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INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS E DE GESTÃO DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO RIO GRANDE DO SUL

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COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO RIO GRANDE DO SUL

Ernani Ott

Luiz Elimar Krause Resumo:

As sociedades cooperativas caracterizam-se como organizações sem fins lucrativos. No entanto, seu capital próprio deve apresentar um crescimento que lhes permita, ao menos, acompanhar o desenvolvimento vegetativo do seu quadro social, através de resultados econômico-financeiros decorrentes de suas operações. Os princípios que regem sua atuação devem ser preservados, pois representam os meios através dos quais estas entidades põem em prática seus valores, servindo para fortalecer o cooperativismo, tornando-o democrático, participativo e organizado. Este estudo examina o desempenho econômico-financeiro das cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul nos anos de 1997, 1998 e 1999, complementado por alguns indicadores de sua gestão.

Palavras-chave:

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INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS E DE GESTÃO DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO RIO GRANDE DO SUL

Ernani Ott

Doutor em Contabilidade Luiz Elimar Krause Mestre em Administração

Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS Av. Unisinos, 950 – CEP 93022-000 – São Leopoldo (RS)

E-mail: ernani@mercado.unisinos.br

Professor e Pesquisador

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INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS E DE GESTÃO DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO RIO GRANDE DO SUL

Área Temática: A medição do desempenho gerencial

RESUMO

As sociedades cooperativas caracterizam-se como organizações sem fins lucrativos. No entanto, seu capital próprio deve apresentar um crescimento que lhes permita, ao menos, acompanhar o desenvolvimento vegetativo do seu quadro social, através de resultados econômico-financeiros decorrentes de suas operações.

Os princípios que regem sua atuação devem ser preservados, pois representam os meios através dos quais estas entidades põem em prática seus valores, servindo para fortalecer o cooperativismo, tornando-o democrático, participativo e organizado.

Este estudo examina o desempenho econômico-financeiro das cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul nos anos de 1997, 1998 e 1999, complementado por alguns indicadores de sua gestão.

1 INTRODUÇÃO

As sociedades cooperativas caracterizam-se como organizações sem fins lucrativos. No entanto, seu capital próprio deve apresentar um crescimento que lhes permita, ao menos, acompanhar o desenvolvimento vegetativo do seu quadro social, através de resultados econômico-financeiros decorrentes de suas operações.

Para Aranzadi (1992), o elemento econômico transforma as cooperativas em empresas comuns, cujo objetivo é atender as necessidades que as pessoas buscam satisfazer e com isso manter-se em atividade e crescer. Nesse sentido, as mesmas leis e normas de mercado que influenciam nos procedimentos adotados pelas empresas econômicas, também pesam sobre as cooperativas, obrigando seus dirigentes a serem tão empresários quanto os dirigentes das empresas com fins lucrativos, pois embora a cooperativa seja uma empresa sui generis, não deixa de ser uma empresa. 2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Sociedades Cooperativas

Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), as sociedades cooperativas atuam nos mais diversos segmentos da economia brasileira. Assim, existem as cooperativas de crédito, educacionais, de trabalho, de produção, de saúde, de consumo, habitacionais, minerais, de serviço, especiais e agropecuárias (OCB, 1999).

Os princípios que regem sua atuação devem ser preservados, pois representam os meios através dos quais estas entidades põem em prática seus valores, servindo para fortalecer o cooperativismo, tornando-o democrático, participativo e organizado.

De acordo com a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), são 7 (sete) os princípios cooperativos, merecendo destaque (1) a participação econômica

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dos sócios, ressaltando que suas contribuições são feitas de forma eqüitativa, sendo o controle do capital efetuado pelos associados e as sobras geradas alocadas para o desenvolvimento da cooperativa e retorno aos mesmos e (2) a preocupação com a comunidade, pois essas entidades estão estreitamente ligadas à sua comunidade, devendo trabalhar para o desenvolvimento econômico, social e cultural da mesma, através de políticas traçadas e aprovadas pelos associados (Schneider, 1991).

2.2 Indicadores de Desempenho Econômico-Financeiro

Para Iudícibus (1995), analisar o desempenho econômico-financeiro de uma entidade significa extrair dos seus relatórios contábeis e de suas extensões e detalhamentos, se for o caso, relações úteis para o objetivo econômico que se tem em mente.

Nesse sentido, a análise pode ser horizontal, ou seja, realizada através da comparação da variação dos itens que compõem as demonstrações contábeis de período para período, com o propósito de apurar suas tendências, e vertical, realizada através da relação entre elementos ou grupos de elementos das demonstrações contábeis, objetivando verificar a sua representatividade em relação ao ativo total, em se tratando do balanço patrimonial, e à receita líquida de vendas, no caso da demonstração de resultados (Reis, 1993; Assaf Neto, 1998).

Outra forma de analisar o desempenho econômico-financeiro é através da utilização de índices. De acordo com Iudícibus (1995) “a análise de balanços encontra seu ponto mais importante no cálculo e avaliação do significado de quocientes relacionando, principalmente, itens e grupos de itens do balanço patrimonial e da demonstração do resultado”. No exame do desempenho econômico-financeiro das cooperativas agropecuários do Rio Grande do Sul, objeto desse estudo, utilizou-se esta forma de análise.

2.3 Indicadores de Gestão Empresarial

A avaliação de desempenho das organizações requer que se complemente os indicadores contábeis e financeiros tradicionais, com outras informações denominadas não-financeiras, permitindo que se tenha uma visão mais ampla das mesmas. Muitas destas informações, segundo Kaplan e Norton (1997), configuram as medidas operacionais que constituem os vetores dos resultados futuros das organizações.

O controle, seja pouco um muito formalizado, deve permitir que as atividades desenvolvidas pelas entidades se realizem de forma adequada, e contribuam para que estas alcancem seus objetivos globais. Para Amat (1998), dentro do conceito de controle podem ser identificadas duas perspectivas; uma perspectiva limitada, baseada normalmente nas demonstrações contábeis, e uma perspectiva ampla que considera além dos aspectos financeiros, o contexto em que as atividades se realizam, particularmente, os aspectos relacionados com o comportamento individual, cultura da organização e ambiente externo.

3 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS E DE GESTÃO DAS

COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO RIO GRANDE DO SUL

Para realizar este estudo, recorreu-se ao Anuário de 1999 editado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), identificando no mesmo as

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cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul que contavam com 600 (seiscentos) associados ou mais e, por isso, consideradas de médio porte.

Foram identificadas 72 (setenta e duas) cooperativas enquadradas nas características acima, às quais solicitou-se que enviassem suas demonstrações contábeis relativas aos exercícios encerrados em 31/12/97, 31/12/98 e 31/12/99. Dezoito (18) enviaram suas demonstrações compondo, portanto, a amostra com que se trabalhou.

No estudo, foram utilizados indicadores ou medidas quantitativas do desempenho, contemplando a estrutura do capital, a liquidez e a rentabilidade, os quais foram desdobrados em diversos outros indicadores.

Juntamente com a solicitação de envio das demonstrações contábeis, encaminhou-se questionários visando a obtenção de informações adicionais sobre alguns indicadores da gestão das mesmas.

3.1 Indicadores Econômico-Financeiros

Para determinação desses indicadores, somou-se os grupos, sub-grupos e contas das demonstrações contábeis das 18 (dezoito) cooperativas, com o objetivo de obter os índices representativos do segmento em estudo. Apurou-se, também, a média aritmética simples, a mediana e a média aritmética ponderada de cada índice, extraindo-se uma média geral a partir das mesmas (média aritmética simples das médias), a qual passou a ser considerada como representativa do desempenho (médio) do segmento nos três anos em estudo.

Complementou-se estas informações, identificando o maior e menor índice apurado com base nas demonstrações de cada cooperativa em particular.

Os indicadores, sua conceituação e resultados apurados, são apresentados a seguir:

3.1.1 Estrutura do Capital 3.1.1.1 Grau de Endividamento

Este índice é obtido através da relação entre o Passivo Exigível e o Patrimônio Líquido, indicando o percentual do capital próprio comprometido com o endividamento das cooperativas.

Em %

Ano Maior Média Menor

1997 453,84 90,56 15,52

1998 278,16 100,59 22,97

1999 866,38 132,87 28,28

Constata-se um crescente endividamento das mesmas, culminando em 1999 com um índice médio de 132,87%, isto é, as dívidas totais são 32,87% superiores ao patrimônio líquido das entidades. Neste mesmo ano, o menor índice apurado foi de 28,28% e o maior de 866,38%.

3.1.1.2 Composição Temporal do Endividamento

Este índice relaciona as dívidas a curto prazo com o passivo total, sendo representando em percentagem.

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Em %

Ano Máximo Média Menor

1997 100,00 71,78 50,21

1998 100,00 75,41 23,87

1999 100,00 79,19 43,12

Observa-se que, em termos médios, está ocorrendo um aumento gradativo das dívidas de curto prazo em relação ao total das dívidas, representando esta relação 79,19%, em 1999. A cooperativa que obteve o menor índice, apresentou 43,12% de dívidas à curto prazo em relação ao montante máximo de dívidas totais de 100%.

3.1.1.3 Imobilização do Patrimônio Líquido

Através deste indicador, estabelece-se a relação percentual entre o montante investido em imobilizações e o patrimônio líquido da entidade.

Em %

Ano Maior Média Menor

1997 211,46 93,77 41,44

1998 172,81 93,39 34,26

1999 518,01 102,78 31,56

Constata-se que em média, este segmento vem apresentando um percentual muito elevado do capital próprio financiando as imobilizações. Em 1999, inclusive, as imobilizações excederam o capital próprio em 2,78%. Observa-se, também, que no mesmo ano os extremos nessa relação foram de 518,01% e 31,56%.

3.1.1.4 Imobilizações de Recursos Não Correntes

Este indicador mede a relação percentual existente entre o ativo permanente e a soma dos valores do patrimônio líquido e do passivo exigível a longo prazo (fontes permanentes de financiamento).

Em %

Ano Maior Média Menor

1997 154,57 74,63 29,38

1998 1.525,96 74,28 34,26

1999 661,19 82,65 31,56

De modo geral, observa-se que há um expressivo montante das fontes permanentes de recursos, investido em ativo permanente. No ano de 1999, esta relação era de 82,65%, liberando apenas 17,35% para o financiamento do giro. Os índices extremos observados foram 661,19% e 31,56%.

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3.1.2 Liquidez 3.1.2.1 Liquidez Geral

Este índice mede a capacidade que tem a entidade de pagar com pontualidade suas obrigações de curto e longo prazo, mediante a utilização de todos os recursos disponíveis e realizáveis, também, a curto e longo prazo.

Ano Maior Média Menor

1997 2,55 1,19 0,14

1998 3,24 1,18 0,15

1999 2,87 1,13 0,32

As cooperativas analisadas apresentaram, em média, índices superiores a 1,00 nos três anos, culminando com um índice de 1,13 em 1999. Isto significa que o montante de recursos disponíveis e realizáveis mostrava-se superior às dívidas. O maior índice de liquidez geral entre as dezoito cooperativas foi de 2,87 e o menor de 0,32.

3.1.2.2 Liquidez Corrente

Através deste índice, examina-se a capacidade que a entidade apresenta de quitar suas dívidas vencíveis a curto prazo, com a utilização das disponibilidades existentes e dos bens e direitos conversíveis em moeda no curto prazo. Em outras palavras, revela quanto a empresa dispõe no ativo circulante para pagar cada R$ 1,00 de passivo circulante.

Ano Maior Média Menor

1997 3,22 1,37 0,14

1998 3,37 1,40 0,15

1999 2,87 1,28 0,28

Nos três anos em estudo, em termos médios, as cooperativas apresentaram capacidade de pagamento das dívidas de curto prazo com recursos do ativo, também, de curto prazo. No último ano essa relação era de R$ 1,28 de ativo circulante para cada R$ 1,00 de passivo circulante. A maior folga financeira foi apresentada pela cooperativa que obteve um índice de 2,87 e a menor pela que obteve um índice de apenas 0,28.

3.1.2.3 Liquidez Seca

Este índice mede a capacidade da entidade pagar, num determinado momento, suas dívidas vencíveis a curto prazo com recursos do ativo circulante, deduzindo-se do mesmo o montante dos estoques. Tem sido considerado como adequada uma relação de R$ 1,00 por R$ 1,00.

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Ano Maior Média Menor

1997 2,59 0,85 0,10

1998 2,30 0,90 0,10

1999 1,91 0,79 0,18

Em nenhum dos exercícios analisados este segmento, representado pelas 18 cooperativas da amostra, alcançou índice médio equivalente a 1,00. Nesse sentido, aliás, o ano de 1999 foi o que apresentou o pior desempenho. No mesmo ano, o maior índice individual foi de 1,91 e o menor de 0,18.

3.1.3 Rentabilidade 3.1.3.1 Giro do Ativo

O giro do ativo indica o número de vezes que o valor equivalente ao ativo total “foi vendido” durante o ano. Portanto, quanto maior o giro, melhor. Obtém-se pela divisão das vendas líquidas pelo valor do ativo total.

Ano Maior Média Menor

1997 4,03 1,57 0,76

1998 4,09 1,58 0,80

1999 4,17 1,76 0,91

Em termos médios, no ano de 1999, o ativo das cooperativas da amostra girou 1,76 vezes, um pouco acima dos índices obtidos nos anos anteriores. Também em 1999, a cooperativa que alcançou maior giro apresentou uma rotação de 4,17 e a que obteve menor giro apresentou uma rotação de 0,91.

3.1.3.2 Margem Líquida

O quociente de margem líquida informa o percentual de lucro ou prejuízo da entidade, em relação ao montante das vendas líquidas.

Em %

Ano Maior Média Menor

1997 3,69 0,22 -4,49

1998 5,39 0,35 -5,79

1999 12,42 0,85 -5,45

No período analisado, as cooperativas representadas na amostra, apresentaram no seu conjunto, em termos médios, um desempenho bastante baixo, eqüivalendo o lucro líquido em 1999, a menos de 1% do montante de vendas líquidas. A cooperativa que apresentou melhor desempenho obteve uma margem líquida de 12,42% e a de pior desempenho uma margem líquida negativa de 5,45%.

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3.1.3.3 Rentabilidade do Ativo

Também conhecido como taxa de retorno do investimento, o quociente de rentabilidade do ativo revela quanto a entidade obteve de lucro líquido em relação ao montante do ativo total.

Em %

Ano Maior Média Menor

1997 8.03 0,74 -5,57

1998 22,04 1,08 -8,20

1999 22,16 2,15 -9,26

Em termos médios, as cooperativas representadas na amostra obtiverem em 1999 uma rentabilidade do ativo de 2,15%, ou seja, o retorno do investimento total ocorreria num prazo de 46,5 anos. A cooperativa com melhor desempenho apresentou uma rentabilidade do ativo de 22,16% e a de pior desempenho uma rentabilidade negativa de 9,26%.

3.1.3.4 Rentabilidade do Patrimônio Líquido

A rentabilidade do patrimônio líquido mostra a relação entre o lucro líquido e o patrimônio líquido, permitindo uma comparação com rendimentos de outras aplicações no mercado.

Em %

Ano Maior Média Menor

1997 11,00 1,27 -10,84

1998 30,13 1,90 -13,39

1999 18,58 3,17 -14,92

O desempenho médio das cooperativas da amostra foi de 3,17% em 1999, ou seja, o lucro líquido obtido sobre cada R$ 100,00 de patrimônio líquido, foi de R$ 3,17.

No mesmo ano, a cooperativa que apresentou melhor resultado obteve uma rentabilidade do patrimônio líquido de 18,58% e, na de pior desempenho ocorreu um prejuízo de 14,92% sobre o patrimônio líquido.

3.2 Indicadores de Gestão 3.2.1 Atividades e Produtos

As 18 (dezoito) organizações respondentes, exercem atividades relativamente homogêneas, o que reforça os dados da pesquisa. Destas, 88,88% informaram possuir sessão de consumo para atendimento aos associados, enquanto 72,22% possuem sessão de forragens e ferramentas. Quanto aos produtos recebidos de seus associados, 83,33% informou que opera com soja e milho; 66,66% com trigo e leite; 44, 44% com arroz, suínos e outros produtos de pouca expressão, não identificados.

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3.2.2 Associados

Número de associados 1997 1998 1999

Ativos 45.852 46.190 47.598

Inativos 21.533 17.869 17.206

Total 67.385 64.059 64.804

Observa-se que as cooperativas participantes possuem um quadro social bastante expressivo: cerca de 65.000 associados.

Um número significativo desses associados, atraídos por preços mais convidativos, mesmo sem solicitar exclusão do quadro social, deixam de utilizar os serviços da organização passando a ser considerados, depois do decurso de um certo período, inativos. Observa-se um decréscimo na relação dos associados inativos e o total do quadro social das organizações no período examinado. No ano de 1997, 31,8% do quadro social manteve-se inativo, já em 1998 e 1999 a relação reduziu para 27,9% e 26,6%, respectivamente.

Número de associados 1997 1998 1999

Presentes na Assembléia Geral Ordinária 5.619 5.718 6.762

Representados na Assembléia Geral Ordinária 190 468 7.046

De grande importância para o atendimento do princípio da gestão democrática, a presença dos associados nas assembléias torna-se fator decisivo na avaliação de sua satisfação (no papel de proprietário/ fornecedor/ cliente). Em 1997, 12,6% dos associados ativos estiveram presentes ou fizeram-se representar na Assembléia Geral Ordinária, em 1998 a participação passou para 13,4%, atingindo 29% no ano seguinte. O crescimento de 13,4% para 29%, de 1998 para 1999, teve como causa o empenho exercido por uma das participantes em fazer com que 43,3% de seus associados, mesmo ausentes, fizessem-se representar.

Os dados acima poderiam estar refletindo uma falta de interesse dos associados ou serem fruto de uma forma monocrática de administrar, de uma só via, totalmente incompatível com os princípios do cooperativismo.

3.2.3 Contabilidade Financeira e Contabilidade de Custos

Contabilidade Financeira %

Elaboração de demonstrações contábeis mensais 100,0 Disponibilização das demonstrações contábeis

Até o dia 5 do mês seguinte 11,1 Entre o 6º e 10º dia do mês seguinte 22,2 Após o 10º dia do mês seguinte 66,7

Análise periódica das demonstrações contábeis 94,4

Todas as cooperativas participantes da pesquisa informaram que elaboram demonstrações contábeis mensais; entre elas 11,1% (2 cooperativas) disponibilizam suas demonstrações até o dia 5 do mês seguinte; 22,2% (4 organizações) entre o 6º e o 10º dia do mês seguinte, enquanto que as 12

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restantes, que representam 66,7% das respondentes, só conseguem disponibilizá-las após o 10º dia do mês subsequente.

Com relação à análise periódica das demonstrações contábeis, 17 cooperativas, representando 94,4% das participantes, informaram que a realizam.

Contabilidade de Custos Quant. %

Setor encarregado dos cálculos de custos 7 38,9 - Integrado e coordenado com Contab. 5 71,4 - Independente da Contabilidade 2 28,6 Forma de rateio dos custos indiretos

- Quantidade produzida 4 57,1

- Faturamento bruto 1 14,3

- Volume físico faturado 1 14,3

- Sistema de custeio por absorção 1 14,3

Sete cooperativas, representando 38,9% das participantes têm um setor encarregado dos cálculos de custo, cinco delas de forma integrada e coordenada com a contabilidade financeira e duas de forma independente da contabilidade financeira. Quatro utilizam a quantidade produzida para o rateio dos custos indiretos ao produto, uma o faturamento bruto, outra o volume físico faturado e outra utiliza o sistema de custeio por absorção.

Indagadas sobre a existência do cargo de gerente de informações, controller ou equivalente na organização, cargo ou função do ocupante e sua titulação acadêmica, as cooperativas responderam:

Ger.Informações/ Controller ou Equivalente Quant. %

Respostas afirmativas 4 22,2 Respostas negativas 14 77,8 Ocupantes do Cargo Chefe de Departamento 1 25 Diretor 1 25 Gerente Administrativo 1 25 Apoio a Superintendência 1 25

Titulação Acadêmica dos Ocupantes

Técnico em Contabilidade 1 25

Curso Superior incompleto 1 25

Pós-Graduados 2 50

Quatro cooperativas responderam afirmativamente a questão enquanto que 14, representando 77,8% das respondentes, informaram inexistir este cargo. Dos ocupantes do cargo, um é chefe de departamento, um faz parte da diretoria, outro é gerente administrativo e outro faz parte de uma unidade de apoio a superintendência. Com relação à titulação acadêmica dos ocupantes, um é Técnico em Contabilidade, um tem o curso superior incompleto e dois são pós- graduados, um deles especialista em contabilidade.

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3.2.4 Sistema Orçamentário

As cooperativas também foram consultadas sobre a existência de sistema orçamentário, finalidade de sua elaboração e utilização das informações resultantes. Obteve-se as seguintes respostas:

Existência de Sistema Orçamentário Quant. %

Respostas positivas 13 72,2 Respostas negativas 5 27,8 Periodicidade de elaboração Mensal 9 69,2 Trimestral 1 7,7 Anual 3 23,1 Finalidade de elaboração

Avaliar atuação dos departamentos 7 46,7 Planejar toda atividade da organização 8 53,3 Utilização das informações

Controle das atividades desenvolvidas 7 46,7 Apoiar adoção de decisões gerenciais 7 46,7 Medir, avaliar e criar recompensas 1 6,6

Sobre a existência de um sistema orçamentário, 13 organizações (72,2% das respondentes) responderam positivamente ; nove (69,2%) das respondentes elaboram-no mensalmente; uma (7,7%) trimestralmente e três (34,1%) anualmente.

Com relação a finalidade com que é elaborado, observou-se respostas simultâneas aos dois aspectos considerados, tendo sete cooperativas (46,7%) informado que utilizam o orçamento para avaliar a atuação dos diversos departamentos, enquanto outras oito (53,3%) o utilizam para planejar toda atividade da organização.

Sobre a utilização das informações do controle orçamentário, sete organizações (46,7% das participantes) disseram que utilizam essas informações para o controle das atividades desenvolvidas; outras sete (46,7%) afirmaram usá-las para apoiar a adoção de decisões gerenciais e uma (6,6%) para medir, avaliar e criar recompensas.

3.2.5 Objetivo Principal

As cooperativas identificaram como seus objetivos principais, os seguintes:

Objetivo Principal Quant. %

Satisfação do quadro social 12 66,7

Maximização dos resultados 3 16,7

Obtenção de vantagens competitivas 4 22,2 Continuidade do empreendimento 5 27,8

(13)

Como se observa, algumas cooperativas responderam mais de uma alternativa. Assim, 12 organizações (representando 66,7% das participantes) informaram ser a satisfação do quadro social o seu principal objetivo; três (16,7%) a maximização dos resultados; quatro (22,2%) a obtenção de vantagens competitivas no mercado; cinco (representando 27,8% das respondentes) informaram ser a continuidade do empreendimento seu objetivo primordial, enquanto outras duas (11,1%) assinalaram outros objetivos.

3.2.6 Acompanhamento dos Clientes

Os aspectos captação, retenção e satisfação dos clientes, estão sendo considerados pelas organizações, como demonstrado abaixo:

Acompanhamento dos clientes %

Captação de novos clientes 44,40%

Retenção e manutenção do relacionamento com clientes 50,00%

Satisfação dos clientes 50,00%

Obteve-se como resposta a este quesito, a informação de que 44,4% das respondentes mantém um acompanhamento da captação de novos clientes, 50% delas mantém determinado controle sobre a retenção ou manutenção de relacionamentos contínuos com os clientes, enquanto 50% também possui algum instrumento para medir o nível de satisfação dos clientes.

3.2.7 Comportamento da Concorrência

O comportamento da concorrência em relação aos preços de venda dos produtos com que opera, foi medido através do questionário, obtendo-se o seguinte resultado:

Comportamento da concorrência Quant. %

Extremamente agressiva 4 22,2

Significativamente agressiva 8 44,4

Moderadamente agressiva 4 22,2

Pouco agressiva 1 5,6

Não respondeu 1 5,6

Quatro organizações (22,2%) consideram a concorrência em relação aos preços de venda dos produtos como extremamente agressiva, oito (44,4%) consideram a concorrência significativamente agressiva, quatro (22,2%) a consideram moderadamente agressiva, uma (5,6%) considera-a pouco agressiva e uma organização não respondeu este quesito.

3.2.8 Desenvolvimento de Novos Produtos

A existência de setor ou departamento encarregado da pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, também foi consultada. As respostas a este quesito foram:

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Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento

Quant. %

Possuem 2 11,1

Utilizam tecnologia de terceiros 2 11,1

Subcontratam 3 16,7

Não possuem 10 55,6

Não respondeu 1 5,5

Duas organizações (11,1%) informaram possuir órgão ou departamento encarregado de Pesquisa e Desenvolvimento, duas utilizam-se de tecnologia de terceiros, três (16,7%) subcontratam o serviço, dez (representando 55,6% das participantes) informaram não existir órgão ou departamento encarregado de Pesquisa e Desenvolvimento e uma optou por não responder o quesito.

As cooperativas envolvidas com Pesquisa e Desenvolvimento apresentaram um sensível aumento nos valores investidos nessa área, de 1998 para 1999, demonstrando o interesse no aprimoramento (especialmente genético) das espécies cultivadas e criadas em suas áreas de ação.

Os valores destinados foram os seguintes: - Em 1997; R$ 314.965,09

- Em 1998; R$ 274.870,18 - Em 1999; R$ 403.777,16

Quanto ao desenvolvimento de novos produtos e/ou alterações nos produtos existentes, as respostas foram:

Novos produtos/Alterações nos produtos Quant. %

Relativa freqüência 7 38,9

Ocasionalmente 7 38,9

Raramente 3 16,7

Não respondeu 1 5,5

Sete cooperativas (38,9% das participantes) informaram que alterações são introduzidas nos produtos existentes ou novos produtos são lançados com relativa freqüência, outras sete (38,9%) introduzem ocasionalmente novos produtos ou promovem alterações nos mesmos, três (16,7%) só raramente apresentam inovações em seus produtos e uma das participantes não respondeu a este quesito.

3.2.9 Gestão da Qualidade Total

A implantação por parte das cooperativas, de programa de gestão da qualidade total também foi questionada. As respostas obtidas foram:

Programa de Gestão da Qualidade Total Quant. %

Já implantaram 14 77,8

Estudando possibilidade de implantação 3 16,7 Não implantou e não pretende fazê-lo 1 5,5

(15)

Catorze ou 77,8% das cooperativas participantes já implantou o programa de gestão da qualidade total, ou equivalente, outras três (16,7%) estão estudando a possibilidade de sua implantação e uma das participantes ainda não o implantou e não apresenta interesse em fazê-lo.

3.2.10 Pontos Fortes e Fracos

Merece destaque, por fim, a percepção que as organizações têm quanto aos seus pontos fortes e fracos, como demonstrado a seguir:

Pontos Fortes Quant.

Atendimento ao cooperado 17

Qualidade dos produtos 12

Produtividade 9

Recursos humanos 8

Pontos Fracos

Lucratividade 13

Fidelidade dos clientes 11

Flexibilidade da produção 9

Democracia nas decisões 8

Destacam-se como pontos fortes, o atendimento ao cooperado e a qualidade dos produtos e como pontos fracos identificados pelas entidades, a lucratividade e a fidelidade dos clientes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os indicadores econômico-financeiros, cobrindo os exercícios de 1997, 1998 e 1999, mostram uma situação preocupante em relação ao futuro das cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul representadas na amostra, tendo em vista o seu crescente endividamento motivado pelas elevadas e, também, crescentes imobilizações, pelas baixas margens líquidas de menos de 1% em média, no ano de 1999, em função dos altos encargos financeiros sobre financiamentos, com reflexos na capacidade de pagamento expressa através dos coeficientes de liquidez.

Este quadro pode estar se refletindo negativamente sobre os associados, provocando-lhes certo desânimo, como se comprova pelo índice de 27% de inativos e baixa presença nas assembléias gerais ordinárias.

As demonstrações contábeis mensais, na maior parte das entidades, não vêm sendo disponibilizadas oportunamente; poucas possuem setor encarregado dos cálculos dos custos e contam com profissional encarregado da gerência das informações; enquanto que 72,2% vêm utilizando sistema orçamentário (curto prazo), que serve basicamente para controle das atividades e apoio às decisões.

Observam-se, também, esforços em relação ao acompanhamento dos clientes (captação, retenção e satisfação); grande preocupação com a satisfação do quadro social, inclusive aparecendo o atendimento aos cooperados como o principal ponto forte identificado, o que contrasta de certa forma com a pouca participação ativa destes na entidade. O outro ponto forte

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expressivo é a qualidade dos produtos. A lucratividade, seguida da fidelidade dos clientes, são percebidas como principais pontos fracos das entidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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