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Supremo Tribunal Federal

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Academic year: 2021

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 736.516 RIO DE JANEIRO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA

RECTE.(S) :LITEL PARTICIPAÇÕES S/A

ADV.(A/S) :BRENO LADEIRA KINGMA ORLANDO E

OUTRO(A/S)

RECDO.(A/S) :UNIÃO

PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERALDA FAZENDA NACIONAL DECISÃO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

TRIBUTÁRIO. FATURAMENTO:

CONCEITO. ACÓRDÃO RECORRIDO CONSOANTE À JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

Relatório

1. Recurso extraordinário interposto com base na alínea a do inc. III do art. 102 da Constituição da República contra julgado do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que decidiu:

“PIS E COFINS. ART. 3º, § 1º, DA LEI N. 9.718/1998.

INCONSTITUCIONALIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. 1. O § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998, que alterou a base de cálculo da COFINS e do PIS, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. 2. A correção do indébito observará a disposição da Lei n. 9.250/1995, que criou a Taxa SELIC, excluindo-se qualquer índice de correção monetária ou juros de mora (art. 39, § 4º, da Lei n. 9.250/1995). 3. Apelação improvida. Remessa necessária parcialmente provida” (fl. 470).

Os primeiros e os segundos embargos declaratórios opostos foram

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RE 736516 / RJ

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PIS E COFINS.

FATURAMENTO. CONCEITO. 1. No próprio julgamento do RE n. 346.084, que reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998, houve a ressalva, por parte do Ministro Cezar Peluso, quanto à abrangência da expressão ‘faturamento’ e a sua adaptação à evolução histórica, notadamente quanto ao novo conceito de empresa. Nesses termos, aquele Ministro concluiu pela definição de ‘faturamento’ como sendo o produto das receitas advindas do exercício das atividades sociais. 2. Embargos de declaração providos, com efeitos infringentes” (fl. 498).

E:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÕES:

INOCORRÊNCIA. 1. Inexiste omissão quanto à menção específica à caracterização da embargante como sociedade do tipo ‘holding’. O raciocínio empreendido pelo acórdão embargado dirige-se à sociedades como essas (que não prestam serviços, nem vendem mercadorias), sendo que a menção às instituições financeiras e sociedades seguradoras foi feita a título de exemplo. 2. Inocorre vício quanto aos dispositivos tidos por omissos, seja porque foram expressamente abordados pelo acórdão embargado, seja porque não foram alegados pela embargante na fase recursal. 3. Embargos de declaração improvidos” (fl. 515).

2. A Recorrente alega que o Tribunal a quo teria contrariado a alínea b do inc. I do art. 195 da Constituição da República (ao que se depreende).

Argumenta que:

“tendo em vista que a Recorrente é, de fato, uma empresa de

participação – ou seja, uma empresa não operacional – considerar que as receitas provenientes da sua participação em outras sociedades sejam tributáveis pelo PIS e pela COFINS, acarreta, em última análise, a ausência de valores a serem restituídos na forma do pedido

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RE 736516 / RJ

formulado na peça inicial desta ação ordinária.

Em função disso, o propósito do presente recurso é demonstrar que o conceito constitucional de faturamento abrange apenas as receitas decorrentes da venda de mercadorias e serviços, sendo inarredável que as receitas financeiras – independentemente da natureza ou objeto social da pessoa jurídica que as aufere – não se enquadram em tal conceito.

(...)

(...) de modo bastante objetivo, a questão que se põe neste recurso extraordinário, cumpre verificar se as pessoas jurídicas que não vendem mercadorias nem prestam serviços – auferindo apenas receitas de índole financeira, ou demais receitas decorrentes da participação em outras empresas – teriam que sujeitar essas receitas à tributação pelo PIS e pela COFINS nos moldes da Lei n. 9.718/1998.

(...)

Portanto, no caso da ora Recorrente, que é uma empresa de participação por excelência, se é certo que as receitas auferidas nunca decorrem da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, ou seja, não há faturamento, é também forçosa a devolução dos valores indevidamente recolhidos a título de PIS/COFINS pela Recorrente soba a égide da Lei n. 9.718/1998” (fls. 529, 532 e 539).

Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO. 3. Razão jurídica não assiste à Recorrente.

O Desembargador Relator do caso no Tribunal Regional Federal da 2ª Região afirmou:

“Conforme destacado no próprio julgamento do RE n. 346.084,

que reconheceu a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei n.

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RE 736516 / RJ

9.718/1998, houve a ressalva, por parte do Ministro Cezar Peluso, quanto à abrangência da expressão ‘faturamento’ e a sua adaptação à evolução histórica, notadamente quanto ao novo conceito de empresa. Nesses termos, aquele Ministro concluiu pela definição de ‘faturamento’ como sendo o produto das receitas advindas do exercício das atividades sociais, frisando que atualmente as atividades econômicas, ensejadoras da obtenção de faturamento, não se resumiriam às atividades de venda de mercadorias e prestação de serviços.

Cumpre ressaltar que, recentemente, essa matéria veio a ser colocada em pauta no Supremo Tribunal Federal, tendo o Eminente Ministro reafirmado sua tese, conforme veiculado no Informativo n. 556 (17 a 21 de agosto de 2009): (...).

Diante dessas considerações, tem-se que a posição no Supremo não se encontra definida no sentido de que ‘faturamento’ equivalha apenas à venda de mercadorias e serviços, além de que se mostra a tendência, naquela Corte, de se considerar ‘faturamento’ como abrangendo as receitas decorrentes do exercício efetivo do objeto social da empresa, posicionamento ao qual me filio” (fls. 491 e 496 – grifos

nossos).

O acórdão recorrido harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo Tribunal, que assentou abranger o conceito de receita bruta (ou faturamento) sujeita à exação tributária também a soma das receitas auferidas no exercício das atividades empresariais:

“RECURSO. Extraordinário. COFINS. Locação de bens

imóveis. Incidência. Agravo regimental improvido. O conceito de receita bruta sujeita à exação tributária envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”

(RE 371.258-AgR, Relator o Ministro Cezar Peluso, Segunda Turma, DJ 27.10.2006).

E:

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RE 736516 / RJ

“RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Jurisprudência

assentada Ausência de razões novas. Decisão mantida. Agravo regimental improvido. Nega-se provimento a agravo regimental tendente a impugnar, sem razões novas, decisão fundada em jurisprudência assente na Corte” (RE 400.479-AgR, Relator o

Ministro Cezar Peluso, Segunda Turma, DJe 10.10.2006).

Contra essa decisão foram opostos embargos declaratórios afetados ao Plenário, e o Ministro Relator, em seu voto, afirmou:

“Tendo em conta que a doutrina comercialista mais acatada

reconhece há tempos a relevância da chamada teoria da empresa e que o conceito básico do moderno direito comercial seria o de atividade empresarial, substituindo a velha noção de ato de comércio, assentou o relator que se deveria formular a ideia de faturamento sob a perspectiva da natureza e das finalidades da atividade empresarial. Ressaltou que o equívoco dos que querem furtar-se ao regulamento das contribuições, alegando não comercializar bens nem serviços, decorreria da não percepção da ideia mais abrangente de atividade empresarial. Disse que, embora se use definir empresa com base na noção de empresário, entendido como quem exerce profissionalmente atividade organizada para a produção e circulação de bens e serviços, obviamente não haveria como nem por onde resumir a ideia da atividade empresarial à de venda de bens e serviços, nem tampouco interpretar restritivamente o sentido da referência a esses bens e serviços. A noção seria ampla e abarcaria o conjunto das atividades empresariais, pouco importando o ramo a que pertençam. Para o relator, não seria possível deixar de correlacionar atualmente a noção jurídica de faturamento com a de atividade empresarial. Realçou que, se nem todas as receitas constituem faturamento, seria preciso reconhecer, por outro lado, que as receitas que o compõem não se exauririam na rubrica das oriundas de vendas de bens e serviços. Não seria lícito, portanto, invocar a concepção curtíssima de mercadorias ou serviços para limitar a noção de faturamento, não procedendo a argumentação quer da seguradora quer das instituições financeiras de que, por não venderem mercadorias nem prestarem serviços, estariam

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RE 736516 / RJ

livres da incidência da contribuição sobre o faturamento. Aduziu que a atividade econômica se expressaria das mais variadas formas e o fato de certos ramos não se dedicarem à produção de mercadorias nem à prestação de serviço ‘stricto sensu’, não lhes retiraria nem esmaeceria o caráter empresarial que está indissociavelmente ligado ao pressuposto do fato autorizador do PIS e da COFINS” (Informativo

STF n. 556, de 17 a 21 de agosto de 2009 – grifos nossos). Nada há a prover quanto às alegações da Recorrente.

4. Pelo exposto, nego seguimento a este recurso extraordinário (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal).

Publique-se.

Brasília, 24 de junho de 2013.

Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora

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