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PROJETO RESGATE: buscando novas soluções para velhos problemas

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Academic year: 2021

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PROJETO RESGATE: buscando novas soluções para velhos problemas

Olíria Sandim de Andrade Zuque –Diretora do CEI Nossa Senhora Aparecida – Rede Municipal de Ensino de Três Lagoas/MS – oliriazuque@hotmail.com

Urbano Rodrigues Azambuja –Diretor da Escola Municipal Professora Elma Garcia Lata Batista – Pólo e Extensão - Rede Municipal de Ensino de Três Lagoas/MS – urbano@treslagoas.ms.gov.br

BUSCANDO NOVAS SOLUÇÕES PARA VELHOS PROBLEMAS

A onipotência juvenil faz parte natural do desenvolvimento. Tanto mais grave será quanto mais baixa estiver a auto-estima do adolescente.

(Içami Tiba)

É expressivo o índice de agressividade e violência que invade as salas de aula, causando transtornos na aprendizagem, repetência e um grande desconforto nos educadores e em toda a comunidade escolar.

O alto índice de repetência e evasão escolar e os inúmeros casos de indisciplina dentro da escola possibilitou um grupo de profissionais da educação a uma reflexão sobre os motivos que levam os alunos do ginásio a apresentar esse comportamento.

No ano de 2006, coordenação pedagógica e professores da Escola Municipal “Parque São Carlos”, do município de Três Lagoas/MS, criou uma estratégia para enfrentar essas questões que implica em capacitar jovens e adolescentes a se apoderar dos bens sociais que são seus por direito, através do acesso as políticas

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públicas e aos demais mecanismos podendo ser utilizados por eles para transformar a comunidade em que estão inseridos, transformando-se, também, a si mesmo.

O PROJETO RESGATE foi utilizado como instrumento interdisciplinar de prevenção e intervenção para as situações apresentadas dentro do ambiente escolar.

Com base no livro A Auto-Estima Se Constrói Passo a Passo de Lúcia Moyses, a Coordenação Pedagógica e um dos professores de Educação Física de 5a a 8a séries (atualmente correspondem 6º ao 9º ano), desenvolveram um trabalho centrado na busca de motivos que oferecessem pistas para a solução dos problemas apresentados pelos alunos.

OBSERVAÇÃO E PESQUISA FORAM OS PRIMEIROS PASSOS

Mais do que nunca, precisamos desenvolver em nós a consciência de que, apesar das divergências, somos iguais na nossa humanidade. E isso começa, sem dúvida, com pessoas que respeitam a si mesmas.

(Moysés) A escola recebe toda a carga cultural que o aluno traz do seio familiar e não pode ficar passiva apenas na observação dos fatos. Ela deve ser um dos instrumentos e o eixo central para a adoção de uma nova perspectiva de prevenção e reversão dos altos índices de repetência e evasão escolar que causam insatisfação e desvalorização do indivíduo gerando a agressividade e a violência dentro e fora da unidade escolar.

Alunos com vários anos de repetência na 5a série foi uma das primeiras pistas para encontrar as causas da indisciplina dentro da sala de aula, pois, além de não conseguir acompanhar a turma, a cada ano que passava sentia-se ainda mais velho, fora da idade dos outros alunos provocando grande desconforto para nós, já que temos nossas responsabilidade como educadores e para eles gerando comportamentos inconvenientes aos padrões escolares.

Mesmo os alunos que conseguem completar os oito anos do ensino fundamental acabam dispondo de menos conhecimento do que se espera de quem concluiu a escolaridade obrigatória. Aprenderam pouco e, muitas vezes o que aprenderam não facilita sua inserção e atuação na sociedade. Dentre outras

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deficiências do processo de ensino e aprendizagem, são relevantes o desinteresse geral pelo trabalho escolar, a motivação dos alunos centrada apenas na nota e na promoção, o esquecimento precoce dos assuntos estudados e os problemas de disciplina. (PCN, 2001, p. 29).

Capacitar e promover o educando, oferecendo condições concretas para que ele possa desenvolver um projeto de vida individual e comunitário através do auto-conhecimento e valorização pessoal foi a saída encontrada pelos executores do Projeto que logo conseguiram adeptos entre os professores das outras disciplinas.

Segundo Souza (2005), é função do coordenador pedagógico a formação contínua de professores dentro da instituição escolar, pois a mesma é condição para o exercício de uma educação consciente. Para que os objetivos possam ser atingidos, deverá ser constituído um grupo com o qual o coordenador pedagógico se envolva estabelecendo vínculos com os pares e possa desenvolver um trabalho coletivo.

A BUSCA DO AUTO-CONCEITO NAS ATIVIDADES INTERDISCIPLINARES

A vida está cheia de desafios que, se aproveitados de

forma criativa, transformam-se em oportunidades.

(Marxwell Maltz)

A interdisciplinaridade vai além do que se refere à organização dos conteúdos. Caberá ao professor mobilizar tais conteúdos em torno de temáticas escolhidas, de forma que as diversas áreas contemplem os objetivos do trabalho e não representem empecilho para a construção do conhecimento e da identidade do aluno.

A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos do conhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles __ questiona a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu. Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas. (PCN, 2001, p. 40).

Neste sentido, o Projeto se desenvolveu dando ênfase aos estudos de casos onde alunos que se sobressaiam dentro do grupo por suas atitudes negativas foram

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atendidos mais particularmente. A partir daí todos os temas foram desenvolvidos dentro dos conteúdos das diversas disciplinas partindo de um Tema Gerador.

Em Educação Física, Educação Artística e Língua Portuguesa foram tratados os temas auto-estima e as relações interpessoais que discutiu a convivência familiar, convivência escolar e problemas familiares, aprendizagem e superação de complexos, comunicação, conflitos, diferenças pessoais, capacidade de adaptação e trabalho em equipe.

Nas aulas de História, trabalhou-se ética e cidadania, tratando de assuntos que envolveu o comportamento ético, a violência, marginalidade, drogas, alcoolismo, preconceito, discriminação, racismo e onde se desenvolveu a campanha solidária que movimentou toda a escola na arrecadação de alimentos para uma Ong.

Em Ciências, foi trabalhado o auto-conceito, o corpo, a sexualidade, namorar e ficar, DST/Aids e gravidez precoce.

O meio ambiente e a qualidade de vida foram temas tratados nas disciplinas de Geografia e Matemática, utilizando a sala de informática em atividades que desenvolveram assuntos como o uso racional de água e energia elétrica, preservação ambiental e o impacto do progresso.

Todos esses assuntos foram tratados de forma agradável, através de palestras, passeios, pesquisas, dinâmicas grupais, construção de mapas e maquetes, sem prejuízo para o conteúdo da Proposta Didática desenvolvida pela escola.

A valorização dos alunos começou já no primeiro momento, quando se escolheu, através de um concurso de desenho, a logomarca que seria utilizada nos certificados dados aos palestrantes, nas camisetas e outros documentos do Projeto.

Dessa forma, percebemos um engajamento muito grande por parte dos alunos que ainda se sentiam excluídos, o mesmo acontecendo com os grupos de dança criados nas aulas de educação Física.

Na recuperação das etapas queimadas com as repetências, o reforço escolar e acompanhamento pedagógico dos rendimentos bimestrais foram as principais estratégias de trabalho utilizadas pelo grupo de professores e coordenação pedagógica.

Os resultados foram surgindo à medida em que os alunos se sentiam valorizados por terem atendidas as suas necessidades pessoais e emocionais.

Um dos pontos altos do Projeto, foi a ação solidária realizada pelo grupo de alunos que escolheu uma instituição não governamental que atende pessoas soro-positivo e seus familiares. Foram recolhidos gêneros alimentícios, roupas e calçados

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envolvendo alunos de 5a a 8a séries dos dois períodos – matutino e vespertino - da escola.

Um trabalho pautado em atitudes firmes, mas verdadeiras e carinhosas trouxeram para a escola os pais que foram atendidos com aconselhamento individual e familiar, a escola com o apoio do Conselho Tutelar responsabilizou a família pela orientação do filho quanto a sua postura dentro e fora da escola e, essa proximidade acrescentou maior valorização e confiança nos alunos.

Ao final do ano letivo, as séries atendidas pelo Projeto apresentavam grandes mudanças no comportamento dos alunos, gerando melhores conceitos e notas bimestrais, culminando com a aprovação da maioria dos alunos atendidos o que foi comprovado através de dados estatísticos da Secretaria de Educação e Cultura elevando a taxa de aprovação em 15% e uma diminuição de 8% na evasão escolar.

LIÇÕES APRENDIDAS: desenvolvendo plenamente atividades educativas

Foi então que compreendi a importância de trabalhar a auto-estima do aluno antes que ele se desacredite, antes que ele se cale, antes que ele abandone a escola (...) então é necessário que se favoreça o desabrochar de personalidades mais autoconfiantes e seguras.

(Moysés)

Temos claro a idéia de que a auto-estima é o fiel da balança que vai mostrar o peso das emoções positivas e negativas de uma pessoa e das atitudes tomadas por ela em certas situações grupais.

Enquanto a rua, e infelizmente a escola é palco onde alguns se destacam, ainda que por dominar habilidades pouco dignificantes, fundamentadas por um sentimento de exclusão que lhes tenha calado fundo, contribuindo para que se considerassem rejeitados e oprimidos, é bem verdade que poder participar de experiências como essa deve ter se constituído em um momento mágico de suas vidas, onde puderam mostrar seu valor como pessoas e como membros de um grupo bem sucedido.

O atual momento por que passa a educação brasileira, marcado pela autonomia das escolas em relação às suas propostas curriculares, parece estar propício a novas aberturas.

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Estamos convencidos do potencial que trabalhos desse tipo têm para fazer frente ao sentimento de desvalia que se observa entre os alunos que convivem com histórias de fracasso. Acreditamos, igualmente, que esse poderá servir de inspiração para novos trabalhos preocupados com a política de inclusão do ser humano.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais. 3 ed. Brasília: Secretaria da Educação Fundamental, 2001.

CUIABÁ. Ministério da Previdência e Assistência Social. Programa Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano. Cuiabá, 2000.

MOYSÉS, Lúcia. A auto-estima se constrói passo-a-passo. 4 ed. Campinas, SP: Papirus, 2004.

QUEIROZ, TÂNIA DIAS. Pedagogia de Projetos Interdisciplinares: uma proposta de construção do conhecimento a partir de projetos. São Paulo: Rideel, 2001.

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