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XXXIV ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS 25 a 29 de outubro de 2010, Caxambu, MG.

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XXXIV E

NCONTRO

A

NUAL DA

ANPOCS

25 a 29 de outubro de 2010, Caxambu, MG.

FR - As Ciências Sociais e o Estudo da Política II: espaços de poder, estratégias escolares e ativismo militante

“Exercício Profissional, Formação Universitária e Atuação Política”

A

UTORA

:

F

ERNANDA

R

IOS

P

ETRARCA

(Universidade Federal de Sergipe)

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Introdução:

Este artigo tem como objetivo apresentar um conjunto de reflexões sobre a relação entre defesa de causas sociais e a atuação profissional baseada em uma expertise e um conhecimento técnico. O ponto de partida consiste em um acúmulo de leituras e informações empíricas decorrentes de diferentes pesquisas realizadas nos últimos anos e que tem como foco a investigação de um conjunto de profissionais (advogados, psicólogos, médicos, jornalistas, assistentes sociais) que atuam na condição de portadores de saberes especializados em diferentes órgãos e movimentos dedicados a defesa de

“causas sociais e coletivas” (feministas, raciais, homossexuais, ambientais, direito da infância, movimento dos trabalhadores, etc.)

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.

Uma das questões que serviu como ponto de partida para as indagações iniciais do trabalho de investigação diz respeito às transformações do sistema de educação superior, sobretudo a sua expansão que consolidou, como nos mostra um conjunto de trabalhos sobre o tema, novas formas de investimento profissional. Nesse sentido, partiu- se do princípio que os processos de expansão do sistema de ensino superior permitiram uma maior diversificação das carreiras profissionais, permitindo novos usos da formação escolar e das percepções associadas ao título universitário (CORADINI, 2002;

PETRARCA, 2007, 2008, 2009; OLIVEIRA, 2009). Dentre essas novas diversificações apresenta-se a intensa atuação profissional em movimentos sociais e grupos voltados a defesa de “causas coletivas”.

Com o intuito de apresentar algumas discussões recentes sobre a relação entre exercício profissional, formação universitária e atuação política, esse artigo pretende, num primeiro momento, examinar as distintas problemáticas que se constituíram no âmbito das ciências sociais para pensar a relação entre profissão, política e militância. Tal relação tem atualmente, se tornado objeto de um conjunto de estudos e pesquisas. Num segundo momento, tomar-se-á o caso do ativismo jurídico na defesa de causas raciais para demonstrar analiticamente os desafios teóricos e metodológicos decorrentes do exame da relação entre usos de saberes especializados e investimentos militantes.

1 Dentre estas pesquisas podemos citar o trabalho de pós-doutorado, realizado em 2009, sobre ativismo jurídico e defesa de causas raciais no Rio Grande do Sul. E também o recente projeto sobre exercício profissional e atuação em organizações e movimentos dedicados a defesa de causas sociais e coletivas no estado de Sergipe, com o apoio do CNPq.

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Institucionalização de Saberes Profissionais e a Esfera Política

Uma das preocupações centrais que tem orientado o conjunto das pesquisas feitas recentemente está relacionada às possibilidades de ampliação e intensificação das discussões, já consagradas na sociologia, da importância da esfera política na constituição de um projeto profissional, assim como do papel e do peso das profissões nos processos de construção política.

O estudo da relação entre Estado, esfera política e projeto profissional se constituiu nas Ciências Sociais como objeto legítimo de um conjunto de pesquisas que suscitou divergentes interrogações. A literatura referente à chamada sociologia das profissões tem destacado que o poder profissional está diretamente associado a uma menor influência e intervenção do Estado, e do campo político de modo geral, no controle e na organização das profissões. Essa escola, apesar de internamente diferenciada no que diz respeito às concepções sobre os processos de profissionalização, foi marcada pela análise do sistema de credenciamento social e dos critérios fundamentais de admissão numa profissão. Para os funcionalistas, que marcaram uma longa tradição na análise dessa temática, a profissionalização e a exigência de critérios legais se tornavam fundamentais para garantir a qualidade dos serviços prestados, uma vez que os clientes não dispunham de competências para apreciar tais serviços. Nessa perspectiva, o Estado tinha meramente o papel de conceder o monopólio legal às profissões reconhecendo a superioridade técnica das atividades profissionais (PARSONS, 1962).

Entretanto, é com base nas críticas à escola funcionalista que as gerações seguintes relacionaram o processo de profissionalização à formação de um mercado fechado, a um instrumento de poder e a base de um monopólio. Por um lado, alguns estudiosos, voltados à sociologia interacionista

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, relacionaram a preservação do controle profissional e a organização para manter a autonomia aos processos de interação social (HUGHES, 1981). Por outro lado, a crítica ao modelo internalista da análise das profissões, cedeu lugar às novas teorias sobre as profissões que se desenvolveram no curso dos anos 1970/1980 (DUBAR &TRIPIER, 1998). Este momento é marcado pelo contexto social e ideológico da época, no qual havia um acentuado antiprofissionalismo e

2Este termo é utilizado tal como definido por Dubar & Tripier (1998) e designa a perspectiva operacionalizada pelos sociólogos de Chicago, especialmente Everett Hughes e aqueles que foram os seus alunos, mais tarde seus colegas, como Howard Becker, Anselm Strauss, dentre outros.

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uma dura crítica as profissões como um sistema injusto e desigual (RODRIGUES, 2002).

Dentre os autores a ganhar proeminência, neste contexto, estão Magali Larson e Eliott Freidson. Estes autores, de maneiras diferentes, relacionaram o processo de profissionalização a um conjunto de estratégias coletivas para estabelecer o monopólio sobre um mercado específico de serviços com a ajuda do Estado. Nesse sentido, o Estado permite à profissão a autoridade legal para selecionar, recrutar, examinar, licenciar, reavaliar desempenhos e estabelecer os limites formais da sua jurisdição. Contudo, a distância da política governamental é essencial para marcar a independência das profissões com relação ao universo político. Ao construir uma política própria, as profissões protegem-se dos interesses específicos do mundo da política. Portanto, o domínio da expertise e a demarcação de fronteiras no mundo do trabalho são as características principais da profissionalização.

Tais autores permitiram demonstrar que, em determinados contextos sociais, políticos e econômicos, a história das profissões tem sido marcada pela progressiva autonomia concedida a determinados grupos profissionais pelo Estado para realizar a função de reprodução e controle do mercado (BARBOSA, 1993; FREIDSON, 1998, 2001). Nesta linha, as profissões não estão separadas do processo político de construção do Estado moderno que concede menor ou maior autonomia aos grupos profissionais na definição dos critérios de acesso aos postos. Destacou-se como objeto de análise: o papel do Estado como intermediário deste processo, considerando seu maior ou menor poder de influência, seu grau de centralização, o desenvolvimento do Estado-providência e o tipo de intervenção sobre os sistemas de ensino e formação (RODRIGUES, 2002).

Enquanto nas abordagens funcionalistas o Estado responde quase que de maneira passiva na aprovação das competências específicas das profissões e nos direitos das associações profissionais, nas análises posteriores o poder profissional aparece associado ao poder do Estado, uma vez que as instituições do profissionalismo necessitam do Estado para se manterem e estabelecerem espaços reservados de atuação (FREIDSON, 1996). Contudo, um dos limites deste modelo centrado no mercado é o de não considerar os processos de institucionalização das profissões como uma maneira de ter acesso aos recursos do Estado e de fazer das carreiras profissionais uma forma de se promover no Estado e conquistar funções políticas e profissionais.

Entretanto, apesar da vasta tradição dos estudos sobre os universos profissionais,

a análise da relação entre estes profissão e política tem sido um objeto novo para as

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ciências sociais, uma vez que a bibliografia sobre movimentos sociais e profissões destacou, durante muito tempo, a organização e a dinâmica interna destes espaços sem estabelecer um diálogo entre esses dois espaços sociais. Por um lado, destacou-se um conjunto vasto de trabalhos na linha dos processos de engajamento e mobilização coletiva, inserindo as discussões na sociologia dos movimentos sociais e da ação coletiva. Por outro lado, salientaram-se os estudos da formação de grupos profissionais e sua dinâmica interna de organização e funcionamento, inserindo, desse modo, as discussões na chamada “sociologia das profissões”. Nesse sentido, a relação entre

“profissão”, “política” e “militância”, recentemente, têm se tornado objeto de um conjunto de estudos e pesquisas.

A literatura atual tem salientado tanto a profissionalização da militância e da política, como as retribuições da atuação militante e as reconversões das competências profissionais (OFFERLÉ, 1996, 1999; SAWICKI, 1999). Podemos apresentar pelo menos três problemáticas principais que tem se destacado no sentido de demonstrar a imbricação entre profissão e política.

Uma destas problemáticas parte do princípio que os processos de profissionalização pelos quais passam as atividades ocupacionais não representam apenas uma forma de controle sobre a atividade e reservas de espaços no mercado de trabalho, mas constituem também os confrontos pela definição dos recursos legítimos para o ingresso e exercício profissional (BOIEGOL e DEZALAY, 1997, DEZALAY, 2002;

BOLTANSKI, 1982, BOURDIEU, 1984). Nesses confrontos, a esfera política e os recursos oriundos dos vínculos e investimentos em tal esfera têm se mostrado, fundamentais para definição de um espaço de atuação profissional. Destaca-se nessa linha um conjunto de estudos que investem na forma como são mobilizados os recursos oriundos de várias esferas, em especial a política, para os investimentos e definições profissionais. Portanto, trata-se de apreender os recursos sociais e os princípios de legitimação que estão na base dos processos de profissionalização (BOIEGOL e DEZALAY, 1997; DEZALAY, 2002; BOLTANSKI, 1982; BOURDIEU, 1984).

Uma segunda problemática que podemos dar ênfase é aquela que tem se

preocupado com os processos históricos específicos da relação entre política e profissão

que, como demonstrou Freidson (2001) são fundamentais para compreender a noção de

profissão aí implicada. Em situações como a brasileira, um conjunto vasto de trabalhos

tem demonstrado que a regulamentação das profissões e a exigência da formação

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acadêmica voltaram-se não só para uma reserva de espaços, mas se constituíram como recursos fundamentais para atuar na esfera política. Nesse sentido, o processo de profissionalização das profissões envolveu tanto o Estado, que ofereceu oportunidades para que as elites profissionais usassem o seu conhecimento para investir na construção política do país, como os segmentos sociais de elite que se organizaram para influenciar o processo político através do conhecimento formal, obtido em universidades. Alguns estudos oferecem a base para pensarmos nessa problemática como, por exemplo, os estudos sobre o Direito (BONELLI, 1999, DEZALAY, 2002), os quais revelam uma relação dinâmica entre Estado e direito, em que os advogados brasileiros, por meio das associações profissionais, exploraram um diversificado conjunto de possibilidades para influenciar o Estado e não exclusivamente controlar o mercado. Assim, o Estado atuou como promotor da cooptação profissional, apadrinhando, inclusive com nomeação para postos públicos, os membros dessas organizações. Processo semelhante aconteceu com os economistas (LOUREIRO, 1997), em que os conselhos técnicos e outros que foram criados pelo Estado, contribuíram para formação do campo dos economistas no Brasil, além de consolidá-los como novo segmento da elite dirigente capaz de, através do conhecimento técnico, ocupar os postos oferecidos pelo Estado. Por conseguinte, as competências profissionais pouco eram avaliadas pelas capacidades técnicas e uma das características principais era a inserção dos profissionais em outras atividades para elevar seu prestígio social e profissional.

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Assim, o processo de formação das profissões e a imposição dos critérios legais se constituíram como uma forma de ter acesso ao Estado e, de modo geral, à esfera política que está na base de todo esse processo. A regulamentação e a exigência de critérios oficiais, como o diploma, se constituíram enquanto recursos vitais para agir em outras esferas sociais e, conseqüentemente, colocar a profissão a serviço de causas sociais diversas. Em função disso, as instituições de defesa da categoria exerceram tanto o papel de controle do exercício profissional e sua institucionalização como se constituíram como instâncias de acumulação de recursos sociais fundamentais para permitir um investimento na política estatal. Portanto, profissionalização e intervenção

3 Os trabalhos de Coradini (1997a) e Coelho (1999) mostram a importância, no caso dos médicos, da posse de um conjunto de outros recursos, além do diploma (como o amplo domínio de uma língua estrangeira, o conhecimento dos modelos médicos que se destacavam na Europa, elevada origem social, posse de uma cultura humanística e referências sociais, obtidas pelo intenso contato e pelas redes de relações de amizade e de reciprocidade) para garantir o reconhecimento e prestígio profissional.

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política não são atividades antagônicas, muito pelo contrário, as instituições acadêmicas e as entidades de defesa dos profissionais que mais se destacaram foram justamente aquelas que também exigiram de seus membros, ao mesmo tempo, profissionalização e inserção política. Isso implica em afirmar que o poder profissional, nestas condições, está associado ao poder de intervenção na esfera política (BONELLI, 1999, BARICKMAN &

LOVE, 2006, COELHO, 1999; PÉCAUT, 1990). Assim, é preciso problematizar as condições sociais de desenvolvimento do título escolar e da formação universitária em situações como a brasileira.

Deste modo, não há como compreender o fenômeno profissional brasileiro considerando as profissões como submetidas apenas às regras de mercado ou do Estado, como já assinalaram autores como Coelho (1999) e Bonelli (1999). Para compreender os processos de profissionalização, em situações como a brasileira, há que se considerar, portanto, o processo de imbricação entre as esferas política e profissional e os recursos a elas associados.

A terceira onda enfatiza, por meio da análise das trajetórias sociais e das carreiras, o trabalho ativo dos atores e as noções de profissão e política aí implicadas. Um dos problemas que tem sido destacado por esta recente literatura diz respeito aos processos de reconversões profissionais da atuação militante, uma vez que a experiência militante e os investimentos em organizações coletivas oferecem ganhos e lucros facilitando, inclusive, a inserção no mercado de empregos e a diversificação da atuação profissional (GAXIE, 2005; GAXIE e OFFERLÉ, 1985).

Assim, as condições de associação entre títulos escolares e profissionais e capital militante se tornam o foco de atenção para analisar as diferentes lógicas sociais (profissional e política) em jogo e duas questões principais se colocam: as reconversões das competências profissionais e as retribuições da atuação política (CORADINI, 2001, 2002, 2006; OFFERLÉ, 1996, 1999). Nessa linha, um conjunto de problemas mais específicos tem sido colocado, tais como: a) em que medida a própria formação universitária e o exercício da profissão pode se tornar um recurso importante para agir na esfera da política e da militância; b) a forma como o exercício da militância e da participação política pode se constituir em um recurso nas lutas profissionais por postos e posições.

Desse modo, a possibilidade de ocupar posições em outras esferas sociais, além

da esfera profissional, depende não só do título acadêmico, mas da posição social do

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agente e do acúmulo de vários recursos sociais. A atuação profissional em espaços de mobilização coletiva tem se apresentado tanto como uma forma de diversificar as possibilidades de investimentos profissionais, quanto uma forma singular de percorrer o espaço político, pois permite relacionar formação e profissão com engajamento e participação política, contribuindo para ampliar o capital militante e gerando as condições para sua conversão em capital político e profissional. O fenômeno da

“militância profissional”, como tem sido definido pela literatura especializada, torna-se um importante instrumento de socialização política e de inserção no espaço político (MATONTI & POUPEAU, 2004). Nesse sentido, o engajamento em causas coletivas pode se constituir inclusive como uma forma de reconverter frágeis inserções acadêmicas e profissionais em trunfos político-militantes, como pode também se constituir em uma forma de converter vínculos militantes em trunfos profissionais.

O elemento mais importante consiste nas modalidades de relacionar a formação especializada e a profissão com a militância em diferentes esferas sociais. Em função disso, os estudos centram nas formas diversificadas de relacionar e articular conhecimento especializado, profissão e atuação política em movimentos dedicados a defesa de causas coletivas diversas e as possíveis conversões em jogo, pois uma das formas que assume o “capital militante” é através da conversão, ou seja, recursos obtidos em outras esferas de atuação podem ser transferidos para a militância.

Destacam-se, mais recentemente, os trabalhos de Oliveira (2009) sobre o uso de recursos escolares no movimento ambientalista; os de Grill (2006) sobre a relação entre profissões e entrada na política; Tavares dos Reis (2007) sobre intelectuais e política;

Seidl (2009) e Almeida (2009) que centram no peso dos recursos escolares, para inserção

em diferentes esferas; Vecchioli (2009) e Engelman (2010), os quais destacam a relação

entre defesa dos direitos humanos e sociais e atuação profissional baseada no

conhecimento jurídico e Petrarca (2007; 2009) a qual destaca o peso dos recursos

políticos e militantes para ampliação das possibilidades de intervenção profissional. Tais

trabalhos trazem contribuições significativas inclusive para se pensar os processos de

identificação e as representações produzidas sobre o universo profissional, uma vez que

as identidades são produzidas através do processo de inserção dos indivíduos em

múltiplas esferas sociais (esfera do trabalho, da família ou afetiva, do engajamento -

político, militante- e a própria esfera escolar) e pela forma como eles constroem

percepções e ajustes entre tais espaços (DUBAR, 1998, PASSY, 2005).

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Por fim, acrescenta-se que a análise da relação entre engajamento, formas de atuação profissional e usos de um conhecimento especializado apresenta um desafio teórico e metodológico de apreensão relacional entre exercício profissional e as condições e lógicas de capital e engajamento político. Como se pode perceber, nos últimos anos, inúmeros trabalhos, tanto a nível internacional quanto nacional, têm sido produzidos pelas ciências sociais no sentido de evidenciar tais vinculações. Um dos aspectos persistentes nesse conjunto de análises tem sido o confronto entre as abordagens que focalizam a formação universitária como condição sine qua non para inserção nos diversos espaços de atuação profissional e aquelas que têm se preocupado com as modalidades diversas de usos de qualificações e relações profissionais para formas também diversificadas de atuação e inserção na militância e no engajamento associativo.

Uso de Saberes Especializados na defesa de “causas sociais”: o ativismo jurídico A relação entre atuação profissional e engajamento militante, no caso específico do direito, tem sido abordada por um conjunto de estudos que destacam a emergência da advocacia engajada como resultado da articulação entre trabalho jurídico e mobilização política. A importação de causas coletivas pelo espaço jurídico e a emergência dos

“novos” usos do direito, tem sido apresentada como um fenômeno histórico recente. As principais mobilizações dos advogados apareceram de forma mais explícita no âmbito do direito do trabalho e na defesa de advocacia para sindicatos de trabalhadores no contexto da década de 1970, sobretudo na França. Em outras situações nacionais, como no caso dos Estados Unidos, neste período, pode se observar o aparecimento de advogados na defesa dos excluídos. Já na América Latina manifesta-se a luta dos advogados na defesa dos presos políticos, principalmente no período de fechamento político durante as ditaduras militares. Assim, as diversas causas sociais que mobilizaram os advogados em diferentes períodos dependem do contexto e das situações nacionais específicas.

No caso da América Latina e do Brasil, especialmente, tem se observado que o

movimento de direitos humanos ganha proporções destacadas a partir dos movimentos

políticos de contestação das ditaduras militares na década de 1970. Contudo, as

modalidades de engajamento dos advogados em causas coletivas se modificam

substancialmente no contexto dos anos de 1990 em função da ampliação dos movimentos

sociais neste período. Este é o momento em que os advogados investem na tradução de

problemáticas construídas no âmbito dos movimentos sociais para o universo do direito.

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O estudo de Engelman (2006) sobre o conjunto das demandas propostas na Corte Interamericana de Direitos Humanos entre 1970-2005 mostra que dentre as causas que predominam no Brasil no período de 1988-2005 como de direitos humanos estão: direitos ambientais, direitos indígenas, direito dos sem-terra. A maior incidência das causas coletivas é na região norte e centro-oeste onde se destacam os direitos ambientais. Como se pode observar, as causas raciais não aparecem como associadas às demandas de direitos humanos, constituindo, portanto, um fenômeno recente no âmbito do direito brasileiro.

O exame da formação de um espaço engajado de atuação dos advogados deve ainda destacar as trajetórias sociais, políticas e profissionais dos atores que investem na tradução, no universo do direito, das “causas raciais”. Assim, é possível demonstrar quais são as condições sociais, políticas e profissionais que tornam possível um advogado consagrar sua vida profissional ao ativismo jurídico voltado, nesse caso especificamente, a causa racial. Portanto, os esforços nesse texto vão no sentido de compreender como os advogados conciliam prática profissional e engajamento militante, inscrevendo as investigações sobre os modos de definição dos usos militantes do direito e como os profissionais do direito exercem o papel de tradutores dos problemas sociais para a esfera do direito.

Este conjunto de questões faz parte de uma pesquisa mais ampla que visa analisar a relação entre profissão e militantismo voltado à defesa de causas raciais. Isso inclui uma diversidade de conhecimentos experts, como assistência social, psicologia, jornalismo, medicina, ciências sociais, direito, história, dentre outros. Nesse sentido, o conhecimento jurídico constitui um dos conhecimentos especializados mobilizados na defesa das causas raciais. Dentre as principais atividades e posições ocupadas pelos advogados na defesa da igualdade racial, estão: advogado do Movimento Negro Unificado do Rio Grande do Sul (MNU), ou ainda de outras entidades e organizações não governamentais voltadas à temática racial, como o Instituto de Apoio as Comunidades Remanescentes de Quilombo (IACOREQ); advogados do Programa SOS Racismo, vinculados a ONG Maria Mulher; advogados com escritórios especializados em crimes de injúria racial.

Na análise das trajetórias podem-se observar algumas características comuns

entre os advogados, principalmente no que diz respeito às origens sociais modestas, cuja

ocupação principal dos pais não exige grau de escolarização, bem como às origens

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étnico-raciais, todos descendentes de negros. Entretanto, apesar de tais características comuns é possível apontar para duas modalidades distintas de associação entre a expertise jurídica e o militantismo. A primeira representa um conjunto de casos em que o ingresso na defesa de causas raciais ocorre concomitante a realização do curso de graduação em Direito, sem uma experiência prévia no militantismo. Nesse caso, o ingresso no militantismo e a associação entre profissão e militância decorrem das redes de relações obtidas por intermédio da família ou do grupo de amigos.

A segunda representa o conjunto de advogados que já possuíam uma experiência prévia no movimento negro, ou em outras formas de militantismo, no momento de escolha da carreira profissional. Nessas duas modalidades há não só uma amálgama entre o engajamento militante e a atuação profissional, como uma forte referência a identificação étnica e as diferentes formas de racismo sofridas “na própria pele” desde a infância. Assim, no processo de reconstrução do passado e na apresentação das suas origens sociais, é possível perceber que em ambas as modalidades a memória associada ao preconceito racial sofrido é acionada e reativada como justificativa para a defesa da causa racial no âmbito do direito.

No que diz respeito à primeira modalidade, o caso mais representativo é o de uma

das advogadas, atualmente coordenadora, do programa SOS Racismo. Seu ingresso em

tal programa começou como estagiária de direito em função da indicação de sua irmã que

conhecia a filha de uma das coordenadoras da ONG Maria Mulher. Nesse momento, a

ONG estava procurando uma advogada que fosse ao mesmo tempo mulher e negra, pois

a organização é uma organização de mulheres negras e os advogados anteriores eram um

homem negro e uma mulher branca. Em função disso, ela foi uma das selecionadas para

compor o quadro dos advogados do programa, na condição de estagiária. Esse momento

é considerado pela entrevistada como fundamental na sua trajetória, pois se descobriu

Maria mulher, o que implicou para ela em não ser apenas uma técnica, mas uma

militante na defesa das vítimas de discriminação racial. Quando o estágio terminou, ela

conseguiu um emprego de digitadora até a conclusão do curso, mas continuou

participando das atividades da ONG, pois segundo ela foi atraída pela causa. Depois de

formada, a ONG a convidou para participar na condição de advogada do Programa e

também da organização. Nessa ocasião já havia montando seu próprio escritório de

advocacia na área criminal e passou a atuar concomitantemente nesses dois espaços. Na

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Maria Mulher algumas de suas atividades são remuneradas, dependendo do financiamento do projeto obtido pela ONG.

Na ONG Maria Mulher além de coordenar o projeto SOS Racismo, participa desde 2008 do projeto Sentinela que é voltado à defesa de crianças vítimas de abuso sexual. Nesse caso se observa que há também uma associação com outras formas de militantismo como voltado ao movimento feminista, especificamente mulheres negras e também em defesa dos direitos da infância e da juventude. Destaca-se ainda, em decorrência da sua atuação na ONG Maria Mulher, o investimento na militância partidária. Tal investimento partidário decorre da sua atuação na campanha para vereadora, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), de uma das diretoras da ONG. Na condição de coordenadora da campanha ela precisava efetivar a sua filiação.

Apesar de não possuir passado militante, suas origens sociais a remetem para uma experiência familiar de participação política. É o caso da sua mãe que além de participar inúmeras vezes da coordenação e direção da associação de bairros onde moravam e da associação de pais e mestres, era filiada ao Partido Democrático Trabalhista (PDT).

A sua atividade na ONG contribuiu ainda para orientar suas possibilidades de atuação profissional, uma vez que afirma que no seu escritório particular algumas causas não são defendidas, como por exemplo, atuar em defesa daqueles que estão sendo acusados de racismo, nem tampouco homens que estão sendo acusados de violência contra mulher ou pedófilos. Sua atuação profissional na ONG orienta, desse modo, sua atuação na advocacia privada.

Além disso, a atuação nessa ONG lhe permitiu ampliar as possibilidades tanto de atuação profissional como de investimentos militantes. Como exemplo de como isso ocorre pode-se mencionar a sua participação como membro da comissão de avaliação dos cotistas da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e a assessoria jurídica prestada a outra ONG, cargos conquistados por meio de convites realizados devido a sua atuação na Maria Mulher. Como ela definiu em entrevista, sua atuação no SOS Racimo lhe deu visibilidade e prestígio, além de reconhecimento no mercado profissional do direito na área de discriminação racial.

A necessidade de usar o direito na defesa das vítimas de racismo é essencial para

essa advogada, uma vez que segundo ela é preciso cada vez mais apresentar a

discriminação racial como crime. Nesses casos, as disposições para a “luta contra o

racismo” é remetida a uma história pessoal de discriminação. Para exemplificar como

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isso ocorre a advogada mencionou, durante a entrevista, pelo menos duas situações vividas na infância e na fase adulta. A primeira ocorreu na escola durante a infância, constituindo uma experiência chave para despertar a luta contra a discriminação. Tratava- se de uma aula de português dada por uma professora branca. Durante a aula duas colegas, que estavam sentadas na sua frente, trocaram bilhetes e durante esta troca olharam para ela e passaram a mão na testa dizendo: viu não sai. Num gesto de raiva, ela se levantou da cadeira e tomou o bilhete das colegas. Neste momento pode ver que estava escrito no bilhete que ela era negra como carvão e que era tão preta que a cor não saía.

Ela entregou o bilhete para a professora que expulsou as meninas da sala e exigiu que pedissem desculpas.

A segunda situação ocorreu quando estava na faculdade, no primeiro semestre do curso de direito iniciado na Faculdade Ritter dos Reis. Neste momento pode perceber que dos 100 alunos que entraram junto com ela, apenas 5 eram negros. Todos bem mais velhos que ela, o que, segundo ela, se transformou num forte indicador de que o negro quando entra na faculdade não entra jovem, mas entra bem mais velho e que ela era então a exceção das exceções. Isso a fez ainda a entender um pouco mais a alegria de sua mãe, de seus parentes e de seus vizinhos quando ela entrou na faculdade. Nos primeiros dias de aula o professor logo pediu para os alunos se organizarem em grupo. Esta situação a fez novamente perceber o racismo velado, pois os únicos que a convidaram para formar grupos foram os demais alunos negros.

Contudo, a relação entre atividade profissional e militância coloca em jogo a difícil tarefa de articular dois espaços sociais distintos que, muitas vezes, não convergem entre si. Uma das dificuldades apresentadas pela entrevistada remete ao fato de que sua intensa militância na ONG o afasta, por um lado, do conhecimento técnico da sua profissão, por outro lado, do círculo de relações sociais profissional. Um dos desafios, portanto, nesse tipo de carreira, é conseguir circular nos dois espaços ao mesmo tempo sem prejuízo. Para contornar essa situação, a advogada está fazendo, atualmente, um mestrado em ciências criminais, uma vez que considera ser fundamental estar informada sobre as mudanças técnicas no direito e conviver mais com os profissionais da área.

Trata-se, portanto, de uma modalidade de ingresso no direito racial que não

apresenta experiência militante prévia, como movimento estudantil, partidário, ou

associativo. É através de uma experiência profissional, na qualidade de estagiária, que

essa advogada pode converter a atuação no direito em uma forma de militantismo.

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Para demonstrar a segunda modalidade pode-se tomar como caso exemplar o do fundador de um escritório de advocacia especializado na defesa das vítimas de injúria racial. Tal advogado também foi um dos primeiros a compor a equipe técnica do Programa SOS Racismo no inicio dos anos 2000. Sua entrada em tal projeto decorre da sua intensa participação no movimento negro e de seu reconhecimento na área do direito racial em função do seu escritório de advocacia. Segundo seu relato o convite ocorreu porque já se conheciam do meio militante. Assim, ele atribui o convite tanto à sua atuação no movimento negro quanto à sua atuação na defesa das vítimas de injúria racial, o que lhe permitiu ficar conhecido.

Oriundo de uma família com escassos recursos econômicos, pai porteiro e mãe dona de casa, atuou na juventude como vendedor de verduras e ainda como Office boy.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apresenta como principal motivador para a escolha do curso, primeiro seu pai em função da identificação com a causa negra, e segundo algumas personalidades negras, como Alceu Collares, ex- governador do estado do Rio Grande do Sul, que fora advogado, e Carlos da Silva Santos que foi o primeiro negro eleito deputado estadual. Nesse momento de ingresso no curso já possuía uma intensa militância na defesa dos negros. Sua militância começa no grupo de teatro voltado à temática negra, chamado Teatro Experimental do Negro, depois na Sociedade Floresta Aurora. O grupo Sociedade Floresta Aurora desempenhou papel fundamental na atuação dos negros na cidade de Porto Alegre. Fundado antes da abolição da escravatura abrigava toda comunidade negra da capital. Bailes, atos públicos, protestos e assistência faziam parte da agenda da entidade.

Dessa militância e dos contatos decorrentes fundou o Grupo Palmares, nos anos 1970 em plena ditadura militar junto com outras figuras ativas no movimento negro atualmente. O grupo foi responsável pela proposição do dia 20 de novembro, como alternativa as comemorações do dia 13 de maio (data da abolição da escravatura), tendo como referência, portanto, Zumbi e Palmares e não a data de abolição da escravatura. O grupo foi ainda precursor nas mudanças no movimento negro, afirmando-se como grupo étnico e adotando uma postura que colocava em cheque conceitos estruturantes da sociedade brasileira como o tema da democracia racial, identidade e cultura nacional.

Esse grupo contribuiu ainda para emergência do movimento negro unificado (MNU) no

final dos anos 70.

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Nesse mesmo período atuou em várias frentes. No início dos anos 1970 fez um concurso como auxiliar de escrita e lá permaneceu até se aposentar. Tal atividade lhe permitiu concluir o curso de direto e desempenhar um conjunto de outras atividades e inclusive montar seu próprio escritório de advocacia. Ainda nos anos 1970 e 1980, concomitante com a intensa participação na militância, atuou como locutor esportivo e também como locutor e comentarista do carnaval. Um dos seus objetivos era fazer com que a cultura do carnaval fosse contada por negros e não por não negros como acontecia.

Tal atividade lhe permitiu abrir muitas portas na área do direito, o que resultou em diversos convites para atuar como consultor jurídico para várias escolas de samba como

“Os Imperadores do Samba” e também para clubes futebolísticos.

Seu êxito na área de direito racial decorre, no final dos anos 1990, da sua atuação profissional e do sucesso com algumas causas de discriminação, inclusive na conquista de condenações. Uma das condenações conquistadas na área racial estava associada à lesão corporal, o que, segundo ele, apesar da questão racial ser o fator principal foi a lesão corporal que permitiu a condenação. Dentre as causas que ganhou, e que lhe permitiram destaque, pode-se citar a causa contra a Caixa Econômica Federal, a qual foi condenada a pagar multa por discriminação racial no âmbito do trabalho. Sua atuação no âmbito do direito envolve, ainda, um intenso investimento na produção de definições jurídicas, com a publicação de artigos e comentários sobre o direito racial. E ainda na ocupação de posições em associações profissionais, como a Associação dos Advogados Criminalistas, na condição de vice-presidente e na OAB no comitê de ética.

Assim, a disposição à ação militante, manifestada pelos seus engajamentos anteriores, é reconvertida nesse modo particular de militantismo que constitui o uso político e social das práticas profissionais. Além disso, sua clientela decorre também dos seus investimentos militantes, uma vez que já possuía uma longa história no movimento negro. Portanto, a própria formação da clientela remete a imbricação de dois espaços de atuação: o engajamento e a atividade profissional.

Em decorrência desse conjunto de atividades ao mesmo tempo profissionais e

militantes, que lhe renderam notoriedade, foi premiado com vários troféus destinados a

personalidades negras no estado do Rio Grande do Sul, como: Troféu Zumbi, Troféu

Carlos Santos da Câmara de Vereadores, dentre vários outros. Nesse sentido, o

engajamento militante pode contribuir também para o êxito profissional, permitindo a

acumulação de capital social e simbólico.

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De forma semelhante ao caso descrito anteriormente, esse advogado também associa a defesa da cultura negra e da identidade negra às experiências vivenciadas de discriminação. Uma delas aconteceu na infância, mais precisamente na escola, decorrente da solicitação feita por sua mãe de três bolsas de estudo para seus filhos. Duas bolsas foram conquistas, mas como eram três filhos era preciso ainda conseguir uma nova bolsa.

Mas a escola, particular católica, só concedia se houvesse uma contrapartida, que se constituiu na limpeza das salas-de-aula feita por ele e seus dois irmãos. Segundo seu relato, apesar de na época essa atividade representar uma diversão, tratava-se no fundo de exploração de menores, de crianças e de negros, uma vez que a direção da escola não faria tal prática com uma família branca. Assim, como uma alternativa às práticas racistas, ele e seus irmãos formavam uma rede de apoio e proteção, se alguém fizesse alguma coisa contra um deles, apanhava pelos outros.

Esses relatos demonstram que a atuação desses advogados e as modalidades de investimentos na defesa das vítimas de discriminação racial envolvem tanto o tratamento jurídico dos casos e o uso de uma expertise quanto à defesa militante de uma causa que aparece associada a uma experiência pessoal de discriminação. Assim, eles se definem a partir de um uso engajado do direito, reivindicando publicamente suas convicções, seus princípios e seus valores, fazendo disso uma maneira de exercer sua profissão. Além disso, é a partir da configuração das suas carreiras militantes que suas ações profissionais tomam sentido. Portanto, as esferas da suas vidas, ao menos duas delas, como a esfera do trabalho e a esfera do engajamento, estão intimamente ligadas. A ligação entre essas esferas ganha um sentido específico para esses advogados que não cessam em associar seu trabalho profissional e militante a sua condição social e histórica na sociedade brasileira e as experiências de discriminação sofridas. O direito aparece como uma maneira de responder a essa situação. Desse modo, a atuação político-profissional desses advogados permite dar um sentido a sua trajetória passada produzindo uma continuidade entre esses dois espaços distintos.

Além disso, as experiências de discriminação racial desde a infância até a fase

adulta se apresentaram como elementos fundamentais na construção das carreiras destes

advogados, uma vez que tais experiências se constituem como importantes elementos de

reconstrução biográfica. Os trajetos profissionais são constituídos por essas reconstruções

do passado que permitem revelar visões de si e do mundo remetendo a diversas esferas

sociais e formas identitárias (Dubar & Tripier, 1998a). Desse modo, os ajustes e as

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percepções feitas por estes advogados entre suas experiências pessoais de discriminação e sua atuação profissional permitem compreender os princípios de identificação e as concepções de profissão em jogo.

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Referências

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