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Cad. Saúde Pública vol.25 número3

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Academic year: 2018

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Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(3):703-706, mar, 2009 o Dicionário de Biografias Científicas, versão do DSB

em português condensada em três volumes. Houve al-gum barulho na imprensa; de modo geral, no entanto, os comentários mais enalteciam do que ponderavam sobre a obra. Não chegou a ser dito, por exemplo, que o Dicionário de Biografias Científicas, a despeito de ser um empreendimento editorial louvável, represen-ta uma versão desatualizada, parcial e tendenciosa em relação à obra original.

Desatualizada porque há um lapso considerável de tempo entre o material de onde foram retiradas as notas para a versão em português e o material hoje disponível. Na edição da Contraponto, por exemplo, a entrada mais recente diz respeito a um cientista que faleceu em 1984. (O editor se equivoca ao afirmar, na Apresentação, p. 31, que o biografado mais recente fa-leceu em 1981.) Além disso, nos casos de cientistas que aparecem tanto no DSB como no NDSB, o Dicionário de Biografias Científicas usa tão-somente a versão do primeiro.

Parcial porque os 329 nomes escolhidos para a edi-ção brasileira equivalem a uma amostra diminuta em relação ao material original: algo entre 5% e 7%, de-pendendo do acervo usado para comparação (DSB e NDSB ou apenas DSB). Em todo caso, um percentual bem inferior ao que o leitor é levado a imaginar ao ler o seguinte trecho da Apresentação (p. 31): “Para oferecer o Dicionário ao leitor brasileiro, a Contraponto teve que realizar uma adaptação: selecionamos os 329 ensaios que consideramos mais importantes e os apresentamos na íntegra. Nossa edição, com aproximadamente 8.250 laudas de texto, corresponde a cerca de 25% da edição original, em tamanho, mas nenhum ensaio sofreu mu-tilação”.

O editor está falando em percentual de laudas, uma informação meio descabida para os leitores; seria mais apropriado precisar o tamanho relativo da obra em percentual de entradas.

Por fim, é tendenciosa porque quase metade dos 329 nomes escolhidos é composta por matemáticos (101 nomes) ou filósofos (52). Distorção semelhante ocorre entre os cientistas naturais; são 56 físicos e 21 astrônomos, por exemplo, contra 17 químicos, sete geocientistas e apenas 34 biólogos (nenhum ecólogo!). Não é o caso de listar aqui os nomes que lamentavel-mente ficaram de fora, mas cabe registrar que entre eles estão cientistas que viveram e trabalharam no país, como Fritz Müller (1821-1897) e Eugen Warming (1841-1924).

Nenhum desses problemas, porém, parece insupe-rável. Fica aqui, portanto, a expectativa de que os edi-tores do Dicionário de Biografias Científicas continuem trabalhando duro e possam, em futuro próximo, ofere-cer ao leitor brasileiro material suplementar que venha reparar algumas das distorções encontradas nesses três primeiros volumes.

Felipe A. P. L. Costa Viçosa, Brasil. meiterer@hotmail.com

YOGA AS MEDICINE. THE YOGIC PRESCRIPTION FOR HEALTH AND HEALING. McCall T. New York: Bantam Books; 2007. 592 pp.

978-0-553-38406-2

O livro, com 568 páginas, apresenta posturas de Yoga como terapia, algumas repetidas, para diferentes doen-ças e sua extensão poderia ser reduzida ao ter reunido as fotos das posturas num apêndice. No entanto, é de fácil leitura e, já na Introdução, o autor faz uma breve descrição autobiográfica sobre a sua trajetória com a prática do Yoga, expressando, entre outras coisas, que: “O processo de aprendizado sobre Yogaterapia não foi fácil. Para iniciantes, não existe um só lugar para adqui-rir este conhecimento; o mundo do Yoga é incrivelmente balconizado. Há dezenas de tradições competindo entre si, muitas das quais não parecem interessadas em com-partilhar suas descobertas umas com as outras, ou com o mundo exterior. (...) Além do mais, alguns professores de Yoga com muito para oferecer são tímidos na hora de enfatizar o potencial terapêutico do Yoga e outros, que a meu ver têm bem menos substância, declaram clara-mente que o seu tipo de Yoga cura qualquer doença” (p. xvii).

Essa narrativa remete à noção de campo de Bour-dieu 1 e permite compreender o Yoga como um campo de produção de bens simbólicos e materiais, com agen-tes nos pólos dominante e dominado, cujos interesses giram em torno das estratégias de reprodução, para de-fender o monopólio do poder, ou subversão, com ações que forçam o direito de entrada e reconhecimento.

Ainda na Introdução, o autor, como médico, admi-te que a maioria dos seus colegas com práticas conven-cionais não têm noção do potencial do Yoga na medi-cina. Além disso, afirma não se lembrar de ter ouvido uma única palavra sobre Yoga na escola médica, nos três anos de treinamento de residência em medicina interna e nas dezenas de seminários que freqüentou.

O livro apresenta outras três partes: Yoga como Medicina, A Prática do Yoga e Yogaterapia em Ação. Na parte primeira, o autor ilustra o Yoga como uma forma de medicina, relacionando os fatores estresse, saúde e cura com a abordagem yóguica do cuidado. Traz, ain-da, uma revisão da literatura, mencionando estudos científicos que investigam o poder de cura do Yoga, aproximando esta prática milenar da ciência ocidental.

Na segunda parte do livro, A Prática do Yoga, há di-cas sobre como evitar algumas lesões durante a práti-ca, bem como: descrições de alguns sistemas de Yoga (Iyengar; ViniYoga; Ashtang/PowerYoga; Bikram/Hot Yoga; Kripalu; Phoenix Rising Yoga Therapy; Anusara; Kundalini Yoga; Yoga Integral; Tantra etc.); sugestões de como encontrar um bom professor e um plano passo a passo para iniciar e manter a prática yóguica.

Mas é na parte terceira do livro que o autor intro-duz vinte capítulos com conselhos descritivos e não prescritivos sobre condições específicas de saúde e a prática do Yoga. Os distúrbios ou as patologias aborda-das são: ansiedade e pânico; artrite; asma; dor lombar, câncer; síndrome do túnel carpal; síndrome da fadiga crônica; depressão; diabetes; fibromialgia; cefaléias; doenças cardíacas; pressão alta; HIV/AIDS; infertilida-de; insônia; síndrome do intestino irritável; menopau-sa; esclerose múltipla; e obesidade.

Embora o livro seja didático, bem ilustrado, com quadros sinóticos ao final de cada capítulo, que ofe-recem uma abordagem holística de cada doença, um

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bom glossário de termos sânscritos, sente-se falta da contextualização do Yoga na Índia moderna. Sobretu-do, porque é sabiSobretu-do, por exemplo, que Gandhi popula-rizou a Cura pela Natureza (“Nature Cure”), pelo fato de o método: ser de baixo custo, evitar remédios caros, ser facilmente acessível, promover autocuidado, estimu-lar estilo de vida simples e saudável, baseado em dieta vegetariana e várias terapias, incluindo o Yoga, usando somente elementos naturais, como: o ar, a terra, a água, a luz solar e o elemento etéreo (akash) 2.

Destaca-se, ainda, que o autor deixa grandes vazios históricos na medida em que cita a origem exagerada-mente remota do Yoga na primeira parte do livro (séti-mo milênio da era anterior), enquanto que autores co-mo Ruff 3 e Fields 4 situam o período do Proto-Yoga em torno de 3.000 a 1.800 a.C. e 2.600 a 1.500 a.C, respecti-vamente. Em seguida, o autor se refere ao ícone do Yo-ga Clássico, Patânjali, para apresentar a aplicação tera-pêutica de algumas posturas de Yoga da linha Iyengar, sem apresentar um entrelaçamento contextual entre as diferentes tradições e sua origem terapêutica. Assim, ensina basicamente técnicas de Hatha-Yoga, cujas pos-turas físicas começaram a surgir por volta dos séculos VIII a XII com os Nâthas e Maheshvaras na Índia 5.

Por fim, McCall afirma que o Yoga é uma medicina forte e também uma medicina lenta, que, comparada à biomedicina, oferece diferentes perspectivas sobre

saúde e doença. Além disso, aponta que visualizar o mundo através de ambos os paradigmas ajuda a ver a realidade mais claramente, permitindo escolhas mais amplas, no entanto é enfático em afirmar que nenhu-ma revisão de pesquisas ou visita a clínicas ou centros de mestres yogues é suficiente para compreender os efeitos do Yoga na saúde, pois cada um há que viven-ciá-lo em si mesmo.

Pamela Siegel Nelson Filice de Barros

Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campi-nas, CampiCampi-nas, Brasil.

pam@mpcnet.com.br

1. Bourdieu P. Sociologia. São Paulo: Editora Ática; 1983. (Série Grandes Cientistas Sociais).

2. Alter JS. Asian medicine and globalization. Phila-delphia: University of Pennsylvania Press; 2005. 3. Ruff JC. History, text and context of the Yoga

Upa-nishads. Santa Barbara: University of California; 2002.

4. Fields GP. Religious therapeutics. Body and health in Yoga, Ayurveda, and Tantra. Delhi: Motilal Banarsidass; 2002.

5. Feuerstein G. A tradição do Yoga. São Paulo: Edi-tora Pensamento; 1998.

Referências

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