• Nenhum resultado encontrado

Operadores hipercíclicos em espaços vetoriais topológicos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Operadores hipercíclicos em espaços vetoriais topológicos"

Copied!
91
0
0

Texto

(1)

em espa¸cos vetoriais topol´ogicos

D´ebora Cristina Brandt Costa

DISSERTAC ˜AO APRESENTADA AO

INSTITUTO DE MATEM ´ATICA E ESTAT´ISTICA DA

UNIVERSIDADE DE S ˜AO PAULO PARA

OBTENC ˜AO DO GRAU DE MESTRE EM

CIˆENCIAS

´

Area de concentra¸c˜ao: Matem´atica

Orientadora: Profa. Dra. Mary Lilian Louren¸co

Durante a elabora¸c˜ao deste trabalho, a autora recebeu apoio financeiro da FAPESP.

(2)

em espa¸cos vetoriais topol´ogicos

Este exemplar corresponde `a reda¸c˜ao final da disserta¸c˜ao devidamente corrigida e defendida por D´ebora Cristina Brandt Costa e aprovada pela comiss˜ao julgadora.

S˜ao Paulo, 16 de mar¸co de 2007.

Banca examinadora:

• Prof. Dr. Mary Lilian Loureno IME-USP

• Prof. Dr. Andr´e Arbex Hallack UFJF

(3)

Aos Meus Pais,

(4)

Agradecimentos

Reservo este espa¸co para expressar minha gratid˜ao `aqueles que, de alguma forma, contribu´ıram para a concretiza¸c˜ao deste trabalho.

Primeiramente, agrade¸co `a professora Mary Lilian Louren¸co, n˜ao apenas pela orienta¸c˜ao, mas pela amizade e compreens˜ao ao longo desses ´ultimos trˆes anos. Tamb´em sou grata ao prof. Andr´e Arbex Hallack, pela disposi¸c˜ao em ajudar-me nos assuntos pertinentes `a esse trabalho, por ter assistido meus semin´arios e ter lido v´arias vers˜oes preliminares desta disserta¸c˜ao.

Agrade¸co `a Neusa Rogas Tocha, pelo companheirismo, paciˆencia em me ouvir treinar apresenta¸c˜oes e ajudar em muitos momentos no decorrer desse mestrado. Aos meus colegas de gradua¸c˜ao e mestrado Eliza R. Andrade, Tatyana Okano, Maria Cristina (Macris) Amaral, Ednei Reis, M´arcio M. Onodera, M´arcio Villar, Rodnei Silva, S´ergio Malacrida, Carlos Griese e Guilherme Benitez, pela amizade e pela cumplicidade em tantos momentos que passamos juntos nesses v´arios anos aqui no IME; em especial ao Paulo (Piu) Taneda, Pedro Kaufmann e Fernando (Bolha) Lima, pelo aux´ılio nos ´ultimos momentos antecedentes `a defesa.

O meu muito obrigada aos demais professores e funcion´arios do IME pela aten¸c˜ao e solicitude com que sempre me trataram nos assuntos acadˆemicos e burocr´aticos.

Tamb´em aos meus colegas do Maps Risk, principalmente ao senhor Victor Hugo Pafume, pela boa vontade em me liberar todas as quintas `a tarde, para que pudesse concluir esse trabalho.

Tenho muito a agradecer aos meus pais, pelo carinho e compreens˜ao e prin-cipalmente ao meu marido L´ucio, pela for¸ca, companheirismo, paciˆencia e apoio incondicional em todos os momentos, que s´o quem ama consegue dedicar.

(5)

Resumo

Dado E um espa¸co vetorial topol´ogico e T um operador linear cont´ınuo em E, diremos que T ´e hiperc´ıclico se, para algum elemento x ∈ E, a ´orbita de x sob T, Orb(x, T) = {x, T x, T2x, ...}, for densa em E. Nosso objetivo ser´a apresentar al-guns resultados sobre hiperciclicidade e observar como alal-guns espa¸cos comportam-se diante dessa classe de operadores.

Abstract

Let E be a topological vector space and T a continuous linear operator on E. We say that T is hypercyclic if, for some x ∈ E, the orbit of x on T, Orb(x, T) =

(6)

Nota¸c˜ao iv

Introdu¸c˜ao 1

1 Preliminares 4

1.1 Categorias de Baire . . . 4

1.2 Topologias Fraca e Fraca-Estrela . . . 4

1.3 Operadores em Espa¸cos de Banach . . . 7

1.4 Espa¸cos Localmente Convexos . . . 9

1.5 Espa¸co C(G) de Fun¸c˜oes Cont´ınuas (G⊂C aberto) . . . 13

1.6 O Espa¸co H(C) das Fun¸c˜oes Inteiras em C. . . 18

2 Hiperciclicidade 22 2.1 Exemplos Cl´assicos . . . 24

2.2 Alguns Resultados sobre Hiperciclicidade . . . 31

3 Hiperciclicidade em ‘Weighted Shifts’ Bilaterais 38 4 Os Operadores de Convolu¸c˜ao 54 5 Polinˆomios d-Homogˆeneos em Espa¸cos de Banach 66 5.1 Polinˆomios Homogˆeneos em Espa¸cos Normados . . . 66

5.2 Existˆencia de Polinˆomio Hiperc´ıclicos . . . 74

Referˆencias 82

(7)

Ao longo desta disserta¸c˜ao, estaremos utilizando as seguintes nota¸c˜oes:

X espa¸co normado

E espa¸co vetorial topol´ogico

N0 o conjunto dos n´umeros inteiros n˜ao negativos N o conjunto dos n´umeros naturais

K o corpo R ouC

lp(I) o espa¸co de Banach das seq¨uˆencias (xn)n∈I p−som´aveis, onde p´e um n´umero natural e I =N ouI =Z

BX a bola unit´aria fechada de um espa¸co normadoX

BX◦ a bola unit´aria aberta de um espa¸co normado X X∗ o dual topol´ogico de X, munido da sua norma usual

B(X, Y) o espa¸co de todas as aplica¸c˜oes lineares limitadas entre os espa¸cos normados X eY

T∗ o operador adjunto de T ∈ B(X, Y),

ek a seq¨uˆencia (0,0, ...,0,1,0, ...) com 1 nak−´esima posi¸c˜ao, pertencente a lp(N)

[x, y] o subespa¸co vetorial gerado pelos elementos x e y H(C) o espa¸co das fun¸c˜oes inteiras f :CC

f(n) a derivadan-´esima de f ∈ H(C)

Tn(x) o operador T aplicado n vezes sobre o vetorx

(8)

Sabemos que a An´alise se caracteriza pelo estudo de processos limitantes. Clara-mente, nem todo processo limitante converge. Entretanto, ao longo do tempo, foram encontrados exemplos de processos que, apesar de divergirem, o faziam de uma maneira maximal. Essa “divergˆencia maximal” est´a freq¨uentemente associada ao fenˆomeno da universalidade.

Defini¸c˜ao Dados E e F espa¸cos topol´ogicos, uma fam´ılia de aplica¸c˜oes cont´ınuas

Tl : E → F, (l ∈ I), ´e dita universal se o conjunto {Tlx : l ∈ I} for denso em F para algum x∈E.

A importˆancia do estudo das universalidades reside na observa¸c˜ao que qualquer processo em An´alise que diverge ou se comporta irregularmente parece produzir (em alguns casos) um elemento universal e, se ´e confirmada a existˆencia, ela ´e abundante: em muitos casos, quase todo elemento ´e universal (no sentido de categorias de Baire). Assim, universalidade tem-se mostrado um fenˆomeno gen´erico em An´alise.

O primeiro exemplo conhecido de operadores universais vem de 1929, com um trabalho de G. D. Birkhoff [6], no qual foi provada a existˆencia de uma fun¸c˜aof no espa¸co de Fr´echet H(C) das fun¸c˜oes inteiras em C munido da topologia

compacto-aberta, tal que o conjunto{f(z), f(1 +z), ..., f(n+z), ...}´e denso emH(C). J´a em

1952, MacLane provou em [18] que existe uma fun¸c˜aof ∈H(C) tal que o conjunto {f, f′, ..., f(n), ...}´e denso em H(C).

Durante os ´ultimos 20 anos, um tipo particular de universalidade vem sendo estu-dado intensamente: em espa¸cos vetoriais topol´ogicos, usualmente espa¸cos de Banach ou Hilbert, considera-se uma seq¨uˆencia (Tn)n∈Nde operadores gerada a partir de um

´

unico operador linear cont´ınuo T via itera¸c˜ao. Se tal seq¨uˆencia for universal, dize-mos que T ´e um operador hiperc´ıclico. Mais precisamente:

Defini¸c˜aoSejam E um espa¸co vetorial topol´ogico e T um operador linear cont´ınuo em E. Diremos que T ´e hiperc´ıclico se, para algum elemento x ∈ E, a ´orbita de

x sob T, Orb(x, T) = {x, T x, T2x, ...}, for densa em E. Nesse caso, tal elemento

(9)

x∈E ser´a chamado um vetor hiperc´ıclico para T.

Em hiperciclicidade, al´em dos aspectos de universalidade mencionados acima, temos um terceiro aspecto: hiperciclicidade ´e uma propriedade geom´etrica do ope-radorT envolvido. Mais precisamente, um elementoxser´a hiperc´ıclico se, e somente se, E n˜ao possuir subconjuntos fechados T-invariantes n˜ao triviais contendo x.

Os primeiros exemplos conhecidos de operadores hiperc´ıclicos em espa¸cos de Banach ou Hilbert s˜ao devidos a Rolewicz em 1969 [26]. Considerando determinados espa¸cos de seq¨uˆencias complexasX (X =lp,1≤p < ∞ouX =c0), e os operadores

Tλ em X, conhecidos na literatura como “weighted backward shifts”, definidos por

Tλ :X −→ X

(x1, x2, ...) 7→ (λx2, λx3, ...)

Rolewicz mostrou que, sempre que λ > 1, existe um vetor hiperc´ıclico associado a esses operadores.

Embora os exemplos de Rolewicz tenham sido os primeiros em hiperciclicidade em espa¸cos de Banach ou Hilbert, salientamos que, tanto o resultado de Birkhoff quanto o de MacLane, podem ser vistos em termos de operadores hiperc´ıclicos em

H(C), como operadores transla¸c˜ao e diferencia¸c˜ao respectivamente.

O termo hiperciclicidadefoi utilizado pela primeira vez por B. Beauzamy [4] e foi motivado pelo bem estabelecido conceito de ciclicidade na teoria de operadores em espa¸cos de Hilbert: dadosH um espa¸co de Hilbert eT :H →H um operador linear cont´ınuo, dizemos que um vetor x∈H ´e c´ıclico se [x, T x, T2x, ..., Tnx, ...] for denso emH. Os vetores c´ıclicos s˜ao importantes no estudo de subespa¸cos invariantes: dado

T um operador definido em um espa¸co de HilbertH, H n˜ao cont´em subespa¸cosT -invariantes fechados n˜ao triviais se, e somente se, todo vetor n˜ao nulo do espa¸co

H for c´ıclico. Assim, como a no¸c˜ao de ciclicidade corresponde ao problema de subespa¸co fechado n˜ao trivial T-invariante, a no¸c˜ao de hiperciclicidade corresponde ao problema do subconjunto fechado n˜ao trivial T-invariante.

(10)

O primeiro cap´ıtulo apresentar´a alguns resultados e defini¸c˜oes conhecidos tanto de An´alise Funcional como de An´alise Complexa. Com isso, pretendemos apresentar os pr´e-requisitos para o entendimento dessa disserta¸c˜ao, tornando-a o mais auto-consistente poss´ıvel.

Em seguida, apresentaremos alguns resultados gerais sobre hiperciclicidade exis-tentes nos artigos [1], [7] e [11], juntamente com os primeiros exemplos conhecidos de operadores hiperc´ıclicos em An´alise Complexa. Esse ser´a o conte´udo do cap´ıtulo dois.

J´a no terceiro cap´ıtulo mostraremos como certos operadores definidos no espa¸co de seq¨uˆencias l2(Z) comportam-se em rela¸c˜ao `a hiperciclicidade.

Ainda nesse sentido, o cap´ıtulo quatro ser´a dedicado ao comportamento do espa¸co de Fr´echetH(C). Verificaremos que existem operadores hiperc´ıclicos definidos

sobre H(C), a saber, os operadores de convolu¸c˜ao .

Outro espa¸co que iremos estudar sob esse aspecto ser´a o espa¸co dos polinˆomios

(11)

Preliminares

O objetivo deste cap´ıtulo ´e apresentar algumas defini¸c˜oes e resultados que ser˜ao utilizados ao longo deste trabalho.

1.1

Categorias de Baire

No que segue, enunciaremos o Teorema de Baire, pois este ser´a ´util no Cap´ıtulo 2 para o estudo de vetores hiperc´ıclicos.

Teorema 1.1 (Teorema de Baire) Seja M um espa¸co m´etrico completo. Ent˜ao toda intersec¸c˜ao enumer´avel de abertos densos em M ´e tamb´em um subconjunto denso em M.

Demonstra¸c˜ao: Ver [21], p´agina 37.

1.2

Topologias Fraca e Fraca-Estrela

As defini¸c˜oes e resultados a seguir ser˜ao utilizados no decorrer desta disserta¸c˜ao, mais precisamente ao longo dos Cap´ıtulos 4 e 5. Inicialmente, definiremos as topologias fraca e fraca-estrela sobre um espa¸co de Banach X.

Defini¸c˜ao 1.2 Seja X um espa¸co de Banach.

(i) Chamamos de topologia fraca, ou w-topologia, sobreX a topologia gerada pelos conjuntos

O ={x∈X :|fj(x−x0)|< ε, para j = 1, ..., n},

quaisquer que sejamx0 ∈X, f1, ..., fn ∈X∗eε >0e a denotamos tal topologia por σ(X, X∗).

(12)

(ii) A topologia fraca-estrela, ou w∗-topologia, definida sobre o espa¸co dual de X,

X∗, ´e a topologia gerada por uma base formada pelos conjuntos

O∗ ={f X:|(f f0)(x

j)|< ε, para j = 1, ..., n},

quaisquer que sejam f0 ∈X∗, x1, ..., xn ∈X e ε >0. Denotamos tal topologia por σ(X∗, X).

Dizemos que uma seq¨uˆencia ´e fracamente convergente (w-convergente) se con-vergir com respeito `a topologia fraca em X. Analogamente, uma seq¨uˆencia ´e dita fraca-estrela convergente (w∗-convergente) se convergir com respeito `a topologia fraca-estrela emX∗.

A seguir, introduziremos uma proposi¸c˜ao que ser´a utilizada ao longo do Cap´ıtulo 5, mais precisamente na Proposi¸c˜ao 5.14. Visando facilitar a sua demonstra¸c˜ao, consideraremos o seguinte resultado:

Lema 1.3 Seja X um espa¸co normado separ´avel de dimens˜ao infinita. Ent˜ao: (a) existe uma seq¨uˆencia (vn)n∈N linearmente independente densa em X.

(b) existe uma seq¨uˆencia(y∗

n)n∈Nlinearmente independente densa emX∗na

topolo-gia fraca-estrela.

Demonstra¸c˜ao: ([14], p´agina 57, Proposi¸c˜oes 3 e 4).

Proposi¸c˜ao 1.4 Sejam X um espa¸co de Banach separ´avel de dimens˜ao infinita e

X∗ o seu dual. Ent˜ao existem seq¨uˆencias (x

n)n∈N ⊂X e (x∗n)n∈N⊂X∗ linearmente

independentes tais que

    

[xn:n∈N] =X, [x∗

n:n∈N] w∗

=X∗,

x∗

m(xn) =δnm.

Demonstra¸c˜ao: Sejam (yn)n∈N uma seq¨uˆencia de elementos n˜ao nulos deX tais

que [yn :n∈N] =X (cuja existˆencia ´e garantida pelo Lema 1.3(a)), e (yn∗)n∈N⊂X∗

uma seq¨uˆencia tal que [y∗

n :n ∈N] w∗

=X∗ (Lema 1.3(b)). Observe que, se para todo n∈N, y

n(x0) = 0 comx0 ∈X, segue que g∗(x0) = 0, para todo g∗ [y

n : n ∈ N]. Consideremos agora f ∈ X∗, e R > 0 tal que

f ∈ RBX∗. Como X ´e um espa¸co de Banach separ´avel, RBX∗ ´e metriz´avel na

(13)

(g∗

n)n∈N⊂ [yn∗ :n ∈N] ∩ RBX∗ tal que, para todo x∈X, temos lim

j→∞g ∗

j(x) =f(x). Em particular,

y∗n(x0) = 0, ∀n∈N=g

j(x0) = 0, ∀j ∈N=⇒f(x0) = limj→∞gj∗(x0) = 0.

Nesse caso, como f foi escolhido arbitrariamente, segue que x0 = 0, se yn∗(x0) = 0, para todo n∈N (1).

Feita essa observa¸c˜ao, vamos construir indutivamente elementos (xn)n∈N em X

e (x∗

n)n∈N em X∗ tais que      x∗

m(xn) = δmn,

[yn:n∈N] = [xn:n∈N], [y∗

n:n∈N] = [x∗n:n∈N]. Comecemos considerando x1 =y1 e x∗1 =

y∗

k1

y∗

k1(y1), onde k1 ´e qualquer inteiro tal que y∗

k1(y1)6= 0 (comoy1 6= 0, por (1), existe tal k1). Ent˜ao Seja h2 o menor inteiro tal

que y∗ h2 6∈[x

1] e consideremos

x∗2 =yh2 −x∗1.yh2(x1).

Pela forma como foi escolhido, x∗

2 6= 0. Podemos ent˜ao tomar

x2 =

yk2 −x1.x

∗ 1(yk2)

x∗ 2(yk2)

,

onde k2 ´e qualquer ´ındice tal que x∗2(yk2) 6= 0 (cuja existˆencia ´e garantida por (1)).

Note que

x∗1(x1) = y ∗ k1(y1)

y∗ k1(y1)

= 1;

x∗1(x2) = x∗1

yk2 −x1.x

∗ 1(yk2)

x∗ 2(yk2)

=

= x

1(yk2)−x

1(x1).x∗1(yk2)

x∗ 2(yk2)

= 0;

x∗2(x1) = (y∗h2 −x∗1.yh2(x1))(x1) = = y∗h2(x1)−x1∗(x1).yh2(x1) = 0;

x∗2(x2) = x∗2

yk2 −x1.x

∗ 1(yk2)

x∗ 2(yk2)

=

= x

2(yk2)−x

2(x1).x∗1(yk2)

x∗ 2(yk2)

(14)

Assim, pela nossa escolha, x∗

m(xn) =δmn para 1≤m, n≤2.

No pr´oximo passo, seja h3 o menor inteiro tal que yh3 6∈[x1, x2] e consideremos

x3 =yh3 −x1.x

1(yh3)−x2.x

∗ 2(yh3),

x∗ 3 =

y∗ k3 −x

1.yk∗3(x1)−x

2.yk∗3(x2)

y∗ k3(x3)

,

ondek3 ´e qualquer ´ındice tal queyk∗3(x3)6= 0. Assim, pode-se mostrar quex

m(xn) =

δm

n para 1≤m, n≤3.

Continuamos a constru¸c˜ao da seq¨uˆencia dessa mesma forma: no passo 2n, come¸camos emX∗ e constru´ımos primeiro o elementox

2n, enquanto no passo 2n+1, come¸camos construindo ox2n+1. Por constru¸c˜ao, as seq¨uˆencias (xn)n∈Ne (x∗n)n∈Ns˜ao linearmente

independentes.

Observe agora que, do modo como foram constru´ıdos os vetores xn, temos que [yn : n ∈ N] = [xn : n ∈ N]. De fato, claramente, [xn : n ∈ N] ⊂ [yn : n ∈ N]. Por outro lado, pela forma como foi definido x1, temos quey1 ∈[x1]. Considerando ent˜ao y2, claramente y2 ∈/ [x1], pois y1 e y2 s˜ao linearmente independentes. Ent˜ao ou y2 ∈ [x1, x2] ou o ´ındice 2 ´e o menor inteiro tal que y2 ∈/ [x1, x2]. Nesse caso, pela forma como x3 foi constru´ıdo, segue que y2 = x3 +x1.x∗1(y2) + x2.x∗2(y2), ou seja, y2 ∈[x1, x2, x3]. Novamente, y3 ∈/ [x1, x2, x3], pois y1, y2 e y3 s˜ao l.i. Assim, ou

y3 ∈[x1, x2, x3, x4] ou o ´ındice 3 ´e o menor inteiro tal que y3 ∈/ [x1, x2, x3, x4]. Ent˜ao

y3 =x5+x1.x∗1(y3)+x2.x∗2(y3)+x3.x3∗(y3)+x4.x∗4(y3), ou seja,y3 ∈[x1, x2, x3, x4, x5]. Generalizando, yn∈[x1, x2, x3, ..., x2n−1], para todo n ∈N.

Assim, mostramos que [yn : n ∈ N] = [xn : n ∈ N]. Por um argumento an´alogo, mostramos que [y∗

n : n ∈ N] = [x∗n : n ∈ N]. Como [yn :n∈N] = X, e [y∗

n :n ∈N] w∗

=X∗, segue que

  

 

[yn:n∈N] = [xn:n∈N] e [xn :n ∈N] =X, [y∗

n:n∈N] = [x∗n:n∈N] e [x∗n :n ∈N] w∗

=X∗,

x∗

m(xn) = δmn.

1.3

Operadores em Espa¸cos de Banach

Sejam X e Y espa¸cos de Banach complexos. Denotaremos porB(X, Y) o espa¸co de Banach das aplica¸c˜oes lineares limitadas de X em Y. Se X = Y, denotaremos tal espa¸co porB(X).

Considerando agora os duais X∗ eYdeX eY respectivamente, a aplica¸c˜ao T∗ deY∗ em X´e definida da seguinte forma:

(15)

Defini¸c˜ao 1.5 SejamX um espa¸co de Banach complexo eT ∈ B(X, Y). O espectro

σ(T) de T ´e definido por

σ(T) ={λ∈C:λI T n˜ao ´e invert´ıvel},

onde I ´e o operador identidade. Chamamos de espectro pontual de T, σp(T), ao conjunto dos autovalores de T, isto ´e, ao conjunto de todos os λ ∈ σ(T) para os quais a aplica¸c˜ao (T −λI) n˜ao ´e injetora.

A pr´oxima proposi¸c˜ao nos fornece uma rela¸c˜ao entre a aplica¸c˜aoT ∈ B(X) e sua adjunta T∗ ∈ B(X), onde X ´e um espa¸co de Banach. Tal resultado ser´a utilizado ao longo do Cap´ıtulo 2.

Proposi¸c˜ao 1.6 Sejam X um espa¸co de Banach e T ∈ B(X). Ent˜ao o operador

T∗ ser´a injetor se, e somente se, a imagem de T for densa em X.

Demonstra¸c˜ao: Ver [21], p´agina 290, Teorema 3.1.17(b).

O teorema a seguir diz respeito a extens˜oes de aplica¸c˜oes lineares cont´ınuas definidas sobre espa¸cos de Banach. Tal resultado ser´a utilizado ao longo do Cap´ıtulo 4.

Teorema 1.7 Sejam Y um espa¸co de Banach e Z um subespa¸co de um espa¸co normado X. Se T :Z →Y for uma aplica¸c˜ao linear cont´ınua, ent˜ao T possui uma extens˜ao T˜: ¯Z →Y linear cont´ınua de norma kTk=kT˜k.

Demonstra¸c˜ao: Consideremos x∈ Z¯. Ent˜ao existe uma seq¨uˆencia (xn)n∈N ⊂ Z

tal que xn →x. Agora, T ´e cont´ınua; logo, quaisquer que sejam m, n∈N,

kT xn−T xmk=kT(xn−xm)k ≤ kTkkxn−xmk.

Assim, a seq¨uˆencia (T xn)n∈N´e de Cauchy emY, uma vez que (xn)n∈N´e convergente

em X.

Como Y ´e completo, existe y ∈ Y tal que T xn → y. Definamos ent˜ao ˜T x= y. Note que tal y independe da escolha feita para a seq¨uˆencia (xn)n∈N: de fato, se

considerarmos duas seq¨uˆencias (xn)n∈N,(wn)n∈N ∈ Z convergindo ambas para x,

teremos

(16)

Vamos mostrar a seguir que ˜T ´e linear.

Sejam y, z ∈Z¯ e λ∈K quaisquer. Ent˜ao existem (yn)n∈N,(zn)n∈NZ tal que y= limyn=⇒T y˜ = limT yn e z = limzn =⇒T z˜ = limT zn.

Logo

˜

T y+λT z˜ = limT yn+λlimT zn = lim(T yn+λT zn) = = limT(yn+λzn) = ˜T(y+λz),

pois yn+λzn→y+λz.

Dados x ∈ Z¯ e (xn)n∈N ∈ Z com xn → x, vimos que limT xn = ˜T x. Como T ´e cont´ınua, kT xnk ≤ kTkkxnk para todo n e, pela continuidade da norma temos

kT xk ≤ kT˜ kkxk. Agora

kT˜k= inf{M >0 :kT xk ≤˜ M.kxk ∀x},

o que implica emkT˜k ≤ kTk. Agora, como ˜T ´e extens˜ao deT,kT˜k ≥ kTk. Portanto

kT˜k=kTk.

1.4

Espa¸cos Localmente Convexos

DadoE um espa¸co vetorial sobre um corpoK munido de uma topologiaτ, dizemos

que E ´e um espa¸co vetorial topol´ogico, ou simplesmente um EVT, se as aplica¸c˜oes (x, y)∈E×E → x+y∈E e

(λ, y)∈K×E λ.yE

s˜ao cont´ınuas.

Exemplo: Qualquer espa¸co normado ´e um espa¸co vetorial topol´ogico.

Defini¸c˜ao 1.8 Sejam E um espa¸co vetorial sobre K e A um subconjunto de E.

Diremos que A ´e convexo se, para quaisquer x, y em A e para quaisquer α, β ≥ 0 com α+β = 1, temos que αx+βy ∈A.

Se X ´e um espa¸co normado, as bolas s˜ao exemplos de conjuntos convexos. ´

(17)

Defini¸c˜ao 1.9 Um espa¸co vetorial topol´ogico E ´e denominado espa¸co localmente convexo (ELC) se cada vizinhan¸ca de zero cont´em uma vizinhan¸ca convexa. Nesse caso, diremos que a topologia de E ´e uma topologia localmente convexa.

Dado um espa¸co normado X qualquer, vimos que X´e um EVT com a topologia induzida pela norma. As bolas

B(0;ε) ={x∈X :kxkX < ε}

com ε >0, formam uma base de vizinhan¸cas convexas de zero. Conseq¨uentemente, cada espa¸co normado ´e um espa¸co localmente convexo.

Defini¸c˜ao 1.10 (i) Um espa¸co vetorial topol´ogico E ´e dito metriz´avel se existe uma m´etrica em E que define sua topologia.

(ii) Todo espa¸co localmente convexo metriz´avel completo ser´a chamado espa¸co de Fr´echet.

Exemplo: Todo espa¸co de Banach X ´e um espa¸co de Fr´echet.

Proposi¸c˜ao 1.11 Seja(Tn)uma seq¨uˆencia de aplica¸c˜oes lineares cont´ınuas definidas de um espa¸co de Fr´echet E com valores em um espa¸co vetorial topol´ogico Hausdorff

F tal que lim

n→∞Tn(x) existe para cada x ∈E. Consideremos a aplica¸c˜ao T definida como

T :E −→ F

x 7−→ T x= lim

n→∞Tn(x). Ent˜ao T ´e uma fun¸c˜ao linear cont´ınua de E em F.

Demonstra¸c˜ao: Ver a demonstra¸c˜ao em [21], p´agina 200.

OBS: Na verdade, para a proposi¸c˜ao acima ser v´alida, basta queE seja um espa¸co vetorial topol´ogico de Baire ([22], p´agina 58). Como todo espa¸co metriz´avel completo ´e de Baire, e trabalharemos no decorrer da disserta¸c˜ao com espa¸cos de Fr´echet, optamos por enunci´a-lo desta forma.

A seguir vamos estudar algumas topologias localmente convexas a partir de fam´ılias de seminormas.

Defini¸c˜ao 1.12 Seja E um espa¸co vetorial. Uma fun¸c˜ao p:E →R´e chamada de

(18)

(a) p(x)≥0 para todo x∈E;

(b) p(λx) =|λ|p(x) para todo x∈E e λ∈K;

(c) p(x+y)≤p(x) +p(y) para todo x, y ∈E.

OBS: Uma seminorma pser´a uma norma se p(x) = 0 implicar em x= 0.

DadosE um espa¸co vetorial qualquer ep:E →Ruma seminorma, consideremos

o conjunto

Up,ε={x∈E :p(x)< ε}, onde ε >0.

Consideremos agora P uma fam´ılia de seminormas em E e o conjunto

B0 ={∩p∈P0Up,ε:P0 ⊂P finito , ε >0}.

Pode-se mostrar que existe uma ´unica topologia localmente convexa τ0 em E que admiteB como base de vizinhan¸cas de zero. Essa topologia ´e a mais fraca emE tal que cada p∈P ´e cont´ınua. ChamamosτP de topologia localmente convexa definida por P. A demonstra¸c˜ao desse fato pode ser encontrada em [22], p´agina 88. Na ver-dade, toda topologia localmente convexa ´e gerada por uma fam´ılia de seminormas.

Exemplo: As topologias fracaw e fraca-estrelaw∗ definidas anteriormente s˜ao ger-adas a partir de fam´ılias dirigidas de seminormas. De fato, lembrando da defini¸c˜ao de conjunto dirigido:

Um conjunto Λ´e dito ser dirigido se existe uma rela¸c˜ao ≺ sobre Λ satisfazendo: (a) λ≺λ, para cada λ∈Λ;

(b) se λ1 ≺λ2 e λ2 ≺λ3, ent˜ao λ1 ≺λ3,

(c) se λ1, λ2 ∈Λ, ent˜ao existe um λ3 ∈Λ satisfazendo λ1 ≺λ3 e λ2 ≺λ3,

Sejam E um espa¸co normado eE∗ o espa¸co dual deE. Para cada AEfinito, definimos a seminorma

pA:E −→ R

x 7−→ pA(x) = max y∗∈A|y

(x)|.

A fam´ılia {pA:A⊂E∗ ´e finito }´e dirigida pela rela¸c˜ao

(19)

e os conjuntos

UA,ε ={x∈E :pA(x)< ε},

onde ε >0 e A⊂E∗ finito, formam uma base de vizinhan¸cas de zero. Analogamente, definindo a fam´ılia dirigida de seminormas

pB :E∗ −→ R

y∗ 7−→ pB(y∗) = max x∈B |y

(x)|, com B ⊂E finito, os conjuntos

UB,ε={y∗ ∈E∗ :pB(y∗)< ε},

onde ε >0, formam uma base de vizinhan¸cas convexas de zero.

O exemplo a seguir trata de dois espa¸cos dos quais voltaremos a falar nas pr´oximas se¸c˜oes deste cap´ıtulo.

Exemplo: Seja E um espa¸co topol´ogico e consideremos C(E) o espa¸co vetorial sobre o corpo C de todas as fun¸c˜oes cont´ınuas definidas em E com valores em C.

Consideremos a fam´ılia de seminormas pK :C(E)→R definidas por

pK(f) = supx∈K|f(x)|,

onde K ´e um subconjunto compacto de E. Os conjuntos

UK,ε ={f ∈ C(E) :pK(f)< ε},

comε >0 formam uma base de vizinhan¸cas abertas convexas de zero e, portanto, in-duzem uma topologiaτP localmente convexa. Chamamos essa topologia de topologia compacto-aberta em C(E) e a denotamos por τ0.

Consideremos agora o espa¸co H(C) constitu´ıdo de todas as fun¸c˜oes f : C C

holomorfas. Claramente, H(C) ⊂ C(C). Mais ainda: se considerarmos a mesma

fam´ılia de seminormas pK onde K ⊂C compacto, os conjuntos

UK,ε ={f ∈ H(C) :pK(f)< ε},

com ε > 0, formam a base de vizinhan¸cas de zero na topologia τ0. Logo H(C) ´e subespa¸co topol´ogico deC(C), munido da topologia compacto-aberta.

Proposi¸c˜ao 1.13 Sejam E e F dois espa¸cos localmente convexos e sejam P e Q

(20)

Demonstra¸c˜ao: Seja q ∈ Q e suponhamos T : E −→ F uma aplica¸c˜ao linear cont´ınua. Ent˜ao existem p ∈ P e δ > 0 tais que p(x) ≤ δ =⇒ q(T x) ≤ 1. Seja

x ∈ E tal que p(x) 6= 0, e consideremos y = p(x)δ x. Ent˜ao p(y) = δ e portanto

q(T y)≤1. Logo

q

T

δ p(x)x

= δ

p(x)q(T x)≤1 =⇒q(T x)≤ 1

δp(x).

Se p(x) = 0, claramente q(T x) ≤ 1

δp(x) ≤ 1 e, portanto, a desigualdade acima continua v´alida. Assim, tomandoc= 1

δ, segue que q(T x)≤cp(x), para todox∈E. Reciprocamente, suponhamos que para cada q ∈ Q, existem p∈ P e c >0 tais que q(T x) ≤ cp(x), para todo x ∈ E. Dado ε > 0, consideremos δ = ε

c. Se x ∈ E for tal que p(x)< δ, ent˜ao q(T x) ≤ cp(x)≤ cε

c =ε. Segue que T ´e cont´ınua em 0 e, portanto, em E.

1.5

Espa¸co

C

(G)

de Fun¸c˜

oes Cont´ınuas (G

C

aberto)

O desenvolvimento a seguir objetiva mostrar que o espa¸co das fun¸c˜oes cont´ınuas definidas num aberto G ⊂ C, C(G), munido da topologia compacto-aberta ´e um

espa¸co de Fr´echet. Para provar tal afirma¸c˜ao, recordamos que, sendo E um espa¸co topol´ogico, um subconjunto A ⊂ E ser´a dito conexo se n˜ao existirem abertos V e

W disjuntos de E tais que A∩V 6=∅, A∩W 6=∅ e A⊂V ∪W. Um subconjunto conexo maximal de A ser´a chamado de componente conexa deA.

Observemos que quaisquer duas componentes conexas deAs˜ao disjuntas e, al´em disso, A ´e a uni˜ao de suas componentes conexas. De fato, se considerarmos V e W

duas componentes conexas distintas deA, e supormosV ∩W 6=∅, ent˜aoV ∪W ser´a um subconjunto conexo, contrariando o fato deV eW serem componentes conexas deA.

Proposi¸c˜ao 1.14 Seja G um aberto em C. Ent˜ao existe uma seq¨uˆencia (Kn)n∈N

de subconjuntos compactos de G tal que G = ∞

[

n=1

Kn. Mais ainda: os conjuntos Kn

podem ser escolhidos de tal forma que satisfa¸cam as seguintes condi¸c˜oes:

(a) Kn⊂intKn+1;

(21)

Demonstra¸c˜ao: Dadoz ∈G qualquer, temos que

d(z,C\G) = inf{|zw|:wC\G}.

Para cada n∈N , seja

Kn ={z :|z| ≤n} ∩ {z :d(z,C\G)≥ 1

n} ⊂G.

Como {z :|z| ≤ n} ´e a imagem inversa do intervalo [0, n] pela fun¸c˜ao m´odulo, que ´e cont´ınua, segue que{z :|z| ≤n} ´e fechado.

Tamb´em o conjunto {z : d(z,C\G) < 1

n} ´e imagem inversa do intervalo [0, n] pela fun¸c˜ao cont´ınua,

g :G −→ R

z 7−→ g(z) = inf{|z−w|:w∈C\G},

do aberto (0,1/n). Assim, cada Kn´e fechado, e limitado em C. Segue que cadaKn ´e compacto. Al´em disso,

Kn⊂

{z :|z|< n+ 1} ∩

z :d(z,C\G)> 1 n+ 1

´e aberto, cont´em Kn e est´a contido em Kn+1. Da´ı segue o item (a). Vamos mostrar a seguir que G=

[

n=1

Kn. Para isso, consideremosz ∈G. Ent˜ao existen1 ∈Ntal que|z| ≤n1. Tamb´em existen2 ∈Npara o qual d(z,C\G)≥ n12. Sendo ent˜ao n = max{n1, n2}, segue que z ∈Kn. Em outras palavras, G⊂

[

n=1

Kn.

Por outro lado, Kn⊂Gpara todon. PortantoG= ∞

[

n=1

Kn. Mais ainda: do fato

deG ser aberto, segue que

G=

[

n=1

intKn.

Assim, estamos em condi¸c˜oes de provar (b): de fato, seK for um subconjunto com-pacto de G, visto que G =

[

n=1

Kn com Kn ⊂ Kn+1 para cada n ∈ N, segue que existen0 ∈N tal que K ⊂Kn0.

Seja G um aberto em C tal que G =

[

n=1

Kn, onde cada Kn ´e compacto e Kn ⊂ intKn+1. Para cada n, definamos ρn(f, g) = sup

z∈Kn

(22)

Definamos tamb´em

ρ(f, g) = ∞

X

n=1 1 2n

ρn(f, g)

1 +ρn(f, g), ( 1)

para f, g ∈ C(G) quaisquer. Note que a s´erie (1) ´e dominada pela s´erie ∞

X

n=1 1 2n, que converge.

Lema 1.15 A fun¸c˜ao ρ:C(G)× C(G)→[0,∞) definida em (1) ´e uma m´etrica em

C(G).

Demonstra¸c˜ao: Para ρ ser uma m´etrica, ρ tem que satisfazer as seguintes pro-priedades:

(a) ρ(f, g)≥0, ∀f, g∈ C(G); (b) ρ(f, g) = 0 =⇒f =g;

(c) ρ(f, g) = ρ(g, f), ∀f, g∈ C(G);

(d) Dadosf, g ∈ C(G) quaisquer, ρ(f, g)≤ρ(f, g) +ρ(f, g).

Dos itens acima, o ´unico que n˜ao ´e trivial ´e o item (d). Para demonstr´a-lo, sejaF a fun¸c˜ao de [0,∞) em [0,∞) definida porF(t) = 1+tt . Observe que F ´e cont´ınua para todo t≥0, e F′(t) = 1

(1+t)2 ≥0. Logo a fun¸c˜ao ´e crescente.

Consideremos agora f, g, h∈ C(G). Para todo z ∈C, |f(z)−g(z)| ≤ |f(z)−h(z)|+|h(z)−g(z)|.

Particularmente, dado n ≥ 1, |f(z)−g(z)| ≤ |f(z)−h(z)|+|h(z)−g(z)|, para todoz ∈Kn. Assim,ρn(f, g)≤ρn(f, h) +ρn(h, g), com ρn(f, g), ρn(f, h), ρn(h, g)∈

[0,∞). Ent˜ao, para cadan,

ρn(f, g)

1 +ρn(f, g) = F(ρn(f, g))≤F(ρn(f, h) +ρn(h, g))

= ρn(f, h)

1 + [ρn(f, h) +ρn(h, g)] +

ρn(h, g)

1 + [ρn(f, h) +ρn(h, g)]

≤ ρn(f, h)

1 +ρn(f, h)+

(23)

Da´ı segue que

ρ(f, g) = ∞

X

n=1 1 2n

ρn(f, g) 1 +ρn(f, g) ≤

X

n=1 1 2n

ρn(f, h) 1 +ρn(f, h)+

ρn(h, g) 1 +ρn(h, g)

= ρ(f, h) +ρ(h, g).

Vimos na se¸c˜ao anterior que a fam´ılia de seminormas {pK :K ⊂G compacto} definidas no espa¸co C(G) gera uma topologia τ0 chamada de topologia compacto-aberta. A seguir, vamos mostrar que essa topologia e a gerada pela m´etrica ρ s˜ao equivalentes.

Lema 1.16 Consideremos o espa¸co C(G) munido da m´etrica ρ definida anterior-mente em (1). Dado ε >0, existem um δ >0 e um compacto K ⊂G tais que, para quaisquer f, g ∈ C(G,C),

sup z∈K

{|f(z)−g(z)|} ≤δ=⇒ρ(f, g)≤ε.

Reciprocamente, dados δ > 0 e K ⊂ G um compacto, existe um ε > 0 tal que, para quaisquer f, g ∈ C(G,C),

ρ(f, g)≤ε=⇒sup z∈K

{|f(z)−g(z)|} ≤δ.

Demonstra¸c˜ao: Vimos que existe uma fam´ılia de compactos {Kn} tal que G = ∞

[

n=1

Kn e {Kn} satisfaz a Proposi¸c˜ao 1.14. Ent˜ao, dado ε > 0, seja p ∈ N tal que ∞

X

n=p+1

1/(2n)< ε/2 e consideremos K =Kp.

Por outro lado, do fato da fun¸c˜ao F definida anteriormente no Lema 1.15 ser cont´ınua, existe δ >0 tal que, se 0≤t < δ,

t

1 +t <

1 2ε.

Tomemos ent˜ao f, g ∈ C(G) tais que supz∈K{|f(z)−g(z)|} ≤δ.

Como Kn ⊂ K para todo n com 1 ≤ n ≤ p, segue que 0 ≤ ρn(f, g) < δ, para todo n= 1, ..., p e, portanto,

ρn(f, g) 1 +ρn(f, g) <

(24)

Assim

ρ(f, g) = p X n=1 1 2n

ρn(f, g) 1 +ρn(f, g)

+ ∞ X n=p+1 1 2n

ρn(f, g) 1 +ρn(f, g)

< p X n=1 1 2n 1 2ε+

X

n=p+1 1 2n <

ε

2 +

ε

2 < ε

Reciprocamente, sejam δ >0 e K ⊂G um compacto quaisquer. Como

G=

[

n=1

Kn = ∞

[

n=1

intKn

pela Proposi¸c˜ao 1.14, existe um p >1 tal que K ⊂Kp. Logo

sup z∈K

{|f(z)−g(z)|} ≤ sup z∈Kp

{|f(z)−g(z)|} = ρp(f, g).

Consideremos ent˜ao ε > 0 tal que, se 0 ≤ s < 2pε, s

1−s < δ (podemos supor a existˆencia de tal ε pela continuidade da fun¸c˜ao s

1−s para s ∈[0,1)). Assim,

ρ(f, g)< ε=⇒

X

n=1

ρn(f, g)

2n(1 +ρn(f, g)) < ε=⇒

ρp(f, g) 1 +ρp(f, g) <2

pε.

Portanto tomando s = ρp(f,g)

1+ρp(f,g), teremos que supz∈K{|f(z)−g(z)|} ≤ ρp(f, g)≤ δ.

Do lema acima, segue que

Lema 1.17 (a) Um conjunto O em(C(G), ρ)´e aberto se, e somente se, para cada

f ∈ O, existirem um compacto K ⊂G e um δ >0 tal que

{g ∈ C(G) : sup z∈K

|f(z)−g(z)|< δ} ⊂ O.

(b) Uma seq¨uˆencia (fn)n∈N em (C(G), ρ) converge se, e somente se, (fn)n∈N

con-vergir uniformemente sobre todos os compactos de G. Proposi¸c˜ao 1.18 O espa¸co m´etrico (C(G), ρ) ´e completo.

Demonstra¸c˜ao: Seja (fn)n∈N uma seq¨uˆencia de Cauchy em C(G). Ent˜ao, para

cada compactoK ⊂Ga seq¨uˆencia das fun¸c˜oes restritas aK, (fn|K)n∈N´e de Cauchy,

ou seja, dado ε >0, existe Nε∈N tal que sup

z∈K

{|fn(z)−fm(z)|}<

ε

(25)

Em particular, para cada z ∈ G, a seq¨uˆencia (fn(z))n∈N ´e de Cauchy em C. Como

C ´e completo, existe ξz C tal que lim

n→∞fn(z) = ξz. Consideremos ent˜ao a fun¸c˜ao

f : G→ C definida por f(z) = ξz; vamos mostrar que f ´e cont´ınua, e que fn|K f|K uniformemente.

Fixemos ε > 0 e seja Nε ∈ N tal que valha (2). Dado z ∈ K qualquer, pela defini¸c˜ao de f, existe mz > Nε para o qual |fmz(z)−f(z)| <

ε

2. Assim, para todo

n > Nε, temos |fn(z)−f(z)| < |fn(z)−fmz(z)|+|fmz(z)−f(z)| < ε. Segue que

sup z∈K

{|fn(z)− f(z)|} < ε, para todo n ≥ Nε. Como n independe de z, a fun¸c˜ao

f|K ´e limite uniforme da seq¨uˆencia (fn|K))n∈N, implicando em f ser cont´ınua em

K ([8], p´agina 29, Teorema 6.1). Visto que K ⊂ G foi pˆego arbitrariamente, pela Proposi¸c˜ao 1.14, segue que f ´e cont´ınua em G e, assim, a seq¨uˆencia {fn} converge uniformemente sobre compactos para a fun¸c˜ao cont´ınua f. Portanto, pelo Lema 1.17, (C(G), ρ) ´e completo.

Os resultados anteriores nos garantem que as topologias compacto-aberta τ0 e a induzida pela m´etrica ρ definida acima coincidem. Assim, temos que C(G) ´e um espa¸co localmente convexo metriz´avel completo. Em outras palavras, C(G) ´e um espa¸co de Fr´echet.

1.6

O Espa¸co

H

(

C

)

das Fun¸c˜

oes Inteiras em

C

.

Vamos a seguir estudar o subespa¸co topol´ogico H(C) de C(C). Considerando a

restri¸c˜ao da m´etrica ρ definida anteriormente ao H(C), para que esse subespa¸co

herde as propriedades deC(C), ´e necess´ario e suficiente mostrar queH(C) ´e fechado

em C(C).

Teorema 1.19 (Teorema de Morera) Seja G um aberto conexo de C e

consi-deremos uma fun¸c˜ao cont´ınua f : G → C tal que R

T f = 0, para todo caminho triangular T em G. Ent˜ao f ser´a holomorfa.

Demonstra¸c˜ao: Ver [8], p´agina 86.

Observamos que a integral definida num caminho triangular T corresponde a soma das integrais definidas nos segmentos que o comp˜oe.

Teorema 1.20 Sejam (fn)n∈N uma seq¨uˆencia em H(C) e f uma fun¸c˜ao em C(C)

(26)

Demonstra¸c˜ao: Mostraremos quef ´e holomorfa aplicando o Teorema de Morera. Sabemos, por hip´otese que fn → f. Ent˜ao, dado ε > 0, seja T ⊂ C um caminho triangular qualquer. Como T ´e compacto (fechado e limitado), existe n0 ∈ N tal que

sup z∈T

|fn(z)−f(z)|< ε

∆T, ∀n > n0,

com ∆T denotando a ´area de T. Em particular, para todon > n0,

Z

T

fn(z)dz−

Z

T

f(z)dz

Z

T

|fn(z)−f(z)|dz < ε

∆T∆T =ε.

Ent˜ao RT fn(z)dz → RT f(z)dz quando n → ∞. Agora, T ´e uma caminho fechado e fn ´e holomorfa para todo n; logo temos que

R

T fn(z)dz = 0, para todo n e, pela unicidade do limite,RT f(z)dz = 0. Assim, para qualquer caminho triangularT ∈C,

R

Tf(z)dz = 0; segue do Teorema de Moreira, que f ´e holomorfa.

Vamos a seguir, mostrar que fn(k) → f(k), para todo inteiro k ≥ 1, utilizando para isso a estimativa de Cauchy ([8], p´agina 73). Dado ε > 0, fixemos k ≥ 1 e consideremos K ⊂C um compacto. Ent˜ao existe R > 0 tal que K RBC e, como fn→f por hip´otese, existe n1 ∈N tal que

sup w∈RBC

|fn(w)−f(w)|< εR

k

k!, ∀n > n1,

uma vez que o conjunto RBC ´e compacto. Agora, para cada z ∈ K, encontramos

rz >0 tal que (rzB+z)⊆RBC. Assim, para cadan ∈N, |fn(v)−f(v)| ´e limitado

qualquer que seja v ∈(rzB+z). Aplicando a estimativa de Cauchy,

|f(k)

n (z)−f(k)(z)| ≤

k!

Rk sup v∈(rzB+z)

|fn(v)−f(v)| ≤

k!

Rk sup w∈RBC

|fn(w)−f(w)|< ε,

para todo n > n1, qualquer que seja z ∈K. Em particular, sup

z∈K

|f(k)

n (z)−f(k)(z)|< ε, ∀n > n1.

Como K foi escolhido arbitrariamente, seque que fn(k) →f(k) uniformemente sobre compactos, para todo inteirok ≥1.

Corol´ario 1.21 O subespa¸co (H(C), ρ)´e um espa¸co localmente convexo metriz´avel

completo, ou seja, (H(C), ρ) ´e um espa¸co de Fr´echet.

(27)

Proposi¸c˜ao 1.22 SejamK um subconjunto compacto de Ce Guma vizinhan¸ca de K tal que C\G ´e conexo. Ent˜ao, para cada fun¸c˜ao f anal´ıtica em G, existe uma

seq¨uˆencia de polinˆomios (pn)n∈N em C convergindo uniformemente para f em K.

Omitiremos aqui a demonstra¸c˜ao da proposi¸c˜ao acima, mas salientamos que tal resultado ´e uma conseq¨uˆencia do Teorema de Runge, cujos enunciado e demons-tra¸c˜ao podem ser encontrados em ([8], p´aginas 198 a 200).

O pr´oximo resultado ser´a utilizado no Cap´ıtulo 4 dessa disserta¸c˜ao. Entretanto, antes de enunci´a-lo, iremos definir fun¸c˜oes de tipo exponencial.

Defini¸c˜ao 1.23 Uma fun¸c˜ao f ∈ H(C)´e dita ser de tipo exponencial quando

exis-tem C >0 e R > 0 tais que |f(z)| ≤CeR|z|, para todo z C.

O espa¸co vetorial constitu´ıdo por todas as fun¸c˜oes de tipo exponencial ´e denotado por Exp(C).

Proposi¸c˜ao 1.24 Sejam f uma fun¸c˜ao holomorfa e ∞

X

n=0

f(n)

n! (x0)(x−x0) n

sua s´erie de Taylor em x0 ∈ C. Ent˜ao f ´e de tipo exponencial se, e somente se, a seq¨uˆencia (|f(n)(x

0)|

1

n)n∈N for limitada.

Demonstra¸c˜ao: Suponhamos inicialmente que a fun¸c˜ao f seja de tipo exponen-cial. Ent˜ao existemC >0 e R >0 tais que|f(z)| ≤CeR|z|, para todoz C. Vamos mostrar que (|f(n)(x0)|n1)n∈

N´e limitada. De acordo com a estimativa de Cauchy ([8],

p´agina 73), para cada n∈N e para todo ρ >0,

|f(n)(x0)| ≤

n!

ρn

sup |x−x0|=ρ

|f(x)| ≤

n!

ρn

sup |x−x0|=ρ

(CeR|x|)

=

n!

ρn

sup |x−x0|=ρ

(CeR|(x−x0)+x0|)CeR|x0|

n!e Rρ

ρn

.

Tomando ent˜ao ρ = Rn, segue que |f(n)(x0)| ≤ CeR|x0|

n!ennRnn

para cada n ∈ N.

Agora, a F´ormula de Stirling garante que, para n >>1, n! = nn

en. Nesse caso, |f(n)(x0)| ≤CeR|x0|Rn=⇒ |f(n)(x0)|n1 ≤(CeR|x0|)

1

nR.

Logo lim

n→∞sup|f (n)(x

0)|

1

n < R e, portanto, a seq¨uˆencia (|f(n)(x0)|

1

n)n∈N ´e limitada.

Reciprocamente, suponhamos que (|f(n)(x0)|n1)n∈

N´e limitada e vamos encontrar

C >0 eR >0 para os quais|f(z)| ≤CeR|z|, para todoz C. Como (|f(n)(x0)|n1)n∈

(28)

´e limitada, existe M > 0 tal que |f(n)(x0)|n1 M para todo n N0, ou seja,

|f(n)(x0)| ≤Mn para todon N0. Ent˜ao

|f(x)| = |

X

n=0

f(n)

n! (x0)(x−x0) n| ≤

X

n=0

|f(n)(x0)|

n! |x−x0| n

X

n=0

Mn

n! |x−x0| n=

X

n=0 1

n!(M|x−x0|) n

= eM|x−x0|eM|x0|eM|x|.

(29)

Hiperciclicidade

Conforme mencionamos na introdu¸c˜ao desse trabalho, o conceito de fam´ılias univer-sais teve sua origem em um trabalho de G. D. Birkhoff em 1929, onde foi provada a existˆencia de uma fun¸c˜ao f em H(C) tal que o conjunto{f(z), f(1 +z), ..., f(n+ z), ...}´e denso em H(C), quando H(C) est´a munido da topologia compacto-aberta.

Mais tarde, em 1952, MacLane encontrou uma fun¸c˜ao f ∈H(C) tal que o conjunto {f, f′, ..., f(n), ...}´e denso em H(C). J´a o primeiro exemplo conhecido de operadores hiperc´ıclicos em espa¸cos de Banach e Hilbert na literatura foi o desenvolvido por Rolewicz em 1969. A seguir, apresentaremos demonstra¸c˜oes desses resultados. Para os exemplos de Birkhoff e MacLane, seguiremos o artigo [2] e, para o exemplo de Rolewicz, reproduziremos a demonstra¸c˜ao original existente no artigo [26]. Feito isso, apresentaremos alguns resultados sobre hiperciclicidade.

Defini¸c˜ao 2.1 SejamE um espa¸co vetorial topol´ogico e T um operador linear con-t´ınuo em E. Dizemos que T ´e hiperc´ıclico se, para algum elemento x∈X, a ´orbita de x sob T, Orb(T, x) ={x, T x, T2x, ...}, for densa emE. Nesse caso, tal elemento

x∈E ser´a chamado de vetor hiperc´ıclico para T.

De acordo com a defini¸c˜ao de operador hiperc´ıclico, para que um espa¸co ve-torial topol´ogico E tenha algum operador hiperc´ıclico definido em E, E precisa ser separ´avel, ou seja, E precisa conter um subconjunto enumer´avel denso. Outra observa¸c˜ao a ser feita ´e que n˜ao existem operadores hiperc´ıclicos em espa¸cos de di-mens˜ao finita, uma vez que todo espa¸co E de dimens˜ao finita m > 0 ´e isomorfo a

Km. Em particular, se considerarmos um operador linear T definido no espa¸co E e a forma de Jordan de T em rela¸c˜ao a uma base apropriada B, teremos uma das

(30)

seguintes situa¸c˜oes:

(i) [T]B =

     

λ 0 ... 0

0

... A(m−1)×(m−1) 0      

no caso de E ter pelo menos um autovalor λ ou

(ii) [T]B =

       

a −b 0 ... 0

b a 0 ... 0

0 0

... ... B(m−2)×(m−2) 0 0        

no caso deE ser umR-espa¸co vetorial e n˜ao possuir autovalor. Nesse caso, podemos

considerar a+ib=r(cosϕ+isenϕ), comr >0 e ϕ∈R ([14]).

Vamos analisar ambos os casos separadamente.

(i) Consideremos x ∈ E e escrevamos x na base B como x = (x1, x2, ..., xm)B. Ent˜ao, tomandon ∈N,

[Tn]B.

      x1 x2 ... xm      =      

λn 0 ... 0

0

... A′

(m−1)×(m−1) 0      .       x1 x2 ... xm      =      

λnx 1 v2 ... vm      

quaisquer que sejam as coordenadas v2, ..., vm−1, vm.

Supondo λ = |λ|(cosθ +i senθ) e x1 6= 0, e tomando n → ∞, teremos trˆes

situa¸c˜oes:

 

 

|λ|<1 ⇒ |λnx

1| →0,

|λ|= 1 ⇒ |λnx

1| =|x1|,

|λ|>1 ⇒ |λnx

1| → ∞, implicando em {λnx

1 :n∈N} n˜ao ser denso em K. (ii) Por outro lado, seT n˜ao tem auto-valores

[Tn]B.

        x1 x2 x3 ... xm         =        

rncos() −rnsen() 0 ... 0

rnsen() rncos() 0 ... 0

0 0

... ... B′

(31)

=

       

rncos()x

1−rnsen(nϕ)x2

rnsen()x

1+rncos(nϕ)x2

w3 ...

wm

       

para alguns w3, ..., wm. Note que

k(rn(cos(nϕ)x1−sen(nϕ)x2), rn(sen(nϕ)x1+ cos(nϕ)x2))k2 =|r|n(x21+x22)1/2. Logo, fazendo o mesmo tipo de an´alise da feita no caso (i), concluiremos que

{(rn(cos(nϕ)x1−sen(nϕ)x2), rn(sen(nϕ)x1+ cos(nϕ)x2)) :n ∈N} n˜ao pode ser denso em K2.

Agora, para j ∈ {1, ..., m}, consideremos a fun¸c˜ao

f :Km −→ Kj

(y1, ..., yj−1, yj, yj+1, ..., ym) 7−→ (y1, ..., yj−1, yj).

Claramente, f ´e cont´ınua e sobrejetora. Logo, leva densos de Km em densos de Kj. Suponhamos agora que x = (x1, ..., xm) seja um vetor hiperc´ıclico associado

a T. Ent˜ao a ´orbita Orb(T, x) = {Tn(x

1, ..., xm) : n ∈ N} ´e densa em Km e, conseq¨uentemente, f(Orb(T, x)) tamb´em seria densa emKj. Entretanto, acabamos

de demonstrar que para j = 1,2 isso n˜ao ocorre. Portanto, {Tnx : n N} n˜ao ´e denso em E, qualquer que seja x∈E, ou seja,T n˜ao pode ser hiperc´ıclico.

Resumindo: n˜ao existem operadores hiperc´ıclicos em espa¸cos de Banach de di-mens˜ao finita.

Sendo assim, de agora em diante, trabalharemos apenas com espa¸cos de Fr´echet separ´aveis de dimens˜ao infinita.

2.1

Exemplos Cl´

assicos

Mencionamos na introdu¸c˜ao deste trabalho que o primeiro exemplo conhecido de operadores hiperc´ıclicos foi dado por Birkhoff em 1929 ([6]). A seguir, exibiremos tal exemplo, seguindo para isso a demonstra¸c˜ao dada por Aron e Markose no artigo [2].

Teorema 2.2 (Birkhoff ) Existe uma fun¸c˜aof ∈H(C)com a seguinte propriedade:

(32)

natural n tal que |f(z+n)−g(z)|< ε qualquer que seja z com |z| ≤R. Em outras palavras, o operador

L:H(C) −→ H(C) f 7−→ L(f),

onde L(f)(z) = f(z+ 1), ∀z ∈C, ´e hiperc´ıclico.

Demonstra¸c˜ao: Sabemos que o espa¸co dos polinˆomios com coeficientes complexos

P(C) ´e denso em H(C). Como ele ´e separ´avel, podemos escolher uma seq¨uˆencia de

polinˆomios (Pj)j∈N densa em H(C). Para facilitar o argumento da demonstra¸c˜ao,

vamos supor que cada Pj aparece uma quantidade infinita de vezes na seq¨uˆencia. Consideremos agora (Dj)j∈N uma seq¨uˆencia de discos fechados disjuntos, cada

Dj com raio j e centro cj de tal forma que (cj)j∈N ´e uma seq¨uˆencia crescente de

n´umeros inteiros positivos. Seja tamb´em (Ej)j∈N uma seq¨uˆencia de discos fechados

centrados na origem e de tal forma que Dj ⊂ Ej e Dj+1 ∩Ej = ∅. Em outras palavras,

Dk ⊂Ej, para todo 0≤k ≤j e

Dk∩Ej =∅, para todo k≥j. Vamos a seguir construir a fun¸c˜ao f.

Seja Q1 =P1 e consideremos K1 =E1∪D2.

ComoE1 eD2 s˜ao compactos, segue queK1´e compacto, e podemos considerar uma fun¸c˜ao h1 holomorfa em uma vizinhan¸ca de K1 satisfazendo

h1(z) =

(

0 se z ∈E1

P2(z−c2)−Q1(z) se z ∈D2

uma vez que E1 e D2 s˜ao disjuntos. Como C\K1 ´e conexo por caminhos, pela Proposi¸c˜ao 1.22, existe um polinˆomio Q2 tal que

kQ2kE1 <

1

2 e supz∈D2

|Q2−(P2(z−c2)−Q1(z))|< 1 2.

Repetindo o procedimento acima, podemos encontrar um polinˆomio Q3 tal que

kQ3kE2 <

1

22 e sup z∈D3

|Q3−h2(z)|< 1 22,

onde h2(z) ´e uma fun¸c˜ao holomorfa em uma vizinhan¸ca de E2∪D3 tal queh2(z) =

(33)

Em geral, seja Qn um polinˆomio tal que

kQnkEn−1 <

1

2n−1 e sup z∈Dn

|Qn−(Pn(z−cn)− n−1

X

j=1

Qj(z))|< 1

2n−1. ( 1)

Observemos que a s´erie ∞

X

n=1

Qn ´e de Cauchy. De fato, seja ε > 0. Ent˜ao, dado K um compacto de C, existe N N para o qual K EN e 1/(2N) < ε. Assim, para n > m ≥N suficientemente grandes,

supz∈K |

n

X

j=1

Qj(z)−

m

X

j=1

Qj(z)| ≤ sup z∈EN

|

n

X

j=1

Qj(z)− m

X

j=1

Qj(z)|

= sup z∈EN | n X j=m+1

Qj(z)| ≤ sup z∈EN

n

X

j=m+1

|Qj(z)|

n

X

j=m+1 1 2j <

1 2m <

1

2N < ε. ( 2)

Como esse espa¸co ´e completo, segue que ∞

X

n=1

Qn´e convergente. Seja ent˜aof ∈ H(C)

dada por f = ∞

X

n=1

Qn e vamos mostrar que a ´orbita def sob transla¸c˜oes ´e densa em

H(C). Para isso, basta mostrar que, dados ε >0 e R > 0, para cadaPk (Pj)j∈N

´e poss´ıvel encontrar lk ∈ N tal que sup |z|≤R

|f(z +clk)−Pk(z)| < ε. De fato, como

a seq¨uˆencia (Pj)j∈N ´e densa em H(C), para cada g ∈ H(C) existe k ∈ N tal que

sup |z|≤R

|g(z)−Pk(z)|< ε. Logo,

sup |z|≤R

|f(z+clk)−g(z)| ≤ sup

|z|≤R

|f(z+clk)−Pk(z)|+ sup

|z|≤R

|g(z)−Pk(z)|<2ε.

Conseq¨uentemente, {f(z+clj) : j ∈ N} ⊂ {f(z+n) : n ∈ N} tamb´em ser´a denso

em H(C).

Consideremos ent˜ao Pk∈ (Pj)j∈N. Como, por hip´otese, Pk aparece uma

quanti-dade infinita de vezes na seq¨uˆencia, existe l ∈Nsuficientemente grande para que l > R, 1

2l−1 <

ε

2, e Pl =Pk. ( 3)

Notemos que, se z ∈ C for tal que |z| ≤ R, ent˜ao w = z +cl (RBC +cl)

(lBC+cl)⊂Dl ⊂El. Logo

sup|z|≤R |f(z+cl)−Pk(z)| ≤ sup w∈Dl

(34)

≤ sup w∈Dl

f(w)−

l

X

j=1

Qj(w)+ sup w∈Dl l X j=1

Qj(w)−Pl(w−cl)

≤ sup w∈Dl ∞ X n=1

Qn(w)−

l

X

j=1

Qj(w)

+ sup w∈Dl l X j=1

Qj(w)−Pl(w−cl)

≤ sup w∈Dl ∞ X n=l+1

|Qn(w)|+ sup w∈Dl l X j=1

Qj(w)−Pl(w−cl)

≤ 1

2l + 1

2l−1 < ε, por (2), (1) e (3) respectivamente. Segue que sup

|z|≤R

|f(z+cl)−Pk(z)|< ε e, portanto, o conjunto {f(z+n) :n∈N} ´e

denso em H(C).

Em 1952, MacLane provou em [18] que o operador diferencia¸c˜ao definido no espa¸coH(C) ´e hiperc´ıclico. Novamente, vamos seguir o artigo [2] de Aron e Markose

para exibir essa demonstra¸c˜ao.

Teorema 2.3 (MacLane) Existe uma fun¸c˜ao inteira f tal que {f(n) : n N} ´e denso em H(C).

Demonstra¸c˜ao: Para construir tal fun¸c˜aof, vamos utilizar a aplica¸c˜aoI :H(C) H(C) definida por

I(h)(z) =

Z z

0

h(w)dw.

Sabemos que o espa¸co de polinˆomios ´e denso em H(C). Pensando em facilitar a

demonstra¸c˜ao do teorema, estudaremos inicialmente o comportamento deIaplicado ao polinˆomio g(z) =zn, comn N. ComoI(g)(z) = zn+1

n+1, temos que

Ik(g)(z) = z n+k

(n+k)...(n+ 1), para todo k ∈N. Ent˜ao, se considerarmos z ∈C, com |z| ≤R,

|Ik(g)(z)| ≤ Rn+k

(n+k)...(n+ 1) ≤R nRk

k!, ∀k ∈N. Assim, temos que sup|z|≤R|Ik(g)(z)| →0 quando k→ ∞.

Dados P um polinˆomio, δ > 0 e R > 0 quaisquer, existe ek ∈ N para o qual

(35)

Consideremos agora h uma fun¸c˜ao inteira qualquer. Dados ε > 0 e M ∈ N,

suponhamos R ≥ 2 e δ < M!ε ; se sup|z|≤R|h(z)| < δ ent˜ao, pela estimativa de Cauchy,

sup |w|≤R

2

|h(j)(w)| ≤ j! sup|z|≤R|h(z)| (R/2)j ≤j!

2

R

j

δ < ε

para qualquer j = 0, ..., M (lembrando que 0! = 1).

Assim, dadosP um polinˆomio,ε >0,R ≥2 eM ∈Nquaisquer, existemδ < ε

M! e ek ∈ N tal que, se k ek, ent˜ao sup

|z|≤2R|Ik(P)(z)|< δ. Denotando Ik(P)(z) por

Q(z), temos

sup |z|≤R

|Q(j)(z)|< ε ( 4)

para qualquer j = 0, ..., M.

Consideremos uma seq¨uˆencia de polinˆomios (Pj)j∈N densa emH(C) tal que cada

Pj aparece uma quantidade infinita de vezes na seq¨uˆencia. Construiremos a fun¸c˜ao

f de tal forma que

f = ∞

X

j=1

Ikj(P

j)

para ´ındices kj apropriados.

Consideremos k1 = 0, Q1 = P1. Tomando ε = 1/22, R = 2 e M = k1, por (4) existe um ek∈N tal que, se kek e Ik(P)(z)Q(z), temos

sup |z|≤2

|Q(k1)(z)|< 1

22.

Assim, seja k2 > max{k1 + degP1,ek}. Ent˜ao, chamando Q2 = Ik2(P2), teremos sup|z|≤2|Q2(z)|<1/22.

Procedendo de modo an´alogo, agora para ε = 1/23, R = 3 e M = k2, podemos escolher k3 tal que k3 > k2+ degP2 e, sendoQ3 =Ik3(P3),

sup |z|≤3

|Q3(z)| < 1

23, sup

|z|≤3

|Q′

3(z)| < 1 23, (...) sup

|z|≤3

|Q(k2)

(36)

Em geral, seja kn > kn−1+ degPn−1 grande o suficiente para que, se Qn=Ikn(Pn),

sup |z|≤n

|Qn(z)| < 1

2n, sup

|z|≤n

|Q′n(z)| < 1

2n, (...) sup

|z|≤n

|Q(kn)

n (z)| < 1 2n.

Note que ∞

X

n=1

Qn ´e de Cauchy. De fato, seja ε >0. Ent˜ao, dadoK um compacto de

C, existe N N para o qual K N BC. Assim, para n > m N suficientemente

grandes, sup z∈K | n X j=1

Qj(z)− m

X

j=1

Qj(z)| ≤ sup z∈N BC

|

n

X

j=1

Qj(z)− m

X

j=1

Qj(z)|

= sup z∈N BC

|

n

X

j=m+1

Qj(z)|

≤ sup

z∈N BC

n

X

j=m+1

|Qj(z)|

n

X

j=m+1 1 2 < ε.

Como o espa¸co H(C) ´e completo, segue que

X

n=1

Qn ´e convergente.

Consideremos ent˜ao a fun¸c˜ao f = ∞

X

n=1

Qn e vamos mostrar que f ´e a fun¸c˜ao na qual estamos interessados.

Sejam g ∈ H(C), R > 0 e ε > 0 quaisquer e escolhamos n0 N tal que n0 > R e

(1/2n0−1)< ε/2.

Pela escolha da seq¨uˆencia de polinˆomios (Pn), existe l > n0 para o qual sup

|z|≤n0

|g(z)−Pl(z)|< ε

2. Assim, lembrando que Qj =Ikj(Pj),∀j ∈N,

sup |z|≤n0

|g(z)−f(kl)(z)| = sup

|z|≤n0

|g(z)−

X

j=1

Q(kl)

(37)

≤ sup |z|≤n0

(|g(z)−Pl(z)|+|Pl(z)−

X

j=l

Q(kl)

j (z)|)

≤ sup

|z|≤n0

|g(z)−Pl(z)|+ sup |z|≤n0

|

X

j=l+1

Q(kl)

j (z)|)

≤ ε

2+ ∞

X

j=l+1 1 2j ≤

ε

2+ 1 2l <

ε

2 + 1 2n0−1 < ε

Portanto o conjunto {f(n) :nN} ´e denso em H(C).

Os dois resultados anteriores exibiram exemplos de hiperciclicidade em H(C).

J´a em espa¸cos de Banach ou Hilbert, os primeiros exemplos conhecidos na literatura foram dados por Rolewicz em 1969 ([26]): ele construiu vetores hiperc´ıclicos para os operadores conhecidos como “weighted backward shifts” em determinados espa¸cos de seq¨uˆencias complexas (lp(N),1≤p <∞, ou c0). A seguir, vamos reproduzir sua demonstra¸c˜ao para o espa¸co lp(N).

Teorema 2.4 (Rolewicz) Sejalp(N) (1p <)o espa¸co de Banach das seq¨

uˆen-cias p-som´aveis e consideremos, para cada a∈R, o operador Ta definido como Ta:lp(N) −→ lp(N)

(x1, x2, ...) 7−→ a(x2, x3, ...)

conhecido como “weighted backward shift”. Se a >1, ent˜ao T ser´a hiperc´ıclico.

Demonstra¸c˜ao: Sejam

T : lp(N) −→ lp(N)

(x1, x2, ...) 7−→ (x2, x3, ...)

e S : lp(N) −→ lp(N) (x1, x2, ...) 7−→ (0, x1, x2, ...) os operadores backward shift e forward shift respectivamente.

Sejam agora Ta =aT e B =S/a, onde a >1. Mostraremos que o operador Ta ´e hiperc´ıclico. Para isso, construiremos o vetor y ∈ lp(N) cuja ´orbita Orb(Ta, y) ´e

densa em lp.

Consideremos a seq¨uˆencia (xn)n∈

N ⊂lp(N) tal que, para cadan,xn= (xn1, xn2, ...)∈

lp(N) possui apenas uma quantidade finita de coordenadas n˜ao nulas. Sabemos que

essa seq¨uˆencia ´e densa emlp(N). Sejak(n) o maior ´ındice da coordenada de xn que

n˜ao ´e 0. Tomemos agora uma seq¨uˆenciar(n) de inteiros positivos tal que

r(n) > max

1≤i≤nk(i) e ( 5)

||Br(n)xn|| = 1

ar(n)||x

(38)

Sendo p(n) = n

X

i=1

r(i), consideremos y= X n

Bp(n)xn; por (5), y est´a bem definido. Por outro lado, de (5) tamb´em segue que Tar(n)xi = 0, para todo i < n. Logo,

Tap(n)y=xn+ ∞

X

m=n+1

Bp(m)−p(n)xm.

Mas

||

X

m=n+1

Bp(m)−p(n)xm|| ≤

X

m=n+1

||Bp(m)−p(n)xm|| ≤

X

m=n+1 1

ap(m)−p(n)||x m||

X

m=n+1 1

ar(m)||x m|| ≤

X

m=n+1 1 2m =

1 2n. Portanto||Tap(n)y−xn|| ≤ 21n.

Vamos, a seguir, provar a densidade de Orb(Ta, y) em lp(N). Seja ε > 0; ent˜ao existe m ∈ N tal que 1

2m < ε. Considerando agora a subseq¨uˆencia (xk)k∈I onde I =N\ {n |n < m}, temos que (xk)k∈I continua densa em lp(N). Assim, dado um

elemento z ∈lp(N), existe nI tal que ||zxn||< ε e 1

2n < ε. Logo, ||Tap(n)y−z|| ≤ ||Tap(n)y−xn||+||xn−z||

≤ 1

2n +ε <2ε.

Comoz ∈X arbitr´ario, segue que Orb(Ta, y) ´e denso emlp(N) e, conseq¨uentemente,

Ta ´e um operador hiperc´ıclico em lp(N).

2.2

Alguns Resultados sobre Hiperciclicidade

Consideremos E um espa¸co de Fr´echet. A topologia em E ´e induzida por uma m´etrica completa invariante sob transla¸c˜oes d. Ent˜ao, para caday∈E, escrevemos

B(y, ε) ={x∈E :d(y, x)< ε}

a bola aberta de centro y e raio ε >0.

(39)

Demonstra¸c˜ao: Seja (yj)j∈N uma seq¨uˆencia densa em E. Como T ´e cont´ınuo,

para cada n ∈N, Tn tamb´em ´e cont´ınuo e, assim, T−nBy j,1k

´e aberto, quais-quer que sejam n, j, k∈N.

Seja HC(T) o conjunto de todos os vetores hiperc´ıclicos para T.Por hip´otese,

HC(T) ´e n˜ao vazio e, para cada x ∈ HC(T), a ´orbita de x sob T, Orb(T, x), ´e densa em E. Ent˜ao, dado x ∈ HC(T), para cada j, k ∈ N existe nj,k N tal que Tnj,kxB

yj,k1

. Logo, para cada j, k ∈ N, x T−nj,kB(y

j,1/k). Considerando ent˜ao, para cada j, k ∈N, o conjunto aberto

Gj,k =

[

n∈N

T−n

Byj,1/k

,

segue que HC(T)⊂ ∩j,k∈NGj,k.

Por outro lado, se x∈ ∩j,k∈NGj,k, vamos mostrar que x ∈HC(T). Dado ε >0,

para cada z ∈ E, existem j0, k0 ∈ N tais que 1/k0 < ε/2 e d(z, yj0) <

ε

2. Como

x∈Gj0,k0, T

n0xB(y

j0,1/k0) para algumn0 ∈N. Assim,

d(Tn0x, z)d(Tn0x, y

j0) +d(yj0, z)<

1

k0 + ε

2 < ε.

Logo a ´orbita de x sob T ´e densa em E, para todo x ∈ ∩j,k∈NGj,k. Segue que

HC(T) = ∩j,k∈NGj,k.

Agora, se xfor um vetor hiperc´ıclico paraT, para todon∈N,Tnxtamb´em ser´a

pois a ´orbita Orb(T, Tnx) ´e igual a ´orbita Orb(T, x) menos uma quantidade finita de elementos, permanecendo, portanto, densa no espa¸coE. Logo Orb(T, x)⊂HC(T). Da´ı segue que HC(T) =∩j,k∈NGj,k ´e denso em E.

Nem sempre ´e f´acil mostrar que um dado operador T num espa¸co de Fr´echet ´e hiperc´ıclico exibindo o vetor cuja ´orbita ´e densa no espa¸co. Entretanto, existe um crit´erio que nos diz se o operador em quest˜ao ´e hiperc´ıclico. Esse resultado ´e conhecido como Crit´erio de Hiperciclicidade.

Teorema 2.6 (Crit´erio de Hiperciclicidade) SejaT um operador linear cont´ınuo em um espa¸co de Fr´echetEsepar´avel. Suponhamos que existem subconjuntos densos

Z eY deE, uma seq¨uˆencia de inteiros positivos(nk)k∈Ne uma fam´ılia de aplica¸c˜oes

Snk :Z →Z tal que

(i) para cada y∈Y, Tnky7→0, quando k → ∞;

(ii) para cada z ∈Z, Snkz 7→0, quando k → ∞;

(iii) Tnk ◦S

nkz 7→z, quando k→ ∞, para todo z ∈Z.

Referências

Documentos relacionados

8. Ratificam-se as Condições Gerais desta apólice, que não tenham sido alteradas por esta cobertura... As condições contratuais/regulamento deste produto protocolizadas pela

Como observamos acima, todas as n-formas lineares alternantes maximais de um espa¸co vetorial V de dimens˜ao n s˜ao proporcionais umas `as

As propriedades de recobrimento Hurewicz e to* se enquadram dentro do que Scheepers chama em seus artigos de &#34;princípio de seleção&#34;. Um exemplo conhecido de propriedade que

Anulação é o desfazimento da concessão, por ato do próprio poder concedente ou do Poder Judiciário, em virtude de defeito em sua constituição. A anulação

Para saber como o amostrador Headspace 7697A da Agilent pode ajudar a alcançar os resultados esperados, visite www.agilent.com/chem/7697A Abund.. Nenhum outro software

2 - Qual das alternativas abaixo NÃO esta relacionada como um dos Qual das alternativas abaixo NÃO esta relacionada como um dos estilos arquiteturais mais importantes para a

síntese desenhada baseada nos diferentes temas / layers produzidos pela turma semana 09.

O diagnóstico presuntivo de púrpura hemorrágica pode ser feito através dos sinais clínicos, que incluem edema ou hemorragia em mucosas, na exclusão de outras possíveis