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A ED U C A Ç Ã O SO C IA L EN Q U A N TO ESTR A TÉG IA D E EN FR EN TA M EN TO
D O TR A B A LH O IN FA N TIL E IN SER Ç Ã O N A ESC O LA
SOCIAL EOUCATlON AS A STRATEGY TO F/GHT CH/LO
LABOR ANO SCHOOL /NTEGRAT/ON
Rosilene Marques Sobrinho de França
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Graduada em Direito. Especialista em Direito e Processo Civil pela
Univer-sidade Católica Dom Bosco/MG e em Gestão de Cidades pela Fundação
Getúlio Vargas/R]. Mestranda do Programa de Políticas Públicas da Univer-sidade Federal do Piauí (UFPI).
E-mail: rosilenemarques9@yahoo.com.br
Fones: (086) 3213-7497 e 8838-4097
Maria O'Alv» Macedo Ferreira
Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo - PUe.hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAP r o f '. adjunta nível IV do Curso de Serviço Social e do Mestrado
em Políticas Públicas na Universidade Federal do Piauí; membro
pesquisa-dora do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Infância, Adolescência e
Juventude e do Núcleo de Pesquisa sobre Questão Social e o Serviço Social.
E-mail: maria.dmf@ig.com.br
Fones: (086) 3233-6482 e 9927-0709
R esum o
o
artigo trabalha aspectos da educação social a crianças e adolescentesinseridos em trabalho precoce enquanto estratégia de ingresso, permanên-cia e sucesso na escola, tendo como referênpermanên-cia aspectos da realidade de Teresina. Nesse sentido, analisa como estes segmentos sociais são identifi-cados e como são trabalhados no âmbito da educação social no sentido do
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e inserção na escola,
procurando-se perceber os elementos que estão presentes no trabalho
só-cio-educativo que é desenvolvido nas unidades de educação
complemen-tar e como ele se relaciona com as ações públicas que visam romper com o
ciclo de pobreza e exploração vivenciado pela família e seus membros no
contexto do sistema capitalista.
Palavras-chave: Educação social e Trabalho Infantil.
.--/"
hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
--Abstract
The article deals with aspectsof social education for children and adolescents placed in early work as a strategy for entry, stay and succeed in school, with
reference to aspects of reality in Teresina.
QPONMLKJIHGFEDCBA
In this sense, looks at how thesesocial groups are identified and how they are worked in education in society as to the strengthening of family and community ties and involvement in school, seeking to understand the elements that are present in social-educational work that is developed and how it relates to public actions aimed at breaking the cycle of poverty and exploitation as experienced by families in the context of the capitalist system.
Key-words: Social Education and Child Labour.
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1 8 0
hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
R o s ile n e M o rq u e s S o b rin h o d e F ra n ç o / M o ria O 'A lv a M a c e d o F e rre iroIntrodução
A
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
educação se constitui em direito humano garantido na
Consti-tuição Federal de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/97), que,
em seu artigo 1º dispõe sobre a educação enquanto processo formativo
desenvolvido na vida familiar, na convivência humana, nas organizações
da sociedade civil e nas manifestações culturais, no contexto da qual a
educação social apresenta-se com um caráter de complementaridade
no
sentido do desenvolvimento
de habilidades e competências voltadas,
so-bretudo, para a participação social.
O papel social da escola é muito importante
para a garantia do
direito à educação. Entretanto, ela sozinha não é capaz de promover o
enfrentamento das situações geradas pela inserção de crianças e
adoles-centes no trabalho precoce. A educação social tem ganhado relevância
no que se refere ao enfrentamento
das vulnerabilidades
e riscos sociais
que fragilizam
ou rompem o vínculo de crianças e adolescentes com a
escola, assumindo um papel importante no enfrentamento das
violênci-as, exclusões e discriminações
que afetam a infância e a adolescência,
por meio do desenvolvimento
de atividades sócio-educativas
centradas
na valorização
humana, participação social e protagonismo, procurando
promover os saberes necessários a formação desses segmentos sociais
vu Inerabi Iizados.
A e d u c a ç ã a s o c ia l e n q u a n to e s tra té g ia d e e n fre n ta m e n to d o tro b o lh o in fa n til e in s e rç ã o n a e s c o la
A identificação das situações de trabalho infantil
o
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Art. 2º da Lei nº 9394/97 de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional dispõe que a educação, inspirada nos princípios de liberdade
e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
de-senvolvimento do educando, bem como seu preparo para o exercício
da cidadania. Entretanto, nas situações em que as crianças e
adolescen-tes encontram-se em trabalho infantil a inserção, permanência e
suces-so na escola apresenta-se como algo distante e dependente de um
con-junto de ações não somente da política de educação, mas de outras
políticas públicas.
Ao refletir sobre as múltiplas dimensões que envolvem o trabalho
infantil, percebe-se que ele existe desde as épocas mais remotas,
entre-tanto, foi com a revolução industrial e a evolução do sistema capitalista
que a exploração de crianças e adolescentes no trabalho ganhou maior
complexidade (CARVALHO, 1998).
Na Idade Média, Aries (1981) relata que as crianças desenvolviam
atividades e participavam da vida social do mundo adulto e o trabalho
QPONMLKJIHGFEDCBA
181
faz parte do processo de educação dos filhos; no meio rural trabalhavam
na terra e, no meio urbano as crianças eram inseridas nas corporações de
ofício. Com a revolução industrial crianças e adolescentes inseridos no
trabalho das indústrias em condições desumanas e insalubres, passaram
a competir com o trabalho adulto, no sentido de gerar uma renda a mais
para a família, especialmente nos momentos de crise econômica, de modo
que o avanço do capitalismo no século XVIII gerou problemas sociais
preocupantes, como analfabetismo, doenças, deformidades e pobreza.
O trabalho infantil esteve presente no Brasil desde a colonização,
período em que as crianças filhas de escravos trabalhavam a partir de
tenra idade, e permaneceu sem qualquer regulação até o Código de
Me-nores de 1927, que dispôs sobre ações públicas interventivas no sentido
de proibição/repressão às crianças e adolescentes que perambulavam e
realizavam trabalhos no espaço da rua, trazendo para a infância e
adoles-cência pobre um tratamento excludente e marginalizado, cujos
elemen-tos culturais tem permanecido até os dias atuais, apesar dos avanços
le-gais (DEL PRIORE, 1999).
A Constituição Federal de 1988 (art. 7º, XXXIII) admite o trabalho,
em geral, a partir dos 16 anos, exceto nos casos de trabalho noturno,
perigoso ou insalubre, nos quais a idade mínima é de 18 anos, sendo que
R o s ile n e M a rq u e s S o b rin h o d e F ra n ç a / M a ria D 'A lv a M a c e d o F e rre ira
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para os adolescentes de 14 a 16 anos, o trabalho é admitido somente na
condição de aprendiz (art. 227, § 3º, I, art. 7º, XXXIII). A Organização
Internacional do Trabalho (OIT) define como trabalho infantil, as
ativida-des econômicas e/ou de sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro,
remuneradas ou não, realizadas por crianças ou adolescentes em idade
inferior a 16 anos, ressalvada a condição de aprendiz a partir de 14 anos,
independentemente da sua condição ocupacional (MINHARRO, 2003).
Com a criação do Ministério do Desenvolvimento Social e
Comba-te à Fome (MDS) e a incorporação do Programa Bolsa Família (PBF) à
política de assistência social em 2004 agregando um conjunto de
progra-mas sociais já existentes, o trabalho infantil passou a ser enfrentado numa
perspectiva de geração de renda para a família. Assim, ao mesmo tempo
em que estabelece uma gestão mais racional dos programas da área
soci-al, o governo fortalece a rede de assistência às populações em situação
de vulnerabilidade social e econômica, visando contribuir para a
inclu-são social e, com isso, para a redução de uma das variáveis condicionantes
do trabalho infantil que é a pobreza e a extrema pobreza.
Apesar de o Brasil ter acatado as diretrizes internacionais de prote-
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182
ção aos direitos humanos de erradicação do trabalho infantil eorganiza-do um arcabouço institucional para o seu enfrentamento, os dados da
PNAD (2007) mostram a existência de cerca de 2,49 milhões de crianças
e adolescentes de 5 a 15 anos em situação de trabalho infantil. O Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (lPEA) identificou que em 2008,
crian-ças de 7 a 15 anos trabalham em média 20,1 horas por semana quando
estudam e 35,3 horas quando não frequentam a escola. Contudo, cerca
de 55% das crianças e adolescentes que não vão à escola trabalham por
mais de 40 horas por semana, e 11
%
das que vão à escola conseguemainda dedicar essa quantidade de tempo ao trabalho.
Em 1996 foi criado na esfera federal o Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil (PETI) destinado a famílias que tiverem filhos com idade
entre 07 e 14 anos que trabalham em atividades perigosas, penosas,
insa-lubres e degradantes e possuir uma renda per capita de até salário
míni-mo, ou seja, aqueles que vivem em situação de extrema pobreza, visando
retirar crianças e adolescentes do trabalho considerado perigoso, penoso,
insalubre ou degradante, ou seja, aquele trabalho que coloca em risco a
sua saúde e segurança, visando, sobretudo, possibilitar o acesso, a
per-manência e sucesso na escola. A família inserida no PETI recebe uma
bolsa mensal por cada filho com idade entre 07 e 14 anos retirado do
trabalho infanto-juvenil. Para isso, as crianças e adolescentes devem
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quentar a escola e atividades sócio-educativas em jornadas de educação
complementar, com a participação em acompanhamento escolar,
ativi-dades esportivas, culturais, artísticas e de lazer (BRASIL, 2 0 0 0 ) .
Em Teresina, os Centros de Referência Especializados da
Assistên-cia SoAssistên-cial (CREAS)l atuam na identificação do trabalho infantil e fazem
encaminhamento de crianças e adolescentes para inclusão na escola e
em unidades de educação complementar, sendo estas incluídas no
Servi-ço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de 6 a 1 5 com
ativida-des de convivência, socioculturais, esportivas e pedagógicas. Esse
traba-lho de fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, objetivando
promover o acesso a informação, incentivo ao protagonismo e à
partici-pação social é realizado em Teresina em 1 1 Núcleos de Atendimento
Inter-geracional (NAI's), 0 8 Jornadas Ampliadas/PETI, na Escola Aberta,
no Programa de Atenção Integral (PAI) e no Projeto Cidadania, que em
2 0 1 0 atenderam a 4 . 5 0 0 crianças/adolescentes oriundos do trabalho
in-fantil (TERESINA, 2 0 1Oa).
Os dados do atendimento do Centro de Referência Especializado
da Assistência Social em Teresina (CREAS 1), demonstram que dos 2 9 0
casos atendidos em 2 0 1 0 , 3 2 ( 1 1 , 0 3 % ) , são de trabalho infanto-juvenil!
183
mendicância, sendo 7 crianças ( 2 1 , 8 7 % ) e 2 5 adolescentes ( 7 8 , 1 % ) ,
mostrando que a retirada das crianças e adolescentes do trabalho
preco-ce, a permanência na escola e a participação em atividades
sócio-Gráfico 01: Situações de trabalho infanto-juvenil atendidas pelo CREAS I
- Ano 2010
Trabalho infanto-juvenil e
mendicância -3 2 atendimentos
( 1 1 ,3 % do total de2 9 0
atendimentos à criança
jadolescente com direitos
violados realizados pelo CREAS I em2 0 1 0 )
Adolescente- 25 casos
( 7 8 ,1 % )
25
2 0 15 1 0 5
O • Criança- 7casos ( 2 1 ,8 7 % )
Fonte: dados do Relatório do CREAS, 2010.
N o m e d o a u to r
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
educativas como critério para a inserção das famílias no PETI, tem
funci-onado como um importante elemento de garantia do direito
à
educaçãodessas crianças e adolescentes oriundas do trabalho precoce (TERESINA,
2010b).
Os dados mostram que as 32 crianças e adolescentes em trabalho
infantil identificadas pelo Centro de Referência Especializado da
Assis-tência Social possuem fragilidades ou rompimento de vínculos com a
escola. Ao inseri-Ias em unidades de educação complementar/social,
es-tas funcionam como estratégia de reconstrução, fortalecimento e
estreitamento de vínculos escolares, familiares e comunitários.
QPONMLKJIHGFEDCBA
A educação social enquanto estratégia de enfrentam ento do trabalho infantil
e inserção de crianças e adolescentes na escola
1 8 4
A educação é um dos requisitos fundamentais para que os
indivídu-os tenham acesso ao conjunto de bens e serviços disponíveis na
socieda-de, sendo direito de todo ser humano e condição necessária para que ele
possa usufruir de outros direitos constituídos numa sociedade
democráti-ca (GADOTTI, 2005).
Gonh (2006) conceitua a educação não formal no campo da
peda-gogia social como uma atuação junto a processos de construção de
apren-dizagens e saberes coletivos. A educação social pautada na pedagogia
social apresenta-se para Díaz (2006) como uma importante estratégia de
natureza educativa e social da pessoa humana, adequando-se
à
categorização de educação não formal na medida em que não obedece
aos ditames das diretrizes curriculares da escola.
Surgida no contexto de necessidades do pós-guerra na Alemanha,
de atendimento a órfãos e desabrigados, inicialmente dirigida a crianças
e, posteriormente, à juventude e a adultos, a pedagogia social apresenta
na contemporaneidade uma concepção voltada para o atendimento das
necessidades sociais, que extrapola a visão tradicional da educação e s c ó
-lar por se propor a intervir na sociedade (TORRES, 1992).
Analisando os diversos contextos de atuação da educação social
pode-se verificar que esta atua numa sociedade que está em contínuo
aprendizado e aperfeiçoamento, sendo, na perspectiva trabalhada por
Assmann (1998) caracterizada como "sociedade aprendente". Para Gonh
(2006) a educação não formal pode atingir metas por meio da atuação da
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pedagogia social voltadas para o aprendizado do convívio com as
dife-renças, a socialização e respeito mútuo, a adaptação do grupo a
diferen-tes culturas, a construção da identidade coletiva de um grupo e a
constru-ção de regras éticas relativas às condutas aceitáveis socialmente. Ao
de-fender a complementaridade entre o sistema formal e a grande variedade
de ofertas de educação não-formal, Gadotti (2005) também reforça essa
concepção de que o indivíduo socializa-se dentro e fora da instituição
escolar.
A defesa da autonomia defendida por Freire (1993) constitui-se num
aspecto importante da educação social desenvolvida em espaços de
edu-cação complementar à escola e evidencia um aspecto importante para o
desenvolvimento das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade
ou risco social em decorrência de trabalho infantil. A educação social
nes-sa perspectiva possui um caráter educativo e social, atuando num espaço
de intervenção prática que se relaciona com o desenvolvimento de
habili-dades e competências voltadas para a participação social, protagonismo e
elaboração de projetos de vida, visando favorecer o fortalecimento das
re-lações com a escola, a família e a comunidade.
A pobreza e a necessidade de complementação da renda familiar
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não são os únicos motivos que levam as famílias a introduzirem seus
filhos precocemente no mundo do trabalho. A posição central do
traba-lho na sociedade e na vida dos indivíduos faz com que se atribua a ele
poderes formadores, dificultando observar os efeitos negativos que ele
possa causar às crianças e adolescentes, em face da histórica e arraigada
concepção de trabalho disciplinador que o coloca na condição de
pre-venção da delinqüência (CARVALHO, 1998).
A educação não formal caracteriza-se como uma educação para
cidadania que favorece o desenvolvimento e respeito à justiça social,
di-reitos (humanos, sociais, políticos, culturais), liberdade, igualdade,
de-mocracia e respeito às diferenças culturais, assumindo um papel de
de-senvolvimento de valores essenciais para a formação humana, que vai
além do processo ensino aprendizagem e dos conteúdos previstos no
currículo escolar, pois pauta-se, sobretudo, pelo desenvolvimento de ações
que visam a participação no meio social (GONH, 2004).
Em Teresina, a Escola Aberta executa serviços sócio-assistenciais e
de educação complementar a 80 crianças e adolescentes em situação de
vulnerabilidade/risco social oriundos do trabalho infantil, promovendo
uma educação social pautada pelos valores da convivência humana,
vi-sando, sobretudo, inserir crianças e adolescentes na escola .
R o s ile n e M a rq u e s S o b rin h o d e F ra " n ç aIM a ria D 'A lv a M a c e d o F e rre ira
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A e d u c a ç ã o s o c i a l a c r i a n ç a s e a d o l e s c e n t e s o r i u n d o s d o t r a b a l h o p r e c o c e d e s e n v o l v i d a n a E s c o l a A b e r t a e m T e r e s i n a ,
é
p r o m o v i d a j u n t a -m e n t e c o m a t e n d i m e n t o p s i c o s s o c i a l , v i s i t a a e s c o l a s , p r o f i s s i o n a l i z a ç ã o d e a d o l e s c e n t e s , a c o m p a n h a m e n t o a o s u s u á r i o s e s u a s f a m í l i a s , a c e s s o a s e r v i ç o s d e s a ú d e e a q u i s i ç ã o d e d o c u m e n t o s c i v i s b á s i c o s , e n q u a n t o a ç õ e s p ú b l i c a s n e c e s s á r i a s a o e n f r e n t a m e n t o d a s v i o l a ç õ e s d e d i r e i t o s q u e a f e t a m a f a m í l i a e s e u s m e m b r o s n o c o n t e x t o d a s c o n t r a d i ç õ e s d o s i s t e m a c a p i t a l i s t a .G r á f i c o 0 2 - E d u c a ç ã o s o c i a l a c r i a n ç a s e a d o l e s c e n t e s o r i u n d o s d e t r a b a -l h o i n f a n t i -l - E s c o l a A b e r t a d e T e r e s i n a - A n o 2 0 0 8
A t e n d i m e n t o s d a E s c o l a A b e r t a a c r i a n ç a s / a d o l e s c e n t e s o r i u n d o s d e t r a b a l h o i n f a n t i l e m T e r e s i n a
F o n t e : d a d o s d o R e l a t ó r i o C R E A S , 2 0 0 8 .
o
g r á f i c o m o s t r a u m t r a b a l h o d e e d u c a ç ã o s o c i a l d e s e n v o l v i d o e m u n i d a d e d e e d u c a ç ã o n ã o f o r m a l , c o m f o c o , s o b r e t u d o , n a s a t i v i d a d e s s ó c i o - e d u c a t i v a s c o m c a r á t e r e d u c a t i v o e s o c i a l i z a d o r , s e n d o e s s e t r a b a -l h o c o m p -l e m e n t a d o p e l o a t e n d i m e n t o p s i c o s s o c i a l , v i s a n d o t r a b a l h a r a s m a r c a s d e i x a d a s p e l o t r a b a l h o p r e c o c e ; v i s i t a sà
e s c o l a , n o s e n t i d o d e p r o m o v e r a i n s e r ç ã o , p e r m a n ê n c i a e s u c e s s o e d u c a c i o n a l ; e a c o m p a -n h a m e -n t o s ó c i o - f a m i l i a r , o b j e t i v a n d o f a v o r e c e r o e s t r e i t a m e n t o d o s v í n -c u l o s f a m i l i a r e s e c o m u n i t á r i o s .A e d u c a ç ã o s o c ia l e n q u a n to e s tra té g ia d e e n fre n ta m e n to d a tra b a lh o in fa n til e in s e rç ã o n a e s c o la
O s d a d o s s u p r a c i t a d o s r e a f i r m a m o s a r g u m e n t o s d e D í a z ( 2 0 0 6 ) , d e q u e a p e d a g o g i a s o c i a l e a e d u c a ç ã o s o c i a l e s t ã o s i t u a d a s n u m p o n t o o n d e c o n f l u e m o e d u c a t i v o e o s o c i a l , d e m o d o q u e , a r t i c u l a r a e d u c a ç ã o e m s e u s e n t i d o m a i s a m p l o a o s p r o c e s s o s d e f o r m a ç ã o d o s i n d i v í d u o s c o m o c i d a d ã o s n o c a m p o d a e d u c a ç ã o s o c i a l d e s e n v o l v i d a n o s e s p a ç o s d e e d u c a ç ã o n ã o f o r m a l , c o n s t i t u i - s e n u m a d e m a n d a u r g e n t e c o n s i d e -r a n d o a s s i t u a ç õ e s d e r i s c o m a t e r i a l i z a d a s p e l o t r a b a l h o i n f a n t i l e p o r v á r i a s o u t r a s n e g a ç õ e s d e d i r e i t o s d e c r i a n ç a s e a d o l e s c e n t e s r e s u l t a n t e s d a s c o n t r a d i ç õ e s d o s i s t e m a c a p i t a l i s t a .
Considerações finais
O t r a b a l h o s ó c i o - e d u c a t i v o c o n s t i t u i - s e e m f o c o n o r t e a d o r d a e d u -c a ç ã o s o c i a l e n q u a n t o e s t r a t é g i a d e e n f r e n t a m e n t o d o t r a b a l h o i n f a n t i l , s e n d o q u e a i n c l u s ã o d a s c r i a n ç a s e a d o l e s c e n t e s n a e s c o l a é p r o p o r c i o -n a d a a p a r t i r d o d e s e n v o l v i m e n t o d e h a b i l i d a d e s e c o m p e t ê n c i a s v o l t a -d a s p a r a a p a r t i c i p a ç ã o e i n t e g r a ç ã o n o g r u p o s o c i a l , a p r e s e n t a n d o - s e ,
a s s i m , c o m o u m a e s t r a t é g i a i m p o r t a n t e p a r a o f o r t a l e c i m e n t o d a s r e l a -
QPONMLKJIHGFEDCBA
1 8 7
ç õ e s f a m i l i a r e s e c o m u n i t á r i a s , n e c e s s á r i a s a o i n g r e s s o , p e r m a n ê n c i a es u c e s s o n a e s c o l a .
A e d u c a ç ã o s o c i a l a p r e s e n t a - s e c o m o u m a e s t r a t é g i a c r i a t i v a e i n o -v a d o r a d e p r o t e ç ã o d o d i r e i t o à e d u c a ç ã o d a s c r i a n ç a s o r i u n d a s d o t r a b a -l h o p r e c o c e . E n t r e t a n t o , s u a i m p o r t â n c i a n ã o e s t á c i r c u n s c r i t a a u m a a t u -a ç ã o n ã o f o r m a l , p o i s o s r e f l e x o s d a s a t i v i d a d e s s ó c i o - e d u c a t i v a s r e p e r -c u t e m a o l o n g o d e t o d a a v i d a , p o s s u i n d o c a r a c t e r í s t i c a s f o r m a d o r a s q u e f a v o r e c e m o d e s e n v o l v i m e n t o i n f a n t e - j u v e n i l .
E n q u a n t o e s t r a t é g i a d e e n f r e n t a m e n t o d o t r a b a l h o i n f a n t i l e s t á p a r a a l é m d o s u b s i d i á r i o e d o a s s i s t e n c i a l , p o i s a p r e s e n t a u m a d i m e n s ã o s ó -c i o - e d u -c a t i v a v o l t a d a p a r a a s e n s i b i l i z a ç ã o e t o m a d a d e c o n s c i ê n c i a d a i m p o r t â n c i a d a e s c o l a . A l i a d a a o u t r a s a t i v i d a d e s e a ç õ e s p ú b l i c a s , a e d u -c a ç ã o s o c i a l c o n t r i b u i p a r a a i n c l u s ã o d e c r i a n ç a s e a d o l e s c e n t e s n a e s -c o l a e p a r a o r o m p i m e n t o d o c i c l o d e v i o l ê n c i a s , d i s c r i m i n a ç õ e s e e x c l u -s õ e -s v i v e n c i a d o p e l a f a m í l i a e s e u s m e m b r o s , g e r a d a s p e l a s c o n t r a d i ç õ e s
d o s i s t e m a c a p i t a l i s t a .
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b ib lio g rá fic o s
ARIES,Philippe. História
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N ota
1
O Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS)
éum equipamento público da política de assistência social responsável
pela identificação
das situações de trabalho infantil,
realização dos
procedimentos
para a inserção destas no PETI, inclusão na escola e
em Jornadas Ampliadas (educação complementar).
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E n v ia d o p a ra p u b lic a ç ã o : 0 5 .1 0 .2 0 1 0
A c e ito p a ra p u b lic o ç ã o : 2 9 .0 1 .2 0 1 1