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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR CURSO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR CURSO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

SISTEMA EM RBC PARA APOIO A DECISÃO NOS PROCESSOS JUDICIAIS DA ÁREA DE FAMÍLIA

Área de Inteligência Artificial

por

Rafael Ballottin Martins

Rudimar Luís Scaranto Dazzi, Dr.

Orientador

Itajaí (SC), junho de 2010

(2)

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR CURSO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

SISTEMA EM RBC PARA APOIO A DECISÃO NOS PROCESSOS JUDICIAIS DA ÁREA DE FAMÍLIA

Área de Inteligência Artificial

por

Rafael Ballottin Martins

Relatório apresentado à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso de Ciência da Computação para análise e aprovação.

Orientador: Rudimar Luís Scaranto Dazzi, Dr.

Itajaí (SC), junho de 2010

(3)

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS ... iv

LISTA DE FIGURAS ... v

LISTA DE TABELAS ... vii

LISTA DE EQUAÇÕES ... viii

RESUMO ... ix

ABSTRACT ... x

1. INTRODUÇÃO ... 1

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO ... 2

1.1.1 Formulação do Problema ... 2

1.1.2 Solução Proposta ... 2

1.2 OBJETIVOS ... 3

1.2.1 Objetivo Geral ... 3

1.2.2 Objetivos Específicos ... 3

1.3 METODOLOGIA ... 4

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 4

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 6

2.1 DIREITO DE FAMÍLIA ... 6

2.1.1 ESTRUTURA DO DIREITO DE FAMÍLIA ... 8

2.1.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA ... 11

2.1.3 RAMIFICAÇÕES DO DIREITO DE FAMÍLIA ... 13

2.2 RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS ... 16

2.2.1 REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO EM RBC ... 18

2.2.1.1 CASOS E BASE DE CASOS ... 19

2.2.1.2 REPRESENTAÇÃO DE CASOS ... 21

2.2.2 SIMILARIDADE ... 23

2.2.2.1MÉTRICAS DE SIMILARIDADE ... 24

2.2.2.2INDEXAÇÃO ... 24

2.2.3 RECUPERAÇÃO DE CASOS ... 26

2.2.4 ADAPTAÇÃO ... 28

2.2.5 APRENDIZADO ... 29

2.3SISTEMAS SIMILARES ... 31

2.3.1 PRUDENTIA ... 31

2.3.2 OLIMPO ... 34

2.3.3 JURISCONSULTO ... 36

2.3.4 ALPHATEMIS ... 38

2.3.5 TABELA COMPARATIVA ... 39

3. DESENVOLVIMENTO ... 41

(4)

3.1 PESOS E ÍNDICES ATRIBUÍDOS ... 42

3.1.1 EXEMPLOS DE RECUPERAÇÃO DE CASOS ... 48

3.2 ANÁLISE DE REQUISITOS ... 54

3.2.1 REQUISITOS FUNCIONAIS ... 54

3.2.2 REQUISITOS NÃO FUNCIONAIS ... 55

3.2.3 REGRAS DE NEGÓCIO ... 55

3.3 MODELAGEM DO SISTEMA ... 55

3.3.1 DIAGRAMAS DE CASO DE USO ... 56

3.3.2 DIAGRAMA DE CLASSES ... 58

3.3.3 DIAGRAMAS DE SEQÜÊNCIA ... 59

3.3.4 TELAS DO SISTEMA ... 62

3.4 VALIDAÇÃO/VERIFICAÇÃO ... 70

4. CONCLUSÃO ... 82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 84

A TELAS DO SISTEMA ... 89

B VALIDAÇÃO/VERIFICAÇÃO ... 90

(5)

LISTA DE ABREVIATURAS

IA Inteligência Artificial

ONU Organização das Nações Unidas

RBC Raciocínio Baseado em Casos

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

UML Unified Modeling Language - Linguagem Unificada de Modelagem UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí

(6)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Ciclo de vida do RBC. ... 18

Figura 2. Exemplo simplificado de um caso. ... 19

Figura 3. Exemplo simplificado de uma base de casos. ... 20

Figura 4. Mapeamento do mundo real para representação formal, mapeando um caso de um hipotético sistema jurídico. ... 22

Figura 5. Modelo do aprendizado de casos. ... 30

Figura 6. Interface de resumo da nova situação. ... 32

Figura 7. Interface de recuperação. ... 33

Figura 8. Resultado dos casos mais similares. ... 34

Figura 9. Interface de descrição da nova situação. ... 35

Figura 10. Interface de apresentação de resultados. ... 36

Figura 11. Interface de elaboração da consulta. ... 37

Figura 12. Interface de atualização automática de acórdãos. ... 38

Figura 13. Dados de entrada ressaltando pesos dinâmicos e casos de saída. ... 39

Figura 14. Cálculo de similaridade do caso de entrada (1) em relação aos casos da base. ... 52

Figura 15. Cálculo de similaridade do caso de entrada (2) em relação aos casos da base. ... 53

Figura 16. Pacotes referentes aos casos de uso de manipulação e procura RBC de processos. ... 56

Figura 17. Caso de uso da Manipulação de processos. ... 57

Figura 18. Caso de uso da Procura RBC de processos. ... 57

Figura 19. Classes que compõem o sistema. ... 58

Figura 20. Diagrama de seqüência dos casos de uso do PCT01 Manipulação de processos. ... 60

Figura 21. Diagrama de seqüência dos casos de uso do PCT02 Procura de processos RBC. ... 61

Figura 22. Tela inicial do sistema. ... 62

Figura 23. Tela de cadastro de processos. ... 63

Figura 24. Tela de obtenção de processos da base ... 64

Figura 25. Tela com a lista de processo da base ... 65

Figura 26. Tela de busca de processos RBC ... 66

Figura 27. Tela de Busca de Processos RBC ... 67

Figura 28. Tela de busca de processos RBC ... 67

Figura 29. Tela com a lista de retorno dos casos recuperados pelo RBC ... 68

Figura 30. Tela de detalhes do processo. ... 69

Figura 31. Tela de exibição PDF externa ao sistema. ... 70

Figura 32. Resultado Separação. ... 90

Figura 33. Resultado Divórcio. ... 91

Figura 34. Resultado Paternidade. ... 91

Figura 35. Resultado Adoção. ... 92

Figura 36. Resultado Anulação ... 92

Figura 37. Resultado Conversão de separação em divórcio. ... 93

Figura 38. Resultado Direito de visita. ... 93

Figura 39. Resultado Dissolução de união estável. ... 94

Figura 40. Resultado Execução de alimentos com prisão. ... 94

Figura 41. Resultado Execução de alimentos sem prisão. ... 95

Figura 42. Resultado Exoneração de alimentos. ... 95

Figura 43. Resultado Guarda. ... 96

Figura 44. Resultado Modificação de guarda. ... 96

Figura 45. Resultado Alimentos. ... 97

(7)

Figura 46. Resultado Revisão de alimentos... 97

(8)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Abordagem geral de características do direito de família. ... 10

Tabela 2. Comparativo entre sistemas similares e o sistema proposto. ... 39

Tabela 3. Índices e seus Pesos ... 44

Tabela 4. Valores do atributo ramificação. ... 45

Tabela 5. Valores do atributo pendência_favorável. ... 45

Tabela 6. Valores do atributo divórcio. ... 46

Tabela 7. Valores do atributo conv_separação_div. ... 46

Tabela 8. Valores do atributo separação_dissolução_união. ... 46

Tabela 9. Valores do atributo guarda_e_modificação. ... 46

Tabela 10. Valores do atributo alimentos_e_revisão. ... 47

Tabela 11. Valores do atributo exoneração_alimentos. ... 47

Tabela 12. Valores do atributo execução_alimentos_com_prisão. ... 47

Tabela 13. Valores do atributo execução_alimentos_sem_prisão. ... 47

Tabela 14. Valores do atributo paternidade ... 47

Tabela 15. Valores do atributo anulação. ... 48

Tabela 16. Valores do atributo direto_visita. ... 48

Tabela 17. Valores do atributo adoção. ... 48

Tabela 18. Representação do caso de separação simples. ... 49

Tabela 19. Representação do caso de divórcio, com definição de alimentos, guarda e visita. ... 49

Tabela 20. Representação do caso de separação, com definição de alimentos, guarda e visita. ... 50

Tabela 21. Representação do caso de guarda simples. ... 50

Tabela 22. Representação do caso de guarda, com definição de alimentos, e visita. ... 51

Tabela 23. Representação do caso entrada de separação, com definição de alimentos e visita. ... 51

Tabela 24. Representação do caso entrada de guarda, com definição de alimentos, e visita. ... 53

Tabela 25. Comparação de solução para testes em diferentes projetos que utilizam RBC. ... 71

Tabela 26. Casos de entrada cadastrado para teste. ... 73

Tabela 27. Resultados dos casos de entrada cadastrados. ... 74

Tabela 28. Resultado dos casos de entrada cadastrados na segunda busca. ... 74

Tabela 29. Casos de entrada selecionados para busca. ... 76

Tabela 30. Resultados relativos aos casos de entrada selecionados para busca. ... 79

Tabela 31. Dicionário de dados para valores de entrada no sistema em ralação a índices do RBC. . 89

(9)

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 ... 27 Equação 2 ... 28

(10)

RESUMO

MARTINS, Rafael Ballottin. Sistema em RBC para apoio a decisão nos processos judiciais da área de família. Itajaí, 2010. 108 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciência da Computação) Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2010.

O direito de família é uma área especifica do direito civil que tem uma grande quantidade de processos em tramitação, e também uma grande quantidade de informações contidas em cada um.

Esta quantidade e variedade de dados contidos nestes processos dificultam a busca de profissionais da área de direito de família por jurisprudências semelhantes. Alguns sistemas de busca processuais auxiliam na busca de processos judiciais, mas na maioria das vezes isto não é eficiente na busca por jurisprudências semelhantes contidas nestes processos. Baseado nestas necessidades surgiu à idéia de desenvolver um sistema que fizesse a busca por jurisprudências semelhantes contidas dentro dos processos da área de direito de família baseados nas informações de um novo processo trabalhado pelo profissional desta área, para que os processos que ele tenha armazenados possam auxiliá-lo na resolução de novos processos. Para analisar estes processos foi utilizado a técnica de Raciocínio Baseado em Casos, que consiste em recuperar casos de uma base de processos mais semelhantes ao processo procurado pelo profissional da área, apresentando os resultados que possam auxiliá-lo na resolução do processo procurado. O sistema utiliza linguagem de programação JAVA em conjunto com o banco de dados PostgreSQL. Uma vez caracterizada a adequação destas ferramentas ao projeto, foram levantadas informações necessárias ao reconhecimento de atributos utilizados pelo RBC na recuperação dos processos através de estudos e auxilio de profissional da área de direito de família. Com o sistema implementado e a base alimentada, o sistema teve comprovado seu funcionamento na recuperação dos processos para a área de direito de família, o que vem a auxiliar profissionais da área a reaproveitar as valiosas informações contidas em processos semelhantes para auxilio do trabalho diário e diminuição do tempo de resolução de novos casos.

Palavras-chave: Direito de família. Jurisprudência. Raciocínio Baseado em Casos.

(11)

ABSTRACT

The family law is a specific area of civil law that has a great quantity of lawsuits in the pipeline, and also a large amount of information contained in each one. This quantity and variety of data contained in these processes make it difficult to search from professionals in family law by rulings similar. Some search procedural systems help in the search for judicial processes, but in most cases this is not efficient in the search for jurisprudential similarities contained in those proceedings.

Based on those needs come the idea to develop a system that makes the search for jurisprudential similarities to the processes contained within the area of family law based on information in a new process worked by workers in this area, in order to the proceedings who him gets stored can help in the resolution of new proceedings. To analyze these process was used the technique of case-based reasoning, which consist in retrieve cases of a database from similar proceedings in comparison to the process sought for by the professional of the area, showing the results who can help him in the resolution of the new proceeding who is wanted by him. The system was develop to use the JAVA programing language together with PostgreSQL. Once characterized the adequation from these utilities to the project, necessary information was raised to the recognition of atributes utilized by RBC in the recover these process, by studies and help from the professional of family law area.

With the system implemented and the base filled, the system had proven its operation in the recovery of process for the family law area, which is to assist professionals of the field to reuse the valuable information contained in similar cases to aid the daily work and decreasing the time of the resolution of new cases.

Keywords: Family law. Jurisprudence. Case-based reasoning.

(12)

1. INTRODUÇÃO

A área de direito atualmente conta com uma grande quantidade de processos judiciais. Só em 2008, segundo o Conselho Nacional de Justiça (2009), foram julgados mais de 25 milhões de processos no país. Estes dados muitas vezes ficam esquecidos, mesmo para os próprios advogados, promotores ou escritórios especializados que trataram destes processos, seja pela quantidade de processos ou pela quantidade de informações contidas em cada um.

A grande quantidade de informação que pode ser aproveitada nos processos concluídos faz com que uma técnica da área de Inteligência Artificial (IA) se encaixe perfeitamente no processo de recuperação de informações. Uma técnica que utiliza conhecimento passado para resolver problemas atuais e que já tem a área de direito como área de aplicação com benefícios comprovados, é o Raciocínio Baseado em Casos (RBC) (ABEL, 1996).

O RBC é uma técnica de Inteligência Artificial que visa resolver um problema novo relembrando uma situação similar anterior e, então, reutilizar o conhecimento daquela situação.

Alem disso outros elementos conhecimentos importantes do sistema RBC deste trabalho de TCC são a representação do conhecimento, medida de similaridade, adaptação e aprendizado, que são conceitos que serão aprofundados posteriormente (WANGENHEIM; WANGENHEIM, 2003).

Independentemente dos conceitos de RBC, utilizar casos anteriores é uma forma natural de resolução de problemas, e demonstrando esta utilização na área jurídica Wangenheim e Wangenheim (2003, p. 07) citam, "Um profissional jurídico reforça seus argumentos com jurisprudências semelhantes", e é este reforço de argumentos jurídicos para a área de família que dão base para este Trabalho de Conclusão de Curso.

Deve-se, no entanto, deixar claro que o sistema desenvolvido é um sistema de RBC que analisa informações contidas dentro de cada processo familiar, que por si só já apresenta uma grande subdivisão de variáveis a serem analisadas, e na área de família utilizando RBC especificamente se encontram poucos projetos.

O sistema foi dimensionado especificamente para a área de família, pois para tratar de todas as áreas jurídicas nos diferentes níveis hierárquicos levaria o trabalho a uma complexidade e conseqüentemente há um tempo não viáveis para a sua conclusão no período de um TCC. Neste sistema foram aplicados conceitos como utilização de banco de dados para armazenamento das

(13)

informações de casos, desenvolvimento de software básico, que permite o preenchimento de informações sobre os processos similares para serem analisados e técnica de IA para desenvolvimento de um sistema inteligente para apoio a decisão (RBC).

Após a implementação do sistema concluída e a base alimentada, testes foram aplicados em conjunto com o especialista, e todo este processo foi descrito, assim como os resultados obtidos nele, a fim de demonstrar o funcionamento do sistema na recuperação de casos da área de família.

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

1.1.1 Formulação do Problema

A busca por processos similares da área jurídica nos dias de hoje se torna uma tarefa extremamente difícil, principalmente pela grande quantidade de processos, e informações que ficam esquecidas em cada um deles. Este fato resulta em grande perda de informação que poderia ser utilizada tanto para dar credibilidade na defesa de um novo caso, quanto no apoio à decisão baseado em ações anteriores tomadas nestes outros processos armazenados, sendo no caso deste trabalho direcionado aos casos jurídicos familiares.

Outro fator importante para a execução deste trabalho é o sistema on-line para obtenção de informações de processos do Poder Judiciário, especificamente a busca jurisprudencial do tribunal de justiça, que traz um filtro muito simples, basicamente dividido por área jurídica e algumas poucas subdivisões de cada área, o que resulta no retorno de centenas de processos, desordenados e que muitas vezes não apresentam quase nenhuma similaridade ao que realmente se procura. Essa busca bastante ineficiente é a principal ferramenta que os advogados possuem atualmente para suas pesquisas de processos.

1.1.2 Solução Proposta

A técnica de Inteligência Artificial denominada Raciocínio Baseado em casos será utilizada para representar o conhecimento do especialista. Com isso o profissional que utiliza o sistema pode

(14)

é feito normalmente por profissionais da área para apoio a suas decisões, mas neste caso feito de uma forma automatizada a fim de agilizar e trazer informações muito mais especificas e pertinentes.

Pode-se citar outros benefícios que o programa tem a agregar em relação ao atual sistema jurisprudencial, como eliminar o tempo com buscas e a grande quantidade de casos irrelevantes retornados, e conseguir trazer processos com detalhes específicos que só uma ferramenta como RBC consegue identificar.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste projeto foi o desenvolvimento de um sistema utilizando Raciocínio Baseado em Casos para apoio a profissionais da área de direito de família, na busca por problemas anteriores que auxiliem na resolução de problemas atuais.

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste projeto de pesquisa foram:

Compreender os elementos necessários na área de direito de família;

Analisar soluções similares;

Definir o escopo e requisitos exigidos pelo sistema;

Determinar as tecnologias necessários à implementação do sistema;

Realizar a modelagem conceitual do sistema;

Implementar o sistema; e

Realizar os testes e validação do sistema.

(15)

1.3 Metodologia

Na Fundamentação Teórica foram feitas pesquisas sobre conceitos e metodologias que envolvem a área de direito de família, através de entrevistas com profissional da área de direito, pesquisas em livros, artigos científicos, sites e trabalhos acadêmicos, e também pesquisa sobre métodos de Raciocínio Baseado em Casos e ferramentas para o desenvolvimento relacionadas ao assunto. Através das pesquisas identificou-se ferramentas e metodologias consideradas para o desenvolvimento do trabalho.

No primeiro passo do projeto foi feita a análise da área de direito de família e de soluções similares utilizando Raciocínio Baseado em Casos para definição do escopo e requisitos exigidos pelo sistema.

A etapa seguinte compreendeu a análise e modelagem conceitual do sistema, e para descrição das operações e suas seqüências foi utilizada a UML (Unified Modeling Language - Linguagem Unificada de Modelagem). Na modelagem do sistema foram descritos os requisitos funcionais, não funcionais e regras de negócio além de diagramas de caso de uso do sistema, diagrama de classes e o diagrama de seqüência demonstrando detalhadamente as operações que foram implementadas.

Após a implementação foram definidos os testes a serem aplicados e um modelo baseado nos tópicos de Watson foi escolhido. Nesta etapa 100 casos reais foram cadastrados, e junto ao especialista cada caso foi cuidadosamente analisado e inserido no sistema. Depois do cadastro feito os testes foram aplicados e os resultados descritos.

1.4 Estrutura do trabalho

O trabalho foi dividido em quatro capítulos, sendo eles: Introdução, Fundamentação Teórica, Implementação e Conclusão.

A Introdução traz uma visão geral do projeto, a problematização, os objetivos do trabalho, sua metodologia e estrutura.

(16)

A Fundamentação Teórica apresenta conceitos de Raciocínio Baseado em Casos, como métrica de similaridade, métodos de recuperação, além de conceitos e atributos da área de direito de família necessários ao entendimento em relação ao que é abordado no sistema.

A Implementação apresenta detalhes do sistema que foi desenvolvido, bem como sua modelagem e metodologia seguindo conceitos da UML, além dos testes aplicados e os seus resultados.

A Conclusão encerra o trabalho, abordando os assuntos apresentados, descrevendo possíveis trabalhos futuros entre outras considerações.

(17)

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo destina-se ao estudo dos assuntos necessário a realização do projeto, assim como a apresentação do estado da arte nas áreas de RBC e de direito de família, dando embasamento e sustentação as escolhas e determinações feitas no projeto.

2.1 Direito de família

O direito de família é um ramo da área de direito civil, que mais do que qualquer outro, exige muitas qualidades humanas de seu aplicador (WAMBIER, 1996).

É constituído basicamente por normas que regulam a celebração do casamento, sua validade e efeitos resultantes, as relações pessoais e econômicas conjugais, sua dissolução, relação entre pais e filhos, vínculos de parentesco e institutos complementares da tutela, curatela e da ausência (DINIZ, 1999).

Portanto é colocado por Diniz (1999) como um ramo do direito civil que concerne à relação de pessoas unidas pelo matrimônio, ou parentes e complementos institucionais do direito protetivo e assistencial, pois mesmo que tutela e curatela não advenham das relações familiares elas estão relacionadas ao direito de família, pois contém finalidades semelhantes.

Na visão de Gomes (2000) é um conjunto de regras que se aplica ao relacionamento de pessoas ligadas pelo casamento, parentesco, por afinidade ou adoção.

Já para Rodrigues (2001) o objetivo do direito de família é o trabalho sobre os princípios de direito que regem as relações de família, e a influência destas relações sobre as pessoas e os bens.

O direito de família não funciona simplesmente como instrumento cumpridor da lei. O ser humano e seu comportamento devem ser a principal preocupação do jurista de família moderno. Por isso o direito de família tem uma vocação bem definida, a interdisciplinaridade. Se o jurista não obter conhecimentos de outras ciências para tratar dos problemas relacionados a área de família, ele não poderá atingir objetivos muito além daqueles formalmente atingíveis (WAMBIER, 1996).

(18)

De acordo com Diniz (1999) as normas de direito de família inferem algumas finalidades quando tratadas as relações matrimonias, de parentesco e complementares, tais como:

Reação as relações pessoais entre cônjuges, entre os pais e filhos, parentes, como as tratadas pelos efeitos pessoais do matrimônio, da filiação, como as que autorizam o filho a fazer uma investigação de paternidade, entre outros;

Regular as relações patrimoniais, por exemplo, entre marido e mulher, entre ascendentes e descendentes ou entre tutor e pupilo; e

Disciplinar as relações assistenciais entre os cônjuges, os filho perante os pais, o tutelado ante o tutor e o interdito em face do curador.

Para Diniz (1999) fica claro os temas tratados pelo direito de família, que são:

1. O casamento, o centro nas normas básicas do direito de família, que constituem o direito matrimonial;

2. As relações de parentesco; e 3. Os institutos de direito protetivo.

Constituindo o casamento, o direito matrimonial abrange as normas disciplinares ligadas a ele, incluindo a celebração, prova, nulidade e anulabilidade do casamento. Além das relações pessoais dos cônjuges, com direitos e deveres que devem ser recíprocos e suas relações econômicas, que podem chegar a constituir até mesmo um instituto, que compreende o regime de bens entre os cônjuges. Outras normas do casamento estão ligadas a dissolução da sociedade conjugal e do vínculo matrimonial.

As relações de parentesco são regidas pelo direito parental, que compreende norma sobre filiação, adoção, pátrio poder, e alimentos. Portanto este direito aborda a relação entre parentes e a relação econômica, que tem pátrio poder sobre bens dos filhos, mas tem deveres de sustentar os filhos e a obrigação de prestar alimentos.

Os institutos de direito protetivo são abordados pelas normas de direito assistencial, estão ligados a substituição de famílias, compreendendo a guarda, tutela, a curatela e a ausência, todas aplicadas às medidas de proteção ao menor.

(19)

Além dos conceitos de direito de família, serão abordados em tópicos seguintes dados que caracterizam a estrutura do direito de família e seus princípios, para então poder conceituar suas ramificações que são de grande importância neste TCC, demonstrando o que cada uma abrange e suas formas básicas de funcionamento.

2.1.1 Estrutura do direito de família

Um ponto importante no direito de família é o papel e as relações da família. Para Lisboa (2006) família é o gênero do qual a entidade familiar é a espécie. A família é a união de pessoas constituídas formalmente pelo casamento civil, pela união estável e pela relação mono parental. A expressão "entidade familiar" vem sendo utilizada para designar uma união estável e as relações entre ascendentes e descendentes.

A estrutura familiar é composta por um grupo de pessoas em situações socialmente reconhecidas, e com ações que correspondem as socialmente admitidas. A estrutura familiar pode ser nuclear ou conjugal, ser composta por um homem, uma mulher e os filhos compartilhando de mesma morada. A estrutura nuclear é de fácil adequação e pode ser reestruturada quando necessário (MINUCHIN, 1990).

Segundo Diniz (1999) no conhecimento da área jurídica da família se encontram três acepções fundamentais:

1. No sentido amplíssimo o termo abrange os indivíduos ligados pela consangüinidade ou afinidade, podendo incluir estranhos, como no art. 744 do código civil, em que necessidades da família do usuário abrangem também as pessoas de seu serviço doméstico. Ou da lei n. 8.112/90, Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, no art.241, que considera como família do funcionário, além do cônjuge e prole, quaisquer pessoas que vivem as suas custas e participam de seu assentamento individual;

2. Na acepção lata além dos cônjuges e seus filhos abrange também parentes da linha reta ou colateral, bem como afins; e

(20)

3. Na significação restrita é a família, e não só o conjunto de pessoas unidas pelo matrimônio, ou seja, não somente cônjuges e a prole, mas também a comunidade formada por quaisquer dos pais e ascendentes, independente do vinculo conjugal que a originou.

Para Bittar (1993), com base na vigente Constituição brasileira o sistema jurídico se distribui em diversos regimes de saber, tais como:

O da família consangüínea ou biológica, que provém do casamento, e consiste na união entre o homem e a mulher, e nos seus filhos, habitando em um ambiente familiar comum. Este regime se ajusta ao estatal vigente, e absorve todo o mecanismo jurídico de proteção à família;

O da família civil, advinda da adoção. Este regime contém regras próprias, do relacionamento e filiação de denominação civil, com o conjunto normativo da adoção; e

O da entidade familiar, que existe a partir da união estável entre o homem e a mulher, ou na comunidade representada pelos pais e seus descendentes. Neste regime as famílias se organizam pela vontade de assumir a paternidade ou maternidade, sem a participação de outro genitor, ou por circunstâncias alheias a vontade humana, como morte, separação e abandono.

Segundo Diniz (1999), vários são os caracteres de família:

Caráter biológico: porque a família é, por excelência, um agrupamento natural. O individuo nasce e cresce em uma família, até se casar e constituir a sua própria, sujeitando-se a várias relações como: pátrio poder, direito e respectivo dever de obter alimentos e de prestá-los a seus parentes, dever de fidelidade e de assistência em virtude de sua condição de cônjuge;

Caráter psicológico: por possuir a família um elemento espiritual, que une os componentes do grupo familiar, que é o amor;

(21)

Caráter econômico: dentro do grupo familiar o homem, com o auxílio mútuo e conforto afetivo, se mune de elementos necessários para sua realização material, intelectual e espiritual;

Caráter religioso: uma vez constituída a família esta representa um ser ético ou moral, principalmente pela influência do cristianismo;

Caráter político: a família tem especial proteção do estado, o que assegura assistência a cada um dos seus integrantes, criando um mecanismo por meio de lei ordinária que vem a coibir a violência no âmbito de suas relações, impondo sanções aos que transgridem estas obrigações impostas ao convívio familiar; e

Caráter jurídico: por ter a família uma estrutura regulada por normas jurídicas, cujo conjunto constitui o direito de família.

De acordo com Piedade (2009?) existem ainda dois tipos de família:

Biparental, que é formada pelos genitores, cônjuges ou conviventes, e os filhos; e Monoparental, formada por um dos cônjuges ou companheiros e os filhos.

Na Tabela 1 são apresentados os termos do direito de família abordados nesta seção de uma maneira sucinta, afim de melhor visualizar alguns aspectos importantes tratados neste capítulo, além de alguns complementos.

Tabela 1. Abordagem geral de características do direito de família.

Acepções do termo família Espécies de família Caracteres de família

Amplíssima Legítima Biológico

Lata Ilegítima ou natural Psicológico

Restrita Adotiva Econômico

Religioso

Político

Jurídico Fonte: Adaptado de Diniz (1999).

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2.1.2 Princípios do direito de família

Os princípios do direito de família são extremamente importantes uma vez que muitos destes princípios se encontram na constituição (SILVA, 2006).

No que diz respeito ao Direito de Família é preciso sistematizar seus princípios para facilitar a didática do tema. Essa sistematização serve para demonstrar aspectos deste ramo do direito civil, demonstrando o estado de arte da matéria (SILVA, 2006):

Princípio da ratio do matrimônio: o fundamento básico do casamento e da vida conjugal é a afeição entre os cônjuges e a necessidade de que perdure por toda a comunhão da vida. Sendo então o divórcio e a separação judicial uma decorrência da extinção do afeto, uma vez que a comunhão espiritual e material entre o marido e a mulher não pode ser mantida e reconstituída (DINIZ, 1999);

Princípio da igualdade jurídica entre os cônjuges: diz respeito à igualdade entre os cônjuges, seus direitos e deveres, uma grande revolução em relação à família dirigida pelo sistema patriarcal. O poder do marido é agora suprido pela autoridade conjunta, não mais justificada a submissão legal da mulher. Quanto aos interesses do grupo, prevalece o sistema de gestão comum, nas questões pessoais e patrimoniais. A manutenção do lar é obrigação de ambos os cônjuges. Aos interesses individuais de seus componentes, prospera o regime de afeição mútua, e sob o aspecto patrimonial conciliam-se seus direitos com o do núcleo. Na relação com os filhos tem-se um regime fundado no respeito e na compreensão mútuos, transmudando-se o pátrio poder em conjunto de deveres para os pais (OLIVEIRA, 2002);

Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos: no principio de igualdade entre os filhos se consagra o direito positivo a impossibilidade de distinção entre filhos, sejam eles naturais ou adotivos, quanto ao nome, poder familiar e sucessão. Permite-se também o reconhecimento de filhos fora do casamento, e proíbe que se revele no nascimento a ilegitimidade ou espuriedade vedando também designações discriminatórias relativas à filiação (DINIZ, 1999);

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Princípio do pluralismo familiar: este princípio encontra amparo na Constituição de 1988, que aborda entidades familiares diversas das oriundas unicamente do casamento. Protegem-se então a família monoparental e aquela originária de união estável. Há uma moderna corrente doutrinária entendendo que, além das entidades admitidas pelo texto institucional, se reconhece outras formas constitutivas de família, desde que apresente requisitos como estabilidade, ostensibilidade, convivência e afetividade, posto que não há no texto constitucional qualquer cláusula de exclusão. É reconhecida portanto a família fraterna, homoafetiva e qualquer outra relação em que se evidenciem os requisitos citados (LEAL JR., 2008; MELO, 2006);

Princípio da consagração do poder familiar: este principio garante que durante o casamento ou união estável o poder familiar é exercido pelos pais. Na falta ou impedimento de um deles, o outro deverá exercer este poder com exclusividade. Em caso de divergência dos pais em relação ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer um deles recorrer ao juiz para a solução do desacordo. Algumas questões no código civil são atribuídas aos pais, como dirigir a criação e a educação dos filhos, ter os filhos em sua companhia e guarda, conceder ou negar aos filhos consentimento para que se casem, nomear um tutor por meio de testamento ou documento autêntico, se ambos os pais não estiverem presentes, ou se o único presente não puder exercer o poder familiar, representar os filhos até os 16 anos, e lhes dar suporte após essa idade nos atos em que forem partes, reclamá-los de quem ilegalmente os detenha, exigir que lhes prestem obediência e respeito e prover os serviços próprios de sua idade e condição (LEAL JR., 2008);

Princípio da liberdade: fundado no livre arbítrio de constituir a comunhão da vida familiar, não havendo imposições ou restrições de pessoa física e jurídica, no que atina as decisões do casal referentes ao planejamento familiar. Diz respeito também a escolha do modelo de formação educacional, cultural e religiosa dos filhos, e na livre conduta, respeitando a integridade físico-psíquica e moral da família (DINIZ, 1999);

e

Princípio da dignidade da pessoa humana: este princípio se destaca como o mais valoroso da ordem jurídica brasileira, é um principio constitucional fundamental. Se eleva o ser humano ao centro de todo o sistema jurídico, sendo que as normas são

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feitas para a pessoa e sua realização, com o mínimo de garantia de lhe proporcionar dignidade. Não é um direito oponível somente ao estado, a sociedade ou estranhos, mas sim para cada membro da família. (FARIAS, 2005; LÔBO, 1999).

2.1.3 Ramificações do direito de família

Nesta seção serão tratadas as ramificações no direito de família, abordando uma breve descrição de cada uma. Estas ramificações representam conhecimentos básicos importantes para escolha dos atributos utilizados no projeto.

Segundo Gonçalves (2003), Wambier (1996), Diniz (1999) e Advocacia de família (2009), algumas importantes ramificações da área de direito de família são:

Investigação de Paternidade: a investigação de paternidade pode ser requerida por qualquer filho havido fora do casamento, e tem por objetivo a regularização da filiação.

Comprovada a paternidade todos os direitos relativos a filiação, como pensão e herança, são os mesmos do reconhecimento voluntário. Com o exame de DNA é possível afirmar quase que com certeza absoluta a paternidade, e a negação de submeter-se ao exame pode suprir a prova que se desejava obter com o exame (GONÇALVES, 2003).

Guarda: a guarda se constitui por colocar o menor em família substituta ou em associação, independendo de sua situação jurídica, até que seja resolvida a situação deste menor. A guarda se destina a prestação de assistência material, moral e educacional ao menor, dando a quem o detém o direito de se opor a terceiros, inclusive aos pais, constituindo de fato a guarda legal concedida judicialmente (DINIZ, 1999).

Alimentos: a prestação fornecida a uma pessoa, em dinheiro ou espécie para atender as necessidades de sua vida provendo o necessário para o seu sustento, denomina alimentos em direito.

Os alimentos se caracterizam pela importância que em decorrência de sentença judicial de prestação de alimentos o servidor é obrigado a pagar aos seus dependentes ou parentes, por meio de desconto em sua remuneração mensal. Alimentos abrange mais do que o sustento, também o vestuário, habitação, assistência médica, abrangendo o necessário para atender as necessidades da vida, e no

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caso de crianças tudo que for necessário para sua instrução (RODRIGUES, 2002; ADVOCACIA DE FAMÍLIA, 2009). Dois tópicos importantes dentro de alimentos são:

Exoneração de Alimentos: na mudança da situação financeira daquele que presta alimentos ou na de quem os recebe, cabe como opção a parte interessada um pedido de reclamação ao juiz, para de acordo com as circunstâncias pedir exoneração, redução ou majoração do encargo (ADVOCACIA DE FAMÍLIA, 2009); e

Execução de Alimentos: as regras que compõem a execução por quantia no cumprimento da sentença em casos de condenação a prestação de alimentos se referem a execução de alimentos. O devedor de alimentos é intimado a pagar uma quantia estipulada em prazo determinado podendo negociar o pagamento. A execução de alimentos pode ainda ser caracterizada como execução com prisão, onde a falta de pagamento resulta em encarceramento do devedor de alimentos pelo prazo estipulado pelo juiz, ou sem prisão onde é feita a execução de bens para arcar com o pagamento da dívida de alimentos. (MARTINS, 2008; ADVOCACIA DE FAMÍLIA, 2009).

Separação judicial consensual: o processo de separação judicial cabe somente aos cônjuges. Quando requerida por ambos é considerada consensual, não há litígio pois as partes envolvidas buscam a mesma solução e tem como objetivo dissolver a sociedade conjugal. Como requisito, ambos devem estar casados por mais de um ano e manifestar perante o juiz a vontade de se separar de ambas as partes. Deve-se durante o processo por parte do juiz tentar promover todos os meios para reconciliação das partes. A vantagem desta modalidade é a não obrigação de declinar a causa ou motivo da separação. A separação judicial estabelece deveres de coabitação, e fidelidade recíproca ao regime de bens, além de mútua assistência, sustento, guarda e educação dos filhos.

(GONÇALVES, 2003).

Separação judicial litigiosa: o processo de separação judicial litigiosa pode ser proposta a pedido de um dos cônjuges, e pode ser proposta em caso de qualquer ato que caracterize a violação dos direitos do casamento e torne insuportável a vida em comum. Algumas sanções podem ser aplicadas a culpa de um dos cônjuges, como perda de alimentos e perda do direito de conservar o sobrenome do outro. As causas da separação litigiosa indicadas genericamente na lei do Divórcio apontam causas como adultério, tentativa de morte, sevícia, injúria grave e abandono do lar durante

(26)

Divórcio: o divórcio é um procedimento que determina o término da sociedade conjugal, dissolvendo o casamento válido. O divórcio pode ser realizado de forma direta, desde que comprovada à separação de fato por mais de dois anos. Duas modalidades de divórcio existem no país: o já citado divórcio direto, e a separação convertida em divórcio, que tem ainda duas modalidades, a consensual e a litigiosa. No divórcio consensual por convenção sua admissão é tranqüila e pode ser formulada perante o juízo do domicilio de qualquer um dos ex-cônjuges, e ainda que normalmente se mantenham as cláusulas determinadas na separação, nada impede que as modifiquem no que se refere a alimentos, guarda dos filhos, regulamento de visita etc. No processo litigioso o juiz deve declarar a sentença em dez dias, quando não houver ostentação ou necessidade de prova, e a sentença na conversão da separação em divórcio não pode ser negada, a não ser em caso de falta de decurso no prazo de um ano do processo de separação (GONÇALVES, 2003).

Separação de corpos: a separação de corpos pode ser feita mediante proposta de um dos cônjuges e homologação do juiz, e não havendo acordo na partilha de bens cabe a decisão ao juiz. A separação de corpos pode ser determinada como uma medida cautelar, e não é um requisito necessário para separação, mas é importante pois a partir dela a sentença do divórcio na separação judicial começa a contar tempo, e por isso mesmo com o casal já separado de fato, a separação de corpos é admitida como medida cautelar (GONÇALVES, 2003).

União estável: da convivência nasce à base da união estável e sua evolução para constituição do ato jurídico. Mesmo a união estável não sendo exatamente constituída, na medida em que ela é regulamentada vai ganhando contornos de casamento, e de fato pode ser convertido ao mesmo. E com isso aos poucos deixa de ser uma união livre, e então se converte as regras impostas pelo estado. O casamento e união estável têm características simétricas: enquanto no casamento o início é atribuído a celebração do matrimônio, a união estável não tem um marco inicial e nasce da consolidação do vínculo de convivência. Apesar da simetria a união estável é tratada de forma diferente do casamento, e tem sua abordagem considerada no código civil (DIAS, 2006).

Reconhecimento e dissolução de sociedade de fato(União estável): o uso da expressão sociedade de fato se atribui na esfera do direito das obrigações, e mais especificamente na área de direito societário. Seu reconhecimento se atribui a partir do conceito de que a sociedade de fato se institui do contrato de sociedade entre pessoas, que se obrigam a contribuir por meio de bens ou serviços para exercício de uma atividade econômica e a divisão entre si dos resultados, e a falta de cumprimento das obrigações por qualquer das partes levam a dissolução da mesma (DIAS, 2006).

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Anulação do casamento: em caso de desrespeito de requisitos descritos em lei para o casamento, é caracterizada a necessidade de anulação do mesmo. O período previsto em lei para anulação do casamento é de quatro anos. As causas que geram a anulação do casamento buscam impor penas a quem pode ter tido responsabilidade pela anulação do casamento, e o culpado perde as vantagens havidas do cônjuge inocente (DIAS, 2006).

Direito de visitas: o processo de regulamentação do direito de visita visa permitir ao pai que não tem a guarda do filho poder ter o direito de passar algum tempo com o mesmo, para poder participar de sua vida. Outro propósito é evitar os problemas de abuso e irresponsabilidade de alguns pais (ADVOCACIA DE FAMÍLIA, 2009).

Adoção: adoção é o ato jurídico solene pelo qual, baseados nos requisitos legais, alguém estabelece, independente de relação ou parentesco consangüíneo ou afim, um vinculo de filiação, trazendo-o para sua família na condição de filho. É dada origem então a uma relação jurídica de parentesco civil entre adotante e adotado, constando entre eles um laço de primeiro grau (RODRIGUES, 1980 apud DINIZ, 1999).

2.2 Raciocínio Baseado em Casos

O Raciocínio Baseado em Casos (RBC) é uma ferramenta da área de Inteligência Artificial (IA), que utiliza o conhecimento adquirido em experiências passadas para resolver problemas atuais (KOLODNER, 1993).

Lee (1998) coloca que os sistemas RBC reproduzem aspectos da cognição humana para relembrar episódios anteriores e resolver um determinado problema, se baseando nas semelhanças encontradas entre eles.

Fernandes (2003, p. 27) diz que "o processo característico do RBC consiste em: identificar o problema atual, buscar a experiência mais semelhante na memória e aplicar o conhecimento dessa experiência passada no problema atual".

Mais especificamente, um sistema RBC pode ter processos divididos em tarefas separadas, sendo que cada aplicação define estas linhas de separação. De maneira geral o processo é dividido

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em três partes: a recuperação de um caso semelhante, a avaliação de um caso recuperado se baseando no que se espera do novo caso, e a adaptação do caso recuperado, para que o novo problema seja atendido com o mínimo de satisfação (FOX, 1995 apud GROSSMANN JR.,2002).

Segundo Cardoso (2003) um sistema utilizando RBC pode conter:

Utilização de casos passados para resolver novas situações;

Adaptação de soluções antigas para resolver novas situações;

Utilização de casos passados para criticar novas soluções;

Raciocínio sobre casos passados para interpretar novas soluções; e Criação de soluções eqüitativas para novos problemas.

Exemplos da vida diária demonstram que seres humanos naturalmente utilizam casos conhecidos para resolver novos problemas. Um exemplo que demonstra bem isso pode ser visto na área de direito, onde baseado em informações de um processo passado pode-se obter informações para se resolver um novo caso. Conforme Wangenheim e Wangenheim (2003) citam "Esse caso deve ser decidido como no caso Santos versus Silva", onde o caso Santos versus Silva se atribui a um caso qualquer que apresenta muitas semelhanças com o novo caso que está sendo trabalhado e exemplifica como argumentos jurídicos podem ser reforçados com jurisprudências semelhantes.

Wangenheim e Wangenheim (2003) apontam os seguintes elementos como componentes básicos de um sistema RBC:

Representação de conhecimento: usualmente representado através de casos que descrevem experiências concretas;

Medida de similaridade: capacidade de encontrar um caso relevante, quando relembrar um caso similar anterior;

Adaptação: apresenta mecanismos para recuperar casos anteriores, sendo que situações passadas normalmente diferem do problema atual; e

Aprendizado: ao resolver um problema corretamente um sistema deve ser capaz de

lembrar desta situação no futuro.

Outro conceito que não pode ser esquecido são as quatro etapas de desenvolvimento de um sistema RBC, que segundo Lee (1998), é o modelo mais aceito de ciclo de vida do RBC, demonstrado na Figura 1.

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Figura 1. Ciclo de vida do RBC.

Fonte: Adaptado de Lee (1998).

2.2.1 Representação do conhecimento em RBC

O tratamento de conhecimento em mecanismos artificiais como os computadores é uma tarefa difícil. Para que se possa manipular este conhecimento é necessário que se consiga forma de representá-lo. A representação do conhecimento é uma das áreas mais ativas da IA, e a que envolve os maiores desafios (DELPIZZO, 1997).

Em um sistema RBC a representação de conhecimento é feita principalmente em forma de casos que descrevem experiências concretas. Outros tipos de conhecimento sobre o domínio da aplicação, quando necessário, podem ser armazenados em um sistema RBC como casos abstratos e genéricos, e modelos de dados utilizados como informação (WANGENHEIM; WANGENHEIM, 2003).

Os casos são representados pela representação do conhecimento. Mesmo que o conhecimento do especialista esteja em alguns momentos representado em RBC, são os casos que contém o conhecimento que será utilizado para resolução do problema (LEE, 1998).

Problema

Soluções Iniciais

Solução confirmada

Base de Dados

Solução Proposta Recuperar

Reutilizar

Revisar Reter

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2.2.1.1 Casos e Base de Casos

Um caso é um pedaço de conhecimento que está de acordo com determinado contexto e representando uma experiência de onde se aprende lições fundamentais para atingir os objetivos do raciocinador. A experiência contida no caso deve estar bem descrita, e de acordo com seu contexto.

(KOLODNER, 1993).

Segundo Lagemann (1998) e Lee (1998) o caso representa uma experiência passada, ou a representação dela, sendo que todos os casos são compostos por um problema que aborda situações que representam e descrevem o caso no estado real em que ele ocorre, e a solução que representa as experiências adquiridas durante a resolução derivadas deste problema. Pode-se ainda visualizar o caso pela representação do espaço do problema, ou representação do espaço da solução.

Já para Kolodner (1993) além de problema e solução, existe um terceiro fator: o resultado. O resultado é um estado que aparece após ser encontrada a solução, e descreve dados obtidos entre o problema e o alcance da solução, permitindo formular estratégias para evitar problemas e podendo apontar uma próxima solução.

A Figura 2 apresenta um exemplo simples de um caso, onde são representados a descrição da situação problema/sintoma conjuntamente com a experiência adquirida, ou seja, a solução. Os atributos representam características contidas no caso e os valores representam o status destes atributos, sendo que ambos compõem a descrição da situação de um caso.

Figura 2. Exemplo simplificado de um caso.

Fonte: Adaptado de Wangenheim e Wangenheim (2003).

(31)

Apesar dos casos normalmente representarem experiências concretas, pode-se também criar casos abstratos baseados em um conjunto de situações.

Além dos casos, uma das principais entidades envolvidas em um sistema RBC é a base de casos, que consiste em um conjunto de casos e procedimentos para acessar estes casos (KOLODNER, 1993).

A base de casos serve para que se possam reutilizar os casos organizados e armazenados nela, e contém geralmente experiências positivas que descrevem estratégias de solução para poderem desta forma ser reutilizadas, e experiências negativas que expressam tentativas frustradas de se solucionar um problema (WANGENHEIM; WANGENHEIM, 2003).

Na Figura 3 podemos ver um exemplo simples da representação de casos em uma base, onde são armazenados apenas dois exemplos positivos sobre o reparo de impressoras no passado; caso 1 e caso 2 respectivamente.

Figura 3. Exemplo simplificado de uma base de casos.

Fonte: Adaptado de Wangenheim e Wangenheim (2003).

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2.2.1.2 Representação de casos

Segundo Grossmann Jr. (2002) os casos representam um conhecimento especifico que está diretamente relacionado a um determinado contexto, e armazena um conhecimento de nível operacional. Os casos armazenados devem apresentar diferenças dos demais para que seja acrescentado algum conhecimento útil para o sistema.

Características que descrevem o caso devem apontar para uma solução ao problema inicial informando o resultado desta aplicação, que deve ser relativa ao problema de entrada, e para representar casos os dados podem ser armazenados utilizando os mais diferentes tipos usados por computadores. As informações armazenadas podem ser diversas, tais como nomes, códigos, valores, entre outros. (LEE, 1998; LAGEMANN, 1998).

Um exemplo da representação de um caso da área jurídica é apresentado por Wangenheim e Wangenheim (2003), em um sistema de apoio a decisão jurídica que exemplifica como pode ser descrito um caso. O caso, pode ser visto com mais detalhes na Figura 4:

Por um conjunto de características, Juiz: Vlad Mortis, Local: Hipoteticópolis da Serra, Data: 01.02.2000 ;

Pela ementa, O denunciado foi preso em flagrante por tentar subtrair objetos de uma casa a noite ;

Por um conjunto de termos relevantes como, furto qualificado ; e Uma referência do acórdão1 na íntegra.

1 Acórdão é a manifestação de um órgão judicial colegiado, que externa um posicionamento argumentado sobre a aplicabilidade de determinado direito a uma situação fática específica (TSE, 2009).

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Figura 4. Mapeamento do mundo real para representação formal, mapeando um caso de um hipotético sistema jurídico.

Fonte: Adaptado de Wangenheim e Wangenheim (2003).

Wangenheim e Wangenheim (2003) abordam também que a representação de conhecimento dos casos deve ser bem definida para formular o conhecimento da solução do problema, que podem seguir uma série de objetivos como:

Definir as entidades do domínio da aplicação;

Descrever as dependências e relacionamentos das entidades em questão;

Manutenção da estrutura de domínio da aplicação;

Prevenir representação redundante de conhecimento; e Suportar definição de similaridade e adaptação de soluções.

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2.2.2 Similaridade

Para Delpizzo (1997) a similaridade é um ponto crucial do RBC, pois é uma etapa que torna o processo de raciocínio viável, avaliando-se a similaridade dos casos de entrada com os casos candidatos. A similaridade entre os casos se baseia em características que representam o conteúdo e contexto de sua experiência.

Um dos primeiros passos na detecção de similaridade entre casos é feito na avaliação de similaridade. Em RBC a avaliação de similaridade é feita através da comparação de dois casos para avaliar o relacionamento entre eles, e ver como estes casos compartilham soluções e conseqüências.

Esta avaliação é feita no nível de atributos onde valores são associados comparando valores numéricos e alfanuméricos, a fim de determinar uma função de combinação para eles (LEE, 1998).

Wangenheim e Wangenheim (2003) diz que um caso é útil quando apresenta similaridade com a questão que está sendo analisada, e portanto o conceito de similaridade adequado deve permitir estimar a utilidade de um caso. A utilidade de um caso é parte integrante do conceito de similaridade a se adotar, e um caso pode ser útil para um novo problema quando:

Permita a solução do problema atual;

Evita que um erro anterior seja repetido;

Permita uma solução rápida e eficiente do problema;

Ofereça a melhor solução para o problema baseado em critérios de otimização; e Ofereça ao usuário uma solução na qual ele possa compreender a lógica utilizada.

Segundo Plaza (1998 apud FERNANDES, 2003) a avaliação de similaridade é dividida em dois grupos: a similaridade sintática e a similaridade semântica. A similaridade sintática é mais simples, sendo sua comparação principal feita por semelhanças na sintaxe. A similaridade semântica é mais profunda e os casos são comparados baseados no seu significado.

Wangenheim e Wangenheim (2003) afirmam que para a determinação da similaridade em RBC deve-se ter as seguintes premissas satisfeitas:

A similaridade da questão atual e do caso analisado implica em utilidade;

Referências

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