UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA MESTRADO EM BIOCIÊNCIAS E SAÚDE
Renan Souza
A DERMATOGLIFIA NA OBSERVAÇÃO DA CAPACIDADE NEUROMOTORA DE FORÇA MUSCULAR EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
Dissertação de Mestrado
Joaçaba
2017
Renan Souza
A DERMATOGLIFIA NA OBSERVAÇÃO DA CAPACIDADE NEUROMOTORA DE FORÇA MUSCULAR EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Biociências e Saúde - PPGBS, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Biociências e Saúde, da Universidade do Oeste de Santa Catarina.
Orientador: Prof. Dr. Rudy José Nodari Júnior
Joaçaba
2017
S729d Souza, Renan
A dermatoglifia na observação da capacidade neuromotora de força muscular em crianças e adolescentes. / Renan Souza.
UNOESC, 2017.
59 f.; 30 cm.
Orientador: Prof. Dr. Rudy José Nodari Júnior Dissertação (Mestrado) – Universidade do Oeste de Santa Catarina. Programa de Mestrado em Biociências e Saúde, Joaçaba, SC, 2017.
Bibliografia: f. 55 – 59.
1. Dermatoglifia - Adolescentes.
CDD- 613.71 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Alvarito Baratieri – CRB-14º/273
RENAN SOUZA
A DERMATOGLIFIA NA OBSERVAÇÃO DA CAPACIDADE NEUROMOTORA DE FORÇA MUSCULAR EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
Esta dissertação foi julgada e aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Biociências e Saúde no Programa de Mestrado em Biociências e
Saúde da Universidade do Oeste de Santa Catarina
Joaçaba, 09 de junho de 2017.
__________________________
Prof. Dr. Jovani Antonio Steffani Coordenador do Programa
BANCA EXAMINADORA
___________________________ ________________________________
Dr. Rudy José Nodari Júnior Dr. Arnaldo Tenório da Cunha Júnior
Orientador Universidade Federal de Alagoas
Examinador Externo
___________________________ ________________________________
Dr. Antuani Rafael Baptistella Dra. Carina Rossoni
Universidade do Oeste de Santa Universidade do Oeste de Santa
Catarina Catarina
Examinador Interno Examinador Interno
À minha família
Aos meus professores
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, que me permitiu chegar até aqui gozando de saúde, serenidade e paciência para finalizar mais este ciclo em minha vida.
Agradeço à minha família, meu porto seguro, a base que me deu sustentação neste processo todo e contribuiu para finalizá-lo com êxito.
À minha filha, Eloah, meu bem mais precioso e minha única riqueza, que com todo seu conhecimento, inteligência e maturidade, aos seis anos, soube suportar a ausência e a presença ausente de seu pai em momentos importantes e únicos da sua infância.
À minha esposa e às pessoas que com ela deram toda atenção necessária e dedicaram uma parte de seu tempo para minha filha, quando não estive presente.
Ao meu avô, Rugero Zaccaron, meu pai nos últimos 17 anos, um incrível senhor de cabelos brancos, que me incentivou desde a graduação e contribuiu para o alcance dos meus objetivos.
Ao meu orientador, Professor Doutor Rudy José Nodari Júnior, ao mestre com carinho que me orientou, indicou a direção, conduziu com sabedoria, ensinou e professou o caminho a ser seguido para esta conquista. Por este motivo, sou eternamente grato.
Aos meus colegas e amigos do Laboratório de Fisiologia do Exercício que estiveram presentes no processo de construção deste trabalho, em especial, à Professora Mestra Gracielle Fin, que metodologicamente é inquestionável e mesmo após concluir seu mestrado, dedicou-se a outras dissertações.
Aos meus colegas de mestrado que comigo viveram momentos especiais, dividiram uma parte preciosa de suas vidas e algumas vezes foram meus conselheiros.
À Universidade do Oeste de Santa Catarina e a Capes que me proporcionaram bolsa de estudo e a possibilidade de realizar pesquisas importantes que contribuíram para o meu crescimento pessoal e profissional enquanto pesquisador.
E a todos que de alguma forma, direta ou indiretamente, fizeram parte desta minha realização pessoal.
Viva como se fosse morrer amanhã.
Aprenda como se fosse viver para sempre.
(M. Gandhi)
RESUMO
Introdução: O desenvolvimento motor caracteriza-se pela especificidade de cada uma das capacidades motoras e cada indivíduo apresenta desempenho específico.
As capacidades motoras classificam-se em dois grupos: condicionantes e coordenativas. Dentre as capacidades motoras dos seres humanos, o desenvolvimento da força evidencia-se desde a primeira infância até a maturidade. A força gerada por um músculo ou grupo muscular pode ser avaliada segundo resistência, endurance muscular e potência. Por intermédio do fator hereditário pode-se determinar consideravelmente características, como resistência e força muscular, desempenho motor e alguns determinantes do desempenho. Uma das possibilidades de observação das capacidades motoras como herança genética e de desenvolvimento fetal é a Dermatoglifia. Objetivo: Investigar a presença de uma marca dermatoglífica característica da capacidade motora de força muscular em Membros Superiores (MMSS), Membros Inferiores (MMII) e força/resistência abdominal em crianças e adolescentes. Método: A amostra foi composta por 2.018 indivíduos, sendo 1.002 meninas e 1.016 meninos, com idades entre 10 e 16 anos, de escolas pública e privada de Joaçaba/Santa Catarina, armazenados no banco de dados do Laboratório de Fisiologia do Exercício – Unoesc. Para coleta, processamento e análise das impressões digitais utilizou-se o processo informatizado de leitura dermatoglífica, Leitor Dermatoglífico®, aumentando o grau de confiabilidade no processamento dos dados. Para avaliação da força muscular, foram utilizados os Testes de resistência abdominal, Força explosiva de MMII e Força explosiva de MMSS proposto pelo Manual do PROESP 2015. No teste de resistência abdominal os indivíduos foram separados nos grupos Zona de Risco e Zona Saudável. Nos testes de força explosiva de MMII e MMSS os indivíduos foram separados nos grupos Fraco, Razoável, Bom, Muito Bom e Excelente. Os dados foram processados no SPSS, versão 20.0. Resultados: Os resultados encontrados, no teste de resistência abdominal masculino, demonstram que a média do somatório da quantidade de linhas das impressões digitais no dedo MDSQL4 é significativamente maior no grupo Zona de risco, quando comparado ao grupo Zona saudável. Quando analisado o teste de resistência abdominal feminino, identificou- se a maior frequência das figuras A no MET4 e W no MET5 e MDT4 no grupo Zona de risco, já no grupo Zona saudável verificou-se maior frequência da figura LU nos
dedos MET4, MET5 e MDT4. Na avaliação da força explosiva de MMSS feminino, observou-se a presença das marcas dermatoglíficas W no grupo Fraco, A no grupo Bom e LU no grupo Muito Bom, nas impressões digitais em MDT5. Conclusão: Os resultados encontrados indicam a presença de marca dermatoglífica que caracteriza a predisposição genética para diferentes níveis de força muscular em crianças e adolescentes.
Palavras-chave: Dermatoglifia. Força Muscular. Crianças. Adolescentes.
ABSTRACT
Introduction: The motor development is characterized by the specificity of each one of the motor capacities, and each individual has a specific development. The motor capacities are classified in two groups: constraint and conditioning. Among the motor capacities of the human beings, the power development is evident since the early childhood until the adulthood. The power generated by a muscle or a muscle group can be evaluated according to resistance, muscle endurance and power. Through the hereditary factor, it is possible to clearly determine characteristics such as endurance and muscle power, motor development and some development determinants. One of the possibilities of observation of the motor capacities as genetic heritage and fetal development is Dermatoglyphics. Objective: To investigate the presence of a dermatoglyphic characteristic of the motor capacity of muscle power in upper limbs (UL), lower limbs (LL) and abdominal power/endurance in children and teenagers. Method: The sample was composed of data from 2,018 individuals, 1,002 girls and 1,016 boys, aged between 10 and 16 years, studying in both public and private schools in Joaçaba/ Santa Catarina, which were stored in a database of the Laboratory of Exercise Physiology - Unoesc. For the collection, processing and analysis of the fingerprints, the computerized process of dermatoglyphic reading, the Dermatoglyphic Reader (Leitor Dermatoglífico®) was used, increasing the degree of reliability in the data processing. For the evaluation of muscle power, the abdominal endurance test, the UL explosive power and LL explosive power ones, proposed by the 2015 PROESP Manual, were used. In the abdominal endurance test the individuals were separated into the groups Risk Zone and Healthy Zone. In the UL and LL explosive power the individuals were separated into the groups Weak, Acceptable, Good, Very good, and Excellent. The data were processed in the SPSS 20.0. Results: The results found in the male abdominal endurance test show that the average in the total ridge count in the Right Index Finger (RHTRC2) is significantly higher in the group Risk Zone when compared to the group Healthy Zone. When the female abdominal endurance test was analyzed, it was possible to identify higher frequency of the A figure in the Left Ring Finger (LHT4) and the W figure in the Left Little Finger (LHT5) and Right Ring Finger (RHT4) in the Risk Zone; in the Healthy Zone, in turn, a greater frequency of the UL figure was verified in the same fingers. In the evaluation of the explosive power of
female UL, it was observed the presence of the dermatoglyphic characteristics: W in the group Weak, A in the group Good, and UL in the group Very Good in the fingerprints of the Right Little Finger (RHT5). Conclusion: The results indicate the presence of a dermatoglyphic mark that characterizes the genetic predisposition for different levels of muscular strength in children and teenagers.
Keywords: Dermatoglyphics. Muscular strength. Children. Teenagers.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Arco 23
Figura 2 – Presilha Radial e Presilha Ulnar 23
Figura 3 – Verticilo e Verticilo Desenho S 24
Figura 4 – Leitor Dermatoglífico 30
Figura 5 – Teste de resistência abdominal 33
Figura 6 – Teste de força explosiva de membros inferiores 34 Figura 7 – Teste de força explosiva de membros superiores 34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Classificação no teste resistência abdominal masculino e feminino 31 Tabela 2 – Classificação no teste de Força explosiva de MMII masculino 31 Tabela 3 – Classificação no teste de Força explosiva de MMII feminino 32 Tabela 4 – Classificação no teste de Força explosiva de MMSS masculino 32 Tabela 5 – Classificação no teste de Força explosiva de MMSS feminino 32 Tabela 6 – Valores médios e desvio padrão para idade, estatura e peso dos
grupos masculino e feminino 37
Tabela 7 – Média da quantidade total de linhas das impressões digitais, quando comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável no teste de
resistência abdominal masculino 37
Tabela 8 – Diferença entre as figuras quando comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável no teste resistência abdominal masculino 38 Tabela 9 – Média da quantidade total de linhas das impressões digitais, quando comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável no teste de
resistência abdominal feminino 38
Tabela 10 – Diferença entre as figuras quando comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável no teste de resistência abdominal feminino 39 Tabela 11 – Tipos de figuras das impressões digitais quando comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável no teste de resistência abdominal
feminino 39
Tabela 12 – Média da quantidade total de linhas das impressões quando comparados os grupos no teste de força explosiva de MMII
masculino 40
Tabela 13 – Diferença entre as figuras quando comparados os grupos no teste de
força explosiva de MMII masculino 40
Tabela 14 – Média da quantidade total de linhas das impressões digitais quando comparados os grupos no teste de força explosiva de MMII feminino 41 Tabela 15 – Diferença entre as figuras quando comparados os grupos no teste de
força explosiva de MMII feminino 41
Tabela 16 – Média da quantidade total de linhas das impressões digitais quando comparados os grupos no teste de força explosiva de MMSS
masculino 41
Tabela 17 – Diferença entre as figuras quando comparados os grupos no teste de
força explosiva de MMSS masculino. 42
Tabela 18 – Média da quantidade total de linhas das impressões digitais dos dedos quando comparados os grupos no teste de força explosiva de MMSS
feminino 42
Tabela 19 – Diferença entre as figuras quando comparados os grupos no teste de
força explosiva de MMSS feminino 43
Tabela 20 – Tipos de figuras das impressões digitais quando comparados os grupos no teste de força explosiva de MMSS feminino 43
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
A Arco
LR Presilha Radial LU Presilha Ulnar W Verticilo
WS Verticilo Desenho S DNA Deoxyribonucleic Acid
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira MDSQL1 Mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 1 – polegar MDSQL2 Mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 2 – indicador MDSQL3 Mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 3 – dedo médio MDSQL4 Mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 4 – anular MDSQL5 Mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 5 – mínimo MESQL1 Mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 1 – polegar MESQL2 Mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 2 – indicador MESQL3 Mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 3 – dedo médio MESQL4 Mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 4 – anular MESQL5 Mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 5 – mínimo MET1 Desenho da mão esquerda, dedo 1 – polegar
MET2 Desenho da mão esquerda, dedo 2 – indicador MET3 Desenho da mão esquerda, dedo 3 – dedo médio MET4 Desenho da mão esquerda, dedo 4 – anular MET5 Desenho da mão esquerda, dedo 5 – mínimo MDT1 Desenho da mão direita, dedo 1 – polegar MDT2 Desenho da mão direita, dedo 2 – indicador MDT3 Desenho da mão direita, dedo 3 – dedo médio MDT4 Desenho da mão direita, dedo 4 – anular MDT5 Desenho da mão direita, dedo 5 – mínimo MMII Membros Inferiores
MMSS Membros Superiores PROESP Projeto Esporte Brasil RAJ Resíduos Ajustados
SPSS Statistical Package for the Social Science
SQTLD Somatório da quantidade total de linhas da mão direita SQTLE Somatório da quantidade total de linhas da mão esquerda SQTL Somatório da quantidade total de linhas – ambas as mãos Unoesc Universidade do Oeste de Santa Catarina
Símbolos
® Registered Sign
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ... 17
1.1 CAPACIDADE MOTORA: FORÇA MUSCULAR ... 17
1.2 CARACTERÍSTICAS DE PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA ... 19
1.3 A DERMATOGLIFIA COMO MARCA GENÉTICA E DE DESENVOLVIMENTO FETAL ... 21
2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ... 26
3 OBJETIVOS ... 28
3.1 OBJETIVO GERAL ... 28
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 28
4 METODOLOGIA ... 29
4.1 ABORDAGEM E TIPO DE PESQUISA... 29
4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 29
4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ... 29
4.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS ... 30
4.5 MÉTODO PARA COLETA DE DADOS ... 33
4.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ... 35
4.7 ASPECTOS ÉTICOS ... 36
5 RESULTADOS ... 37
6 DISCUSSÃO ... 45
7 CONCLUSÃO ... 52
8 INTERDISCIPLINARIDADE E APLICABILIDADE DO ESTUDO ... 53
REFERÊNCIAS ... 55
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1 INTRODUÇÃO
1.1 CAPACIDADE MOTORA: FORÇA MUSCULAR
Na infância e adolescência, além de implicações fisiológicas relacionadas ao aspecto de maturação biológica, o organismo sofre influências de fatores ambientais e comportamentais, podendo agir de forma positiva ou negativa (GUEDES, 2011).
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, a infância compreende o período até os 12 (doze) anos de idade incompletos e a adolescência dos 12 (doze) aos 18 (dezoito) anos de idade (BRASIL, 2012). Para Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), a infância compreende o período entre os 2 (dois) e os 10 (dez) anos de idade e a adolescência dos 10 (dez) aos 20 (vinte) anos de idade. Estas fases de desenvolvimento são períodos críticos e fundamentalmente importantes, pois estão relacionadas com os aspectos de conduta e solicitação motora (GUEDES, 2011).
É na adolescência que condições favoráveis para o desenvolvimento das capacidades físicas ocorrem, contudo, são necessárias ações racionais, pedagógicas e sistemáticas, sem alterar o desenvolvimento de nenhuma das funções motoras do indivíduo (ALTINI NETO; PELLEGRINOTTI; MONTEBELO, 2006). O desenvolvimento motor caracteriza-se pela especificidade de cada uma das capacidades motoras e cada indivíduo apresenta desempenho específico (GUEDES, 2011).
As capacidades motoras se classificam em dois grupos: condicionantes e coordenativas. As capacidades motoras condicionantes apresentam as características da ação muscular, a disponibilidade de energia biológica e as condições orgânicas do jovem, possuem atributos relacionados à resistência, à força, à velocidade e às suas combinações. Já as capacidades motoras coordenativas estão relacionadas aos processos de controle motor, ou seja, que organizam e formam os movimentos por meio dos analisadores táteis, visuais, acústicos, estático-dinâmicos e cinestésicos (GUEDES, 2007, 2011). Existe, ainda, uma abordagem que classifica as capacidades motoras quanto aos componentes da aptidão física relacionados à saúde ou em componentes da aptidão física relacionados ao desempenho atlético (GUEDES, 2011).
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Dentre todas as capacidades motoras dos seres humanos, o desenvolvimento da força evidencia-se desde a primeira infância até a maturidade. Apresenta um aumento retilíneo desde o início da infância, entre 3 e 7 anos, até o início da adolescência, entre os 13 e 14 anos, tanto para meninos quanto para meninas. No entanto, no decorrer da adolescência até o início da vida adulta, observa-se um aumento acentuado da força nos meninos (PLOWMAN; SMITH, 2010).
Segundo Altini Neto, Pellegrinotti e Montebelo (2006), a força tem seu período de melhor adaptação ao treino na adolescência, iniciando seu desenvolvimento no período pubertário e atingindo sua maturação na fase adulta.
Meninos e meninas têm um aumento no seu nível de força de salto, bem como das outras manifestações de força, entre os 10 e 16 anos. Conforme Linhares et al.
(2009), o desenvolvimento púbere exerce influência positiva em características como a força.
Na puberdade, identifica-se uma lacuna que se amplia progressivamente nas mensurações de força entre meninos e meninas, por exemplo, aos 11 e 12 anos de idade, em média, as meninas atingem 90% da força (resistência) dos meninos, reduzindo para aproximadamente 80% nos anos seguintes e para 75% aos 15 e 16 anos. Existe uma variação nesses percentuais conforme a idade e o grupo muscular que estão sendo avaliados (PLOWMAN; SMITH, 2010).
Conforme Guth e Roth (2013, p. 2), a força muscular é a capacidade do músculo em gerar força geralmente quantificada pelo máximo de uma repetição.
Para Guedes (2011), trata-se de um componente da aptidão física relacionado à saúde e também ao desempenho atlético. Entretanto, para Maior e Alves (2003, p.
162), “a força é caracterizada pela habilidade do sistema nervoso de ativar os músculos envolvidos em movimentos específicos.” Ainda, segundo os autores, os ganhos de força são obtidos quando há uma melhora na sincronização de unidades motoras, resultado de maior velocidade de contração muscular e aumento da capacidade do músculo de gerar mais força.
A força gerada por um músculo ou grupo muscular pode ser avaliada segundo resistência, endurance muscular e potência. A resistência é a capacidade de o músculo ou grupo muscular exercer força máxima contra uma resistência. O endurance muscular refere-se à capacidade de um músculo ou grupo muscular de exercer força repetidamente contra uma resistência. Já a potência se refere à quantidade de trabalho realizado por unidade de tempo que representa o produto da
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força pela velocidade, ou seja, a capacidade de exercer uma força com rapidez (PLOWMAN; SMITH, 2010), por exemplo, um movimento explosivo (salto vertical) (GUTH; ROTH, 2013).
Para identificar os níveis de desempenho motor relacionado à força muscular, devem ser exigidas quantidades máximas de sobrecarga a ser removida com um único movimento, e, no que se refere à resistência muscular, a quantificação dos níveis de desempenho ocorrem por meio de repetições contínuas do mesmo movimento (GUEDES, 2007). Entretanto, estudo demonstra que a identificação das capacidades físicas e potencialidades de um indivíduo podem ser determinadas por meio de características predispostas geneticamente (ABRAMOVA; NIKITINA;
KOCHETKOVA, 2013).
1.2 CARACTERÍSTICAS DE PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA
O código genético contém o modelo detalhado do corpo humano especificado na sequência do DNA (deoxyribonucleic acid) dos 23 pares dos cromossomos encontrados em toda célula nucleada. O genoma humano consiste de toda a informação genética nas células humanas. Metade do genoma do indivíduo é herdado do pai (22 autossômicos e seu cromossomo sexual X ou Y) e a outra metade da mãe (22 autossômicos e seu cromossomo sexual X) (RANKINEN;
BOUCHARD, 2012).
A variedade de alterações hereditárias que ocorrem na sequência de nucleotídeos do DNA consiste na maior fonte de variação genética. As mutações que ocorrem em células germinativas podem ser transmitidas para futuras gerações (RANKINEN; BOUCHARD, 2012). De acordo com Borges-Osório e Robinson (2013), os genes são as sequências de DNA que contêm a informação que codificam as cadeias polipeptídicas de uma proteína, sendo responsáveis por transmitir as informações de uma geração para outra, ou seja, as características hereditárias.
Estudos familiares ou de gêmeos podem estimar a herdabilidade máxima de uma característica, ou seja, o efeito combinado de genes e meio ambiente sobre um fenótipo. A partir de estudos epidemiológicos em genética surgem evidências que sugerem a existência de componentes geneticamente determinados que afetam os fenótipos relacionados ao exercício (RANKINEN; BOUCHARD, 2012).
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Conforme Dantas, Portal e Santos (2009), a genética relacionada a predisposições esportivas tem recebido maior enfoque. Por intermédio do fator hereditário pode-se determinar consideravelmente características, como os desempenhos anaeróbicos e aeróbicos do organismo, resistência e força muscular, desempenho motor e alguns determinantes do desempenho, como morfologia e características dos músculos cardíaco e esquelético sob influência do treinamento desportivo (PÉRUSSE, 2011). Historicamente, a identificação de talento baseou-se em características físicas, psicológicas e de desempenho esportivo específico, no entanto, por meio de testes de marcas genéticas tem sido mais comum predizer o futuro sucesso atlético em crianças e adolescentes (GUTH; ROTH, 2013).
Genótipo e fenótipo influenciam no desenvolvimento de um desportista e o treinamento é fundamental para a formação das capacidades motoras. O genótipo determina o desenvolvimento das capacidades motoras, sendo importante identificá- las e determinar o quanto fatores hereditários e ambientais as influenciam. A ciência demonstra que as características predispostas geneticamente desenvolvem-se de forma diferente em cada faixa etária e conforme determinadas condições do meio, adequadas às particularidades morfológicas e funcionais do desenvolvimento do organismo na correspondente idade (DANTAS; PORTAL; SANTOS, 2009).
Para Dias (2011), a performance física é um fenótipo controlado pela interação de fatores ambientais e determinado pelo genótipo, ou seja, por fatores genéticos. O potencial genético caracteriza-se pela identificação dos genes e variantes genéticas capazes de influenciar variáveis fisiológicas em resposta ao treinamento. Segundo Rankinen e Bouchard (2012), os dados genéticos surgem como grande promessa para auxiliar a compreender porque alguns indivíduos respondem favoravelmente e outros não ao treinamento de exercícios em termos de redução de fatores de risco para doenças crônicas.
O fator genético se manifesta totalmente quando as condições externas são favoráveis para seu desenvolvimento (DANTAS; PORTAL; SANTOS, 2009). A evidência atual sugere que um perfil genético favorável, quando combinado com o treinamento apropriado, torna-se vantajoso, se não crítico para o desenvolvimento atlético de elite (GUTH; ROTH, 2013). A falta de informação genética de determinada característica, mesmo com o ambiente externo favorável, não se desenvolverá (DANTAS; PORTAL; SANTOS, 2009). O conhecimento prévio de habilidade e a predisposição genética podem auxiliar no desenvolvimento de um
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talento (MACÊDO; FILHO, 2003). Assim, a maioria das características físicas que determinam, essencialmente, o talento motor, tem um desenvolvimento natural hereditário, mas variam amplamente nos estágios de detecção esportiva que, por um lado, envolve sua relação com as marcas genéticas e, por outro, um uso limitado de critérios prognósticos independentes (NIKITINA, 1998). Conforme Dias et al.
(2007, p. 210), “um grande número de genes e marcas genéticas já está documentado, mostrando associação com fenótipos de performance física e de boa condição física relacionada à saúde.”
Os testes genéticos podem fornecer uma forma adicional de prever características de desempenho de adultos antes do seu desenvolvimento completo em crianças não treinadas, por meio do perfil de combinações de variantes genéticas associadas a um traço particular (GUTH; ROTH, 2013). Fatores genéticos explicam, por exemplo, as variações de 60 a 80% na massa esquelética e de mais de 50% da massa do ventrículo esquerdo. A genética poderá revolucionar a ciência do esporte, permitindo a identificação de talentos e a prescrição de programas de treinamento e exercícios, maximizando o potencial individual do atleta, com base nas variantes genéticas (DIAS et al., 2007).
1.3 A DERMATOGLIFIA COMO MARCA GENÉTICA E DE DESENVOLVIMENTO FETAL
Uma das possibilidades de observação das capacidades motoras como herança genética e de desenvolvimento fetal é a Dermatoglifia (NODARI-JÚNIOR;
FIN, 2016). A palavra Dermatoglifia tem origem do grego derma, que significa “pele”, e glyphos, significando “gravar”, termo proposto por Cummins e Midlo (1961) e introduzido na 42ª Sessão Anual da Associação Americana de Anatomos, em abril de 1926, sendo classificada como método da Ciência Médica de estudo do relevo (DANTAS; ALONSO; FILHO, 2004).
De acordo com Verbov (1970), a Dermatoglifia é o estudo das cristas epidérmicas e os padrões formados por elas. Para Matsuyama e Ito (2006), trata-se do estudo das impressões digitais, impressões palmares e impressões plantares. Já Nodari Júnior (2015) define a Dermatoglifia como o estudo científico das impressões digitais como marca genética e de desenvolvimento fetal.
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A impressão digital é o padrão de cristas sobre a ponta dos dedos (JAIN;
PRABHAKAR; PANKANTI, 2002), surge no período de desenvolvimento fetal, entre o terceiro e sexto meses de gestação, consiste da relação existente entre a herança genética e o ambiente intrauterino, formando-se nas mãos em um período pouco mais cedo que nos pés (MILLER, 1973; NODARI JÚNIOR, 2015). Os padrões digitais, uma vez estabelecidos, permanecem inalterados ao longo da vida (PAKHAL et al., 2012). São usualmente utilizados por laboratórios de ciências forenses para identificação em investigações criminais e na biometria (JAIN; PRABHAKAR;
PANKANTI, 2002).
Além de características físicas peculiares, cada indivíduo possui características determinadas por um conjunto diversificado de desenhos formados pelas linhas digitopapilares, inseridas na face interna da falangeta de todos os dedos de ambas as mãos. Este conjunto diversificado de desenhos permite identificar, de forma segura, cada indivíduo (CUNHA JÚNIOR et al., 2006). As impressões digitais são utilizadas pela medicina legal desde o século XIX para identificação de indivíduos, em razão de seu índice de certeza e por se tratar de uma característica peculiar de cada ser humano (CASTANHEDE; DANTAS; FILHO, 2003). Trata-se de uma das características mais confiáveis do corpo humano, já que não há duas digitais exatamente iguais (NARAYANA; RANGAIAH; KHALID, 2016), mesmo em gêmeos monozigóticos (WALSH; POŚPIECH; BRANICKI, 2016).
É importante ressaltar que todos os seres humanos apresentam apenas três tipos de desenhos dermatoglíficos, exceto os que apresentam anomalias digitais. Os possíveis arranjos matemáticos e a grande quantidade de combinações nas manifestações dos desenhos possibilitam diferenciar as digitais de forma infinita, caracterizando a individualidade genética e de desenvolvimento fetal que as formou (NODARI-JÚNIOR; FIN, 2016). Um exemplo de anomalia digital é a síndrome alcoólica fetal (QAZI et al., 1980), causada pela exposição pré-natal ao consumo de álcool.
A análise dermatoglífica pode ser realizada de três formas distintas, considerando as impressões digitais (ponta dos dedos), impressões palmares (palma das mãos) e as impressões plantares (planta dos pés) (NODARI JÚNIOR, 2015). Os desenhos analisados se apresentam de três formas básicas: Arco, Presilha e Verticilo (NODARI JÚNIOR, 2009). Os desenhos apresentam múltiplas
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variações, seja pela disposição de núcleos e deltas, pela forma dos desenhos, números de linhas e minúcias (NODARI JÚNIOR, 2015).
O Arco (A) é o desenho sem deltas, caracterizado pela ausência de trirrádios, ou deltas, composto por cristas que atravessam transversalmente a almofada digital (Figura 1).
Figura 1 – Arco (A)
Fonte: Leitor Dermatoglífico, Nodari-Júnior (2009).
A Presilha (L) possui o desenho de um delta. Trata-se de um desenho meio fechado, no qual as cristas da pele começam de um extremo do dedo, curvam-se distalmente em relação ao outro, mas sem se aproximar daquele onde se iniciam (Figura 2).
Figura 2 – Presilha Radial (LR) e Presilha Ulnar (LU)
Fonte: Leitor Dermatoglífico, Nodari-Júnior (2009).
O Verticilo (W) apresenta dois deltas. É uma figura fechada, em que as linhas centrais se concentram em torno do núcleo do desenho (Figura 3).
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Figura 3 – Verticilo (W) e Verticilo Desenho S (WS)
Fonte: Leitor Dermatoglífico, Nodari-Júnior (2009).
A forma dos desenhos são características qualitativas e a quantidade de linhas de cada um dos dedos (QL), a soma da quantidade de linhas da mão esquerda (SQLE), a soma da quantidade de linhas da mão direita (SQLD) e a soma da quantidade total de linhas (SQTL) constituem as características quantitativas (DANTAS; FILHO, 2002).
O modo como as linhas estão dispostas em suas infinitas combinações matemáticas é que determina a possibilidade estatística de arranjos infinita, por este motivo, as chances de igualdades entre duas amostras são próximas de nula. Estas combinações matemáticas transcrevem informações diretas do desenvolvimento neuromotor intrauterino dos indivíduos. A análise dermatoglífica destas combinações permite o reconhecimento de padrões, a estruturação de fórmulas preditoras e identificação de potencialidades do ser humano. Possibilita, também, estruturar uma ferramenta para a orientação de talentos esportivos, prescrição de exercícios para preparação física e qualificação da performance em busca da excelência atlética (NODARI JÚNIOR, 2015).
O desenvolvimento das qualidades físicas contribui para a promoção da saúde e educação em saúde, bem como o processo de avaliação destas qualidades assume papel importante na tomada de decisões e prescrições de exercícios, tendo como objetivo a melhora da condição física individual ou de grupos. Diagnosticar o potencial genético por meio das impressões digitais permite realizar análises e princípios de associações com as manifestações funcionais, com o objetivo de aperfeiçoamento dos componentes da preparação atlética, progressão e alcance das habilidades esportivas (KLEIN; FILHO, 2003).
Por meio do método científico de marca genética, aumentam-se as possibilidades de identificação de indivíduos predispostos geneticamente para experimento ou modalidade esportiva (MACÊDO; FILHO, 2003). A Dermatoglifia
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surge como uma das possibilidades de investigação na saúde, no esporte e para prescrição de exercícios (NODARI JÚNIOR, 2015). Considerando as características de desenvolvimento desta marca genética, a Dermatoglifia apresenta-se como um método simples e rápido para identificação das capacidades físicas e potencialidades do indivíduo (ABRAMOVA; NIKITINA; KOCHETKOVA, 2013;
NODARI-JÚNIOR; FIN, 2016).
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2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
Um desafio primário ao tentar descrever a influência de características genéticas no desempenho atlético é a sua natureza multifatorial. Cada modalidade esportiva possui requisitos físicos únicos e estes podem ser diferentes entre as modalidades. Estudos da influência genética sobre o desempenho devem considerar os componentes de desempenho mais apropriados para o esporte de interesse.
Além da morfologia do corpo (estatura e composição corporal), naturalmente adequada para esportes específicos, resistência, força e potência são fatores subjacentes ao desempenho atlético (GUTH; ROTH, 2013).
As boas predisposições de características genéticas para habilidades, ou que é muitas vezes referenciado como talento, foram consideradas o resultado afortunado da chamada loteria natural. Novos conhecimentos da biologia molecular e genética e suas tecnologias associadas têm o potencial de mudar esse quadro (LOLAND, 2011).
No que se refere à orientação de talentos esportivos, a Dermatoglifia pode ser utilizada como ferramenta norteadora, realizando por meio da identificação das modalidades o encaminhamento adequado para melhor adaptação das potencialidades, ou compensação de características genéticas pouco manifestadas.
Quanto ao treinamento para o esporte de alto rendimento, o objetivo é maximizar potencialidades, buscando a excelência, a melhor performance e resultados a partir das características genéticas que cada indivíduo possui, permitindo direcionar de forma efetiva a orientação das habilidades motoras ou capacidades desportivas (NODARI JÚNIOR, 2015) .
Ainda, segundo o autor, em se tratando de prescrição de exercício a Dermatoglifia surge como uma ferramenta importante, proporcionando ao indivíduo melhor condição de trabalho, quando observados fatores primordiais, como tipo de exercício, intensidade, frequência e duração. Na área da saúde, a Dermatoglifia pode representar um forte instrumento para diagnóstico clínico na observação de doenças geneticamente predispostas (NODARI-JÚNIOR et al., 2016).
Sendo assim, este estudo se justifica pela necessidade de se realizar investigações científicas com base na Dermatoglifia, constituindo material científico que possa auxiliar no diagnóstico e no prognóstico para prescrição de exercícios e/
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ou na orientação desportiva baseada nas características predisposição genética e desenvolvimento fetal de cada indivíduo. Os possíveis resultados vindouros de pesquisas dermatoglíficas podem nos possibilitar a identificação dos níveis de força muscular precocemente e sem a necessidade de se aplicar testes motores em crianças.
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3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Analisar a presença de uma marca dermatoglífica característica da capacidade neuromotora de força muscular em Membros Superiores (MMSS), Membros Inferiores (MMII) e força/resistência abdominal em crianças e adolescentes.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Caracterizar a marca dermatoglífica de crianças e adolescentes por meio das impressões digitais;
b) Avaliar o desempenho de crianças e adolescentes nos testes de força muscular;
c) Relacionar a possível marca dermatoglífica obtida e o desempenho obtido nos testes de força muscular.
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4 METODOLOGIA
4.1 ABORDAGEM E TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem quantitativa. O design do estudo foi do tipo correlacional, o delineamento caracteriza-se em coletar dados sobre as variáveis dos mesmos sujeitos e determinar suas respectivas relações (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2009).
4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
Foram investigados crianças e adolescentes com idades compreendidas entre 10 e 16 anos, dos sexos feminino e masculino, da rede pública e privada de ensino do município de Joaçaba, Santa Catarina, Brasil. A amostra foi composta por 2.018 indivíduos, sendo 1.002 meninas e 1.016 meninos, pertencentes ao banco de dados do Laboratório de Fisiologia do Exercício e Medidas de Avaliação, da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), campus Joaçaba. Este banco de armazenamento de dados possui 3.074 indivíduos investigados no censo escolar nos anos de 2013 e 2014. A amostra foi constituída apenas pelos indivíduos válidos, conforme os critérios de inclusão e exclusão.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2016), no ano de 2013 estavam matriculados em escolas públicas 3.193 alunos e 1.733 alunos na rede privada, nos ensinos fundamental e médio. Já em 2014, foram matriculados na rede pública de ensino 2.842 alunos e na rede privada 1.839 alunos. Tendo como referência o número de alunos matriculados nos respectivos anos, observa-se que a amostra representa 41% dos alunos da rede pública e privada.
4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Foram incluídos na pesquisa todos os sujeitos que tiveram os dados dermatoglíficos e de força coletados e armazenados em banco. Foram excluídos os sujeitos que deixaram de realizar um dos testes de força, seja de resistência
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abdominal, MMSS ou MMII, bem como os que possuíam impressões digitais anômalas ou inválidas. Para os sujeitos que participaram da pesquisa em ambos os anos, 2013 e 2014, foram considerados os dados coletados do último ano.
Todos os participantes e seus pais ou responsáveis foram informados sobre os procedimentos do estudo, possíveis riscos e benefícios. O consentimento livre e esclarecido foi obtido dos pais ou responsável.
4.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS
Para coleta, processamento e análise das impressões digitais utilizou-se o processo informatizado de leitura dermatoglífica validado por Nodari Júnior et al., (2014). O Leitor Dermatoglífico® é constituído de um scanner óptico de rolamento que coleta, interpreta a imagem e constrói em código binário um desenho, que é capturado por software específico de tratamento e reconstrução de imagens reais e binarizadas em preto e branco. Por intermédio do método informatizado aumenta-se o grau de confiabilidade no processamento dos dados (NODARI JÚNIOR et al., 2014).
Figura 4 – Leitor Dermatoglífico®
Fonte: Nodari Júnior (2014).
Para coletar os dados referentes aos testes motores de força muscular, foi utilizado o Manual do Projeto Esporte Brasil – PROESP 2015. O instrumento é composto por uma bateria de testes, conjunto de critérios e normas de avaliação.
Utiliza-se para avaliação dos padrões de crescimento corporal, estado nutricional, aptidão física e para o desempenho esportivo (GAYA et al., 2015).
No teste de resistência abdominal, a classificação ocorreu por meio de pontos de corte estabelecidos e estratificados por idade e sexo, em duas escalas categóricas: zona de risco à saúde (valores abaixo do ponto de corte) ou zona
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saudável de aptidão para a saúde (valores acima do ponto de corte) (GAYA et al., 2015).
Tabela 1 – Classificação no teste resistência abdominal masculino e feminino
Idade Rapazes Moças
6 18 18
7 18 18
8 24 18
9 26 20
10 31 26
11 37 30
12 41 30
13 42 33
14 43 34
15 45 34
16 46 34
17 47 34
Fonte: Gaya et al.(2015).
Nos testes motores de força de membros inferiores e força de membros superiores, os avaliados foram classificados de acordo com os índices em 5 expectativas de desempenho: Fraco, Razoável, Bom, Muito Bom ou Excelência, estratificados por idade e sexo. Os dados coletados foram registrados em planilha do programa Microsoft Excel 2010.
Tabela 2 – Classificação no teste de Força explosiva de MMII masculino.
Sexo Idade Fraco Razoável Bom M.Bom Excelência
MASCULINO
6 < 105 105 a 114 115 a 127 128 a 151 > 151 7 < 111 111 a 121 122 a 133 134 a 159 > 159 8 < 118 118 a 127 128 a 139 140 a 165 > 165 9 < 129 129 a 139 140 a 151 152 a 178 > 178 10 < 135 135 a 146 147 a 157 158 a 187 > 187 11 < 140 140 a 151 152 a 164 165 a 191 > 191 12 < 149 149 a 159 160 a 173 174 a 203 > 203 13 < 159 159 a 169 170 a 184 185 a 216 > 216 14 < 170 170 a 183 184 a 199 200 a 230 > 230 15 < 180 180 a 193 194 a 209 210 a 242 > 242 16 < 186 186 a 199 200 a 214 215 a 248 > 248 17 < 188 188 a 203 204 a 219 220 a 250 > 250 Fonte: Gaya et al. (2015).
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Tabela 3 – Classificação no teste de Força explosiva de MMII feminino
Sexo Idade Fraco Razoável Bom M.Bom Excelência
FEMININO
6 < 90 90 a 100 101 a 112 112 a 143 > 143 7 < 94 94 a 105 106 a 115 116 a 146 > 146 8 < 105 105 a 112 113 a 126 127 a 152 > 152 9 < 116 116 a 126 127 a 139 140 a 165 > 165 10 < 123 123 a 133 134 a 145 146 a 173 > 173 11 < 127 127 a 137 138 a 149 150 a 179 > 179 12 < 130 130 a 140 141 a 154 155 a 184 > 184 13 < 133 133 a 144 145 a 159 160 a 189 > 189 14 < 134 134 a 146 147 a 160 161 a 198 > 198 15 < 135 135 a 147 148 a 162 163 a 199 > 199 16 < 136 136 a 148 149 a 163 164 a 200 > 200 17 < 137 137 a 150 151 a 164 165 a 201 > 201 Fonte: Gaya et al. (2015).
Tabela 4 – Classificação no teste de Força explosiva de MMSS masculino
Sexo Idade Fraco Razoável Bom M.Bom Excelência
MASCULINO
6 < 145 145 a 159 160 a 182 183 a 239 > 239 7 < 164 164 a 179 180 a 201 202 a 249 > 249 8 < 180 180 a 199 200 a 224 225 a 269 > 269 9 < 200 200 a 219 220 a 249 250 a 299 > 299 10 < 212 213 a 239 240 a 269 270 a 329 > 329 11 < 238 238 a 260 261 a 293 294 a 361 > 361 12 < 264 264 a 296 297 a 329 330 a 422 > 423 13 < 300 300 a 339 340 a 389 390 a 499 > 499 14 < 350 350 a 399 400 a 449 450 a 561 > 561 15 < 400 400 a 439 440 a 499 500 a 608 > 608 16 < 453 453 a 499 500 a 552 553 a 689 > 689 17 < 480 480 a 521 520 a 589 590 a 699 > 699 Fonte: Gaya et al. (2015).
Tabela 5 – Classificação no teste de Força explosiva de MMSS feminino
Sexo Idade Fraco Razoável Bom M.Bom Excelência
FEMININO
6 < 140 140 a 149 150 a 163 164 a 207 > 207 7 < 153 153 a 161 162 a 179 180 a 216 > 216 8 < 167 167 a 184 185 a 199 200 a 246 > 246 9 < 185 185 a 200 201 a 225 226 a 279 > 279 10 < 200 200 a 219 220 a 244 245 a 301 > 301 11 < 220 220 a 246 247 a 275 276 a 329 > 329 12 < 241 241 a 269 270 a 299 300 a 369 > 369 13 < 265 265 a 294 295 a 322 323 a 399 > 399 14 < 280 280 a 309 310 a 343 344 a 417 > 417 15 < 300 300 a 329 330 a 359 360 a 429 > 429 16 < 310 310 a 339 340 a 369 370 a 449 > 449 17 < 320 320 a 339 340 a 374 375 a 450 > 450 Fonte: Gaya et al. (2015).
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4.5 MÉTODO PARA COLETA DE DADOS
No momento da coleta das impressões digitais o indivíduo a ser pesquisado apoia a falange (lado da ulna) sobre o scanner do Leitor Dermatoglífico, realizando um rolamento, em seu eixo longitudinal, até o lado lateral (rádio) (NODARI JÚNIOR, 2015).
A coleta das impressões digitais inicia-se pelo dedo mínimo da mão esquerda, seguindo para o dedo anular esquerdo, dedo médio esquerdo, dedo indicador esquerdo e dedo polegar esquerdo, na sequência para o dedo polegar direito, dedo indicador direito, dedo médio direito, dedo anular direito, terminando no dedo mínimo direito (NODARI JUNIOR, 2009). Já a avaliação da capacidade motora (força muscular) inicia-se pelo teste de resistência abdominal, seguido dos testes de força explosiva de membros inferiores e força explosiva de membros superiores, conforme o protocolo (GAYA et al., 2015).
O teste de resistência abdominal consiste em realizar o maior número de abdominais dentro do tempo determinado de 1 minuto. O avaliado deve estar em decúbito dorsal sob um colchonete, com os joelhos flexionados em 45 graus e com os braços cruzados sobre o tórax. O avaliado deve realizar a flexão do tronco até que os cotovelos toquem as coxas, retornando à posição inicial. Deverá ser realizado o maior número de repetições completas no tempo estabelecido (GAYA et al., 2015).
Figura 5 – Teste de resistência abdominal
Fonte: Gaya et al. (2015).
Já o teste de força explosiva de membros inferiores consiste em dois saltos horizontais, estando o avaliado posicionado atrás da linha de partida, com os pés paralelos e afastados, com os joelhos semiflexionados e o tronco projetado à frente.
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Utiliza-se uma trena fixada ao solo, perpendicular à linha de partida e com o ponto zero sobre esta linha. Realizam-se duas tentativas, prevalecendo o melhor resultado (GAYA et al., 2015).
Figura 6 – Teste de força de membros inferiores
Fonte: Gaya et al. (2015).
Para o teste de força explosiva de membros superiores (arremessos de medicine ball 2 kg), o indivíduo, partindo da posição sentada, com as pernas unidas, joelhos estendidos e com as costas apoiadas na parede, em dois arremessos, deve lançar o medicine ball à maior distância possível, prevalecendo o melhor resultado.
Para realizar o teste uma trena é fixada no solo e fica perpendicular à parede. O ponto zero da trena deve estar fixado na parede. O resultado do arremesso é registrado do ponto zero até o local que o medicine ball tocou o solo (GAYA et al., 2015).
Figura 7 – Teste de força de membros superiores
Fonte: Gaya et al. (2015).
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4.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Para analisar o potencial genético e de desenvolvimento fetal por meio das impressões digitais o protocolo escolhido é o Dermatoglífico, proposto por Cummins e Midlo (1961). A partir da coleta das impressões digitais por intermédio do Leitor Dermatoglífico®, a interferência do avaliador ocorre na marcação dos pontos núcleo e delta, quando, então, o software faz a identificação qualitativa da imagem e quantitativa de linhas, gerando a planilha informatizada resultante dos dados processados (NODARI JÚNIOR, 2009).
Os dados foram processados no Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 20.0, possibilitando a realização da estatística descritiva e analítica.
Na comparação entre os dois grupos e suas variáveis quantitativas, para observar a distribuição de normalidade, foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov. Após a aplicação do teste observou-se uma distribuição não normal dos dados. Como inferência utilizou-se o Teste não paramétrico, denominado Mann-Whitney (duas amostras independentes no caso do teste de força abdominal – Zona de Risco e Zona Saudável) e Kruskal Wallis (K amostras independentes no caso do teste de força de MMSS e força de MMII – Fraco, Razoável, Bom, Muito Bom, Excelente) para as comparações entre variáveis numéricas: mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 1 – polegar (MESQL1), mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 2 – indicador (MESQL2), mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 3 – dedo médio (MESQL3), mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 4 – anular (MESQL4) e mão esquerda, somatório da quantidade de linhas do dedo 5 – mínimo (MESQL5); somatório da quantidade total de linhas da mão esquerda (SQTLE); mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 1 – polegar (MDSQL1), mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 2 – indicador (MDSQL2), mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 3 – dedo médio (MDSQL3), mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 4 – anular (MDSQL4) e mão direita, somatório da quantidade de linhas do dedo 5 – mínimo (MDSQL5); somatório da quantidade total de linhas da mão direita (SQTLD); somatório da quantidade total de linhas – ambas as mãos (SQTL), com nível de significância adotado de p≤0,05.
Para a comparação de variáveis categóricas: Arco (A), Presilha Radial (LR), Presilha Ulnar (LU), Verticilo (W), desenho da mão esquerda, dedo 1 (MET1), dedo 2
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(MET2), dedo 3 (MET3), dedo 4 (MET4) e dedo 5 (MET5) e, da mão direita, dedo 1 (MDT1), dedo 2 (MDT2), dedo 3 (MDT3), dedo 4 (MDT4) e dedo 5 (MDT5), foi utilizado o teste Qui-quadrado. Observada a diferença significativa entre as figuras manifestas pelos grupos a partir do qui-quadrado, optou-se pela recomendação feita por Pereira (2001) em realizar a Análise dos Resíduos Ajustados. Neste caso, os dados foram comparados entre si observando-se o valor padrão de 1,96, ou seja, todos os resultados encontrados superiores ao padrão demonstram a presença de diferença significativa entre os grupos e qual das figuras nas impressões digitais é mais frequente.
4.7 ASPECTOS ÉTICOS
Os dados utilizados nesta pesquisa fazem parte do projeto de pesquisa: Perfil cineantropométrico, desenvolvimento motor e perfil socioeconômico de crianças e adolescentes, do pesquisador Prof. Dr. Rudy José Nodari Júnior. A pesquisa foi aprovada com parecer 449.924, do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Unoesc/HUST (CEP), de acordo com os padrões éticos de normas e diretrizes regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos, em conformidade com a Resolução 466, de 2012, do Conselho Nacional de Saúde e com a Declaração de Helsinki.
37
5 RESULTADOS
Com relação aos dados sociodemográficos, idade, estatura e peso, os resultados demonstraram valores médios similares na comparação entre os grupos masculino e feminino (Tabela 6).
Tabela 6 – Valores médios e desvio padrão para idade, estatura e peso dos grupos masculino e feminino
Sexo Idade (anos)
Média±dp
Estatura (m) Média±dp
Peso (kg) Média±dp Masculino
Feminino
12,5±1,59 12,3±1,26
1,6±0,14 1,5±0,08
50,5±13,65 49,2±11,60 Fonte: o autor.
Quando observado o teste de força/resistência abdominal no sexo masculino e comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável, verificou-se diferença estatística na média do somatório da quantidade de linhas das impressões digitais no dedo anular da mão direita – MDSQL4 (Tabela 7).
Tabela 7 – Média da quantidade total de linhas das impressões digitais, quando comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável no teste de resistência abdominal masculino
Zona de risco Zona saudável p
MESQL1 14,49±5,795 14,68±5,408 0,727
MESQL2 9,15±5,675 9,09±5,517 0,918
MESQL3 10,81±5,491 10,53±5,488 0,522
MESQL4 13,56±5,333 13,07±5,250 0,319
MESQL5 11,94±4,744 11,99±4,630 0,996
SQTLE 59,94±20,500 59,35±19,861 0,727
MDSQL1 16,48±5,427 16,48±5,362 0,904
MDSQL2 9,58±5,709 9,12±5,649 0,347
MDSQL3 10,56±5,188 10,24±4,920 0,309
MDSQL4 13,39±5,182 12,65±4,784 0,018*
MDSQL5 11,74±4,692 11,52±5,161 0,462
SQTLD 61,75±19,398 60,01±19,059 0,222
SQTL 121,69±38,592 119,37±37,757 0,430
Fonte: o autor.
*p ≤ 0.05.
O resultado indica a presença de uma marca dermatoglífica, quantitativa, característica da capacidade de resistência abdominal, relacionada à aptidão física para a saúde na amostra investigada, ou seja, a maior quantidade de linhas em MDSQL4 encontradas no grupo Zona de Risco pode indicar a presença de uma
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característica dermatoglífica que infere para o nível de resistência abdominal relacionado à saúde como não adequado.
Quando analisadas as variáveis qualitativas, tipos de desenhos das impressões digitais, não foram encontradas diferenças entre os grupos, conforme observado na Tabela 8.
Tabela 8 – Diferença entre as figuras quando comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável no teste resistência abdominal masculino
MET1 MET2 MET3 MET4 MET5 MDT1 MDT2 MDT3 MDT4 MDT5
0,774 0,669 0,279 0,790 0,789 0,854 0,844 0,069 0,940 0,814 Fonte: o autor.
*p ≤ 0.05.
Ao analisarmos o teste de resistência abdominal feminino, com relação às variáveis quantitativas, não foram encontradas diferenças quando comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável (Tabela 9).
Tabela 9 – Média da quantidade total de linhas das impressões digitais, quando comparados os grupos Zona de Risco e Zona Saudável no teste de resistência abdominal feminino
Zona de risco Zona saudável p
MESQL1 12,76±5,239 12,79±5,439 0,873
MESQL2 8,98±5,606 8,50±5,505 0,226
MESQL3 10,09±5,591 9,80±5,514 0,394
MESQL4 12,37±5,605 12,75±5,663 0,649
MESQL5 10,88±5,047 10,98±4,979 0,944
SQTLE 55,08±21,775 54,82±20,187 0,627
MDSQL1 14,66±5,412 14,89±5,168 0,526
MDSQL2 9,41±5,601 8,85±5,863 0,125
MDSQL3 10,38±4,940 9,91±4,933 0,131
MDSQL4 12,50±5,459 12,95±5,309 0,373
MDSQL5 10,95±5,079 11,04±5,019 0,936
SQTLD 57,90±20,649 57,63±19,439 0,554
SQTL 112,97±41,145 112,45±38,416 0,559
Fonte: o autor.
*p ≤ 0.05.
Entretanto, ao se analisar as variáveis qualitativas (tipos de figuras), no sexo feminino, observaram-se diferenças entre os grupos, Zona de risco e Zona saudável, nos dedos MET4, MET5 e MDT4 (Tabela 10).