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O Mercosul e a Pandemia da Covid 19: considerações sobre a atuação do Estado brasileiro no enfraquecimento do bloco Kayque Ferraz 1

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Academic year: 2022

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O Mercosul e a Pandemia da Covid 19: considerações sobre a atuação do Estado brasileiro no enfraquecimento do bloco

Kayque Ferraz1 Este trabalho busca analisar a atuação do Estado brasileiro no âmbito do Mercosul durante a pandemia da Covid-19. Argumentamos que, na contramão das necessidades, o objetivo brasileiro foi aproveitar a pandemia para enfraquecer ainda mais o Mercosul. Nesse sentido, a atuação do Estado brasileiro entre 2020 e 2021 não unificou o bloco, muito menos o fortaleceu em torno do combate ao vírus. Pelo contrário, as propostas brasileiras geraram forte impulso ao acirramento de conflitos internos e à desestruturação desse espaço de cooperação. Além da introdução e das considerações finais, o trabalho está dividido em três partes. Na primeira, trouxemos um breve histórico do Mercosul e alguns elementos de sua crise recente. Na segunda, apresentamos os dados da pandemia no bloco. E, por fim, dedicamos atenção na terceira parte à política externa e à atuação do Estado brasileiro no Mercosul no período correspondente ao avanço da Covid-19 na região.

Palavras-chave: Mercosul; pandemia; política externa brasileira; Estado brasileiro;

Bolsonaro

INTRODUÇÃO

A partir de 2012, o Mercosul entra em uma fase de crise. A queda no comércio intrabloco, o aumento da presença chinesa na região, o golpe de Fernando Lugo no Paraguai e sua suspensão (2012), a entrada da Venezuela (2012), a eleição de Maurício Macri na Argentina (2015), o golpe da presidenta Dilma Rousseff no Brasil (2016), a suspensão da Venezuela (2017), a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil (2018) e de Alberto

1 Mestrando no Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (PPGPRI-UFABC), membro do Grupo de Pesquisa Política Externa de Classes Sociais (CNPQ) e do Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil (OPEB-UFABC).

*Agradecemos ao professor Pedro Paulo Zahluth Bastos por compartilhar conosco os dados referentes à pandemia em março de 2021.

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Fernandez na Argentina (2019) são elementos que evidenciam a grande instabilidade que o Mercosul tem enfrentado nos últimos anos.

Com virada neoliberal na América do Sul, a prioridade dada à integração regional foi abandonada. A criação do Grupo de Lima, o fim da Unasul, o surgimento do Prosul e as divergências dentro do Mercosul, esclarecem que o projeto para a região é o retorno a um regionalismo de tipo aberto, cujo objetivo central é puramente econômico-comercial.

A partir de 2020, a crise foi agravada com a pandemia de Covid-19. No Brasil, registrou-se o primeiro caso de coronavírus em fevereiro de 2020, seguido pelos demais membros do bloco. Desde então, a curva do número de casos ascendeu rapidamente, tanto nos Estados membros do Mercosul, quanto na América do Sul. A região chegou a ser considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como o epicentro global da pandemia (CNN, 2020).

Esse cenário não melhorou e ainda em 2021 é possível observar uma alta no número de casos e mortes. Isso ocorreu, pois Mercosul enquanto bloco não apresentou respostas contundentes a essa realidade pandêmica. Esperava-se uma liderança dos Estados mais importantes, Brasil e Argentina, porém, não houve. No caso brasileiro, especialmente, a política externa do governo Bolsonaro não estava preocupada em estabelecer relações de cooperação com os vizinhos, tampouco viabilizar uma política conjunta de atuação contra o vírus.

Desta forma, argumentamos que o objetivo brasileiro foi aproveitar a pandemia para enfraquecer ainda mais o Mercosul. Constata-se isso nas propostas brasileiras de redução da Tarifa Externa Comum e de flexibilização das negociações extrabloco.

Distanciando-se do entendimento do Mercosul como um instrumento de cooperação para resolução de problemas conjuntos, neste caso a crise da Covid-19, a proposta “passa pela redução de 10% na Tarifa Externa Comum (TEC) e pela possibilidade de os países- membros realizarem negociações comerciais independentemente de seus pares do Bloco”

(MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2021a). Em essência, o objetivo do Estado brasileiro foi na contramão das necessidades atuais do Brasil e da região.

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O MERCOSUL E OS ELEMENTOS DA CRISE RECENTE

O Mercosul (Mercado Comum do Sul) foi criado na década de 1990 com o objetivo de acelerar o desenvolvimento e a liberalização comercial entre os Estados membros (MERCOSUL, 1991). Hoje, fazem parte do bloco Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela (embora ainda suspensa) e alguns outros estados associados (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname).

Durante a década de 2000, o bloco foi fortalecido e redirecionado a um modelo pautado pelo regionalismo multifacetado (KFURI, 2015). Impulsionado pelas eleições de governos progressistas, a integração se tornou prioridade na agenda de política regional, com especial destaque às políticas externas brasileira e argentina. Neste sentido, o Mercosul, somado a outras ações de coordenação regional como a criação do FOCEM (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul), da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) e da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), marcou uma posição conflitiva em relação aos interesses externos na região.

Com uma ampliação em seu escopo de atuação para além das questões comerciais, o bloco foi utilizado pelos Estados membros como ferramenta importante para busca da autonomia e desenvolvimento (GRANATO, 2015).

À época, os ganhos políticos e econômicos foram significativos às classes burguesas, mais especificamente às burguesias internas argentina e brasileira (GRANATO, 2020). O Mercosul serviu para fortalecer a posição política e econômica do Estado brasileiro na região e na estrutura de poder internacional, bem como para garantir vantagens econômicas com as exportações para a região (BERRINGER, 2017, p.21). Isso pode ser notado por meio do crescimento contínuo do fluxo comercial intrabloco entre 2002 e 2008 que saltou de aproximadamente US$233.044 milhões para US$809.884 milhões (UNCTAD, s.d.) e do saldo comercial brasileiro com o Mercosul que saiu de cerca de US$-2.300 milhões em 2002 para US$6.800 milhões em 2008 (MDIC, s.d.).

A partir de 2012, o Mercosul entra em uma fase de crise. A queda no comércio intrabloco, o aumento da presença chinesa na região, o golpe de Fernando Lugo no

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Paraguai e sua suspensão do bloco (2012), a entrada da Venezuela (2012), a eleição de Maurício Macri na Argentina (2015), o golpe da presidenta Dilma Rousseff no Brasil (2016), a crise e a suspensão da Venezuela (2017), a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil (2018) e de Alberto Fernandez na Argentina (2019) são elementos que evidenciam a grande instabilidade que o Mercosul tem enfrentado nos últimos anos.

Com a ascensão de governos neoliberais, a prioridade dada à integração regional foi abandonada. A criação do Grupo de Lima, o fim da Unasul e o surgimento do Prosul, esclarecem que o projeto para a América do Sul é o retorno ao regionalismo aberto, cujo objetivo central é puramente econômico-comercial. Mercedes Botto (2021) afirma que há um consenso entre os Estados membros sobre a ideia de um retorno ao Mercosul comercial. Todos compartilham a mesma visão de que “a integração regional deveria ser a plataforma para cada país promover suas exportações de produtos primários (matérias- primas) – aqueles com vantagens comparativas estatística” (BOTTO, 2021, p.10, tradução nossa2).

O bloco, contudo, tem suas diferenças internas acirradas a partir de 2019 com a eleição de Alberto Fernandez na Argentina, que se coloca como contrapeso à política bolsonarista para o Mercosul. Em 2020, a situação piora com a pandemia do novo coronavírus e o avanço avassalador do número de mortos. Para lidar com esse cenário, entendemos o papel do Estado brasileiro seria central. Porém, até o momento, nota-se o abandono do bloco e o aprofundamento da crise.

A COVID-19 NO MERCOSUL

A partir de 2020, a crise política e econômica do Mercosul foi agravada com a pandemia de Covid-19. No Brasil, registrou-se o primeiro caso de coronavírus no fim de fevereiro de 2020, seguido pelos demais membros do bloco no mês de março. Desde então, a curva do número de casos ascendeu rapidamente, tanto nos Estados membros do Mercosul, quanto na América do Sul. A região chegou a ser considerada o epicentro

2 No original: “[…] regional integration should be a platform for each country to promote its exports of primary products (raw materials) – those with static comparative advantages.”

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global da pandemia em maio de 2020, como declarou o diretor-executivo de emergência em saúde da OMS, Michael Ryan (CNN, 2020).

Esse cenário não melhorou e ainda em 2021 é possível observar uma alta no número de casos e mortes por coronavírus. Conforme a tabela abaixo, o Brasil liderava o ranking de mortes por 100 mil habitantes com vantagem numérica expressiva em relação ao segundo colocado, Argentina. O Uruguai tinha a melhor posição no bloco, estando à frente apenas da Venezuela – atualmente suspensa do Mercosul. O Paraguai estava entre os demais. Em número de casos confirmados e em número absoluto de mortes, a ordem era a mesma. Já na relação caso-fatalidade, o Paraguai superou a Argentina. Os demais permaneceram na mesma posição.

Tabela 1: Casos e mortalidade por país (até 12 de agosto de 2021)

PAÍS CONFIRMADOS MORTES CASO-

FATALIDADE

MORTES/100MIL HAB.

Brasil 20.245.085 565.748 2,8% 268,06

Argentina 5.052.884 108.388 2,1% 241,19

Paraguai 456.064 15.363 3,4% 218,08

Uruguai 382.873 5.991 1,6% 173,06

Venezuela 314.480 3.733 1,2% 13,09

Fonte: Jonhs Hopkins Univesity/Coronavirus Resource Center

Quando comparado ao restante do mundo, os Estados membros do Mercosul também são destaque. Brasil, Argentina e Paraguai estavam na lista dos 20 países mais afetados pela Covid-19. Em março de 2021 (Gráfico 1), em termos de mortes por 100 mil habitantes, o Brasil estava na décima primeira posição (134,69 mortes/100mil hab.) e a

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Argentina ocupava a décima quarta posição (121,44 mortes/100mil hab.). O Paraguai ainda não aparecia na lista.

Gráfico 1: Mortalidade nos países mais afetados (mortes/100mil hab.) (em 17 de março de 2021)

Os dados de maio de 2021 mostram que a situação piorou (Gráfico 2). O Brasil atingiu o primeiro lugar com uma taxa de mortalidade de 214,18 mortes/100mil hab., a Argentina, o oitavo lugar com 167,02 mortes/100mil hab., e o Paraguai apareceu na lista ocupando a décima posição com a taxa de 121,95 mortes/100mil hab. Peru e Colômbia completaram a participação sul-americana no ranking de mortalidade mundial na segunda e sétima posição, respectivamente. Em agosto de 2021 (Gráfico 3), com uma taxa de mortalidade de 268,06 mortes/100mil hab., o Brasil mantinha a primeira posição e a Argentina alcançou o terceiro lugar com 241,19 mortes/100mil hab. Os demais integrantes do Mercosul não mais apareceriam na lista.

Fonte: Jonhs Hopkins Univesity/Coronavirus Resource Center

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Gráfico 2: Mortalidade nos países mais afetados (mortes/100mil hab.) (em 26 de maio de 2021)

Gráfico 3: Mortalidade nos países mais afetados (mortes/100mil hab.) (em 12 de agosto de 2021)

Fonte: Jonhs Hopkins Univesity/Coronavirus Resource Center

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Por fim, o Gráfico 4 mostra a trajetória dos Estados membros do Mercosul em perspectiva comparada entre si e diante do cenário externo.

Gráfico 4: Acumulado de mortes por Covid-19 nos Estados do Mercosul (mortes/100mil hab.) (em 12 de agosto de 2021)

A pandemia trouxe também impactos econômicos para o Mercosul. O comércio intrabloco que já vinha caindo nos últimos anos, teve uma queda significativa em 2020 e no primeiro semestre de 2021. A balança comercial intrabloco (incluindo a Venezuela)

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fechou 2018 com um saldo de US$2.481,3 milhões, caindo em 2020 para US$1.140,6 milhões. Nos primeiros seis meses de 2021, o total era de US$-16.866,8 milhões (MERCOSUL, 2021a). O comércio entre o bloco e a América do Sul também teve diminuição saindo de um saldo de US$11.433,5 milhões em 2018, para US$8.958,7 milhões em 2020 e chegando em 2021 (janeiro-junho) com US$5.161,7 milhões (MERCOSUL, 2021a).

É possível argumentar que, durante a pandemia, a queda no comércio intrarregional não foi exclusiva da América do Sul. De fato, o comércio intrarregional sofreu diminuição em outras regiões. Porém, como defendem Barros, Gonçalves e Samurio (2020, p.135), por conta de fatores estruturais e conjunturais, “os efeitos da pandemia têm maior impacto no comércio intrarregional da América do Sul que no comércio da região com o resto do mundo”.

O Mercosul, enquanto bloco, não apresentou respostas contundentes a essa realidade pandêmica. Em reunião convocada pelo Paraguai, em março de 2020, uma declaração foi aprovada com o objetivo de estabelecer ações de coordenação regional para contenção do vírus da Covid-19 na região. Os seis dos setes pontos elencados no texto, contudo, distanciam-se de ações práticas incisivas e necessárias para obtenção desse resultado em curto prazo. Apenas um deles – “Facilitar o retorno de cidadãos e residentes dos Estados Partes no MERCOSUL para seus locais de origem ou residência”

(MRE, 2020a) – poderia trazer resultado imediato. Entretanto, assim como os demais, restringia-se a ações que seriam realizadas individualmente pelos Estados e não dependeria de uma coordenação, ou ainda ações meramente protocolares, como por exemplo:

2. Levar em consideração as especificidades próprias das comunidades residentes nas áreas de fronteira no processo de planejamento e execução de medidas aplicáveis à circulação de bens, serviços e pessoas, a fim de reduzir

seu impacto nas referidas comunidades.

3. Notificar os demais Estados Partes das medidas que foram adotadas ou serão adotadas para as fronteiras. Os Ministérios das Relações Exteriores podem estabelecer um sistema de compilação, organização e difusão.

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6. Providenciar para que os Ministros das Relações Exteriores, Saúde, Interior/Segurança organizem reuniões virtuais periódicas por setor, nas quais compartilharão informações, boas práticas e coordenarão ações em áreas de interesse comum. (MRE, 2020a)

Por outro lado, o FOCEM (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul) aprovou em abril de 2020, um adicional de US$16 milhões para o combate contra a Covid-19. O valor foi atrelado ao já existente projeto Plurinacional de Investigação, Educação e Biotecnologias aplicadas à Saúde e foi destinado à compra de equipamentos, bem como ao desenvolvimento do sorodiagnóstico (técnica para detecção de anticorpos) (FOCEM/MERCOSUL, 2020).

Entretanto, por meio dos números apresentados acima acerca da situação da pandemia no Mercosul, essas ações tiveram poucos efeitos no avanço da pandemia.

Foram ações que buscaram minimizar os impactos do vírus e não diminuir a sua propagação em âmbito regional. Entendemos que a situação exigia respostas mais ativas e uma liderança positiva para conduzi-las, em especial o protagonismo brasileiro seria central para essa coordenação. Todavia, o Estado brasileiro não conseguiu minimizar os efeitos da pandemia em seu próprio território, que dirá liderar uma política regional comum de contenção no âmbito do Mercosul.

POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA, MERCOSUL E COVID-19

À frente do Ministério das Relações Exteriores até março de 2021, Ernesto Araújo, fiel representante do governo Bolsonaro, tinha como objetivo “ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista [...] pilotada pelo marxismo cultural” (ARAUJO, s.d). Marcada pelo isolacionismo e submissão aos Estados Unidos, a política externa do chanceler reconduziu o país a uma posição de subordinação passiva ao imperialismo (MARINGONI; SCHUTT; BERRINGER, 2021).

A América do Sul foi tirada do centro da PEB (Política Externa Brasileira) e deixou de ser vista como estratégica à inserção internacional do Brasil. Evidência disso foi a criação do Prosul (Foro para o Progresso da América do Sul) em substituição à

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Unasul com o compromisso de ser “espaço regional de coordenação e cooperação” (MRE, 2019), mas que pouco contribui para o avanço da integração regional para além de ser um emissor de declarações. Além disso, a mudança da postura brasileira em relação à América do Sul, pode ser observada desde 2018, após o segundo turno das eleições presidenciais, quando Paulo Guedes, então indicado para ministro da economia, declarou à imprensa que o Mercosul “era muito restritivo” e que, assim como a Argentina, não seria prioridade do governo (BBC, 2018).

Neste sentido, o governo Bolsonaro buscou desvencilhar-se dos vínculos estabelecidos até então com os vizinhos sul-americanos e passou a ter como foco central sua relação subordinada ao trumpismo. Essa posição trouxe grandes impactos nos mais diversos temas como direitos humanos, meio ambiente, política de defesa e impactou nas relações sino-brasileiras especialmente com a chegada do coronavírus no Brasil.

Tanto o presidente Jair Bolsonaro, quanto o chanceler Ernesto Araújo atuaram, desde o início da pandemia no Brasil, de forma contrária ao recomendado pelas autoridades sanitárias. Além disso, inúmeras foram as falas que minimizaram a gravidade da situação e buscaram um culpado externo – na maioria das vezes o alvo foi a China – para os desafios da pandemia e os seus impactos sobre economia brasileira. Alinhado à declaração do Donald Trump sobre a saída estadunidense da OMS, Bolsonaro fez críticas ao trabalho da organização e chegou a dizer que poderia abandoná-la, já que, para o presidente, a OMS “atua com viés ideológico” (AGÊNCIA BRASIL, 2020). Nessa mesma linha, em provocação à China, Ernesto Araújo chamou o coronavírus de

“comunavírus”, pois “nos faz despertar novamente para o pesadelo comunista”

(ARAUJO, 2020).

Em âmbito regional, o Prosul, apresentado pelo governo brasileiro como uma nova ferramenta de cooperação regional, não colaborou com ações efetivas de combate ao vírus. O Foro apenas emitiu declarações com recomendações de boas práticas para o contexto pandêmico, tais como: troca de informações, reuniões entre ministros, incentivo ao financiamento de pesquisas, intercâmbio de experiências, entre outros (MRE, 2020b;

2021).

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A postura brasileira foi criticada pelos vizinhos. Alberto Fernandez fez críticas à oposição brasileira à quarentena e fechou das fronteiras entre Brasil e Argentina. Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai, declarou que o Brasil era a pior ameaça na luta contra o coronavírus e fechou as fronteias entre os dois Estados. Fernando Ruiz, ministro da saúde da Colômbia, avaliou que o alto número de casos na cidade de Letícia (divisa com Tabatinga, cidade brasileira) era resultado da falta de cooperação entre os dois países.

E a ex-presidente chilena, Michelet Bachelet, declarou que a pandemia teve um resultado devastador no Brasil especialmente para grupos vulneráveis. (ALMEIDA, et al, 2020)

Por ser um dos principais Estados do Mercosul, em termos de liderança regional, era esperado que o Estado brasileiro direcionasse uma ação conjunta de combate à pandemia da Covid-19 e com isso fortalecesse o Mercosul como espaço de cooperação sul-americano. Contudo, diante (1) das instabilidades enfrentadas pelo bloco desde meados de 2012, (2) da ineficiente gestão da política externa brasileira no governo Bolsonaro, e (3) da falta de prioridade dada às relações com a América do Sul, o Estado brasileiro mostrou-se fracassado na tarefa de coordenar uma possível política regional de enfrentamento à pandemia. Esse poderia ser um momento de retomada da liderança brasileira no Mercosul e de fortalecimento da cooperação entre os Estados membros.

Entretanto, observamos que o Estado brasileiro aproveitou a situação de calamidade internacional para tentar flexibilizar Mercosul e adaptá-lo ao formato ultraliberal e, com isso, acirrou a crise interna do bloco.

Isso pode ser observado na proposta brasileira para o Mercosul. Com vistas à abertura comercial, o Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, propôs uma redução no primeiro semestre de 2021 da TEC (Tarifa Externa Comum) em 10%, seguida de outra a redução de 10% até o final de 2021. Sob justificativa de que o Mercosul é um freio ao desenvolvimento econômico do país e que a concorrência externa tem o potencial modernizador da economia, o governo argumentou que essa seria uma forma de abrir o mercado brasileiro. A proposta encontrou resistência, em especial da Argentina, que estava na presidência pro tempore do bloco até julho de 2021. Com a passagem da presidência para o Brasil, Guedes passou a pautar com afinco a proposta, agora com as

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reduções de 10% para 2021 e 2022 (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2021a). Para o ministro,

O Mercosul não está correspondendo às expectativas que foram lançadas.

Depois de um início forte, com a integração regional, ele simplesmente foi perdendo a importância ao longo do tempo. Precisamos, pelo menos durante a nossa presidência pro tempore, tentar uma modernização dessa ferramenta.

(MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2021b)

Na mesma direção, a segunda proposta é de flexibilização das regras do Mercosul, especificamente da regra acerca da obrigatoriedade da negociação em conjunto. O objetivo é flexibilizar a Decisão 32/00 do Conselho do Mercado Comum (CMC) e, em certa medida, o próprio Tratado de Assunção. O Estado brasileiro tem defendido que para garantir uma inserção às cadeias globais seria preciso desprender-se das negociações em conjunto do Mercosul (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2021a; 2021b). Lacalle Pou, presidente do Uruguai, em acordo com essa visão, declarou que seu governo iniciará negociações extrabloco. Na prática, haveria então uma ruptura com o status de União Aduaneira do bloco.

A Cúpula dos Chefes de Estado realizada em julho de 2021 evidenciou a divisão interna do Mercosul. Brasil e Uruguai se somaram de um lado na defesa da flexibilização e abertura do bloco, enquanto Argentina e Paraguai buscaram fazer frente a esses interesses, pelo menos da maneira como foram propostos. Na mesma direção, agentes internos aos Estados têm se colocado de forma contrária, em especial as organizações vinculadas ao setor industrial. O Conselho Empresarial Brasil-Argentina (CEMBRAR) que representa a Unión Industrial Argentina e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) registrou que

consideramos inadequado propor sua redução unilateral em uma situação global tão complexa e incerta, o que também cria a dificuldade de mensurar seu impacto competitivo na atividade produtiva da região, em face da concorrência desleal iminente da produção mundial excedente de bens em condições não competitivas. [...]

no que se refere às negociações comerciais com terceiros países, é imprescindível que se mantenha a obrigação do bloco em atuar conjuntamente, a fim de preservar e ampliar a capacidade negocial da região. (CEMBRAR, 2021)

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A CNI e a IndustriALL-Brasil (formada pela Central Única dos Trabalhadores e pela Força Sindical) emitiram uma nota em oposição às propostas de flexibilização e demandaram que houvesse a suspensão do “posicionamento sustentado sobre esses temas” (CNI, 2021). Avaliaram que

De um lado, a redução unilateral das tarifas, neste momento, reforçaria uma já existente competição não isonômica devido aos problemas crônicos de competitividade do Brasil que não foram equacionados.

De outro, negociações comerciais individuais trazem tanto o desafio do enfraquecimento do bloco e de seu poder de barganha em negociações quanto o de abrir mercados para parceiros com práticas desleais e que representam efetiva ameaça à produção e emprego no país. (CNI, 2021)

O Consejo Industrial del Mercosur, formado por associações da indústria dos quatro Estados membros do Mercosul3, emitiu uma declaração na qual também demonstrou preocupação com as propostas para o bloco. Escreveu:

Reafirmamos nossa preocupação diante da possibilidade de serem adotadas decisões que possam ter grande impacto na rede produtiva, especialmente neste momento tão particular da vida das economias e das sociedades de nossos países, atravessados por uma crise sanitária e em um contexto internacional de grande incerteza sobre o futuro. (CONSEJO INDUSTRIAL DEL MERCOSUR, 2021)

Assim, a atuação brasileira durante o governo Bolsonaro não tem sido no sentido de fortalecer o Mercosul. Durante a pandemia do Covid-19, o Estado brasileiro não agiu em favor da unidade do bloco, muito menos o fortaleceu em torno do combate ao vírus.

Pelo contrário, há um forte impulso à desestruturação desse espaço de cooperação e ao acirramento de conflitos, tanto entre os Estados que se encontram divididos, quanto entre agentes internos e governos. Além de direcionar o país ao “penhasco da desindustrialização” (FERRAZ; SERVILHA; LELLI, 2021), a PEB bolsonarista busca flexibilizar o Mercosul e adaptá-lo ao formato ultraliberal de Paulo Guedes.

3 As associações são as seguintes: Unión Industrial Argentina, Confederação Nacional da Indústria, Unión Industrial Paraguaya e Camara de Industrias del Uruguay.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde 2012, o Mercosul já vinha passando por uma crise interna que se aprofundou com a virada neoliberal na América do Sul. A criação do Grupo de Lima, o fim da Unasul, o surgimento do Prosul e as divergências dentro do Mercosul, evidenciam que a prioridade dada à integração regional enquanto instrumento de inserção internacional autônoma foi abandonada.

Com a chegada pandemia da Covid-19, a situação agravou-se. A tendência à desintegração e fragmentação política na região foi impulsionada pela ausência de uma governança regional eficaz (BARROS; GONÇALVES; SAMURIO, 2020) e pela atuação do Estado brasileiro. O Mercosul não apresentou respostas incisivas contra a propagação do vírus, tampouco houve um protagonismo dos maiores Estados, Brasil e Argentina, para direcionar o bloco a uma atuação em conjunto.

No caso do Estado brasileiro, a política externa do governo Bolsonaro não estava preocupada em cooperar com os vizinhos contra o avanço do vírus. Para a agenda Bolsonarista, o Mercosul só interessa se for flexibilizado. Assim, durante a pandemia, o ministério da economia pautou constantemente a reforma da Tarifa Externa Comum, bem como propostas de flexibilização da regra de negociação conjunta extrabloco. Isso levou ao acirramento dos conflitos internos no bloco, separando os Estados em dois grupos cujas divergências se sobressaem. Além, é claro, de gerar respostas descontentes de agentes internos em todos os Estados, com especial atenção aos atores privados vinculados à indústria mercosulina.

Assim, em vez de retomar da liderança regional, fortalecer a cooperação entre os vizinhos e utilizar o Mercosul como instrumento de articulação conjunta contra o vírus, o Estado brasileiro preferiu adotar uma agenda de flexibilização e ataque às regras do bloco, contribuindo para o seu enfraquecimento e fragmentação.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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