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Propriedades flexurais de pinos diretos metálico e não - metálicos

Daniel Tozatti Mazzoccato*, Ronaldo Hirata**, Luiz Antônio G. Pires***,

Eduardo Mota****, Lourenço Farias de Moraes*****, Sandra Tozatti Mazzoccato******

RESuMo

Com a evolução dos materiais res- tauradores, novas técnicas que bus- cam preservar ao máximo a estrutu- ra dentária remanescente de dentes tratados endodonticamente vêm surgindo. O objetivo deste trabalho foi comparar e medir a resistência à flexão entre pinos pré-fabricados direto metálicos (aço inoxidável) e

PALAvRAS-cHAvE: Palavras-chave: Pinos intra-radiculares. Módulo de elasticidade. Fibra de vidro. Fibra de carbono. Resistência flexural.

não metálicos (4 marcas comerciais de pinos de fibra de vidro, 1 de fibra de carbono e 1 marca de fibra de quartzo). Estes pinos foram testados em uma máquina de ensaio univer- sal Pantec 500 (Panambra) de acor- do com as especificações da ISO 178 para testes transversais de três pon- tos. Baseado na análise estatística aplicada aos dados obtidos ao final

* Especialista em Dentística Restauradora pela Universidade Federal do Paraná -UFPR- Curitiba, PR.

** Mestre em Materiais Dentários pela Pontifícia Universidade Católica - PUC -Porto Alegre, RS;

doutorando em Dentística Restauradora pela UERJ, Rio de Janeiro, RJ.

*** Mestre em Prótese Dentária pela ULBRA, Canoas, RS; professor da disciplina de Materiais Dentários I e II da ULBRA, campus Canoas, RS.

**** Mestre em Materiais Dentários pela Pontifícia Universidade Católica - PUC -Porto Alegre, RS;

professor da disciplina de Materiais Dentários I da ULBRA, campus Canoas, RS.

***** Cirurgião-dentista.

****** Aluna do curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre, RS.

do estudo concluiu-se que: todos os grupos tiveram valores médios do módulo flexural superiores ao módu- lo da dentina relatado na literatura;

os pinos poliméricos reforçados por fibras obtiveram resistência máxima flexural superior ao pino metálico e não houve diferenças significativas entre os grupos em relação ao mó- dulo flexural.

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InTRoDução

A restauração de dentes tratados endo- donticamente ainda representa um desafio à odontologia moderna. Esses dentes nor- malmente são mais frágeis pela perda de es- trutura por lesão cariosa, preparo cavitário e desvitalização pulpar. Isso favorece a desidra- tação da dentina e conseqüentemente causa perda de elasticidade tornando-os mais sus- cetíveis a fraturas3.

Em um dente hígido, a distribuição das forças oclusais ocorre de forma harmônica pela coroa, estrutura radicular e tecidos de suporte dos dentes. As modificações estru- turais pelo tratamento endodôntico, bem como as forças laterais, podem levar a con- centrações de tensões em um determinado local da estrutura dentária podendo levar à fratura radicular ou corono-radicular16.

Dessa forma, o uso de retentores intra- radiculares é recomendado para restaurar a estética e função de dentes tratados endo- donticamente. Um aspecto importante é que o uso de pinos intracanais deve ser indicado, quando existe a necessidade de confecção de um núcleo que irá reter uma coroa proté- tica visando o restabelecimento do sistema estomatognático6. Outros fatores devem ser observados antes da colocação de um pino intra-radicular: a qualidade do tratamento endodôntico, a presença de patologias no ápice radicular, pois a necessidade de retra- tamento leva a uma delicada conduta clínica;

a remoção de pinos intracanais5.

O processo de fundição dos metais pos- sibilitou um grande avanço na odontologia.

Durante vários anos, a restauração de dentes desvitalizados com extensa perda coronária tinha como única alternativa para reter uma coroa os núcleos metálicos fundidos7. Entre-

tanto, essa técnica de reconstrução apresen- tava alguns problemas como à dificuldade para a remoção do pino, caso seja necessá- rio uma nova intervenção no canal radicu- lar, a necessidade de um aporte laboratorial para sua confecção e a corrosão na interface pino/paredes dentinárias7,17. Outra desvanta- gem é o elevado módulo de elasticidade que proporciona a concentração de tensões e a transmissão das forças diretamente à estru- tura radicular piorando o prognóstico da res- tauração3,7,15,17.

Com o passar dos anos surgiram técnicas diferenciadas que utilizam pinos pré-fabri- cados que substituem os núcleos metálicos fundidos convencionais. Através deles foi possível à racionalização de passos clínicos, diminuição de custos, visto que este siste- ma é de utilização imediata, não necessitan- do de etapa laboratorial para sua confecção.

Também, com o uso dessa técnica é possível preservar a estrutura dental remanescente através da confecção de um núcleo em resina composta20.

A introdução no mercado de pinos pré- fabricados reforçados por fibras determinou uma mudança importante na reconstituição coroa-raiz. A partir disso, buscou-se um ma- terial que se aproximasse, do ponto de vista mecânico, às características do tecido dental perdido com a inclusão de fibras de carbono em uma matriz resinosa7.

Dessa maneira, esse novo sistema de pi- nos pré-fabricado trouxe grandes avanços, principalmente nas propriedades mecânicas, como a elevada resistência à flexão e o mó- dulo flexural próximo à estrutura dental. Ou- tros aspectos importantes como volume, dis- posição e saturação da matriz resinosa pelas fibras, a perfeita união através dos agentes

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de ligação entre as fibras e a matriz e a den- sidade de acondicionamento dessas fibras irão interferir no desempenho desses pinos em testes laboratoriais e conseqüentemente na prática clínica8,15. Outra vantagem dos pi- nos à base de fibras é a facilidade de remoção através de instrumentos rotatórios, facilitan- do o acesso ao canal radicular em situações de retratamentos ou de fraturas, o que torna esse procedimento simplificado17.

Nos estudos de resistência flexural e mi- croscopia eletrônica, Drummond concluiu que os pinos FiberKor post (Jeneric/Pentron, USA) tiveram desempenho mecânico 3 vezes superior que as barras FiberKor bars (Jene- ric/Pentron, USA)8. Nesses dois produtos, a microestrutura e a técnica de processamen- to foram diferentes. Nas barras (fabricação manual) as fibras foram levemente saturadas com partículas de resina reforçada, enquanto que, nos pinos existiu uma saturação maior, ou seja, ocorre uma maior penetração da ma- triz resinosa nas fibras dos pinos. Outros fa- tores que devem ser levados em considera- ção, segundo o autor, para que isso ocorresse é que a resistência de flexão esta vinculada a proporção comprimento/diâmetro, carga e o ambiente de teste8.

O avanço das pesquisas ocasionou o sur- gimento de um pino pré-fabricado que apre- sentava fibra de vidro e/ou fibra de quartzo na sua composição. A introdução desse tipo de fibra na matriz resinosa resultou em um pino com características estéticas, pois se apresentam na cor branca ou translúcida po- dendo ser utilizado em regiões que requerem uma maior demanda estética15.

Do ponto de vista mecânico esse tipo de fibra melhorou a resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente e restau-

rados com esse sistema de pinos sendo pro- missor o seu uso em próteses parciais fixas posteriores. Isso pelo fato de que os pinos de fibra de vidro apresentaram resultados de módulo flexural inferior, quando comparados aos pinos de fibra de carbono/grafite e tam- bém muito próximos da dentina15,17.

Nos estudos de Maccari e colaboradores, os dentes restaurados com pinos de fibra de vidro (Fibrekor Post, Jeneric/Pentron, USA) tiveram os maiores valores de resistência em testes laboratoriais. Outra característi- ca confirmada pelos testes é que esses pinos apresentam um baixo módulo de elasticida- de, dessa forma quando incide uma carga so- bre a estrutura radicular o estresse é minimi- zado e também ocorre uma melhor absorção das tensões entre pino e raiz. Isso poderá ex- plicar a ausência de raízes e pinos fraturados nos testes17.

Dentro desse panorama, e pelas inúmeras dúvidas que persistem em relação à restau- ração de dentes tratados endodonticamente, este trabalho tem como proposta determinar e comparar a resistência flexural e o módulo flexural de pinos diretos intra-radiculares.

MATERIAIS E MÉToDo

Foram utilizados nesta pesquisa 6 marcas comerciais de pinos pré-fabricados diretos:

U. M. Aestheti Plus (Bisco,USA), Reforpost (Angelus,Br), Postec (Ivoclar/Vivadent, Lie), Fi- brekor Post (Pentron, USA), Luscent Anchors (Dentatus, USA), Classic (Dentatus,USA). Seus respectivos grupos, fabricantes, composi- ções, diâmetros e número de amostras estão apresentados na tabela 1.

Foi confeccionada uma matriz metálica retangular com dimensões de 12,3 x 5,6 x 2,7 cm sendo a sua base plana e na extremi-

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Grupo Marca Fabricante composição

(Informações do Fabricante) nº de Amostras Diâmetro (mm)

1 Reforpost Angelus, Br. 62% fibra de carbono e 38%

de resina epóxi 05 1,4

2 Postec Ivoclar/Vivadet,

Liechtenstein.

61,5% de fibra de vidro, 25,9% de Resina BIS-GMA e

12,3% de Agente de carga

05 1,5

3 Fibrekor Post Pentron USA.

42% de fibra de vidro, 29%

de Resina BIS-GMA e 29% de

Agente de carga 05 1,1

4 Reforpost Angelus, Br.

57% de fibra de vidro e 43%

de Resina BIS-GMA e Agente

de carga 05 1,1

5 U. M. AESTHETI Plus Bisco, USA 60% de fibra de quartzo e

40% de Resina Epóxi 05 1,3

6 Luscent Anchors Dentatus, USA 70% de fibra de vidro e 30%

de resina BIS-GMA 05 1,5

7 Classic Dentatus, USA Aço inoxidável 05 1,3

Tabela 1 - Categoria dos pinos usados no teste mecânico.

Figura 1 - Pino em contato com a matriz metálica.

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dade oposta a base, realizou-se um rebaixa- mento de aproximadamente 1,9 cm de pro- fundidade. Esse rebaixamento deixou uma extremidade livre eqüidistante de 14 mm, determinação para propriedades flexurais de materiais plásticos com secção circular para testes transversais de três pontos12. As su- perfícies de contato entre o corpo de prova, matriz metálica e braço fixo possuíam 2 mm de espessura13 (Fig. 1).

Essa matriz foi acoplada a uma Máquina de Ensaio Universal Pantec 500 (Panambra, Br), com célula de carga de 500 N. Os pinos foram dispostos horizontalmente em con- tato com a matriz e em seguida a máquina foi acionada com uma velocidade de 0,5mm/

min (velocidade de carregamento). A porção móvel da máquina incidiu sob o braço fixo, atingindo perpendicularmente os corpos de prova na sua região central.

A partir dos resultados de força e deflexão determinados pela máquina foi realizado o cálculo do módulo flexural e resistência má- xima flexural. O módulo flexural foi determi- nado por meio da equação Ef= 4FL³ / 3πd4Y, onde F é a carga suportada pelo pino, L é à distância entre os suportes, d é o diâmetro do pino testado e Y é a deflexão correspon- dente à carga F, onde o resultado será dado em MPA e transformado para GPA. A resistên- cia máxima flexural foi calculada pela fórmu- la σf= 8FL /πd³ com resultado em MPA.

As diferenças entre os vários grupos foram calculadas estatisticamente por meio do teste de Análise de Variância (p< 0,05) complemen- tado pelo teste de Comparações Múltiplas de Tukey ao nível de significância de 5%.

RESuLTADoS

A análise estatística dos resultados ob-

tidos em relação à resistência flexural está apresentada na tabela 2. Diferentes valores médios de resistência flexural máxima foi ob- tido para os pinos diretos utilizados no tes- te. O grupo da marca comercial Classic (Den- tatus, USA) apresentou a menor resistência flexural, os demais grupos apresentaram de- sempenho semelhante, com exceção dos pi- nos U.M. AESTHETI Plus (Bisco, USA), os quais tiveram desempenho superior a p< 0,05. Para os grupos compostos por pinos poliméricos, pode-se verificar que não houve diferença estatística significativa (p < 0,05) em relação ao módulo flexural (Tab. 3).

DIScuSSão

Buscar harmonia entre a forma, função e resistência de um dente tratado endodonti- camente é um grande desafio para a odonto- logia, pois o prognóstico de um dente hígido é infinitamente melhor que de um dente res- taurado. Além disso, deve-se considerar que o conteúdo da polpa é basicamente composto por tecido conjuntivo. Desta forma, quando é feita a desvitalização pulpar e a posterior substituição do tecido por um material mais rígido, estaria indo ao encontro dos princí- pios naturais da estrutura dentária.

Freqüentemente, fracassos clínicos ocor- rem com os sistemas tradicionais de recons- trução corono-radicular como as fraturas ra- diculares; outro aspecto importante é a baixa demanda estética, principalmente quando são utilizados nos dentes anteriores7,17. O alto módulo de elasticidade dos pinos metálicos causa um aumento do estresse na estrutu- ra radicular resultando em maiores chances de fraturas. O sistema ideal seria aquele que tivesse o pino com módulo de elasticidade igual ou próximo da dentina8,17.

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Grupo Média Desvio Padrão

7 568,23 a 500,93

3 1124,97 b 160,31

4 1153,41 b 287,76

6 1153,84 bc 163,78

1 1339,36 bc 137,11

2 1474,30 bc 72,45

5 1688,46 c 155,15

Grupo Média Desvio Padrão

1 26,49 ª 7,87

2 28,11 ª 8,23

3 26,93 ª 9,03

4 25,68 ª 12,95

5 36,76 ª 10,01

6 24,82 ª 3,79

Tabela 2 - Média e desvio padrão da Resistência Flexural Máxima (MPA) nos diferentes grupos.

Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente através da Análise de Variância complementada pelo teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%.

Tabela 3 - Média e desvio padrão do Módulo Flexural (GPA) nos diferentes grupos.

Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente através da Análise de Variância complementada pelo teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%.

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Os primeiros pinos reforçados tinham as fibras de carbono, que representa 64% da estrutura total, com 8 µm de diâmetro apre- sentando disposição longitudinal e unidire- cional. A matriz é uma resina epóxi que re- presenta os 36% restantes. A interface que liga a matriz epóxi ao reforço de fibras, apre- senta uma compatibilidade com ambos os materiais, assegurando uma perfeita coesão entre fibra e matriz7.

Posteriormente surgiram os pinos de fibra

de vidro e fibras de quartzo suprindo a deman- da estética, pois se apresentam na cor trans- parente ou branca. Em relação à sua composi- ção química, elas apresentam o vidro elétrico (E-glass) que no seu estágio amorfo é uma mistura de óxidos de silício, cálcio, alumínio e bário e outros óxidos de metais alcalinos.

Algumas fibras de vidro apresentam na sua composição o vidro elétrico (S-glass) de alta resistência, também amorfa, mas diferente na composição. Os pinos de fibra de quartzo têm

Figura 2 - Microscopia eletrônica de uma fibra dos pinos reforçados.

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a sílica pura em forma cristalizada15.

A fibra é uma estrutura flexível, aproximada- mente cilíndrica em sua forma, unidirecional e que possui comprimento maior que o diâmetro4 (Fig. 2, 3). Na figura 4 temos um corte transversal ilustrativo do pino Reforpost (Ângelus, BR) que apresenta na sua composição fibras de vidro.

O direcionamento das pesquisas para um melhor entendimento da microestrutura dos pinos reforçados por fibras refletiu direta- mente no sucesso da prática clínica e labo-

ratorial. Através delas se conseguiu entender o desempenho mecânico e ao mesmo tem- po estabelecer relações entre a estruturação desses pinos e valores, tanto de resistência, quanto de módulo flexural conseguidos nos testes laboratoriais. Na microscopia eletrôni- ca realizada por Lassila e colaboradores con- cluiram que existia porosidade em todos os pinos reforçados por fibras analisados e que a porosidade nos pinos SnowPost (Carbotech, France) foi facilmente identificada.

Figura 3 - Várias fibras paralelas e unidirecionais.

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Essa porosidade explica a redução das propriedades mecânicas, ao contrário dos pi- nos EverStich (StichTech, Finland) que apre- sentou uma estrutura sólida e compacta e a maior Resistência Flexural entre os pinos testados15. Na figura 05 esta ilustrada o pino composto por fibras de carbono, Reforpost (Ângelus, BR), diferentemente dos pinos com- postos por fibras de vidro, (Reforpost, Ânge- lus, BR), não podemos observar as estruturas circulares e sim uma massa de carbono contínua.

Em um aumento maior (Fig. 6) podemos ve- rificar a presença de porosidades. A longe- vidade das restaurações de dentes tratados endodonticamente e restaurados com esse sistema de pinos pode ficar comprometida em virtude desse aspecto pelo aumento das chances de fratura desses pinos.

Em estudos de resistência e análise mi- croscópica Drummond e Bapna8 encontrou valores de resistência à flexão diferente para as amostras testadas, entretanto os valores

Figura 4 - Corte transversal do pino Reforpost (fibra de vidro). As setas mostran a presença fibras circulares.

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de módulo flexural foram próximos. Apesar de pinos Carbon Post (Bisco, USA) e Light Post (Bisco, USA) apresentarem o mesmo diâ- metro e semelhante densidade de acondicio- namento das fibras os valores de resistência à flexão dos pinos Light Post foram 50% me- nor que os pinos Carbon Post. Fatores como o número de fibras introduzidas na matriz resinosa, talvez, não seja determinante para uma resistência flexural elevada e sim a li- gação entre fibra e matriz resinosa8. Na mi-

croscopia eletrônica dos pinos Esthetic post (Bisco, USA) observamos um melhor padrão de estruturação das fibras de quartzo dentro de uma massa de carbono (Fig. 7, 8). Pode-se notar a presença de vãos na superfície das fibras mesmo resultado encontrado nas mi- croscopias eletrônicas de Drummond e Bap- na8.

O módulo de elasticidade dos materiais res- tauradores é, sem dúvida, uma das principais propriedades mecânicas que estes possuem,

Figura 5 - Corte transversal do pino Reforpost (fibra de carbono).

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pois interfere diretamente no prognóstico do dente restaurado. Duret e colaboradores7 determinaram o módulo de elasticidade de pinos fundidos e pinos pré-fabricados metáli- cos, encontrando valores que se aproximaram a 180 GPA, muito superiores aos da dentina, determinado por Ko14, em 18,6 GPA.

Analisando os resultados obtidos na tabela 3 em relação ao módulo flexural, verificamos não haver diferença estatística significante entre os grupos (valores entre 24,82 e 36,76

GPA). Todos apresentaram módulo de elasti- cidade superior ao da dentina determinado por Ko14. Nesse sentido, nossos resultados são semelhantes aos encontrados por Lassila e pesquisadores, os quais não encontraram diferenças nos valores de módulo flexural das amostras testadas15.

Outra propriedade mecânica importante é a resistência flexural, que é a capacidade de um determinado material suportar uma for- ça até um determinado limite, sofrendo certa

Figura 6 - As setas mostram porosidades no pino Reforpost (fibra de carbono).

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flexão. Essa resistência flexural passa por um limite elástico, no qual as fibras estão sendo flexionadas e absorvendo as tensões até che- gar a uma resistência máxima. A partir desse momento ocorre o rompimento da fibra11.

Com relação à resistência flexural, os re- sultados indicaram que os pinos poliméricos de fibra de carbono, vidro e quartzo possuem uma resistência flexural máxima superior ao pino metálico (Classic, Dentatus, USA). Foi constatado também que os pinos do grupo

5 (U.M.AESTHETI Plus, Bisco, USA) apresenta- ram valores de resistência máxima flexural superiores aos outros grupos de fibra e qua- se 3x maior que o grupo composto por pino metálico, (Fig. 9).

Há diversas controvérsias em relação ao aumento da resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente através do uso de pinos pré-fabricados diretos ou indiretos.

McDonald e colaboradores18 ao compararem a resistência à fratura de dentes desvitali-

Figura 7 - Corte transversal de um pino Esthetic post (Bisco, USA).

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zados restaurados com pino de aço, fibra de carbono, resina composta e sem pino intra- radicular não encontraram diferenças sig- nificativas entre os grupos. Por outro lado, Albuquerque2 relatou que dentes desvitali- zados reconstruídos com núcleo de resina composta mostraram maior resistência à fratura quando comparados aos núcleos de amálgama ou cimento de ionômero de vidro reforçados com prata; a esses dentes foram, também, associados a um pino pré-fabrica-

do metálico, fio ortodôntico ou mesmo sem pino apresentando a mesma resistência à fra- tura.

Martinez-Insua19 e seu grupo de estudo avaliaram o desempenho em relação à resis- tência à fratura de dentes despolpados e res- taurados com pino-núcleo metálico fundido e pinos de fibra de carbono e evidenciaram que o limiar de fratura dos pinos fundidos (fratu- ra da parede radicular em 91% dos casos) foi significativamente maior que nos pinos de

Figura 8 - Presença de vãos no interior das fibras.

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fibra de carbono (fratura da parede radicular em 5% dos casos), confirmando que o módulo de elasticidade dos pinos de fibra foi próximo ao tecido dentinário, diminuindo com isso a possibilidade de fraturas radiculares.

Akkayan & Gülmez1 encontraram fraturas desfavoráveis (fraturas que impossibilitam uma nova restauração) nos sistemas de Ti- tânio e em todos os grupos que apresenta- vam pinos de zircônia ocorreram fraturas dos pinos. Por outro lado, os grupos que tinham

pinos de fibra de quatzo e fibra de vidro tive- ram a maior resistência à fratura e as fratu- ras que ocorreram foram favoráveis (fraturas possíveis de serem restauradas).

Nos testes laboratoriais realizados por Maccari e colaboradores17, compararam pinos de fibra de vidro, carbono e pinos cerâmicos.

Os pinos de fibra de vidro e carbono não apre- sentaram diferenças estatísticas significantes quanto à resistência à fratura e também não houve a fratura de nenhum desses pinos; já os

Figura 9 - Pino de fibra de quartzo (UM AESTHETI Plus, Bisco, USA) fraturado.

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pinos cerâmicos apresentaram 100% de fratu- ras. Essas opiniões reforçam os resultados ob- tidos em nosso estudo de forma que concor- damos com Fernandes e Dessai9 que há uma correlação indiscutível entre o material do pino intra-radicular e a fratura da raiz. Consideram as opiniões de Duret, Ferrari e Mannocci7 que o ideal seria que o material do pino intra-radi- cular apresentasse o mesmo módulo de elasti- cidade da dentina radicular para que a tensão das forças que interagem ao longo do pino e da raiz fosse distribuída de forma homogênea.

É importante ressaltar que os resultados obtidos nos testes de flexão não significam, necessariamente, que os pinos de fibra possam ter ou não um bom desempenho clínico, vis- to que este também depende de uma série de outros fatores que devem ser avaliados e es- tudados em conjunto com estudos in vitro e, principalmente, avaliações clínicas em longo

prazo. Que estas pesquisas possam, quem sabe no futuro, trazer uma forma de reconstrução mais satisfatória de dentes tratados endodon- ticamente, consciente que nenhum material ou técnica restauradora substitui tecido den- tal sadio.

concLuSÕES

Baseados na análise estatística aplicada aos resultados e conforme as condições experimen- tais dessa pesquisa, conclui-se que:

1. Todos os grupos tiveram valores médios de módulo flexural superiores ao módulo flexu- ral da dentina encontrado na literatura;

2. O grupo composto por pinos pré-fabrica- do metálico apresentou, em média, resistência flexural máxima menor que os pinos de fibra de carbono, vidro e quartzo;

3. Não houve diferenças significativas entre os grupos em relação ao módulo flexural.

With the restorative materials evolution, new techniques that look for preservation of remaining dental structure from endodonticaly treated tooth are coming. The aim of this study was compare flexural strength of metallic direct posts (stainless steel) and metal-free posts (4 trademarks of glass fiber, 1 of carbon fiber and 1 of quartz fiber). Those posts were tested in an Universal Testing Machine Pantec

500 (Panambra) following ISO 178 specifications to three points flexural strength. Based upon results statistical analysis, we can conclude that: all groups had flexural modulus medium values superior to dentin; polymeric posts reinforced with fiber showed maximum flexural strength superior to metallic posts and was not difference significant at a relation flexural modulus.

KEY WORDS: Intra-canal posts. Elasticity modulus. Glass fiber. Carbon fiber. Flexural strength.

Abstract

Flexural Properties of Direct Metallic

and Metal Free Posts

(16)

REfERênciaS

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Daniel Tozatti Mazzoccato R. Sylvio zeny 82/202, Portão Curitiba, PR - CEP: 80320-190 E-mail: dpontomazuca@hotmail.com

Endereço para correspondência

Referências

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