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Estudo da inovação, classificação e priorização de ideais e projetos inovadores no setor público Autor: Cristhian Maduro Leme de Sousa

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VII Encontro Brasileiro de Administração Pública ISSN: 2594-5688

ebap@sbap.org.br

Sociedade Brasileira de Administração Pública

Estudo da inovação, classificação e priorização de ideais e projetos inovadores no setor público

Autor: Cristhian Maduro Leme de Sousa

Disponível em: http://ebap.sbap.org.br/

Resumo

Este trabalho teve o objetivo de pesquisar o conceito de inovação no setor público e sua classificação, sendo então apresentada uma ferramenta a ser aplicada na fase de seleção de ideias e projetos inovadores em instituições do setor público que buscam aperfeiçoar o ciclo de inovação ou mesmo implantá-lo. Dentre os autores pesquisados para a constituição conceitual deste trabalho destacaram-se Schumpeter (1910), Perry (2010), Polignano (2011), Sørensen e Torfing (2012), De Vries et al (2015) e van Acker (2018). A metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva, tendo como coleta de dados o levantamento bibliográfico. Como resultado, foi possível compreender a definição e classificação da inovação no setor público, assim como apresentar uma ferramenta de priorização de ideias e projetos inovadores aplicada ao setor público. Por fim, sugere-se a continuidade dos estudos de instrumentos usados pela Administração Pública a fim de suprimir riscos da implantação de iniciativas inovadoras.

Palavras Chave:

Inovação. Classificação da Inovação. Ferramenta. Setor público.

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Indicação do grupo de trabalho: GT 6 Inovação e Empreendedorismo no Setor Público

Estudo da inovação, classificação e priorização de ideais e projetos inovadores no setor público

Resumo

Este trabalho teve o objetivo de pesquisar o conceito de inovação no setor público e sua classificação, sendo então apresentada uma ferramenta a ser aplicada na fase de seleção de ideias e projetos inovadores em instituições do setor público que buscam aperfeiçoar o ciclo de inovação ou mesmo implantá-lo. Dentre os autores pesquisados para a constituição conceitual deste trabalho destacaram-se Schumpeter (1910), Perry (2010), Polignano (2011), Sørensen e Torfing (2012), De Vries et al (2015) e van Acker (2018). A metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva, tendo como coleta de dados o levantamento bibliográfico. Como resultado, foi possível compreender a definição e classificação da inovação no setor público, assim como apresentar uma ferramenta de priorização de ideias e projetos inovadores aplicada ao setor público. Por fim, sugere-se a continuidade dos estudos de instrumentos usados pela Administração Pública a fim de suprimir riscos da implantação de iniciativas inovadoras.

Palavras-chave: Inovação. Classificação da Inovação. Ferramenta. Setor público.

1 Introdução

A inovação no setor público é tema cada vez mais presente e discutido no meio acadêmico e pelos governos em todo o mundo. A compreensão do conceito da inovação na Administração Pública e sua classificação são fundamentais para que o gestor público identifique as ideias e projetos inovadores em sua unidade administrativa e compreenda oportunidades e riscos envolvidos.

De acordo com Cavalcante e Camões (2017), a Inovação Pública e a New Public Management são temas que não se confundem e a inovação não é exclusividade das empresas privadas. Além disso, muitos autores afirmam que a inovação no setor público promove a qualidade dos serviços público percebida pelo cidadão assim como desenvolvimento econômico e vantagem competitiva entre países, governos subnacionais e municipais. Isidro- Filho (2017) elenca iniciativas dos governos dos países nórdicos, Reino Unido e Austrália que buscam institucionalizar a inovação como forma de melhoria contínua da prestação do serviço público. Também governos da Singapura, África do Sul e Estados Unidos criaram órgãos ou projetos que buscam incentivar a inovação em sua organização administrativa (GOVERNO AUSTRALIANO, 2010).

O presente trabalho delimita-se no estudo da inovação e sua classificação da inovação no setor público existentes, sendo o arcabouço teórico da ferramenta de seleção/priorização de

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ideias ou projetos inovadoras no setor público. Essas ideias ou projetos selecionados deverão passar posteriormente pela fase de desenvolvimento e implantação.

O objetivo geral deste trabalho é pesquisar o conceito de inovação no setor público e sua classificação. A partir desse arcabouço teórico, será proposta uma ferramenta que auxiliará o gestor público a selecionar as iniciativas inovadoras a serem implantadas a partir da classificação das ideias/projetos gerados pela entidade governamental. Esse instrumento possibilitará o administrador do setor público priorizar, a partir das diretrizes estratégicas da alta administração, ideias e projetos inovadores que serão desenvolvidos.

Este trabalho justifica-se pelo fato de a inovação no setor público ser reconhecida tanto pela academia quanto pelos governos como catalizador do desenvolvimento econômico assim com indutora da maior qualidade e eficiência dos serviços públicos (CAVALCANTE;

CAMÕES, 2017). Segundo Neves (2001), a exigência do cidadão por serviços públicos de qualidade e implantação de sistemas inovadores de gestão são exemplos da pressão exercida pela sociedade sobre gestor público. Nesse contexto, a inovação surge como forma de atender a crescente demanda da sociedade. Além disso, a ferramenta a ser proposta vai ao encontro dos modelos administrativos atuais em que os recursos são escassos e as necessidades são ilimitadas (SILVA; SANTOS, 2014) e a Administração Pública não escapa deste contexto.

Ademais, diferente do que o senso comum supõe, é recomendável que inovação seja objeto de um processo ou ciclo bem definido dentro da instituição, visando reduzir os riscos inerentes à inovação. Nessa linha de pensamento, Polignano (2011), Valle (2012), Governo Australiano (2010) e Isidro-Filho (2017) apresentam propostas de ciclos da inovação que exibem etapas similares: geração e captação de ideias inovadoras, seleção e priorização dessas ideias ou projetos, desenvolvimento e implantação. Assim, o presente trabalho objetiva pesquisar os conceitos aplicados à inovação do setor público e sua classificação e, então, apresentar uma ferramenta de seleção/priorização de ideias e projetos inovadores.

A metodologia deste trabalho é a pesquisa descritiva, tendo como coleta de dados o levantamento bibliográfico e abordagem qualitativa.

Além desta introdução e da seção conclusiva, este artigo compõe-se de mais duas partes. A primeira resume as formulações teóricas sobre inovação no setor público e sua classificação. A terceira descreve e apresenta a ferramenta de priorização proposta.

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2 Inovação no Setor Público e Classificação

O conceito de inovação, inicialmente, foi desenvolvido no âmbito do setor privado.

Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), considerado fundador da teoria moderna de inovação, argumenta que a inovação de uma empresa modifica os setores das atividades econômicas e as economias nacionais nas quais estão inseridas, impulsionando o desenvolvimento econômico. A inovação está relacionada às novas combinações de materiais já utilizados na produção que geram novos produtos ou se fabrica de forma mais eficiente (SCHUMPETER, 1911).

Ainda no setor privado, OCDE (2005, p. 55) define a inovação quando uma nova mercadoria ou serviço é implementado. Também é inovação a melhoria significativa de produtos, processos, métodos de marketing ou organizacional ou práticas de negócios. Essas inovações podem ser internas à organização ou nas relações com outras empresas ou clientes.

Um requisito necessário, mas não suficiente, para que determinada iniciativa seja inovadora é a sua implementação. Logo, ideias, descobertas, protótipos, invenções ou pesquisa e desenvolvimento (P&D) não são inovações até que sejam disponibilizadas para a organização, cidadãos ou consumidores (VAN ACKER, 2018).

As definições de inovação do setor privado tem foco especial em aspectos de marketing (preço, produto, promoção e distribuição ou os 4Ps, conforme Kotler (2000)) uma vez que o objetivo é maximizar resultados e lucros. Por outro lado, o objeto do poder público é a prestação de serviços que buscam atender necessidades dos cidadãos. Assim, o resultado da inovação no setor público está correlacionado aos objetivos socioeconômicos e políticos (LIMA; VARGAS, 2010). Deste modo, é importante destacar que os conceitos aplicados à inovação no setor privado não podem ser aplicadas totalmente ao setor público. Contudo, esses estudiosos defendem que os conceitos de inovação em serviços guardam maior relação com os serviços públicos e podem ser adaptados.

Van Acker (2018), de maneira didática, apresenta aspectos específicos da Administração Pública determinantes na diferenciação da inovação existente no setor público e o privado. O poder público tem posição monopolista e seus valores são pautados pelos serviços à sociedade. Além disso, a Administração Pública é avessa ao risco, obsessiva por regras (leis) e a publicidade dos resultados da inovação é exigida pela sociedade. Ainda, por força de mandato de curto/médio prazo (4 anos no Brasil), os agentes políticos exigem resultados imediatos.

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Nesse cenário, verifica-se na literatura diversos autores que buscam definir a inovação aplicada à Administração Pública. Sørensen e Torfing (2012), influentes pesquisadores da inovação dos últimos anos, definem a inovação como um processo ativo em que os desafios são apresentados e ideias criativas são desenvolvidas, resultando em novas soluções que são selecionadas e implementadas. Já o Governo Australiano (2010) afirma que a inovação é, essencialmente, a geração e implementação de novas ideias. Destaca que, normalmente, a inovação no setor público gera boas ideias, mas falha em não colocá-las em prática.

Perry (2010) apresenta a inovação como resultado de criatividade e implementação por meio de uma equação:

Criatividade + (seleção) desenvolvimento + implementação = inovação

Argumenta ainda que a implementação dever ser exitosa. Quando uma boa ideia é selecionada e desenvolvida, mas na fase de implementação resulta em um fracasso, não há que se falar em inovação. Ademais, a implementação de sucesso deve resultar em práticas que reduzem custos e criam valor para a organização e sociedade (POLIGNANO, 2011). Devem também proporcionar aumento de eficácia e efetividade dos serviços e políticas públicos, tratamento de problemas sociais e aumento da satisfação dos cidadãos consumidores de produtos e serviços públicos (DE VRIES et al., 2015). Soma-se a isso o fato de que o ineditismo ou a melhoria significativa de um produto/serviço ou processo é requisito mínimo para definir se uma ideia é uma inovação (BRANDÃO; BRUNO-FARIA, 2013)

A despeito de Perry (2010), De Vries et al. (2015) e van Acker (2018) afirmarem que não há consenso na literatura acerca da definição de inovação, verifica-se que nas mais diversas definições, tanto direcionadas ao setor privado quanto adequadas ao setor público, alguns atributos são recorrentes. A partir de elementos convergentes na conceituação da inovação de autores conceituados, pode-se afirmar que a inovação no setor público é uma boa ideia (criatividade), inédita ou que melhore significativamente produto/serviço/processo, selecionada e desenvolvida. Além disso, deve ser implementada com sucesso, gerando resultados percebidos de forma positiva pela sociedade, seja reduzindo custos ou criando valor para a instituição e para a sociedade.

No que tange a classificação da inovação, diversas são as propostas observadas na literatura visando entender a inovação no setor público. Neste trabalho, a classificação da inovação será abordada em 3 (três) dimensões: tipologia, grau de novidade e impacto da inovação. Com relação à tipologia, OCDE (2005, p. 57) apresenta quatro tipos de inovação que são de produto, de processo, de marketing e organizacional. Cavalcante e Camões (2017)

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afirmam que essa proposta, mesmo que seja criada para a inovação no setor privado, é considerada relevante referência para tratar a inovação no setor público.

O Projeto MEPIN (2011) buscou transpor a tipologia proposta pela OCDE considerando as especificidades do setor público. Assim, propõe 4 (quatro) tipos de inovação no setor público. A inovação de produto que é a proposta de produto ou serviço que seja novo ou significativamente melhorado com relação aqueles atualmente ofertados. A inovação de processo que ocorre com a implantação de método de produção de produtos ou oferta de serviços que sejam novos ou significativamente melhorados com relação àqueles existentes atualmente na organização. A inovação organizacional que trata da implantação de método de organização e gerenciamento do trabalho que seja novo ou significativamente melhorado com relação àqueles existentes atualmente na organização. E, por fim, a inovação de comunicação que é a implantação de método de promoção da organização ou seus produtos ou serviços que seja novo ou significativamente diferente dos métodos atuais da organização.

Referência relevante na academia é o trabalho de De Vries et al. (2015) que elaboraram, a partir de ampla revisão da literatura produzida entre 1990 e 2014, uma nova tipologia aplicada ao setor público. A inovação administrativa ou tecnológica de processo, a inovação de produtos e processos, a inovação de governança (novas formas de tratar problema específico da sociedade) e a inovação conceitual (introdução de novos conceitos ou modelos que possam reformular determinados problemas assim como a sua solução).

Considerando a definição de inovação no setor público a ser adotada, verifica-se que a inovação do tipo conceitual será difícil de ser identificada. Por motivos semelhantes, van Acker (2018) propõe um modelo de tipologia da inovação no setor público que será adotado neste trabalho. Nele a inovação é classificada em inovação de produtos ou serviços, inovação de processo (administrativa ou tecnológica) e inovação de governança. O Quadro 1 apresenta a definição de cada tipo de inovação do modelo escolhido.

Já a dimensão grau de novidade considera a inovação do ponto de vista da organização que gera, seleciona, desenvolve e implementa ideias e projetos inovadores. Dessa forma, OCDE (2005), Projeto MEPIN (2011) e van Acker (2018) defendem o grau de novidade em dois níveis. A inovação pode ser novidade para a organização, mas já foi implantada por outra entidade e ainda existe aquela iniciativa inovadora que é inédita ou original, ou seja, sem registros de sua implantação em qualquer outra instituição.

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Tipologia Conceito

1. Inovações de produtos ou serviços Criação de novos serviços ou produtos públicos, ou eliminação de serviços ou produtos públicos.

2. Inovações de processo Relativo à qualidade e eficiência de processos internos e externos.

Subtipos

2.1. Administrativas Criação de novas formas organizacionais, introdução de novos métodos e técnicas de gestão e novos métodos de trabalho, ou eliminação dos mesmos.

2.2. Tecnológicas Criação ou uso de novas tecnologias, introduzidas em uma organização para prestar serviços a usuários e cidadãos, ou eliminação das mesmas.

3. Inovações de governança Desenvolvimento de novas formas e processos para abordar problemas sociais específicos, ou eliminação de tais problemas.

Quadro 1 – Tipologia de inovação no setor público e conceitos.

Fonte: van Acker (2018, tradução nossa).

Destaca-se que Fernández e Wise (2010) constataram em seu trabalho que o emprego de iniciativas inovadoras de fora da organização é mais recorrente do que as inovações inéditas.

Dessa forma, o perfil padrão dos projetos inovadores é de adoção de melhores práticas. Contudo, isso não desqualifica ou diminui a inovação no setor público (BRANDÃO; BRUNO-FARIA, 2013).

Por último, a dimensão impacto da inovação é dividida em incremental ou radical. A inovação incremental consiste em melhorias ou aperfeiçoamentos de serviços ou produtos existentes na organização, exigindo poucos ajustes na instituição e baixo impacto nos resultados obtidos quando comparado com a inovação radical.

Por outro lado, a inovação radical promove alterações disruptivas em produtos ou serviços ofertados à sociedade assim como a introdução de novos produtos e serviços, impactando profunda e significativamente a organização e os resultados (OCDE, 2005;

Projeto MEPIN, 2011; VAN ACKER, 2018). Perry (2010) afirma ainda que as inovações radicais estão sujeitas a maior risco e custo do que as inovações incrementais. Além disso, no setor público, a maior parte das inovações possuem atributos de inovações incrementais.

3 Ferramenta de priorização de ideias e projetos inovadores

A ferramenta proposta por este trabalho busca priorizar as iniciativas inovadoras, sendo aplicada na etapa de seleção de ideias ou projetos inovadores dentro de um ciclo de inovação em operação e partirá do modelo desenvolvido por Polignano (2011).

Esse autor apresenta um modelo de classificação de ideias e projetos inovadores conforme mostrado na Figura 1. O trabalho é direcionado e aplicado em empresas privadas.

Apesar disso, seu modelo será adaptadado à realidade do setor público a partir da revisão bibliográfica desenvolvida até o momento, notadamente a classificação da inovação aplicada ao setor público.

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Figura 1 – Modelo de Classificação da Inovação.

Fonte: Polignano (2011)

No modelo apresentado, as áreas em que a empresa direcionará seus esforços de inovação estão relacionadas no eixo vertical: modelo de negócio, segmento social e de mercado, produto e serviço, processo fim, processo de apoio e gestão e estrutura. Já no eixo vertical, a Figura 1 mostra o nível de intensidade de inovação, sendo o conhecido da organização, o novo para a organização e o novo para a sociedade.

Essa classificação apresenta convergência com relação à dimensão de grau de novidade discutida anteriormente. Polignano (2011) ainda adiciona a inovação conhecida da organização em que os produtos e processos da entidade sofrem melhorias a partir, por exemplo, de técnicas como PDCA ou Six Sigma. O PDCA é um acrônimo para Plan (Planejar), Do (Fazer), Check (Verificar) e Action (Agir) e trata-se de um ciclo de melhoria contínua, criado por Walter A. Shewart. Já Six Sigma é a metodologia de qualidade total que busca reduzir para “3,4 defeitos por milhão de operações em processo de fabricação ou de serviços” criado pela Motorola e utilizado maciçamente pela General Electric na década de 90 e 2000 (WELCH; BYRNE, 2001). Dessa forma, a inovação conhecida da organização promove impactos pequenos nos resultados e na estrutura organizacional quando comparada às inovações novas para organização ou novas para a sociedade. Contudo, ainda é reconhecida como inovação.

A inovação também pode ser de melhoria, mudança ou inovação. Mais uma vez observa-se harmonia entre essa classificação e a dimensão impacto da inovação no setor público tratada anteriormente, sendo que as inovações de melhoria e mudança são

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congruentes com a inovação incremental. Enquanto a inovação está intimamente relacionada à inovação radical ou disruptiva.

Diante do exposto, o modelo focado na iniciativa privada é adaptado à luz da revisão de literatura deste trabalho que é orientada para a inovação do setor público. A Figura 2 revela a ferramenta proposta e observa-se que as áreas foco são substituídas pela dimensão de tipologia de inovação no setor público de van Acker (2018). Já para a dimensão grau de novidade, adota-se a proposta de Polignano (2011), por ser mais didática ao adicionar mais uma classificação: conhecido da organização. Contudo, ainda é aderente à revisão literária deste trabalho, não causando prejuízo aos conceitos apresentados.

Figura 2 – Ferramenta seleção/classificação de ideias e projetos inovadores aplicada ao setor público.

Fonte: Adaptado de Polignano (2011).

Por último, a dimensão impacto da inovação também é inserida no modelo apresentado, sendo que melhoria está contida na inovação incremental. Além disso, aquilo que é novo para a organização poderá ser classificado como incremental ou radical, dependendo do impacto causado na organização. Por outro lado, o que é novo para a sociedade será classificada como inovação radical ou disruptiva (impacto significativo).

O ferramenta ainda indica para o administrador público o nível de risco e impacto da ideia ou projeto inovador: quanto mais à direita do eixo horizontal a ideia ou projeto inovador se localizar, maior será o risco e custos de implementação assim com os impactos nos resultados e na organização (PERRY, 2010).

A aplicação da ferramenta de seleção/priorização de ideias e projetos inovadores no setor público exige que a organização entenda o conceito da inovação no setor público e esteja comprometida com a cultura da inovação. Assim, é necessário que as ideias e projetos

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inovadores devam ser inéditos ou melhorem significativamente produtos/serviços públicos (requisito do conceito de inovação). A organização deverá também possuir o ciclo de inovação implantado ou em fase de implantação e a ferramenta proposta se aplica à etapa de seleção de um ciclo de inovação.

Ademais, a alta administração do órgão público deverá determinar, preferencialmente a partir do plano estratégico, os tipos de ideias e projetos inovadores que serão fomentados dentro da entidade. A cúpula da organização deverá determinar o nível de risco aceito nos projetos, ciente que quanto maior o grau de novidade, maiores serão os riscos/custos e, do mesmo modo, as recompensas (resultados) esperadas. Tendo em vista que o sucesso dos projetos inovadores é condição de sustentabilidade da política de inovação no setor privado ou público, é recomendado gerar um portfólio de iniciativas inovadoras de risco moderado, com uma quantidade maior de propostas de conhecimento ou novo para a organização. Essa recomendação é principalmente relevante no início do processo de implantação do ciclo inovação.

A aplicação da ferramenta proposta pode ser visualizada por meio de uma situação fictícia a seguir apresentada. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SEDE) de um ente da federação tem como diretriz estratégica o estímulo ao empreendedorismo. BANCO MUNDIAL (2019) defende que a burocracia estatal é um obstáculo ao desenvolvimento das empresas. Assim, a SEDE definiu que seus esforços devem ser direcionados ao tipo de inovação administrativa ou tecnológica de processos e aceita risco/custo moderado. Dessa forma, um servidor público propõe um projeto de abertura de empresas simplificado por meio da Internet. Atualmente este processo é totalmente manual.

Analisando a situação fictícia, pode-se afirmar que o projeto é inovador, pois propõe uma melhoria significativa. Além disso, está em linha com a área foco e risco moderado definidos pela alta administração. Trata-se de um projeto do tipo de inovação tecnológica de processo, tendo em vista o uso de novas tecnologias para a prestação de serviço público à sociedade. Ademais, o projeto é novo para a organização, pois propõe um modelo de atendimento ao empresário desconhecido para a instituição. Contudo, países como Austrália e Singapura já adotam essa inovação. Logo, não é novo para sociedade.

Também pode se afirmar que a inovação é radical, uma vez que busca implantar um sistema de abertura de empresas eletrônico e automatizado. Isso provoca alto impacto para a organização (processos mais eficientes) e no resultado percebido pelo empreendedor (abertura de empresa sem deslocamentos e burocracia, utilizando a internet). Dessa forma, pode-se posicionar o projeto inovador na ferramenta (Projeto 1) e compará-lo a outros projetos,

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conforme mostrado na Figura 3 do Anexo. Em um cenário de recursos limitados e demandas infinitas, a seleção e priorização as ideias e projetos mais aderentes à estratégia da organização é fundamental para uso racional dos recursos públicos.

Figura 3 – Aplicação da ferramenta proposta.

Fonte: Adaptado de Polignano (2011).

Visando ampliar o entendimento da ferramenta a partir da situação fictícia apresentada, serão inseridos na ferramenta 2 (dois) projetos inovadores: Projeto 2 e Projeto 3.

O Projeto 1 é o sugerido pela situação fictícia: abertura de empresas simplificado por meio da Internet. Por meio do exame do portfólio de projetos inovadores lançados na ferramenta (Figura 3), verifica-se que os projetos 2 e 3 não estão alinhados com as diretrizes da organização da situação fictícia. O Projeto 2 trata de inovação de governança. Assim, não é o tipo de projeto inovador foco da instituição. Já o Projeto 3 é de inovação processos. Contudo, por ser desconhecido pela sociedade, seu risco/custo é elevado, confrontando o perfil moderado exigido pela alta administração. Por outro lado, o Projeto 1 de abertura de empresas simplificado por meio da Internet está perfeitamente alinhado às diretrizes da organização e dentre os três projetos deverá ser selecionado para a próxima etapa do ciclo de inovação:

desenvolvimento.

Destaca-se que as ideias e projetos inovadores devem ser classificados e lançados nos quadrantes da ferramenta. Dessa forma, o gestor público também poderá visualizar a distribuição das ideias/projetos da instituição, identificando o perfil da inovação gerada.

Ressalta-se também que o modelo de Polignano (2011) já foi aplicado pelo Governo do Estado de Minas Gerais na metodologia de inovação implantada pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (VALLE, 2012). Contudo, este trabalho inova ao buscar na literatura

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atual relacionada à inovação no setor público e adaptar o modelo às características particulares da Administração Pública.

4 Conclusão

Este trabalho pesquisou o conceito de inovação no setor público e sua classificação, sendo então apresentada uma ferramenta a ser aplicada na fase de seleção de ideias e projetos inovadores em instituições do setor público que buscam aperfeiçoar o ciclo de inovação ou mesmo implantá-lo. Esse instrumento se torna relevante em um cenário enfrentado pelo administrador público de escassez de recursos do aparato estatal e necessidades infinitas da sociedade.

A pesquisa partiu do conceito da inovação no contexto das instituições governamentais. Verificou-se que a definição não é unanime entre os estudiosos da área, mas foi possível verificar as similaridades entres as diversas concepções. Por fim, conclui-se que a definição de inovação no setor publico é a combinação de ideias criativas, inéditas ou que melhorem significativamente produtos/serviços/processo, e sua implantação de sucesso.

Este trabalho pesquisou também as classificações da inovação do setor público, sendo identificadas 3 (três dimensões): tipologia da inovação (produtos/serviços, processo ou de governança), grau de novidade (novo para organização ou novo para a sociedade) e impacto da inovação (incremental ou radical).

O arcabouço teórico estudado proporcionou a adaptação do modelo de Polignano (2011), sendo proposta uma ferramenta de seleção/priorização de ideias e projetos inovadora adequada ao contexto da Administração Pública. A partir de uma situação fictícia, buscou-se demonstrar a aplicação em um cenário familiar ao gestor público.

Tendo sido concluída esta pesquisa e considerando a revisão teórica realizada, sugere- se o desenvolvimento de novos trabalhos de pesquisa objetivando compreender a etapa seguinte à seleção/priorização do ciclo de inovação: desenvolvimento da ideia e projeto inovador.

A revisão bibliográfica mostrou que as instituições inovadoras estão sujeitas aos riscos inerentes ao desenvolvimento e implantação da inovação. Assim, é relevante investigar os instrumentos possíveis de serem utilizados pela organização governamental que minimizem os riscos dessa etapa e maximizem as possibilidades de sucesso.

Encerrando este trabalho, destaca-se a crescente importância dada à inovação no setor público por políticos, administradores públicos e acadêmicos em um cenário no qual o Poder

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Público deve enfrentar problemas sociais complexos combinados à austeridade fiscal exigida pelos diversos setores da sociedade moderna.

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