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CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NA ESCOLA BÁSICA: EM FOCO A PERSPECTIVA DE UM GRUPO DE PROFESSORES QUE VISITARAM A SALA M

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

MARA DA SILVA RODRIGUES

CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NA ESCOLA BÁSICA: EM FOCO A PERSPECTIVA DE UM GRUPO DE

PROFESSORES QUE VISITARAM A SALA MENDELEEV NA UFV

VIÇOSA – MINAS GERAIS 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

MARA DA SILVA RODRIGUES

CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NA ESCOLA BÁSICA: EM FOCO A PERSPECTIVA DE UM GRUPO DE

PROFESSORES QUE VISITARAM A SALA MENDELEEV NA UFV

Monografia apresentada ao Departamento de Química da Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências para a conclusão do Curso de Licenciatura em Química.

ORIENTADOR: Prof. Vinícius Catão de Assis Souza

VIÇOSA – MINAS GERAIS 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

MARA DA SILVA RODRIGUES

CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NA ESCOLA BÁSICA: EM FOCO A PERSPECTIVA DE UM GRUPO DE

PROFESSORES QUE VISITARAM A SALA MENDELEEV NA UFV

Monografia aprovada em 19 de novembro de 2019.

____________________________________ Prof. Marcelo Ribeiro Leite de Oliveira

Departamento de Química – UFV Avaliador do Trabalho

_________________________________ _________________________________ Prof. Vinícius Catão de Assis Souza Profa. Regina Simplício Carvalho Departamento de Química – UFV Departamento de Química – UFV

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AGRADECIMENTOS

A caminhada foi árdua, mas é com imensa alegria que encerro mais essa importante etapa em minha vida.

Antes de tudo, agradeço a Deus, que me acolheu em seus braços nos momentos difíceis e me guiou por todo o caminho. Mostrou-me ser capaz e levou-me a acreditar que na presença Dele tudo é possível.

Aos meus amados pais, José Luiz e Maria Aparecida, que me incentivaram, acreditaram e me deram todo o suporte que eu precisei. Batalhadores que eu sempre admirarei, jamais mediram esforços para me apoiar nas diversas formas que eu precisei.

Às minhas irmãs, Mariana e Maíra, por todo companheirismo, conselhos e apoio na vida acadêmica. Ao meu irmão caçula, de coração, Danilo, por todo amor, carinho e abraços acolhedores.

Agradeço também a todas as amizades conquistadas em Viçosa ao longo desses anos de graduação, que foram essenciais para o meu desenvolvimento pessoal e acadêmico. Foram também uma segunda família que tive em Viçosa. Em especial, destaco os amigos Gustavo, Raquel e Amanda, que sempre me apoiaram, aconselharam e proporcionaram os melhores momentos de diversão; o Vitor e o Gabriel, por também me apoiarem academicamente e arrancarem de mim as melhores risadas... Chinês, Lourainy e Diana que estiveram sempre comigo no fim desta caminhada. Sem vocês o curso não seria o mesmo!

Ao prof. Vinícius Catão, por ser um grande exemplo de professor, que se dedicou a me orientar nessa pesquisa e em tantos outros assuntos relacionados à Educação.

Aos professores e às professoras que trouxeram os conhecimentos essenciais à minha formação acadêmico-profissional e pessoal.

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"As verdadeiras conquistas, as únicas de que nunca nos arrependemos, são aquelas que fazemos contra a ignorância."

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RESUMO

RODRIGUES, Mara da Silva. Contribuições da educação não formal para o ensino de Ciências na Escola Básica: em foco a perspectiva de um grupo de professores que visitaram a Sala Mendeleev na UFV. Monografia de conclusão do Curso de Licenciatura em Química. Universidade Federal de Viçosa, novembro de 2019. Orientador: Prof. Vinícius Catão de Assis Souza.

A sociedade como um todo vem passando por constantes e rápidos avanços no que diz respeito ao uso das Tecnologias e na difusão das Ciências em geral, sendo necessário que as pessoas adquiram conhecimentos que extrapolem os limites da Escola. Os espaços educativos conhecidos como não formais e informais se tornaram relevantes para complementarem os temas abordados em sala de aula. Por isso, este trabalho investigou as possíveis contribuições dos espaços não formais de educação para o ensino das Ciências, sendo feita uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório com um grupo de seis professores(as) da Educação Básica, atuantes na área das Ciências, que visitaram a Sala Mendeleev (Campus da UFV em Viçosa/MG) com seus respectivos grupos de estudantes. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas com cada professor(a) buscando conhecer suas formações acadêmicas, além das etapas seguidas para a realização da visita, as contribuições para o processo de ensino e aprendizagem e as dificuldades enfrentadas na efetivação da atividade. Tais entrevistas foram gravadas em áudio com o consentimento dos participantes, sendo posteriormente transcritas e analisadas seguindo o método da análise de conteúdo proposto por Laurence Bardin. A partir dos resultados obtidos, verificou-se a importância de os estudantes estarem em contato com diferentes espaços formativos que não se restringem à Escola, permitindo a eles uma maior articulação do conhecimento científico com diferentes aspectos sóciais, históricos e culturais. Essa necessidade se justifica pelas limitações do espaço escolar em articular todo o conteúdo científico e tecnológico presente em uma sociedade globalizada e (inter)conectada. Assim, a carência de recursos tecnológicos e de materiais auxiliares no ensino das Ciências conduzem os(as) professores(as) a buscarem os espaços não formais de educação para complementarem a formação dos seus estudantes, sendo esses locais fundamentais para o processo educativo. Palavras-chave: Espaços não formais; Ensino de Ciências; Educação Básica; Sala Mendeleev.

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ABSTRACT

RODRIGUES, Mara da Silva. Contributions of non-formal places to learning and Science Education in the School: analyzing the perspective of a group of teachers who visited Mendeleev’s Museum at Federal University of Viçosa (Brazil). Undergraduate Thesis Submitted to the Department of Chemistry in Partial Fulfillment of the Requirements for the Degree of Bachelor in Chemistry. Federal University of Viçosa, Brazil, November 2019. Supervisor: Dr. Vinícius Catão de Assis Souza.

Nowadays, the society has been undergoing a rapid advances related to the use of technologies and the diffusion of Science, requiring people to acquire knowledge that goes beyond the School boundaries. Educational places known as non-formal and informal (i.e. Museums, Science and Cultural Centers) have become relevant to complement the scientific knowledge discussed in the classroom. Thus, this research investigated the possible contributions of non-formal places to the Science Education field. A qualitative exploratory research was conducted with a group of six Science teachers of Brazilian High School who visited with their students groups the Mendeleev Museum, at Federal University of Viçosa (Viçosa Town, Brazil). Semi-structured interviews were conducted with each teacher seeking to know their academic background, in addition to the steps taken to make the visit, the contributions to the teaching and learning process and the difficulties faced in carrying out the activity. These interviews were audio-recorded with permission of participants, transcribed and analyzed following the content analysis method proposed by Laurence Bardin. From the results obtained, it was verified the importance of students to be in contact with different formative places that are not restricted to the School, allowing them a greater articulation of scientific knowledge with different social, historical and cultural aspects. This is justified by the limitations of the some Brazilians High School places in articulating all the scientific and technological content present in a globalized and (inter)connected society. Thus, the lack of technological resources and auxiliary materials in Science Education lead teachers to seek for non-formal spaces of education to complement their students' formation, being these places fundamental to the educational process.

Keywords: Non-formal places of Education; Science Education; High School; Mendeleev’s Museum.

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Sumário

1 CAMINHOS PERCORRIDOS PARA A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA ... 11

2 INTRODUÇÃO AO TEMA DA PESQUISA ... 12

3 OBJETIVO ... 14

4 REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

4.1 A importância da Alfabetização Científica no Ensino de Ciências ... 14

4.2 A formação dos professores ... 15

4.3 Os espaços não formais de educação e suas potencialidades formativas ... 16

4.3.1 Sala Mendeleev: um importante espaço de popularização científica na UFV ... 17

5 METODOLOGIA ... 18

5.1 Amostra dos professores entrevistados ... 19

5.2 Entrevista semiestrturada ... 19

5.3 Tratamento dos dados qualitativos: análise das entrevistas ... 20

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 20

Perfil formativo dos professores entrevistados e tempo de atuação na Educação Básica ... 21

Contribuições dos espaços não formais de educação científica para o trabalho do professor de Ciências em sala de aula ... 21

Abordagem sobre a importância de se conhecer a educação em espaços não formais durante a formação acadêmica ... 23

Obstáculos enfrentados pelos professores durante o desenvolvimento de trabalhos em espaços fora da escola ... 24

Importância de (re)conhecer previamente o espaço não formal visitado com os estudantes25 Relação entre conteúdos abordados na visita Sala Mendeleev e em sala de aula ... 26

Importância de preparar previamente os estudantes para a visita ... 27

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Importância da visitação aos espaços não formais de educação para a formação dos

estudantes ... 29

Atividades desenvolvidas após a visita na Sala Mendeleev e percepção dos estudantes com relação a essa atividade ... 30

7 CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES DO TRABALHO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS E QUÍMICA ... 33

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 34

ANEXOS ... 37

ANEXO I: ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ... 37

ANEXO II: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 38

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1 CAMINHOS PERCORRIDOS PARA A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA

O presente trabalho faz parte das escolhas feitas ao longo da minha formação como professora de Química, que me levaram a abordar a temática de Espaços não formais de Educação.

Criada em uma cidade bem próxima a Viçosa, Canaã, sempre estudei em Escola Pública. A escola não contava com laboratórios, vidrarias e reagentes. Porém, algumas demonstrações práticas foram feitas mediante a necessidade que alguns professores tinham de demonstrar alguns conteúdos químicos.

Ao longo do Ensino Médio me encantei pela Química e no último ano escolar surgiu a oportunidade de ter aulas de Química no PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) no Departamento de Química da UFV. Por lá contei com o auxilio do então licenciando Márcio Monteiro, que mostrava aplicações práticas da Química no nosso dia a dia por meio de atividades experimentais. Foi aí que pude compreender melhor a Química e decidi que seria isso que eu iria cursar na Universidade.

Entretanto, a escolha por ser professora ainda era um dilema, já que todas as pessoas a minha volta me desanimavam todo o tempo, inclusive os meus próprios professores. Mesmo assim, segui meus anseios e ingressei no curso de Licenciatura em Química da UFV. Logo no primeiro semestre fizemos uma visita a Sala Mendeleev, como parte do cronograma da disciplina prática de Química Fundamental (QUI 102). Meus olhos certamente brilharam ao ver a infinidade de aplicações cotidianas presentes na Tabela Periódica. Meus ouvidos se alegraram ao escutar tantos fatos interessantes sobre os elementos químicos.

Algum tempo depois, ainda no primeiro semestre de graduação, surgiu a oportunidade de estagiar na Sala Mendeleev. Ingressei com o intuito de promover o mesmo encantamento nas pessoas. Por lá fiz grandes amizades (Dalbert, Robaina, Maria, Caio, Gustavo e Luís). A cada visita apresentada, mais me era acrescentado como pessoa e professora. Era gratificante ver o quanto os estudantes se interessavam mais pela Química quando a conheciam profundamente por meio da Tabela Periódica gigante, contendo centenas de informações, experimentos, histórias da Ciência, dentre outros. Foram dois anos enriquecedores!

Ao me despedir da Sala Mendeleev, ingressei no PIBID com o intuito de conhecer melhor a profissão de professor. Por lá também fiz visitas a alguns espaços não formais de

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educação com os estudantes que eu acompanhava, o que reforçou a importância de ministrar aula nesses locais.

Posteriormente, tive aulas na disciplina de Estágio I, que mostraram a importância da visita aos espaços não formais de educação e então direcionei minha pesquisa nesse caminho, pois foi minha melhor e maior experiência ao longo dos anos de graduação. Assim, solicitei ao professor Vinícius que me orientasse neste trabalho. Mesmo já tendo outros orientandos, o professor se dispôs a me auxiliar e então decidimos voltar a nossa pesquisa às contribuições dos espaços não formais de educação para o ensino das Ciências, nos apoiando nas opiniões de um grupo de professores que visitaram a sempre querida Sala Mendeleev.

Essa pesquisa em muito me acrescentou. As ideias foram muito refletidas e pretendo que, como futura professora, me dedicar a buscar novas formas para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem e trazer os estudantes para mais perto desse encantador mundo das Ciências.

2 INTRODUÇÃO AO TEMA DA PESQUISA

A educação é um processo natural de desenvolvimento das capacidades físicas, intelectuais e morais do ser humano. Em grande parte, o termo educação encontra-se ligado exclusivamente à escolarização formal. No entanto, os processos educativos existem antes mesmo da existência de espaços físicos formais destinados a ensinar, estando presente em diferentes espaços socais e etapas da vida. Nesse sentido, distinções são feitas a respeito dos espaços, formas e finalidades em que os processos educacionais se dão (CANÁRIO, 2006).

É entendida como educação formal aquela presente nos espaços escolares, centros educacionais, universidades etc. Ou seja, a educação formal possui tempo e local específico para acontecer. Esta é caracterizada por fornecer um processo de ensino onde se seguem currículos, regras e leis. As etapas educacionais são divididas por idade e níveis de conhecimento. Os responsáveis por mediar o conhecimento são os professores (Gohn, 2006).

Em relação aos objetivos da modalidade da educação em questão, Gohn (2006) destaca aqueles que são relativos ao ensino e aprendizagem dos conteúdos historicamente sistematizados, ressaltando a formação de um cidadão ativo para atuar em sociedade, capaz de desenvolver habilidades e competências.

A educação informal, diferentemente da educação formal, não exige local, horários ou currículos para acontecer. Pode-se dizer que acontece espontaneamente por meio de

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interações socioculturais. Assim, os agentes educadores são todos aqueles que estão em contato direto com o educando, os meios de comunicação em geral, de modo que “a educação informal tem seus espaços educativos demarcados por referências de nacionalidade, localidade, idade, sexo, religião, etnia etc.” (GOHN, 2006 p. 29). Portanto, a educação informal tem como objetivo promover interações do ser humano com o meio em que ele vive por meio do compartilhamento de culturas, hábitos e crenças. Esse processo acontece de forma constante, desde os primeiros dias de vida.

A modalidade tida como educação não formal “têm também disciplinas, currículos e programas, mas não oferece graus ou diplomas oficiais” (GASPAR, 2002 p. 173). De acordo com Gohn (2006), os espaços onde ocorrem esse tipo de formação são aqueles fora da escola, mas com certa intencionalidade, voltado para ensinar de maneira interativa/colaborativa. Diferente da primeira categoria de educação apresentada, a educação não formal não é organizada por idade ou níveis de conhecimento, sem a estrutura de disciplinas. Normalmente ocorre de maneira contextual e interdisciplinar. Os educadores responsáveis por esse processo são aqueles com quem estamos em contato durante a realização do mesmo. Ainda segundo Gohn (2006), a finalidade da educação não formal é preparar o cidadão para o conhecimento sobre o mundo em geral e suas relações com a sociedade.

Com base na discussão trazida, entende-se que a educação formal seja indispensável para as primeiras fases da vida humana, pois é lá que ocorre “aprendizagem efetiva, além da certificação e titulação que capacitam os indivíduos a seguir para graus mais avançados” (GOHN, 2006 p.30). No entanto, com os rápidos avanços sociais, culturais e científicos, a escola, por si só, se mostra insuficiente para contemplar em sua plenitude assuntos de cunho científico, considerando toda a sua complexidade e abrangência. Dessa forma, os espaços ditos não formais (Museus, Zoológicos, Centros Culturais, Jardins Botânicos etc.), onde a formação ocorre de maneira diferenciada e com possibilidade de acesso a diferentes recursos culturais e tecnológicos, tem ganhado importância no que diz respeito à educação científica.

Assim, o presente trabalho estudará as possíveis contribuições dos espaços não formais de educação para o Ensino de Ciências, a partir da percepção de um grupo de professores da Educação Básica que organizaram visitas a espaços não formais.

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3 OBJETIVO

Estudar as possíveis contribuições dos espaços não formais de educação para o ensino de Ciências a partir da percepção de um grupo de professores da Educação Básica que visitaram a Sala Mendeleev, na Universidade Federal de Viçosa (UFV).

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 A importância da Alfabetização Científica no Ensino de Ciências

A Alfabetização Científica, entendida por Chassot (2003) como uma das possibilidades de conhecer a linguagem da Ciência de modo a entendermos o que está escrito no mundo e podermos, assim, transformá-lo para melhor, é de fundamental importância nos dias de hoje. Isso porque ela é a responsável por fornecer aos indivíduos os conceitos científicos básicos. Porém, com os avanços sociais no que diz respeito à Ciência e Tecnologia, uma alfabetização “tradicional”, por si só, não é suficiente, sendo necessário que as pessoas também sejam alfabetizadas cientificamente. Assim, Leal e Gouvêa (2002) apontam que:

O conceito de alfabetização científica pressupõe, em linhas gerais, uma discussão que envolve a comunidade científica, a educacional e os profissionais de comunicação sobre o que o cidadão comum sabe e deveria saber a respeito da relação CTS [Ciência, Tecnologia e Sociedade]. [...] essa discussão está situada no ensino de Ciências praticado nas escolas e nos museus, na mídia e na Internet. (LEAL; GOUVÊA 2002, p. 8)

Em outros tempos, a educação em Ciências no âmbito escolar se pautava apenas pela transmissão-recepção de conteúdos que, para quase a maioria dos estudantes, era decorada a fim de ser repassada para o papel em um momento oportuno. Isso foi caracterizado por Paulo Freire como “Educação Bancária”. Hoje, essa dita transmissão-recepção não cabe mais nas salas de aula. Juntamente com a sociedade, os estudantes buscam acompanhar os avanços tecnológicos e científicos com o intuito de entenderem o mundo ao seu redor. Na visão de Chassot (2003, p.91), “a Alfabetização Científica pode ser considerada como uma das dimensões para potencializar alternativas que privilegiam uma educação mais comprometida.” Ainda de acordo com esse autor, a Alfabetização Científica é uma possibilidade de alfabetização voltada para a leitura da natureza, considerando como analfabetos científicos aqueles incapazes de compreender o universo ao seu redor.

Shen (1975, apud LEAL; GOUVÊA, 2002) aponta três dimensões da Alfabetização Científica que situam este conceito a partir de variações em termos de conteúdos, formas, objetivo e público. A prática é dada como a primeira dimensão, que é aquela que dá habilidade ao indivíduo, tornando-o capaz de resolver problemas relacionados aos

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conhecimentos básicos; a segunda dimensão é a cívica, referente à consciência relativa aos problemas e usos da Ciência e Tecnologia; e a terceira dimensão seria a cultural, que se fundamenta na aquisição de conhecimento sobre Ciência e Tecnologia.

Considerando o exposto, acreditamos que se faz necessário ter espaços sociais voltados à divulgação cientifica, servindo de suporte para a escola e a população em geral. Assim, quando se trata do âmbito escolar, é papel tanto da escola quanto dos professores oferecer essa alternativa de aprendizagem aos estudantes, de maneira a acrescentar práticas científicas no campo socioeducacional.

4.2 A formação dos professores

Como mencionado anteriormente, a escola, por si só, é incapaz de fornecer todo o conhecimento cientifico necessário para os estudantes. Assim, a fim de minimizar esse problema, tem-se a necessidade de buscar práticas alternativas relacionadas à Ciência e Tecnologia. Para tanto, os professores se tornam os agentes responsáveis por essa ponte. Contudo, é imprescindível uma formação com foco nessa temática, de modo que,

A busca da qualidade de ensino na formação básica voltada para a construção da cidadania, para uma educação sedimentada no aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser e para as novas necessidades do conhecimento, exige, necessariamente, repensar a formação inicial de professores, assim como requer um cuidado especial com a formação continuada desse profissional com um olhar crítico e criativo. (COSTA, 2004, p. 65)

Na visão de Jacobucci, Jacobucci e Neto (2009),

As políticas para a formação do professor sofreram influência direta de diversas concepções teórico-metodológicas oriundas de discussões e práticas acadêmicas e sindicais ao longo da história, o que refletiu e vem refletindo na elaboração de propostas que integram diferentes modelos de formação. (JACOBUCCI; JACOBUCCI; NETO 2009, p. 119).

Os mesmos autores citados anteriormente organizaram a partir das concepções de formação de professores propostas por Candau (1982), Damis (2003), Pereira (2000) e Palma, Filho e Alves (2003), três modelos de formação de professores: o clássico, prático-reflexivo e o emancipatório político. O modelo clássico, na perspectiva de Candau (1997), tem ênfase na “atualização da formação recebida”. Assim, Jacobucci, Jacobucci e Neto (2009) afirmam que,

[...] o professor em atividade profissional, em determinados momentos realiza atividades específicas e, em geral, volta à Universidade para fazer cursos de diferentes níveis, ou frequenta cursos promovidos pelas Secretarias de Educação ou participa de encontros que de alguma forma contribuem para seu desenvolvimento profissional. (JACOBUCCI; JACOBUCCI; NETO 2009, p. 120)

O modelo prático-reflexivo advém da ideia de que os professores produzem novos conhecimentos a partir da experiência prática. Em razão disso, entende-se que o modelo reflete na vivência do professor tanto em sala de aula, por meio da percepção da sua prática,

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quanto um agente da sociedade, onde adquire novas experiências de mundo. Nesse sentido, a formação do professor se dá diariamente, em cada ação e cada vivência (JACOBUCCI; JACOBUCCI; NETO, 2009).

O terceiro modelo, emancipatório político, afirma que somente com um amplo conhecimento de mundo o professor passa a observar suas ações formativas de maneira crítica, estabelecendo relações com as teorias educacionais e, assim, buscando promover uma transformação social. Nesse sentido, a intencionalidade dos modelos apresentados é a junção entre teoria e prática, a fim de alcançar a socialização dos conhecimentos científicos (JACOBUCCI; JACOBUCCI; NETO, 2009).

4.3 Os espaços não formais de educação e suas potencialidades formativas

Os espaços não formais são aqueles voltados para a promoção do conhecimento cultural, científico e tecnológico. Podem ser considerados como uma alternativa para acompanhar os avanços constantes vividos pelo mundo. Assim, quando se trata de educação nos dias atuais, refere-se a um conceito mais amplo, sem ligação exclusiva com a Escola. Segundo a visão de Jacobucci (2008), definir espaços não formais é mais complexo do que se pode pensar, devendo a definição de espaço formal de educação ser posta anteriormente. Assim, é considerado espaço formal, de acordo com a Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996), conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o espaço escolar (Ensino Básico e Superior) juntamente com todas as suas dependências. Posto isso, pode ser considerado espaço não formal todo aquele que se encontra fora do ambiente formativo institucionalizado (escolas, faculdades e universidades), devendo ter uma ação educativa circunscrita a ele (JACOBUCCI, 2008).

Ainda de acordo com Jacobucci (2008), dois tipos de espaços não formais são sugeridos: os institucionalizados, que são aqueles espaços regulamentados e que contam com pessoas qualificadas para promover a prática educativa incorporada no local; e os não institucionalizados, que são classificados como aqueles que não possuem uma estrutura destinada a este fim, mas de maneira planejada, pode se tornar espaços voltados para práticas educativas. Esses espaços poderiam ser considerados de educação informal. É oportuno mencionar que os espaços não formais de educação contribuem de forma a complementar a Escola, visto que ela, por si só, não é capaz de abranger todo o conteúdo científico e tecnológico exigido pelos desafios oriundos da globalização. Nessas circunstâncias, entende-se que os muentende-seus são “[...] fontes importantes de aprendizagem e podem contribuir para o

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enriquecimento cultural científico dos indivíduos: os que estão na escola, aqueles que não tiveram esta oportunidade e os que já estão fora dela” (VALENTE, 2005, p. 54).

O termo museu geralmente nos passa a ideia de um local voltado para o armazenamento e exposição de artefatos antigos, coleções raras, quadros famosos etc. De fato, o seu surgimento teve esse objetivo inicial, sendo um espaço de memórias. Nos dias atuais, os museus possibilitam interações sociais e tecnológicas entre os visitantes, tornando-se ambientes ricos em experiências que dialogam com as diversas áreas do conhecimento (QUEIROZ; TEIXEIRA; VELOSO; TERÁN; QUEIROZ, 2011). Nesse sentido, Oliveira e Gastal (2009) acrescentam ainda que,

A educação, como processo de aquisição e/ou construção de conhecimentos que contribui para o desenvolvimento cognitivo e comportamental, pode ocorrer em diferentes circunstâncias, sendo que a forma que ela se processa e a sua qualidade é inerente ao espaço onde ela se dá. (OLIVEIRA; GASTAL, 2009, p. 4)

Nesse contexto, os museus e centros de Ciências são aliados à educação, pois proporcionam uma relação com o conhecimento mais atraente e interativa, favorecendo o processo de aprendizagem. Os visitantes teem hoje a vantagem de serem, nas palavras de (QUEIROZ et al., 2011), pessoas (inter)ativas nesses ambientes e não mais passivas frente às informações e exposições apresentadas. Assim, a aprendizagem em ambientes de ensino não formais poderia possibilitar uma aprendizagem mais engajada, atraente, interativa e espontânea, no sentido de que os estudantes adquirem novos conhecimentos mesmo sem ter a consciência de que se inserem no espaço em questão para essa finalidade.

Seniciato e Cavassan (2004, apud ROCHA; TERÁN, 2011) consideram que as aulas em espaços não formais de educação são pertinentes para o ganho cognitivo e para a formação de valores e atitudes junto aos estudantes. Nesse sentido, Rocha e Terán (2011) sustentam que uma parceria entre a escola e os diferentes espaços não formais de educação,

[...] pode representar uma oportunidade para a observação e problematização dos fenômenos de maneira menos abstrata, dando a oportunidade de construírem conhecimentos científicos que ajudem na tomada de decisões no momento oportuno. (ROCHA; TERÁN, 2011, p. 4)

Dessa forma, é importante que os espaços não formais de educação estejam integrados tanto ao espaço escolar, quanto aos cidadãos em geral, para que possa haver a consolidação da educação científica, cumprindo assim o seu papel socioeducacional e formativo.

4.3.1 Sala Mendeleev: um importante espaço de popularização científica na UFV Criada em 2010, a Sala Mendeleev é um espaço interativo voltado para a disseminação e popularização da Ciência em Viçosa e Região. O nome do local foi dado em homenagem ao

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cientista russo Dmitri Ivanovic Mendeleev (1834-1907), que desenvolveu estudos sobre as propriedades dos elementos químicos, propondo a Tabela Periódica no ano de 1869.

O espaço abriga uma Tabela Periódica gigante que contém substâncias representativas dos elementos químicos e suas aplicações cotidianas, conforme apresentado na Figura 1. A partir daí, os visitantes exploram as informações sobre a Tabela Periódica de maneira interativa e contextualizada com o meio social e cultural.

Figura 1. Foto da Tabela Período em exposição na Sala Mendeleev, na Universidade Federal de Viçosa.

Além disso, os visitantes também encontram uma minitabela, onde poderão manipular diversas amostras e realizar experimentos supervisionados pelos monitores. A maioria das visitas recebidas nesse espaço é de grupos de estudantes acompanhados por seus professores. No entanto, o espaço é aberto para também atender o público em geral.

5 METODOLOGIA

No presente trabalho foi realizada uma Pesquisa Qualitativa de caráter exploratório, em que professores de Ciências (Química e Biologia) da Educação Básica foram entrevistados sobre sua formação e percepções em relação a possíveis contribuições dos espaços não formais de educação para o ensino das Ciências, bem como os desafios enfrentados na articulação do trabalho fora da Escola e o entendimento dos estudantes sobre as visitas a esses espaços não formais de educação.

O conhecimento do autor sobre um tema em questão não o permite fazer conclusões sem que este seja cuidadosamente analisado. Assim, é importante “[...] compreender que não podemos falar de forma definitiva pelo outro, pois todas as práticas de pesquisa têm implicações e todas as formas de representação da experiência são retratos limitados” (SANTOS, 2013, p. 32).

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Dessa maneira, foi realizada a análise das entrevistas usando o método de análise de conteúdo proposto por Bardin (2011). Este é divido em três etapas que serão apresentadas e discutidas posteriormente.

5.1 Amostra dos professores entrevistados

A amostra dos entrevistados foi constituída de um grupo de seis docentes da Educação Básica que acompanhavam seus estudantes à visita na Sala Mendeleev, localizada no Campus UFV. Inicialmente o intuito era de realizar a entrevista com professores das três áreas das Ciências Naturais (Biologia, Física e Química), no entanto nenhum professor responsável por ministrar a disciplina de Física realizou visita a Sala Mendeleev no período em que a pesquisa estava sendo realizada. A amostra apresentou quatro professores com formação em Ciências Biológicas e três em Química, sendo que um dos docentes apresentava as duas graduações. 5.2 Entrevista semiestrturada

Uma entrevista semiestruturada foi realizada com cada professor da Educação Básica, utilizando para tal um roteiro com 15 perguntas, preparado anteriormente, que se encontra em anexo (ANEXO I). Com base nos resultados da entrevista, foram coletadas informações a respeito da formação dos professores, da percepção sobre as contribuições dos espaços não formais de educação para o ensino de Ciências, da formação dos estudantes e outros aspectos relacionados ao assunto. Os professores foram convidados a participar da pesquisa ao chegarem ao local onde a visita seria realizada, sendo que as entrevistas aconteceram, preferencialmente, após o termino das atividades oferecidas pela Sala Mendeleev. Alguns dos professores que já haviam visitado o local preferiram ser entrevistados antes da visita para que não comprometessem o horário de saída dos estudantes.

Ao iniciar as entrevistas, os professores receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO II), com as cláusulas que indicam os aspectos éticos e sigilosos desta pesquisa. As entrevistas foram gravadas, com o auxílio de um aplicativo de Smartphone para registro de voz, sendo consentida pelo participante e com duração média de 10 minutos. Na sequência, os dados foram transcritos com o auxílio de uma convecção de símbolos de transcrição (ANEXO III) proposta por Bastos et al. (2013).

Para Santos (2013), ao realizar uma pesquisa, o pesquisador deve estar alerta a grande complexidade de lidar com narrativas em entrevistas e sugere cinco níveis de representação no processo de pesquisa. O primeiro é a vivência da experiência, que envolve tanto a do narrador, que primeiro vivencia e depois conta, quanto a do pesquisador, que analisa e

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assimila a experiência contada. Ele ainda acrescenta que o narrador pode focar em determinados elementos, seguindo somente para uma direção. É do pesquisador a função de conduzir este caminho. O segundo nível é a narração da experiência, que envolve o processo de reorganização da mesma. O narrador a revivencia, o que permite a ele e as pessoas envolvidas repensarem sobre ela. A transcrição da experiência entra como terceiro nível, que é o momento de fixar à narrativa. É por meio dela que podemos compreender a maneira com que as pessoas apresentam suas identidades. No quarto nível, o autor coloca a análise da experiência, que é quando, a partir da narrativa, o entrevistador tenta dar sentido a ela, partindo de posicionamentos teóricos. O quinto e último nível é a leitura da experiência, quando o entrevistador faz a leitura da versão final do trabalho (SANTOS, 2013).

5.3 Tratamento dos dados qualitativos: análise das entrevistas

Após a transcrição das entrevistas foi usado o método de análise de conteúdos proposto por Bardin (2011). Este método tem por finalidade adquirir, por meio de um conjunto de técnicas para a análise das comunicações, indicadores, podendo ser quantitativos ou não, que proporcionam compreensão e conclusão de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção das mensagens (BARDIN, 2011). Essa análise dispõe de três fases fundamentais: a pré-análise, que consiste na fase de organização, onde é tido o primeiro contato com o material a ser analisado, sendo feita uma leitura, dita pelo autor, “flutuante”. É nessa fase que se formulam hipóteses, objetivos e indicadores que guiam para a interpretação e preparação do material; a segunda fase é exploração do material, onde ocorre a codificação dos dados já coletados; a última fase é o tratamento dos resultados, onde parte-se dos resultados iniciais e os converte em resultados mais significativos (CÂMARA, 2013).

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES

O roteiro da entrevista semiestrturada (ANEXO I) contou com quinze perguntas, que foram feitas no decorrer das entrevistas com cada um dos professores, que os direcionaram para o foco da pesquisa, pra que assim aumentasse o numero de possibilidades de análises a partir das ideias e reflexões dos docentes. A análise realizada exclui a Questão 2, que se refere às series que os professores atualmente lecionam, por não conter informações que sejam relevantes para a discussão principal da pesquisa. Para que o sigilo dos participantes fosse mantido, adotou-se o código Px com x variando de 1 a 6, representando cada um dos

professores. Os resultados encontram-se a seguir por meio das perguntas e suas respectivas discussões.

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Perfil formativo dos professores entrevistados e tempo de atuação na Educação Básica No início da entrevista, cada professor descreveu brevemente a sua formação acadêmico-profissional e o tempo que atua como docente na Educação Básica, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1. Perfil formativo dos professores entrevistados.

Código do professor Química Ciências Biológicas Matemática Pós-Graduação

Tempo de atuação como professor da Educação Básica

P1 --- X --- X 3 anos P2 X X --- X 13 anos P3 X --- X X 24 anos P4 --- X --- --- 10 anos P5 X --- --- X 10 anos P6 --- X --- X 11 anos

Por meio das respostas apresentadas anteriormente, podemos verificar que dois(uas) dos professores apresentam duas graduações na área de ensino o que pode representar o interesse do mesma pela a docência, característica fundamental quando se pretende atuar nessa área. Também é possível constatar que a maioria dos professores possuem pós-graduação (n=5). Isso pode demonstrar o interesse desse grupo no aperfeiçoamento e na busca por novos conhecimentos. Verifica-se, ainda, que apenas um professor tinha menos de cinco anos de experiência profissional. Todos os demais apresentaram um tempo considerável de docência (10 ou mais anos), sendo que um tem mais de 20 anos de experiência. Isso pode demonstrar o desejo de inovar na docência, buscando o novo para fazer das aulas algo mais repleto de sentidos para os estudantes. Só o fato de sair das escolas e buscar novas experiências para enriquecer ainda mais as aulas já demonstra uma busca pela inovação. Contribuições dos espaços não formais de educação científica para o trabalho do professor de Ciências em sala de aula

Após descrever a formação acadêmica e o tempo de atuação como professor na Educação Básica, cada docente discorreu sobre a importância de visitar museus e espaços de educação científica e as possíveis contribuições dos mesmos para o seu trabalho em sala de aula. Na visão de todos os professores entrevistados, é importante a realização de visitas a

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museus e espaços de educação científica. Eles ainda acrescentaram que tais espaços podem favorecer a aprendizagem dos estudantes por apresentar o conteúdo de maneira mais prática, atrativa e contextualizada,o que na maioria das vezes o professor não consegue fazer em sala de aula. Isso pode ser verificado na fala de P5 e P6 transcritas a seguir:

P5: /.../ a gente estuda teoria, ás vezes a gente demonstra alguma prática lá, mas ai você::: você ver ao vivo é muito melhor, o aluno fica assim, mais interessado /.../ P6: /.../ é uma forma::: mais lúdica, (.) que chama mais atenção dos meninos, de eles fazerem mais essa associação com o dia a dia deles, com o cotidiano e ajuda compreender melhor o:::conteúdo dado na sala de aula.

Valadares (2001, apud BENITE; BENITE, 2009) expõe que uma das maiores dificuldades no ensino de Química é criar um elo entre o conhecimento escolar e o dia a dia dos estudantes. Tal questão não restringiu-se somente ao ensino de Química ou das ciências em geral, mas também a todas as disciplinas obrigatórias tidas nas escolas.

Indo ao encontro com o exposto pelos professores citados anteriormente, Oliveira e Gastal (2000) apontam que a variedade de espaços não formais dispõe de uma característica própria que são os conhecimentos que geralmente não são vistos em sala de aula. A partir da opinião exposta por P6, acrescenta-se que,

[...] é importante que o ensino aprendizagem (sejam quais forem seus métodos e técnicas) inicie pelo conhecimento que seja mais próximo possível da vida do aluno, partindo de fatos imediatos para os mais remotos, do concreto para o abstrato, do conhecido para o desconhecido. (RANGEL, 2005, p. 29)

Ainda nesta questão, P2 e P4 mencionam a dificuldade de se trabalhar com aulas

práticas na rede pública de ensino. A falta de material necessário e adequado são os principais responsáveis por essa falha. Assim, eles buscam nos espaços voltados para o ensino de ciências suprimento para tal necessidade, como apresentado nas falas transcritas a seguir:

P1: /.../ a gente::: né, da escola pública /.../ não tem muito material para lidar com aulas práticas, a gente faz aquilo que dá pra a gente poder fazer. (.) E a universidade como um espaço de::: é... que oferece esses espaços como uma, uma extensão (.) ajuda muito, contribui muito pra::: pra formação dos nossos alunos. P2: /.../ dá oportunidade pra eles verem (.) é::: aquilo que a gente não consegue oferecer em rede pública né /.../

A experimentação dentro da escola, especialmente em disciplinas de ciências, é de fundamental importância, pois ela é a responsável por fazer uma ligação entre o conteúdo teórico abordado nessas aulas e a vivência cotidiana. Visto que os conteúdos abordados nessas áreas são considerados pela maioria dos estudantes como complexo, se faz necessário buscar meios que tornem tais conteúdos o mais próximo possível dos alunos. Isso pode ser realizado

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trazendo o dia a dia deles para dentro da sala de aula por meio de atividades experimentais investigativas. Binsfeld e Auth (2014) apontam que há limitações dentro das escolas quando se refere ao espaço físico e materiais disponíveis, o que leva a inviabilizar algumas das atividades práticas que demandam reagentes, vidrarias e equipamentos para a realização dos experimentos. Dessa forma, é importante que o professor busque alternativas que contribuam para a inovação das práticas pedagógicas no ensino de Ciências/Química. Dentre elas, a interação em espaços de divulgação científica pode ser uma importante alternativa para viabilizar ações formativas em escolas com poucos recursos.

Infelizmente, a maioria das escolas, principalmente as de rede pública, não dispõe de um espaço adequado e materiais necessários para a realização de atividades práticas com os estudantes. Isso se torna um empecilho durante o processo ensino-aprendizagem das ciências. Abordagem sobre a importância de se conhecer a educação em espaços não formais durante a formação acadêmica

Com relação ao processo de formação acadêmica, os professores foram questionados sobre a existência de algum assunto relacionado à importância da educação não formal e a abordagem do tema para o favorecimento do processo de ensino e aprendizagem das Ciências. Quatro dos seis professores entrevistados (P1, P3, P4 e P6) afirmaram terem visto a abordagem

de algum assunto relacionado à educação em espaços não formais. As transcrições das falas estão apresentadas a seguir:

P1: Sim. /.../ dentro dessas disciplinas de instrumentação para ensino, nós tivemos momentos em que nós visitamos é::: lugares como é::: museus, nós tivemos momentos é::: em que nós fomos a parques, /.../ área de preservação ambiental também /../

P3: Sim. (.) A gente fez visitas à::: à laboratórios, a gente fez visitas à museus. P4: Só superficialmente. Só como é feito, o que que é:::, comparando.

P6: /.../ Eu creio que sim. (.) Fizemos visitas também durante a ... graduação e a pós-graduação /.../

Os professores que apresentaram resposta afirmativa para a pergunta também foram questionados sobre a forma de abordagem conforme citado nas transcrições anteriores. Dois dos professores (P2 e P5) apresentaram respostas negativas à questão e justificaram com o

período em que haviam estado no meio acadêmico, conforme as transcrições das falas a seguir:

P2: (1.8) Não, até que na época não. °Não, não°... não tinha muita oportunidade assim não.

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P5: /.../ Não. Eu acho assim, como eu me formei numa universidade federal, é eles... agora acho que até::: pelos que os colegas que eu tenho, é::: eles até falaram que isso mudou um pouco. /.../

No entanto, como pode ser verificado na Tabela 1, há professores que possuem tempo de trabalho maior ou igual como professor da Educação básica e, consequentemente graduou-se em um período anterior, de forma que a justificativa dada como período de formação pode não ser suficiente para sustentar tais afirmativas.

No curso de Licenciatura em Química, as disciplinas de Estágio Supervisionado e Instrumentação para o Ensino de Química são voltadas para o preparo do licenciando para o desenvolvimento de aulas diferenciadas voltadas à interdisciplinaridade e contextualização. Assim, em complemento à justificativa anterior, porventura houve supressão do tema em questão nas ementas das disciplinas mencionadas, que varia de uma instituição ensino para outra. Podemos então acrescentar esse argumento às justificativas mencionadas pelos professores.

Quando se tratava dos espaços não formais de educação para favorecer o ensino de Ciências houve duas respostas positivas que podem ser observadas nas transcrições a seguir:

P1: /.../ pra gente poder::: pensar sobre como dar uma aula nesse local... >nesses locais<. Então, (.) é::: em:: de maneira bem geral, assim, a gente ia para esses lugares e aí a gente conhecia o lugar e montava uma aula pra ser aplicada nesse local. /.../

P6: Sim.

Apesar do tema não ter sido tratado adequadamente no âmbito acadêmico da maioria dos professores, é possível verificar que tal carência não tornou um empecilho para o desenvolvimento de aulas em locais de educação não formal. Isso remete às respostas dadas na Questão 4, em que os professores discorreram sobre a importância de visitas nesses espaços para a formação dos estudantes, reconhecendo a insuficiência do ensino formal com relação a alguns assuntos científicos. Colocar alguma coisa de formação continuada

Obstáculos enfrentados pelos professores durante o desenvolvimento de trabalhos em espaços fora da escola

Passando para o desenvolvimento de trabalhos nesses espaços educacionais não formais, os professores foram questionados sobre a maior dificuldade enfrentada. Todos eles mencionaram o recurso financeiro como o principal entrave para a realização das visitas a esses locais. Duas das falas transcritas encontram-se a seguir:

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P1: (1.8) Financeiro né... O::: o governo tá numa situação que não favorece nenhum tipo de passeio, tanto é que a gente tá vindo mais é por conta./.../

P6: (1.8) O recurso financeiro, né pra tá levando esses alunos. /.../

Todos os entrevistados acompanhavam grupos de estudantes vindos de escolas públicas de outras cidades, necessitando assim de recursos financeiros para se deslocarem. Nesse sentido, P1 aponta que:

P1: A maior dificuldade é a questão de transporte. Por que::: as duas escolas que eu trabalho não são daqui de viçosa, eu trabalho em duas escolas no município vizinho. E::: (.) por conta disso a gente tem que sempre ficar solicitando a prefeitura o transporte e /.../, algumas vezes, esse transporte (.) ele é::: negado por falta de recurso financeiro.

Ainda nessa questão, P3 acrescentou o fato da falta de compreensão por parte dos pais

de que educação não acontece somente dentro da escola, e que ela não contém outros recursos pra dar uma aula que não seja tradicional. O relato é transcrito a seguir:

P3: /.../ A parte financeira, a parte dos pais deixarem os meninos sair... Entendeu? De ter confiança em deixar os filhos saírem, de::: de ter visão (.) de que aquilo é um aprendizado pra eles, por que::: eles só tem visão de::: vai pra escola, vai pra escola tradicional né, e::: não tem muita visão, ainda mais que a gente é do interior, a escola não tem nem laboratório (.) então né, na cidade também não tem (.) um grande recurso, então tem todo °esse° esse problema né, pra poder sair. /.../ A educação é bem mais do que aquilo que é visto em sala de aula, é tida como uma maneira de construção de conhecimentos intelectuais e morais e pode ocorrer em diversas condições e contextos, sendo uma característica intrínseca a forma com que ela se processa (OLIVEIRA; GASTAL, 2000).

Importância de (re)conhecer previamente o espaço não formal visitado com os estudantes

Os professores também foram questionados se já haviam visitado a Sala Mendeleev em outra ocasião. Dois professores (P1 e P4) nunca haviam visitado o espaço anteriormente.

Ao planejar uma aula em locais fora da escola, como por exemplo, visitas a espaços não formais de educação, os professores tem objetivos a serem alcançados. Portanto, é de fundamental importância que o espaço a ser visitado pelos alunos tenha sido visitado anteriormente pelo professor de modo que ele possa fazer um apanhado dos conteúdos benéficos aos estudantes, pois ao contrário os objetivos não serão alcançados.

Aos professores que realizaram alguma visita ao local anteriormente (P2, P3, P5 e P6),

foi solicitado que explicassem de que maneira tal visita tenha favorecido o desenvolvimento do atual trabalho com os estudantes, e duas falas estão transcritas a seguir como exemplo:

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P2: SIM. /.../ Foi muito bom. O lúdico pros alunos foi muito bom. Se eles pudessem vim direto eles::: - Já vim a cinco anos atrás /.../ com outra turma. Foi muito bom. P3: SIM, /.../ É quarta ou quinta vez que eu venho visitar a Sala.(1.8) Eles passaram a ter::: outro tipo de visão na química a não ser a parte teórica dele de sala de aula mesmo. Entendeu? Por que, por exemplo, não tem laboratório, então aqui eles conseguem ver experimento (.) né, ver a Tabela Periódica em ... tamanho (.) maior, ver aonde estão sendo aplicados os elementos.

Em todos os casos de respostas afirmativas a pergunta aconteceu de os professores terem visitado anteriormente com outras turmas, ou seja, a primeira visita feita ao local aconteceu numa ocasião semelhante à ocasião atual dos professores que nunca haviam visitado a Sala Mendeleev. No entanto, essa experiência contribui de maneira significativa para o trabalho posterior dos professores em sala de aula e uma próxima visita com outras turmas. Isso pode ser observado na transcrição a seguir:

P6: Sim, semana passada. /.../ agora eu posso fazer mais né essas ações, pegar as histórias que foram contadas, falar mais dos elementos pra eles na prática.

Em relação aos professores que ainda não haviam visitado o espaço, nos apoiamos em Terci e Rossi (2015) quando apontam que é importante conhecer a estrutura do local onde será realizada a visita para que o professor organizador possa ter ciência das suas dificuldades de limitações. Ainda na visão destes autores, uma pré visita feita pelo professor possibilita fazer uma conciliação de seus propósitos com a visita, possibilitando adaptações.

No caso especial de visita à Sala Mendeleev, essa pré visita voltada a conhecer as adaptações do local não se faz tão essencial, pois é um espaço voltado para a recepção de estudantes e possui as adaptações necessárias. O espaço também dispõe de uma divulgação clara de sua exposição.

Relação entre conteúdos abordados na visita Sala Mendeleev e em sala de aula

Muitos professores recorrem aos espaços não formais de educação para complementar ou iniciar conteúdos dados em sala de aula. Por serem espaços interativos, geralmente os estudantes podem perder a atenção no que realmente interessa. No entanto, quando encontram durante uma exposição ou apresentação algo familiar, interesses e curiosidades são instigados. Assim a realização de uma visita não ocorre de maneira significativa do ponto de vista educativo quando não se encontra uma relação com os conteúdos trabalhados em sala de aula.

Portanto, foi perguntado aos professores se o tema abordado na visita a Sala Mendeleev tinha relação com o conteúdo abordado em sala de aula. Todos os professores afirmaram ter relação com o conteúdo ministrado em sala de aula. Em alguns casos esses

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conteúdos teriam sido estudados pelos alunos somente em anos anteriores, mas alguma parte da visita serviria para o entendimento deles em outros casos. Duas falas transcritas estão destacadas a seguir:

P2: No primeiro ano do ensino médio, né o primeiro ensi- no ensino médio eu acabei modelos atômicos e já vou /.../ acrescentar com a Tabela Periódica. Nas outras turmas a gente só relembrou, pra eles poder::: não chegar assim né, sem muita noção.

P3: TEM, por que::: (1.8) ah::: (1.8) a Tabela Periódica é a matéria do primeiro ano, que você trabalha ela no primeiro ano. O meu grupo que veio ali não tem aluno de primeiro ano, tem de segundo e de terceiro. Mas ai você pega, por exemplo, reatividade química no segundo ano, eles estão trabalhando reatividade química né. A situação da basicidade eles estudaram no inicio do ano. °Então tem a ver.°

O professor P4 foi bem direto na sua resposta, dando a entender que só do espaço ser

voltado para a divulgação científica já tem relação com a matéria.

A visita realizada sem conexão simultânea com os conteúdos abordados em sala de aula pode ficar solta e o estudante pode não alcançar o principal objetivo que é concretizar e assimilar a matéria.

Importância de preparar previamente os estudantes para a visita

Cada professor foi questionado se houve a preparação dos estudantes antes da visita a Sala Mendeleev. A resposta de todos eles foi afirmativa. A partir daí, foi solicitado aos mesmos que descrevessem o que haviam feito na escola como preparação. Os professores P1,

P2, P4 e P5 mencionaram o conteúdo de Tabela Periódica dado em sala de aula como a

preparação para a visita. Isso pode ser visto em algumas transcrições das falas a seguir: P4: Só mesmo o conteúdo estudado. Nada específico pra visita.

P5: SIM. É::: eles tiveram, mas não é:::, no decorrer do ano né. Eles estudaram a parte:::,(.) principalmente já viram o conteúdo de Tabela todo né. Eles já têm uma informação totalmente de que que é uma Tabela, a parte de ciências né, como que é organizada e tal. /.../

P1 acrescentou ter alertado os estudantes a respeito do que eles poderiam ver durante a

visita a Sala Mendeleev e utilizou a palavra “possivelmente” já que, como se verifica na resposta à Questão 8, nunca havia visitado o espaço. Segue a transcrição da sua fala:

P1: Sim. Primeiro eles é::: estudaram já sobre a Tabela Periódica, e::: durante essa semana... eu fui chamando a atenção pra eles, revendo sobre o que eles viram sobre Tabela Periódica e falando sobre o que possivelmente eles veria- iriam ver aqui. Somente P3 discutiu sobre as atividades a serem realizadas no espaço previamente.

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P3: Sim, foi falado com eles... o que eles iriam ver (.) né. Qual é o tipo de de (1.8) de visitação que eles iam fazer. /.../

Terci e Rossi (2015) destacam que é importante o professor orientar os estudantes quanto aos conteúdos que serão apresentados na visita, tendo como principal objetivo o melhor aproveitamento da mesma. Apontam ainda que tal esclarecimento pode ser feito de várias formas como estimular conhecimentos prévios dos estudantes a fim de construir pré conceitos, pesquisa previa sobre o tema a ser abordado etc.Ainda, Victoriano (2013, apud TERCI; ROSSI, 2015) indicam ser indispensável a preparação de um roteiro para evitar a perda do objetivo principal da atividade. Já P6 se aprofundou na necessidade de divulgar

espaços voltados para o ensino não formal.

P6: Sim. /.../ Falei né da importância de ver isso na prática, de conhecer outros espaços. É::: até mesmo de aumentar a questão da::: é, da visão de mundo deles né. Ampliar essa visão de mundo::: conhecendo outros espaços que não sejam a escola que eles estão acostumados a ir todos os dias e a estimular eles né a querer sempre aprender, saber que tem outras oportunidades.

Muitas pessoas ainda tem a visão de que a educação é um processo que se dá somente dentro das escolas, universidades etc. Por essa razão, os espaços não formais voltados para o ensino acabam sendo visto apenas como um local de lazer.

No entanto, conforme discussões anteriores, tais locais apresentam inúmeras potencialidades no que se refere ao ensino. Dessa forma, torna-se necessário que haja a divulgação delas, destacando a relevância para os processos de ensino e aprendizagem das Ciências.

Importância da preparação dos estudantes para a visita

Partindo do questionamento anterior, os professores foram indagados se julgavam importante a preparação dos estudantes antes da visita, apresentando de forma geral o espaço e as atividades que seriam realizadas lá. Todos os professores responderam que sim e justificaram. As transcrições de algumas falas encontram-se a seguir:

P1: MUITO, por que se não fica::: a, a visita fica extremamente solta (.) se você não prepara os meninos, eles não sabem por que vem.

P3: SIM, pra eles poderem prestar mais atenção, pra eles darem mais ênfase a (.)ao assunto.

P4: Eu acho mais pra eles saber o que vai ser trabalhado pra não ficar superficial. A resposta afirmativa já era esperada, visto que todos os professores prepararam seus estudantes para a visita a Sala Mendeleev, conforme as respostas dadas a questão anterior.

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Importância da visitação aos espaços não formais de educação para a formação dos estudantes

Os espaços não formais de educação são locais onde o conhecimento é articulado de uma forma diferente da que estamos acostumados a ter nas escolas. Ele se tornou fundamental para a sociedade devido aos avanços no que diz respeito à ciência e tecnologia. Dessa maneira, as instituições cientificas se tornaram grandes aliadas a escola, tendo como papel principal complementar as aulas tidas em formalidade. Assim, Rocha e Téran (2011) afirmam que

[...] uma parceria entre a escola e esses espaços não-formais, pode representar uma oportunidade para a observação e problematização dos fenômenos de maneira menos abstrata, dando a oportunidade aos estudantes de construírem conhecimentos científicos que ajudem na tomada de decisões no momento oportuno. (ROCHA; TÉRAN, 2011 p. 4)

De acordo com Chagas (1993), ao levar os alunos aos museus de ciências, a escola lhes proporciona um contato direto com suas vivências, que normalmente não ocorre em sala de aula. Os museus científicos desfrutam de fatos concretos de conceitos científicos, o que facilita a compreensão por parte dos estudantes. A partir daí os estudantes conseguem observar a quão próxima à ciência e tecnologia se encontram do dia a dia deles (CHAGAS, 1993).

Dentro desses espaços, os estudantes têm a oportunidade de criarem uma série de questionamentos a respeito dos artefatos presentes ali, estimulando o senso crítico sobre o sentido atribuído ao conhecimento. Além disso, as aulas propostas nesses locais podem ser capazes de ampliar as possibilidades de aprendizagem dos estudantes por meio da proporção de um ganho cognitivo (LORENZETTI; DELIZOICOV, 2001).Seniciato e Cavassan (2004, apud ROCHA; TÉRAN, 2011) consideram que as aulas nesses locais podem contribuir para a formação de valores e atitudes que permitem colocar em prática os conhecimentos construídos ali. A visão desses autores vai ao encontro do que mencionado pelos professores quando questionados sobre a importância das visitas a espaços não formais de educação para a formação dos estudantes e para o processo de ensino e aprendizagem das Ciências como um todo. Pode-se observar nas falas transcritas a seguir:

P1: (1.8) Assim, acho que a maior importância é ver... na prática aquilo que a gente trabalha na teoria. Por exemplo, a gente tá falando de Tabela Periódica, então tem muitos elementos químicos que não fazem parte diretamente do dia a dia deles, ou se faz parte, faz parte de uma forma muito sutil. Então, eu acho que essa vivência da prática, pelo menos de tá vendo, conhecendo aquele elemento, faz toda a diferença.

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P2: Os alunos tem muita dificuldade em aprender química, por que eles não vivem né ... o átomo, eles não conseguem compreender como que é a matéria como °um° como um todo. Então pra eles virem a uma universidade com essa, (.) eu acho que dá até vontade deles quererem estudar mais /.../

P3: /.../ eu acho que é pra eles poderem tirar a ciência só da parte teórica e jogar ela pra parte prática. Pra eles conseguirem ter esse tipo de visão que normalmente eles não tem no ensino médio (.) °normal°.

A partir das respostas apresentadas anteriormente, é possível constatar que o principal objetivo dos professores ao levarem seus estudantes aos espaços não formais de educação é de criar um elo entre a teoria e a prática, de mostrar para eles o quão presente a Ciência está em nosso dia a dia.

Atividades desenvolvidas após a visita na Sala Mendeleev e percepção dos estudantes com relação a essa atividade

Perguntou-se também aos professores se após a visita seriam desenvolvidas atividades formativas ou avaliativas relacionadas às questões científicas abordadas na Sala Mendeleev. Cinco dos seis professores afirmaram com certeza que dariam atividade pós-visita, com exceção de P6, e alguns descreveram o que seria feito. Seguem duas transcrições das falas

para exemplificar:

P1: >Sim<. /.../ Sempre quando eu vou em algum lugar assim, eu peço para os meninos fazer uma espécie de relatório, esse relatório é avaliado, mas é um relatório mais guiado, eu não deixo eles “ah nós vimos isso, vimos aquilo”, eu sempre formulo algumas questões, pergunto o que que eles viram, por que que eles viram, o que aquilo contribuiu pra eles. São sempre perguntas nesse sentido. P5: Sim. /.../ eles vão fazer tipo um relatório pra mim, né, mostrando o conhecimento, e me entregar aquilo por escri- o que eles tiveram de aprendizado né. /.../

Normalmente, os relatórios de visita apresentam uma característica mais descritiva do local e atividades realizadas. É importante que o estudante seja guiado no momento de fazê-lo, como mencionado por P1, a fim de avaliar o vínculo da visita com a aprendizagem. Na

visão de Terci e Rossi (2015, p. 6)“cabe ao professor aproveitar a curiosidade dos estudantes, que possa ter sido despertada no espaço visitado e, aproveitá-la para estimular a construção dos conhecimentos escolares [...]”.

As atividades realizadas após a visita permitem fazer-se uma avaliação por parte dos professores do alcance dos objetivos estipulados no momento do planejamento da mesma. Essas atividades também são interessantes aos alunos, pois, nesse momento eles fazem um apanhado de todo o conhecimento adquirido, refletem, buscam novas informações e as relacionam melhor com as vivências cotidianas.

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P2 menciona, tanto nessa questão quanto na Questão 10, que solicitou uma atividade

anterior à visita e as respostas seriam encontradas na Sala Mendeleev, posteriormente eles realizariam uma segunda atividade. Trata-se de uma Feira de Ciências a ser realizada na escola, em que cada aluno ficaria responsável por levantar informações sobre um elemento químico e, posteriormente, confeccionariam uma espécie de livreto para ser apresentada ao público presente na feira de ciências da escola. Segue a transcrição da resposta dada a Questão 10:

P2: /.../ Dei uma atividade também pra feira de ciências, cada aluno ficou responsável de::: classificar um elemento químico (.) e eles vão ter que fazer um livreto pra apresentar na feira de ciências. A gente vai fazer uma tabela periódica de madeira... de forma que ela gire... na parte da frente vai ser o símbolo (.) e na parte de trás... aí isso é novidade por que eles não sabem. Vai virar e vai ter o livreto com todas as informações que eles colherem lá e aqui também.

Essa atitude de passar uma atividade anterior a visita torna-se interessante pelo fato de os estudantes terem um objetivo a mais na visita ao espaço não formal e se torna mais claro o intuito da mesma. Amplia nos estudantes que o local em questão é voltado para a aprendizagem.

Os professores P3 e P4 não descreveram a atividade que seria aplicada. P6 disse já ter

dado atividades avaliativas a respeito do conteúdo referente aTabela Periódica e acrescentou não ter tempo para a aplicação de uma nova atividade.

Ao serem perguntados se há apoio das escolas para o desenvolvimento desse tipo de visita, todos afirmaram que sim. P1 destacou que “/.../ Eles dão todo apoio. Quando a gente

precisa, a gente conversa, eles ajudam a gente a... pedir na Prefeitura”.

Os espaços não formais de educação, como mencionado anteriormente, promovem o aprendizado por parte dos estudantes de maneira mais descontraída, interativa, interdisciplinar, e contextualizada. Nesse sentido, faz-se de extrema importância o vínculo da escola com esses locais, desfrutando-se das suas potencialidades na promoção da aprendizagem dos estudantes.

Assim, dentro das salas de aulas onde o conteúdo de Ciências torna-se abstrato é imprescindível uma parceria com os Centros de Ciências onde conteúdos formais e vivências sociais andam lado a lado. Portanto, ao realizar uma visita a locais voltados para o ensino não formal de ciências, os aspectos discutidos anteriormente devem ser levados em conta para que o principal objetivo seja alcançado: o aprendizado.

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