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o

Junto à sociedade,

o papel do bibliotecário

é

buscar uma melhoria de serviços no exerc/cio da

profissão,

o

que só será poss(vel através de uma

participação efetiva.

Esse

é

o

tema deste ensaio.

bibliotecário e o

atual contexto .

social

Iara Conceição Bitencourt Neves

bibliotecária de referêncw da

Facul-de Facul-de Biblioteconomia e

Comuni-ação da UFRGSeprofessora de

Cata-ッセ。￧ ̄ッN E também coordenadora do

urso de Especialização em

Adminis-ração de Sistemas de Bibliotecas da

acuidade de Biblíoteconomia da

UFRGS.

Destaque para o carciter interdis-ciplinar da Biblioteconomia e da ati· vidade do Bibliotecário e como esta peculiaridade tem dificultado o esta-belecimento de uma identidade pro-fISsional. Tendências da atividade bi· blioteconômica na atualidade. Com-promisso do Bibliotecário com o mo-vimento associativo na promoção de mellioria de "status" profISSional jun-to à sociedade.

1.A FUNÇÃO, O OBJETIVO E A IMPORTÂNCIA DA ATMDADE BIBLlOTECONÔMICA NA VIDA SOCIAL ATUAL

Atualmente, a conduçã"o de um estudo analítico da Biblioteconomia, terá de levar em consideração, basica-mente, seus objetivos e ·as funções por ela desempenhada no contexto da vi-da social, seja este a comunivi-dade de usuários a quem serve diretamimte, se-ja a comunidade maior, representada pela localidade, região ou País.

Em decorrência dos objetivos a que se propõe alcançar e das funções que exerce para tal, caracteriza-se pois, a importância da Bibliotecono-mia para quem dela se beneficia. Em outras palavras, atividade biblioteco-nômicn a qual é concretizada através da pessoa do Bibliotecário, somente ganha importância e significàção para

seus beneficiários, quando estes sen-tem de modo concreto e imediato as suas manifestações, ou seja os seus ser-viços.

A atividade biblioteconômica é, pois, uma atividade eminentemente, social, isto é, ela apenas tem razão de ser quando a serviço de alguém ou de uma comunidade, nã"o importa qu[o grande ou pequena ela seja: um redu-zido número de elementos (estudan-tes, professores, pesquisadores de alto nível, técnicos, empresários, etc.) ou a população de uma cidade, estado ou Pa"ís.

A Biblioteconomia existe e subsis-te através da insubsis-teração bibliosubsis-tecário- bibliotecário-usuário, nos dias atuais. Por conse-guinte, n[o se compreende, por si e para si, a existência de uma biblioteca, do bibliotecário e da própria ciência biblioteconômica. Ou esta será uma Arte ou uma Técnica como o dizem e. ql!erem alguns? Seja Ciência, ou Ar-te ou Técnica, em nenhum dos casos poderá a Biblioteconomia cumprir suas funções, alcançar seus objetivos e ter reconhecida sua importância, isolada-mente, isto é, sem estar permanente-mente a serviço das demais Ciências, Artes e/ou Técnicas.

Esquemática e figuradamente, po-der-se-á conceber a busca do objetivo e a realização de funções específicas da Biblioteconomia como a ação que provoca a geração de círculos con-cêntricos. À medida que se realiza determinada atividade, esta possibili-ta a realização de outra que, por sua vez, ocasiona outra. Cada uma desta amplia o efeito da precedente e com isso aumenta seu raio de ação ou, em se tratando da Biblioteca, o atendi-mento a um número cada vez maior de PltSsoas, provocará, em decorrên-cia, modificações de comportamento nestas pessoas as quais, em última aná-lise, irão modificar, também o próprio

meio ambiente onde vivem, ou seja, o meio social.

Naturalmente, tais resultados ou efeitos nã"o são "visíveis", nem podem ser medidos quantitativamente ou identificados isoladamente, porque es-tamos tratando com pessoas.

E é por esta razão que se torna quase impossível delimitar exatamente as influências recebidas pelas pessoas, como resultados deste ou daquele con· tato, a nível pessoal ou institucional. Mas, de qualquer modo, quando a atí-vidade biblioteconômica se faz de mo-do objetivo, pertinaz, isto é, constante e com alternativas de ação que bus-quem atingir direta e efetivamente seus usuários, pode-se esperar, desta forma, ver cumpridas suas funções sociais. E, a medida concreta do nível de realiza-ção da funrealiza-ção social da Biblioteco-nomia é, mesmo, a necessidade ·que dela sentem os seus usuários e conse· qüente reconhecimento de sua impor-tância.

Novamente, pode ser retomado o que foi afirmado acima: que a Biblio-teconomia é, como atividade, algo que não subsiste por si mesma: seu valor, sua importância, seus objetivos e fun· ções só se cumprem, quando a serviço de uma comunidade. E, desta mesma comunidade ela extraíra os elementos que a farão cada vez mais atuante, através da detecção de suas necessida-des de informação, necessidanecessida-des estas que muito bem poderã"o .ser percebi-das pela Biblioteca ou pelo bibliotecá· rio muito antes dos próprios usuários. Bastará apenas, que ele esteja atento para a demanda da clientela e se ante· cipe no fornecimento daquilo que ela precise.

Por outro lado, ao realizar sua missão junto a um determinado

gru-po social, está a Biblioteca vivenciando a prática biblioteconômica e, para o exercício desta prática, busca ela a uti·

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R. Bibliotecon.&Com. 1(;1: 23 - 26 jan./jun. 1986

lizaç[o de toda técnica ou teoria que lhe seja válida para o cumprimento de sua missão.

Se, de um lado, é o uS1,1ário que irá direcionar a atividade biblioteco-nômica, na que se refere ao seu pro-duto [mal ou seja, os serviços ofereci-dos .ao público, por outro lado, é o conjunto das demais ciências. que irão fornecer subsídios à sua adequação e atualizaçlfo. É este intercâmbio que confere à Biblioteconomia uma fei-ção interdisciplinar, porque n[o pode ser negado o fato de que, como ciên-cia sociên-cial é-lhe impossível deixar de se beneficiar de técnicas e/ou metodolo-gias que slfo específicas de um ou de outro campo de conhecimento.

Por exemplo:

- De onde a Biblioteconomia reti-ra subsídios pareti-ra a prática da adrninis-traçlfo de recursos e ウN・イGQセッウ em bi-bliotecas ou como quer que chamemos as unidades que prestam serviços de in-formação?

- Da Teoria da Administração e das aplicações desta teoria em áreas específicas, tais como:

- Administração de Pessoal - Administraçlfo Pública

- Administração de Materiais etc. - De onde a Biblioteconomia retira subsídios para analisar, interpretar, avaliar recursos e serviços, retirando desta atividade inferências e conclu-sões indispensáveis ao processo de pla-nejamento de suas atividades?

Da Estatística

- De onde a Biblioteconomia retira subsídios para estabelecer as bases so-bre as quais irá estruturar e adequar o processo de relacionamento pessoal en-tre bibliotecário e usqário e, mesmo entre a própria equipe de biblioteca? Da Psicologia e, mais especifica-mente da:

Psicologia Social

- 'Psicologia das Relações Humanas - Psicologia Evolutiva, etc .. , - De onde a Biblioteconomia retira subsídios para planejar atividades que visem à difusão de seus serviços, à

"venda" por assim dizer, de seus pro-dutos, ou seja, a informaçlfo sob quais-.quer de suas formas ou suportes?

Da aplicação de técnicas que ir!o desenvolver o processo de Relações Pt1blicas e/ou dos estudos de Mercado-logia, -desenvolvidos na área das Ciên-cias Econômicas.

Enftm, poder-se-á, ainda, enume-rar diversas áreas do conhecimento tais como a Pedagogia, a Filosofia, a

Ciên-24

cia da' Computaç[o que emprestam

à Biblioteconomia seu referencial teó-rico e/ou suas técnicas e métodos para que os bibliotecários possam, efetiva e conscientemente, atingir o usuário, co-mo resultado de suas ativiclades, da Informaçãó trabalhada, preparada de modo específico e quase (quando não puder ser totalmente) persona-lizada, tendo sempre em vista o seu máximo aproveitamento.

2. A ATMDADE BIBLIOTECONÔ-MICA BRASILEIRA E O CONTEXTO INTERNACIONAL

Em relaçlfo ao progresso que tem sido visto e sentido em todas as áreas do conhecimento humano, como po-derá ser caracterizada a atividade bi-blioteconômica nos dias atuais? E, principalmentem como poderá ser ca-racterizada a Biblioteconomia brasilei· ra?

Do ponto de vista teórico, se con-siderarmos a Biblioteconomia, inde-pendente de variáveis geográficas, po-der-se-á verificar que, apropriadamen-te, ela não poderá ser, ainda, consi· derada uma verdadeira ciência. E is-to ocorre, porque lhe falta, ainda, is- to-do um corpo de princípios, leis e, até mesmo, terminologia, os quais' permi-tiriam aos ftlósofos estabelecer um referencial próprio ーセ。 este campo de conhecimento. Talvez, por isso, que ela tenha de tomar emprestado de outras ciências muitas das verdades, princípios, práticas, metodologias que lhe embasam e que permitem o desem-penho profissional, ou seja, a efetiva-ç[o da prática.

Sendo este o panorama geral da situação, é evidente que, no Brasil, a situação n[o poderá ser diferente e, ainda, com um agravante ou, quem sa-be, uma ressalva: enquanto na Europa e Estados Unidos os primeiros movi-mentos da Biblioteconomia em busca de sua afirmação perante a sociedade começaram no século passado, no Bra-sil a Biblioteconomia, praticamente, nasceu em 1911, com a criação do

1C! Curso, instalado na Biblioteca Na-cional, no Rio de Janeiro, e sem a es- . trutura curricular e as bases psico-pedagógicas dos cursos atuais.

Tem-se então, apenas 75 anos de pensamento e vivência biblioteconô-micas brasileiras! E, isto, poderá sig-nificar muito tempo, se forem consi-deradas outr;,lS tantas variáveis que di-ftcultam o seu desenvolvimento, como por exemplo:

- a formaçlfo cultural de nosso po-vo;

- as condições sócio-econômicas de nossa sociedade;

- as próprias tendências político-ft-losóficas que têm conduzido os desti-nos de desti-nossa Pátria.

Este conjunto de circunstâncias não têm concorrido', evidentemente para garantir uma crescente カ。ャッイゥコ。セ ção da funçlfo social da Biblioteca. E, se a Biblioteca e, por conseqüência', o Bibliotecário e, por última instância,a própria Biblioteconomia não têm sido devidamente considerados, nem explo-rados ou, mesmo, exigidos pela socie-dade brasileira, muito pouco progres-so oti desenvolvimento "autóctone", apropriado ao nosso meio ambiente poderia ter sido esperado ou alcança-do.

Como .conseqüência, o que pode ser visto é, em suma, toda uma mo-sofia e uma práxis importada: apesar de ter sido em 1911 que a Biblioteco-nomia brasileira, como ciência ou téc-nica iniciou sua "vida" no Brasil, foi, reaimente, nos idos de '1930, em São Paulo, que esta atividade ganhou im-pulso no solo brasileiro. Talvez. seja esta a razão de ter sido adotada a ft-losofia e a prática americanas neste terreno, dado o intercâmbio que se proporcionou, a partir desta data. Ap'6s a vinda dos professores ameri· canos para ministrarem o curso de Biblioteconomia no Colégio Macken-zie, em São Paulo, na década de 1930. foram e têm sido inúmeros os bi-bliotecários brasileiros que têm fre· qüentado cursos de Biblioteconomia em universidades americanas. nos di· ferentes níveis em que são oferecidos. E, isto, sem falar em toda ajuda americana, não somente ao Brasil. coo mo aos demais países do 3<? Mundo que tem sido concretizada, através de acordos, convênios, etc., entre insti-tuições governamentais e organismos internacionais, tais como, as extintas USAID (United States Agency for ln· ternational Development) Fundação Ford e, atualmente, Comissão Ful-bright, UNESCO, OEA, FAO, Ban-co Mundial e outros.

Sabe-se muito bem como se pro-cessa todo este intercâmbio "cultu-ral" .

Em todo caso, para especificar, apenas, no campo da Bibliotecono-mia, poder-se-á dizer em linhas gerais, que o país que oferece ajuda (tanto pode ser Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, ou outros, porque a sistemática é quase idêntica) envia

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"experts" (técnicos, professores,' isadores, consultores, etc.) para orar com o país que aceita ajuda. especialistas, eni[o, poder[o rea· estudos e pesquisas, a flll1 de

de-os problemas nacionais na área

'da e oferecer sugestões ou alter-s para alter-sua alter-soluça'o. Também a·

poderá ser em forma da realiza· de cursos, palestras, treinamento serviço e outros. Assim, por meio atividade, toda uma tecnologia ','know·how" é introduzida na unidade' em que eles passam a . E, através desta tecnologia, ralmente, todo um instrumental bém é oferecido, seja em forma ferramentas, material bibliográfico,'

iliário, seja sob outras formas de rsos, merecendo' consideraçlo, a, a posiÇlfo fJ.losõfica que também ansferida e, insensivelmente adota-ar aqueles que sofrem esta influên-Ainda hoje, pode-se visualizar o o quadro, muito embora já exis-condições que podem possibilitar a mudança no sentido de adequa-, ou mesmoadequa-, inovaç[o em métodos cursos a serem utilizados na

comu-de nacional.

Entretanto, muito embora a Bi-oteconomia brasileira conte com elentes profissionais, atuantes e scientes destes problemas, ainda há 'to a fazer, talvez, por razões e podem ser 」ッョウゥ、セイ。、。ウ como as

.s impgrtantes:

A falta de uma tradiçlo. bi-oteconômica e, por conseguinte, erária na área de Biblioteconornia, ecificamente e, em termos fIlosõ-os, em geral. Esta lacuna tem impe-do que a prática biblioteconôrnica ileira apresente uma "filosofia" cionalista. E em outras palavras, do 'ste, ainda, número suficiente de ritos, nem teóricos, nem mosõ· os que se preocupem em estabele· r, preconizar ou, mesmo discutir linhas de aç[o, os objetivos que nor· iam o rumo da biblioteconornia bra· eira como tal.

Somente há poucos anos (15 anos, ais ou menos)

é

que vêm surgindo ículos especializados com o objeti-de divulgar o pensamento dos bi· iotecários brasileiros de forma con· nua. Mesmo assim, o bibliotecário tá escrevendo muito pouco, teori· do menos ainda e este estado de isas tem prejudicado sensivelmente prática e, conseqüentemente, o movi-ento da biblioteconornia brasileira a busca de sua identidade nacional ..

Quando se menciona esta identi· dade nacional quer·se considerar uma prática e uma filosofia que busquem fixar raízes dentro do contexto só-cio-econômico-cultural nacional, le-vando em consideraçã'o nossa pobreza cultural, em comparaçã'o com outros países desenvolvidos, bem como nossa pobreza econôrnica e o círculo vicioso quedaíse origina.

Com isso, há necessidade de se adaptar, ôu mesmo, criar alternativas

mais apropriadas ànossa realidade e nlT'o, simplesmente, transpor ou adotar posições teórico-práticas as quais fo· ram

ê

têm sido desenvolvidas num am-biente e numa realidade muito distan-tes e diferendistan-tes da nossa.

Do ponto de vista prático, pode-mos dizer que outro fator que também muito' pesa e, portanto, dificulta o desenvolvimento mais acelerado da Biblioteconornia brasileira é a pou-ca atenç[o e, mesmo, a poupou-ca im-portância que os. poderes consti-tuídos e a sociedade em geral têm prestado a esta área. É certo que existe toda uma legislaçã'o que fixa

A Biblioteconomia não pode ainda ser considerada como

ciência verdadeira. Faltam·lhe princfpios, leis e terminologia que permitam

estabelecer um referencial próprio.

normas e "assegura" direitos para o exercício da profisso[o de Bibliote· cário, além de outros dispositivos le-gais que regulam e obrigam em cer· tos casos, a criação e o funciona-mento de bibliotecas, embora nlfo lhes garanta continuidade nem asse-gurem a presença do bibliotecário como seu responsável. Por outro lado; as instituiçOes mantenedoras de bibliotecas, quer sejam públicas ou pri-vadas, na maioria dos casos, lhes ne-gam o apoio institucional e suporte fi· nanceiro indispensável ao seu correto e útil funcionamento. E isto sem falar da provisa'o de uma equipe realmente eficaz, capaz de levar a bom termo a atividade biblioteconômica.

Como resultado, o quê subsiste é, em geral, um quadro bastante

de-ウッセ。、ッイN Além disso, se os poderes e/ou

as instituições muitas vezes se omitem na assistência às bibliotecas é porque, também, de há muito vem sendo con-firmada, ou melhor, mantida a idéia de que os serviços bibliotecários n[o são

"vendáveis" ou "lucrativos", em ter· mos financeiros e imediatos; que a biblioteca é um encargo por demais oneroso para a instituiç[o a qual está

カゥョ」オャ。セL porque os seus procl.utos

não sã'o "rentáveis". Em suma, a ativi-dade bibliotecária nlfo é vista como sendo um investimento que se faz na pessoa humana, a longo prazo, e n[o em produtos acabados e vendáveis. Muitas vezes, é esquecido o fato de que os serviços bibliotecários, quando realmente atuantes irã'o, até a curto prazo, beneficiar sua instituiçlfo, à me· dida que promovam modificações de comportamento em seus usuários com reflexos na atividade profissional por eles desempenhada, seja ela qual for: .docente, de pesquisa, técnica, admi·

nistrativa, etc.).

É certo que nos países desenvol-vidos e com certa tradição neste cam· po de atividade, tais como: Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, para citar apenas alguns, a situação se apresenta um pouco melhor. Talvez, porque estes países possuam todo um corpo de estudiosos, especialistas no assunto que, por assim dizer, "ditam as regras" do quê, porquê e como deve ser feito, em termos de atividade bi-bliotecoriômica e, ao mesmo tempo, COm isto, promovam seus países, a nível internacional e oprotunizem des-ta forma, a melhoria dos serviços bi· bliotecários internos. Isto também ocorre, porque a própria tradiçlfo cul-tural destes povos, através de seus sego mentos sociais, reconhecem a impor· tância destes serviços e exigem de suas autoridades o apoio necessário à sua manutenção. E, quando tal não acon· tece, as comunidades interessadas deles se responsabilizam e, com esta atitude, passam a exercer uma ação fiscalizado-ra e avaliativa sobre a atuaçlfo dos pro-fissionais e os serviços que lhes são oferecidos. Infelizmente, tal compor· tamento ainda n[o ocorre no Brasil, em termos gerais.

Entretanto, estes fatos n[o slfo in-dicadofés de que há uma situação ideal nestes países, em termos bibliotecá-rios. Existem problemas e entraves ao desenvolviIl1ento das bibliotecas, cau· sados, muitôs deles, 'pela própria cri· se econômica que é enfrentada, tam· bém, pela grande maioria do mundo desenvolvido. Tais fatos têm ocasio· nado uma grande diminuiçlfo da ajuda financeira governamental e privada às instituições de serviços sociais e dentre estas em primeira linha se en· contram as bibliotecas.

Como exemplo, podem ser cita-das muitas bibliotec:j.s públicas ameri·

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canas, as quais セエャヲッ suprimindo al-guns de seus servÍços e/ou, então, co-brando taxas de serviços para aqueles que ainda estão em fl.mcionarnento, como recurso para garantir suaconti-nuidade.

Certos segmentos da atividade bi-blioteconômica, tal como no Brasil, têm, em outros países, ·sido relegada a segundo plano, como por exemplo, as bibliotecas escolares, e as biblio-tecas especiais (deficientes), em favor do desenvolvimento de bibliotecas uni-versitárias, especializadas ou públi-. caso

Como pode ser observado, pois,

há determinados problemas que se fa-zem sentir, tanto em países desenvol-vidos como subdesenvoldesenvol-vidos e que di-ficultam o desenvolvimento da Biblio-teconomia.

3. O PAPEL DO .BIBLIOTECÁRIO COMO ADMINISTRADOR E COMO EDUCADOR

Diante deste estado de coisas, po-der-se-á formular a seguinte questão:

- Mas, o que poderá ser feito pa-ra mudar esta situação, principalmen-te, no cenário brasileiro?

Ou, ainda:

- Haverá possibilidade, a curto e médio prazo de que esta situação mu-de para melhor? E como? E quem po-derá mudá-la?

Bem, é certo que todos os interes-sados crêem numa mudança positiva.

Evidentemente, que o agente, por excelência, desta mudança poderá ser o próprio bibliotecário. Ele encerra, por assim dizer, toda a energia que, transformada em aça-o ou força de tra-balho, movimenta e vitrifica a própria ciência biblioteconômica, para nós, a concretizaçlTo da atividade biblioteco-nômica. Porque, somente ele, por ser detentor da habilitação necessária ao exercício da profissão possui os co-nhecimentos para explorar, desenvol-ver e aplicar as idéias que estão a vi-gorar no momento e também as suas próprias idéias, nascidas do cumpri-mento de uma função, a serviço de uma causa social: a preservação e a disseminação do conhecimento.

Seja como indivíduo, seja como membro de um grupo profissional, se-ja atuando como um profissional da in-formação ou engajado em movimentos de classe, na busca da preservação e garantia dos direitos e cumprimento dos deveres inerentes à sua profissão, o Bibliotecário deverá estar sempre na vanguarda, quando se tratar dê Biblio-teconomia.

Percam-se ilusões a respeito de que o reconhecimento e a valoriza-ção da Profissão deva ser fruto de atos legais, originados da conscientização das autoridades para o problema das bibliotecas ou da própria sociedade que delas sente necessidade. A respon-sabilidade maior, neste processo, ca-be, no momento, e caberá, ainda por muito tempo, ao Bibliotecário, atra-vés de seu exemplo, como profissio-nal que, além de um técnico de alto ní-vel, deverá ser também, um político, sensível às çonstantes mutações dos objetivos sociais e ainda, exercer o imo. portante papel de educador, por ser a Biblióteca uma instituição de cunho eminentemente educativo, seja ele de que tipo for.

E, em conseqüência, surgem as perguntas:

1. Estarão os bibliotecários em condições de desempenhar ao mesmo tempo papéis tão diferentes num am-biente tão restrito e tão carente co-mo são as nossas bibliotecas?

2. E, em caso negativo, como sa-nar tal dificuldade? Onde buscar sub-sídios para o desempenho de tão difí-cil missão?

3. Será válido exigir de um pro-fissional uma versatilidade tão grande? 4. Quais os benefícios que pode-riam ser alcançados, em razão da mu-dança de atitude do bibliotecário, devi-da à aceitação do desempenho destes papéis?

A questão dos subsídios necessá-rios ao cumprimento da missão do Bi-bliotecário, poderia ser resolvida, em grande parte, pela Universidade, atra-vés de uma estrutura curricular que abrisse aos estudantes de Biblioteco-nomia um leque de opções de apren-dizagem que lhes permitisse interna-lizar um corpo de conhecimentos úteis ao exercício de suas atividades. Estas oportunidades de estudo nã"o deveriam ficar restritas às disciplinas especí-ficas do Currículo Mínimo do Curso de Biblioteconomia mas também de outras áreas, tais como: Comunica-ção, EducaComunica-ção, Filosofia, Psicologia, Estatística, Administração, Computa-ça-o, Direito, Ciências Políticas. Com isto, evidentemente, a formação do Bibliotecário tornar-se-ia muito mais abrangente e humanística. Entretanto, sem detrimento do ensino técnico específico, esta visão de conjunto de outras ciências (humanas, princi-palmente) poderia ser cumprida ou embasada,. através da dupla gradua-ção ou, ainda, da pós-graduação. Por exemplo, o Bibliotecário que atuasse em determinada área

(Le-tras, Educação, Medicina, Matemá-tica, etc.) poderia obter graduação nestas áreas.

A vantagem desta especialização pode ser traduzida no fato de que se torna muito mais viável para o bi-bliotecário desempenhar uma ação educativa .e. administrativa num meio ambiente do qual ele também fala a mesma linguagem. O diálogo com seu usuário será muito mais seguro e equi-librado e ele poderá administrar, pla-nejar, avaliar recursos e sfrviços com melhor conhecimento de causa.

Quanto

à

questão a cerca da vali-dade da exigência de tamaru,a versati-lidade por parte de um prc lssional, pode ser vista à luz da exigência da sociedade atual, em ·relação ao de-sempenho do Bibliotecário: que ele se-ja, ao mesmo tempo, técnico. admi-nistrador, educador. As necessidades de informação do grupo social que, a cada momento se tornam mais especí-ficas e imediatistas determinam o com· portamento do profissional, conduzin-do-a a esta interdisciplinariedade de funções. E, para isso, é necessário uma bagagem técnico-cultural bem mais ampla daquela que está sendo ofere-cida no momento.

Quanto aos benefícios ad-\indos destas múltiplas posições que o Biblio-tecário tem assumindo (pois estes de-sempenhos já estão sendo cobrados. de há muito de um profissional ainda des-preparado para tanto) poderiam ser agrupados em:

- benefícíos para o usuário (que é

a comunidade específica a qual ele atende ou a sociedade em geral);

- benefícios para o bibliotecário (como indivíduo e como classe).

No primeiro caso, seriam. entre outros:

- a utilização de serviços planeja-dos para um atendimento adequado às características e necessidades de infor-mação, específicas de uma clientela e do seu meio ambiente;

- a melhoria do próprio desempe-nho pessoal e profissional do usuário;

- a certeza de contar com a biblio-teca, como sendo um legítimo e atuan-te órgão disseminador de informa-ções relevantes.

No segundo caso, poder-se-á con' siderar como benefícios, entre outros:

- elevação do grau de satisfação do usuário, facilmente evidenciado, atra-vés de seu comportamento em relação à biblioteca:

- reconhecimento de sua impor-tância como orgão de apoio às ativi-dades de sua instituição mantenedora;

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COLtl3IO ANCHIETA

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