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ASSUNTO: O ICMS ECOLÓGICO COMO ALTERNATIVA PARA O AUMENTO DO REPASSE DO ICMS AOS MUNICÍPIOS

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Academic year: 2021

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Por Thalyta Cedro Alves

ASSUNTO: O ICMS ECOLÓGICO COMO ALTERNATIVA PARA O AUMENTO DO REPASSE DO ICMS AOS MUNICÍPIOS

Parte 1 – O Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) constitui uma das principais receitas dos Municípios. Desse modo, comparando-se a arrecadação total das Transferências Correntes– TC (somatório das receitas de FPM, ICMS, IPVA, ITR, Lei Kandir, Fundeb entre outras) com o total do ICMS por região do Brasil têm-se que na região Sudeste só o ICMS representa cerca de 33% do total das receitas de TC, na região Sul é 30%, nas regiões centro-oeste e norte 28% e na região nordeste o imposto representa 19% das TC.

Fonte: Finbra, com elaboração da GTMWEB

Adicionalmente, comparando-se a arrecadação das receitas próprias (ISS, IPTU e ITBI) dos Municípios com o ICMS tem-se que

Fonte: Finbra, com elaboração da GTMWEB

No entanto, os governos municipais administram uma arrecadação inferior àquela que potencialmente poderiam arrecadar em razão do desconhecimento de sua capacidade tributária potencial ede alternativas para aumentar a receita do ICMS, aumentando assim à eficácia da administração tributária que permitirá o combate às diferentes práticas de evasão.

Parte 2 – Incremento de receitas no ICMS

O ICMS (Imposto Estadual) é repassado também em função da arrecadação do Município. Assim, quanto maior for a arrecadação deste imposto no Município, maior será sua participação nas transferências estaduais. Portanto, ao aumentar sua arrecadação, o Município ampliará suas receitastotais. O fato de não serem impostos municipais não impede que a prefeitura procure melhorar sua arrecadação.

A Constituição de 1988 determina que 25% do valor arrecadado do ICMS é destinado aos Municípios dentro de cada Estado e ainda dispõe que do repasse 75% é distribuído de acordo com o valor adicionado Índice de Valor Adicionado(IVA) e 25% conforme disposto em legislação estadual. Esse critério, ao priorizar a distribuição dos recursos com base no valor adicionado fiscal, beneficia os Municípios mais dinâmicos economicamente. Particularmente, no caso das regiões metropolitanas, observa-se a

Região Norte Nordeste Centro-Oeste Sul Sudeste

ICMS/TC 28% 19% 28% 30% 33%

Região Norte Nordeste Centro-Oeste Sul Sudeste

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concentração de recursos financeiros nas capitais estaduais em detrimento das municipalidades vizinhas, que, em geral, comportam-se como cidades-dormitório, as quais arcam com a prestação de vários serviços públicos sem a fonte adequada de recursos financeiros.

Acerca desse último ponto, cada Estado, considerando as especificidades dos Municípios da sua região em termos de nível de renda per capita e indicadores sociais, é que define os critérios que melhor atendem os seus próprios Municípios para a formação do IPM.

Como exemplo o Estado da Bahia que a partir da Lei Complementar Estadual 13/97, estabelece os seguintes critérios:

a) O Índice de População (IP), que responde por 10% do IPM. Este índice é calculado dividindo-se a população total do Município pela população total do Estado (dados obtidos por meio de publicações do IBGE).

b) O Índice de Área (IA), que responde por 7,5% do IPM. Este índice é calculado dividindo-se a área total do Município pela área total do Estado (dados também obtidos por meio de publicações do IBGE).

c) O Índice de “Parte Igualitária” (IPI), que responde por 7,5% do IPM e deve ser distribuído igualmente para todos os Municípios que não atingirem 0,18001 no cálculo do IPM preliminar.

Diferentemente do Estado do RS, por exemplo, que além dos critérios comuns(população, número de propriedades rurais cadastradas) ainda estabelece percentuais considerando as áreas de preservação ambiental, as áreas de terras indígenas e aquelas inundadas por barragens, exceto as localizadas nos Municípios sedes das usinas hidrelétricas, esse critério é conhecido como o ICMS ecológico, ICMS verde ou ainda como é conhecida em alguns Municípios a Lei Robin Hood.

Apenas 17 Estados possuem legislação sobre o ICMS Ecológico.

Região Norte Nordeste Centro-Oeste Sul Sudeste

Estado

Acre Piauí Goiás

Rio Grande do

Sul São Paulo

Rondônia Ceará Mato Grosso Paraná

Rio de Janeiro Pará Paraíba

Mato Grosso do

Sul Minas Gerais

Amapá Pernambuco

Tocantins

O ICMS Ecológico não é um novo imposto, mas sim a introdução de novos critérios de redistribuição de recursos do ICMS, que reflete o nível da atividade econômica nos Municípios em conjunto com a preservação do meio ambiente.

Assim o objetivo dessa ação mensal é permitir que seu Municípios saiba como garantir o aumento do repasse do ICMS a partir do critério de ICMS

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ecológico.

Passo a passo para aumentar a receita do ICMS do Município:

• Verificar na legislação estadual quais os critérios e pesos na formação do IPM do seu Município, por exemplo:

a. Se população.Nesse caso é importante ressaltar que a distribuição dos recursos do FPM é feita pelo TCU, que estabelece o coeficiente individual de participação para cada Município, com base no disposto no Decreto-Lei nº 1.881/81. A distribuição dos recursos do FPM é feita de acordo com o número de habitantes, dessa forma, são fixadas faixas populacionais, cabendo a cada uma delas um coeficiente individual.

Esses percentuais individuais de participação dos Municípios podem variar anualmente a partir da avaliação do IBGE acerca da variação populacional no Brasil todo. O TCU considera essas estimativas para o cálculo dos coeficientes, o IBGE deve informa-las até o dia 31 de outubro de cada ano, informações estas compostas da população de cada Município e da renda per capta de cada Estado. O último censo demográfico aconteceu em 2010 e o próximo será em 2020, no entanto, anualmente o IBGE efetua as atualizações populacionais por meio de estimativa, e publica no Diário Oficial da União, até o dia 31 de agosto, a relação das populações por estados e Municípios. Normalmente todos os anos Municípios interessados, dentro do prazo de 20 dias dessa publicação, podem apresentar contestações na esfera administrativa bem fundamentadas ao IBGE, acerca dos resultados populacionais divulgados. Muitas vezes os Municípios acabam tendo redução no coeficiente por uma quantidade muito pequena de habitantes ou o contrário! Acaba não aumentando o coeficiente por não ter um ou dois habitantes a mais. Para você ter uma ideia de um coeficiente para o outro a variação de recursos do FPM é de quase R$ 2 milhões. Então para que não haja redução no seu FPM, ou ainda, que você garanta o aumento é importante se atentar para esses prazos e fundamentar bem a sua reclamação. Utilize para justificar a quantidade de habitantes os dados, entre outros, do censo escolar, da população votante, dos cadastros de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), o número de ligações da rede elétrica e de água, os registros de nascimento e óbitos e a existência de assentamentos. Se o IBGE indeferir o Município ainda pode tentar a esfera judicial. Veja que assim, além de garantir o aumento no FPM permitirá também o aumento no repasse do ICMS.

b. Se quantidade de propriedades rurais. Recomenda-se o acompanhamento junto aos Cartórios de Registro de Imóveis das áreas registradas, matrículas de cada propriedade junto ao INCRA, ou ainda o acompanhamento pelo módulo do Cadastro Ambiental Rural (CAR) que permitem acessar os dados dos imóveis cadastrados em todo país.

c. Se o Estado adota legislação para o ICMS ecológico:

• Verificar, conforme legislações estaduais, quais os critérios para requerer o ICMS Ecológico. Sabe-se que para o Município requerer o ICMS Ecológico

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é necessário ter em seu território Unidade (s) de conservação. A exemplo do Estado de Goiás essa unidade deve ser devidamente registrada no Cadastro Estadual de Unidades de conservação (CEUC), conforme Lei Complementar nº 90/2011. No caso do Estado de Minas Gerais para o Município requerer além da Unidade de Conservação é necessário também possuir sistema de tratamento ou disposição final de lixo urbano que atenda a, pelo menos, 70% da população urbana, ou sistema de tratamento de esgoto sanitário, que atenda a, pelo menos, 50% da população. No caso do Estado do Mato Grosso do Sul para a adesão é necessário que os Municípios tenham parte de seu território integrando terras indígenas homologadas, unidade de conservação da natureza devidamente inscrita no Cadastro Estadual de Unidades de Conservação e, ainda, aos que possuam plano de gestão, sistema de coleta seletiva e disposição final de resíduos sólidos, devendo esta última, ser devidamente licenciada. No Estado do Paraná ainda consideram os mananciais de abastecimento público de água.

• Verificar, conforme legislação estadual o que não é considerado para fins de ICMS Ecológico, como por exemplo: praças, áreas de lazer, zoológicos, jardins e espaços similares;

Comentário nosso: Algumas legislações estaduais consideram que mesmo os Municípios que possuem em seu território unidades de conservação federais e ou estaduais essas serão consideradas para fins de ICMS ecológico como é o caso de Minas Gerais, Paraná. Outros podem não considerar áreas de propriedade da União e nem as RPPN’s criadas pelos Municípios como é o caso de São Paulo em que apenas as UCs estaduais são contempladas.

• Ações a serem desenvolvidas porMunicípios que já recebem hoje o ICMS ecológico. Sabe-se que não basta somente efetuar o cadastramento de sua área para efeito de ICMS ecológico. Os Municípios ainda podem desenvolver algumas ações para melhorar seu índice:

1) Elaborar projetos conjuntos (como é o caso dos consórcios) de disposição final de lixo e tratamento de esgotos.

2) Promover um trabalho de orientação para os cuidados e restrições quanto ao uso do entorno (onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a Unidade) da Unidade cadastrada;

3) Investimentos em escolas, estradas rurais, controle de incêndios florestais e promoção de integração da Unidade com a comunidade do entorno;

4) Plano de Manejo da Unidade e outras ações que melhorem os aspectos ambientais relacionados à fauna, flora e os recursos hídricos em conformidade com a presença do homem naquela situação.

5) Alguns Estados ressarcem a partir do ICMS Ecológico os investimentos realizados pelos Municípios na Unidade cadastrada visando a melhoria das condições atualmente existentes na forma de algum enriquecimento ambiental;

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6) Criação de Reservas particulares de patrimônio natural (RPPN’s)

Comentário nosso: Lembre-se que toda avaliação efetuada em sua Unidade cadastrada, terá novo índice (maior ou menor) de participação do ICMS Ecológico e os novos valores somente serão incluídos nos repasses do ano seguinte da avaliação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A política tributária do Município não pode se restringir ao estabelecimento e administração dos tributos municipais. A maior parte da receita dos Municípios brasileiros provém de repasses de impostos federais e estaduais, que são de responsabilidade dos Estados e da União. A maioria dos Municípios aguarda esses repasses, de maneira passiva e essa ação que apresentamos é apenas uma maneira de possibilitar o aumento do repasse dos Municípios. Sabe-se que tal medida não se aplicará à realidade de todos os Municípios, por esse motivo são diversos os materiais que elaboramos para que você desenvolva ações baseadas na realidade e diagnóstico do seu Município.

Por fim é importante ressaltar ainda, que não cabe ao Estado determinar que esses valores sejam vinculados à utilização em questões ambientais.

Referências

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