Estudo no âmbito do DIA DA DEFESA NACIONAL
Research Brief
OS JOVENS E AS
FORÇAS ARMADAS
O Dia da Defesa Nacional (DDN) visa “sensibilizar os jovens para a temática da Defesa Nacional e divulgar o papel das Forças Armadas, a quem incumbe a defesa militar da República” (Lei do Serviço Militar, 1999). Decorre nos Cen- tros de Divulgação do Dia da Defesa Nacional (CDDN), sedeados em unidades militares dos três ramos das Forças Armadas (FA). A comparência ao DDN é um dever militar para todos os cidadãos portugueses com 18 ou mais anos de idade.
O presente documento visa apresentar uma síntese dos principais dados glo- bais referentes à 14.ª edição do DDN, que decorreu entre janeiro e dezembro de 2018 em 30 centros de divulgação de todo o país, procurando fornecer aos principais intervenientes institucionais uma caracterização sociodemo- gráfica dos jovens participantes, a avaliação que estes formulam sobre este dever militar, assim como o seu posicionamento face às FA, numa perspetiva institucional e profissional.
Do ponto de vista metodológico, importa dar conta que esta edição contou com a presença de 102 919 jovens, dos quais resultaram 66 566 inquéritos, correspondendo a uma taxa de cobertura de 64,7% (com garantia de repre- sentatividade de todos os CDDN e de todos os distritos).
Enquadramento
Título
Os Jovens e as Forças Armadas:
Estudo no âmbito do Dia da Defesa Nacional
Equipa de Investigação
Cláudio Costa Reis Ana Tinoco
António Ideias Cardoso
Apoio Técnico/Informático
José Nogueira Pedro Nunes
Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional
Direção de Serviços da Profissionalização do Serviço Militar Divisão de Recrutamento e Efetivos Militares
Av. Ilha da Madeira, nº 1 – 4º Piso 1400-204 Lisboa, Portugal www.dgrdn.pt
Ficha Técnica
01.
Inicia-se o presente documento com um conjunto de indicadores base relativos a características sociode- mográficas dos jovens participantes, na sua maioria da faixa etária dos 18-19 anos, procurando delimitar os traços constitutivos do seu perfil. Trata-se de uma matéria de grande relevância para depois compreender os contornos da relação dos jovens com as FA em sen- tido mais lato.
A distribuição dos respondentes quanto ao sexo, no ano de 2018, mostra-se relativamente homogénea, com uma distância de 0,8% entre os jovens do sexo mascu- lino e as jovens do sexo feminino [gráfico 1].
Caracterização da população participante no Dia da Defesa Nacional
No gráfico 2, é possível observar a distribuição do distrito de residência dos jovens participantes no DDN no ano de 2018. Pode constatar-se que a tendência de distribuição da residência é congruente com o padrão de desenvolvimento do país, em que a grande concentração populacional é no litoral e nos centros urbanos da Grande Lisboa (N=12717) e Grande Porto (N=11518). O distrito de Setúbal aparece como o terceiro mais representado (N=6527), seguido de Braga (N=4840) e Aveiro (N=4495).
Gráfico 1
DISTRIBUIÇÃO DOS PARTICIPANTES NO DDN, POR SEXO
50,4%
Feminino
49,6%
Masculino
Gráfico 2
DISTRIBUIÇÃO DOS PARTICIPANTES POR DISTRITO DE RESIDÊNCIA
700 12000
No que concerne à situação atual dos jovens partici- pantes no DDN, e como exposto no gráfico 3, constata- -se que 72,4% são estudantes (73,2% em 2017), 10%
são trabalhadores-estudantes (8,8% em 2017), 11,4%
estão empregados (10,9% em 2017) e 6,2% estão desempregados (7,1% em 2017). Ressalva-se ainda o facto de 17,6% dos jovens já terem abandonado o sis- tema de ensino, não estando atualmente a prosseguir as suas qualificações escolares/académicas.
Relativamente ao nível de escolaridade (frequentado ou concluído), é possível verificar que a grande maio- ria dos jovens assinalou o 12.º ano (51,6%) ou referiu estar a frequentar o ensino superior (24%), havendo, no entanto, ainda uma percentagem significativa (11,5%) com o 9.º ano de escolaridade ou menos. Analisando por sexo, e considerando os dados do gráfico 4, pode ver-se que há predominância do sexo feminino na frequência do ensino superior (28,2% contra 19,8%, uma diferença superior a 10%) e do sexo masculino no nível de esco- laridade correspondente ao 9.º ano ou menos (15,4%
contra 7,7%).
Apesar destes jovens terem aproximadamente a mesma idade e de a grande maioria estar a estudar, em maté- ria de percurso escolar, estão em situações diferentes, constituindo-se esta diversidade como um desafio para as FA na relação com este público.
O percurso escolar é um aspeto central da vida dos jovens, podendo considerar-se como um marco princi- pal no seu desenvolvimento. A escolaridade obrigatória em Portugal é atualmente de 12 anos, facto que apenas entrou em vigor no ano de 2013. Desde então, tem-se vindo a observar um incremento significativo na taxa de escolarização da população portuguesa.
Em congruência com o parágrafo anterior, observa-se no gráfico 5 a notória evolução da população jovem no domínio das habilitações escolares. Desde 2005 que é visível um claro aumento da população que se encontra no ensino superior (passou de 13,7% para 24%) ou que concluiu/frequenta o 12.º ano (de 31,8% para 51,6%).
Já os níveis mais baixos de escolaridade evoluíram em
Gráfico 3
SITUAÇÃO ATUAL DOS PARTICIPANTES NO DDN
0% 20% 40% 60% 80%
Estudante
Trabalhador-estudante Empregado/a
Desempregado/a
72,4%
10,0%
11,4%
6,2%
Gráfico 4
NÍVEL DE ESCOLARIDADE (FREQUENTADO OU CONCLUÍDO) DOS PARTICIPANTES NO DDN
60%
40%
20%
0% 9.º ano ou menos
10.º ou 11.º ano
12.º ano ou equivalente
Ensino Superior Masculino Feminino
15,4%
7,7%
13,5%
10,9%
50,6%52,6%
28,2%
19,8%
24,0%
12,2%
9,8%
1,8%
51,6%
21,9%
31,8%
15,9%
13,7%
16,7%
Gráfico 5
EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO ESCOLAR DOS PARTICIPANTES NO DDN ENTRE 2005 E 2018
60%
40%
20%
30%
50%
10%
0%
2006/2007 2005/2006
2018 2017
2016 2015
2011/2012 2010/2011
2009/2010 2008/2009
2007/2008
12.º ano 10.º ou 11.º ano
9.º ano
Menos que 9.º ano Freq. Ensino Superior
Distrito de residência 9.º ano
ou menos 10.º ou 11.º ano 12.º ano Freq.
ensino superior N.º total
Aveiro 10,9% 8,8% 53,2% 26,5% 4495
Beja 15,0% 7,1% 48,6% 28,7% 704
Braga 9,7% 11,8% 55,7% 22,2% 4838
Bragança 13,3% 12,9% 51,0% 21,7% 727
Castelo Branco 9,0% 7,4% 54,4% 28,5% 754
Coimbra 8,5% 8,7% 57,1% 25,5% 3134
Évora 12,3% 11,1% 54,2% 21,9% 1287
Faro 16,4% 11,0% 46,8% 25,0% 3560
Guarda 9,4% 12,4% 55,0% 22,5% 993
Leiria 8,1% 9,9% 55,9% 25,6% 2816
Lisboa 10,9% 14,4% 49,4% 24,5% 12712
Portalegre 14,4% 14,7% 50,4% 19,7% 875
Porto 10,7% 10,3% 51,7% 26,6% 11454
Santarém 10,3% 9,0% 52,8% 27,4% 2202
Setúbal 14,7% 19,6% 47,3% 17,9% 6527
Viana do Castelo 8,4% 4,1% 54,0% 32,9% 1498
Vila Real 10,8% 10,0% 52,7% 25,8% 1370
Viseu 10,5% 12,3% 54,0% 22,6% 2686
Angra Heroísmo 15,4% 12,4% 55,5% 16,1% 434
Horta 19,0% 14,9% 49,6% 16,1% 242
Ponta Delgada 23,4% 13,7% 46,9% 15,3% 965
Madeira 13,4% 16,5% 52,3% 16,9% 1819
Total 12,5% 11,5% 52,2% 23,2% 66092
sentido inverso. A população com menos que o 9.º ano passou de 15,9% para 1,8%, ao passo que os que têm o 9.º ano representavam 21,9% e agora são 9,8%.
Mas a configuração dos níveis de escolaridade tem ainda um padrão de distribuição regional. A situação é muito diferente consoante a região do país, o que faz com que a população que se apresenta em cada CDDN seja, consequentemente, diferente.
Tabela 1
ESCOLARIDADE DOS PARTICIPANTES, POR DISTRITO
A tabela 1 retrata essa diversidade regional, podendo notar-se os menores níveis de escolaridade existen- tes nas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira, assim como algumas diferenças nas regiões do Con- tinente. A este nível, Setúbal é um dos distritos com a escolaridade mais baixa. Pelo contrário, os distritos de Viana do Castelo, Coimbra, Leiria e Castelo Branco são os que apresentam população jovem mais esco- larizada.
Gráfico 6
IDADE EM QUE OS PARTICIPANTES NO DDN DEIXARAM DE ESTUDAR (N)
15 anos
14 anos ou menos
17 anos 16 anos 2705 78 49
280
0 5000 10000
18 anos
8574
Gráfico 7
ESCOLARIDADE DOS PAIS DOS PARTICIPANTES NO DDN
Ensino Superior
10.º – 12.º ano
7.º – 9.º ano
5.º – 6.º ano
1.º – 4.º ano
0% 20% 40%
Pai Mãe
11,0%
16,4%
24,1%
30,9%
22,5%
21,8%
17,6%
14,2%
16,5%
11,8%
No gráfico 6 é possível observar a idade em que os participantes deixaram de estudar (independente- mente de terem cumprido ou não a escolaridade obri- gatória). Embora a grande maioria o tenha feito aos 18 anos, 3112 jovens abandonaram a escola antes de serem maiores de idade.
Quanto à escolaridade dos pais encontra-se um fenó- meno que já tem sido referenciado, em que as mulhe- res tendem a estar mais representadas nas escolari- dades mais elevadas. No gráfico 7, existem mais 5,4%
de mães do que pais com o ensino superior. O mesmo se verifica para o ensino secundário com uma dife- rença de 6,8%.
A ideia transmitida no parágrafo anterior é refor- çada pelo gráfico 8 que evidencia uma clara diferença entre as jovens do sexo feminino e os do sexo mas- culino quanto à escolaridade máxima que preten- dem concluir: 73,3% das jovens ambicionam o ensino superior, uma diferença de 15,4% quando comparado com o sexo masculino.
Gráfico 8
NÍVEIS DE ESCOLARIDADE AMBICIONADOS PELOS PARTICIPANTES NO DDN, POR SEXO
80%
60%
40%
20%
0% 3.º ciclo do ensino básico
Ensino secundário
Ensino superior
Não pretende voltar a estudar Masculino Feminino
2,3%1,0%
28,5%
18,3%
57,9%
73,3%
11,3%7,5%
02.
Os jovens e as Forças Armadas
Apreciação do Dia da Defesa Nacional
A importância e a dimensão do DDN, um dever de cida- dania que envolve anualmente um universo populacional superior a 100 mil cidadãos e que por isso se constitui como um dos principais instrumentos na relação das FA com os jovens, justifica uma monitorização constante e abrangente. Neste sentido, a opinião geral que os jovens manifestaram sobre o evento é bastante favo- rável, com 80,1% dos inquiridos a referir que gostaram ou gostaram muito do Dia (gráfico 9). Dada a hetero- geneidade do público participante (em termos de esco- laridade, situação profissional e de origem geográfica), atingir estes valores de aceitação é bastante positivo, até porque ao longo dos vários anos de realização se
Gráfico 9
DISPERSÃO DA OPINIÃO GERAL DOS PARTICIPANTES SOBRE O DDN
100%
75%
Gostou ou gostou muito 50%
25%
0%
Neutro Não gostou
2017 2018
7,5%
13,6%
78,9%
7,1%
12,8%
80,1%
9.º ano ou menos
10.º ou 11.º ano
12.º ano
Freq. ensino superior
Total da amostra
5,56 5,58
5,55 5,51
5,52 5,46
5,25 5,18
5,47 5,41 Gráfico 10
VARIAÇÃO DA APRECIAÇÃO MÉDIA DO DDN EM FUNÇÃO DA ESCOLARIDADE
1 2 3 4 5 6 7
Escala de 1 – Não gostou nada / 7 – Gostou muito
2018 2017
tem conseguido uma tendência geral de evolução positiva.
No que respeita à influência da escolaridade nesta apreciação (gráfico 10), em primeiro lugar importa des- tacar que os valores de apreciação são bastante positi- vos, em todos os níveis considerados. Isto significa que, em termos de inclusão, o DDN consegue ter um impacto positivo e ajustar-se à diversidade da escolaridade dos jovens. No entanto, importa referir que a relação entre o aumento da escolaridade e a apreciação do DDN é ainda inversamente proporcional, já que à medida que a escolaridade aumenta o grau de apreciação tende a diminuir ligeiramente, mas com progressos positivos face ao ano anterior.
Relativamente à “validação” deste evento, apesar de estarmos perante um dever militar no qual a partici- pação assume contornos de obrigatoriedade, não pode ser desconsiderado o facto de apenas 1,3% dos jovens afirmarem que não deveria existir qualquer mecanismo de transmissão de informação sobre a Defesa Nacional e as Forças Armadas (gráfico 11).
Para a grande maioria dos jovens, o mais adequado é a realização do DDN em Unidades Militares ou com pre- sença militar (58,4%). No entanto, são relevantes os 33,7% que apontam para uma maior interligação com o universo escolar, seja em termos de espaço de realiza- ção, seja em termos de inclusão do tema nos seus pro- gramas.
Gráfico 11
COMO DEVEM OS JOVENS SER INFORMADOS SOBRE DEFESA NACIONAL E AS FA
Realizando DDN em escolas
Realizando DDN em unidades militares
Realizando o DDN noutros locais públicos Incluindo o tema da Defesa Nacional nos curriculos escolares
Não deveriam ser informados de maneira nenhuma
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
2018 2017
58,4%
59,4%
12,5%
12,2%
21,2%
20,6%
6,6%
6,5%
1,3%
1,3%
Gráfico 12
PERCEÇÃO SOBRE O PRINCIPAL OBJETIVO DO DDN
100%
75%
Transmitir informação sobre Defesa Nacional 50%
25%
Transmitir informação sobre Forças Armadas Incentivar ao ingresso
nas Forças Armadas Outro 0%
16,4%
2,3%
2017 21,2%
60,1%
24,0%
2,5%
2012/13 35,7%
37,7%
13,8%
2,2%
2018 22,4%
61,6%
No gráfico 12 é apresentado outro indicador que poderá ser considerado complementar ao de apreciação sobre o DDN, já que se relaciona com o que os jovens conside- ram ter sido o objetivo deste Dia.
No modelo anterior do DDN, mais concretamente em 2012/2013, os jovens consideravam como objetivo principal do mesmo a transmissão de informação sobre as FA (35,7%) e a informação sobre Defesa Nacional (37,7%), perfazendo estes dois objetivos 73,4% da amostra. Após a reformulação do modelo do DDN, veri- ficou-se, por exemplo em 2017, que 60,1% consideram que visa transmitir informação sobre Defesa Nacional.
Em 2018, estes valores permanecem praticamente inalterados com 61,6%.
Os dados apresentados nesta secção visam descre- ver, em traços gerais, o que os jovens pensam sobre as FA, seja enquanto instituição, seja pelas oportu- nidades profissionais que proporcionam. A primeira variável considerada, exposta no gráfico 13, compara o nível médio de confiança que os jovens atribuem a diversas instituições, ficando a confiança nas FA escalonada em 2.º lugar, sendo ultrapassada apenas pela confiança depositada nos Bombeiros.
Foi também pedido aos jovens que manifestassem o
Gráfico 13
NÍVEL MÉDIO DE CONFIANÇA DOS JOVENS EM DIFERENTES INSTITUIÇÕES
Autoridade Nacional de Proteção Civil Emergência Médica
Sistema Nacional de Ensino*
Polícia de Segurança Pública
Tribunais*
Guarda Nacional Republicana Forças Armadas
Polícia Judiciária Bombeiros
5,34 5,80
5,30 5,29
5,24 5,22
5,16 5,91 5,85
5,39 6,00 5,98
5,36 5,33 5,37
4,71
1 2 3 4 5 6 7
Representações sobre as Forças Armadas
seu grau de concordância relativamente a um conjunto de frases sobre as FA. Os dados obtidos (gráfico 14) demonstram que, de uma forma muito clara, os jovens concordam com a necessidade de existência das FA para a segurança do país, e também se pronunciam de forma muito favorável relativamente à sua eficácia no cumpri- mento das missões e ao seu nível de organização. Pode dizer-se que, do ponto de vista institucional, as FA têm uma muito boa aceitação junto da população jovem.
Gráfico 14
MÉDIA DAS REPRESENTAÇÕES INSTITUCIONAIS DAS FA
São eficazes no cumprimento das suas missões São necessárias para a segurança do país
Estão preparadas para as novas ameaças Estão bem organizadas
6,44 6,39
Estão bem equipadas
6,17 6,13
6,13 6,17
5,95 5,91
5,85 5,81
Escala: 1 – Não concorda nada / 7 – Concorda totalmente
1 2 3 4 5 6 7
2018 2017
Noutra perspetiva, a das representações profissio- nais, procurou-se perceber o que pensam os jovens, em termos gerais, acerca do emprego proporcionado pelas FA. Os dados obtidos revelam que este domínio de representação apresenta valores mais baixos que a vertente institucional, mas ainda assim muito favo- ráveis (gráfico 15).
As perceções associadas mais positivamente ao emprego proporcionado pelas FA são o facto de poder ser praticado bastante exercício físico, de propor- cionar uma boa experiência profissional, de permitir a continuação de estudos e a evolução na carreira.
Inversamente, os valores mais baixos de apreciação, embora positivos, prendem-se com a remuneração que proporciona e com o grau de atratividade das ati- vidades que comporta.
Para finalizar esta temática, aborda-se a questão da atratividade dos ramos de uma forma genérica, sem estar associada a intenções de ingresso e ape- nas para aferir a relação que existe entre os mesmos neste domínio. A informação recolhida permite obser- var uma taxa de atratividade mais elevada no Exér- cito (37,3%), seguida pela Força Aérea (33,5%) e, por último, a Marinha (24,1%) – gráfico 16.
Proporciona uma boa experiência profissional Permite praticar bastante exercício físico
Permite evoluir na carreira Permite a continuação de estudos
É bem pago
Tem atividades interessantes e atrativas É bem visto pela sociedade
Gráfico 15
MÉDIA DAS REPRESENTAÇÕES PROFISSIONAIS DAS FA
6,06 5,98
5,81 5,73
5,75 5,60
5,69 5,67
5,11 5,10
5,47 5,36
5,36 5,24
Escala: 1 – Não concorda nada / 7 – Concorda totalmente
1 2 3 4 5 6 7
2018 2017
Gráfico 16
ATRATIVIDADE DOS RAMOS DAS FA
2018 2017
0% 25% 50% 75% 100%
24,1% 37,3% 33,5%
23,2% 36,6% 35,4%
5,1%
4,8%
Marinha Exército Força Aérea Não tem elementos suficientes para responder
A predisposição para o ingresso nas Forças Armadas
Uma outra dimensão de análise pertinente prende-se com a manifestação de intenção dos jovens em ingres- sar nas FA. A este respeito verifica-se que 45,8% dos jovens participantes em 2018 manifestam essa pre- disposição, ao passo que 41% a afastam (gráfico 17).
Não se trata aqui de afirmar que todos estes jovens se vão apresentar como candidatos ao ingresso nas FA. Esta seria uma leitura abusiva dos dados. Trata-se, sim, de um indicador que, associado às representações positivas que veiculam sobre as FA, demonstra que a base de trabalho, em matéria de relação com os jovens portugueses, é
bastante positiva, não se registando sinais que apontem para nenhum fenómeno de rejeição da Instituição Militar.
Analisando a variação da predisposição para o ingresso em função do sexo, no gráfico 18 é possível constatar uma influência muito visível desta variável. A percenta- gem de jovens do sexo masculino que colocam a pos- sibilidade de ingressar nas FA é claramente superior (49,3%) à registada para a população feminina (42,3%).
Analisando a variação desta predisposição para o ingresso em função da escolaridade (gráfico 19), é pos- sível constatar que a percentagem de jovens interessa-
Gráfico 17
PREDISPOSIÇÃO PARA INGRESSO NAS FA
0% 20% 40% 60% 100%
45,8% 13,2% 41,0%
60%
Não tem interesse Não sabe
Tem interesse
2010/2011 2011/2012 2012/2013 2015 2016 2017 2018
Gráfico 18
EVOLUÇÃO DA PREDISPOSIÇÃO PARA INGRESSO NAS FA, POR SEXO
60%
40%
20%
30%
50%
10%
0%
Masculino Feminino 28,2%
38,6%
26,7%
38,1%
30,3%
41,3%
33,6%
47,5%
32,3%
46,2%
31,7%
44,8%
42,3%
49,3%
Gráfico 19
PREDISPOSIÇÃO PARA INGRESSO NAS FA, POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE
9.º ano ou menos (N = 7648) 10.º ou 11.º ano (N =8065)
59,8% 27,6%
55,4% 31,0%
12.º ano ou equivalente (N = 34224)
46,9% 39,4%
Frequência Ensino Superior (N = 15913)
12,6%
13,7%
13,7%
31,9% 12,1% 56,0%
dos em ingressar nas FA vai diminuindo à medida que a escolaridade aumenta. No entanto, ter 46,9% dos jovens do 12.º ano a não afastar a possibilidade de ingressar é muito relevante.
Com objetivos meramente ilustrativos, apresenta-se também a variação desta predisposição para ingresso em função do distrito de residência (gráfico 20), para
que assim se perceba quais as regiões do país onde as FA gozam de maior e menor potencial de recrutamento.
É possível constatar uma amplitude de variação na pre- disposição para o ingresso entre os 40,2% e os 56,5%, e uma média de todos os distritos de 45,8%. É no dis- trito de Lisboa onde se encontra a predisposição mais baixa face ao total, 40,2%, apesar de a expressão numérica de jovens ser alta (N=5111), facto que se
2000
0 4000 6000 8000 10000 12000
Gráfico 20
PREDISPOSIÇÃO PARA INGRESSO NAS FA, POR DISTRITO DE RESIDÊNCIA
Lisboa (40,2%) 326 411 366 404 503 495 576 660 684 888 1072 1333 1408 1451 1567 2305 2254 3002 5158 5111 222 121 Horta (50,0%) Angra Heroísmo (51,2%) Beja (46,4%) Bragança (56,5%) Castelo Branco (48,5%) Portalegre (46,2%) Ponta Delgada (52,1%) Guarda (49,5%) Évora (44,8%) Vila Real (48,0%) Viana do Castelo (45,1%) Madeira (48,7%) Santarém (48,6%) Viseu (49,6%) Leiria (50,0%) Coimbra (46,2%) Faro (43,7%) Aveiro (51,3%) Braga (46,6%) Porto (44,8%) Setúbal (46,0%)
Total de jovens deste distrito no DDN Jovens predispostos para o ingresso
deve à grande densidade populacional deste distrito.
Até agora vimos o potencial máximo da predisposi- ção para o ingresso, sendo este composto por sen- sivelmente 30 mil jovens (apontando apenas os dados dos inquéritos válidos, sem extrapolar para o universo populacional de referência). Delimitando mais estes números, através do grau de concretiza- ção dessa intenção, conseguiu-se apurar que perto de 20 mil jovens pensa seriamente em protagonizar esse ingresso (29,9% dos inquiridos). Indo ainda mais longe, verificou-se que sensivelmente 8 mil destes jovens inquiridos ponderam mesmo ingressar, num período de tempo inferior a 12 meses. Ou seja, apura- ram-se os jovens com maior probabilidade de se tor- narem candidatos, mas também se conseguiu aferir o potencial mais amplo de recrutamento neste seg- mento populacional (gráfico 21).
Um outro dado muito importante para efeitos de afe- rição do posicionamento das Forças Armadas na pers- petivação do futuro profissional dos jovens, prende-se
com o ramo em que projetam esse ingresso. Os dados obtidos (gráfico 22) demonstram, desde logo, que sub- jacente à intenção/ideia de ingressar está a escolha de um determinado ramo, uma vez que pouco mais de 7%
dos jovens afirmaram não ter uma ideia concreta neste domínio. Trata-se de um elemento muito importante em matéria de estruturação e desenvolvimento de pro- cessos/estratégias de comunicação.
Quanto às escolhas, destaca-se que em 2018, dos jovens que afirmam poder vir a ingressar nas Forças Armadas, nos regimes de voluntariado e de contrato, 46,7% esco- lheram o Exército como ramo preferencial, seguidos de 23,1% para a Força Aérea e 22,4% para a Marinha. Este escalonamento entre os ramos (com uma distância relativa do Exército face aos demais muito relevante), já se tinha verificado em anos anteriores, como é o caso de 2017. No entanto, há a destacar também que se regista uma tendência de redução da preferência do Exército e um incremento na Força Aérea e na Marinha.
Gráfico 21
POTENCIAL DE RECRUTAMENTO DAS FA Pensa candidatar-se nos próximos 12 meses Pensa seriamente em ingressar
Tem algum interesse em ingressar 8120
19839
30458 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Gráfico 22
RAMO DE PREFERÊNCIA PARA INGRESSO NAS FA
2017 2018
Marinha Exército Força Aérea Um qualquer
22,4% 46,7% 23,1% 7,8%
20,2% 51,8% 20,7% 7,3%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Gráfico 23
MOTIVOS JUSTIFICATIVOS DA INTENÇÃO DE INGRESSAR NAS FA
Os ordenados são bons
Concorrer aos quadros permanentes das FA Concorrer às Forças de Segurança
Participar em missões humanitárias e de apoio à paz
Outro motivo
É dificil arranjar outro emprego Gostar da vida militar
Os militares são bem vistos pela sociedade
Continuar a estudar e ter mais formação profissional 55,7%
22,3%
17,8%
16,6%
10,5%
10,4%
5,8%
3,9%
61,4%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Gráfico 24
MOTIVOS JUSTIFICATIVOS
DA INTENÇÃO DE NÃO INGRESSAR NAS FA
É um emprego que não permite um futuro profissional Estar empregado
Outro motivo
Não gostar das características da profissão militar
Por considerar apenas o ingresso direto nos quadros permanentes
Estar a estudar e querer continuar apenas a estudar
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Considerar que o ordenado é baixo Não querer ficar longe de casa e da família
52,7%
39,1%
25,0%
19,0%
10,5%
6,9%
5,5%
3,8%
No que respeita aos motivos com que os jovens justifi- cam as suas intenções (gráfico 23), observa-se como fator mais relevante para o ingresso a perceção de gos- tar da vida militar (61,4%), seguida pela possibilidade de participação em missões humanitárias e de apoio à paz (55,7%). Num patamar mais distante, mas ainda relevante, encontram-se os motivos de continuação de estudos e formação profissional (22,3%), concurso às Forças de Segurança (17,8%) e concurso aos quadros permanentes das FA (16,6%).
Analisando agora o gráfico 24, construído através das respostas dos jovens que não têm intenção de ingressar nas FA, identifica-se como fator mais relevante o inte-
resse com a continuação em exclusivo dos estudos (com 52,7% dos jovens a identificarem este fator como rele- vante), seguido por não gostar das características da vida militar (assinalado por 39,1% dos jovens) e por não querer ficar longe de casa (25%). Ou seja, a continuidade dos processos de qualificação que estes jovens preten- dem encetar é que parece fundamentar o afastamento do ingresso nas FA, podendo por isso ser interpretado como uma justificação assente numa lógica de percurso de vida e menos derivada das características da oferta.
Caberá às FA desenvolver estratégias que potenciem o seu papel enquanto parceira ou base de sustentação de percursos/projetos pessoais qualificantes, para conse- guir chegar melhor a este segmento de jovens.
m Apesar de alguma diversidade regional relevante, um dos traços mais dis- tintivos dos jovens portugueses é a sua crescente escolarização (mais vincada no sexo feminino);
m O Dia da Defesa Nacional, enquanto elemento da relação com os jovens, funciona de forma muito satisfatória. Apesar da obrigatoriedade da par- ticipação é visto como muito interessante, percecionado como momento de informação e a sua existência (com ligação ao contexto militar) é legi- timada pelos participantes;
m Os jovens portugueses têm representações muito positivas sobre as For- ças Armadas, tanto numa perspetiva institucional como profissional;
m O segmento populacional que não afasta a possibilidade de ingresso nas Forças Armadas é relevante em termos quantitativos e demonstra que a base de trabalho é positiva. Há aspetos que podem ser potenciados (maior aceitação no sexo feminino e nos níveis de escolaridade mais elevados), mas eventuais problemas conjunturais de recrutamento não derivam de nenhum processo de rejeição ou de desvalorização das Forças Armadas por parte destes jovens, pelo contrário. Neste domínio, as Forças Arma- das têm uma situação muito positiva, pelo que a sua atuação (para atingir patamares mais elevados de atratividade) deverá recair em aspetos asso- ciados à configuração (instrumental) da sua oferta.
Notas conclusivas
Março de 2019