separa

nas componentes GB1 e GB2. Se os v´ertices extremos de e1, e2, e3, e4 em GB est˜ao

todos em uma s´o componente, digamos, GB1, ent˜ao b ´e uma ponte de H, o que ´e

absurdo. Logo, alguma das componentes GB1, GB2 cont´em no m´aximo 2 v´ertices

extremos de e1, e2, e3, e4. Mas ent˜ao as duas arestas com v´ertices nessa componente

mais b formam um 3-corte de H, o que ´e absurdo pois supomos que H ´e ciclicamente 4-aresta-conexo. Assim, GB n˜ao pode ter ponte.

Teorema 25. (Brinkmann et al. [5]) Toda jun¸c˜ao de dois tijolos ´e ciclicamente 4-aresta conexa.

Demonstra¸c˜ao. Sejam B e B� tijolos e e

i = (si, s�i), i = 1, ...4, as arestas criadas pela

jun¸c˜ao a partir das semiarestas (si,·) e (s�i,·) desses tijolos. ´E claro que essas quatro

arestas formam um c-corte da jun¸c˜ao H e, por outro lado, trˆes delas n˜ao formam um c-corte pois, sendo B e B� conexos, eles ainda seriam ligados pela quarta dessas arestas. Assim, se H possui um 3-corte, algumas delas devem estar em B ou B�.

Mas, como vimos, os grafos subjacentes desses tijolos n˜ao possuem ponte, logo se, digamos, B cont´em alguma aresta do 3-corte, deve conter no m´ınimo duas. Suponha, sem perda de generalidade, que esse ´e o caso. Ent˜ao, B� cont´em no m´aximo uma dessas arestas e, como n˜ao possui ponte, isso significa que B� est´a totalmente contida

em uma das componentes conexas dadas pelo 3-corte. Assim, a outra componente deve estar contida em B.

(54)

Agora veremos alguns produtos entre snarks de Loupekine e outros snarks que tamb´em s˜ao Tipo 1. Retomaremos os r´otulos de v´ertices e arestas e nomes de subgra-fos apresentados no Cap´ıtulo 3. A partir desse ponto, denotaremos as arestas v2u3

e v6u7 em um snark de Loupekine por e1 e e2, respectivamente. Sempre usaremos

essas duas arestas para efetuar os produtos.

4.1.1

Snarks Flor

Teorema 26. Sejam L um snark de Loupekine e F um snark Flor. Sejam v1v2

dois v´ertices adjacentes em F que n˜ao est˜ao em um triˆangulo. Os produtos internos Le1,e2 · F−v1,−v2 admitem colora¸c˜oes Tipo 1 equilibradas.

Devido `as simetrias dos snarks Flor, dividimos suas arestas em trˆes casos: dize-mos que uma aresta v1v2 ∈ E(F ) ´e uma aresta interna, intermedi´aria or externa se

v1v2 tem 2, 1 ou 0 v´ertices no ciclo central do grafo, respectivamente.

u1 u2 u3 v1 v2 v3 x1 x2 x3 y1 y2 y3

Figura 4.2: u1u2´e uma aresta interna, u2v2 ´e uma aresta intermedi´aria e v2x2 ´e uma

aresta externa

Demonstra¸c˜ao. (do Teorema 26) Sejam r1, r2, e s1, s2 os pares de v´ertices em Le1,e2

e sejam p1, p2 e q1, q2 pares em −v1,−v2. Analisando mais uma vez as simetrias desses

grafos, existem, a menos de isomorfismo, dois produtos internos poss´ıveis, aquele com arestas r1p1, r2p2, s1q1, s2q2 e o com arestas r1p1, r2p2, s1q2, s2q1. Se v1v2 ´e

uma aresta intermedi´aria, os dois casos s˜ao equivalentes.

Se v1v2 ´e uma aresta interna, o produto interno nessa aresta n˜ao est´a definido

para o primeiro snark na fam´ılia; para os outros, os produtos P0,5 = Le01,e2· F−v1 ,−v2 5

pode ser colorido como na Figura 4.3. Se v1v2 ´e uma aresta intermedi´aria, P0,3 =

Le1,e2

0 · F−v1 ,−v2

Referências

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