• Nenhum resultado encontrado

A duas vozes

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A duas vozes"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

www.franklingoldgrub.com

A Metáfora Opaca - franklin goldgrub

 4 capítulo - (texto parcial)

A duas vozes    

A prática psicanalítica tem sido apresentada como um conjunto de procedimentos distintos, compatibilizados pela suposição de que

constituem técnicas pertencentes ao mesmo método. Pratos infalíveis do cardápio freudiano, como recordações infantis, emoções transferenciais, fantasias sexuais, dificuldades amorosas, inibições, conflitos, ansiedade, culpa, são abordados através de intervenções regidas por concepções teóricas raramente isentas de considerações valorativas.

Ao contrário da ausência de estipulações sobre o que fazer com as associações livres não oníricas, Freud prescreveu regras bem precisas para a interpretação do sonho. Talvez seja esse o momento inicial da fratura metodológica - a interpretação foi instituída como procedimento consagrado aos sonhos e sua aplicação a outros conteúdos não passou por exame e discussão. Freud condecorou o sonho com o prestigioso título de "via real para o inconsciente", estabelecendo implicitamente uma diferença hierárquica entre os temas da associação livre, embora também

(2)

tenha afirmado que a interpretação de sonhos constitui o modelo da escuta psicanalítica. Não se percebeu que sob a hesitação freudiana

assomava uma questão importante, a ser cuidadosamente examinada. Na ausência da devida reflexão, a inércia exerceu seu costumeiro efeito: a psicanálise adotou o modelo médico e redefiniu-se como disciplina cujo corpo teórico serve de sustentação à prática - o que comumente se

chama de ciência aplicada. De que serviria a teoria senão para amparar e orientar o trabalho terapêutico?  Em conseqüência, acabou prevalecendo a idéia de que os relatos comuns (ou seja, não oníricos) deveriam ser enquadrados conceitualmente. Noções como fixação, regressão, trauma, relações edipianas, fantasia, mecanismos de defesa, transferência,

ganharam cidadania metodológica e passaram a referenciar a intervenção, juntamente com a nosografia.

Na medida em que a psicanálise se transformava num saber aplicável a tudo - do sintoma ao tema da última manchete estarrecedora - coube às efêmeras imagens oníricas desafiar a suficiência de uma teoria cada vez mais abrangente e segura de si. Mas a dissonância não se manteve por muito tempo. O modelo da ciência aplicada estendeu seus tentáculos à jurisdição rebelde e transformou o caleidoscópio noturno em pouco mais do que uma peça de museu, monumento dedicado aos tempos heróicos, logotipo do virtuosismo de Freud, testemunho de seu ouvido absoluto.

Um dos desdobramentos da nova situação expressou-se pela suposição de que diferentes tipos de conflitos requerem abordagens específicas, de acordo com a ótica da especialização médica. Cada psicanalista via-se autorizado e mesmo incentivado a particularizar seu instrumental

terapêutico para adequá-lo ao diagnóstico.

(3)

Não obstante, conservou-se o vocábulo "interpretação" para descrever os mais variados tipos de intervenção, traduzindo a preocupação de manter a coerência metodológica, pelo menos nominalmente. Isso só se tornou possível porque o verbo "interpretar" sofreu uma sutil metamorfose

semântica, passando a  designar o objetivo da intervenção - a

transposição da fronteira entre inconsciente e consciência - e não mais seu modus operandi. O pragmatismo (primazia da eficácia) sobrepôs-se à questão teórico-metodológica ("o que é a interpretação e como se

interpreta?"). Tampouco foram estipulados critérios para definir "eficácia", por pura impossibilidade. Em decorrência o psicanalista passou a gozar de uma liberdade de ação que privou sua prática de parâmetros. Não parece despropositado descrevê-la como uma espécie de franquia.

Esse estado de coisas não poderia deixar de ocasionar desconforto. A idéia de que o método psicanalítico é extremamente flexível e seu

praticante está autorizado a utilizá-lo como bem lhe aprouver subverte um importante princípio da ciência. Alguns argumentos foram propostos

como justificativa.

a) Cada relação psicanalista-paciente seria única e somente seus

participantes estariam intitulados a vivenciá-la e avaliá-la. O observador não teria como perceber-lhe as nuances e sutilezas. As particularidades da situação transferencial conferem ao psicanalista a prerrogativa de decidir o que, como e quando fazer em cada caso.

b) Por outro lado, e para garantir a cientificidade, o diagnóstico passou a representar o aspecto objetivo de uma tarefa que, caso contrário, correria o risco de sucumbir por falta de balizas. Ao enquadramento nosográfico foi confiado o papel de guiar o psicanalista por caminhos seguros e compensar a idiossincrasia.

(4)

c) As regras propostas por Freud valeriam sobretudo para os aspectos contratuais. Sigilo, número de sessões, definição de horários, modalidade de pagamento e questões semelhantes são objeto de estipulações e constituem as pré-condições necessárias ao tratamento, a serem observadas por todos os psicanalistas. O próprio Freud comparou as regras técnicas à abertura e ao final no jogo de xadrez, quando muitas peças têm pouco espaço e poucas peças têm muito espaço, caso em que é possível - ou mesmo necessário - estabelecer normas estritas.

Esperar consenso em relação ao tratamento propriamente dito estaria fora de questão. Durante a partida, e desde que obedeça aos princípios

gerais, cada jogador é livre para desenvolver sua própria estratégia.

d) A busca de um padrão metodológico colidiria com a subjetividade, pedra fundamental da concepção freudiana. A expectativa de que o

psicanalista poderia e deveria deixar de lado suas características pessoais seria contraditória com a própria teoria psicanalítica.

Tais argumentos desconsideram o papel do método, doravante suspeito de auspiciar a robotização do psicanalista, e abrem caminho para

legitimar a contra-transferência. Levada até as últimas conseqüências na clínica kleiniana, essa atitude preconiza a utilização dos sentimentos do psicanalista como instrumento terapêutico. Correspondentemente, os conflitos e as modalidades de transferência passaram a ter a nosografia como referência. A poltrona confiscou a singularidade em seu benefício enquanto simultaneamente padronizava as associações livres mediante uma leitura conceitual. O divã transformou-se então no proverbial leito de Procusto.

---

(5)

A escolha do termo "interpretação" para descrever a operação

característica do trabalho psicanalítico se deve certamente ao livro sobre os sonhos, em que a linguagem é descrita como um fenômeno cuja complexidade excede em muito a função comunicativa. A distinção estabelecida entre significação (consciente) e sentido (inconsciente)

justifica empiricamente a regra fundamental mas não isenta a psicanálise de construir a respectiva teoria. Se os numerosos exemplos de

interpretação e a conceituação das quatro operações oníricas

estabelecem de fato as bases da teoria do método, é preciso reconhecer que Freud não chega a formulá-la nem n' A Interpretação dos Sonhos nem em qualquer outro texto[1]. Essa lacuna certamente contribuiu para que o ato interpretativo se diluísse posteriormente numa inespecificidade apta a legitimar praticamente qualquer tipo de intervenção.

Concomitantemente, a interpretação propriamente dita foi relegada à posição de ideal metodológico quase impraticável, na medida em que é bem mais freqüente o relato de outros temas do que o de sonhos. O contraste entre significação e sentido, tão evidente no sonho, é menos nítido em outros tipos de "material". 'Interpretação' passou a designar em sua primeira acepção toda intervenção visando operar a passagem do que é inconsciente para a consciência e apenas secundariamente o teor específico do ato cuja incidência sobre o significação permite discernir o sentido. Há, nesse deslizamento, uma considerável perda de precisão. A afirmação de que tal ou qual intervenção permitiu que o paciente tomasse consciência de tal ou qual fantasia inconsciente apóia-se em pura petição de princípio, algo bem diferente de propor uma relação bem definida entre conteúdo manifesto e conteúdo latente a propósito de determinado

conjunto de associações.

(6)

O foco da prática clínica deslocou-se do discurso, terreno da

interpretação, para a pessoa, cujas associações passaram a ser utilizadas como referencial para o diagnóstico e outras aplicações conceituais.

Trata-se de mais uma manifestação da influência exercida pelo modelo médico. Essa tendência se combinou, a partir do caso Dora, com a importância crescente concedida à relação entre paciente e psicanalista . [2] Pode-se dizer que a escuta psicanalítica contemporânea se guia por conceitos teóricos e concede primazia aos sentimentos e emoções. O psicanalista de nossos dias tende a privilegiar as manifestações afetivas do paciente e a enquadrá-las teoricamente. Com uma exceção: se for lacaniano evitará essa atitude desconsiderando o teor do conteúdo manifesto para dedicar-se à pontuação de sílabas repetidas, aliterações, escansões e anagramas. A intervenção visa o significante, que na

concepção lacaniana substancializa o inconsciente.

Em seu livro sobre os sonhos Freud apresenta uma nova concepção de inconsciente que a releitura lacaniana captaria apenas parcialmente.

Diferentemente das definições anteriores, tributárias de fatores ambientais (teoria do trauma) e orgânicos (sexualidade e agressividade definidos biologicamente), o inconsciente é pensado em A Interpretação dos

Sonhos como matriz das significações que constituem a identidade. Não mais tido por depósito de traumas ou vulcão de afetividade reprimida, combina a universalidade (pois abrange todos os atos humanos)  com a singularidade de suas manifestações. O inconsciente de A Interpretação dos Sonhos é o roteiro invisível que cria a realidade mediante o mesmo mecanismo metafórico que produz as imagens oníricas durante o sono.

O próprio conceito de personalidade é modificado. A nova concepção enfatiza as expectativas inconscientes às quais cada recém nascido deve sua existência. A identificação com o lugar heteróclito situado no discurso

(7)

inconsciente dos pais ou substitutos torna-se o fenômeno central do processo de formação da identidade. O conceito de identificação

elaborado a partir do texto sobre o narcisismo (1914) substitui as noções biológicas e ambientalistas por uma descrição em que a identidade é definida como interpretação singular, irredutível e heterogênea...

construída com base em outras interpretações singulares, irredutíveis e heterogêneas. Uma das manifestações mais evidentes e freqüentes da heterogeneidade discursiva é o conflito psíquico. A personalidade deixa de ser pensada como efeito da experiência ou da maturação orgânica; sua constituição dá-se a partir do desejo inconsciente de outros seres

humanos, cujas expectativas contraditórias moldam o recém-nascido à revelia da consciência e das práticas educativas.

O autismo e a esquizofrenia infantil integram os fenômenos pertencentes ao âmbito da identificação não menos do que o Édipo.

A revolução teórica e epistemológica decorrente dos estudos sobre o sonho, dos quais emerge a noção de que os atos humanos são

determinados por uma lógica inconsciente, foi complementada no terreno metodológico pela formulação da prática interpretativa, destinada a

detectar a relação entre significação consciente e sentido inconsciente (conteúdo manifesto/conteúdo latente). A nova concepção de

inconsciente pede uma atitude clínica condizente, cuja prática Freud descreveu sem ter podido elaborar a respectiva teoria. Seja como for, ela está presente implicitamente nas páginas de A Interpretação dos Sonhos.

As imagens oníricas são menos uma modalidade particular de discurso do que o modelo de funcionamento da própria linguagem. E a linguagem é menos um instrumento de comunicação do que o molde constitutivo da identidade. Expressa-se portanto em todos os atos e não apenas na verbalização[3].

(8)

À associação livre, qualquer seja seu conteúdo, é atribuível a mesma divisão manifestação/latência presente no sonho. Mesmo que isso tenha sido esquecido, o método psicanalítico, desde o livro sobre o sonho, se define como interpretação. Não de sonhos, atos falhos ou emoções edipianas atualizadas pela transferência, nem qualquer outro conteúdo particular, mas interpretação de associações livres. Ou seja, interpretação de interpretação.

Trata-se de uma atitude metodológica totalmente oposta ao modelo médico  que, combinado à hipertrofia da transferência, tem dominado a prática psicanalítica.

No segundo capítulo (Do método sobre o discurso) foi explicitada a hipótese de que todo discurso é metafórico. A injunção de que a fala se desdobre sem interrupção, livre das peias da interlocução e de

preocupações com coerência, adequação, pudor, etc., favorece a

percepção da delicada película que separa significação e sentido, desde que a escuta não se perca em juízos de valor nem seja entorpecida por intenções diagnósticas.

O estudo sobre os sonhos justifica a suposição de que a articulação entre significação e sentido é produzida por um mecanismo metafórico. Ao contrário das metáforas coloquiais, facilmente identificadas pelo ouvinte, as metáforas transparentes singulares e as metáforas opacas habitam sorrateiramente o discurso, sem oferecer-se imediatamente à percepção [4].

A metáfora transparente singular emerge em conseqüência do próprio desdobramento discursivo. As primeiras frases se assemelham ao relato de um sonho, descondensado progressivamente à medida em que as

(9)

associações se avolumam. A percepção de que a fala veicula

indiretamente significações abstratas parciais (metáforas transparentes) costuma preceder a aferição do seu sentido mais abrangente e profundo (metáfora opaca).  O sentido é plenamente equiparável ao que Freud descreveu, referindo-se ao sonho, como desejo. O respectivo acesso exige que se percorra na direção inversa a trajetória do deslocamento.

O sonho do Faraó ilustra o que seria a leitura da imagem onírica como metáfora. Vacas magras por escassez, vacas gordas por abundância e sete vacas por sete anos constituem metáforas transparentes singulares;

a imagem 'vacas magras comendo vacas gordas', enquanto

representação de seqüência temporal ('após sete anos de abundância virão sete anos de escassez'), introduz uma formulação sintática que, se devidamente amparada em associações, conduziria à região semântica da metáfora opaca. Na medida em que a interpretação não é

concomitante à participação do sonhador, o acesso ao sentido

permanece bloqueado. A suposição de que o sonho seja premonitório faz com que a interpretação se detenha na primeira constatação plausível.

Mesmo assim, e no que se refere à aferição das metáforas transparentes, cabe reconhecer que poucas vezes o adágio si non è vero è bene trovato se aplica tão bem como nesse caso.

Como é norma na história do conhecimento, também em relação ao onirismo o saber empírico antecedeu a teoria. A suposição de que há lógica no sonho precedeu de muito a construção das respectivas bases conceituais; membro de uma cultura ágrafa, o pastor hebreu antecipou em alguns milênios a atitude metodológica freudiana sem dispor de qualquer instrumental teórico ou experiência clínica. Entendeu que as imagens veiculam indiretamente um enunciado singular ('vacas magras' não metaforizam 'escassez' regularmente). No relato bíblico, Deus

(10)

pronuncia-se através do sonho e faz de José o intérprete de Sua

mensagem. (A psicanálise substituirá Deus por inconsciente, inconsciente por linguagem, José por método e premonição por desejo).

Se interpretar é uma operação efetuada sobre o conteúdo manifesto do discurso, independentemente de seu tema, a interpretação só será

possível se o relato, por mais lógico que seja, for considerado dotado de sentido, nitidamente distinguível da comunicação propriamente dita.

Desse ponto de vista não há qualquer razão para hierarquizar os

conteúdos da associação livre nem para enquadrá-los conceitualmente. A preocupação com o diagnóstico é abandonada; o sintoma perde seu estatuto privilegiado de testemunhar o "real" e passa a partilhar a

importância concedida a todo e qualquer tema. Os sonhos típicos deixam de ser pensados enquanto fenômenos idênticos relatados por pessoas diferentes (ou pela mesma pessoa em sessões diferentes). Como as associações livres jamais são iguais, o sonho tampouco permanece o mesmo, porque o discurso que o veicula é sempre singular. Em suma, quando se entende que o objeto da interpretação é o discurso o

respectivo conteúdo apenas aparentemente refere algo objetivo; antes destila um sentido. As associações livres somente valem em conjunto. Na prática psicanalítica, atribuir isoladamente a determinada frase tal ou qual significado seria tão impróprio como, num diálogo, considerar

separadamente cada sílaba, fazendo caso omisso da palavra e do sintagma.

Os atores acreditam que os papéis para os quais foram escolhidos refletem o reconhecimento e a fama de que gozam, mas a peça teatral propriamente dita se apóia integralmente nas falas de seus personagens, principais e secundários. Similarmente, o sentido subjacente ao conteúdo manifesto, independentemente da importância que o paciente (ou o

(11)

próprio psicanalista...) outorgue a determinado assunto, se vale de todos os enunciados.

Por mais disparatadas que sejam as imagens oníricas, dizia Freud, elas têm sentido; reciprocamente, por mais lógicos que pareçam os relatos

"objetivos", eles são equivalentes às imagens oníricas.

Conforme demonstrado por Chomsky e Benveniste, é à concatenação entre as palavras, mais do que ao significado particular de cada uma ou à sua somatória, que se deve a significação da frase. A mesma concepção se aplica às frases, tijolos cuja posição na construção discursiva é

determinada pela arquitetura do sentido.  

Várias são as implicações dessa concepção. Perde-se a sensação de continuidade entre as sessões, a tranqüilizadora crença de conhecer o ocupante do divã vai por água abaixo,  renuncia-se à pretensão de

radiografar a transferência e a posição edipiana do paciente, assim como cessa qualquer preocupação diagnóstica. Tudo o que disser respeito à pessoa é deixado de lado, condição sine qua non para que o discurso assuma o papel de protagonista. Inclusive a avaliação do processo torna- se impraticável; "o que há de mais objetivo, concreto e sólido se

desmancha no ar..." que vem dos pulmões.

O modelo metodológico baseado no sonho exige que o  psicanalista trabalhe tão desarmado como um "Bobby". Em oposição, o modelo médico outorga total segurança ao seu praticante, que se vê mimetizado à mais venerada das profissões liberais. Abdicar ao prestígio e à

respeitabilidade não é exatamente algo fácil e entende-se porque o

método interpretativo baseado nos sonhos continua subversivo, mais de cem anos depois.

(12)

Ironicamente, o desprezo que a ciência votava aos sonhos

metamorfoseou-se na desconsideração de que sua interpretação é objeto por parte da psicanálise atual.

A metodologia interpretativa declina dos habituais dados biográficos.

Profissão, idade, sexo, situação familiar, queixa, circunstâncias de vida etc., onipresentes nos históricos de caso, tornam-se irrelevantes. Em A Interpretação dos sonhos Freud raramente vai além de alguns pormenores sobre o sonhador e prescinde de

[1] Os estudos de caso (Dora, Homem dos Lobos, Homem dos Ratos) não constituem exceção.[2] De maneira paradoxal, aliás, já que

Fragmento da análise de um caso de histeria é ostensivamente consagrado a comprovar o valor da interpretação de sonhos para o processo psicanalítico.

[3] Metodologicamente, porém, a verbalização (associação livre) permanece em posição ímpar. Ela condensa e metaforiza o sentido

subjacente às manifestações da identidade (sentimentos, emoções,ações, atitudes, memória, etc.). A razão dessa propriedade  constitui uma das questões mais fundamentais a serem discutidas pela teoria da

interpretação. O tema será abordado mais detidamente no próximo

capítulo, Sargaços, com o auxílio do artigo "Semiologia da língua" (1969), de Émile Benveniste.

[4] A metáfora coloquial também é transparente, mas não singular.

Geralmente o falante já a encontra codificada na própria língua. Quando recém criada (independentemente de seu posterior sucesso e difusão), o

(13)

contexto é suficiente para sua interpretação. A metáfora inédita costuma provocar a surpresa e o riso; desse ponto de vista, avizinha-se da piada.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Consulte mais sobre esse e outro títulos do autor:

www.franklingoldgrub.com

Referências

Documentos relacionados

Não haverá jamais maior dor que a de perda um ente querido, e a ele ter de dizer o defenitivo adeus, e não existem quaisquer palavras ou gestos que algo possam contra o sofrimento

Na preparação das demonstrações financeiras anexas foram efetuados juízos de valor e estimativas e utilizados diversos pressupostos que afetam o valor contabilístico dos

6.4 Conforme o Decreto nº 43.181/11, o não comparecimento do candidato ao local indicado na lista de convocados para assinatura da ficha de cadastro de

Após isso, com a aceleração não prevista de novos óbitos no país, em especial no estado de São Paulo, a média móvel observada (dados oficiais) descolou de nossa

A primeira que designamos como a sua crítica às pretensões da razão e que não se aplica ao seu mestre ou a Anaximandro, pois, segundo ele, ambos partem de uma intuição mística

É por tudo isto que o PCP insiste que a extensão da linha C (Linha Verde) para a Trofa deve passar a integrar, de pleno direito, o conjunto das quatro linhas já incluídas pelo

O deslocamento está associado à sensibilidade do fazer manual e ao cálculo estético — aspectos que constantemente se entrecruzam, podendo-se destacar um ou outro deles apenas

Tal possibilidade permite dizer que os trabalhos de Canella dão a perceber a passagem do tempo, às vezes de forma imediata quando reúne num díptico dois