XXVI CONGRESSO NACIONAL DO
CONPEDI SÃO LUÍS – MA
DIREITO, GOVERNANÇA E NOVAS TECNOLOGIAS
JOSÉ RENATO GAZIERO CELLA
AIRES JOSE ROVER
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D597
Direito, governança e novas tecnologias [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI
Coordenadores: José Renato Gaziero Cella, Aires Jose Rover, Fernando Alves Dourado Gomes – Florianópolis: CONPEDI, 2017.
Inclui bibliografia ISBN:978-85-5505-563-8
Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações
Tema: Direito, Democracia e Instituições do Sistema de Justiça
CDU: 34 ________________________________________________________________________________________________
Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito
Comunicação – Prof. Dr. Matheus Felipe de Castro – UNOESC
1.Direito – Estudo e ensino (Pós-graduação) – Encontros Nacionais. 2. Tecnologia. 3. Cidadania. 4. Liberdade de expressão. XXVI Congresso Nacional do CONPEDI (27. : 2017 : Maranhão, Brasil).
XXVI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI SÃO LUÍS – MA
DIREITO, GOVERNANÇA E NOVAS TECNOLOGIAS
Apresentação
Os encontros nacionais do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Direito
(Conpedi) têm se consolidado como referência na disseminação de pesquisas que abordam os
novos fenômenos envolvendo o direito. O Grupo de Trabalho Direito, Governança e Novas
Tecnologias é exemplo desse interesse, no qual pesquisadores de diferentes regiões do Brasil
apresentam seus estudos e debatem temas na sua grande maioria inovadores.
A convergência entre os temas abordados é significativa, visto que tratam de tecnologia e
direito, porém destacam-se dois muito interligados, a aplicação da chamada inteligência
artificial e seus algoritmos que mineram dados e a proteção dos dados pessoais. A maioria
dos artigos, surpreendentemente, foi dentro destes dois eixos temáticos, especialmente o
primeiro.
Temas que em outras edições eram muito representativos, agora foram tratados
solitariamente como os crimes eletrônicos, governança e cooperação internacional, os
movimentos sociais e o próprio processo eletrônico.
Em suma, diferentemente de outras edições, houve uma mudança significativa das temáticas
mais trabalhadas, o que mostra a velocidade com que novos processos atravessam a
sociedade e como tão rapidamente nossos pesquisadores os identificam e procuram analisar.
Enfim, os coordenadores do GT convidam os leitores para desfrutarem do teor integral dos
artigos, agradecendo a participação dos autores pesquisadores desta edição.
Prof. Dr. Fernando Alves Dourado Gomes - CEUMA
Prof. Dr. Aires José Rover - UFSC
Prof. Dr. José Renato Gaziero Cella - PPGD/IMED
Nota Técnica: Os artigos que não constam nestes Anais foram selecionados para publicação
na Plataforma Index Law Journals, conforme previsto no artigo 7.3 do edital do evento.
OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO ELETRÔNICO E A GLOBALIZAÇÃO JURÍDICA NA SOCIEDADE EM REDE
PRINCIPLES OF ELECTRONIC PROCEEDINGS AND JURIDICAL GLOBALIZATION IN NETWORK SOCIETY
Isadora Kauana Lazaretti Giovanni Olsson
Resumo
Com a emergência do fenômeno da globalização e a intensidade dos avanços tecnológicos
nas áreas da telecomunicações e informática, o Direito necessitou adequar-se a essa nova
realidade, marcada pela informação digital e virtual. A informatização do processo judicial
pela Lei n. 11.419/2006 configura um importante passo na busca de uma justiça mais célere e
eficaz. O processo eletrônico é um instrumento que vai além de um simples sistema de
acesso porque promove ainda mais a evolução e o atendimento dos anseios da sociedade. A
pesquisa tem caráter qualitativo, e adotou-se o método dedutivo, utilizando-se a técnica de
pesquisa bibliográfica.
Palavras-chave: Sociedade em rede, Globalização, Processo eletrônico, Tecnologia
Abstract/Resumen/Résumé
With the emergence of the phenomenon of globalization and the intensity of technological
advances in the areas of telecommunications and information technology, Law has needed to
adapt to this new reality, marked by digital and virtual information. The computerization of
the judicial process by Law no. 11.419 / 2006 is important step in the direction of a speedier
and more effective justice system. The electronic proceedings is an instrument that goes
beyond a simple access system because it fosters the evolution and the fulfilment society
expectations. The research has a qualitative character, with deductive method, the technique
of bibliographic research.
1 INTRODUÇÃO
O recente fenômeno da globalização acarretou inúmeras transformações não somente
no âmbito internacional, mas também no âmbito interno dos Estados, e, em especial, no Direito
e no sistema de aplicação da justiça. A intensidade e a velocidade dos avanços tecnológicos nas
últimas décadas constituem fatores determinantes para mudanças significativas que ocorreram
no âmbito do Poder Judiciário. Tornou-se necessário o acompanhamento pelo Direito dessa
nova realidade, porque hoje se vive uma era informacional e digital. Contudo, o Poder
Judiciário ainda não se encontra completamente compatibilizado com os meios disponíveis da
revolução tecnológica, e assim, faz-se necessária uma adaptação a partir de normas que
regulamentem esses mecanismos de funcionamento no espaço cibernético.
O objetivo geral da presente pesquisa consiste em compreender quais os emergentes
princípios do processo eletrônico, com base na Lei n. 11.419/2006, e a globalização jurídica na
sociedade em rede. De modo específico, objetiva-se compreender a sociedade em rede e seus
desafios atuais; analisar o fenômeno da globalização e a dimensão jurídica da globalização; e,
por fim, verificar quais os princípios do processo eletrônico decorrentes da sociedade em rede.
A informatização do processo judicial com a Lei n. 11.419/2006, por sua vez,
constitui-se um importante passo na busca de uma justiça mais célere e eficaz, uma vez que, até
então, com a existência de processos eminentemente físicos, isto é, de autos materiais, a
prestação jurisdicional acabava sendo pouco eficaz em razão do tempo demandado consumido
em atividades burocráticas para a tramitação de um processo. Atualmente, existe profunda
inserção numa sociedade “em rede”, e, por esta razão, as pessoas estão cada vez mais
interconectadas. Nesse contexto, a internet é a rede mais acessada no mundo, e seu
funcionamento pode colaborar com a dinâmica da máquina judiciária, na medida em que a
informatização dos processos tem se expandido cada dia mais nos tribunais brasileiros.
A rede reconfigura a atual sociedade na qual estamos inseridos, pautada na
comunicação em massa e na interconexão imediata de dados, tornando as relações e a
comunicação em si muito mais rápidas e menos distantes. A Lei n. 11.419/2006, que
regulamenta a informatização judicial, constitui uma resposta do Direito às mudanças
tecnológicas das últimas décadas e uma forma de se adequar a essa nova realidade
informacional e digital.
Ademais, é necessário iluminar essa incitante realidade, de modo que a importância
do tema e do estudo ora proposto justificam-se como forma de compreender a Lei do Processo
globalização, que constitui um processo em marcha e em constante transformação, bem como
a sociedade em rede de sua inserção. É necessário, assim, analisar a evolução, os novos modelos
e configurações no âmbito da informatização judicial tecnológica.
No que diz respeito à metodologia, a presente pesquisa tem natureza qualitativa, é de
caráter aplicado e utilizou como instrumento a pesquisa documental. As estratégias de pesquisa
basearam-se em coleta de dados, onde foi adotada a técnica de pesquisa bibliográfica.
2 O FENÔMENO DA GLOBALIZAÇÃO E A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
O fenômeno da globalização tem sua emergência marcada pelo avanço tecnológico
recente que passou a se manifestar nas áreas das telecomunicações, transportes e informática,
rompendo-se barreiras nesses campos e promovendo considerável ampliação na produção e nos
mercados. Esses avanços realimentaram ainda mais o capitalismo, e, com isso, sua expansão
foi tão acelerada que as próprias fronteiras estatais deixaram de constituir uma limitação ao
capital financeiro.
A conformação do mundo enquanto um sistema global foi um relevante acontecimento
social, político, cultural e econômico, constituindo um marco simbólico que indicou a emergência de um novo século na história da humanidade, “dominado por problemas relacionados com o surgimento, consolidação e a hegemonia da organização política,
econômica e social globais” (BEDIN, 1997, p.134).
A partir do desenvolvimento e avanço das tecnologias, especialmente nos meios de
transporte e comunicação, intensificaram-se as relações econômicas entre os Estados,
ocasionando na ampliação do acesso de insumos e mercados, e resultando na chamada “internacionalização econômica”, conforme ressaltado por Kon (1997, p.62). Isso consiste, basicamente, no sistema de trocas comerciais de mercadorias entre os Estados, passando para a
circulação e, após, a produção e desenvolvimento industrial.
Acerca do surgimento do fenômeno, Robertson (2000, p.88) entende que existem cinco
fases que abrangem os elementos históricos do surgimento da globalização em nível mundial.
Trata-se de cinco conjunto de fatos divididos em momentos distintos: a primeira, fase
embrionária, que se manifestou na Europa por volta do começo do século XV, teve como
principal característica a emergência das estruturas nacionais e a queda do feudalismo, além da
evolução dos conceitos de indivíduo e sua relação com a humanidade; a segunda, fase
incipiente, também se manifestou na Europa a partir da terceira metade do século XV, e seu
problemas envolvendo o binômio nacional-internacional; a terceira, fase da decolagem, se
manifestou a partir da década de 1870 e teve como principal elemento a acentuação das
tendências globalizantes, a noção de um mundo integrado por uma sociedade internacional e a
eclosão da primeira guerra mundial; a quarta, fase da luta pela hegemonia, que se iniciou na
década de 1920, e caracteriza-se pela emergência da Organizações das Nações Unidas e da
Guerra Fria, bem como por disputas sobre o processo econômico dominante; e, por fim, a fase
da incerteza, que se manifestou a partir de 1960 e tem como principal desenho a acentuada
consciência global, especialmente com temas envolvendo questões ecológicas e gênero
humano.
Dentre os estudos dos aspectos histórico-evolutivo da globalização, questiona-se a
existência de um acontecimento político, econômico e social determinante para o surgimento
desse fenômeno. Bedin (1997, p. 135) considera que tal indagação seria impossível de ser
respondida com precisão, porque o fenômeno da globalização é fruto de uma longa, lenta e
quase imperceptível evolução na sociedade moderna.
Pode-se dizer, nas palavras de Hirst e Thompson (1998, p.13), que “a globalização
tornou-se um conceito em moda nas ciências sociais, uma máxima central nas prescrições de gurus da administração, um slogan para jornalistas e políticos de qualquer linha”. Para esses autores, estamos inseridos em um período em que a vida social é marcada por processos globais,
onde culturas, economias e fronteiras nacionais estão se diluindo.
A globalização apresenta-se ainda como um “processo de amplas proporções
envolvendo nações e nacionalidades, regimes políticos e projetos nacionais, grupos e classes
sociais, economias e sociedades, culturas e civilizações” [...] “que assinala a emergência da sociedade global como uma totalidade abrangente, complexa e contraditória” (IANNI, 2007, p.11). Não se trata, portanto, de um fenômeno recente ou totalmente original na história do
mundo, uma vez que seus indícios já se manifestavam nos tempos mais remotos, como, por exemplo, “nos antigos impérios, provocando sucessivos surtos de modernização econômica, cultural e jurídica” (FARIA, 1999, p.60). No mesmo entendimento desse autor, o ineditismo do fenômeno da globalização está presente na rapidez com que as limitações de tempo e espaço
foram superadas por decorrência do avanço tecnológico, rompendo-se fronteiras e criando a
noção de que as distancias diminuíram e o tempo ficou mais curto (1999, p. 62).
Trata-se de uma noção de “aceleração do mundo”, caracterizada pelo rompimento das
fronteiras nacionais, pelo aprimoramento nos meios de transportes e comunicações, pela
eliminação de obstáculos que proporcionem a circulação de dinheiro e pelos constantes avanços
A globalização mostra-se presente na realidade e no pensamento, e desafia um grande
número de pessoas em todo o espaço mundial, sob vários aspectos. A globalização ultrapassa e
dissolve fronteiras de todas as espécies, sejam locais, nacionais, regionais ou continentais. Além
de fronteiras, o fenômeno da globalização ocasiona mudanças consideráveis na quebra de
barreiras culturais, religiosas, linguísticas e civilizatória (IANNI, 2013, p. 102).
A concepção do processo de globalização se apresenta como uma possibilidade de
integração interligada de comunidades. Nesse sentido, Stuart Hall (2001, p. 67) aponta que o fenômeno da globalização remete a “processos, atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas
combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mas
interconectado".
Coelho (2001, p.7) sustenta que a globalização refere-se à economia em escala mundial
que impele tudo a sua volta, intensificando de forma surpreendente a velocidade dos negócios,
o que ocasiona a volatilização dos fluxos financeiros, favorecendo o volume de transferências
de capital, impulsionando o processamento de dados de larga escala e os avanços cada vez mais
rápidos nas áreas da informática, dos meios de comunicação e de transportes. Isso ocorre mediante “um poderoso processo de criação e difusão de ideias, valores, preferências, tecnologia, formas de produção e de organização, comportamentos públicos e privados, e
principalmente, conhecimentos e informações”.
Atualmente, estamos inseridos em uma profunda revolução tecnológica. Pode-se dizer,
nas palavras de Dowbor (1997, p. 10), que “o planeta encolheu de maneira impressionante”.
Tal constatação justifica-se porque distâncias parecem ter ficado menores, e o tempo parece ter
ficado mais acelerado. Graças à telemática, é possível que qualquer biblioteca acesse bancos de
dados de qualquer parte do mundo, assim como os mercados financeiros transfiram milhares de
dólares sem qualquer esforço ou controle dos bancos centrais. Isso demonstra que houve a
mundialização de uma série de esferas (DOWBOR, 1997, p.10).
O fenômeno da globalização foi, assim, o responsável pela intensificação das relações
sociais em nível mundial, interligando localidades e rompendo fronteiras. O globo continua
sendo habitado de inúmeras e diversas formas culturais, línguas, religiões, tradições e visões do
mundo, juntamente com diferentes formas de vida e de trabalho e de competição de capitais. É
problema da forma como o mundo se tornou unido tão rapidamente, mas não integrado de forma
funcional simplista.
Por fim, expostos os pressupostos conceituais do fenômeno da globalização, seus
aspectos histórico-evolutivos e suas principais características, passa-se ao estudo da dimensão
jurídica da globalização e seus impactos.
3 A DIMENSÃO JURÍDICA DA GLOBALIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS
O fenômeno da globalização transcende a esfera meramente econômica, atingindo uma
série de outros campos da sociedade contemporânea. A globalização é objeto de discussão nos
debates modernos e apresenta uma série de dimensões, como política, cultural, econômica e
também jurídica. Com a emergência do fenômeno da globalização e, consequentemente, com
o rompimento das fronteiras estatais, resultado dos significativos avanços tecnológicos nos
meios de comunicação e de transportes, bem como nas áreas das telecomunicações e da
informática, os fluxos transnacionais de informações, serviços, mercadorias, capitais e pessoas
se intensificaram de forma irrefreável (ARNAUD, 1999, p.18-19).
No mundo do direito, a globalização promove uma integração jurídica intensa, que
proporciona o acesso à prestação jurisdicional de forma marcada do ponto de vista da
inexistência de limites territoriais para o exercício de um direito. Porém, é possível verificar o desenvolvimento de um direito de feição tradicional, onde “princípios, estratégias e normas de políticas de gestão da regulação” são reconhecidos por todo o planeta (ARNAUD, 1999, p.19).
O desenvolvimento do fenômeno da globalização, assim, permitiu que novas questões
passassem a se manifestar, vindo a refletir no campo do direito. A globalização faz com que as
empresas transnacionais se desloquem frequentemente, instando suas sedes e subsidiárias em
vários Estados. Arnaud atenta que “as próprias profissões jurídicas tendem a se transformar
profundamente” por conta do fenômeno da globalização (1999, p. 19).
Os avanços tecnológicos atingem os níveis mais basilares da sociedade, refletindo de
forma direta no Direito. Nesse sentido, Zamur Filho (2011, p. 35) considera que “a jurisdição,
quando exercida por meios eletrônicos, terá outra configuração, com maior aptidão à
cooperação judicial e interjurisdicional, uma vez que o princípio da territorialidade é mitigado
pela desterritorialização própria do ciberespaço”.
Com os avanços na informática e a informatização dos processos judiciais, as barreiras
físicas e operacionais, empecilhos para uma efetiva cooperação entre as competências
proporcionou a emergência de uma justiça eletrônica, pautada na colaboração imediata, “não
somente entre suas várias especialidades e grau, mas também com outros órgãos jurisdicionais estrangeiros ou supranacionais” (ZAMUR FILHO, 2011, p.35).
Além disso, Arnaud (1999, p. 20) atenta para outro aspecto, alertando que as
transformações resultantes da globalização ainda tomarão surpreendentes rumos. Para ele, os escritórios de advocacia passarão a atuar no sentido de “sistematicamente projetar suas ações antes mesmo de empreende-las e de solucionar amigavelmente os assuntos contenciosos entre as partes”, optando, assim, por cada vez menos se utilizarem das vias tradicionais judiciárias ou administrativas das soluções dos conflitos.
Nesse sentido, a implementação dessa globalização na dimensão jurídica “poderá se
efetuar não apenas segundo as formas jurídicas tradicionais, mas também de acordo com a política e de controle”. Além disso, “os profissionais do direito que intervêm na prática local, regional ou internacional, contribuem, na realidade, para a transformação da natureza no campo jurídico” (ARNAUD, 1999, p. 20).
O fenômeno da globalização expressa a ideia de “compressão do espaço e do tempo”, em que “as distâncias parecem ficar menores e o tempo parece andar mais rápido, em uma
espécie de aceleração do mundo” (OLSSON, 2003, p. 91). É inegável, portanto, que o processo
globalizante está intimamente ligado à emergência da era digital. Hoje, vive-se a era cibernética,
marcada pela internet, transformando a sociedade e, por conseguinte, demandando mudanças
nos limites e possibilidades da sua regulação pelo Direito nessa nova realidade.
Os impactos da globalização são visíveis no mundo jurídico. Por meio da utilização
dos modernos instrumentos tecnológicos, o Direito passou a adquirir precisão e claridade, de
modo que as novas tecnologias associadas ao surgimento do computador e da internet mudaram
completamente os métodos e a estrutura do pensamento dos juristas e dos operadores do direito
(GARCIA, 2014, p.123). Hoje, vislumbra-se que “a sociedade não é estática, mas dinâmica”,
uma vez que seus processos de formação encontram-se em contínua mutação, no qual “o principal vetor dessa aparente (ou proposital) instabilidade é a tecnologia” (GARCIA, 2014, p.107).
A globalização interfere no Direito ao ponto de fazer com que os problemas de
regulamentação e de controle apresentem-se de forma aguda e totalmente nova. Para Arnaud
(1999, p.19-21), há mudança em tudo, e “[...] de uma forma ou de outra, os juristas tomarão
logo consciência disso. As próprias nações se adaptam às novas circunstâncias. Elas tecem
Faria (1999, p.258) recorda que, na década de 80, o Estado-nação teve sua autoridade,
capacidade de normatização por via legislativa e seu poder de intervenção bastante questionados e desafiados. Diante da globalização, esse mesmo Estado “hoje é induzido a ampliar seus controles diretos em matéria penal, a incorporar no âmbito de suas políticas
criminais os problemas e situações que não consegue administrar na esfera política”.
O campo jurídico também é altamente influenciado pelo fenômeno da globalização. Como “campo jurídico”, entende-se “a articulação de instituições e práticas através das quais a lei é produzida, interpretada e incorporada às tomadas de decisões na sociedade”. Esse espaço inclui profissionais da Justiça, como os juízes e as faculdades de direito. Mas também pode ser ainda entendido como um “conjunto de todos os personagens que fazem, interpretam e aplicam a lei, transmitem conhecimentos jurídicos e socializam os jogadores que se encontram no jogo do campo” (DEZALAY e TRUBEK, 1998, p. 31 e p. 36).
Nesse sentido, Dezalay e Trubek (1998, p.38) entendem que o campo jurídico está
centrado no Estado nacional e no ordenamento jurídico oriundo do direito estatal, que, atualmente, estão sendo penetrados por “influências extranacionais” e “estruturas subnacionais de ordem privada ou pública”, que introduzem formas complexas de pluralismo jurídico, tornando o campo jurídico muito mais denso e multidimensional por conta do processo de
globalização.
Pode-se dizer que, com a intensificação do fenômeno da globalização, “um novo mercado para as atividades jurídicas tem surgido” (DEZALAY e TRUBEK, 1998, p. 48). Olgiati (1998, p. 100), na mesma linha, considera que há uma “reconversão” das profissões
jurídicas, que se manifesta em decorrência da “internacionalização do mercado e seu corolário,
a invalidação das instituições do Estado Social que caracterizavam a regulação econômica de tipo fordista”. As poderosas ordens sócio-jurídicas, como, por exemplo, as companhias transnacionais, passaram a dominar o cenário jurídico, acarretando mudanças radicais no direito
e na dinâmica das profissões jurídicas (OLGIATI, 1998, p.100).
Nessa esteira, pode-se que considerar que essas transformações, seja no Direito em si
ou nas profissões jurídicas de forma mas destacada, constituem-se enquanto “atores frequentes” nos Tribunais, e produzem demandas “hiper-legalizadas”, requerendo uma alta especialização, além de estimularem “a erupção da competição, juridificação e procedimentalização de
virtualmente todos os setores organizados da sociedade” (OLGIATI, 1998, p. 100-101).
Olgiati (1998, p. 101) sustenta que a reconversão das profissões jurídicas deve ser
considerada um reflexo da globalização jurídica. Não diz respeito apenas a questões técnicas
indeterminação à especialização técnica”, assim como “das profissões jurídicas do patriciado à elite profissional e do notável ao expert”, não pode mascarar o fato de que a chamada “interlegalidade” colocou em cheque a lealdade política tradicional dos advogados ao direito positivo, ao cidadão e ao próprio Estado.
Com isso, resta evidente que a globalização gera impactos no Direito, na vida dos
profissionais e na própria formação dos juristas. Em seguimento, deve-se analisar como esses
impactos mediados pela tecnologia atingem a prestação do serviço público de justiça.
4 A EMERGÊNCIA DA SOCIEDADE EM REDE E A TECNOLOGIA APLICADA NO
SERVIÇO PÚBLICO DE JUSTIÇA
Com a emergência do fenômeno da globalização e o intenso avanço no campo das
comunicações, transportes, bem como na área de informática, a sociedade contemporânea
passou a sofrer uma série de transformações, marcada pela informação instantânea e pela
comunicação virtual. O mundo forma-se de delineamentos humanos a uma dimensão planetária,
e, assim, tornou-se “um único lugar para todos os seres humanos e que os principais problemas
e alguns de seus interesses mais relevantes adquiriram o caráter de questões mundialmente interdependentes ou globais” (BEDIN, 2000, p.330).
Os efeitos da globalização geraram uma série de consequências virtuais aos
conhecimentos tecnológicos da informação e da comunicação instantânea, porque passaram a
se manifestar em espaços sem fronteiras ou limites territoriais, fragmentando e enfraquecendo
o exercício da soberania estatal (OLIVEIRA, 2005b, p. 36). Nas últimas décadas, vivenciou-se
uma verdadeira revolução tecnológica, resultado da globalização, centrada nas tecnologias da
informação, que remodelou a estrutura dinâmica da sociedade (CASTELLS, 2006, p.39).
As profundas transformações estruturais na sociedade, mais, foram causadas pela
emergência de um novo paradigma sociológico. Hoje, vivencia-se a era da informação, onde o
capital deixa de ser o único produto de valor da sociedade. A era da informação global emerge
de forma revolucionária e desconhece limites de fronteira, território e nacionalidade
(OLVEIRA, 2005a, p.240). Pode-se afirmar que se vive atualmente a sociedade em rede,
porque, na lição de McLuhan (2001, p.10) “toda tecnologia gradualmente cria um ambiente humano totalmente novo”. E, hoje, “as novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de instrumentalidades” (CASTELLS, 2006, p.57).
comunicação instantânea interconectada, por meio de poderoso sistema de redes e seus sofisticados canais, decorrentes dos conhecimentos e invenções da microeletrônica”.
Para Castells (2015, p.66), “uma rede é um conjunto de nós interconectados”, e, na vida social, “as redes são estruturas comunicativas”, isto é, redes de comunicação consideradas como “padrões de contato criados pelo fluxo de mensagens entre comunicadores no tempo e no espaço”. Em outras palavras, Castells considera que “as redes são estruturas complexas de comunicação construídas em torno de um conjunto de metas que simultaneamente garantem a unidade de propósito e flexibilidade de execução” (2015, p.66-67). Por isso, reconhecer a sociedade em rede atualmente é fundamental para compreender os novos limites e
possibilidades da organização da sociedade em todos os âmbitos no atual momento histórico,
marcado pela tecnologia avançada e pela informação e comunicação instantâneas.
As redes passaram a dominar o mundo, manifestando-se em todos os níveis da
sociedade. A informação eletrônica, com isso, ganha status de uma nova forma de poder,
relacionado ao poder das redes, dos computadores, poder digital e virtual. Isso refletiu
diretamente na vida humana, que, por força do fenômeno da globalização, constitui-se enquanto
um processo em marcha que está em constante transformação e, ainda, que não tem volta
(OLIVEIRA, 2016, p. 49).
Castells (2006, p.17) afirma que “a tecnologia é condição necessária mas não suficiente para a emergência de uma nova forma de organização social baseada em redes”, o
que justifica a premissa de que se vive atualmente a era da rede global. Dowbor (1997, p.10)
considera que hoje a tecnologia está no centro, e que vivemos atualmente uma verdadeira e
profunda revolução tecnológica que reflete em todos os aspectos da vida humana. Ao passo em
que Adam Smith ou Marx afirmavam, no passado, que a evolução das técnicas seria o motor
das transformações sociais, o tempo se encarregou de comprovar as suas teses.
A sociedade em rede, tecnológica e informacional, atingiu o serviço público de justiça
de forma irrefreável, uma vez que o Poder Judiciário brasileiro, no intuito de se amoldar a esse
novo cenário marcado pela tecnologia e rapidez no processamento de dados, passou a adotar
medidas alinhadas com essa nova realidade. O serviço público de justiça então se informatizou,
tendo como objetivo principal garantir maior celeridade aos tramites processuais.
A informatização do Poder Judiciário, assim, não deixa de ser um reflexo do fenômeno
da globalização e da emergência da sociedade em rede. Até então, os processos judiciais eram
todos físicos, isto é, com documentação e tramitação em meio-papel. Com os avanços
tecnológicos nas áreas da informática, dos meios de comunicação e de transportes, emergiu a
sistema de justiça: o processo judicial eletrônico. Isto é, o mesmo processo que até então era
utilizado de forma física poderia ser não apenas documentado eletronicamente, mas também
acessado virtualmente à distância por meio de computadores conectados na internet. Além do
processo judicial eletrônico, outras medidas passaram a ser adotadas no serviço público de
justiça, como, por exemplo, a prática do teletrabalho, viabilizado pelas mesmas possibilidades
tecnológicas, que dispensa a presença física do servidor público em um ambiente coletivo
previamente definido.
Contudo, essa manifestação “digital” do serviço público de justiça passou a ganhar corpo com a Lei n. 11.419, de 19 de dezembro de 2006, que instituiu a informatização do
processo judicial. Trata-se, portanto, de mudanças consideravelmente recentes no âmbito do
Poder Judiciário. A partir de dados obtidos no Conselho Nacional de Justiça (2017),
identifica-se que o Processo Judicial Eletrônico (PJe) foi lançado de forma oficial no dia 21 de junho de
2011, mas já havia iniciado experimentalmente ainda no ano de 2009. O objetivo primordial da
criação do PJe era manter um sistema eletrônico único capaz de permitir a prática dos atos
processuais, bem como o acompanhamento desse processo judicial de qualquer lugar,
independente se tramitasse na Justiça Federal, Eleitoral, Estadual, Militar ou do Trabalho, uma
vez que, até então, e na falta de políticas públicas unificadas, já haviam sido desenvolvidos
mais de cinquenta sistemas eletrônicos diferentes nos noventa e um tribunais brasileiros.
Com isso, a criação do PJe teve como propósito a conversão de esforços dos tribunais brasileiros para adotarem uma solução única e gratuita aos tribunais, bem como “atenta para requisitos importantes de segurança e de interoperabilidade, racionalizando gastos com
elaboração e aquisição de softwares”. Isso permitiria o emprego desses valores financeiros e de
pessoal em atividades primárias do Poder Judiciário, que é exatamente a de promover a
resolução dos conflitos sociais (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2017).
A informatização do Poder Judiciário, com a implementação do Processo Judicial
Eletrônico, intensificou ainda mais a telemática, permitindo que qualquer processo judicial
possa ser acessado pela internet. Em seu discurso, o presidente do Conselho Nacional de Justiça,
O projeto foi aderido por cinquenta tribunais, abrangendo cinco Tribunais Regionais
Federais e seu Conselho, dezoito Tribunais de Justiça, dois Tribunais de Justiça Militar dos
Estados e todos os Tribunais da Justiça do Trabalho, inclusive o Tribunal Superior do Trabalho.
A Justiça do Trabalho, em especial, aderiu integral e completamente ao PJe, cuja meta é a
unificação do sistema de tramitação eletrônica em todos os processos judiciais (CONSELHO
SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO, 2017).
Com isso, percebe-se que a sociedade informacional chegou decisivamente ao Poder
Judiciário, trazendo inúmeras inovações e um lume de maior acesso ao conhecimento. Ao
mesmo tempo, também trouxe uma série de dificuldades e desinformação (ALMEIDA FILHO,
2010, p. 37). Assim, verifica-se claramente que os novos tempos na prestação do serviço
público de justiça pelo Estado são marcados por grandes transformações, porque a tecnologia
está presente já nos níveis mais elementares da estrutura da sociedade. Hoje, vive-se a era da
rede global e o extraordinário fenômeno da comunicação instantânea, que constitui um efeito
surpreendente da Revolução Tecnológica Informacional (OLIVEIRA, 2016, p. 15).
Todas essas mudanças tecnológicas impactaram não apenas a forma e a base material
do processo como instrumento de solução de conflitos, mas igualmente todos os pressupostos
jurídico-normativos de sua efetividade, como se verá adiante.
5 A LEI N. 11.149/2006 E O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
A partir da década de 90, com o surgimento da internet e com a intensificação e
ampliação de seu uso, resultado do fenômeno da globalização, o compartilhamento de
informações através da rede facilitou-se de forma surpreendente. Isso fez com que a sociedade
passasse a se adequar a essa nova realidade.
Em todas as áreas do conhecimento, inclusive no Direito, houve, então, a necessidade
de evoluir, atendendo às novas demandas sociais na trilha das emergentes inovações
tecnológicas. Foi a partir dessa necessidade que, no âmbito judicial, surgiu a Lei n. 11.419/2006,
que dispõe sobre a informatização do processo judicial. Essa lei estabelece uma série de
diretrizes básicas, impostas a todas as instâncias judiciais do país, destinadas à regulamentação
da informatização do processo judicial, eliminando o papel como meio físico, com a finalidade
de uniformizar o uso das tecnologias na prestação da tutela jurisdicional em seus mais variados
desdobramentos (ATHENIENSE, 2010, p. 25).
A Lei 11.419/2006 inaugurou oficialmente, no Brasil, o processo eletrônico, também
principal finalidade da criação dessa lei está relacionada com a importância da utilização da
informática para a agilização do processo judicial, contribuindo, assim, para a redução de
despesas e para o histórico problema da morosidade da justiça brasileira (ALVIM e CABRAL
JÚNIOR, 2008, p.15-16).
Com isso, a lei de informatização do processo judicial, na busca de alcançar a celeridade
processual assegurada enquanto um direito fundamental constitucionalmente garantido,
possibilita a utilização de recursos tecnológicos para a prestação jurisdicional, de qualidade e
de forma eficiente (DE PAULA, 2010, p. 16).
Não se pode deixar de considerar que a informatização judicial do processo abrange
uma série de medidas. Contudo, o enfoque da Lei n. 11.419/2006 prioriza a adequação dos atos
processuais ao meio eletrônico (ATHENIENSE, 2010, p. 25). Esse processo foi marcado por
três fases bem definidas. A primeira, fase de virtualização do processo, foi marcada pelo início
do uso de dispositivos eletrônicos por juízes e serventuários, na busca de melhorar a
produtividade de suas atividades. A segunda fase do processo de informatização foi marcada
pelo desenvolvimento dos sistemas de controle do andamento processual. Nessa fase, já havia
uma infraestrutura de informática, que incluía máquinas, rede, softwares e demais instrumentos,
mas ainda permanecendo o processo físico no meio-papel. Por fim, a terceira fase abrange a
virtualização do processo judicial, isto é, a implantação do processo eletrônico no ambiente
virtual. É a fase da informatização da justiça, que tem impacto direto na vida de todos os atores,
como advogados, Ministério Público e partes (ATHENIENSE, 2010, p. 26-27).
Hoje, o processo eletrônico constitui uma realidade irreversível, porque voltado para o
descongestionamento dos nós procedimentais dos fluxos de trabalho da Justiça, a transparência,
a simplificação dos ritos e a completa revisão do modelo que até então estava estabelecido no
Brasil quanto ao processo judicial em meio-papel. Nesse sentido, a Lei n. 11.419/2006 busca “suprir falha e eliminar a deficiência, encontrando no processo eletrônico, via rápida, de fácil acesso e que comunga no ideal da modernidade” (ABRÃO, 2009, p. 13).
O Novo Código de Processo Civil que se sucedeu, por sua vez, foi aprovado na busca
de uma justiça mais “ágil e descomplicada”, já no âmbito não apenas da experiência da lei do
processo eletrônico, mas especialmente da vivência de uma nova cultura jurídica de
virtualização dos procedimentos. O referido diploma legal tramitou por mais de cinco anos no
Congresso Nacional (SENADO FEDERAL, 2015).
Com o mesmo objetivo de celeridade, a então Lei n. 11.419/2006 também já havia sido
criada para atender ao preceito constitucional do tempo razoável de duração do procedimento
qualquer lugar pela internet. Trata-se, portanto, de um predicado inerente à sociedade
contemporânea, característico da revolução cibernética que se desenvolveu a partir da
emergência da globalização, mediante a utilização de modos e formas de aprimoramento da
linguagem eletrônica (ABRÃO, 2009, p. 29).
Atualmente, graças à Lei n. 11.419/2006 e também ao Novo Código de Processo Civil,
o processo judicial eletrônico tornou-se a regra no sistema processual brasileiro. Os atos
processuais que, até então, eram tradicionalmente realizados mediante a presença física, são hoje representados por “bits”, reunidos em um sistema informatizado, proporcionando maior rapidez e eficiência na prestação jurisdicional. Atheniense (2010, p. 26) atenta que “a
informatização do processo apenas confere nova roupagem ao processo tradicional, visto que o
processo judicial eletrônico deverá obedecer às mesmas formalidades procedimentais essenciais legalmente previstas para o processo tradicional”.
Conforme informações fornecidas pelo Senado Federal (2015), “estudos indicam que o
período processual leva, em média, de dois a oito anos no país, mas pode superar uma década em questões mais complexas”. Com o advento do Novo Código de Processo Civil, o Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, ressaltou que “as inovações podem reduzir a duração dos processos a cerca de metade do tempo atual” (SENADO FEDERAL, 2015).
O novo diploma processual é resultado das aspirações contemporâneas do mundo
jurídico, especialmente da necessidade de acompanhar a evolução e as transformações que
passaram a ocorrer na sociedade após o fenômeno da globalização. O Direito precisou se
adequar à evolução social, tecnológica e científica, utilizando dos instrumentos eletrônicos em
benefício do sistema de justiça brasileiro. A informatização do Poder Judiciário não consiste
exatamente em “comprar computadores”, mas, sim, em desenvolver e alcançar soluções
sistemáticas que envolvam a cultura e o treinamento dos servidores em prol do sistema de
justiça. Trata-se de implementar sistemas capazes de abranger o processo judicial eletrônico,
garantindo eficiência, transparência e qualidade na prestação jurisdicional (ATHENIENSE,
2010, p. 28).
Atualmente, a cultura contemporânea expressa um novo conceito para o processo
judicial, necessariamente compatível com a sociedade da informação, globalizada e complexa
que caracteriza os presentes dias. Com o advento do processo eletrônico na jurisdição nacional, “a instrumentalidade do sistema processual será otimizada e a técnica jurídica estará a serviço de seus objetivos políticos e sociais” (CHAVES JÚNIOR, 2010, p.61).
A Lei n. 11.419/2006, assim, ao informatizar o processo judicial, “prestigia a
serviços à comunidade”. Nesse sentido, Chaves Júnior (2010, p.61) considera que o Estado, ao permitir a utilização do meios eletrônicos na prestação jurisdicional está exercendo plenamente
sua atribuição primordial de realizar e promover a justiça garantindo o contraditório e a ampla
defesa.
Hoje, o processo eletrônico constitui um importante desdobramento do fenômeno da
globalização na sua dimensão jurídica. Sua implementação no sistema judiciário brasileiro visa
o reconhecimento da credibilidade de um Poder Judiciário de amplo acesso democrático. O
legislador, ao delinear a Lei n. 11.419/2006, de forma objetiva e concisa, estabeleceu preceitos
ordenadores do processo eletrônico a todas as instâncias judiciárias, seja estadual, trabalhista
ou federal (ABRÃO, 2009, p.22).
Assim, analisada a criação a Lei n. 11.419/2006 e sua relação com o atual Código de Processo
Civil, passa-se ao estudo dos emergentes princípios do processo eletrônico e a rede.
6 OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO ELETRÔNICO E A REDE
O ordenamento jurídico brasileiro assenta-se em uma série de princípios, sejam eles
constitucionais ou especificamente processuais. Os princípios, na concepção de Atheniense, “fundamentam e orientam a elaboração das normas jurídicas (2010, p.89). Bonavides (2000), na mesma linha, considera que os princípios devem ser considerados como orientações ou
diretivas, de caráter geral e também fundamental, que visam a coordenação das normas.
Com isso, os princípios exercem uma série de funções no ordenamento jurídico, como,
por exemplo: a) função ordenadora, uma vez que harmonizam e unificam o sistema
constitucional e o ordenamento jurídico; b) função axiológica, porque os princípios expressam
valores fundamentais adotados pela sociedade política e informam materialmente as demais
normas jurídicas; e c) função fundamentadora, porque ocupam uma elevada posição hierárquica
dentre as fontes do direito e são o fundamento de toda ordem jurídica (CARVALHO, 2004,
p.327-331).
Dessa forma, e para compreender o significativo alcance da Lei n. 11.419/2006, é
necessário analisar os novos princípios que essa legislação introduziu no ordenamento jurídico
brasileiro, considerados inovadores nesse novo contexto do processo eletrônico em rede.
Contudo, e diante da vasta amplitude tema, e considerando os vários princípios gerais e
específicos processuais existentes no sistema brasileiro, o presente artigo promove um corte
uma vez que impactados pelo fenômeno da globalização jurídica e das profundas
transformações da sociedade contemporânea.
Nesse sentido, o primeiro a ser abordado é o princípio da imaterialidade. A criação do
processo eletrônico fez com que o processo judicial se tornasse informatizado, isto é, virtual ou
imaterial. Dessa forma, o princípio da imaterialidade expressa que o processo judicial em si se
desmaterializa fisicamente, passando a existir virtualmente. Contudo, Chaves Júnior adverte que “desmaterializar não significa, evidentemente, a passagem para o mundo místico, espiritual ou coisa que o valha, mas simplesmente a passagem do mundo dos átomos, da matéria, para o
mundo dos bits” (2010, p.25).
Esse mundo dos bits é definido pelo autor como “o mundo da linguagem binária”, que abrange a dualidade da comunicação e da informação, porque “a linguagem é conteúdo de
informação, e, ao mesmo tempo, é comunicação, transmissão, conexão” (CHAVES JÚNIOR,
2010, p.26). Com o advento do processo eletrônico, emerge uma nova concepção ligada à
desmaterialização dos autos. O processo e todos os seus atos processuais deixam de ser
praticados em um instrumento físico, mas são certificados de forma imaterial (RIBEIRO e
VALCANOVER, 2013, p.1).
Esse princípio expressa, por fim, que o processo judicial deixa de ser físico, isto é, de
papel, e passa a ser armazenado na rede em sistemas e softwares, integralmente digitalizados,
cujos registros e certificações se dão todos de forma virtual. Ribeiro e Valcanover (2013, p. 2) consideram que “não se trata simplesmente de ‘digitalizar’ um processo físico”, uma vez que “a imaterialidade, que pode ser erigida à condição de princípio privativo do processo eletrônico, enseja muito mais que isso”. Os autores consideram que essa transformação do processo físico para o virtual “em rede” configura uma ruptura de paradigma, uma vez que tem como principal escopo a obtenção de uma solução de conflitos de forma mais célere (RIBEIRO e
VALCANOVER, 2013, p.2).
Já o princípio da intermidialidade, por sua vez, está relacionado ao princípio da
desmaterialização e diz respeito à possibilidade da inclusão de mídias no processo como meio
de prova, de fácil acesso e visualização pelos usuários (advogados, servidores e magistrados).
Para a realização e transmissão dos atos processuais, são utilizados instrumentos midiáticos
como as gravações de audiências em vídeo (depoimento das partes e das testemunhas, por
exemplo), bem como a realização de videoconferências, interrogatórios e inquirição de
testemunhas à distância.
O princípio da intermidialidade está expresso no artigo 1º da Lei n. 11.419/2006, que
atos e transmissão de peças processuais será admitido” (BRASIL, 2006). Nesse sentido, Chaves Júnior (2013, p. 175) destaca que o princípio da intermidialidade consiste na possibilidade de
utilizarem-se, como mídias, quaisquer formas de armazenamento ou tráfego de documentos e
arquivos digitais.
O princípio da hiper-realidade também está intimamente ligado ao princípio da
intermidialidade, e pertine à melhoria da percepção do juiz para a busca da verdade real, bem
como está pautado na garantia da agilidade processual. Esse princípio diz respeito à “radicalização da oralidade no processo”, uma vez que, no processo eletrônico, a oralidade pode restar totalmente preservada, e até mesmo radicalizada, porque as audiências podem ser
certificadas no processo através de sua pura verbalização sonora, por meio de arquivos
eletrônicos de voz (CHAVES JÚNIOR, 2010, p. 32).
Nesse sentido, Zamur Filho também considera que o princípio da hiper-realidade
radicaliza a oralidade, porque permite que as audiências sejam registradas de modo instantâneo
e com representação quase idêntica à realidade (2011, p.129). Dessa forma, tem-se que “o ‘hiper-real’ não é a representação do real, senão sua apresentação, traduzida em linguagem binária, em bits: melhor seria pensar em termos de transpresentação do real, em simulação do real” (CHAVES JÚNIOR, 2010, p. 33)
O princípio da interação, a seu turno, tem como finalidade tornar o princípio do
contraditório mais imediato, instantâneo e em tempo real. Nos dizeres de Chaves Júnior (2010,
p.34), “o processo virtual nos permite superar o velho contraditório linear, segmentado e
estático, em que o prazo transforma-se em cavalo de batalha, transmuta-se de tempo para defesa, em tempo para encontrar uma desculpa e esconder a verdade”.
Dessa forma, no meio eletrônico, fica consubstanciada uma oportunidade de
participação efetiva e em tempo real de um contraditório que não mais será linear e formal, uma
vez que já não é suficiente garantir a “paridade de armas” no procedimento de se ouvir as partes, porque “a colaboração das partes com o juiz é fundamental na visão mais publicista e social do processo” (ZAMUR FILHO, 2013, p. 129).
O princípio da instantaneidade está relacionado com a razoável duração do processo.
Dessa forma, é evidente que o processo eletrônico torna tudo mais rápido. O processo eletrônico é, sem dúvidas, um “processo em rede [...] que concita a instantaneidade, antes que a mera celeridade”. Isso porque“a instantaneidade é mais viva e interativa que o surrado e ineficiente princípio da celeridade do processo de papel” (CHAVES JÚNIOR, 2010, p. 35). No mesmo sentido, Zamur Filho (2011, p. 130) também parte da concepção da tensão que existe entre
duração do processo prevista constitucionalmente, porquanto “no universo digital, tudo é instantâneo, dinâmico e proativo”.
Ainda merece destaque o princípio da desterritorialização, cujo conceito é estudado por
Chaves Júnior (2010, p. 36) com base na percepção do filósofo Gilles Deleuze e do psicanalisa
Felix Guattari. O princípio da desterritorialização, no âmbito do processo eletrônico, significa
e vai além de uma mera transposição física de territórios como a própria nomenclatura do
princípio indica. Ele expressa uma transposição de circunscrições jurisdicionais e jurisdições,
sim, mas também expressa “a fluência da efetividade dos direitos que não pode mais ser contida simplesmente pelas limitações materiais do espaço físico” (CHAVES JÚNIOR, 2010, p. 37).
O processo eletrônico ultrapassa as fronteiras territoriais, e, virtualmente disponível e
conectado, pode ser acessado pelos usuários interessados de qualquer lugar do mundo. Isso torna a “longa manus” do juiz desmaterializada, extensa e conectada (CHAVES JÚNIOR,
2010, p.37). Esse princípio resume-se na “transcendência da jurisdição”, permitindo garantir a
eficácia ao processo de modo nunca antes garantido no processo físico (ZAMUR FILHO, 2011,
p. 130).
Por fim, também se identifica o princípio da ubiquidade judiciária. Por conta da
natureza global da rede mundial de computadores, o processo eletrônico adquire caráter
universal. Esse princípio consiste em permitir que o processo eletrônico seja e esteja acessível
em qualquer local, e isso é possível em razão da disponibilidade do serviço público de justiça
na internet. Diferentemente do processo físico, que se encontrava obrigatoriamente armazenado
presencialmente no local geográfico onde tramita, o processo eletrônico pode ser acessado em
qualquer horário e em qualquer lugar, simultaneamente pelos diversos atores interessados,
importando apenas a disponibilidade dos autos na sua integralidade (ATHENIENSE, 2010, p.
97).
Deve-se reiterar que, além desses princípios citados, existem outros, gerais e específicos
do processo eletrônico, mas a presente pesquisa limita-se a analisar aqueles relacionados à
sociedade em rede informatizada. De qualquer forma, a emergência e a integração desses
princípios demonstram que a informatização do processo judicial tornou necessária a
emergência de uma nova base principiológica no ordenamento jurídico, compatível com a nova
realidade que se se instalou no Poder Judiciário brasileiro para atender às novas demandas da
sociedade contemporânea, hipercomplexa, altamente dinâmica e interconectada globalmente
nas mais variadas dimensões, inclusive e especialmente na dimensão jurídica.
A partir da emergência do fenômeno da globalização, inúmeras transformações
passaram a ocorrer na sociedade contemporânea. Assim como o tempo parece ter ficado mais
curto, as distâncias também parecem ter ficado menores, em uma espécie de compressão do
tempo e do espaço. O avanço tecnológico nos campos da comunicação e dos transportes
tornaram impactantes para as mudanças revolucionárias dessa nova realidade digital e virtual
que se manifesta.
Hoje, existe uma autêntica inserção na era informacional, em rede, na qual predominam
o processamento de dados em larga escala e a comunicação imediata para qualquer lugar do
mundo. Diante desses avanços, o Poder Judiciário passou a sentir necessidade de adequar-se a
essa nova realidade, na busca de acompanhar as novas demandas da sociedade com base nesse
desenvolvimento tecnológico, utilizando-se de instrumentos em prol da efetividade atividade
jurisdicional.
O fenômeno da globalização proporcionou uma série de transformações nas mais
diversas áreas. Dentre suas dimensões, destaca-se a dimensão jurídica da globalização, porque
este fenômeno impacta na vida dos profissionais e do próprio Direito em si, tanto na produção
de normas jurídicas como nos mecanismos de sua efetividade.
O processo eletrônico, então, configura um dos instrumentos que possibilita que o
próprio Direito acompanhe essa nova dinâmica da sociedade informacional em rede, marcada
pelas tecnologias de telecomunicações e informática. Contudo, e apesar da implementação do
processo eletrônico no Brasil através da Lei n. 11.416/2006, o Poder Judiciário não se mostra
totalmente integrado com as ferramentas existentes no espaço cibernético.
De qualquer sorte, é evidente que a informatização do processo judicial é resultado do
fenômeno da globalização e da emergência da sociedade em rede. E, a partir dos avanços
tecnológicos, o Poder Judiciário sentiu a necessidade de abandonar os processos físicos,
adotando novas tecnologias aplicadas ao seu sistema público de prestação do serviço de justiça.
O processo eletrônico surge, assim, como forma de garantir ao cidadão uma justiça mais
célere e eficaz, com tempo razoável para a duração do processo, e que pode ser facilmente
acessado virtualmente pela internet de qualquer lugar do mundo. Nesse sentido, o legislador,
adequando-se à nova realidade informacional, criou a Lei n. 11.416/2006 como forma de
regulamentar esse instrumento processual.
Por conta da rede, novos princípios processuais surgem com a finalidade precípua de
fundamentar e de fornecer respostas satisfatórias aos questionamentos e críticas da sociedade
eletrônico é, portanto, um instrumento que vai além de um simples sistema de acesso a processo
judicial, mas configura uma forma revolucionária de prestação jurisdicional e acesso à justiça,
adequado para promover ainda mais a evolução e o atendimento dos anseios da sociedade que
protesta pela celeridade processual, e, com isso, seus princípios específicos articulados com
essa sociedade em rede devem merecer especial e destacada atenção.
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