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PONTO 1: Sentença 1. SENTENÇA

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Academic year: 2021

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PROCESSO CIVIL

PONTO 1: Sentença

1. SENTENÇA

1.1 CONCEITO DE SENTENÇA

Na sistemática anterior a Lei n. 11.232/05, que introduziu o chamado cumprimento de sentença, a sentença era o ato que sempre terminava com o processo.

Hoje o CPC não tem mais essa idéia, em razão da alteração de três artigos: 162, §1º; 267 e 269.

Hoje a definição de sentença não está mais necessariamente atrelada à extinção do processo. A sentença é o ato que nem sempre termina com o processo, porque hoje o processo pode continuar mesmo após a sentença.

Hoje, após o magistrado proferir a sentença, o processo pode continuar com a execução.

Todavia, há casos em que a sentença continua extinguindo o processo, hipótese do art. 267 – sentenças terminativas.

Em razão do CPC não atrelar mais a idéia de sentença à extinção do processo, ressuscitaram uma velha tese do Prof. Ovídio Baptista.

Segundo o Ovídio Baptista, é possível existirem sentenças no curso do processo, ou seja, decisões prolatadas no curso do processo não serão sempre interlocutórias, poderão ser também sentenças. Segundo Ovídio, sempre que houver resolução de mérito no curso do processo, se estará diante de uma sentença.

Ovídio desenvolve duas categorias de sentença prolatadas no curso do processo: sentenças liminares e sentenças parciais.

As sentenças liminares são resoluções de mérito proferidas no curso do processo com base em juízo de verossimilhança. Ex: tutela antecipada do art. 273 do CPC.

Sentença parcial seriam resoluções de mérito proferidas no curso do processo com base no juízo de certeza. Ex: tutela antecipada da parcela incontroversa, art. 273, §6º do CPC.

O Ministro do STJ, Teori Albino Zavaski, Nelson Nerry Jr. e Teresa Arruda Alvim seguem esse entendimento.

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PROCESSO CIVIL 1.2 RECURSO CABÍVEL

Ovídio entende que o legislador deveria positivar um novo recurso, todavia os nossos doutrinadores, que comentam a Lei 11.232, apresentam posicionamento diferente do Prof. Ovídio, sugerindo um recurso existente.

Há dois posicionamentos:

a) Caberia Apelação. A apelação deveria subir com translado de peças, convencionaram chamá-la de Apelação por Instrumento.

Essa tese é defendida por Teresa Arruda Alvim e o Ministro Teori Albino Zavaski.

Hoje, a maioria da doutrina não aceita esse posicionamento porque a Apelação por Instrumento não está positivada.

b) Caberia Agravo de Instrumento, conforme o entendimento majoritário da doutrina, pois seria o recurso mais adequado tecnicamente.

No nosso sistema, há outras hipóteses de sentenças agraváveis, ex: sentença que decreta a falência; a primeira sentença da prestação de contas.

TRF da 4ª Região tem alguns casos de aplicação dessa tese.

Há quem entenda que essas resoluções de mérito no curso do processo, não deveriam ser chamadas de sentença, mas sim interlocutórias de mérito.

Tem se questionado, além do recurso, se essas sentenças parciais ou liminares ou ainda, se as interlocutórias de mérito, transitariam em julgado. Teríamos uma coisa julgada no meio do processo ou ela se dá toda ao mesmo tempo? Posições:

De acordo com as concepções de coisa julgada, coisa julgada é algo que vai se atrelar a uma sentença, ou seja, interlocutórias não transitam em julgado, não são atingidas pela preclusão máxima que é a coisa julgada; o que transita em julgado são as sentenças. A partir do momento que se reconhece a existência de sentença no curso do processo, no tocante a sentenças liminares, é pacífico o entendimento de que elas não transitam, porque o provimento é provisório (emitido por juízo de verossimilhança).

Quanto às sentenças parciais (proferidas em juízo de certeza), dois posicionamentos:

a) elas transitariam em julgado. Quem afirma que elas transitam em julgado, admitem a existência de uma coisa julgada que vai se formando através do tempo, ou seja, seria uma coisa julgada em parte (coisa julgada progressiva).

b) Não admite, defendendo que não há coisa julgada, mesmo sendo sentença, mesmo que o julgamento seja prolatado com base em juízo de certeza, em razão de questões de ordem pública (ex: condições da ação, pressupostos processuais). Porque

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questões podem ser revogadas e o processo extinto. Tese defendida por Marinoni.

c) Há quem diga que sentença é o ato que sempre termina o processo e interlocutórias seriam as do curso do processo. Cássio Scarpinella Bueno.

1.3 EFEITOS DAS SENTENÇAS: As sentenças possuem os seguintes efeitos: a) EFEITOS DIRETOS

Os efeitos diretos atingem tanto as partes quanto os terceiros, sendo eles juridicamente interessados ou juridicamente desinteressados.

Efeito atinge terceiro, todavia o que não atinge terceiro nas ações individuais, é a coisa julgada.

Efeitos diretos se confundem com a classificação das ações, sendo que podemos ter cinco categorias de efeitos diretos. São elas (Teoria Quinária – Pontes de Miranda):

1) Efeito declaratório: tem por finalidade trazer certeza ao mundo jurídico. Sempre que se buscar uma sentença declaratória é porque a relação ou situação jurídica já existe no mundo da vida ou já existe no mundo dos fatos. Todavia, ela não produz efeitos jurídicos sem um pronunciamento judicial. Ex: Ações de Investigação de Paternidade – para ser pai não precisa de pronunciamento do juiz, todavia para que aquela relação de paternidade produza efeitos jurídicos, necessariamente deverá haver um pronunciamento judicial. O verbo utilizado nas declaratórias é o verbo declarar.

2) Constitutivo: tem a finalidade de criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica. Ex. contra e venda, divórcio, separações, ações revisionais de contrato onde se pretenda a decretação de nulidade de cláusulas. Verbo utilizado: decretar.

3) Condenatório: não é capaz, por si só, de provocar uma declaração no plano da vida ou no plano dos fatos. O efeito condenatório está sempre atrelado a uma execução em separado.

O efeito condenatório hoje, só existe nas ações que tenham por objeto obrigação para pagamento. Nas ações para entrega de coisa e nas ações para cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer, não há que se falar mais em efeito condenatório. Essas sentenças que têm por objeto entrega de coisa, obrigação de fazer ou de não fazer serão executivas mandamentais, mas não serão condenatórias.

Assim, só podem ser condenatórias as sentenças que ordenam o pagamento em dinheiro.

O grande problema da condenatória, hoje, é que ela precisa de uma execução em separado e essa execução demora no Brasil.

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PROCESSO CIVIL Verbo utilizado: condenar.

4) Executivo lato sensu: no efeito executivo lato sensu há a transformação do mundo da vida ou da realidade social, independentemente de uma execução em separado, ou seja, a cognição (juiz diz o direito) e a execução (magistrado realiza o direito) vão se dar no mesmo ato sentencial.

Em razão dessa circunstância, a doutrina costuma dizer que temos o chamado SINCRETISMO. Professora discorda.

O cumprimento da obrigação vai se dar independentemente da vontade do obrigado, mesmo que o obrigado não queira, há formas de compeli-lo a cumprir. Nas executivas lato sensu, o cumprimento da obrigação vai se dar através da imposição de medidas coercitivas diretas. Nessas o cumprimento da obrigação se dá através dos auxiliares do juízo, ex: através de oficiais de justiça.

As ações onde se pretende a entrega da coisa são executivas lato sensu. Ex: ação de despejo.

Se o locatário se recusar a entregar a coisa, o mandado de despejo será cumprido inclusive com a utilização de força policial. Do mesmo modo: reintegração de posse.

Exemplo nas obrigações de fazer: uma ação civil pública onde o magistrado determine a interdição de uma empresa em razão desta estar poluindo o rio.

Verbo utilizado: nas ações de despejo, usualmente, é utilizado o verbo decretar; mas nas demais ações também pode ser utilizado o verbo determinar.

5) Mandamental – há uma substituição de uma vontade pública, por uma privada, por uma ordem judicial.

Como há substituição de vontade, o cumprimento de comando mandamental depende da vontade do obrigado (se não quiser, ele não cumpre).

As mandamentais possuem um diferencial em relação as demais, qual seja: o descumprimento de uma sentença mandamental gera o crime de desobediência.

Para que sejam cumpridas as mandamentais, serão impostas medidas coercitivas indiretas que se traduzem pela imposição de uma multa pecuniária (astrendi), com o fim de que a obrigação seja cumprida.

Segundo Pontes, as sentenças não são puras, mas mistas e híbridas, ou seja, são dotadas de mais de um efeito ou conteúdo eficacial. Ex: no despejo há quatro efeitos:

1º) magistrado reconhece a existência de uma ação de locação – efeito declaratório.

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3º) magistrado decreta o despejo – efeito executivo lato sensu.

4º) magistrado determina a expedição de ordem de desocupação – efeito mandamental.

Pontes de Miranda atribui números a esses efeitos, afirmando que somando o número desses efeitos o máximo que se pode chegar é 15 – TEORIA DA CONSTANTE 15.

Críticas a Pontes (feitas por Ovídio Baptista):

a) as sentenças sempre sejam mistas ou híbridas, podem existir sentenças puras. Ex: sentença em ação declaratória de inexistência de dívida.

b) direito não é matemática nem lógica para se atribuir números à sentença. b) EFEITOS ANEXOS

Os efeitos anexos decorrem de uma sentença pela simples razão da sentença existir, ou seja, basta sentenciar para que nasça o efeito anexo.

Requisitos:

a) O magistrado não precisa falar uma linha sequer sobre ele, basta proferir a sentença.

b) os efeitos anexos não se criam, mas precisam estar positivados na lei. Ex1: hipoteca judiciária prevista no art. 466 do CPC. Ex2: efeito anexo civil da sentença penal condenatória transitada em julgado – essa sentença torna certa a obrigação de reparar o dano, art. 475-N, II do CPC.

c) EFEITOS REFLEXOS

Atingem apenas os terceiros juridicamente interessados.

Terá interesse jurídico todo aquele terceiro que sofrer um efeito reflexo de uma sentença, que ocorre quando o direito do terceiro tiver uma relação de dependência com o objeto de uma determinada demanda.

Ex: efeito que o sublocatário sofre numa ação de despejo. O sublocatário tem interesse em intervir no feito para lutar pela manutenção da locação. Ou seja, ele poderá intervir como assistente do sublocatário.

1.4 Análise do art. 463 do CPC

Na velha redação do art. 463, com a sentença sempre acabava a prestação jurisdicional. Hoje, com a sentença, nem sempre acaba a prestação jurisdicional, porque o processo pode prosseguir, e pode prosseguir com a execução.

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PROCESSO CIVIL

Hoje o novo art. 463 refere apenas que após proferir a sentença, o magistrado pode alterá-la em dois casos:

a) na hipótese de ser agregado efeitos infringentes aos declaratórios; b) no caso de erro material.

1.5 REQUISITOS DA SENTENÇA – ART. 458:

a) Relatório – onde o magistrado faz uma descrição do que ocorreu no processo. Obrigatório, sob pena de nulidade. Nas sentenças dos JEC ele é dispensável.

b) Fundamentação – diz respeito às ações pelas quais o magistrado adotou determinada decisão. É requisito constitucional, art. 93, IX da CF, é sempre obrigatório. Sentenças homologatórias de acordo também devem ser fundamentadas, do mesmo modo, as sentenças terminativas também precisam ser fundamentadas, mesmo que de forma concisa. As interlocutórias também precisam ser fundamentadas.

Sentença que remete ao parecer do Ministério Público são sentenças fundamentadas.

Referências

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