Sistemas Magneticos de Baixa
Dimensionalidade
ArmandoVillares Ferrer
Dissertac~ao apresentada ao
Instituto de Fsica Gleb Wataghin
para obtenc~ao do ttulo de Doutor em Fsica
Banca Examinadora:
Orientador: Prof. Dr. Amir O. Caldeira (Unicamp)
Prof. Dr. Eduardo Miranda (Unicamp)
Prof. Dr. Edison Zacarias da Silva (Unicamp)
Profa. Dra. Maria Carolina Nemes (Ufmg)
Prof. Dr. Antonio Sergio Teixeira Pires (Ufmg)
DFESCM - IFGW - UNICAMP
GostariadeagradecerprimeiramenteaoProf. Dr. AmirO.Caldeirapelaorientac~aoepaci^encia
ao longo destes quatroanos, pelas horas dedicadas a esclarecer minhas constantes duvidas e pela
muita fsica completamente nova paramim quemeincentivou a aprender.
Acomiss~aodepos-graduac~aodoIFGWpelaoportunidadederealizarestatesededoutoramento
na UNICAMP.
Asag^enciasCNPqeFAPESPpeloapoionanceiro,semoqualestetrabalhon~aoseriapossvel.
Entre tantas pessoas que ajudaram de alguma forma para que este trabalho fosse nalizado
ocupaum lugarespeciala Pilinha,que compartilhouosbonse maus momentoscom incrvel bom
humor.
Ao Crispinoe a ^
Angela,sem osquaisteria sidoimpossvela minhavindaao Brasil.
Ao Marcelo, Eduardo M., Rodrigo, Jereson, Eduardo P., Alexis, Kristian e Paulo, pelas
dis-cuss~oesno grupoe pelas muitasvezes queescutaram pacientemente falar sobreeste trabalho.
AoAryeao Jefersonpelas muitasvezesqueajudaramcomoLATEX eaoDSFpelapaci^encia.
A grande
Elida pelas innitas correc~oes de portugu^es e, ao Zola, pelos momentos de
descon-trac~ao.
Aos bons novos e velhos companheiros: Banana, Super, Laura, Luciano, Cabelo, Fernanda,
Humbel,Dania, Martinha, Tersio, Romae Lazaro queanimaram-me este tempotodo.
AdonaCidapelo carinhodem~ae.
Aosmeuspais eirm~aspeloapoio, compreens~ao e estmulode sempre.
O objetivo principal deste trabalho e o estudo da din^amicadas excitac~oes topologicas em
sis-temas magneticos de baixa dimensionalidade e pode ser dividido essencialmente em duas partes:
fundamentos e aplicac~oes. Nos fundamentos apresentamos os conceitos basicos sobre os solitons
em uma e duas dimens~oes e a forma em que e possvel calcular este tipo de soluc~ao. Os casos
particulares da equac~ao de sine-Gordon (1D) e do modelo sigma n~ao linear (2D) s~ao discutidos
em detalhe. Demostraremos que, ao contrario do que acontece do ponto de vista classico, numa
teoria qu^antica o centro do soliton se acopla com as utuac~oes do campo em torno da soluc~ao
solit^onica levando a uma equac~ao de movimento dissipativa. Para construir uma teoria qu^antica
dos solitonsfoi utilizadoo metodo dascoordenadas coletivas. Este metodo permitiutratar
corre-tamenteosmodosde frequ^enciazeroquesurgememteoriasinvariantesportranslac~aoeao mesmo
tempo deduzir uma hamiltoniana qu^antica geral parao sistema interagente soliton- utuac~oes em
uma e duas dimens~oes. Posteriormente, partindo de uma hamiltoniana geral em 2Dde interac~ao
soliton- utuac~oes e usando o formalismo de Feynman e Vernon, e demostrado que o movimento
das excitac~oes topologicas nestes sistemas edo tipo Browniano e pode ser caracterizado poruma
constantededecaimentoquedependedatemperatura. Umaexpress~aoexplcitaparaesta
constan-te que dene a mobilidadedos solitons em duas dimens~oes foi tambem calculada. Os resultados
obtidos tanto na quantizac~ao como na din^amica dos solitons foram posteriormente aplicados na
descric~aodas excitac~oestopologicas dossistemas magneticos de baixadimensionalidade.
Na primeiradas aplicac~oesapresentamoso estudo da din^amicadasparedesde Blochque
apa-recem em um toy model para uma cadeia de spins ferromagnetica completamente anisotropica.
Demostramos que neste sistema as paredes dos domnios magneticos corresponedem aos solitons
de uma teoria de campos escalar efetiva em 1D que possui uma equac~ao de movimento do tipo
sine-Gordon. Utilizandoa teoriageraldesenvolvida previamente obtivemos umahamiltoniana
doscoecientesde re ex~ao etransmis~aodopotencialefetivoqueage sobre asondasde spincriado
pelapresenca da parede. Demostrou-se queparavalores nitosdo campomagnetico externo
apli-cado no sistema a mobilidade da parede e tambem nita. O espectro do potencial para campos
magneticos fortes foi calculado e isto permitiu computar o valor da constante de decaimento da
parede paraqualquer valor da temperatura. Comoresultadonalapresentamos adepend^encia da
mobilidadeda paredecom a temperaturae como campo magnetico aplicado.
Asegundaaplicac~aodateoriadesenvolvidaparaadin^amicadossolitonscorrespondeaoestudo
dos skyrmions. Como e demonstrado, os skyrmions s~ao as excitac~oes carregadas de mais baixa
energia que aparecem no sistema de Hall em torno de = 1 e podem ser detectados usando a
tecnica de resson^ancia nuclear magnetica. Do ponto de vista teorico, partindo da densidade de
lagrangiana proposta para a din^amica dos spins no sistema de Hall, descreveremos os skyrmions
pelassoluc~oesdomodelosigman~aolinearcomumtamanhoxo. Comosedemostra,estetamanho
esta determinado pela competic~ao dos termos de Zeeman e Coulomb no sistema. Usando ent~ao
esta soluc~ao solit^onica para descrever os skyrmions, calculamos uma hamiltoniana de interac~ao
skyrmion-magnon via metodo das coordenadas coletivas. Posteriormente usando o formalismo
desenvolvidoestudamosamobilidadedosskyrmionsnosistemaskyrmion-magnondogas
bidimen-sional de eletrons. A depend^encia do coecientede transporte que caracteriza a din^amica de um
skyrmioncom a temperatura e como campomagnetico foi calculada. Finalmente,a in u^encia do
carater dissipativodomovimento dos skyrmionsnasexperi^enciasde espalhamento de neutronsfoi
We have studied the problem of the dissipative motion of Bloch walls considering a totally
anisotropic one dimensional spin chain in the presence of a magnetic eld. Using the so-called
\collective coordinate method" we construct an eective Hamiltonianfor the Bloch wall coupled
to the magnetic excitations of the system. It allows us to analyze the Brownian motion of the
wall in terms of the re ection coeÆcient of the eective potential felt by the excitations due to
the existence of the wall. We nd that for nite values of the external eld the wall mobility is
also nite. Thespectrum of thepotentialat largeeldsis investigatedand the dependenceof the
dampingconstant on temperatureisevaluated. Asaresult we ndthe temperature andmagnetic
eld dependenceof thewallmobility.
Ontheother hand, exploringa classicalsolutionof thenon-linearsigma modelfora quantum
Hallferromagnet,askyrmion-magnoneectivehamiltonianisobtainedviathecollective
coordina-tes method. Usingthe Feynman-Vernon functionalintegral formalism we investigate in a general
waythedynamicsofthe2-Dsolitons. Ourtreatmentisapplyedtotheskyrmion-magnonmodelfor
the2-Delectrongas. ThetemperaturedependenttransportcoeÆcientswhichcharacterize asingle
skyrmion dynamics is found. Finally an investigation on the possible in uence of the skyrmion
1 Excitac~oes Topologicas 12
1.1 Introduc~ao. . . 12
1.2 Excitac~oesTopologicasem 1-D . . . 15
1.2.1 Equac~ao de sine-Gordon . . . 18
1.3 Excitac~oesTopologicasem 2-D . . . 19
1.3.1 OModelo Sigman~ao Linear. . . 20
1.4 Quantizac~aodos Solitons . . . 24
1.4.1 Introduc~ao . . . 24
1.4.2 Modos Translacionais . . . 28
1.4.3 Metodo dasCoordenadasColetivas. . . 28
1.4.4 Quantizac~ao dasSoluc~oes Solit^onicas . . . 32
1.5 Conclus~oes . . . 34
2 Din^amica das Paredes de Bloch 35 2.1 Introduc~ao. . . 35
2.2 Modelo Microscopicodas Paredesde Bloch . . . 38
2.3 Modelo Contnuo dasParedes deBloch . . . 40
2.4 Din^amicadasParedesde Bloch . . . 44
2.4.1 Introduc~ao . . . 44
2.4.2 Mobilidadeda Parede de Bloch . . . 46
2.5 Mobilidadeda Parede deBloch 2 paraCamposMagneticos Fortes. . . 49
2.5.1 Desviosde Fase . . . 49
2.5.2 OCoeciente deDecaimento . . . 53
3.1 Introduc~ao. . . 56
3.2 Detecc~ao ExperimentaldosQHS . . . 58
3.2.1 Sinalde NMRde umPoco Qu^antico . . . 58
3.2.2 Detecc~ao dosQHSusando OPNMR . . . 61
3.3 Din^amicada Cadeiade Spins . . . 66
3.3.1 EstadosCoerentes deSpin. . . 67
3.3.2 Ac~ao na Representac~ao dosEstados Coerentesparaum Spin. . . 67
3.3.3 Ac~ao para aCadeia de Spins . . . 70
3.4 Ac~ao Efetiva paraosQHS . . . 71
3.5 Tamanho eEnergia dosQHS . . . 75
3.6 Conclus~oes . . . 77
4 A Din^amica dos Skyrmions 78 4.1 Introduc~ao. . . 78
4.2 HamiltonianaEfetivade Interac~ao Skyrmion-Magnons . . . 80
4.2.1 Expans~ao Funcional do Potencial . . . 81
4.2.2 Ondasde Spinno 2DEG. . . 83
4.2.3 Acoplamento Skyrmion-Magnons . . . 84
4.3 OOperadorDensidadeReduzidoDin^amico . . . 88
4.3.1 Introduc~ao . . . 88
4.3.2 SuperpropagadornaRepresentac~ao dosEstadosCoerentes. . . 90
4.4 Funcionalde In u^encia . . . 92
4.4.1 Aproximac~ao de Fase Estacionaria . . . 92
4.4.2 Integrac~ao do Funcionalde In u^encia . . . 94
4.5 Din^amicado Skyrmion . . . 99
4.5.1 Equac~ao de Movimento . . . 99
4.5.2 A Matrizde Decaimento . . . 101
4.6 Conclus~oes . . . 104
5 Din^amica dos Skyrmions e Espalhamento de Neutrons 105 5.1 Introduc~ao. . . 105
5.2 Espalhamento deNeutrons e Func~oesde Correlac~ao . . . 107
5.3 Func~ao de Correlac~ao Din^amicaparaos Skyrmions . . . 110
5.3.1 Movimento n~ao Dissipativo . . . 112
5.3.2 Movimento Dissipativo. . . 113
6 Conclus~oes 115
A Teorema de Derrick 118
B Calculo dos Desvios de Fase 120
C \Knight Shift" 122
D Estados Coerentes 125
E Calculo do Propagador 128
F Operador de Densidade
r
em Termos dos Estados Coerentes 132
G Soluc~ao das Equac~oes de Movimento 134
Do ponto de vista classico muitos sistemas na natureza s~ao descritos adequadamente por
equac~oesdemovimento queenvolvem termosdissipativos(proporcionaisavelocidade). Um
exem-plo conhecidoe o movimento de uma partcula qualquer atraves de um uido. Em muitos casos
em que existedissipac~ao, n~ao e necessario levar em conta efeitos qu^anticos, pois a teoria classica
descreve corretamenteofen^omeno. Infelizmente,iston~aoacontece emtodasassituac~oespossveis.
Podemosesperar, porexemplo, que para temperaturas relativamente baixas, os efeitos qu^anticos
setornem relevantes. Nestasituac~ao somosobrigados a encontaruma formade conciliarequac~oes
de movimento dissipativascom oprocesso de quantizac~ao.
Um fato bem conhecido e que n~ao e possvel obter diretamente uma equac~ao de movimento
dissipativausandoaformulac~ao lagrangianaouhamiltonianasemdepend^enciaexplcitadotempo.
Assimsendo,pararesolveroproblemadadissipac~aoqu^antica,somosobrigadosaescolherumadas
formulac~oes ja desenvolvidas: o uso de novos metodos de quantizac~ao [1 ]-[4 ] ou o tratamento do
sistemana forma partculamaisreservatorio [5]-[7]. Neste ultimon~ao setenta quantizaro sistema
dissipativo diretamente mas sim trata-lo como um subsistema que interage com um reservatorio
complexo. Nesta interac~aoesta, precisamente,a origemda dissipac~ao.
Sendoo sistemacomposto conservativo e possivelusar,ent~ao,os procedimentosconvencionais
de quantizac~ao. Cumprida esta etapa, poderemos tracar as coordenadas do reservatorio e obter
assim uma equac~ao de movimento para a evoluc~ao do subsistema que carrega a informac~ao da
perda de energia. Esta ideia foi desenvolvida por Caldeira e Leggett [8] no estudo do
movimen-to Browniano qu^antico usando o metodo do funcional de in u^encia de Feynman-Vernon. Nesse
trabalho, escolhendouma forma particular da interac~ao do subsistema com o reservatorio, se
cal-cula o funcional de in u^encia de forma fechada em termos de par^ametros macroscopicos como a
viscosidade. Este resultado mostrou que as propriedades de transporte de um sistema qu^antico
nossistemas classicos.
Um dos resultados mostrados em [8] e o fato do movimento da partcula Browniana ser
dis-sipativo mesmo para temperatura zero. Como veremos no caso das propriedades de transporte
dos solitonsiston~ao acontece, pois a partcula(subsistema) e o reservatorio t^em a mesma origem
microcopica. O calculo das propriedades de transporte de sistemas que possuem excitac~oes
to-pologicas envolve dois pontos fundamentais. Por um lado, a quantizac~ao de teorias classicas que
possuem solitonscomo soluc~oesdas equac~oes n~ao lineares de movimento [9 ] e, poroutro,a forma
corretadeselidarcomsistemasdissipativosqu^anticos[8 ]. Umaabordagemsistematica,queunica
estes dois pontos, foi desenvolvida com sucesso porCastro Neto e Caldeira [10 ]. Nela se mostra,
de forma consistente, uma forma corretade se calcularaspropriedades detransporte(mobilidade
e coeciente de difus~ao)dossolitonsde umateoriade campoescalar em 1-D.
Emuma teoriaclassica de camposossolitonss~ao congurac~oesdeste campo quese
movimen-tam com velocidadeconstante sem mudar a forma. Portanto, e suciente conhecermos a posic~ao
do centro do soliton em func~ao do tempo para descrever a sua din^amica. Ja do ponto de vista
qu^antico, as teorias classicas invariantes por translac~ao podem ser quantizadas usando o metodo
das coordenadas coletivas [9 ]. Nesta descric~ao, o centro do soliton pode ser interpretado como
umavariavel qu^antica din^amicaquedescreve osolitoncomopartcula[10 ].
Eimportanteressaltar
neste caso que,paratemperaturasnitas, nemtodosos grausde liberdadedo sistemacontribuem
paraaformac~aodo solitone,portanto,n~aoepossivelqueomesmo semovimentelivrementecomo
acontece na teoriaclassica. Oobjetivo fundamentaldeste trabalhoe oestudo daspropriedades de
transportedos solitonsem sistemas magneticos. Nele mostraremos que a din^amicadasexcitac~oes
topologicastemcaraterdissipativocomoconsequ^encia dainterac~aocomosgrausde liberdade
\re-siduais"(ondasdespin)nosistema. Estudaremosdoistiposdeexcitac~oes: asparedesdosdomnios
magneticos ou paredesde Bloch e os\Quantum HallSkyrmions",ou simplesmenteskyrmions.
As paredes de Bloch s~ao as regi~oes que separam os domnios num material com propriedades
magneticas [11], enquanto osskyrmions s~ao as excitac~oes carregadas de menorenergia no sistema
de Hallquando ofator de preenchimento dosnveis de Landaue proximo de 1[12 ].
Oprimeiro captulo sera dedicado a introduzir osconceitos fundamentaisque ser~ao utilizados
ao longodo trabalho. Mostraremosaspropriedadesfundamentaisdassoluc~oessolit^onicasemuma
e duas dimens~oes. Logo emseguida, partindode uma ac~ao geralpara umcampo escalar em uma
metodo dascoordenadas coletivas. A partenal docaptulosera dedicadaa obter ahamiltoniana
que descreve a interac~ao entre o solitone as utuac~oes docampo emtorno deste tipo de soluc~ao.
Nosegundocaptulo,partindodeummodelomicroscopicounidimensionalestudaremosadin^amica
dasparedesdeBloch[13 ]. Usandoolimitecontnuoparadescreverasmesmas,demostraremosque
asparedes dosdomniosmagneticos queaparecem nosferromagnetos correspondema solitonsdas
equac~oes de movimento para as variaveis de spin. Por outro lado, a ac~ao classica que descreve o
sistematemessencialmenteamesmaformaqueaquelautilizadaparailustrarometododas
coorde-nadascoletivasnocaptulo1. Istonospermitiraobterumahamiltonianaqueacoplaomomento da
parede com omomento dasondasde spineque sera usadaparaestudar adin^amicada excitac~ao.
A forma em que e possvel realizar a detecc~ao e a descric~ao teorica dos \quantum Hall
skyr-mions"e o tema fundamental do captulo 3. Nele discutiremos como, usando a tecnica de
Res-son^ancia NuclearMagnetica, podemoster evid^enciasda presencado skyrmionno sistemade Hall.
Logoemseguidaapresentaremosaac~aoefetivaquedescreveosskyrmionsdopontodevistateorico.
Como veremos, a mesma n~ao e mais que um modelo sigma n~ao linear geralizado. Isto permite o
calculo dotamanho eenergia dasexcitac~oes usandoas soluc~oesde Belavine Polyakov [14 ].
Nocaptulo4abordaremoso estudoda din^amicadosskyrmionsno sistemadeHall[15 ]. Como
veremos, partindodadensidade de lagrangianaparaas utuac~oesde spinapresentadano capitulo
anteriore usandoo metodo dascoordenadacoletivas, deduziremosumahamiltonianade interac~ao
skyrmion-magnons. Posteriormente usando o formalismode Feynman-Vernon,calcularemos uma
ac~aoreduzida,queenvolvebasicamente ascoordenadasdocentrodaexcitac~aoequepodeser
utili-zadadeformageralparaestudaradin^amicadesolitonsen duasdimens~oes. Finalmenteobteremos
umaequac~aode movimentoefetivaparaoskyrmionquecarregaa informac~aoda interac~ao comos
magnons.
Os ultimos captulos ser~ao dedicados a estudar a in u^encia da din^amica do skyrmionnas
ex-peri^encias de espalhamento de neutrons e a apresentar as conclus~oes nais sobre o trabalho e as
Excitac~oes Topologicas
Este captulo sera dedicado a apresentar conceitos fundamentais que ser~ao utilizados ao longo
do nosso trabalho. Nele introduziremos o conceito de excitac~oes topologicas, mostraremos como e
possvel calcula-las e ilustraremos o procedimento com os casos particulares da equac~ao de
sine-Gordon e do modelo sigma n~ao-linear. Finalmente discutiremos a forma correta de realizar a
quantizac~ao destas soluc~oes utilizando o metodo das coordenadas coletivas.
1.1 Introduc~ao
Emmeadosdosanos70foramdesenvolvidosmetodos[16]quetornaram possvelaobtenc~ao de
soluc~oesexatasdeequac~oesn~aolineares. Esteeopontodepartidanatentativadeobterinformac~ao
acerca das propriedades qu^anticas de um determinado sistema partindo da soluc~ao das equac~oes
do campo classico do mesmo. Como e de se esperar, n~ao e possvel relacionar todas as soluc~oes,
derivadas de uma teoria de campos classica, com as propriedades do sistema na teoria qu^antica
correspondente. Deformaintuitivaveremosqueparaobterestarelac~ao,devemosprocurarsoluc~oes
geradaspelas equac~oes n~ao linearesquecaraterizam ocampoque sejam localizadasno espaco.
As soluc~oes localizadas s~ao, a grosso modo, pacotes de energia que viajam sem deformar-se
com umavelocidadeuniforme. Este tipode soluc~aoefrequentementechamadade solitonouonda
solitaria. Maisadianteveremos comoe possveldarumadenic~aorigorosa dessasoluc~ao.
Para ilustrar melhor as propriedades das soluc~oes localizadas, tomemos, por exemplo, o caso
mais simples,aequac~aode onda
1 c 2 @ 2 @t 2 @ 2 @x 2 ! (x;t)=0: (1.1)
Comoesabido,qualquerfunc~aodaformaf(xct)esoluc~aodaequac~ao(1.1). Seemparticular,
f eumafunc~aolocalizada,ent~ao,podemosconstruirumpacotequeviajecomvelocidadeuniforme
csem mudarasua forma como tempo.
Poroutrolado,esemprepossvelvericarquequalquercombinac~aodefunc~oesdaformaf
1 (x
ct)+f
2
(x+ct) e sempre soluc~ao de (1.1). A analise da evoluc~ao temporal deste tipo de soluc~ao
revela que, para t ! 1, o sistema e composto por dois pacotes separados e aproximando-se
entre si. Paratnito, ospacotes sobrep~oem-se simulando umacolis~aoe, parat!+1,o sistema
volta a estarcomposto basicamente pelos pacotesseparados,comassuas formasiniciaismantidas
e afastando-se entre si. Estas caratersticas das soluc~oes da equac~ao (1.1) podem ser resumidas
como:
(i)A conservac~ao daforma e velocidadedopacote simples.
(ii)Aconservac~ao,aomenosassintotica,daformaevelocidadedevariospacotesdepoisdeuma
colis~ao entre eles.
Como sabemos as partculas elementares s~ao de certa forma pacotes localizados que viajam
sem deformar-se,e acredita-se,sejamdescritas poralgumateoria decamposrelativstica. Logoas
propriedades(i)e(ii)enunciadasanteriormente,assemelham-seasdosestadosestendidosqu^anticos,
ou de partculalivre.
No casoparticular da equac~ao de onda(1.1), aspropriedades (i)e (ii) s~ao consequ^encia direta
dalinearidadeen~aodispersividadedamesma. Umaanaliselevianadestefato,sugerir-nos-ia,an~ao
exist^enciadesoluc~oessolit^onicasemareasdafsicaemqueossistemass~aogovernadosporequac~oes
que cont^em termos n~ao lineares e dispersivos. O fato interessantee que, apesar da complexidade
que estas modicac~oes podem introduzir, existem sistemas descritos por equac~oes n~ao lineares
que possuem soluc~oes com as caratersticas (i) e (ii), ou seja, admitem a exist^encia de solitons 1
.
Isto nos leva a pensar que, apesar dos solitons serem soluc~oes de equac~oes classicas n~ao lineares
do campo, estas guardam alguma relac~ao com os estados qu^anticos de partcula livre da teoria
qu^antica correspondente. Certamente a ideia anterior e puramente intuitiva,mas proporcionou a
motivac~ao necessaria para desenvolver o formalismo conhecido como quantizac~ao dos solitons [9]
que estabeleceu justamente essa relac~ao.
Voltandoaspropriedadesdassoluc~oeslocalizadas,agoradopontodevistaformal,precisa-se de
umagrandezafsicaadequadaparaclassicarassoluc~oesdedeterminadosistemaemsolit^onicasou
1
n~ao. Paradarumadenic~aodesolitonutiliza-secomumenteadensidadedeenergiacomograndeza
fsicaparamedira localizac~aodassoluc~oes. Ent~ao,asoluc~aodeumaequac~aon~ao linearassociada
a um determinado campo classico (x;t) tem carater solit^onico quando a densidade de energia
correspondente a elapodeser escrita como
"(x;t)="(x ut); (1.2)
ondeu e umvetor velocidadee"(x) e umafunc~aolocalizada,ou seja
lim
x!1
"(x;t)=0: (1.3)
As equac~oes anteriores, (1.2) e (1.3), n~ao s~ao mais que a express~ao formal da propriedade (i)
apresentadaanteriormente. Poroutroladoa condic~aode conservac~aoda formadospacotesdepois
dascolis~oespode serexpressa como:
"(x;t)= 8 > < > : P N i=1 " 0 (x a i u i t) parat! 1 P N i=1 " 0 (x a i u i t Æ i ) parat!+1 (1.4) ondea i
eaposic~aodocentrodoi-esimosolitoneosÆ
i
s~aoapenasvetoresconstantesquerepresentam
umamudanca natrajetoriaoriginaldosmesmos. Estaultimapropriedadee bemmaiscomplicada
de servericada napratica,peloquemuitasvezes abusa-seda linguagemchamandode solitonsas
soluc~oesdasequac~oesn~ao linearesquedenemdeterminadocampo,quando naverdade,cumprem
apenascom a primeiradaspropriedades (i).
Como foi apontado anteriormente, existe um procedimento que estabelece a correspond^encia
entre soluc~oes solit^onicas e propriedades qu^anticas, conhecido como quantizac~ao dos solitons. A
teoria que faz esta ligac~ao foi desenvolvida porvarios autores usando diferentes tecnicas (ver por
exemplo[18 ]-[23])emostraqueepossvelassociarn~aosoumestadodepartculaestendidaasoluc~ao
classicado tiposoliton,mastambemtoda umaseriede estadosexcitados. Estesestadosexcitados
se obtem atraves da quantizac~ao das utuac~oes do campo em torno de uma soluc~ao solit^onica e
permitemobter propriedades daquasi-partcula qu^antica solit^onica,como massae fator deforma.
Tendo introduzido o conceito de soliton passamos em seguida a ilustrar, com exemplos que
usaremosaolongo destetrabalho,arelac~aoqueosmesmospossuemcomatopologiadossistemas.
Estudaremos oscasos particulares da equac~ao de sine-Gordone domodelo sigman~ao linear.
Pos-teriormente apresentaremos o procedimento para realizar a quantizac~ao das soluc~oes localizadas,
analisandoemdetalheadiculdadede quantizarsistemasquepossueminvari^anciade translac~ao e
1.2 Excitac~oes Topologicas em 1-D
Aspropriedadesdossolitons,que foramenunciadasna sec~ao anterior,n~ao possuemapenasum
caraterformal,poiss~aousadasnapraticaquandoprocuramossoluc~oeslocalizadasemdeterminado
sistema. Usualmente a imposic~ao das caratersticas solit^onicas as soluc~oes procuradas t^em como
consequ^enciaosurgimento deumagrandezaconservadaconhecidacomocargatopologicaoundice
de Pontryaguin [24 ].
Apesardacargatopologicaserumnumerointeiro,elatemumaorigemdiferentedaorigemdos
numeros qu^anticos. Esta carga esta diretamente relacionada com o comportamento dos campos
envolvidosnoinnito. Istosignica,ent~ao,queapresencadassoluc~oeslocalizadasemdeterminado
sistema esta relacionada com a topologia do mesmo, o que da origem a denominac~ao excitac~oes
topologicas paraeste tipo de soluc~ao.
Parailustraroprocedimentoaseseguirnocalculodassoluc~oessolit^onicasem1-Deesclarecera
import^anciaeopapeldacargatopologica,trataremosemseguidaocasogeraldeumcampoescalar
emduasdimens~oes(1temporal +1espacial). Posteriormenteusaremosa metodologiaexposta na
obtenc~ao desoluc~oessolit^onicasqueser~aousadasnoestudodadin^amicadasparedesdeBloch[13 ].
Paraumaanalisegeral,consideremosumcampoescalar(x;t) cujadin^amicaegovernadapela
densidade de lagrangiana L(x;t)= 1 2 _ 2 0 2 U(); (1.5)
ondea func~ao potencial e positivadenidae o seuvalor mnimoe zero. A equac~ao de movimento
gerada pelaaplicac~ao do princpiovariacionalem (1.5) tema forma
00 = @U() @ ; (1.6)
e a densidadetotal de energiado sistemae
"(x;t)= 1 2 _ 2 + 0 2 +U(): (1.7)
Vamossupor,porsimplicidade,queafunc~aoU tenhaM (M 0)pontosondealcancaomnimo
absoluto. Sejam ent~ao estespontos g (i)
com i=1;2;3:::M. Por outro ladoe evidente que,nestes
pontos, ofuncional de energiae nulo, ou seja
E[g (i)
]=0; (1.8)
(a)
(b)
φ
(
U
−
φ)
−
U
(φ)
φ
1
φ
φ
φ
φ
1
2
3
Figura1.1: (a)Opotencial U()queage sobre apartculafcticiaquandoU()possuiumunico
mnimo
1
. (b)Casoem queU() possuitr^es mnimosdegenerados.
Como ja vimos, as soluc~oes solit^onicas movimentam-se com velocidade uniforme. Portanto,
podemosprocurar soluc~oes localizadasestaticas e, posteriormente, atraves de uma transformac~ao
de Lorentz (ou Galileu), obter soluc~oes dependentes do tempo. As soluc~oes assim obtidas, s~ao
soluc~oes do problemaoriginal (1.6) pois a lagrangiana (1.5) e invariante pelas transformac~oes de
Lorentz. Desta forma oproblemaestatico a serresolvidosera ent~ao
00 = @U() @ : (1.9)
Antesdepassar aresolverexplicitamenteestetipode equac~ao,devemosimporascondic~oesde
contorno necessarias. Como as soluc~oes solit^onicas devem ter energia nita e uma densidade de
energia localizada,teremos
lim
x!1
(x)=g (i)
: (1.10)
Se o potencial U() tiver somente um ponto de mnimo g, ent~ao, quando x !1, (x)!g
necessariamente. Se pelo contrario, o potencial U() tiver varios pontos onde alcanca o mnimo
degenerado, ent~ao (x) deve tender a um desses pontos de mnimo para x ! 1 e ao mesmo
valor,ou a umoutro ponto de mnimo diferente, quandox!+1.
Usandoascondic~oesdecontorno (1.10),aequac~ao(1.9)podeserresolvidaparaqualquerforma
do potencial U(). Porem, antes de encontrar uma forma geral do campo (x) em func~ao do
potencial, e conveniente, para a analise topologica, notar que a equac~ao (1.9) possuium analogo
mec^anico [25 ]. Se na equac~ao (1.9) tomamos acoordenadax como o tempoe a variavel como a
unitariaquesemovimentasobaac~aodeumpotencial U(). Portantoasoluc~ao(x)representara
a posic~ao desta partcula,com umaenergia associada,que seconservaem cadainstante x
W 1 2 d dx 2 U(): (1.11)
Das condic~oes de contorno (1.10) vemos que a energia da partcula ctciae sempre nula.
Certa-menteesta energian~ao deve ser confundidacom aenergia real dosistema, que pode sercalculada
pelasimples integrac~ao de (1.7).
UsandoaanalogiacomapartculactciavamosanalisarocasoemqueopotencialU()possui
um unico mnimo. Nesta situac~ao a partcula fcticia esta sujeita a ac~ao de umpotencial como o
que aparece na Figura 1.1(a). Obviamente n~ao e possvel executar qualquer movimento (a n~ao
ser o trivial) em que o sistema evolua partindo de
1
em um passado remoto (x = 1) e volte
novamente a
1
emumfuturotambemremoto(x=+1)semviolaraconservac~aodaenergia. Esta
simplesilustrac~aopermitearmarqueseafunc~aoU()temumunicomnimoabsoluto,n~aoexistem
soluc~oeslocalizadasestaticas n~ao triviais. Por outro ladono caso emque o potencial U() possui
varios mnimos degenerados, como aparece na Figura 1.1(b), a partcula ctcia pode partir de
qualquerumdestesmnimose chegarateoproximo,sempre semultrapassa-lo. Ofatodaevoluc~ao
nunca acontecer entre os pontos
1 e
3
, por exemplo, tem a ver com a anulac~ao da velocidade
e a acelerac~ao ctcias 0
e 00
nos pontos de mnimo. Desta forma conclumos que a partcula
havendo deixado
1
movimentar-se-ia na direc~ao de
2
, alcancando este ponto assintoticamente,
pois nele todasas derivadas do movimento se anulam. Logo, quando U() possui varios mnimos
degenerados,assoluc~oesestaticaslocalizadasdevemsertaisqueconectemosmnimosvizinhosaos
pares.
Poroutrolado,comoosvaloresadmissveisdoscamposnoinnitoformamumconjuntodiscreto
(o conjunto dos mnimosde U()), n~ao e possvelconectar soluc~oes que unam mnimos distintos
atraves de deformac~oes contnuas de um valor de mnimo a outro mantendo a energia do sistema
nita em todo momento. Portanto se uma soluc~ao determinada (1;t
0 ) =
1
, ela permanecera
estacionaria neste ponto sem pular para outro valor de mnimo
2
. Isto sugere, ent~ao, que o
espacodetodasassoluc~oeslocalizadasn~aosingularesdeenergianitapodeserdivididoemsetores
caracterizados pelos valoresdas soluc~oes no innito,(+1) e ( 1). Os setores assim denidos
s~ao topologicamente desconectados, pois como foi apontado, n~ao e possvel deformar a soluc~ao
que pertence a um determinado setor em outra que pertence a um setor diferente sem violar a
Alem da classicac~ao baseada nos valores (+1) e ( 1), usa-se amiudea carga topologica
paraidenticaro setordo espaco aquepertenceumadeterminadasoluc~ao. A cargatopologicaem
1-De simplesmente Q= 1 2 Z 1 1 @ @x dx; (1.12)
que n~ao e mais que a diferenca entre os valores das soluc~oes no innito. Certamente o valor de
Q n~ao e suciente para classicar os setores topologicos, porem em muitos problemas fsicos as
grandezas calculadas dependem apenas da carga topologica e n~ao do valor absoluto dos campos
no innito. A analise anterior nos permite armar que os ndices topologicos s~ao basicamente
condic~oesde contorno quese conservam devidoao valor nito da energia do sistemaem qualquer
instante.
Esclarecidoo papelda topologia, podemosvoltaragora a soluc~ao da equac~ao (1.9). Estapode
ser resolvidafacilmenteemuma dimens~ao,pois
Z 0 00 dx= Z dU d 0 dx; 1 2 0 2 =U(); (1.13) ent~ao x x 0 = Z (x) (x 0 ) d p 2U() : (1.14)
Aexpress~ao anterior (1.14) e geralparaassoluc~oeslocalizadasestaticasem1-D e nospermite
estudar,porexemplo,ocasoconcretodaequac~aodesine-Gordon. Aequac~aodesine-Gordonpossui
uma import^ancia particular em fsica, pois aparece nos estudos de propagac~ao de deslocamentos
emcristais[26 ],din^amicade paredesdeBlochemsistemas magneticos[13]emodelosde partculas
elementares bidimensionais [27 ]. Com o objetivo de ilustrar os conceitos apresentados ate aqui e
paraousoposteriorno estudodadin^amicadasparedesdeBlochnocaptulo2,apresentaremosem
seguida assoluc~oes solit^onicasda equac~ao de sine-Gordon.
1.2.1 Equac~ao de sine-Gordon
A densidadede lagrangiana quegeraa equac~ao de sine-Gordontem a forma
L(x;t)= 1 2 _ 2 0 2 (1 cos); (1.15)
onde (x;t) e um campo escalar em uma dimens~ao. Neste caso o potencial 1 cos possui um
numero innito de mnimos, que podemser escritos como g
n
vimosna analisedo papel da topologianos sistemas unidimensionais,a carga topologica pode ser
calculada partindode (1.12). Neste caso particularsera simplesmente
Qn 1 n 2 = 1 2 Z 1 1 @ @x dx: (1.16)
Mascomonossistemascaracterizadosporumcampoescalarem1-Dassoluc~oesestaticaslocalizadas
devemconectar osmnimosvizinhos de1 cos, conclumos queQ=1.
Poroutro lado,substituindoo potencial envolvido em(1.15) em (1.14) teremos
x x 0 = Z (x) (x 0 ) d 2sin(=2) ; (1.17)
que integrandosetransforma em
(x)= 8 > < > : 4arctane x x 0
parao sinalpositivo
4arctane x x0
parao sinalnegativo:
(1.18)
A soluc~ao positiva, chamada de soliton, tem valores que v~ao de 0 a 2 de 2 a 4, 4 a 6
etc, e carrega, portanto, carga topologica Q = 1. Por outro lado, a soluc~ao negativa conhecida
como antisoliton possuicarga topologica Q= 1. Na Figura1.2 aparecem asformasdassoluc~oes
anteriores e a densidade de energiaassociada a elas para x
0
=1. Como era esperado a densidade
de energia tem realmente uma forma localizada mantendo a energia do sistema sempre nita.
Finalmente,paraobtersoluc~oesdependentesdotempobastarealizarumatransformac~aodeLorentz
nassoluc~oes(1.18).
Apesarde n~aoapresentarmosaquiademonstrac~ao,assoluc~oeslocalizadasdaequac~ao de
sine-Gordon obtidass~ao verdadeirossolitons[28],ou seja, soluc~oesque cumpremcomas exig^encias (i)
e (ii)apresentadas na introduc~ao deste captulo.
1.3 Excitac~oes Topologicas em 2-D
Ateagoraapresentamosalgumasdascaratersticasfundamentaisdassoluc~oeslocalizadasestaticas
para um campo escalar em 1-D e a suarelac~ao com a topologia. Porem, n~ao e possvel estender,
a priori, a forma de procurar e classicar as soluc~oes para o caso em que existem dois ou mais
camposescalaresacoplados envolvidosnoproblema[29 ]. Porissoapresentamosemseguidao caso
particular do modelosigma n~ao linearque pode serresolvidoexatamente [14 ] e quesera usado no
-8.0
-4.0
0.0
4.0
8.0
-8.0
-4.0
0.0
4.0
8.0
Figura1.2: Aslinhastracejadascorrespondemassoluc~oessolit^onicasealinhacontnuaadensidade
de energia associada a elas.
1.3.1 O Modelo Sigma n~ao Linear
Omodelosigman~aolinear(NLM)[14]consisteemtr^escamposescalaresn=(n
1 ;n 2 ;n 3 )reais
em duasdimens~oessujeitos ao vnculonn=1 e caracterizadospeladensidade de lagrangiana
L(r;t)= 1 2 X (@ n)( @ n): (1.19)
Estemodelotemsidoutilizadoporvariosautoresparaestudarasexcitac~oestopologicasque
apare-cem emferromagnetos, antiferromagnetos e supercondutoresde alta temperatura crtica [30 ],[31 ].
Aac~ao associadaadensidadedelagrangianaanterior,quelevaemconta ovnculo,podeserescrita
como S = Z X " ( @ n)(@ n)+(x;t) X i n 2 i (x) 1 !# dxdt; (1.20)
que,porsuavez,gera umaequac~aopara oscamposescalares n
i
(x)(i=1;2;3) estaticos daforma
r 2
n(r)+n(r)=0: (1.21)
Utilizandoo vnculonn=1 naequac~aoanterior,e possvelobter ovalor domultiplicador de
Lagrange emtermos doscamposescalares n
i
(x) como
= n( r)r 2
n(r): (1.22)
Portanto aequac~ao (1.21) escreve-se daforma
r 2 n(r) n(r)r 2 n(r) n(r)=0: (1.23)
Poroutro lado,a energiaassociada aac~ao (1.20) pode sercalculada partindo de E = 1 2 Z ( @ i n) 2 d 2 x; (1.24)
que fornece a condic~ao imprescindvel para a exist^encia das soluc~oes localizadas estaticas para a
equac~ao dos campos com energia nita, pois, para a converg^encia da integral anterior, devemos
garantir que: lim r!1 rkrnk=0 ! lim r!1 n=n 0 ; (1.25) onden 0
eumvetorunitarionoespacointerno(oespacodoscamposn
i
). Istosignicaqueamedida
em quenosafastamos daorigem de coordenadasem qualquerdirec~ao,n(r) tendeao mesmo valor
limite. Este fato e essencialmente equivalente a compactar o espaco real R 2
em uma superfcie
esfericaque chamaremos S phy
2
(o que poderser feito usando a projec~ao estereograca). Por outro
lado, o espaco interno e tambem uma superfcie esferica de raio um que denotaremos por S int
2 ,
logo qualquer congurac~ao estatica dos campos n
i
(x) com energia nita n~ao sera mais que um
mapeamento de S phy 2 emS int 2 .
Todososmapeamentosn~ao-singularesdeumasuperfcieesfericaS
2
;emoutrasuperfcieesferica
S
2
;podem serclassicadosemsetores homotopicos[17 ]. Aquelesmapeamentospertencentesaum
certosetortopologicopodemserdeformadosdemaneiracontnuaemoutrodentrodomesmosetor,
poremnuncanaquelesqueseachamforadele. Poroutro lado,ossetoreshomotopicoss~aoinnitos,
numeraveiseformamumgrupoqueeisomorfoaogrupodosinteiros,oqueformalmenteescrevemos
como 2 (S 2 )=Z ; (1.26) onde n (S m
) representa o grupo de homotopias associadas aos mapeamentos de S
n ! S
m e Z o
conjuntodosinteiros. Estenumeroe agoraacarga topologica oundicede Pontryaguine descreve
basicamente onumerode vezes que umasuperfcieenvolvea outra.
Ondicede Pontryaguin pode ser calculadodiretamentedascongurac~oesdoscamposcomo
Q= 1 8 Z " n(@ n@ n)d 2 x: (1.27)
Como vimos anteriormente a carga topologica tem um papel importante na classicac~ao das
so-luc~oes. Nestecasoparticular,aconservac~aodeQpermiteprocurarsoluc~oesdaequac~aodoscampos
Para issopartiremosdeum vetor convenientemente construdo[14 ] V =@ n" n@ n; (1.28)
e da condic~ao de normapositiva paratodo vetor noespaco interno. Desta forma
Z d 2 x[( @ n" n@ n)(@ n" n@ n) ]0: (1.29)
Assimpodemosescrever
Z d 2 x[(@ n)(@ n)+" (n@ n)" (n@ n) ] (1.30) 2 Z d 2 x[" n( @ n@ n)]:
Osdois termos dolado esquerdo da equac~ao anteriors~ao exatamente iguais,portanto
2 Z d 2 x[(@ n)(@ n)]2 Z d 2 x[" n(@ n@ n)] (1.31)
que n~aoe mais que
E4jQj: (1.32)
Esta desigualdade fornece um limite inferior para as energias das congurac~oes estaticas em
cada setortopologico. Logoa equac~ao doscampos(1.23) pode ser resolvidaachandoos extremos
do funcionalenergia levandoem conta ovnculoque permitesovetoresde normaunitaria.
Por outro lado,emum certo setortopologico, a desigualdade (1.32) setornara uma igualdade
sempre quea inequac~ao (1.29) o fortambem, e istoacontece see somente se
@ n=" n@ n: (1.33)
A equac~ao anterior (1.33) pode ser simplicada usando a mudanca de variaveis da projec~ao
estereograca, ouseja,
! 1 = 2n 1 1 n 3 ; ! 2 = 2n 2 1 n 3 : (1.34)
E convenientetambemintroduzir
! =! 1 +i! 2 = 2( n 1 +in 2 ) 1 n 3 = 2n 1 n 3 ; n=n 1 +in 2 ; (1.35) e ent~ao @ 1 ! @! @x 1 = 2[ (1 n 3 )@ 1 n+n@ 1 n 3 ] ( 1 n 3 ) 2 ; (1.36)
@ 1 != 2 ( 1 n 3 ) 2 @ 1 n+n@ 1 n 3 ; (1.37)
ondeb@a=b@a a@b. Usando agoraasnovasvariaveis,a equac~ao (1.33) pode serescrita como
@ 1 n=i(n@ 2 n 3 ); @ 2 n=i(n@ 1 n 3 ); (1.38)
que ao seremsubstitudasem (1.37) geramasrelac~oes
@ 1 !=@ 2 !; (1.39) @! 1 @x 1 = @! 2 @x 2 ; @! 1 @x 2 = @! 2 @x 1 : (1.40)
As relac~oes que aparecem em (1.40) s~ao aquelas de Cauchy-Riemann para ! e logo qualquer
func~ao analtica !(z) e soluc~ao delas. Um prototipo de soluc~ao com qualquer valor dondice de
Pontryaguin (N)sera: !(z)= z z 0 N (1.41)
que paraN=1no espaco real adotaa forma:
n 1(2) = 4x(y) r 2 +4 2 ; n 3 = r 2 4 2 r 2 +4 2 (1.42)
sendo otamanho daexcitac~ao localizada como centrona origem de coordenadas.
Comovimosn~aofoiusadonenhumformalismogeralparatrataresteproblema,poisparaocaso
de dois ou mais campos escalares acoplados n~ao existe tal possibilidade[32 ]. O motivo peloqual
um tratamento semelhante ao exposto para o caso de um campo escalar em uma dimens~ao n~ao
e possvelpode ser compreendido facilmente. Consideremos umsistema descrito pordois campos
escalares acopladosem umadimens~ao. Adin^amicadeste sistema seragovernada peloconjunto de
equac~oes 00 1 = @U( 1 ; 2 ) @ 1 ; 00 2 = @U( 1 ; 2 ) @ 2 : (1.43)
Ao contrario da equac~ao (1.9), que pode ser integrada facilmente por quadratura, n~ao existe
ummetodo geralquepermitaresolverosistemaacoplado(1.43). Mesmoassim,podemserobtidas
algumascaractersticasdassoluc~oeslocalizadasnestescasos. Porexemplo,aocontrariodossistemas
compostos por um unico campo escalar, em que n~ao existiam soluc~oes localizadas quando U()
tinhaummnimon~aodegenerado,ossistemascompostospordoisoumaiscampospossuemsoluc~oes
2
, permiteque a partcula ctcia possa executar um movimento fechado voltando ao mnimo g
de ondepartiuinicialmente.
Outropontointeressante, naexist^encia de soluc~oes estaticaslocalizadasparadimens~oes
maio-res que um, e o conhecido teorema de Derrick [33 ] (ver Ap^endice A). Este teorema proporciona
basicamente um resultado negativo, pois mostra que para sistemas descritos por densidades de
lagrangianas da forma L(x;t)= 1 2 (@ )(@ )) U(); (1.44) onde (x;t)= i
(x;t) com i=1;2;::N em D dimens~oes espaciais,n~ao existem soluc~oes estaticas
localizadas para D 3. A obtenc~ao deste resultado tambem fornece uma condic~ao interessante
para o caso de duas dimens~oes. Isto e, o valor do potencial U() na soluc~ao localizada
1 , por
exemplo, deve ser identicamente nulo, ouseja,
U(
1
)0: (1.45)
Ent~ao, se U((x)) tem mnimosdiscretos degenerados, teremos somente a soluc~ao trivial, ou
seja, aquela em que e iguala um dos mnimos de U. Por outro lado, se o potencial possui um
conjuntocontnuodemnimos,ent~aoepossvelumasoluc~aodiferentedatrivial,ouseja,dependente
de x, ondemuda continuamente dentro doconjunto contnuo demnimos. Estee,precisamente,
o caso do modelo sigma n~ao linear,em queo potencial envolvido e identicamente nulo e portanto
possuiumconjunto demnimoscontnuo.
Paracompletarestebreveestudosobreassoluc~oeslocalizadas,quenospermitira
posteriormen-te investigara din^amicadasmesmas,e precisoestabelecera correspond^enciaentre ossolitonseos
estados qu^anticos de partcula livre. Portanto, a proxima sec~ao sera dedicada a apresentar o
for-malismo dequantizac~ao dassoluc~oessolit^onicasqueestabeleceprecisamenteestacorrespond^encia.
1.4 Quantizac~ao dos Solitons
1.4.1 Introduc~ao
Partindo da forma can^onica da hamiltoniana dos sistemas que admitem soluc~oes localizadas,
ChristeLee[9 ]desenvolveramummetodosimplesparaaquantizac~aodossolitons. Paraintroduzir
a ideia que esta por tras deste metodo, e conveniente explorar o modelo de uma partcula n~ao
x
U(x)
a
b
Figura 1.3: Potencial U(x) que age sobre uma partcula ctcia n~ao relativstica. A equac~ao de
Newton teracomo soluc~oesestaticas ospontos ae b.
na Figura1.3. Doponto de vistaclassico,o movimento dapartculasera descritopelasegundalei
de Newton d 2 x dt 2 = dU(x) dx ; (1.46)
e portanto assoluc~oes estaticas deste problema ser~ao os extremos de U(x), ou seja os pontos a e
b. Destaforma, a energia associada ao sistema no primeirodos estados, sera E
cl as
=U(a). Ja do
pontodevistaqu^antico,osestadosemqueapartculaseachaemaoubn~aos~aopermitidos,poiso
princpiodeincertezaprobeumestado demomentumnuloeposic~aodenida. Comoconsequ^encia
a partcula utuara em torno da posic~ao a,porexemplo, de forma que a energia mnima tenha a
forma E 0 =E cl as + 0 ; (1.47) onde 0
representa a correc~ao qu^antica derivada do movimento doponto zero.
Explorandoaideiaanterior,seopotencialU(x)foraproximadamenteharm^onicopertodoponto
a,podemosfazeruma expans~ao tipo weak-coupling eassociar ao sistema umconjunto de estados
localizadosemtorno dea. Neste caso
E n =E cl as +(n+ 1 2 )h !: (1.48)
Com algumas diferencas, podemos ent~ao estender a ideia anterior a sistemas governados por
la-grangiana L[]= Z ( 1 2 @ @t 2 1 2 @ @x 2 U() ) dx; (1.49)
onde (x;t) e umcampo escalar em duas dimens~oes(1 espacial+ 1 temporal)e U e uma func~ao
deste campo. Paraexplorar aanalogia com a ideia da quantizac~ao exposta acima, escreveremos a
equac~ao (1.49) como L[]=T[]+V[]; (1.50) onde T[]= Z 1 2 @ @t 2 dx e V[]= Z ( 1 2 @ @x 2 U() ) dx: (1.51)
Aequac~ao de Euler-Lagrangequeseobtemde (1.50) e simplesmente
@ 2 (x;t) @t 2 = ÆV [] Æ ; (1.52)
sendo o lado direito uma derivada funcional. As soluc~oes estaticas de (1.52) s~ao os extremos do
potencial V [] ,que podem serobtidosde
ÆV []
Æ
=0; (1.53)
no espaco dascongurac~oesdo campo.
Consideremosagoraapossibilidadedeconheceralgumadassoluc~oesde(1.53)quedenotaremos
por
0
(x). Ent~ao,a expans~aofuncional deV[]emtorno de
0 (x)tera a forma V[]=V[ 0 ]+ Z 1 2 8 < : (x) " @ 2 @x 2 + @ 2 U @ 2 # 0 (x) 9 = ; dx+; (1.54) onde(x)(x) 0 (x):
Comovemos ofuncional V[]desenvolvidoem tornode
0
gera umproblemade autovalores e
autofunc~oesdadopelaequac~ao diferencial
" @ 2 @x 2 + @ 2 U @ 2 # 0 i (x)=! 2 i i (x); (1.55) sendo i
(x)oconjuntodemodos normais (ortonormais)ou utuac~oesemtornode
0 (x). Podemos ent~ao escrever(x)(x) 0 (x)[34 ] como i (x;t) X i c i (t)n i (x): (1.56)
Substituindo(1.55) e (1.56) em (1.49) teremos L= 1 2 X i dc i (t) dt 2 V[ 0 (x)]+ 1 2 X i [ c i (t)] 2 ! 2 i ! +; (1.57)
queclaramentecorrespondeaumconjuntodeosciladoresharm^onicos,umparacadamodonormal,
alem de um termo constante V[
0
]. Como uma consequ^encia direta de (1.57) podemos construir
umateoriaqu^antica,emtornodoestadoclassico
0
,comoumconjuntodeautoestadosharm^onicos
aproximados. Isso pode ser feito quantizando os coecientes c
i
, e desta forma as energias dos
estados ser~ao E n i =V[ 0 (x)]+h X i (n i + 1 2 )! i +; (1.58) sendon i
onumerodequantadoi-esimomodonormal. Aequac~ao(1.58) (primeirotermo)relaciona
aproximadamente a energia de um certo estado qu^antico com a soluc~ao classica
0
, e, por outro
lado, as frequ^encias de oscilac~ao !
i
aos possveis estados excitados, ou utuac~oes em torno da
soluc~ao localizada
0 (x).
Oexemploanterior ilustracomo funcionam asideias basicas da associac~ao de umconjunto de
estadosqu^anticosa umasoluc~aoestatica qualquer,semprequeestaultima sejaummnimoestavel
do potencial envolvido no problema. Uma situac~ao diferenteaparece quando se trata de soluc~oes
quepossuemestabilidadeneutra,ouseja,asegundaderivadafuncionalnulaemdeterminadoponto
doespacointernoemtornodoqualqueremosaplicarometododequantizac~aodescritonestasec~ao.
Para demonstrara exist^encia destes pontos de sela,e conveniente escrever a equac~ao de
movi-mento (1.53) na seguinte forma
@ 2 (x) @x 2 = @U() @ ; (1.59)
e tomara derivada daexpress~ao anteriorem relac~ao a x. Destamaneira obtemos
@ 2 @x 2 + @ 2 U() @ 2 ! @ 0 @x =0: (1.60)
Istodemonstra quea equac~ao tipo Schrodinger(1.55), possuiautovalores de frequ^encia nula e
que a autofunc~ao associada a este modo, e simplesmente@
0
=@x, sendo
0
um extremode V().
Nestecasoaestrategiaaseguirparaaquantizac~aoediferente,poisometodoexpostoanteriormente
falha comoconsequ^encia da presencados modoscom !
i =0.
Osmodosdefrequ^encianulas~aoconhecidoscomo modos translacionais e podemser tratados
apropriadamente. A seguir analisaremos um pouco mais a fundo a origem e as implicac~oes dos
1.4.2 Modos Translacionais
Os modos de frequ^encia zero aparecem sempre que se quantizam soluc~oes estaticas de uma
teoria quepossuiinvari^ancia de translac~ao. Emoutras palavras, quandouma soluc~aoqualquer da
equac~ao demovimento
0
(x)e transladadapara
0
(x a), estaultima continua sendosoluc~ao da
equac~ao quegerou
0
(x) paratodo a. Nesta situac~ao aenergia potencial do problemaem quest~ao
n~ao dependerade aeserapossveldenircurvasequipotenciaisno espaco interno.
Opontochaveemtalcasoequeapesardasoluc~ao
0
(x)serumextremodeV[], elan~aoeum
mnimo nem mesmo localmente. Esta armac~ao pode ser entendida da seguinte forma: partindo
de
0
(x)sempreepossveldeslocar-se(noespacointerno)aolongodacurvadepotencialconstante
ao longo da qual a segunda derivada funcional e nula (estabilidade neutra). Este fato explica a
conex~ao entre umtipode simetriacontnuae a exist^encia dosmodosde frequ^encianula.
Havendocompreendidoaorigemdosmodostranslacionais,podemospassaraanalisaroimpacto
queestest^emnaconstruc~aodosestadosqu^anticos. Paraissoretomaremosateoriadecampoescalar
em uma dimens~ao espacial. Opotencial V[], em torno de um dos seus possveis mnimos,tem a
forma de umvale, nofundodo qualseestendea curva equipotencial,ou sejauma parametrizac~ao
poradasoluc~ao
0
(x a). Emqualquerdirec~aoortogonalaestacurvaovalordeV[]aumenta,o
quetrazcomoconsequ^enciaapossibilidadedeconstruirestadosnaformadescritanasec~aoanterior.
Noentanto,aolongodacurva,opotencialn~aotemac~aoconnante,oqueprovocaan~aolocalizac~ao
no espaco real da func~ao de onda associada a essa direc~ao. Este fato sugere a exist^encia de um
termo dotipoondaplana na energiado sistema.
Comoconsequ^encia imediata, paracada modo translacional,deve aparecer na energia do
pro-blema umtermo do tipo partcula livre, alem das correc~oes provenientes da expans~ao harm^onica.
Um resultado deste tipo n~ao e possvel de se obter atraves do formalismo desenvolvido ate aqui.
Entretanto, como veremos a seguir , ao introduzirmos modicac~oes no metodo proposto, o caso
das frequ^encias nulas sera tratado apropriadamente. O formalismo queapresentaremos em
segui-da, conhecido como o metodo das coordenadas coletivas, nos permite quantizar as soluc~oes
solit^onicas lidandode formacorreta com osmodosde frequ^encia nula, outranslacionais.
1.4.3 Metodo das Coordenadas Coletivas
Nesta sec~ao apresentaremos o metodo das coordenadas coletivas para o caso de um campo
numero arbitrario de campos escalares em duas dimens~oes espaciais poder ser feito seguindo o
tratamento que apresentaremos (para detalhesver,porexemplo, [9]).
Paraexporasideias fundamentaisdesteformalismo,partiremosnovamentedosistemadescrito
pela densidade de lagrangiana (1.49). Suponha, ainda, que existam soluc~oes conhecidas
cl (x)
(x X) daequac~ao demovimento (1.53) aela correspondente. Comojavimos,
(x;t)=(x X)+ 1 X i=0 c i (t) i (x X); (1.61)
ondei=0,correspondenteaomododefrequ^enciazero, n~aoeumaboaescolhanocasodeexistirem
autovalores nulosda equac~ao
" @ 2 @x 2 + @ 2 U @x 2 !# (x X) i (x X)=! 2 i i (x X): (1.62)
E importante notar que o valor de X nestescasos n~ao e relevante, pois o sistema e invariante
portranslac~ao.
Emlugarde (1.61),a ideiado metodo consisteemexpandir(x;t) como
(x;t)=(x X(t))+ 1 X i=1 q i (t) i (x X(t)): (1.63)
Neste caso, o termo i = 0 n~ao aparece na soma (1.63) e o vetor X, que n~ao tinha import^ancia
alguma, passa a ter um papel determinante na descric~ao do sistema, pois agora e dependente do
tempo. Este vetor recebe onome de coordenada coletiva e descreve omovimento do centro da
excitac~ao,quecomovemosem(1.63)estaacopladaas utuac~oespelacoordenadarelativax X(t).
Oponto chave dometodoe ousodeX(t)eq
i
(t)(comi>0) comocoordenadas dosistema, ao
invesdo conjunto c
i
(t)como foifeito em (1.61). A derivada temporal de sera
d(x;t) dt = @ @x + 1 X i=1 q i (t) @ @x ! dX(t) dt + 1 X i=1 @q i @t : (1.64)
Econvenientepassaragoraaumanovanotac~ao,ondeu
0 (t)=X(t)eu i (t)=q i (t)(parai>0).
Logo, utilizando(1.64) podemosescrevera energiacinetica do sistemacomo
K 1 2 Z dx d dt 2 = 1 2 1 X i;j=0 du i dt D i;j du j dt ; (1.65) ondeD i;j
D 0;0 = Z dx @ @x + 1 X i q i @ i @x ! 2 (1.66) D 0;j = Z dx @ @x + 1 X i q i @ i @x ! j = 1 X i Z dx @ i @x j q i ; j6=0 (1.67) D i;j =Æ i;j ; i;j 6=0 (1.68)
Naobtenc~aodasexpress~oesanterioresusamosaortogonalidadeentreasfunc~oes
i
(i6=0)e
0 ,
emvirtudede(1.60). ComooselementosdeD
i;j
s~aoinvariantesdetranslac~ao,asuaintegrac~aon~ao
dependeradeX(t)e portanto ser~aosofunc~ao defq
i
g. Analogamenteo termodeenergiapotencial
nadensidadede lagrangianae tambeminvariante detranslac~ao ecomoconsequ^enciaindependente
de X(t).
Podemosescreverent~ao
U[] Z dx ( 1 2 @ @x 2 +V[g ) =U(fq n g); (1.69)
que,com aajudade (1.63) e (1.60), setransformaem
U[]= 1 2 1 X n=1 q 2 n ! 2 n + (1.70)
Portanto alagrangiana dosistema emtermos dascoordenadasu
i
podera serescrita como
L= 1 2 1 X i;j=0 @u i @t D i;j (fq n g) @u j @t U(fq n g): (1.71)
Paraconstruirahamiltonianaassociadaalagrangianaanterior,devemoscalcularosmomentos
i
canonicamente conjugadosascoordenadasu
i . Estes s~ao i @L @ u i =D i;j @u j @t : (1.72) Ent~ao, H 1 X i=0 i du i dt L= 1 X i;j=0 1 2 i (D 1 ) i;j j +U(fq n g); (1.73)
Poroutro lado,usando asexpress~oes quedenema matriz Dteremos
(D 1 ) 0;0 = 1 D ; (D 1 ) 0;i = D 0;i D i6=0; (1.74) (D 1 ) i;j =Æ i;j + D 0;i D 0;j D i;j 6=0; (1.75)
sendo Do determinante damatriz D i;j ,dadopor D=DetD i;j =D 0;0 1 X i=1 D 2 0;i : (1.76) Ao substituiroselementosD i;j
pelos seus valores (1.66) o determinanteadota a forma
D = A+2 Z @ @x 1 X i=1 q i @ i @x ! dx+ Z dx 1 X i=1 q i @ i @x ! 2 1 X i=1 " Z dx i 1 X i=1 q j @ j @x !# 2 : (1.77)
Se na express~ao anterior expandirmos P 1 i=1 q i @ i @x em termos da base j (x X(t)), incluindo 0 (x X(t))=1= p A @(x X) @x
;a express~ao do determinante sereduza:
D= p A+ 2 ; (1.78) onde = Z 0 1 X i=1 q i @ i (x X) @x ! dx: (1.79)
Substituindo(1.78) e (1.79) em (1.73) e denotando o momento
0
como P,a hamiltoniana do
sistema pode serescrita como
H= P 2 2D + P D 1 X i=1 D 0;i i + 1 2 1 X i;j=1 Æ i;j + D 0;i D 0;j D i j +U(fq n g) (1.80) ou simplesmente H= 1 2D P + 1 X i=1 D 0;i i ! 2 + 1 2 1 X i=1 2 i +U(fq n g): (1.81)
Como pode-se notar na express~ao anterior, a energia do sistema contem agora um termo do
tipo partcula livre associado ao movimento do centro do soliton. Este resultado concorda com
a analise feita anteriormente quando estudamos a origem e relev^ancia dos modos translacionais.
Portanto, podemosconcluirqueatravesdamudancadevariaveisdo campo(x;t)paraoconjunto
fX(t);q
n
(t)g, consegue-se tratar adequadamente o modo de frequ^encia nula. Por outro lado,
de-pois de calcular de forma adequada a hamiltoniana que carateriza o sistema, podemos realizar a
quantizac~aodamesmae,destaforma,obteraenergianosetordoespacodeHilbertcorrespondente
1.4.4 Quantizac~ao das Soluc~oes Solit^onicas
Para a quantizac~ao de uma teoria unidimensional escalar escrita em termos das coordenadas
coletivas e dos seus momentos canonicamente conjugados, devemos promover a categoria de
ope-radores asvariaveis u
i e
i
,de formaque asregrasde comutac~ao
[ u n (t); m (t)]=iÆ nm [u n ;u m ]=[ n ; m ]=0 (1.82)
sejam satisfeitas. Para escrever a hamiltonianaclassica (1.80) em termos dos operadores posic~ao
e momento, devemos resolver o problema da ambiguidadena ordemdestes operadores. Para isso
assumiremosqueanovahamiltoniana(qu^antica)possuaaforma\can^onica",ouseja, assumiremos
que ahamiltoniana qu^antica na representac~ao de Schrodingertenha a forma:
H= Z 1 2 (^(x)) 2 dx+V[(x)] (1.83)
onde(x)eooperadorcanonicamenteconjugadoaocampo(x),deformaqueestesejaconsistente
com asrelac~oesde comutac~ao (1.82) e denidopeladerivada funcional
(x)= i Æ
Æ[(x)]
(1.84)
A mudanca de variaveis de (x) para as novas coordenadas u
i
pode ser feita convertendo o
operador diferencial funcional (1.84) em um operador envolvendo este novo conjunto de
coorde-nadas. Das regras do calculo sabemos que quando temos um numero nito de variaveis
i com
i=1;2;3:::N,olaplacianopode serescritoemtermosde umconjuntodiferentede coordenadas
i como: N X i=1 @ 2 @ 2 i = N X i;j=1 1 p B @ @ i B 1 i;j p B @ @ j (1.85) onde B i;j = N X k=1 @ k @ i @ k @ j B =DetB i;j (1.86)
Nossoproblemaenvolveumnumeroinnitodevariaveis, logodevemos usarumageneralizac~ao
de (1.86), istoe B i;j = Z dx @(x) @u i @(x) @u j : (1.87)
Usando(1.63)podemosmostrarqueB
i;j =D
i;j
,ondeoselementosD
i;j
coincidemcomaexpress~ao
(1.66). Neste ponto estamos em condic~oes de escrever a hamiltonianado sistema em termos dos
operadores diferenciais. Assim,
H= 1 2 1 X n;m=0 1 p D @ @u n D 1 i;j p D @ @u m +V(fu i g) (1.88)
Fazendo agora i@=@u
n =
n
, que e consistente com as relac~oes de comutac~ao (1.82), a
ex-press~ao paraa hamiltonianaadotaa forma:
H = 1 2 p D " ^ P 2 p D ^ P 1 X n=1 D 0;n p D ^ n +^ n D n;0 p D # + + 1 2 p D 2 4 1 X n;m=1 ^ n Æ nm p D+ D 0;n D 0;m p D ^ m 3 5 +V(fq n g); (1.89)
onde agora, a matriz D
0;i
e um operador que envolve ascoordenadas fq
n
g. Esta express~ao pode
ser ainda simplicada para facilitar a sua interpretac~ao fsica. Para isso substituimoso valor de
D
0;n
em(1.89), queusando asregrasde comutac~ao podeser escrito como
H= 1 2D 2 4 ^ P 1 X m;n=1 G mn ^ q m ^ n 3 5 2 + 1 2 1 X n=1 ^ 2 n +V[q n ]; (1.90) onde G mn = Z 1 1 @ m (x) @x n (x)dx: (1.91)
Poroutrolado,lembrandodaexpans~aoemmodosnormaisdopotencial,ahamiltonianadosistema
podeser escrita nalmentecomo
H= 1 2D 2 4 ^ P 1 X m;n=1 G mn ^ q m ^ n 3 5 2 + 1 2 1 X n=1 ^ 2 n +! 2 n q 2 n : (1.92)
Osegundotermodahamiltoniana(1.92)correspondeaumconjuntodeosciladoresdesacoplados.
Claramentea origemdestesmodosnormaisestarelacionada coma utuac~ao docampo (x;t) em
tornodasoluc~aosolit^onicaetemumaorigempuramentequ^antica. Poroutroladooprimeirotermo
correspondeao acoplamento deste sistema deosciladorescom omomento da excitac~ao topologica,
e deveser examinadocom atenc~ao. Porexemplo,sendo ^
P uma constantede movimento,pois
_ ^ P = 1 ih h ^ P;H i =0; (1.93) ^
P n~ao deve ser confundidocom o momentum da excitac~ao topologica. Ao mesmo tempo,pode-se
vericar que _ ^ x 0 = 1 ih [^x 0 ;H ]= 1 D 2 4 ^ P 1 X n;m=1 G mn ^ q m ^ n 3 5 ; (1.94)
portantoecorretointerpretarD _
^ x
0
comoomomentumdosolitoneotermo P 1 n;m=1 G mn ^ q m ^ n como
1.5 Conclus~oes
Esclarecidosaorigem e signicadodostermos quecomp~oem ahamiltonianado sistema,
pode-mos ent~ao concluirque,sempre queum sistemapossuiinvari^anciatranslacional e admitesoluc~oes
localizadas,estasultimas apresentar~aoumadin^amicadescritaporumahamiltonianadotipo(1.92).
Nestes casos,devido aosolitonter oseu momento acopladoas utuac~oes docampo,suadin^amica
passa a ser n~ao trivial. No proximo captulo apresentaremos o estudo daspropriedades de
trans-porte de excitac~oes topologicasque aparecem em sistemas magneticos unidimensionais. Veremos
que partindo de um modelo puramente microscopico, e possvel construir uma hamiltoniana do
tipo (1.92) que descreva o comportamento dasexcitac~oese mostrar como pode ser enfrentado, de
Din^amica das Paredes de Bloch
Neste captulo mostraremos como e possvel estudar a din^amica das excitac~oes topologicas em
uma dimens~ao. Para isso, partiremos de um modelo microscopico simplicado para os sistemas
ferromagneticos. Veremos que, no limite contnuo, as excitac~oes topologicas das equac~oes de
mo-vimento da teoria correspondem a parede dos domnios magneticos. Estas excitac~oes ser~ao
quan-tizadas usando o metodo das coordenadas coletivas apresentado no captulo 1, o que permite obter
uma hamiltoniana que acopla a parede dos domnios com as ondas de spin. Finalmente, para n~ao
sermos redundantes ao calcular a mobilidade das excitac~oes, nos limitaremos a usar a express~ao
particular do coeciente de decaimento para o caso 1-D, cuja deduc~ao para um caso mais geral
(2-D) eapresentada integralmente no captulo4.
2.1 Introduc~ao
Comoe conhecido,ossistemasferromagneticostridimensionais,abaixode umacerta
tempera-turacrtica,apresentamumatransic~aodefasedesegundaordem[35]. Amanifestac~aomacroscopica
destefen^omeno,eosurgimentodeumamagnetizac~ao(M)mesmonaaus^enciadecampomagnetico
externo. Dopontodevistaexperimental,verica-sequenestetipodesistemascoexistemfasescom
diferentes valores de M, o que pode ser perfeitamente explicado a luz da teoria das transic~oes
de fase de Landau [36 ]. Quando isto acontece, as amostras estudadas podem car divididas em
regi~oes, que permanecem em contato, onde M aponta em diferentes direc~oes. Estas regi~oes com
magnetizac~ao espont^anean~ao nula, s~ao conhecidascomo domniosmagneticos [36].
Figura2.1: DomniosmagneticosnumatadeCoFeSiBamorfaobtidausandooefeitoKerr,cortesia
de K. Pirotae M. Knobel,LMBT, IFGW, UNICAMP.
dist^ancias da ordem da separac~ao interat^omica, e possvel demarcar claramente a regi~ao estreita
que separaosdomnios. Estasregi~oes de transic~ao s~ao conhecidascomo paredesdo domnioe em
diversassituac~oesdevemser tratadascomo entesfsicosreais. Defato, aocalcularmos aestrutura
de domnios, devemos necessariamente incluir a energia correspondente as paredes [37]. Sabe-se
tambem que para baixas frequ^encias e campos magneticos fracos, a func~ao resposta din^amica e
determinada pela resposta das paredes dos domnios [11], que devera incluir a mobilidade das
mesmase a suamassa.
Por outro lado o surgimento de novas tecnicas de crescimento de materiais, Chemical Beam
Epitaxy (CBE) e Molecular Beam Epitaxy (MBE) por exemplo, possibilitaram a fabricac~ao de
sistemas magneticos de baixa dimensionalidade [38 ]. Neste novo tipo de sistema, de enorme
im-port^ancia tecnologica 1
, tambem aparecem domnios magneticos e portanto paredes de domnios
conhecidascomo paredesde Bloch.
Como se sabe, as paredes de Bloch, podem se deslocar pela amostra. De fato, Landau e
Lifshitz[39 ]sugeriramqueomovimentodasmesmasedissipativodevidoapresencadasexcitac~oes
1
magneticas elementares(magnons) nosistema. Defato,quando asparedesdeBlocheasondasde
spincoexistem,ascolis~oesentreelas,envolvendotransfer^enciademomentum,provocamareduc~ao
da velocidadedas paredese portanto umamobilidadenita dasmesmas.
A mobilidade das paredes de Bloch tem sido estudada amplamente do ponto de vista teorico
e experimental. A maioria dos trabalhos teoricos parte de considerac~oes fenomenologicas, o que
n~ao permiteavaliar a in u^encia dos diferentes fatores (defeitos e ondas de spin, por exemplo) na
mobilidade das mesmas. Do ponto de vista experimental existem varios metodos para observar
a exist^encia das parades 2
. Um dos mais utilizados baseia-se no efeito Kerr. Este efeito consiste
fundamentalmente na variac~ao do plano de polarizac~ao da luz depois que esta se re ete numa
amostra que possui magnetizac~ao n~ao nula na supercie. Ent~ao, estudando a luz que provem
da amostra com um polarizador, consegue-se distinguir nitidamente as regi~oes de polarizac~oes
diferentes que aparecem com tonalidades claras e escuras (ver Figura 2.1). Poroutro lado, se na
mesma experi^encia, observa-se com detalhes a amostra ao microscopio, poder~ao ser vistasregi~oes
de tonalidades intermediariasseparando osdomnios. Estas regi~oes de transic~ao s~ao precisamente
asparedes dosdomniosou paredesde Bloch.
Depoisdeidenticarasregi~oesquecorrespondemasparedes,epossivelestudarseumovimento
submetendo-as a um gradiente de campo magnetico ou forcar as mesmas a executar um
movi-mentooscilatorioquando submetidasacamposmagneticosvariaveis notempo. Estasexperi^encias
mostram, sem duvidas, que o movimento das paredes e dissipativo. No entanto, existem poucos
trabalhosrelacionados com ain u^encia da temperaturanomovimento dasmesmas.
Ain u^enciada temperaturano movimento dasparedesde Bloch estarelacionadacoma
popu-lac~aodemagnonsnosistema. Comoapopulac~aodosmagnonsdependefortementedatemperatura
e estes est~ao acoplados de alguma forma as paredes, a din^amica dasmesmas torna-se dependente
da temperatura. Estadepend^enciasera o principalobjetivo a serestudado nopresentecaptulo.
Partindo de um modelo microscopico ferromagnetico unidimensional,sera demonstrado que a
abordagemsemiclassicadoproblemadaexist^enciadasparedes,permiteidenticaracongurac~aode
spinscorrespondenteasmesmascomassoluc~oeslocalizadasde umateoriadecampoefetiva. Logo
em seguida, usando ummetodo sistematico para o estudo da din^amica dasexcitac~oes topologicas
[40 ] [41 ], apresentaremos umestudo da mobilidadedas paredesde Bloch coma temperatura.
2
a
b
c
x
y
z
Figura2.2: (a)Congurac~aocorrespondenteao mnimodofuncionaldeenergiaquandoB =0. (b)
Parede de Bloch , congurac~ao correspondente a um mnimo local do funcional de energia para
B = 0. (c) Parede de Bloch 2, congurac~ao correspondentea um mnimo local do funcional de
energia quandoB 6=0.
2.2 Modelo Microscopico das Paredes de Bloch
Para estudar as paredes de Bloch usaremos um modelo magnetico unidimensional totalmente
anisotropico. Este sistema e composto por um conjunto de spins dispostos ao longo da direc~ao
^
z, com um espacamento a entre eles, submetidos a um campo magnetico externo. Este tipo de
sistemaedescritopelahamiltoniana
H = X hiji J x S (x) i S (x) j +J y S (y) i S (y) j +J z S (z) i S (z) j h B X i S i : (2.1) Naexpress~ao(2.1)S () j
eacomponente(=x;y;z)doi-esimospindosistema, eomodulodo
momento magnetico em cadastioe B eomodulodo campo magnetico externo. Asconstantes de
acoplamento s~ao tais que J
x >J
y >J
z
>0 e porconveni^encia assumiremosque B esta orientado
na direc~aox.^
Para fazermos uma analise dos possveis estados de um sistema descrito pela hamiltoniana
(2.1), e conveniente comecar pelo caso em que B = 0. Nesta situac~ao, o estado fundamental do
x
y
φ
θ
z
Figura 2.3: Descric~ao classica dosspins, P 3 i=1 S (i) 2 =S 2 .
estado diferente da soluc~ao uniforme. Nos referimos a aquele estado que, sendo um mnimo local
dofuncionaldeenergia,n~aopodeserobtidopartindodacongurac~aocompletamenteuniformepor
qualqueroperac~aoqueconserveaenergiadosistemanita. Umexemplodestetipodecongurac~ao
aparecenaFigura2.2(b). Paradescreverdeformaqualitativaesteestadoeconvenienterepresentar
osspinsclassicamente,ouseja,porvetoresdenormaS (como aparecenaFigura2.3). Destaforma
S i =S(sin i cos' i ;sin i sin' i ;cos i ) (2.2) onde i e ' i
s~ao os^angulospolaresdo i-esimo spin.
Usandoasnovasvariaveis
i e '
i
,a congurac~aoda Figura2.2(a) correspondeao caso emque
i ==2 com ' i =0 ou ' i
=. Por outro lado a congurac~ao 2.2(b) corresponde a situac~ao em
que i = =2 e ' i = 0 quando i ! +1 e ' i
= quando i ! 1. Esta congurac~ao em que
S
i
roda em torno da direc~ao z^comecando em (;')=(=2;0) e terminandoem (;')=(=2;)
e conhecida como parede de Bloch [42 ]. Como veremos posteriormente esta soluc~ao e do tipo
localizada e pode ser calculada, na aproximac~ao de magnetizac~ao contnua, usando as tecnicas
expostas no captulo1.
Voltando aanalise dosistema, no casoem queo campo magnetico e diferentede zero,
quebra-se a degenerec^encia entre os estados ' = 0 e ' =. De fato, por simples inspec~ao vemos que o
estado emqueS (x)
eparaleloaocampo externo('=0)possuimenorenergiaqueo estadoemque
S (x)
e antiparaleloa B ('=). Nesta situac~ao ainda e possvelencontrar uma congurac~ao que
correspondaaummnimolocaldofuncionaldeenergia. Claramente,nestecaso
i
==2emquanto
que'
i