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Análise de Crédito e Risco

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Academic year: 2022

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Texto

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Aula 03

Júlio Becher

e Risco

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Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA

Autor

EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA Desenvolvedor

CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS

(4)

Olá. Meu nome é Júlio Becher. Sou economista e mestre em Engenharia de Produção, com MBA em Gerenciamento de Projetos.

Atualmente curso o programa de doutorado em economia na UFPE, em modalidade sanduíche na Universidade de Cambridge. Atuo a mais de 15 anos na área de consultoria econômica, financeira e viabilidade de projetos, atuando no Brasil e no exterior.

Acredito que unir experiência prática e de mercado com formação de alto nível, permite a criação de profissionais de alto rendimento e performance. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Contem comigo!

JÚLIO BECHER

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INTRODUÇÃO:

para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência;

DEFINIÇÃO:

houver necessidade de se apresentar um novo conceito;

NOTA:

quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento;

IMPORTANTE:

as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você;

EXPLICANDO MELHOR:

algo precisa ser melhor explicado ou detalhado;

VOCÊ SABIA?

curiosidades e inda- gações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias;

SAIBA MAIS:

textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento;

REFLITA:

se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre;

ACESSE:

se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast;

RESUMINDO:

quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens;

ATIVIDADES:

quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada;

TESTANDO:

quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas;

aprendizagem toda vez que:

(6)

SUMÁRIO

Conhecer as origens e as definições dos tipos de crédito

existentes, assim como planos para mitigação do risco 10 Apreender técnicas vinculadas à avaliação do risco envolvido na

operação de crédito 14

Riscos Associados 15

Grau de Investimento 15

Avaliação e Mitigação do Risco 18

Indicadores de avaliação de crédito 18

Indicadores de Endividamento 19

Indicadores de Endividamento 20

Diagnóstico 21

Compreender e aplicar as técnicas comumente utilizadas na

análise de crédito – Credit Scoring 24

(7)

UNIDADE

03

(8)

Nosso curso visa compreender o funcionamento de Planos e políticas de crédito consistentes nas empresas e os melhores processos de cobrança junto a clientes, utilizando os conceitos e técnicas voltadas para a indústria, comércio e serviço com a finalidade de garantir o equilíbrio financeiro da empresa. Análise de riscos em ativos financeiros, utilizando conceitos, métodos e técnicas apropriadas, tais como avaliação de ativos isolados, cálculos de riscos individual, diversificação do risco sistemático, retorno de mercado e taxa livre de risco.

Para percorrer essa trilha, dividiremos a disciplina em quatro momentos, chamados de Competências, que tem como objetivo construir e fortalecer habilidades específicas.

Em cada Competência, trabalharemos aspectos formais e conceituais, aplicações prática e desafios de aprendizagem, para que o leitor seja capaz de pensar criticamente sobre o conteúdo apresentado.

Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!

INTRODUÇÃO

(9)

Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Conhecer as origens e as definições dos tipos de créditos existentes,

2. Entender sobre planos para concessão e mitigação do risco.

3. Apreender técnicas vinculadas à avaliação do risco envolvido na operação de crédito.

4. Compreender e aplicar as técnicas comumente utilizadas na análise de crédito.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho!

OBJETIVOS

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Conhecer as origens e as definições dos tipos de crédito existentes, assim como planos para mitigação do risco

A palavra crédito tem um significado bastante específico:

confiança. Mais especificamente, confiança em uma operação financeira que resulta em que uma parte fornece dinheiro a outra parte, cujo reembolso apenas ocorrerá no futuro, de forma imediata ou parcelada.

Essa promessa de pagamento gera uma contrapartida econômica, chamada de “dívida”. Em algumas modalidades de concessão de crédito se faz necessário a apresentação de garantias e/ou avalistas. Tais como:

bens, imóveis, notas promissórias. Os avalistas são uma terceira parte nessa operação, que o papel de chancelar que o fornecedor do crédito receberá o recurso concedido de qualquer forma.

Segundo (ALTMAN & SAUNDERS, 2007), “credit is a method of making reciprocity formal, legally enforceable, and extensible to a large group of unrelated people”. E se pensarmos no formato dos negócios hoje, com o sistema financeiro em processo de digitalização, o acesso a mercados de crédito mais dinâmicos, pode alterar o portfólio de investimentos e área de atuação das empresas, tornando-as mais dinâmicas e competitivas.

Figura 1

Fonte: freepik

(11)

de crédito para o desenvolvimento econômico e do comércio entre nações.

Segundo (BERNANKE & BLINDER, 1998), o termo crédito foi originalmente utilizado na Inglaterra, por volta de 1520, e denotava “a loan, thing entrusted to another”. O significado comercial era vinculado à confiança que mercadores possuíam para fornecer mercadorias à prazo, especialmente nos mercados de especiaria italianos. A primeira versão de uma avaliação de crédito (rating), foi utilizado em 1958 (http://bit.ly/2Qx9WTu).

SAIBA MAIS:

Dica de Filme:

O Mercador de Veneza (https://imdb.to/35dM63d)

Na atualidade, mercado de crédito funciona de maneira bastante estruturada. Normalmente, via uma autarquia financeira (banco de crédito), que fornece e administra as operações. No caso brasileiro, temos mecanismos bem estruturados de crédito. O principal agente é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é responsável pelas principais modalidades de financiamento e investimentos de longo prazo no país.

O BNDES é um banco público, e tem como função apoiar, via crédito e financiamentos e “busca de apoiar empreendedores de todos os portes, inclusive, pessoas físicas, na realização de seus planos de modernização, expansão e concretização de novos negócios, tendo em vista o potencial de geração de empregos, renda e inclusão social”.

Sugiro o leitor a visitar a página do BNDES e conhecer mais sobre a entidade. (www.bndes.gov.br).

É uma modalidade de crédito direto e fácil, cujo cliente recebe um cartão na modalidade pré-paga para comprar materiais para o negócio, em fornecedores previamente cadastrados. Mais detalhes:

www.cartaobndes.gov.br

(12)

Outras instituições igualmente relevantes nesse contexto e com funções similares são os bancos de desenvolvimento regionais, tais como: Banco do Nordeste (BNB), Banco do Centro-Oeste (BCO) e o BANCO DA AMAZÔNIA. Além desses, o Banco do Brasil também desempenha papel estratégico na política de crédito no país, tendo em vista que atua como operador do Sistema BNDES para financiamentos de menor porte e vinculados a áreas específicas como Capital de Giro, Agronegócios e Comércio Exterior.

Muito bem, mas efetivamente qual a função de um banco de crédito? Primeiramente, é importante desconstruirmos a ideia de que esses bancos são meros intermediários financeiros. Servindo unicamente para interligar agentes poupadores com agentes tomadores de empréstimos, via spread bancário.

Na estrutura de negócios bancários atual, o crédito é a principal atividade rentável dos bancos. De forma direta, quando concedem recursos aos agentes; quanto indireta, via operações estruturadas, como por exemplo: cartões de crédito e financeiras. Pense como seria a estrutura comercial de empresas de varejo e concessionárias de carro, sem a possibilidade de crédito. Você já notou que os financiamentos que lá ocorrem não têm conexão direta entre o cliente e o banco?

Bancos modernos são estruturados em modalidades de oferta de crédito. Estes são constituídos de duas partes, o crédito e sua correspondente dívida. A operação tem um custo, via de regra ancorado na taxa de juros básica daquela econômica, acrescida de um spread, que varia em função do risco envolvido na operação (A Unidade IV será dedicada a precificar isso).

Do ponto de vista escritural, quando o banco emite um empréstimo, é lançado em seu balancete um valor negativo e um correlato ativo, que será visualizado no contas a receber. Esse ativo é o valor futuro da operação, i.e., o principal emprestado mais a parcela de juros envolvida na operação. O mais interessante na operação de crédito é que no momento em que a dívida é completamente sanada, o dinheiro desaparece da economia. Enquanto isso, o receptor do crédito recebe recursos, que serão utilizados para algum fim econômico (compra de bens ou quitação de dívidas), e um equivalente responsabilidade

(13)

que o excesso de crédito em mercados específicos (imobiliário), pode ocasionar surtos inflacionários.

SAIBA MAIS:

Dica de Filme:

A Grande Aposta (The Big Short) (https://imdb.to/35frhEF)

É importante entender que à medida que um banco fornece crédito no mercado, ele fica contabilmente em dívida consigo mesmo.

Se, por acaso, um banco possui uma carteira de clientes ruins, i.e., alto índice de inadimplentes, no longo pode tornar-se insolvente. Isso significa que ele possui mais dívidas que ativos. Isso por que é justamente os ativos do banco (que necessariamente não estão disponíveis a termo), que servem para garantir que a operação de crédito. Se esses ativos não se tornam físicos, o banco entra em processo de falência.

Normalmente existem dois grupos principais de crédito. Sem garantias ou, numa terminologia mais técnica, sem colateral. E os assegurados, ou com a presença de algum colateral para a definição do valor a ser emprestado.

No primeiro caso, o principal exemplo é cartão de crédito, que apesar das avaliações realizadas pelas operadoras, o usuário pode utilizar sem a contrapartida física, i.e., se por acaso houver inadimplência, não haverá penhora de bens. Já no segundo, o tomador do crédito disponibiliza alguma garantia real (bens, imóveis, títulos de crédito, etc.). Esse colateral reduz o risco envolvido na operação. Pois, caso haja inadimplência, o banco tem a garantia de recuperar parcial ou integralmente o capital disponibilizado na operação. Exemplos dessa operação, são financiamentos imobiliários, na construção civil e os empréstimos para compra de máquinas, equipamentos e expansão (CAVALCANTI & VAZ, 2017).

(14)

Apreender técnicas vinculadas à avaliação do risco envolvido na operação de crédito

Nesta seção trataremos de estratégias para avaliação e mitigação de riscos. Como já antecipamos antes, a principal forma de mitigar o risco em uma operação de crédito é precificando a operação, através de uma taxa de juros. E que, naturalmente, clientes cujo a probabilidade de não honrar o compromisso acessam o crédito mais caro. Não à toa, usuários do cheque especial “pagam” mais juros numa operação de crédito do que clientes que acessam o crédito consignado.

Mas, será que existem estratégias para se antecipar aos riscos envolvidos na operação? Adianto que sim. Vamos detalhar mais essa questão.

Infelizmente, não existe uma “bola de cristal” que antecipa se ou quando um cliente irá se tornar inadimplente. Isso por que muitas vezes a causa principal é em função de variáveis exógenas, tais como: perda de emprego, crises econômicas, instabilidade políticas, dentre outras.

(LOGEMANN, 2012).

Para mitigar tal cenário, o fornecedor do crédito precisa fazer uma avaliação bem detalhada. A primeira tarefa nós, inclusive, já tratamos nas Unidades I e II. Nessa Unidade veremos algumas estratégias mais técnicas.

A primeira delas é buscar “proteção”, na linguagem financeira é contrair Hedges para as operações de créditos, via determinística com a inclusões de colaterais; ou via probabilística, através de seguros e derivativos. (CALOMIRIS, LARRAIN, LIBERTI, & STURGESS, 2017).

SAIBA MAIS:

Leio o artigo “Access to Long-Term Credit and Productivity of Small and Medium Firms: A Causal Evidence”, dos professors Tiago Cavalcanti (Universidade of Cambridge) e Paulo Henrique Vaz (Pimes/UFPE).

Os autores tratam o impacto da variação no acesso ao crédito para micro e pequenas empresas. E os resultados sugerem que há impacto na produtividade em função da disponibilidade de crédito.

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o devedor será solicitado a pagar dívida. O risco de crédito surge principalmente quando os mutuários não conseguem pagar os compromissos, de forma voluntária ou não.

Riscos Associados

Na avaliação e gestão do risco, existem 3 principais grupos a. Risco padrão:

O risco de perda resultante de um devedor pagar suas obrigações de empréstimo integralmente ou o devedor ultrapassar o limite de 90 dias de atraso sem nenhum tipo de colateral. Impacta todas as operações de crédito da empresa, incluindo empréstimos, valores mobiliários e derivativos.

b. Risco concentrado:

O risco associado a qualquer exposição única ou em grupo com potencial para produzir perdas grandes o suficiente e ameaçar as operações bancárias. Muito associado a organizações com portfólio de atuação não diversificado, cuja a exposição é maior devido a segmentação dos negócios.

c. Risco-país:

O risco envolvido pela possível perda da soberania do governo local. Em função de sua incapacidade de honrar o pagamento dos juros da dívida pública. É conhecido como moratória. Também associado ao risco-soberano, que é eminente em países cujo a instabilidade política e/ou macroeconômica é alta.

Grau de Investimento

Note que toda a operação de crédito é visualizada como uma alternativa de investimento. E, por definição, se espera um retorno líquido positivo. Isso implica dizer que é preciso selecionar bem o risco envolvido na operação.

Para isso, existem agências que realizam continuamente a avaliação de ativos, tanto o valor do crédito das emissões de dívidas de empresas, quanto dos governos. Isso é chamado de rating.

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As principais agências de risco são: Fitch Ratings, Moody’s e Standard & Poor’s. Apesar de pequenas variações metodológicas, a estrutura de avaliação é similar. Na qual são fornecidos selos, em formato de letras. Por exemplo, um título no topo da avaliação receberá a nota:

AAA (Prime); já um com risco muito alto, receberá a nota I (Moratória).

As agências fornecem notas sobre a qualidade do crédito. Esse rating construído é utilizado como qualificação para os investidores decidirem onde investir, bem como precificar o risco envolvido e o retorno esperado.

Existem duas classificações gerais. Os títulos que recebem o grau de investimento e os que recebem o grau especulativo. O primeiro grupo são os bem avaliados, aqueles que possuem previsibilidade, considerados investimentos seguros. O outro grupo, são os ativos de risco elevado, e em alguns casos com probabilidade calote.

A Figura 2 apresenta a escala de rating estabelecido pelas agências, em ordem descendente. Ou seja, os títulos no topo da escala são os mais bem avaliados. Os títulos marcados em vermelho possuem risco mais elevado, com chance de inadimplência e, em último caso, de calote.

Figura 2: Escala de rating

Fonte: Imagens google.

(17)

Nesse grupo, os títulos mais bem avaliados estão na América Central, especificamente EUA e Canadá, na parte norte da Europa (Reino Unido, Alemanha, França, Espanha e Portugal) e na Oceania.

Na avaliação para a América Latina, o único destaque é o Chile, que está no grupo com selo de investimento. Já o Brasil está no grupo (BB), i.e., com grau especulativo e um pequeno risco de calote. Mas o pior cenário está nas mãos da Argentina e Venezuela, considerados ativos muito mais arriscados.

Falando mais especificamente do Brasil, em 2008, pela primeira vez na história, obtivemos o selo de grau de investimento. O anúncio causou associou a nota BB+ aos títulos brasileiros. Essa classificou dinamizou o mercado de ativos do país, levando a Bovespa a ultrapassar os 70 mil pontos, um recorde.

Em 2015, em função da grande crise econômica vivida, associado ao déficit fiscal e à instabilidade política, culminando no impeachment da então Presidente Dilma, as notas dos títulos voltaram a cair e, com isso, novamente classificados com grau especulativo.

Tabela 1: Histórico de avaliações de risco-Brasil – 2007-2017

Agência 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Moody’s Ba1 Ba1 Baa3 Baa3 Baa2 Baa2 Baa2 Baa2 Baa3 Ba2 Ba2 S&P BB+ BBB- BBB- BBB- BBB BBB BBB BBB- BB+ BB BB Fitch BB+ BBB- BBB- BBB BBB BBB BBB BBB BB+ BB BB

Fonte: Agências de risco | adaptado pelo autor.

Perceba que o selo de grau de investimento não meramente uma nota ad hoc. Esta classificação, além de estabelecer um parâmetro de risco associado ao país, também define se alguns fundos de investimento poderão investir no país. Isso significa dizer que alguns fundos não podem investir em países considerados arriscados demais, limitando a capacidade de atração de investimentos.

Além disso, a “fuga” desse tipo de investidor (de longo prazo), causa um “efeito dominó” no sistema financeiro do país. Pois aumenta o custo de oportunidade de investir no país, pois a taxa de juros será mais alta. Isso limita projetos de investimento, o que causa impactos na

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economia real, reduzindo a produção de bens e serviços, aumento de desemprego e dos preços. Cenário nada confortável.

O artigo: “Crédito vai piorar com perda do grau de investimento”, trata essas questões. (http://bit.ly/2rWL51j).

Avaliação e Mitigação do Risco

Normalmente as empresas alocam muitos recursos, pessoais e financeiros, na gestão de risco. Algumas possuem departamentos específicos para a análise das operações e construção de estratégias de mitigação. Boa parte das informações processadas vêm de relatórios das agências de risco.

É muito comum que as empresas que ofertam crédito estabeleçam modelos de avaliação de risco, chamados credit score.

O intuito é identificar, a priori, o risco associado a alguma operação de crédito. (CALOMIRIS, LARRAIN, LIBERTI, & STURGESS, 2017).

Esses modelos desenvolvem uma espécie de ranking entre os clientes, de acordo com o nível de risco associado. E em função dessa posição, definem a política de crédito mais adequada. Ou seja, clientes com de risco, normalmente terão maior custo na obtenção de crédito ou mais garantias exigidas.

Modelos de credit score são bastante utilizados por bancos credores, no qual avaliam a capacidade de pagamento do cliente, nível de endividamento e estrutural patrimonial, i.e., grau de liquidez atual.

(BERGER & UDELL, 1990).

Indicadores de avaliação de crédito

A ideia dessas avaliações é obter com clareza uma avaliação da atual situação do cliente, sob o aspecto financeiro e econômico. Mas sem esquecer o contexto associado, como já vimos nas Unidades I e II.

Indicadores de Liquidez

Começaremos pelos indicadores de liquidez, que são úteis para analisar a situação financeira da empresa, pois refletem a capacidade da empresa em saldar suas dívidas no curto prazo.

(19)

Busca verificar em termos monetários, qual o giro da empresa para honrar compromissos até 12 meses. Para isso, mediremos o grau de cobertura que os ativos de curto prazo (Ativo Circulante no Balanço Patrimonial – AC) têm em relação às obrigações no curto prazo (Passivo Circulante – PC). A equação

(2.1)

demonstra essa relação.

CCL = AC - PC (2.1)

2. Liquidez Circulante – LC

Tem o mesmo sentido do CCL, porém em termos relativos.

Demonstrado na equação

(2.2)

.

LC = AC (2.2) PC

3. Liquidez a Seco – LS

Busca melhorar o cálculo da LC, tornando o indicador mais real, pois desconta do valor do AC, o valor dos estoques. Justificado pela maior grau de engessamento que os estoques possuem em relação às demais contas do Ativo Circulante.

LS = AC - estoques (2.3)

PC

Indicadores de Endividamento

Outros indicadores bastante utilizados são os de endividamento, também analisam a situação financeira da empresa, e estão vinculados à estrutura de capital, mais especificamente como a relação entre o capital de terceiros e próprio. O foco está na capacidade de solvência da organização.

1. Nível de Investimento – NI

Demonstra o grau de comprometimento do ativo com o capital de terceiros. Busca avaliar qual a parcela de dívidas a empresa possui.

NI = Exigível Total (2.4) AT

(20)

2. Relação Debt/Equity - α

Extremamente importante para a análise de crédito e investimentos. Revela o grau de dependência da empresa em relação ao capital de terceiros. O ideal é sempre manter esse índice menor que 1.

α = PC + EXlp (2.5)

PL

Onde: PC – Passivo Circulante;

EXlp – Exigível de longo prazo;

PL – Patrimônio Líquido.

Indicadores de Endividamento

Também se faz necessário analisar se os investimentos realizados foram as melhores escolhas. Para isto, utilizamos um conjunto de indicadores de rentabilidade, pois são úteis para a análise do capital investido. Além de ajudar acionistas a avaliar a empresa no longo prazo.

1. Retorno sobre o capital próprio – ROE

É gerado pela produtividade e eficiência de todos os setores de uma empresa, com visão gestão e de remunerar o acionista. Demonstra o retorno do capital investido pelos sócios. A equação

(2.6)

expressa essa análise.

ROE = Lucro Líquido (2.6) PL

Notadamente você deve perceber que, quão maior for esse índice melhor, pois demonstra que mais valor foi adicionado ao recurso investido pelo acionista.

2. Retorno dos Ativos – ROA

É o lucro auferido mediante os investimentos realizados no ativo da empresa. Investimentos são as ações tomadas no sentido de obter lucros (Retorno). Esse índice é interessante para avaliar a lucratividade da empresa como um todo, independentemente de onde vierem os recursos aplicados. O resultado desse indicador reflete o poder de ganho da empresa. Ou seja, para cada real investido no ativo, foi gerado determinado ganho. Veja a equação

(2.7)

.

ROA = Lucro Líquido (2.7) AT

(21)

Indicador que demonstra se a empresa está criando ou destruindo valor. É uma medida estritamente econômica, e busca identificar se a escolha da empresa representa a opção de investimento mais rentável. Leva em consideração algum parâmetro que expressa o custo de oportunidade do capital, i.e., o custo de se obter recursos de uma aplicação, ou de se retirar de uma atividade lucrativa, ou simplesmente o custo de um empréstimo.

A equação

(2.8)

representação essa relação. Note que uma empresa é considera econômica saudável se EVA > 0. Isso implica dizer que os projetos estão gerando lucros positivos, sob o prisma econômico.

EVA = Lucro Liquido - Custo oportunidade (2.8)

SAIBA MAIS:

Assista esse vídeo sobre as diferenças entre Lucro contábil é diferente do Lucro econômico (http://bit.ly/2Ok8Zva)

Diagnóstico

Após a construção desses indicadores, devemos ser capazes de elaborar um diagnóstico empresarial, e tomar alguma decisão com base nos índices gerados.

Nosso objetivo é então avaliar a empresa sob uma lógica financeira e econômica, de forma separada. Para o primeiro caso utilizamos os indicadores de liquidez e endividamento; para o segundo, os indicadores de rentabilidade.

Considere o seguinte exemplo hipotético. Uma empresa possui no Exercício Contábil de 2016, o seguinte Balanço Patrimonial:

(22)

Figura 3

Fonte: Elaboração própria.

Nesse mesmo ano, o lucro líquido do Exercício foi de R$

9.460,00 e o custo de capital fora de 7,25% ao ano. Além disso, o custo oportunidade dos sócios é de 12% ao ano.

Diante desses valores, qual o diagnóstico que podemos fazer?

Para facilitar nossa análise, utilizaremos o quadro abaixo:

Figura 4

Fonte: Elaboração própria.

Vamos começar pelos indicadores de liquidez:

1. CCL

CCL = AC-PC

CCL = 218.000 - 170.400 CCL = 47.600

2. LC

LC = AC = 218.000 = 1,27 PC 170.400

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LC = AC - estoques = 218.000 - 59.000 = 0,93 PC 170.400

Indicadores de Endividamento:

1. NI

NI = 188.400 = 0,51 373.000

2. Relação Debt/Equity α = 188.400 = 1,021 184.600

Indicadores de Rentabilidade:

1. ROE

ROE = LL = 9.460,18 = 5,12%

PL 184.600

2. ROA

ROA = LL = 9.460,18 = 2,12%

AT 373.000

3. EVA

EVA = LL - Custo oportunidade EVA = 9.460,18 - (0,12 * 184.600) EVA = -3.923,32

Com isso, observamos que a situação financeira da empresa é boa, porém a econômica não. Isso coloca a empresa em risco. Caso não haja modificação no portfólio de investimentos realizados, isso deteriorará a capacidade financeira, o que pode tornar a empresa insolvente no longo prazo.

(24)

Compreender e aplicar as técnicas comumente utilizadas na análise de crédito – Credit Scoring

Credit Scoring são os métodos estatísticos utilizados pelas instituições que fornecer crédito. É fortemente utilizado para melhorar a capacidade de previsão a respeito da possibilidade de algum cliente se tornar inadimplente. Essa metodologia foi introduzida no mercado bancário em meados do século passado, mas se tornou muito frequente na avaliação de consumidores individuais a partir da década de 1980, especialmente no mercado de financiamento imobiliário. (CAVALCANTI & VAZ, 2017).

O advento da internet e a ampliação do poder computacional, tornou essa ferramenta muito útil e acessível. Isso permitiu bancos ampliarem sua atuação a diversos mercados, tanto na margem intensiva (mais clientes), quanto extensiva (mais segmentos). Mais estratégias de diversificação do risco também foram desenvolvidas. (CALOMIRIS, LARRAIN, LIBERTI, & STURGESS, 2017).

Os modelos utilizam dados históricos e técnicas estatísticas para determinar e identificar causas para tornar clientes em potenciais inadimplentes. O método produz um “score”, que nada mais é que uma nota, e que as instituições que fornecem crédito utilizam para precificar o risco envolvido.

A depender da técnica, a forma avaliativa pode mudar. Mas, de forma geral, o scorecard criará uma faixa avaliativa, que colocará, em função das características individuais, os clientes em faixas de probabilidade, i.e., maior ou menor chance de calote. Apesar disso, sabe-se bem que nenhum modelo é perfeito, o que pode colocar “bons clientes” no grupo de alto-risco, e vice-versa.

Os dados normalmente utilizados são obtidos de um data-frame interno, com o histórico de empréstimos da instituição, assim como de agências de crédito e pesquisas realizadas. Informações como renda média, nível de endividamento, bens e imóveis, Informe de Imposto de Renda, tempo de emprego, histórico nos órgãos de proteção ao crédito e tempo de relacionamento com a instituição credora (isso pode variar de instituição para instituição).

(25)

Técnicas estatísticas são comumente utilizadas para buscar modelar o comportamento do cliente. Modelos de análise de regressão tipicamente são implementados, buscando entender o impacto de cada variável no risco associado. Modelos de regressão logística, probit, e redes neurais são exemplos aplicados. (SELAU & RIBEIRO, 2009).

Leia o artigo (http://bit.ly/35bCrKs): “How Credit Works:

understanding the credit history reporting system”

Saiba quais informações são exibidas no seu relatório de crédito, como são calculadas as pontuações de crédito e como os bancos usam seu histórico de crédito para tomar decisões sobre empréstimos.

SAIBA MAIS:

Leio o artigo “Uma sistemática para construção e escolha de modelos de previsão de risco de crédito”, dos professores Lisiane Selau (UFPEL) e José Luís Ribeiro (UFRGS).

Os autores tratam a questão do crescimento do mercado de crédito e, consigo, o risco de maior calote. Utilizam diferentes técnicas para modelar o risco. Os resultados mostram que uso de redes neurais é ligeiramente mais preciso que as técnicas de regressão.

É claro que, por mais robusto que seja um modelo, sempre haverá erro na previsão, é da natureza modelagem estatística, que trata questões randômicas. Contudo, eles fornecem acurada informação analítica e alto acerto na probabilidade do tomador se tornar devedor.

O que suporta firmemente o processo decisório. Por outro lado, para a construção de um bom modelo, são necessários suficientes dados históricos que reflitam o perfil do individual a ser avaliado. ( (BERNANKE

& BLINDER, 1998) e (CALOMIRIS, LARRAIN, LIBERTI, & STURGESS, 2017)).

Atualmente os principais segmentos de fornecimento de crédito utilizam algum sistema de credit scoring. Desde as operadoras de cartão de crédito até as instituições que atuam no mercado de crédito imobiliário e automotivo.

(26)

Além disso, está disponível para os credores que não possuem volumes suficientes para construir seus próprios modelos de pontuação de empréstimos para pequenas empresas. Para desenvolver um modelo de pontuação de empréstimo mais preciso para empresas maiores, um primeiro passo necessário seria a coleta de uma vasta gama de dados em muitos tipos diferentes de negócios junto com a execução de empréstimos feitos a esses negócios, incluindo dados sobre bons e maus empréstimos. O que é realmente difícil.

Alguns benefícios imediatos da expansão do uso do credit scoring é que há uma padronização da forma de avaliação pelas instituições fornecedoras de crédito. Isso permite mais transparência no processo de negociação.

SAIBA MAIS:

Você sabia que existe o Cadastro Positivo?

No Brasil, é uma espécie de selo dado a um CPF. Ele busca o histórico de pagamentos realizados às principais concessionárias. E é utilizado pelo mercado como parâmetro de risco na concessão de crédito ou renovação de contratos. Para consultar o seu http://bit.ly/2r7HI74.

Além da transparência no critério de concessão, o credit scoring permite mais agilidade na avaliação, haja vista metodologia previamente estabelecida, a instituição credora já sabe as variáveis a serem analisadas, bem como os respectivos pesos utilizados. Segundo estudo do Business Bank Board (Reino Unido), mostra que tradicionalmente o tempo médio para avaliação de risco de crédito era de 2 a 3 semanas, fora reduzido para cerca de 24 horas. Embora esse tempo possa variar e se a instituição utilizada exclusivamente seu sistema de credit scoring ou algum outro critério subjetivo e político, como o caso brasileiro.

Outro benefício da pontuação de crédito é aprimorado objetividade no processo de aprovação de empréstimos. Essa objetividade ajuda os credores a garantir que sejam aplicar os mesmos critérios de subscrição a todos devedores, independentemente de raça, sexo ou outros fatores proibidos por lei de serem usados em decisões de crédito.

(27)

não forem adequadamente calibrados e não representarem o perfil da carteira de clientes, trará bem mais prejuízos que benefícios. A acurácia é uma questão que não pode ser menosprezada, pois do contrário o tempo ganho na avaliação será destruído pelos maus empréstimos executados.

A base de dados, nos quais o sistema se baseia, precisam ser uma amostra significante de empréstimos com resultados positivos e com baixo desempenho. Os dados devem ser atualizados, e os modelos devem ser frequentemente re-estimados para garantir que as mudanças nas relações entre fatores potenciais e o desempenho do empréstimo seja capturado.

A informação de clientes aceitos e negados é relevante para garantir que não haja um viés de seleção, erro comum em modelos estatísticos, especialmente em processos decisórios com uma intenção mercadológica inerente. Isso significa que o banco deseja emprestar, e talvez possa correr riscos demasiados na análise de dados. De outra maneira, um viés de seleção pode induzir a pesos descompensados no modelo final.

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BIBLIOGRAFIA

ALTMAN, E., & SAUNDERS, A. (2007). Financial Institutions Management: a risk management approach. Chicago: McGraw-Hill.

BERGER, A., & UDELL, G. (1990). Collateral, Loan Quallity and Bank Risk. Journal of Monetary Economics, pp. 21-42.

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