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Livro Eletrônico Aula 00 Legislação Penal p/ AFRFB 2018 (Com videoaulas)

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Aula 00

Legislação Penal p/ AFRFB 2018 (Com videoaulas)

Professor: Paulo Guimarães

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A ULA 00

CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI N.¼ 4.898, DE 9/12/1965). CRIMES CONTRA O

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (LEI N.

7.492, DE 16/06/1986).

Sum‡rio

Sum‡rio ... 1!

1 - Considera•›es Iniciais ... 2!

2 - Abuso de Autoridade (Lei n¼ 4.898/1965) ... 4!

2.1 - Introdu•‹o e aspectos gerais ... 4!

2.2 - Crimes em espŽcie ... 6!

2.3 - San•›es ... 9!

2.4 - Processo penal ... 11!

3 - Lei n¼ 7.492/1986 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional) ... 13!

3.1 - Sistema Financeiro Nacional ... 13!

3.2 - Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional ... 14!

3.3 - Procedimento Criminal ... 24!

4 - Quest›es ... 27!

4.1 - Quest›es sem Coment‡rios ... 27!

4.2 - Gabarito ... 30!

4.3 - Quest›es Comentadas ... 31!

5 - Resumo da Aula ... 37!

6 - Jurisprud•ncia pertinente ... 44!

7 - Legisla•‹o aplic‡vel ... 45!

8 - Considera•›es Finais ... 56!

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A ULA 00 - C RIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE

(L EI N . ¼ 4.898, DE 9/12/1965). C RIMES

CONTRA O S ISTEMA F INANCEIRO N ACIONAL (L EI

N . 7.492, DE 16/06/1986).

1 - Considera•›es Iniciais

Ol‡, caro amigo! J‡ temos not’cias de um novo concurso da Receita Federal, e para quem quer passar num concurso t‹o dif’cil n‹o h‡ tempo a perder, n‹o Ž mesmo!?

Meu nome Ž Paulo Guimar‹es, e estarei junto com voc• na sua jornada rumo ˆ aprova•‹o. Vamos estudar em detalhes o conteœdo do Legisla•‹o Penal com um material completo, e, alŽm disso, teremos quest›es de diversas bancas examinadoras, todas elas comentadas por mim.

Antes de colocarmos a Òm‹o na massaÓ, permita-me uma pequena apresenta•‹o.

Nasci em Recife e sou graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, com especializa•‹o em Direito Constitucional. Minha vida de concurseiro come•ou ainda antes da vida acad•mica, quando concorri e fui aprovado para uma vaga no ColŽgio Militar do Recife, aos 10 anos de idade.

Em 2003, aos 17 anos, fui aprovado no concurso do Banco do Brasil, e cruzei os dedos para n‹o ser convocado antes de fazer anivers‡rio. Tomei posse em 2004 e trabalhei como escritur‡rio, caixa executivo e assistente em diversas ‡reas do BB, incluindo atendimento a governo e comŽrcio exterior. Fui tambŽm aprovado no concurso da Caixa Econ™mica Federal em 2004, mas n‹o cheguei a tomar posse.

Mais tarde, deixei o Banco do Brasil para tomar posse no cargo de tŽcnico do Banco Central, e l‡ trabalhei no Departamento de Liquida•›es Extrajudiciais e na Secretaria da Diretoria e do Conselho Monet‡rio Nacional.

Em 2012, tive o privilŽgio de ser aprovado no concurso para o cargo de Auditor Federal de Finan•as e Controle da Controladoria-Geral da Uni‹o, em 2¡ lugar na

‡rea de Preven•‹o da Corrup•‹o e Ouvidoria. Atualmente, desempenho minhas fun•›es na Ouvidoria-Geral da Uni‹o, que Ž um dos —rg‹os componentes da CGU.

Minha experi•ncia prŽvia como professor em cursos preparat—rios engloba as

‡reas de Direito Constitucional e legisla•‹o espec’fica.

Ao longo do nosso curso estudaremos os dispositivos legais, as abordagens doutrin‡rias e tambŽm a jurisprud•ncia dos tribunais superiores. Tentarei deixar tudo muito claro, mas se ainda ficarem dœvidas n‹o deixe de me procurar no nosso f—rum ou nas redes sociais, ok!?

Nossa matŽria n‹o foi cobrada no concurso de 2012 para AFRFB, mas foi cobrada em concursos anteriores, e por isso pode ser œtil para voc• estudar desde j‡.

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Garanto que todos os meus esfor•os ser‹o concentrados na tarefa de obter a SUA aprova•‹o. Esse comprometimento, tanto da minha parte quanto da sua, resultar‡, sem dœvida, numa prepara•‹o consistente, que vai permitir que voc•

esteja pronto no dia da prova, e tenha motivos para comemorar quando o resultado for publicado.

Muitas vezes, tomar posse em cargos como esses parece um sonho distante, mas, acredite em mim, se voc• se esfor•ar ao m‡ximo, ser‡ apenas uma quest‹o de tempo. E digo mais, quando voc• for aprovado, ficar‡ surpreso em como foi mais r‡pido do que voc• imaginava.

Se voc• quiser receber conteœdo gratuito e de qualidade na sua prepara•‹o para concursos, pe•o ainda que me siga no instagram. L‡ tenho comentado quest›es e dado dicas essenciais de prepara•‹o para qualquer concurseiro.

@profpauloguimaraes

Nosso cronograma nos permitir‡ cobrir o conteœdo de Legisla•‹o Penal cobrado nos principais concursos da ‡rea.

Aula 00

Crimes de abuso de autoridade (Lei n.¼ 4.898, de 9/12/1965). Crimes contra o Sistema Financeiro

Nacional (Lei n. 7.492, de 16/06/1986). 20/3

Aula 01

Crimes contra a ordem econ™mica, a ordem tribut‡ria, as rela•›es de consumo e a economia popular (Lei Delegada n.¼ 4, de 26/9/1962; Lei n.

1.521, de 26/12/1951; Lei n. 8.078, de 11/9/1990;

Lei n. 8.137, de 27/12/1990; art. 34 da Lei n.

9.249, de 26/12/1995; Lei n. 8.176, de 8/2/1991;

Lei n.¼ 8.884, de 11/6/1994).

27/3

Aula 03

Combate ˆ lavagem ou oculta•‹o de bens, direitos e valores (Lei n. 9.613/98; Lei n. 10.701/03; Lei n.

10.467/02; Lei Complementar n. 105/01; 4/4

Aula 04

Decreto n. 2.799/98. Portaria n. 330/98, de 16/12/98, do Ministro de Estado da Fazenda;

Portaria n. 350, de 16/10/02, do Ministro de Estado da Fazenda).

11/4

Encerrada a apresenta•‹o, vamos ˆ matŽria. Lembro a voc• que essa aula demonstrativa serve para mostrar como o curso funcionar‡, mas isso n‹o quer

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dizer que a matŽria explorada nas p‡ginas a seguir n‹o seja importante ou n‹o fa•a parte do programa.

Analise o material com carinho, fa•a seus esquemas de memoriza•‹o e prepare- se para a revis‹o final. Se voc• seguir esta f—rmula, o curso ser‡ o suficiente para que voc• atinja um excelente resultado. Espero que voc• e goste e opte por se preparar conosco.

Agora vamos ao que interessa. M‹os ˆ obra!

2 - Abuso de Autoridade (Lei n¼ 4.898/1965) 2.1 - Introdu•‹o e aspectos gerais

Quando pensamos em abuso de autoridade, vem ˆ nossa mente logo a imagem de um policial excedendo seus poderes. Entretanto, qualquer servidor pœblico que tenha entre suas atribui•›es a determina•‹o de conduta pode cometer abuso de autoridade.

Vejamos a defini•‹o de autoridade trazida pela Lei n¼ 4.898/1965.

Art. 5¼ Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou fun•‹o pœblica, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remunera•‹o.

A defini•‹o trazida pela lei Ž bastante ampla, lembrando bastante o conceito de funcion‡rio pœblico para fins penais, n‹o Ž mesmo?

J‡ houve quest›es anteriores que cobraram o conhecimento dessa defini•‹o, ent‹o preste aten•‹o. Pode ser considerado autoridade o servidor pœblico, o membro do Poder Legislativo (Senador, Deputado, Vereador), o magistrado, o membro do MinistŽrio Pœblico (Promotor de Justi•a, Procurador da Repœblica), bem como o militar das For•as Armadas, o Policial, o Bombeiro, etc.

Para fins de apura•‹o do abuso de autoridade, considera-se autoridade quem exerce cargo, emprego ou fun•‹o pœblica, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remunera•‹o.

O crime de abuso de autoridade Ž, via de regra, um atentado contra as liberdades e garantias do cidad‹o. A pr—pria Constitui•‹o confere a qualquer pessoa, na qualidade de garantia individual, o direito de peti•‹o contra o abuso de poder (art. 5¡, XXXIV).

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Vamos agora estudar de forma mais profunda esse direito, utilizando as defini•›es e institutos trazidos pela Lei n¡ 4.898/1965, conhecida como Lei do Abuso de Autoridade.

Art. 1¼ O direito de representa•‹o e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exerc’cio de suas fun•›es, cometerem abusos, s‹o regulados pela presente lei.

Perceba que o objeto da lei n‹o Ž apenas a responsabilidade penal do servidor pœblico que cometer abuso, mas tambŽm a responsabilidade civil e a administrativa.

A Lei n¡ 4.898/1965 trata do direito de representa•‹o e da responsabilidade administrativa, civil e penal das autoridades que cometerem abusos.

Art. 2¼ O direito de representa•‹o ser‡ exercido por meio de peti•‹o:

a) dirigida ˆ autoridade superior que tiver compet•ncia legal para aplicar, ˆ autoridade civil ou militar culpada, a respectiva san•‹o;

b) dirigida ao —rg‹o do MinistŽrio Pœblico que tiver compet•ncia para iniciar processo- crime contra a autoridade culpada.

Par‡grafo œnico. A representa•‹o ser‡ feita em duas vias e conter‡ a exposi•‹o do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas circunst‰ncias, a qualifica•‹o do acusado e o rol de testemunhas, no m‡ximo de tr•s, se as houver.

J‡ vimos que o direito de representa•‹o contra o abuso de autoridade pode ser exercido por qualquer pessoa. AlŽm disso, n‹o Ž necess‡ria a assist•ncia de advogado.

Perceba que a peti•‹o deve ser dirigida a duas autoridades diferentes: uma Ž a autoridade superior ˆquela que cometeu o abuso, e que tenha compet•ncia para apurar o il’cito e aplicar a san•‹o. Outra Ž o MinistŽrio Pœblico, que detŽm compet•ncia constitucional para apurar crimes e promover a a•‹o penal contra os culpados.

Apesar de o dispositivo dar a entender que a persecu•‹o penal do abuso de autoridade deve dar-se por meio de a•‹o penal pœblica condicionada ˆ representa•‹o, a Lei n¡ 5.249/1967 deixa claro que o abuso de autoridade Ž crime de a•‹o penal pœblica incondicionada e, portanto, n‹o Ž necess‡rio que haja a representa•‹o para que o MinistŽrio Pœblico aja.

Os elementos formais que devem estar presentes na representa•‹o s‹o os seguintes:

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- Exposi•‹o do fato;

- Qualifica•‹o do acusado;

- Rol de testemunhas (no m‡ximo 3).

2.2 - Crimes em espŽcie

Os crimes de abuso de autoridade em geral obedecem a um formato espec’fico:

o atentado aos direitos fundamentais. S‹o, portanto, crimes de perigo.

Estudaremos agora as condutas previstas no art. 3¼, e logo ap—s as condutas do art. 4¼.

ABUSO DE AUTORIDADE Ð CONDUTAS TêPICAS Art. 3¼. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:

Ë liberdade de locomo•‹o

A liberdade Ž um direito fundamental tutelado por diversos dispositivos constitucionais, e pressup›e tambŽm princ’pio do nosso Direito Processual Penal: o indiv’duo apenas pode ser preso quando praticar flagrante delito, mediante ordem judicial ou em hip—teses de pris‹o administrativa aplic‡veis apenas aos militares.

Ë inviolabilidade do domic’lio

A Constitui•‹o qualifica a casa como Òasilo inviol‡vel do indiv’duoÓ e pro’be a entrada sem o consentimento do morador, salvo em quatro hip—teses:

- Flagrante delito;

- Desastre;

- Para prestar socorro;

- Durante o dia, por determina•‹o judicial.

A Jurisprud•ncia j‡ tem assentido que o conceito de casa deve ser encarado de forma ampla, incluindo o local n‹o aberto ao pœblico onde Ž exercida atividade profissional.

Ao sigilo da correspond•ncia

A Constitui•‹o estabelece que ÒŽ inviol‡vel o sigilo da correspond•ncia e das comunica•›es telegr‡ficasÓ.

A Jurisprud•ncia j‡ relativizou essa garantia, aceitando, por exemplo, que a correspond•ncia destinada ao preso seja conhecida pelo dirigente do estabelecimento prisional.

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Ë liberdade de consci•ncia e de cren•a e ao livre exerc’cio do

culto religioso

A liberdade de consci•ncia e de cren•a tambŽm Ž considerada inviol‡vel pela Constitui•‹o. Essa no•‹o tambŽm j‡ foi relativizada pela Jurisprud•ncia: hoje j‡

Ž pac’fico que as manifesta•›es religiosas n‹o podem ofender outros direitos fundamentais, a exemplo do direito ˆ vida, ˆ liberdade, ˆ integridade f’sica, etc.

Ë liberdade de associa•‹o

A Constitui•‹o assegura o direito de associa•‹o, independentemente de autoriza•‹o estatal. A exce•‹o fica por conta da proibi•‹o constitucional ˆs associa•›es de car‡ter paramilitar e com fins il’citos.

Aos direitos e garantias legais assegurados ao exerc’cio do

voto

O voto Ž um direito fundamental de todo cidad‹o brasileiro. Atos atentat—rios ˆ sistem‡tica das elei•›es tambŽm s‹o tipificados como crimes de responsabilidade.

Ao direito de reuni‹o

A Constitui•‹o assegura o direito de reuni‹o, desde que as pessoas reœnam-se de forma pac’fica e sem armas, e n‹o frustrem uma reuni‹o anteriormente convocada para o mesmo local. Apenas para fins de organiza•‹o do Poder Pœblico, Ž necess‡rio comunicar previamente a ocorr•ncia de reuni‹o.

Ë incolumidade f’sica do indiv’duo

N‹o s— a viol•ncia f’sica, mas tambŽm a viol•ncia psicol—gica pode caracterizar o abuso de autoridade.

Aos direitos e garantias legais assegurados ao exerc’cio

profissional

A liberdade de profiss‹o tambŽm Ž assegurada pela Constitui•‹o, desde que sejam atendidas as qualifica•›es profissionais estabelecidas em lei. Para exercer a advocacia, por exemplo, Ž requisito legal ser bacharel em Direito e estar inscrito nos quadros da OAB.

ABUSO DE AUTORIDADE Ð CONDUTAS TêPICAS

Art. 4¼ Constitui tambŽm abuso de autoridade:

Ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com

abuso de poder

Mais uma vez o bem jur’dico tutelado aqui Ž a liberdade. As formalidades legais mencionadas est‹o relacionadas, via de regra, ˆ exig•ncia de ordem judicial, exceto no que tange ˆ pris‹o em flagrante delito e ˆ pris‹o administrativa militar.

Submeter pessoa sob sua guarda ou cust—dia a vexame ou a constrangimento n‹o autorizado

em lei

Vexame Ž uma humilha•‹o, uma vergonha infligida a uma pessoa. Esse abuso Ž aquele cometido pelo agente pœblico que detŽm autoridade (poder de guarda) sobre outra pessoa.

==0==

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Deixar de comunicar,

imediatamente, ao juiz competente a pris‹o ou deten•‹o de qualquer

pessoa

A Constitui•‹o determina que a pris‹o de qualquer pessoa deve ser comunicada imediatamente ˆ autoridade judicial competente e ˆ fam’lia do preso.

Deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de pris‹o ou deten•‹o ilegal que lhe seja

comunicada

Obviamente esta conduta somente pode ser praticada por magistrado, e tambŽm ofende um dispositivo constitucional, que determina que a Òpris‹o ilegal ser‡ imediatamente relaxada pela autoridade judici‡riaÓ.

Levar ˆ pris‹o e nela deter quem quer que se proponha a prestar

fian•a, permitida em lei

A regra do Direito Processual Penal brasileiro Ž a liberdade provis—ria. Em alguns casos, porŽm, a lei determina que a autoridade deve arbitrar uma fian•a, e nesse caso se ela for paga n‹o h‡ raz‹o para negar a liberdade.

Cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem,

custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobran•a n‹o tenha apoio em

lei, quer quanto ˆ espŽcie quer quanto ao seu valor

Esta conduta Ž praticada pela autoridade que cobra valores indevidos dos presos. Normalmente essas cobran•as est‹o relacionadas ˆ concess‹o de certos privilŽgios, ou ˆ Òvista grossaÓ feita a il’citos praticados dentro da pris‹o.

Recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de import‰ncia recebida a t’tulo de carceragem, custas, emolumentos

ou de qualquer outra despesa

O ato lesivo da honra ou do patrim™nio de pessoa natural ou

jur’dica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem

compet•ncia legal

Este tipo Ž muito amplo, e diz respeito a atos de autoridade praticados de forma ofensiva ˆ honra e ao patrim™nio da pessoa. ƒ o caso, por exemplo, do agente de tr‰nsito que, em vez de apenas aplicar a multa devida, profere xingamentos contra o motorista que pratica irregularidade.

Prolongar a execu•‹o de pris‹o tempor‡ria, de pena ou de medida de seguran•a, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade

A pris‹o tempor‡ria pode durar no m‡ximo 5 dias (exceto nos crimes hediondos), ao fim dos quais, se n‹o foi decretada a pris‹o preventiva, o pr—prio delegado deve providenciar o alvar‡ de soltura.

TambŽm comete crime de abuso o juiz que n‹o emite ordem para que seja solto o preso que cumpriu sua pena, bem como o dirigente do estabelecimento prisional que n‹o cumpre a ordem.

!

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Para concluirmos nosso estudo das condutas relacionadas ao abuso de autoridade, chamo sua aten•‹o para o conteœdo da Sœmula Vinculante n¼ 11, do STF, editada em meio a uma grande controvŽrsia gerada pela anula•‹o de um julgamento em raz‹o do uso de o rŽu estar algemado durante a sess‹o.

Sœmula Vinculante 11 do STF

Uso de Algemas - Restri•›es - Responsabilidades do Agente e do Estado - Nulidades

S— Ž l’cito o uso de algemas em casos de resist•ncia e de fundado receio de fuga ou de perigo ˆ integridade f’sica pr—pria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da pris‹o ou do ato processual a que se refere, sem preju’zo da responsabilidade civil do Estado.

2.3 - San•›es

A Lei do Abuso de Autoridade traz a possibilidade da aplica•‹o de san•›es administrativas, civis e penais. Estudaremos agora as san•›es aplic‡veis em cada uma das esferas.

Para compreendermos as san•›es administrativas, precisamos ter aten•‹o a alguns aspectos relacionados ao Direito Administrativo, e tambŽm precisamos lembrar, em nossa an‡lise, que a lei que estamos estudando Ž de 1965 e, portanto, pode ser necess‡rio um esfor•o interpretativo direcionado ˆ atualiza•‹o dos institutos por ela mencionados.

ABUSO DE AUTORIDADE Ð SAN‚ÍES ADMINISTRATIVAS

Advert•ncia Apenas verbal.

Repreens‹o Por escrito.

Suspens‹o do cargo, fun•‹o ou posto por prazo de 5 a 180

dias, com perda de vencimentos e vantagens

O agente deixa de exercer o cargo por um per’odo determinado, sem percep•‹o de remunera•‹o.

Destitui•‹o de fun•‹o

Devemos entender que se trata da destitui•‹o de fun•‹o de confian•a ou de cargo em comiss‹o. ƒ uma penalidade equivalente ˆ demiss‹o.

Demiss‹o

ƒ a penalidade mais gravosa prevista na Lei n¼ 8.112/1990, e consiste na perda de v’nculo do servidor com a Administra•‹o Pœblica.

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Demiss‹o, a bem do servi•o pœblico

Esta modalidade de demiss‹o era prevista no antigo estatuto dos servidores civis federais. Atualmente, ainda existe na Lei n¼ 8.429/1992, para a hip—tese de demiss‹o em raz‹o de n‹o entrega ou entrega fraudulenta de declara•‹o de bens para posse e na Lei n¼ 8.026/1990, a qual definiu dois il’citos funcionais contra a Fazenda Nacional e para eles previu tal pena de demiss‹o.

Quando a autoridade administrativa competente para aplicar a san•‹o receber a representa•‹o, deve determinar a instaura•‹o de inquŽrito para apurar o fato.

Esse inquŽrito deve obedecer ˆs normas pr—prias de cada esfera federativa, devendo a san•‹o ser anotada nos assentamentos funcionais.

Vejamos agora o que a Lei do Abuso de Autoridade determina a respeito das san•›es civis aplic‡veis.

Art. 6¼, ¤ 2¼ A san•‹o civil, caso n‹o seja poss’vel fixar o valor do dano, consistir‡ no pagamento de uma indeniza•‹o de quinhentos a dez mil cruzeiros.

Hoje o valor determinado pela lei para a indeniza•‹o civil obviamente n‹o Ž mais aplic‡vel. Na realidade, o estabelecimento de valores absolutos por meio de lei merece duras cr’ticas, pois a Jurisprud•ncia Ž pac’fica no sentido de que em casos como esses n‹o deve ser aplicada corre•‹o monet‡ria.

Para aplicar uma san•‹o civil hoje, o ofendido deve recorrer ao Poder Judici‡rio, que determinar‡ o valor a ser pago a t’tulo de indeniza•‹o, seguindo o regramento comum, constante do C—digo de Processo Civil.

ABUSO DE AUTORIDADE Ð SAN‚ÍES PENAIS

Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente

Multa de cem a cinco mil cruzeiros

Mais uma vez a lei trata de valores, que n‹o s‹o aplic‡veis hoje. Hoje tem sido aplicada a regra de c‡lculo de multas do C—digo Penal, utilizando-se os dias-multa para determinar o montante.

Deten•‹o por 10 dias a 6 meses N‹o h‡ pena de reclus‹o prevista na lei.

Perda do cargo e a inabilita•‹o para o exerc’cio de qualquer outra fun•‹o pœblica por prazo atŽ 3 anos

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Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poder‡ ser cominada a pena aut™noma ou acess—ria, de n‹o poder o acusado exercer fun•›es de natureza policial ou militar no munic’pio da culpa, por prazo de um a cinco anos.

Esta Ž uma pena espec’fica, aplic‡vel somente quando o abuso de autoridade for cometido por policial civil ou militar.

2.4 - Processo penal

Como regra geral, os crimes de abuso de autoridade s‹o considerados de menor potencial ofensivo, sendo processados perante os Juizados Especiais Criminais, por meio do procedimento sumar’ssimo, criado pela Lei n¼ 9.099/1995.

Para os casos em que o procedimento sumar’ssimo n‹o Ž aplic‡vel, a pr—pria Lei do Abuso de Autoridade traz procedimento pr—prio.

Art. 12. A a•‹o penal ser‡ iniciada, independentemente de inquŽrito policial ou justifica•‹o por denœncia do MinistŽrio Pœblico, instru’da com a representa•‹o da v’tima do abuso.

Art. 13. Apresentada ao MinistŽrio Pœblico a representa•‹o da v’tima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciar‡ o rŽu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requerer‡ ao Juiz a sua cita•‹o, e, bem assim, a designa•‹o de audi•ncia de instru•‹o e julgamento.

¤ 1¼ A denœncia do MinistŽrio Pœblico ser‡ apresentada em duas vias.

Lembre-se de que a a•‹o penal Ž pœblica incondicionada, n‹o sendo necess‡rio que haja inquŽrito policial e nem representa•‹o da v’tima.

Caso haja representa•‹o da v’tima, a denœncia deve ser apresentada no prazo de 48h. Essa regra demonstra a urg•ncia conferida pela lei ˆ apura•‹o dos crimes de abuso de autoridade.

Perante a inŽrcia do MinistŽrio Pœblico, a pr—pria lei permite a apresenta•‹o da a•‹o penal privada subsidi‡ria da pœblica. O MinistŽrio Pœblico poder‡, porŽm, aditar a queixa, repudi‡-la e oferecer denœncia substitutiva, alŽm de intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de neglig•ncia do querelante, retomar a a•‹o como parte principal.

Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vest’gios o ofendido ou o acusado poder‡:

a) promover a comprova•‹o da exist•ncia de tais vest’gios, por meio de duas testemunhas qualificadas;

b) requerer ao Juiz, atŽ setenta e duas horas antes da audi•ncia de instru•‹o e julgamento, a designa•‹o de um perito para fazer as verifica•›es necess‡rias.

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Caso haja vest’gios do crime de abuso de autoridade, n‹o Ž necess‡rio que haja per’cia, sendo suficiente a oitiva de duas testemunhas. N‹o h‡ —bice, porŽm, ˆ realiza•‹o de per’cia mediante requerimento formulado pelo ofendido ou pelo acusado.

Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito horas, proferir‡

despacho, recebendo ou rejeitando a denœncia.

¤ 1¼ No despacho em que receber a denœncia, o Juiz designar‡, desde logo, dia e hora para a audi•ncia de instru•‹o e julgamento, que dever‡ ser realizada, improrrogavelmente, dentro de cinco dias.

¤ 2¼ A cita•‹o do rŽu para se ver processar, atŽ julgamento final e para comparecer ˆ audi•ncia de instru•‹o e julgamento, ser‡ feita por mandado sucinto que, ser‡

acompanhado da segunda via da representa•‹o e da denœncia.

Perceba mais uma vez os prazos enxutos da lei. S‹o apenas 48h para que o magistrado decida pelo aceita•‹o ou rejei•‹o da denœncia. Caso haja a aceita•‹o, no despacho j‡ deve constar a data e hora da audi•ncia, que deve ser realizada em no m‡ximo 5 dias.

Caso o membro do MinistŽrio Pœblico requeira o arquivamento do feito ao invŽs de oferecer a denœncia e o Juiz considerar as raz›es improcedentes, dever‡

enviar a representa•‹o ao Procurador-Geral, para que este ofere•a a denœncia ou insista no arquivamento.

Por fim, temos as regras da lei quanto ˆ realiza•‹o da audi•ncia, nomea•‹o de defensor, etc.

Art. 22. Aberta a audi•ncia o Juiz far‡ a qualifica•‹o e o interrogat—rio do rŽu, se estiver presente.

Par‡grafo œnico. N‹o comparecendo o rŽu nem seu advogado, o Juiz nomear‡

imediatamente defensor para funcionar na audi•ncia e nos ulteriores termos do processo.

Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dar‡ a palavra sucessivamente, ao MinistŽrio Pœblico ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do rŽu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrog‡vel por mais dez (10), a critŽrio do Juiz.

Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferir‡ imediatamente a senten•a.

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3 - Lei n¼ 7.492/1986 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional)

3.1 - Sistema Financeiro Nacional

A Lei n¡ 7.492/1986 Ž costumeiramente chamada de Lei dos Crimes de Colarinho Branco. Ela demonstra a grande preocupa•‹o do legislador com a prote•‹o do Sistema Financeiro Nacional. Essa preocupa•‹o se explica em grande parte por causa do que se convencionou chamar de Òrisco sist•micoÓ. Explicarei para voc• em poucas palavras do que se trata.

As institui•›es financeiras s‹o pessoas jur’dicas que exercem as atividades de intermedia•‹o financeira, ou seja, elas captam recursos (quando voc•

deposita seu dinheiro em um banco, ele est‡ captando seus recursos), e, em seguida, repassam esses recursos, mediante emprŽstimos, financiamentos, planos previdenci‡rios, etc.

Acontece que as institui•›es financeiras n‹o operam isoladamente. H‡ uma extensa e complexa rede de opera•›es que une todas essas institui•›es: elas emprestam recursos e tomam emprestados umas das outras, t•m a•›es negociadas em bolsa e seus recursos est‹o espalhados por todo o sistema.

Agora imagine comigo a seguinte situa•‹o: um diretor de um grande banco pratica o crime de gest‹o fraudulenta, e a informa•‹o vem a pœblico, fazendo com que a imagem desse banco fique muito comprometida. Diante dos sinais de instabilidade, rapidamente o valor de mercado das a•›es daquele banco cai, e as pessoas passam a desconfiar de que seus recursos n‹o est‹o seguros sob a guarda daquela institui•‹o.

O pr—ximo acontecimento, portanto, Ž uma corrida ˆs ag•ncias daquele banco, com pessoas retirando seus recursos para levar para outras institui•›es mais confi‡veis, ou mesmo para guardar consigo. Voc• j‡ est‡ compreendendo onde isso pode parar, n‹o Ž mesmo? Este banco pode ficar sem recursos para pagar seus credores, e este grupo inclui outros bancos, o Banco Central, e algumas vezes atŽ o Tesouro Nacional.

Voc• conseguiu perceber a import‰ncia da prote•‹o de todo o Sistema Financeiro Nacional? As a•›es criminosas, em raz‹o do risco sist•mico, podem atingir um nœmero incont‡vel de pessoas, e prejudicar a popula•‹o e o pr—prio Estado.

Art. 1¼ Considera-se institui•‹o financeira, para efeito desta lei, a pessoa jur’dica de direito pœblico ou privado, que tenha como atividade principal ou acess—ria, cumulativamente ou n‹o, a capta•‹o, intermedia•‹o ou aplica•‹o de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a cust—dia, emiss‹o, distribui•‹o, negocia•‹o, intermedia•‹o ou administra•‹o de valores mobili‡rios.

Par‡grafo œnico. Equipara-se ˆ institui•‹o financeira:

I - a pessoa jur’dica que capte ou administre seguros, c‰mbio, cons—rcio, capitaliza•‹o ou qualquer tipo de poupan•a, ou recursos de terceiros;

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II - a pessoa natural que exer•a quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual.

Este dispositivo define o que Ž institui•‹o financeira, e o conjunto dessas institui•›es Ž o que forma o Sistema Financeiro Nacional. As institui•›es que formam o SFN s‹o pœblicas e privadas. Este aspecto j‡ foi cobrado em provas anteriores, hein?

O conceito de institui•‹o financeira trazido pela lei Ž bastante amplo, n‹o Ž mesmo? J‡ expliquei a voc• o que Ž a atividade de intermedia•‹o financeira, mas o art. 1¡ trata como institui•›es financeiras tambŽm aquelas dedicadas ˆ cust—dia, emiss‹o, distribui•‹o, negocia•‹o, intermedia•‹o ou administra•‹o de valores mobili‡rios.

Os t’tulos e valores mobili‡rios s‹o aqueles negociados em bolsas de valores e mercado de balc‹o, a exemplo das a•›es, op•›es, deb•ntures, etc. Dessa forma, as corretoras e distribuidoras de t’tulos e valores mobili‡rios tambŽm s‹o consideradas institui•›es financeiras.

O par‡grafo œnico amplia ainda mais a defini•‹o, abarcando tambŽm as corretoras de seguros, de c‰mbio, as institui•›es que promovem cons—rcios, e qualquer outra que capte recursos de terceiros.

A Lei Complementar n¼ 105/2001, que trata do sigilo banc‡rio, traz o rol das entidades que s‹o consideradas institui•›es financeiras. S‹o institui•›es financeiras, para os fins da LC 105, os bancos de qualquer espŽcie; distribuidoras de valores mobili‡rios; corretoras de c‰mbio e de valores mobili‡rios; sociedades de crŽdito, financiamento e investimentos; sociedades de crŽdito imobili‡rio;

administradoras de cart›es de crŽdito; sociedades de arrendamento mercantil;

administradoras de mercado de balc‹o organizado; cooperativas de crŽdito;

associa•›es de poupan•a e emprŽstimo; bolsas de valores e de mercadorias e futuros; entidades de liquida•‹o e compensa•‹o; outras sociedades que, em raz‹o da natureza de suas opera•›es, assim venham a ser consideradas pelo Conselho Monet‡rio Nacional.

3.2 - Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional

Agora que aprendemos o que Ž o Sistema Financeiro Nacional e quais s‹o as institui•›es financeiras, voltemos nosso estudo aos tipos penais trazidos pela lei.

Esta parte, sem dœvida, Ž a mais importante para a sua prova, ok?

Primeiramente, todos os crimes previstos nesta lei s‹o pr—prios, apenas podendo ser praticados pelas pessoas previstas pelo art. 25.

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Art. 25. S‹o penalmente respons‡veis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de institui•‹o financeira, assim considerados os diretores, gerentes.

¤ 1¼ Equiparam-se aos administradores de institui•‹o financeira o interventor, o liquidante ou o s’ndico.

O controlador Ž aquele que tem poder de comando. Em geral Ž o acionista que possui maior participa•‹o ou o s—cio que detŽm maior nœmero de cotas, e geralmente ele Ž conhecido como o ÒdonoÓ do neg—cio.

Os administradores s‹o aqueles a quem Ž concedido o poder de decis‹o na institui•‹o. S‹o os diretores e gerentes, que geralmente representam a institui•‹o na condu•‹o dos neg—cios.

O interventor e o liquidante s‹o figuras existentes nas normas espec’ficas que tratam dos procedimentos de interven•‹o e liquida•‹o de institui•›es financeiras.

S’ndico era o nome dado ao respons‡vel pela condu•‹o da fal•ncia. Hoje esta figura Ž chamada de administrador judicial.

Decidi reproduzir os dispositivos legais e fazer coment‡rios sucintos, apenas para facilitar seu entendimento. Historicamente, as quest›es acerca desses crimes cobram muito pouco alŽm do que Ž prescrito pela lei.

IMPRESSÌO OU PUBLICA‚ÌO NÌO AUTORIZADAS

Art. 2¼ Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou p™r em circula•‹o, sem autoriza•‹o escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de t’tulo ou valor mobili‡rio:

Pena Ð Reclus‹o, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Par‡grafo œnico. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de propaganda relativo aos papŽis referidos neste artigo.

J‡ vimos o que s‹o os t’tulos e valores mobili‡rios, n‹o Ž mesmo? Este crime Ž praticado por quem cria fraudulentamente ou p›e em circula•‹o sem autoriza•‹o um documento que pretensamente representa um t’tulo ou valor mobili‡rio.

A mesma pena pode ser aplicada para aquele que produz material de divulga•‹o do t’tulo ou valor mobili‡rio falso.

DIVULGA‚ÌO FALSA OU INCOMPLETA DE INFORMA‚ÌO

Art. 3¼ Divulgar informa•‹o falsa ou prejudicialmente incompleta sobre institui•‹o financeira:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

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H‡ um enorme perigo na divulga•‹o de informa•›es a respeito de institui•›es financeiras. Isso ocorre porque, como j‡ expliquei, uma quebra de confian•a na saœde financeira da institui•‹o pode provocar um colapso em todo o Sistema Financeiro.

GESTÌO FRAUDULENTA

Art. 4¼ Gerir fraudulentamente institui•‹o financeira:

Pena - Reclus‹o, de 3 (tr•s) a 12 (doze) anos, e multa.

Par‡grafo œnico. Se a gest‹o Ž temer‡ria:

Pena Ð Reclus‹o, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Este tipo penal Ž tosco. Na realidade, ele n‹o tipifica nada, pois n‹o h‡ qualquer dispositivo legal ou regulamentar que explique o que significa Ògerir fraudulentamenteÓ. Apesar disso, a Jurisprud•ncia historicamente o tem aplicado, dando ˆ express‹o significado relacionado ˆ pr‡tica de atos fraudulentos, de ardil, embuste ou desfalque.

A gest‹o temer‡ria, por outro lado, Ž praticada pelo administrador que n‹o segue as regras de cautela.

H‡ entidades pœblicas que comp›em o Sistema Financeiro Nacional e s‹o respons‡veis por editar normas prudenciais, que devem ser obedecidas por todas as institui•›es financeiras. Essas institui•›es reguladoras s‹o o Banco Central do Brasil (BC), a Comiss‹o de Valores Mobili‡rios (CVM), a Superintend•ncia de Seguros Privados (Susep) e a Superintend•ncia Nacional de Previd•ncia Complementar (Previc).

Devemos aqui mencionar posicionamentos dos Tribunais Superiores no sentido de que a gest‹o fraudulenta Ž um crime residual, que estar‡ caracterizado quando n‹o estiverem presentes elementos pr—prios de outro crime.

PENAL E PROCESSUAL PENAL. LEI 7.492/1986, ARTS. 16 (OPERAR INSTITUI‚ÌO FINANCEIRA SEM AUTORIZA‚ÌO) E 22 (EVASÌO DE DIVISAS).

[...]

3. O delito de gest‹o fraudulenta Ž previsto em dispositivo legal que tem car‡ter de norma geral e, portanto, o crime ser‡ residual, e restar‡ absorvido sempre que n‹o houver uma norma espec’fica, criminalizando uma determinada conduta que importe em les‹o ˆ integridade do sistema. No caso dos autos, a conduta atribu’da aos acusados est‡

perfeitamente delimitada e definida pela norma dos arts. 16 e 22 da Lei n¼ 7.492/1989.

Logo, condenar os rŽus, com base nos mesmos fatos, pela pr‡tica do crime do art. 4¼ da citada lei, importaria em inadmiss’vel bis in idem.

STF, ARE 920688/RJ Rel. Min. EDSON FACHIN, j. 18.12.2015, DJe 02.02.2016.

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APROPRIA‚ÌO INDƒBITA E DESVIO DE RECURSOS

Art. 5¼ Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, t’tulo, valor ou qualquer outro bem m—vel de que tem a posse, ou desvi‡-lo em proveito pr—prio ou alheio:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Par‡grafo œnico. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito, t’tulo ou qualquer outro bem m—vel ou im—vel de que tem a posse, sem autoriza•‹o de quem de direito.

Em regra, quando os procedimentos de fiscaliza•‹o mostram que a institui•‹o n‹o est‡ Òbem das pernasÓ, as entidades reguladoras utilizam esses expedientes para intervir, assumir a condu•‹o dos neg—cios e, em alguns casos, liquidar a institui•‹o e retir‡-la do mercado.

Se o controlador, os administradores, o interventor, o liquidante ou s’ndico se apropria, desvia ou negocia bem ou valor do qual tem a posse me raz‹o do exerc’cio da fun•‹o, incorre neste crime.

SONEGA‚ÌO DE INFORMA‚ÌO

Art. 6¼ Induzir ou manter em erro, s—cio, investidor ou reparti•‹o pœblica competente, relativamente a opera•‹o ou situa•‹o financeira, sonegando-lhe informa•‹o ou prestando- a falsamente:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Mais uma vez estamos diante de uma conduta que pode p™r em risco n‹o s— a institui•‹o financeira, mas todo o sistema. Da mesma forma que a divulga•‹o de informa•‹o falsa levar o pœblico e os investidores a tomar decis›es erradas, a sonega•‹o de informa•‹o a s—cios, investidores ou agentes pœblicos pode prejudicar outras institui•›es, a popula•‹o e o Estado.

EMISSÌO, OFERECIMENTO OU NEGOCIA‚ÌO IRREGULAR DE TêTULOS OU VALORES MOBILIçRIOS

Art. 7¼ Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, t’tulos ou valores mobili‡rios:

I - falsos ou falsificados;

II - sem registro prŽvio de emiss‹o junto ˆ autoridade competente, em condi•›es divergentes das constantes do registro ou irregularmente registrados;

III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legisla•‹o;

IV - sem autoriza•‹o prŽvia da autoridade competente, quando legalmente exigida:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

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Para negociar t’tulos ou valores mobili‡rios, Ž necess‡rio que a sociedade proceda ˆ abertura de capital. Esse procedimento Ž bastante complexo, e deve seguir uma sŽrie de exig•ncias legais, alŽm dos regulamentos da Comiss‹o de Valores Mobili‡rios.

Se esses procedimentos n‹o forem seguidos ou os t’tulos ou valores forem emitidos em desacordo com essas normas, o agente incorrer‡ no crime em estudo.

EXIGæNCIA DE REMUNERA‚ÌO ALƒM DA LEGALMENTE PERMITIDA

Art. 8¼ Exigir, em desacordo com a legisla•‹o, juro, comiss‹o ou qualquer tipo de remunera•‹o sobre opera•‹o de crŽdito ou de seguro, administra•‹o de fundo mœtuo ou fiscal ou de cons—rcio, servi•o de corretagem ou distribui•‹o de t’tulos ou valores mobili‡rios:

Pena - Reclus‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Os servi•os de intermedia•‹o financeira n‹o podem ser realizados por qualquer pessoa. As institui•›es financeiras somente podem operar no mercado com autoriza•‹o das entidades reguladoras que foram mencionadas.

AlŽm da interven•‹o de pessoas n‹o autorizadas, tambŽm comete este crime aquele que Ž autorizado a operar no mercado, mas n‹o respeita os limites estabelecidos pela lei e pelos regulamentos. Geralmente as institui•›es financeiras s‹o autorizadas a operar ÒcarteirasÓ espec’ficas. Se uma empresa Ž autorizada a comercializar seguros, por exemplo, n‹o pode operar no mercado de c‰mbio.

FRAUDE Ë FISCALIZA‚ÌO OU AO INVESTIDOR

Art. 9¼ Fraudar a fiscaliza•‹o ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento comprobat—rio de investimento em t’tulos ou valores mobili‡rios, declara•‹o falsa ou diversa da que dele deveria constar:

Pena - Reclus‹o, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Esta Ž uma modalidade mais espec’fica de fraude. Neste crime o fraudador ilude o investidor ou o fiscalizador (BC, CVM, Susep, Previc, etc.) mediante inser•‹o de declara•‹o falsa ou diferente da que deveria constar nos processos.

DOCUMENTOS CONTçBEIS FALSOS OU INCOMPLETOS

Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legisla•‹o, em demonstrativos cont‡beis de institui•‹o financeira, seguradora ou institui•‹o integrante do sistema de distribui•‹o de t’tulos de valores mobili‡rios:

Pena - Reclus‹o, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

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Este Ž mais um crime relacionado ˆ fraude. A legisla•‹o e os regulamentos s‹o muito detalhados e rigorosos acerca da presta•‹o de contas das institui•›es financeiras. Todos os anos elas precisam elaborar, enviar ˆs institui•›es reguladoras e publicar diversos relat—rios e demonstra•›es cont‡beis.

A necessidade de controle Ž explicada pelo j‡ mencionado risco sist•mico. Da’

o rigor na puni•‹o daquele que falseia demonstrativos cont‡beis de institui•‹o financeira, seja inserindo elemento falso, seja omitindo elemento exigido.

CONTABILIDADE PARALELA

Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente ˆ contabilidade exigida pela legisla•‹o:

Pena - Reclus‹o, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Este Ž o famoso Òcaixa doisÓ, ou seja, a movimenta•‹o il’cita de recursos da entidade sem o devido registro. Este tipo de pr‡tica n‹o s— mascara a saœde financeira da empresa, como tambŽm ilude a administra•‹o tribut‡ria.

OMISSÌO DE INFORMA‚ÍES

Art. 12. Deixar, o ex-administrador de institui•‹o financeira, de apresentar, ao interventor, liquidante, ou s’ndico, nos prazos e condi•›es estabelecidas em lei as informa•›es, declara•›es ou documentos de sua responsabilidade:

Pena - Reclus‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

A partir do momento em que Ž decretada a interven•‹o ou liquida•‹o extrajudicial da institui•‹o financeira, o ente regulador assume a condu•‹o da empresa. O ex- administrador n‹o pode, portanto, deixar de prestar informa•›es ou entregar documentos ao s’ndico, interventor ou liquidante.

Para evitar esse tipo de situa•‹o, geralmente os atos que decretam as liquida•›es, interven•›es ou a pr—pria fal•ncia s‹o editados logo cedo pela manh‹, no momento em que o s’ndico, interventor ou liquidante j‡ est‡ na porta da institui•‹o. Publicado o ato, o agente j‡ entra e se estabelece, evitando que os administradores destruam qualquer tipo de evid•ncia.

DESVIO DE BEM INDISPONêVEL

Art. 13. Desviar bem alcan•ado pela indisponibilidade legal resultante de interven•‹o, liquida•‹o extrajudicial ou fal•ncia de institui•‹o financeira.

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Par‡grafo œnico. Na mesma pena incorra o interventor, o liquidante ou o s’ndico que se apropriar de bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desvi‡-lo em proveito pr—prio ou alheio.

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(21)

Os procedimentos de liquida•‹o extrajudicial guardam muitas semelhan•as com a fal•ncia. O liquidante nomeado Ž respons‡vel por verificar o patrim™nio da institui•‹o financeira e alien‡-lo para saldar as d’vidas com os credores.

Se o liquidante ou interventor desviar esses bens, incorrer‡ em crime contra o sistema financeiro.

APRESENTA‚ÌO DE DECLARA‚ÌO OU RECLAMA‚ÌO FALSA

Art. 14. Apresentar, em liquida•‹o extrajudicial, ou em fal•ncia de institui•‹o financeira, declara•‹o de crŽdito ou reclama•‹o falsa, ou juntar a elas t’tulo falso ou simulado:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Par‡grafo œnico. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro, crŽdito que n‹o o seja.

Mais uma vez tratamos dos procedimentos de liquida•‹o extrajudicial e de fal•ncia. Declara•‹o de crŽdito Ž um t’tulo que comprova que a pessoa f’sica ou jur’dica Ž credora da massa liquidanda (ou falida). J‡ a reclama•‹o n‹o Ž definida pela Lei n¼ 6.024/1974, que trata da liquida•‹o extrajudicial, e nem pela Lei n¼ 11.101/2005 (Lei de Fal•ncias e Recupera•‹o).

H‡ outro crime muito semelhante, tipificado pela Lei de Fal•ncias. A œnica diferen•a Ž que naquela norma a conduta prevista n‹o abrange o procedimento de liquida•‹o extrajudicial. A pena prevista na Lei n¼ 7.492/1986 tambŽm Ž mais severa.

MANIFESTA‚ÌO FALSA

Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o s’ndico, ˆ respeito de assunto relativo a interven•‹o, liquida•‹o extrajudicial ou fal•ncia de institui•‹o financeira:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Essas pessoas t•m grande responsabilidade com rela•‹o ao pagamento dos credores da massa liquidanda ou falida, e uma informa•‹o falsa dada por um deles pode causar enorme preju’zo.

OPERA‚ÌO DESAUTORIZADA DE INSTITUI‚ÌO FINANCEIRA

Art. 16. Fazer operar, sem a devida autoriza•‹o, ou com autoriza•‹o obtida mediante declara•‹o falsa, institui•‹o financeira, inclusive de distribui•‹o de valores mobili‡rios ou de c‰mbio:

Pena - Reclus‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

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Este Ž o crime praticado por aquele que, no intuito de obter autoriza•‹o para o funcionamento de institui•‹o financeira, presta informa•›es falsas. Esta autoriza•‹o, como j‡ vimos, precisa ser concedida pelas entidades que regulam o mercado.

Um banco, por exemplo, n‹o pode funcionar sem que tenha autoriza•‹o prŽvia e espec’fica do Banco Central. O procedimento Ž bastante rigoroso, e leva em considera•‹o n‹o s— o capital a ser empregado na atividade, mas tambŽm o curr’culo, idoneidade e compet•ncia dos gestores.

No mesmo crime incorre aquele que, sem autoriza•‹o, opera no mercado financeiro.

EMPRƒSTIMO A ADMINISTRADORES OU PARENTES E DISTRIBUI‚ÌO DISFAR‚ADA DE LUCROS

Art. 17. Tomar ou receber crŽdito, na qualidade de qualquer das pessoas mencionadas no art. 25, ou deferir opera•›es de crŽdito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Par‡grafo œnico. Incorre na mesma pena quem:

I - em nome pr—prio, como controlador ou na condi•‹o de administrador da sociedade, conceder ou receber adiantamento de honor‡rios, remunera•‹o, sal‡rio ou qualquer outro pagamento, nas condi•›es referidas neste artigo;

II - de forma disfar•ada, promover a distribui•‹o ou receber lucros de institui•‹o financeira.

A conduta t’pica aqui Ž a tomada ou recebimento de crŽdito ou o deferimento de opera•›es de crŽdito proibidas. Na reda•‹o anterior, havia um outro elemento do tipo, que era a pessoal ˆ qual o crŽdito era concedido, que deveria ser parente do controlador ou administrador. Desde 2017 n‹o h‡ mais essa limita•‹o.

O inciso I tipifica tambŽm a conduta do controlador ou administrador que concede ou recebe adiantamentos de remunera•‹o, independentemente de serem honor‡rios, sal‡rios, ou outro tipo, enquanto o inciso II criminaliza a distribui•‹o ou recebimento disfar•ado de lucros.

ATEN‚ÌO!!! J‡ houve discuss‹o acerca da possibilidade deste crime ser absorvido pelo de gest‹o temer‡ria, quando forem praticados numa s— a•‹o e originados de uma s— transa•‹o banc‡ria. O STJ j‡ se pronunciou no sentido de que, neste caso, o agente deve ser processado pelos dois crimes em concurso formal, pois os dois tipos penais protegem bens jur’dicos diferentes.

VIOLA‚ÌO DE SIGILO BANCçRIO

Art. 18. Violar sigilo de opera•‹o ou de servi•o prestado por institui•‹o financeira ou integrante do sistema de distribui•‹o de t’tulos mobili‡rios de que tenha conhecimento, em

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Pena - Reclus‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Esta Ž uma conduta muito grave. A divulga•‹o de informa•›es banc‡rias pode trazer enormes preju’zos ˆ seguran•a daquele cujas informa•›es s‹o violadas.

O sigilo banc‡rio Ž tratado especificamente pela Lei Complementar n¼ 105/2001.

Esta lei determina a obriga•‹o das institui•›es financeiras de manter em sigilo suas opera•›es ativas e passivas, e traz tambŽm o rol das entidades que s‹o consideradas institui•›es financeiras, mas apenas para fins de sigilo.

OBTEN‚ÌO FRAUDULENTA DE FINANCIAMENTO

Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em institui•‹o financeira:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Par‡grafo œnico. A pena Ž aumentada de 1/3 (um ter•o) se o crime Ž cometido em detrimento de institui•‹o financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.

O perigo da obten•‹o fraudulenta de financiamento Ž a enorme possibilidade de ÒcaloteÓ. A exposi•‹o das institui•›es financeiras a riscos demasiados prejudica todo o sistema, como j‡ mencionamos. AlŽm disso, o c‡lculo do risco ao qual a institui•‹o est‡ exposta subsidia a pol’tica de juros. Este tipo de fraude, ao menos em teoria, faz com que os juros praticados pela institui•‹o subam.

O aumento de pena no caso de o crime ser cometido contra institui•‹o oficial se justifica porque essas institui•›es operam linhas de crŽdito subsidiadas por recursos pœblicos. ƒ caso, por exemplo, do financiamento imobili‡rio da Caixa Econ™mica Federal, que utiliza recursos oriundos do FGTS, ou de certos financiamentos do Banco do Brasil, que utilizam recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Voc• percebeu que o sentido deste dispositivo fica comprometido quando lembrados do teor do art. 25? Se os crimes previstos nesta lei somente podem ser praticados pelo controlador, administradores, interventor, liquidante ou s’ndico, este crime apenas seria poss’vel se essas pessoas obtivessem financiamento de forma fraudulenta. Essa situa•‹o se repente com rela•‹o a outros dispositivos...

APLICA‚ÌO IRREGULAR DE FINANCIAMENTO

Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de financiamento concedido por institui•‹o financeira oficial ou por institui•‹o credenciada para repass‡-lo:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

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Utilizarei como exemplo o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), administrado pela Caixa Econ™mica Federal. Por meio do PMCMV, s‹o utilizados recursos pœblicos para subsidiar financiamentos imobili‡rios concedidos a fam’lias em determinada faixa de renda. Incorre no crime em estudo quem apresenta documenta•‹o falsa, de forma a utilizar os recursos para finalidade diferente da compra de im—vel para a fam’lia.

FALSA IDENTIDADE

Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realiza•‹o de opera•‹o de c‰mbio:

Pena - Deten•‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Par‡grafo œnico. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informa•‹o que devia prestar ou presta informa•‹o falsa.

A identifica•‹o das pessoas envolvidas nas opera•›es de c‰mbio Ž muito importante para evitar a lavagem de dinheiro. Por isso a apresenta•‹o de falsa identidade Ž tipificada de forma aut™noma.

EVASÌO DE DIVISAS

Art. 22. Efetuar opera•‹o de c‰mbio n‹o autorizada, com o fim de promover evas‹o de divisas do Pa’s:

Pena - Reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Par‡grafo œnico. Incorre na mesma pena quem, a qualquer t’tulo, promove, sem autoriza•‹o legal, a sa’da de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver dep—sitos n‹o declarados ˆ reparti•‹o federal competente.

Este tipo exige finalidade espec’fica. N‹o basta que o agente opere no mercado de c‰mbio de forma n‹o autorizada. ƒ necess‡rio ainda que ele o fa•a para promover a evas‹o de divisas. Esta consiste na retirada de valores do pa’s sem observar os procedimentos adequados.

Este crime Ž considerado norma penal em branco, pois cabe ao Poder Executivo regular e planificar a pol’tica cambial, estabelecendo os limites, condi•›es e a forma de sa’da de divisas do pa’s. A Lei n¼ 4.595/1964 confere essas atribui•›es ao Banco Central e ao Conselho Monet‡rio Nacional.

A Lei n¼ 9.069/1995 estabelece em seu art. 65 condutas relacionadas ˆ evas‹o de divisas. Voc• n‹o precisa memorizar este dispositivo, pois esta lei n‹o est‡ no programa do seu concurso, mas Ž importante que voc• leia para compreender melhor o regramento a que est‡ sujeita a entrada e sa’da de valores pecuni‡rios no pa’s.

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Art. 65. O ingresso no Pa’s e a sa’da do Pa’s, de moeda nacional e estrangeira ser‹o processados exclusivamente atravŽs de transfer•ncia banc‡ria, cabendo ao estabelecimento banc‡rio a perfeita identifica•‹o do cliente ou do benefici‡rio.

¤ 1¼ Excetua-se do disposto no caput deste artigo o porte, em espŽcie, dos valores:

I - quando em moeda nacional, atŽ R$ 10.000,00 (dez mil reais);

II - quando em moeda estrangeira, o equivalente a R$ 10.000,00 (dez mil reais);

III - quando comprovada a sua entrada no Pa’s ou sua sa’da do Pa’s, na forma prevista na regulamenta•‹o pertinente.

¤ 2¼ O Conselho Monet‡rio Nacional, segundo diretrizes do Presidente da Repœblica, regulamentar‡ o disposto neste artigo, dispondo, inclusive, sobre os limites e as condi•›es de ingresso no Pa’s e sa’da do Pa’s da moeda nacional.

¤ 3¼ A n‹o observ‰ncia do contido neste artigo, alŽm das san•›es penais previstas na legisla•‹o espec’fica, e ap—s o devido processo legal, acarretar‡ a perda do valor excedente dos limites referidos no ¤ 1¼ deste artigo, em favor do Tesouro Nacional.

PREVARICA‚ÌO FINANCEIRA

Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcion‡rio pœblico, contra disposi•‹o expressa de lei, ato de of’cio necess‡rio ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preserva•‹o dos interesses e valores da ordem econ™mico-financeira:

Pena - Reclus‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

A diferen•a deste crime para o de prevarica•‹o Ž o conteœdo do ato de of’cio que Ž omitido, retardado ou praticado contra disposi•‹o legal.

Como exemplo, posso comentar certos atos dos funcion‡rios das institui•›es financeiras oficiais. Se o chefe da Auditoria Interna do BNDES, por exemplo, deixa de emitir os relat—rios de sua responsabilidade, incorrer‡ no crime em estudo.

Lembre-se de que, para fins penais, o conceito de funcion‡rio pœblico deve ser tomado de forma ampla, englobando tambŽm os empregados das estatais.

3.3 - Procedimento Criminal

Art. 25. S‹o penalmente respons‡veis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de institui•‹o financeira, assim considerados os diretores, gerentes.

¤ 1¼ Equiparam-se aos administradores de institui•‹o financeira o interventor, o liquidante ou o s’ndico.

¤ 2¼ Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou part’cipe que atravŽs de confiss‹o espont‰nea revelar ˆ autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa ter‡ a sua pena reduzida de um a dois ter•os.

!

(26)

Este dispositivo determina que s‹o penalmente respons‡veis quanto aos crimes tipificados nesta lei o controlador e os administradores da institui•‹o financeira. O interventor, o liquidante e o s’ndico (administrador judicial) s‹o equiparados aos administradores.

Os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, portanto, s‹o pr—prios, apenas podendo ser praticado por essas pessoas.

O ¤2¼ trata de hip—tese de dela•‹o premiada. O coautor ou part’cipe pode ter sua pena reduzida de um a dois ter•os, caso releve toda a trama delituosa.

Perceba que aqui h‡ a necessidade de o delator revelar uma informa•‹o bastante completa acerca do crime no qual est‡ envolvido.

O coautor ou part’cipe em crime contra o Sistema Financeiro Nacional pode ser beneficiado pela dela•‹o premiada, caso revele ˆ autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa, sendo poss’vel a redu•‹o de sua pena de um a dois ter•os.

Art. 26. A a•‹o penal, nos crimes previstos nesta lei, ser‡ promovida pelo MinistŽrio Pœblico Federal, perante a Justi•a Federal.

Esta regra Ž muito importante para sua prova. A compet•ncia para julgamento de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional Ž da Justi•a Federal, por meio de a•‹o penal pœblica, oferecida pelo MinistŽrio Pœblico Federal.

Atualmente a Justi•a Federal conta com varas especializadas neste tipo de crime, cuja exist•ncia Ž amplamente discutida pela Doutrina. A Jurisprud•ncia, contudo, vem chancelando a possibilidade de sua cria•‹o.

Vale mencionar o julgado a seguir, que refor•a o entendimento do STF de que a compet•ncia para julgar esses crimes Ž da Justi•a Federal, ainda que os preju’zos causados tenham sido suportados exclusivamente por institui•‹o privada.

HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO. COMPETæNCIA DA JUSTI‚A FEDERAL. INCISO VI DO ART. 109 DA CF. ORDEM DENEGADA. 1. A compet•ncia da Justi•a Federal para julgar crimes contra o sistema financeiro nacional tem assento constitucional. A alega•‹o de que o preju’zo decorrente do delito foi suportado exclusivamente por institui•‹o financeira privada n‹o afasta tal regra constitucional. Interesse da Uni‹o na seguran•a e na confiabilidade do sistema financeiro nacional. (...) (

HC 93733, Rel. Min. CARLOS BRITTO, 1a Turma, j. 17.06.2008, DJe 02.04.2009.

Art. 27. Quando a denœncia n‹o for intentada no prazo legal, o ofendido poder‡ representar ao Procurador-Geral da Repœblica, para que este a ofere•a, designe outro —rg‹o do MinistŽrio Pœblico para oferec•-la ou determine o arquivamento das pe•as de informa•‹o recebidas.

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