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Adubação verde e nitrogenada no trigo irrigado em plantio direto na Região do Cerrado 1

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Academic year: 2021

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Adubação verde e nitrogenada no trigo irrigado em plantio direto

na Região do Cerrado

1

Alexandre Manoeli

2

, Orivaldo Arf

3

, Ricardo Antonio Ferreira Rodrigues

3

,

Douglas de Castilho Gitti

4

e Mariana Moreira Melero

2

1

Trabalho desenvolvido com o apoio financeiro da FAPESP e do CNPq.²Professores do Curso de Graduação em Agronomia UNESP – Ilha Solteira, E-mail: arf@agr.feis.unesp.br; ricardo@agr.feis.unesp.br.³ Graduandos em Agronomia, UNESP – Ilha Solteira, Av. Brasil, 56,

Centro, C. Postal 31, CEP 15385-000, Ilha Solteira – SP, E-mail: alemanoeli@hotmail.com; marianamelero@hotmail.com. 4Mestrando em Agronomia, UNESP – Ilha Solteira,

E-mail:dcgitti@aluno.feis.unesp.br

O trigo é componente básico da alimentação humana, fornecendo cerca de 20% das calorias provenientes de alimentos consumidos pelo homem. Sua farinha é largamente utilizada na confecção de pães, massas e biscoitos. No Brasil, o trigo foi cultivado na safra 2010/11 em uma área de aproximadamente 2.142,7 mil hectares, com produção total de 5.601,8 mil toneladas, 11,5% a mais que a produção obtida na safra anterior. A lavoura de trigo do Brasil é implantada, em quase sua totalidade, no sistema plantio direto que atinge mais de 90% da área cultivada. Nos Estados de Minas Gerais e Goiás grande parte das lavouras são irrigadas (Conab, 2010).

Dentre os fatores climáticos, a precipitação pluviométrica é aquela que frequentemente limita a produtividade do trigo, principalmente nas Regiões Central e Sudeste do Brasil. Nesse caso, a irrigação torna-se prática indispensável para permitir o cultivo na época seca e garantir a produção da cultura no período das chuvas, quando ocasionalmente, ocorrem veranicos. Aliado ao manejo da água de irrigação, a produtividade da cultura se prende às condições do solo e de sua fertilidade e constitui um critério preponderante para êxito da triticultura. No caso da cultura do trigo, entre os nutrientes que influenciam a sua produtividade, o nitrogênio (N) é um dos mais absorvidos durante o ciclo de desenvolvimento das plantas (Scalco et al., 2002). A nutrição mineral tem efeito na produtividade de grãos, sendo o N o nutriente quantitativamente mais importante (Lamothe, 1998). Segundo Zagonel et al. (2002), a adubação nitrogenada promoveu aumento da estatura das plantas, do número de espigas m-1 e da produtividade. Didonet et al. (2000) afirmaram, ainda, que o aumento da massa de grãos está normalmente associado a disponibilidade maior de N durante a fase de floração e o início do enchimento de grãos.

A adubação verde com leguminosas é uma importante fonte alternativa de N para as plantas, devido à liberação lenta deste nutriente em sincronia com as necessidades da cultura (Stute e Posner, 1995). O uso combinado de adubos minerais e de adubação verde pode se constituir em uma prática de manejo interessante, atendendo as exigências das culturas em N e ao mesmo tempo reduzindo custos e riscos de poluição ambiental.

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O trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do uso de diversas coberturas vegetais e doses de N em cobertura no desenvolvimento e produtividade do trigo em sistema plantio direto na região do cerrado.

O experimento foi instalado em área experimental pertencente à Faculdade de Engenharia – UNESP, Campus de Ilha Solteira, no município de Selvíria (MS), situada aproximadamente a 51º 22’ de longitude Oeste de Greenwich e 20º 22’de Latitude Sul, com altitude de 335 metros. O solo do local é do tipo Latossolo Vermelho Distrófico argiloso (Embrapa, 2006). A precipitação média anual é de 1.370 mm, a temperatura média anual é de 23,5oC e a umidade relativa do ar está entre 70 e 80% (média anual).

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso e os tratamentos foram constituídos pela combinação do efeito dos restos culturais de milho, Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis, no desenvolvimento do trigo com diferentes doses de N em cobertura (0, 30, 60 e 90 kg ha-1), totalizando 44 tratamentos, com 4 repetições. As parcelas foram constituídas por 6 linhas de 5m de comprimento, espaçadas 0,17m ente si. Foram consideradas como área útil as linhas centrais desprezando-se duas linhas laterais e 0,50m em ambas as extremidades de cada linha.

Após a colheita do milho foi realizada a passagem de um desintegrador mecânico, objetivando a distribuição dos restos vegetais tanto do milho quanto das crotalarias e facilitando a implantação do trigo. Uma semana antes da semeadura foi realizada a aplicação do herbicida gliphosate (1.560 g ha-1 do ingrediente ativo) para dessecação da vegetação existente na área de cultivo.

A semeadura foi realizada mecanicamente, utilizando o cultivar IAC 370 semeado com densidade de 400 sementes viáveis m-2. O fornecimento de água foi realizado utilizando-se um sistema de irrigação por aspersão do tipo Pivô central.

A emergência das plantas ocorreu em 18/05/2010, aos sete dias após a semeadura. A colheita foi realizada em 06/09/2010, completando um ciclo de 104 dias após a emergência das plântulas.

Foram realizadas as seguintes avaliações: matéria seca dos restos culturais de milho, C. juncea e C. spectabilis, teor de N foliar, número de espigas m-2, massa de mil grãos, massa hectolítrica e produtividade da cultura do trigo.

Na Tabela 1 estão apresentados os valores da massa seca das plantas de cobertura Milho, C. juncea e C. spectabilis. Houve diferença significativa nos tratamentos utilizados, sendo a C. juncea a planta de cobertura que apresentou maior quantidade de matéria seca, com aproximadamente 16 t ha-1. O milho semeado em consórcio com a C. juncea também apresentou bom rendimento de palhada, com aproximadamente 13 t ha-1, enquanto o tratamento com milho solteiro rendeu em média 6,5 t ha-1.

Os valores médios do teor de N foliar, número de espigas m-2, massa de mil grãos, massa hectolítrica e produtividade de grãos estão apresentados na Tabela 2. As diferentes coberturas vegetais não influenciaram o teor de N foliar. No entanto, conforme se elevaram as doses de N, maior foi o teor desse elemento nas folhas da cultura. Raij et al. (1997) afirmaram que o teor de N foliar adequado para a cultura do trigo deve estar entre 20 e 34 g kg-1. O tratamento que não utilizou adubação nitrogenada em cobertura apresentou teor foliar de 31,6 g kg-1, enquanto aquele que utilizou a maior dose de N (90 kg ha-1) obteve uma média de 42,0 g kg-1.

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Verificou-se o efeito das coberturas vegetais no parâmetro espigas m-2, onde o tratamento C. juncea foi o que apresentou melhor resultado, diferindo significativamente do tratamento milho + C. spectabilis semeados simultaneamente. Com relação ao N em cobertura, observou-se que com o aumento das doses, houve aumento no número de espigas por m² de acordo com uma equação quadrática, onde o ponto máximo seria obtido com a dose de aproximadamente 83 kg ha-1 de N.

Coelho (1997) estudando a resposta do trigo à irrigação e adubação nitrogenada em cobertura, observou que com o aumento das doses de N, houve um incremento no número de grãos por espiga e redução na capacidade fotossintética da planta por causa do autossombreamento e acamamento. Com isso, houve aumento na competição por nutrientes e fotoassimilados, reduzindo a massa de grãos. Neste estudo observou-se que as coberturas vegetais não influenciaram significativamente nas médias do parâmetro massa de mil grãos. Já para as doses de N pôde-se observar que quando aumentadas, houve queda na média da massa de mil grãos, sendo que os tratamentos que não utilizaram adubação nitrogenada de cobertura apresentaram uma média de 48,1 g, enquanto o tratamento que utilizou a maior dose de N em cobertura apresentou média de 47,5 g.

A massa hectolítrica é um importante atributo, uma vez que, na prática, o valor recebido pelo produtor é menor quando a massa hectolítrica se apresenta abaixo de 78 kg hL-1 (Megda et al., 2009). No presente estudo, as coberturas vegetais não apresentaram influência significativa na massa hectolítrica, enquanto as crescentes doses de N promoveram aumento nesse parâmetro estudado, de acordo com uma função quadrática, onde o ponto máximo seria uma dose de aproximadamente 70 kg ha-1 de N.

Tabela 1. Valores médios da matéria seca das plantas de Milho, C. juncea e C. spectabilis,

cultivados em consórcio e solteiros, na região de Selvíria (MS). 2009/10.

Coberturas Massa seca dos restos culturais (t ha-1)

Milho solteiro 6,5 c Crotalaria juncea (c.j.) 15,9 a Crotalaria spectabilis (c.s.) 7,9 c Milho + c.j. na semeadura 13,1 ab Milho + c.j. em V4 8,5 bc Milho + c.j. em V7 7,9 c Milho + c.j. em R2 6,5 c Milho + c.s. na semeadura 7,8 c Milho + c.s. em V4 8,7 bc Milho + c.s. em V7 8,0 c Milho + c.s. em R2 7,6 c Teste F 8,80 ** DMS 4,82 CV(%) 21,97

Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ** significativo a 1% de probabilidade. V4 e V7 - estádio vegetativo do milho com a

quarta e sétima folha totalmente desenvolvidas. R2 - estádio reprodutivo de grãos leitosos (Ritchie,

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Tabela 2. Valores médios do teor de N foliar, número de espigas m-², massa de mil grãos, massa hectolítrica e produtividade de grãos obtidos em plantas de trigo cultivado em sucessão ao cultivo solteiro ou em consórcio do Milho com C. juncea e C. spectabilis, na região de Selvíria (MS). 2009/10. Tratamentos Nitrogênio (g kg-1) Espigas m-² Massa mil grãos (g) Massa hectolítrica Produtividade (kg ha-1) Coberturas Milho solteiro 36,6 300,6 ab 47,5 89,7 3.484 C. juncea (c.j.) 37,0 324,1 a 48,0 90,1 3.596 C. spectabilis (c.s.) 37,6 306,1 ab 47,8 89,5 3.299 Milho + c.j. na semeadura 37,1 302,1 ab 48,0 89,7 3.540 Milho + c.j. em V4 36,8 298,0 ab 47,9 89,5 3.355 Milho + c.j. em V7 36,7 310,2 ab 47,6 89,3 3.498 Milho + c.j. em R2 36,2 294,0 ab 47,7 89,5 3.388 Milho + c.s. na semeadura 36,9 287,8 b 47,8 89,4 3.241 Milho + c.s. em V4 36,7 288,9 ab 47,7 89,9 3.221 Milho + c.s. em V7 37,5 302,5 ab 47,8 89,7 3.388 Milho + c.s. em R2 37,5 316,4 ab 47,8 89,9 3.528 Doses de N (kg ha-1) Zero 31,6(1) 269,1(2) 48,1(3) 88,9(4) 2.865(5) 30 35,4 298,0 48,0 89,7 3.359 60 38,8 322,2 47,6 89,9 3.576 90 42,0 321,8 47,5 90,0 3.850 Teste F Coberturas (C) 0,46 ns 2,07 * 0,21 ns 0,83 ns 0,88 ns Doses (D) 133,7 ** 29,2 ** 2,41 * 11,01 ** 26,53 ** C x D 0,80 ns 0,67 ns 0,92 ns 0,84 ns 0,60 ns DMS – Coberturas - 35,73 - - - CV(%) 6,91 10,18 2,72 1,11 15,71

Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ns – não significativo, * e ** significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente. V4 e V7 - estádio vegetativo do milho com a quarta e sétima folha totalmente

desenvolvidas, respectivamente. R2 - estádio reprodutivo do milho com grãos leitosos (Ritchie, Hanway e

Benson, 1993). DMS - diferença mínima significativa. CV - coeficiente de variação. (1)Y= 31,7793 + 0,1148x (R2 = 99%); (2)Y= 268,1532 + 1,3388x – 0,0081x² (R2 = 98%); (3)Y= 48,1207 – 0,0075x (R2 = 90%);

(4)Y= 88,9527 + 0,0283x – 0,0002x² (R2

= 98%); (5)Y= 2936,9986 + 10,5681x (R2 = 96%).

As coberturas vegetais não apresentaram influência significativa na produtividade de grãos, como pode ser visto na Tabela 2. Porém a produtividade se mostrou crescente conforme se aumentou as doses de N em cobertura, de acordo com uma equação linear. Freitas et al. (1995) verificaram aumento crescente de produtividade com o aumento das doses de N de 0 até 120 kg ha-1 e confirmaram o potencial do trigo em responder à altas doses de N.

Pelos resultados obtidos, concluiu-se que: a Crotalaria juncea e o consórcio milho + Crotalaria juncea na semeadura proporcionaram os maiores valores de massa seca de plantas para o

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função do aumento nas doses de N em cobertura; os dados de produtividade de grãos se ajustaram a uma equação linear crescente até a dose máxima utilizada de 90 kg ha-1.

Referências

COELHO, M.A.O. Resposta do trigo (Triticum aestivum L.) irrigado à adubação

nitrogenada em cobertura. 1997. 77f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade

Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 1997.

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Brasileira de Grãos 2010/2011 – Segundo Levantamento – Novembro/2010. Disponível em:

<www.conab.gov.br>. Acesso no dia 01 de junho de 2011.

DIDONET, A.D.; LIMA, O.S.; CANDATEN, A.A.; RODRIGUES, O. Realocação de nitrogênio e de biomassa para os grãos, em trigo submetido a inoculação de Azospirillum. Pesquisa

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EMBRAPA/CNPS. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2 ed., RJ, 2006. 306p. FREITAS, J.G.; CAMARGO, C.E.O.; PEREIRA FILHO, A.W.P.; TULMANN NETO, A.; PETTINELLI JUNIOR, A.; CASTROL, J.L. Eficiência e resposta de genótipos de trigo ao nitrogênio. Revista Brasileira da Ciência do Solo, Campinas, v.19, p.229-234, 1995. LAMOTHE, A.G. Fertilización con N y potencial de rendimiento en trigo. In: KOHLI, M.M.; MARTINO, D.L. (Eds.). Explorando altos rendimientos de trigo. Montevideo: CIMMYT/INIA, 1998. p.207-246.

MEGDA, M.M.; BUZETTI, S.; ANDREOTTI, M.; TEIXEIRA FILHO, M.M.C.; VIEIRA, M.X. Resposta de cultivares de trigo ao nitrogênio em relação às fontes e épocas de aplicação sob plantio direto e irrigação por aspersão. Ciência e Agrotecnologia, v.33, p.1055-1060, 2009. RAIJ, B.V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de

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SCALCO, M.S.; FARIA, M.A. de; GERMANI, R.; MORAIS, A.R. de. Produtividade e qualidade industrial do trigo sob diferentes níveis de irrigação e adubação. Ciência e Agrotecnologia,

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STUTE, J.K.; POSNER, J.L. Synchrony between legume nitrogen release and corn demand in the Upper Midwest. Agronomy Journal, v.87, p.1063-1069, 1995.

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densidades de plantas com e sem um regulador de crescimento afetando o trigo, cultivar OR-1.

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