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Gramática. Gramática Professora Raquel Cesário. Professora Raquel Cesário VERBOS PARTE I INTRODUÇÃO

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Gramática

Professora Raquel Cesário

VERBOS – PARTE I

INTRODUÇÃO

Trataremos, neste momento, da nossa sétima classe gramatical: o verbo. Já trabalhamos bastante a aplicação de outras classes, como o substantivo, o artigo, o adjetivo, o numeral, o advérbio e o pronome.

Esta classe gramatical, os verbos, é, na verdade, muito temida pelos estudantes. E, para o candidato que quer garantir sua aprovação, é preciso perder o “medo de verbos”.

A partir desse conteúdo, podemos marcar uma questão de interpretação de texto com tranquilidade se soubermos a aplicação dos verbos.

Como temos feito anteriormente, trabalharemos primeiro o conceito, a função e, depois, a flexão.

1.  CONCEITO

Sabemos que o verbo é uma classe gramatical que indica ação, estado, fenômeno da natureza ou processo.

É uma classe variável no tempo. Entenda que, quando a gramática classifica uma palavra, ela leva em consideração o conceito e a possibilidade de flexão da palavra. Afinal, se prestarmos atenção, assim como “chover” designa fenômeno da natureza, “chuva”, que é um substantivo, também designa fenômeno da natureza. Isso ocorre porque, em palavras comuns, temos a resposta na hora, mas é a partir desses conceitos que conseguiremos cristalizar conhecimentos mais abstratos e mais profundos.

O verbo, além de indicar fenômeno da natureza, é uma classe gramatical que, entre outras flexões, é variável no tempo, sendo a única classe gramatical da língua portuguesa que varia no tempo.

Então, quando ensinamos verbo e falamos que ele varia no tempo, estamos falando de flexão, que é a possibilidade de uma palavra sofrer alterações. Como já vimos no início do curso, a flexão é a possibilidade de uma palavra sofrer alteração na sua estrutura, na sua forma, por meio do acréscimo de desinências. Essas desinências farão oposição e indicarão gênero, número e grau, no caso dos nomes, e tempo, modo, número e pessoa, no caso dos verbos.

Quando falamos “ontem”, não se trata de uma flexão de

“hoje”, pois são palavras diferentes, que trazem oposição semântica-temporal. A flexão existe quando usamos a mesma palavra e ela varia, como, por exemplo:

(1) “Comi”, relacionado a ontem; “como” relacionado a hoje;

“comerei” relacionado a amanhã.

Observe que temos a mesma raiz e só alteramos a desinência para indicar passado, presente e futuro. Isso é a flexão.

As flexões próprias dos nomes são: gênero – menino (masculino), menina (feminino); número – menino (singular), meninos (plural); e o grau. Quanto à flexão própria dos verbos, temos a flexão de modo, tempo, número e pessoa.

Entretanto, o mais importante é sabermos o modo e o tempo:

se é modo indicativo, imperativo ou subjuntivo, no tempo passado, presente ou futuro.

Lembre-se... O verbo é uma palavra que indica ação, estado, fenômeno da natureza ou processo e é variável no tempo.

Para o estudo de oração reduzida, é importante memorizar que verbo é a única classe gramatical variável no tempo.

2.  FUNÇÃO DOS VERBOS

Os verbos podem ser significativos, terem significado, serem importantes e, portanto, serão núcleos do predicado verbal. Esses são os verbos do (FAP), que vimos na aula de adjetivos, os quais tratam de: Fenômeno da natureza (choveu, trovejou, relampejou), Ação (comeu, leu, escreveu) ou de Processo, que são aqueles verbos que não conseguimos encaixar em lugar algum (“morreu”, “nasceu”,

“viveu”, “cresceu”).

Os verbos também podem ser não significativos. Se não é significativo, ele não é importante. Então, eles não exercem função e não são núcleos, são “frouxos”. Eles são os chamados verbos de estado, conhecidos como verbo de ligação (Quadro 1).

Quadro 1 - Verbos significativos X Não significativos Significativos Não significativos

Núcleos (FAP) Função (estado)

Regência verbal (VI/ VTD/ VTI/

VTDI) Sem regência

Como já foi falado, para 90% das provas, precisamos memorizar uma lista básica desses verbos de ligação, que são: ser, estar, permanecer, ficar, parecer, continuar e tornar- se. Não são apenas esses os verbos, mais à frente, quando tratarmos de predicativo, acrescentaremos outros.

O verbo de ligação tem como papel ligar. Ele liga um adjetivo, um atributo, uma informação sobre o substantivo.

(2)Ela está linda.

No exemplo, “está” é verbo de ligação, o qual liga uma qualidade, uma característica ao sujeito.

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(3)Ela está em BH.

Já no exemplo (3), “está” não é verbo de ligação, uma vez que “BH” não é característica de “ela”, pois “em BH” é onde ela, o sujeito, “está”.

Para podermos relacionar os conteúdos, vale lembrar que os verbos significativos possuem uma regência verbal, os quais podem ser: intransitivos, quando não exigem complemento; transitivos, quando exigem complemento, classificando-se em transitivos direto, quando o complemento que exigir for sem preposição;

transitivo indireto, quando o complemento que exigir for com preposição; e transitivo direto e indireto, quando exigir as duas formas de complemento, como o verbo “dar”

(4)Meu primo deu flores para sua namorada.

Quem dá, tem que “dar” alguma coisa (complemento direto) para alguém (complemento indireto). Então, este verbo pede, necessariamente, dois complementos.

Atenção! O verbo não significativo não é núcleo e, portanto, não possui regência.

3.  FLEXÃO DO VERBO

A coisa mais importante do verbo não é a sua função, mas a sua flexão. Sabemos que a flexão é a possibilidade de uma palavra sofrer alteração em sua estrutura por meio do acréscimo de desinências. Afinal, o verbo é a classe gramatical mais variável.

Ele pode variar em modo, tempo, número, pessoa e em formas nominais. Alguns gramáticos falam que não se classifica como flexão, mas, a título de didática, diz-se que ele pode variar em vozes também (Quadro 2).

Quadro 2 - Flexões do verbo Modo Indicativo; Subjuntivo; Imperativo Tempo Pretérito; Presente; Futuro Número Singular; Plural

Pessoa 1ª; 2ª; 3ª

Formas nominais Infinitivo; Gerúndio; Particípio Vozes verbais Ativa; Passiva; Reflexiva (recíproca)

3.1. Modo

O modo está associado à intenção ao produzir um enunciado. Existe o modo indicativo, que, em regra, indica certeza, afirmação; o modo subjuntivo que, em regra, indica possibilidade hipótese, dúvida; e existe o modo imperativo, que denota ordem.

Assim, o indicativo indica uma afirmação, uma asserção, mas não podemos desconsiderar a semântica do verbo.

Observe o diálogo:

(5)“– Você vai viajar amanhã?”

“– Pode ser.”

Em “pode”, o verbo está flexionado no indicativo, fisicamente conjugado e usa a desinência de modo que indica certeza. No entanto, o sentido do verbo não é de certeza, porque o verbo “poder” denota, no diálogo, uma possibilidade.

3.2. Tempo

Na flexão de tempo, temos o passado, chamado também de pretérito, o presente e o futuro. Além do tempo, temos também o aspecto verbal, classificados em: aspecto perfeito, que indica uma pontualidade, e aspecto imperfeito, que indica uma duração. Tenha em mente que só trabalhamos com aspectos verbais no tempo passado.

3.2.1. Aspecto verbal perfeito

Na flexão verbal, temos o pretérito perfeito e o pretérito mais-que-perfeito e esses dois passados têm um aspecto pontual. E o que é um aspecto pontual? Em vez de comunicarmos que a ação demorou ou teve continuidade, indicamos pontualidade da ação.

(6)Quando eu era criança, eu viajei para a praia.

A frase quer dizer que ela viajou uma vez só ou que ela viajava com frequência? Ela viajou uma vez só. Neste caso, indicamos uma ação pontual, específica. Esse é o aspecto perfeito.

3.2.2. Aspecto verbal imperfeito Se falássemos:

(7)Quando eu era criança, eu viajava para a praia.

Esse “viajava” quis indicar uma duração dessa ação no passado. Significa que essa ação começou e se estendeu pelo tempo. Isso é o aspecto imperfeito, também chamado de durativo.

Provavelmente, aprendemos isso na escola como um passado inacabado. Mas, na verdade, esse passado acabou.

Só queremos indicar que ele teve uma duração dentro de um tempo.

3.3. Número

Na flexão do número, temos o singular (8) e o plural (9):

(8) Eu amei.

(9)Nós amamos.

É uma flexão pouco cobrada em provas, apenas em relação à concordância.

3.4. Pessoa

Na flexão do verbo em pessoa temos a 1ª pessoa (10), 2ª pessoa (11) e a 3ª pessoa (12).

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(5)

Gramática (10) Eu amei

(11) Tu amaste.

(12) Ele amou.

É uma flexão também pouco cobrada em prova.

3.5. Formas nominais

Nas formas nominais, existem o infinitivo (13), que tem terminação com a desinência “r”, o gerúndio (14), com terminação “-ndo”, e o particípio (15), com terminação “do”.

(13) Amar (14) Amando (15)Amado 3.6. Vozes

Por fim, temos as “vozes”, que alguns gramáticos não consideram como flexão e não têm muita importância em nossos estudos. Importa sabermos que existe a voz ativa, a voz passiva, a voz reflexiva e a voz recíproca, que já foi cobrada em provas do IDECAN.

4.  CONHECIMENTOS IMPORTANTES

Antes de começarmos a trabalhar com o que nos importa, que é o emprego dos verbos, precisamos trabalhar alguns conhecimentos importantes, basilares. Nas provas da FGV, isso pode ser cobrado, inclusive, normativamente, como o nome, a decomposição, etc. Nas outras provas, não é cobrado de forma direta, mas precisamos desse conhecimento.

Na FGV, a cobrança pode ser direta, literal, quanto ao processo de formação de palavras. Enquanto nas outras bancas, isso não é cobrado de forma direta, mas é preciso termos o conhecimento mesmo assim.

4.1. Desinências verbais e elementos mórficos

Tomando como exemplo a palavra “amaremos”, sabemos que ela não está na sua forma básica, pois está flexionada.

Isso porque a forma básica do verbo é “amar”, no infinitivo. E sabemos isso porque, na regra gramatical, existem algumas desinências que são indicadas como forma básica.

Para os verbos, por exemplo, temos o “-r”, que é a desinência, ou seja, a terminação que marca o infinitivo, que é a forma básica do verbo. Também temos o “-ndo”, que é a desinência ou a terminação que marca o gerúndio e o “-do”, que é uma desinência de particípio, etc. (Quadro 3).

Quadro 3 – Elementos mórficos dos verbos

Am- -a- -re -mos

Raiz/radical (base da palavra)

Vogal temática Desinência número- pessoal

Desinência modo- temporal

Am- -a- -r

Raiz/radical (base da palavra)

Vogal temática

(1ª conjugação) Desinência de infinitivo

Se formos fazer a decomposição do verbo “amar”, e formos trabalhar com os elementos mórficos da palavra, o “-r” é a desinência que caracteriza o infinitivo. Se quiséssemos trocar o infinitivo pelo gerúndio, nós trocaríamos o “-r”

pelo “-ndo” e ficaria “amando”. Se quiséssemos trocar pelo particípio, ficaria “amado”. Já o “-a-” antes do “-r” do verbo

“amar” é chamado de vogal temática, e o “am-” do início do verbo “amar” é chamado de raiz ou radical.

Sendo assim, temos: o “am-”, que é a raiz ou radical (base da palavra). Essa é a estrutura que, em tese, permanece inalterada na flexão de uma palavra. Temos o “-a-”, que é chamado de vogal temática, a qual enquadra o verbo em padrão de conjugação, pertencendo o verbo “amar” à primeira conjugação. E temos o “-r”, que é a desinência ou a terminação que marca o infinitivo do verbo. Assim, se quisermos flexionar o verbo, basta trocarmos a desinência.

Vale lembrar que as vogais temáticas enquadram os verbos em três padrões de conjugação: os verbos da primeira conjugação possuem a vogal temática “-a-”. Os verbos pertencentes à segunda conjugação possuem vogal temática “-e-” e os verbos pertencentes à terceira conjugação possuem vogal temática “-i-” (Quadro 4).

Quadro 4 – Vogal temática e conjugação verbal

Conjugação Vogal temática Exemplo

-a Amar

-e Correr

-i Dormir

Saiba mais: Os únicos verbos que parecem fugir desse padrão são os derivados do verbo “por”, que, em teoria, não estariam em nenhuma dessas conjugações.

Entretanto, o verbo “por” pertence à segunda conjugação, que tem a vogal temática “-e-”. Em algumas gramáticas, pode-se encontrar a vogal temática “-o-”, mas é melhor mantermos a origem do verbo “por”, que era ponere, passando a ser poer e, finalmente, “por”, de modo que a vogal temática “-e-” do verbo “por” aparece em algumas conjugações, como “tu pões”.

Se pegarmos o verbo flexionado “amaremos”, temos o

“am-”, que é a raiz do verbo, o “-a-”, que é a vogal temática, e o que vier depois será a desinência. Vale lembrar que aqui temos duas desistências. Em “amaremos”, o sujeito do verbo é “Nós”, e sabemos disso porque a terminação “-mos” (que é uma desinência) indica que o sujeito é a primeira pessoa do plural. Ou seja, indica o número do verbo (plural) e a pessoa do verbo (1ª), que, nesse caso, é a primeira pessoa do plural “nós”.

Se trocarmos o “-mos” pelo “-i”, ficará “amarei”, e o sujeito então será “Eu”. Se pegarmos a outra terminação ou desinência, por exemplo, o “-re”, temos uma indicação de algo que virá no futuro, a indicação do tempo e do modo.

Então, tudo o que vier depois da vogal temática é desinência.

Essa desinência “-re” indica o modo do verbo, nesse caso, o modo indicativo, porque é uma certeza. Indica também o tempo do verbo, que é o futuro, sendo uma desinência modo-temporal. Se quiséssemos, por exemplo, colocar no passado, trocaríamos a desinência “-re” por “-va” e ficaria

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Gramática

“amávamos”. Se quiséssemos indicar possibilidade (modo subjuntivo), trocaríamos a desinência “-re” por “-sse” e ficaria

“amássemos”.

A desinência “-re” é a mais importante para a sua prova. A maior parte das instituições não cobrará esses nomes, mas a FGV, por exemplo, pode fazer cobrança direta, perguntando se é desinência modo-temporal, número-pessoal ou vice- versa. Para as outras bancas, é necessário que entenda os elementos, porque a vogal temática é uma estrutura importante, assim como a desinência modo-temporal.

4.2. Classificação dos verbos

Os verbos são classificados em: regulares, irregulares, anômalos, defectivos e abundantes. Os verbos classificados como regulares, irregulares e anômalos estão associados à raiz. Já os verbos classificados como defectivos e abundantes estão associados ao padrão de conjugação (Quadro 5).

Quadro 5 – Classificação dos verbos Quanto à raiz

Regulares Ex.: Amar, comer, partir, escrever.

Irregulares Ex.: Fazer, por, ter, ver, vir, haver Anômalos Ex.: Ser, ir.

Quanto ao padrão de conjugação

Defectivos Ex.: Colorir, reaver, adequar, latir.

Abundantes Ex.: Haver, imperativo dos verbos terminados em -zer ou -zir e em alguns particípios.

4.2.1. Verbo irregular

O verbo regular é aquele que não tem alteração na sua raiz quando ele é flexionado. Como exemplo de verbos regulares, temos: amar, comer, partir, escrever, entre outros. Verifique a conjugação desses verbos e verá que a raiz deles, após retirar a desinência e a vogal temática, permanecerá em todas as pessoas, números, tempos e modos.

4.2.2. Verbo irregular

Os verbos irregulares são aqueles que alteram a raiz na hora da flexão. Como exemplo de verbos irregulares, temos:

fazer, por, poder, ter, ver, vir, haver. Se conjugarmos todos esses verbos, veremos que a raiz deles vai alterar . Em geral, essa alteração começa no passado.

4.2.3. Verbos anômalos

Os verbos anômalos são aqueles que têm uma irregularidade extrema. Mencionaremos o verbo “ir”, mas trabalharemos o verbo “ser” em aula extra. Embora não seja cobrada de forma direta a flexão do verbo “ser”, este é um verbo auxiliar que faz a voz passiva e, por isso, é importante que se tenha a noção dos tempos na hora de fazer a transposição.

4.2.4. Verbos defectivos

Os verbos defectivos e abundantes não têm classificação relacionadas com a raiz, mas com o padrão de conjugação.

Na defectividade, falta alguma pessoa na conjugação, tal

como com o verbo “colorir”, pois não existe sua conjugação na primeira pessoa, ou seja, não falamos “eu coloro”. Outros verbos defectivos são: reaver, adequar, latir, entre outros.

A defectividade acontece, por vezes, por questão de semântica, como com o verbo “falir”. Se fôssemos conjugar esse verbo no presente, teríamos “eu falo” e haveria, portanto, um embate com o verbo “falar”. Por isso, a gramática estabelece que o verbo “falir” é um verbo defectivo, tendo, no presente do indicativo, apenas a conjugação da primeira e da segunda pessoa no plural:

“nós falimos” e “vós falis”, não existindo as demais pessoas nesse modo e tempo. Nesse caso, como não existe o presente do indicativo completo, o presente do subjuntivo será comprometido.

Importante! Nem toda banca cobra defectividade, contudo as bancas alteram seus métodos e acabam cobrando coisas normativas. O Cespe, por exemplo, já colocou uma questão de regência completamente normativa.

4.2.5. Verbos abundantes

Nos verbos abundantes, ocorre o contrário em relação aos defectivos. Ou seja, em vez de faltar a forma, às vezes, sobra, ocorrendo de termos mais de uma forma para a mesma pessoa, como, por exemplo, o verbo “haver”. A primeira pessoa do plural existe de duas formas: “nós havemos” e

“nós hemos”.

Existe também a abundância na formação do imperativo dos verbos terminados em “-zer”, como “dizer” e terminados em “-zir”, como “traduzir”, bem como existe abundância também em alguns particípios.

Saiba mais: Essa classificação, em regra, não é cobrada.

A CESGRANRIO cobrava, mas já não está muito em voga.

Geralmente, são as bancas particulares que gostam desse tipo de classificação. No geral, precisamos ter noção desse conceito porque as bancas cobram a flexão do verbo. A FCC, FGV, IDECAN, QUADRIX podem cobrar a conjugação do verbo irregular. Já as outras bancas cobram mais a abundância ou o valor semântico de tais verbos.

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VERBOS – PARTE II

INTRODUÇÃO

Neste momento, abordaremos o emprego dos verbos, a função de cada um deles no modo indicativo, no modo subjuntivo e no modo imperativo. Depois, trabalharemos com as desinências e as conjugações de alguns verbos.

Anteriormente, vimos a classificação dos verbos, a qual não é cobrada em todas as bancas, mas cuja noção do assunto é necessária para o nosso estudo.

1.  OBSERVAÇÕES SOBRE VERBOS

Antes de começarmos a tratar do emprego dos verbos, lembremos sobre flexão do verbo. Ele possui as flexões de:

modo, tempo, número, pessoa, formas nominais e vozes. Por conseguinte, nos atentaremos para algumas observações importantes sobre os verbos.

1.1. Formas nominais dos verbos

As formas nominais do verbo são o infinitivo, que tem a desinência/terminação em “-r”; o gerúndio, que tem determinação/desinência em “-ndo”; e o particípio, que tem terminação regular/padrão em “-do”. Quando falamos

“formas nominais do verbo”, podemos nos perguntar:

Continua sendo verbo, mesmo na forma nominal? De onde vem esse nome?

Imagine, por exemplo, as seguintes frases:

(1)O teste foi realizado ontem.

(2)O teste é realizado hoje.

(3)O teste será realizado amanhã.

Observe que temos aqui o verbo “realizar” está na sua forma nominal no particípio. Se alguém perguntasse se o verbo “realizado” na primeira frase está no passado, no presente ou no futuro, muitos alunos diriam que estava no passado. Na segunda frase, diriam que o verbo está no presente e na terceira frase diriam estar no futuro.

Entretanto, este verbo, “realizado“, não está nem no passado, nem no presente e nem no futuro. A terminação dele é “-do”, uma terminação de particípio.

Então, por que o infinitivo, o gerúndio e o particípio são chamados de formas nominais do verbo? Porque neles não há a característica mais importante dos verbos, que é a noção temporal. Quando falamos: “o teste foi realizado”, ou “é realizado” ou “será realizado”, “realizado” está no particípio, não está nem no passado, nem no presente e nem no futuro, porque nele não há essa noção temporal.

É fato que temos a construção de uma locução verbal. E, nessa locução verbal, o verbo auxiliar “foi” está ano passado, o “é” está no presente e o “será” está no futuro. Portanto, foi o verbo auxiliar que sofreu a flexão de tempo, enquanto o

verbo principal “realizado” ficou no particípio. Desse modo, o infinitivo, o gerúndio e o particípio possuem esse nome porque as formas nominais não têm dentro delas uma noção temporal.

Isso acontece, também, com o infinitivo, quando falamos:

(4)Amar é crime.

(5)Amar era crime.

(6)Amar será crime.

“Amar”, em si, não tem noção temporal impressa. Temos, no contexto, frases que indicam o presente, como “amar é crime”, que indicam o passado, em “amar era crime”, e que indicam o futuro, em “amar será crime”. Mas, o “amar” em si é infinitivo e não tem noção temporal. É por isso que esses verbos estão em suas formas nominais.

Inclusive, o particípio tem flexão de gênero, como os nomes, por exemplo:

(7)O teste foi realizado.

(8) A prova foi realizada.

Ele tem uma flexão própria de adjetivo, como se funcionasse, em alguns casos, como adjetivo.

Quadro 1 – Formas nominais

Formas Nominais : infinitivo (-r); gerúndio (-ndo); particípio (-do) O teste foi realizado. - DO : particípio

*Formas nominais: são livres da noção tempo e modo

O teste é realizado.

O teste será realizado

Importante! As formas nominais são livres da noção de tempo e modo, ou seja, não possuem nelas a noção temporal de passado, presente e futuro.

1.2. Abundância do particípio

O particípio tem terminação regular/padrão em “-do” e tem terminação irregular em “-go”, “-to”, “-so”, conhecido como “-GO-TO-SO”.

Alguns verbos só possuem a terminação regular, como o verbo “realizado”, “amado”. No entanto, existem verbos que só possuem a terminação irregular, como o verbo “fazer”.

Não existe “fazido”, só existe “feito”, assim como ocorre com o verbo “escrever”, pois não existe “escrevido”, existe

“escrito”. Então, existem verbos que são só regulares, e existem verbos que são só irregulares.

Contudo, existem verbos que são abundantes (Quadro 2), ou seja, que podem apresentar as duas formas de particípio, tanto a terminação regular quanto a terminação irregular.

Os verbos que usaremos como exemplos são: morrer, pagar, entregar, pegar e imprimir.

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Gramática Quadro 2 – Abundância no Particípio

Abundância do Particípio

“-DO” “- GO -TO -SO”

VERBOS REGULAR IRREGULAR1

Morrer Morrido Morto

Pagar Pagado Pago

Entregar Entregado Entregue

Pegar Pegado Pego

Imprimir Imprimido Impresso

*Obs.: Verbo “trazer”: o particípio é “trazido” (-DO).

Já vimos que a terminação regular é “-do” e a terminação irregular é “-GO-TO-SO”. Lembrando que “-GO-TO-SO” é apenas um mnemônico. O “-so”, de acordo com a pronúncia, pode ser “-xo” na palavra “anexo” ou “-sso” na palavra

“impresso”. Assim, temos “incluso” com “s”, “impresso” com

“ss” e “anexo” com “x”. Dependerá da pronúncia para que escolhamos a grafia.

O verbo “morrer” é um verbo abundante. Ele existe tanto na forma regular, “morrido”, quanto na reforma irregular, “morto”. O verbo “pagar” existe tanto na forma regular “pagado” quanto na forma irregular “pago”. O verbo

“entregar” existe tanto na forma regular “entregado” quanto na forma irregular “entregue”. O verbo “pegar” existe tanto na forma regular “pegado” quanto na forma irregular “pego”. E o verbo “imprimir” existe tanto na forma regular “imprimido”

quanto na forma irregular “impresso”.

Existe uma tendência de hipercorreção em que, muitas vezes, as pessoas, ao usarem esse particípio, acabam se corrigindo de algo que não estaria errado. Por exemplo:

(9)Eu tinha pago a conta.

(10)Eu tinha pagado a conta.

Quando uma pessoa quer falar “Eu tinha pago a conta”, geralmente, a pessoa falaria “Eu tinha pagado a conta”, mas se corrige para “tinha pago”, como se “pagado” estivesse errado, mas não está. De fato, a forma correta é dizer “Eu tinha pagado”.

Saiba mais: Toda vez que se tiver o verbo auxiliar “ter” ou

“haver”, usa-se a forma regular do particípio. E toda vez que se tiver o verbo auxiliar “ser” ou “estar”, usam-se as formas irregulares do particípio.

(11)O rapaz tinha morrido.

(12)O rapaz estava morto.

Então, usando os outros verbos com o auxiliar “ter” ficaria:

(13)O rapaz tinha pagado a conta.

(14)Ele tinha entregado a conta.

(15)Ele tinha pegado o documento.

(16)Ele tinha imprimido a prova.

1 O ƉĂƌƟĐşƉŝŽŝƌƌĞŐƵůĂƌ varia em gênero e em número.

2 A terminação “-e” é uma terminação comum de dois gêneros, mas varia em número, por exemplo: “O documento foi entregue – Os documentos foram entregues”.

De modo que fica incorreto o uso da forma regular com os verbos “ser” ou “estar”:

(17)O rapaz está morrido -> Ele está morto.

Sendo assim, devemos falar “está pago”, “está entregue”,

“está pego” e “está impresso”.

Dica! Usamos como modelo o verbo “morrer”, porque o verbo “morrer” é um verbo que não erramos nessas construções, ninguém o utiliza de forma equivocada, pois ninguém fala “eu tinha morto” e nem “Ele está morrido”.

Então, se usarmos o verbo “morrer” como exemplo, não erraremos os outros.

Uma vez que se usa “tinha morrido”, deve-se usar

“tinha pagado”, “tinha entregado”, “tinha pegado” e “tinha imprimido”. Da mesma forma que se diz “é morto”, fala-se também “é pago”, “é entregue”, “é pego” e “é impresso”.

Observe que a expressão “está pego” não é uma expressão comum no nosso português, até porque “pegar” indica uma ação permanente e esse é um estado transitório. Sendo assim, usamos o verbo “pegar” com o “é”. Por exemplo: “o ladrão foi pego”, “ele será pego”, “ele é pego”. Portanto, não usamos o “estar”, mas, se fôssemos usá-lo, teríamos que colocar a forma reduzida (“está pego”).

Existe uma tendência, de um princípio de economia da língua, que faz com que nós prefiramos o modo irregular do particípio. Mas a norma culta impõe como correto o uso:

“eu tinha pagado”, “eu tinha entregado”, “eu tinha levado” e

“eu tinha imprimido o documento”.

Ainda quanto à forma de particípio irregular, ela varia em gênero e em número, como, por exemplo:

(18)O rapaz foi morto – A moça foi morta.

(19)O documento foi pago – A conta foi paga.

(20)O documento foi entregue – A conta foi entregue2.

Isso se deve ao fato de o auxiliar lembrar os verbos que funcionam como verbos de ligação. Dessa forma, quando falamos “ela é linda”, esse adjetivo varia. Então, quando tivermos esse verbo no particípio, ele vai variar também. No exemplo (19) fazemos isso para fazer a harmonia correta.

Saiba mais: Quanto ao verbo “trazer”, seu particípio não é “trago”. Não existe “trago” como forma de particípio, existe “trago” como o verbo “trazer” no presente. Suponha que alguém pregunte se você tem o disco do Fagner e você responde que tem e que vai levar, então você diz: “Trago para você amanhã”. Neste caso, temos o verbo “trazer’

empregado na forma correta.

Sendo assim, o particípio do verbo “trazer” não é “trago”, o particípio do verbo “trazer” é “trazido”. Logo, ele não é um verbo abundante. Podemos falar “eu tinha trazido o documento” ou “o documento foi trazido por mim” sem qualquer alteração.

1.3. Flexão modo-temporal

A reflexão mais importante dos verbos é a flexão modo- temporal. Temos três modos verbais:

x o indicativo, que é um modo verbal utilizado para indicar, em regra, uma certeza, uma afirmação, um fato. Falamos “em regra” porque temos que

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Gramática lembrar que a gramática não tem condição de

colocar normas para sentido.

Sabemos que, em regra, o indicativo é utilizado para apresentar afirmações. Contudo, temos que considerar que, dependendo do contexto, ele pode indicar uma ideia de possibilidade, porque não podemos desconsiderar a semântica da palavra. Isso é muito importante para a prova do Cespe. Às vezes, as bancas perguntam da flexão da palavra e é uma pergunta 100% normativa, questionando a forma física da palavra. Outras vezes, perguntam também o emprego, o sentido da palavra e aí temos uma ideia relativa do sentido em que o verbo foi empregado dentro do texto;

x o subjuntivo, que, em regra, é utilizado para indicar possibilidade, dúvida, hipótese; e

x o imperativo, que é o modo verbal que indica ordem ou pedido.

1.3.1. Modo indicativo

No modo indicativo, o pretérito mais-que-perfeito, tem desinência/terminação “-ra” e “-re” átonos. Sabemos que são átonos porque são fracos. Quando falamos “café”, “fé”

é a sílaba tônica e “ca” é a sílaba átona.

O pretérito perfeito não tem desinência própria. Já o pretérito imperfeito possui várias desinências, o “-va”, o

“-ia” e o “-nha”. E ainda temos que saber que o verbo “ser”

forma o imperfeito “era”.

O presente também não tem desinência. Inclusive, temos problemas porque verbos regulares que não têm alteração de raiz, às vezes, têm formas que se coincidem, o que ocorre, por exemplo, com o verbo “amar”:

(21) No passado – “Eu amei”, “tu amaste”, “ele amou”,

“nós amamos”.

No presente – “Eu amo”, “tu amas”, “ele ama”,

“nós amamos”.

Observe que “amamos” tem a mesma forma física porque, geralmente, nós utilizamos a desinência de pessoa para diferenciar o passado do presente.

Dessa forma temos: “eu amei” no passado e “eu amo” no presente. Esse “-ei” é terminação da primeira pessoa do singular e o “-o” é também uma terminação da primeira pessoa do singular. Então, diferenciamos um pelo outro pela desinência. Como a desinência de primeira pessoa do plural “nós” é sempre “-mos”, acabamos tendo problemas.

Com o verbo “cantar”, acontece a mesma coisa:

(22) No passado – “Eu cantei”, “tu cantaste”, “ele cantou”, “nós cantamos”.

No presente – “Eu canto”, “tu cantas”, “ele canta”, “nós cantamos”.

Assim, temos que fazer a diferenciação pelo contexto.

O futuro do presente tem desinência “-rá” e “-re” tônicas, fortes. Então, falamos

(23)Ele amara – no passado Ele amará – no futuro.

O futuro do pretérito tem desinência “-ria”.

(24)Ele amaria.

1.3.2. Modo subjuntivo

No subjuntivo temos o passado no seu pretérito imperfeito que tem a desinência “-sse”: “amasse”, “comesse”,

“saísse”.

No presente, ele apresenta duas desinências: “que eu ame”, “que eu coma”.

No futuro do subjuntivo temos a desinência “-r” e sabemos que o “-r” é também desinência de infinitivo. Em algumas situações, pode ser que haja confusão. O Cespe pode não cobrar de forma direta a diferença, mas, na colocação pronominal, existe uma regra particular para infinitivo.

Então, é preciso ter atenção porque, às vezes, o verbo não estará no infinitivo, mas no futuro do subjuntivo.

1.3.3. Imperativo

Temos o imperativo afirmativo, utiliza, basicamente, o subjuntivo, e o negativo.

Agora, para exemplificar o uso das terminações nos tempo verbais, usaremos o verbo “estudar” na terceira pessoa do singular:

(25)No modo indicativo: “ele estudara”, “ele estudou”,

“ele estudava”, “ele estuda”, “ele estudará”, “ele estudaria”.

(26) No modo subjuntivo: “se ele estudasse”, “eu espero que ele estude” e “quando ele estudar”.

(27) No modo imperativo: “estude você” ou “não estude você”.

É importante conhecer o tempo dos verbos. Mesmo em bancas que não cobram nomes, como o Cespe, se a pessoa não tiver noção de conjugação verbal, ela erra questões de texto e de gramática. Lembre-se de que o elemento mais importante de uma oração é o verbo.

1.4. Emprego do verbo

Trabalharemos agora com o emprego desses verbos, pois temos que perceber quando usaremos cada um deles. Já falamos da flexão, que é a forma física do verbo, a desinência, e agora trataremos do emprego do verbo (Quadro 3).

No modo indicativo:

• O pretérito mais-que-perfeito serve para indicar uma ação passada, anterior a outra ação passada.

• Já o pretérito perfeito é um pretérito “coringa”, ele é contextual, podendo indicar uma ação passada, uma ação anterior, uma ação simultânea ou uma ação posterior.

• O pretérito imperfeito indica uma ação passada/

pretérita simultânea a outra ou indica uma ação passada durativa, habitual.

• O presente é absolutamente contextual. De acordo com Bechara, o presente é um “não tempo” na língua portuguesa. Ele pode significar tudo, serve para indicar uma ação passada; serve para indicar uma ação presente no momento da enunciação; serve para indicar uma ação futura; serve para indicar um hábito, uma rotina; serve para indicar uma ação atemporal, ou seja, serve para tudo.

• O futuro do presente serve para indicar um futuro certo, uma ordem.

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Gramática

• Já o futuro do pretérito serve para indicar um futuro possível, um pedido.

• No modo subjuntivo:

• O pretérito imperfeito indica uma ação passada possível.

• O presente indica uma ação presente ou uma ação futura possível.

• E o futuro é uma ação futura possível, que leva a uma outra ação.

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(11)

Gramática Quadro 3 – Flexão modo-temporal

Flexão modo-temporal

Indicativo: indica certeza, afirmação, fato (em regra) Pretérito mais-

que-perfeito Pretérito perfeito Pretérito imperfeito Presente Futuro do

presente Futuro do pretérito

Flexão: -ra/-re

(átonas) -va/-ia/-nha -rá/-re

(tônicas) -ria

Exemplo: estudara estudou estudava estuda estudará estudaria

Emprego: - Ação passada anterior a outra ação passada.

- “Contextual”, passada, anterior, simultânea, posterior.

- Ação passada, simultânea, durativa, habitual.

- Contexto passado, momento da enunciação, futuro, rotina, atemporal.

- Futuro certo.

- Ordem. - Futuro possível.

- Pedido.

Subjuntivo: indica possibilidade, dúvida, hipótese

Pretérito imperfeito Presente Futuro

Flexão: -sse -e / -a -r

Exemplo: Se ele estudasse Que ele estude Quando ele estudar

Emprego: Ação passada possível. - Presente ou futuro possível. - Ação futura.

Imperativo: indica ordem, pedido

Afirmativo Negativo

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Gramática

Professora Raquel Cesário

VERBOS – PARTE III

INTRODUÇÃO

Trabalharemos agora o emprego dos verbos. Não veremos todas as opções porque sabemos que é impossível normatizar todos os sentidos possíveis, mas faremos o emprego com o que é mais comum e depois faremos alguns exercícios.

Anteriormente, vimos sobre o modo indicativo, que é o modo da certeza, e vimos que ele tem três tempos: o passado, o presente e o futuro. O passado é dividido em passado perfeito, mais-que-perfeito e o imperfeito. Analisamos, ainda, que esses nomes “perfeito”, “imperfeito” e “mais-que- perfeito” estão associados a um aspecto verbal.

1.  EMPREGO DOS VERBOS NO MODO INDICATIVO 1.1. Pretérito perfeito e pretérito mais-que-perfeito

Em teoria, os verbos no pretérito mais-que-perfeito e no pretérito perfeito têm aspecto pontual, enquanto o pretérito imperfeito tem aspecto durativo. Basicamente, o pretérito mais-que-perfeito e o pretérito perfeito indicam uma ação que não se estende no tempo e o mais-que-perfeito indica uma ação anterior a outra. Veja no seguinte exemplo:

(1)Eu estudei no lugar em que você estudara.

Se quiser dizer que alguém estudou antes de você, usa-se o mais-que-perfeito. Foi colocado “Eu estudei” porque não era para indicar uma ação processual dentro do tempo. O exemplo só quer dizer que são duas ações passadas, uma anterior à outra.

Não somo obrigados a usar o mais-que-perfeito, (2)Eu estudei na escola em que você estudou.

Se usássemos a construção (2), não ficaria claro para o leitor quem estudou antes. Então é o mais-que-perfeito que indica a anterioridade.

Isso porque, em tese, o pretérito perfeito é um pretérito contextual. Teoricamente, ele indica uma ação pontual.

Ele é perfeito, mas é claro que, às vezes, o contexto pode abrir essa possibilidade ou o sentido do próprio verbo. Por exemplo:

(3)Na minha infância eu frequentei o clube.

O verbo “frequentei” está flexionado no pretérito perfeito, que indica uma ação pontual. Não é uma ação que se estende no tempo. Embora ele esteja conjugado no pretérito perfeito, o sentido do verbo “frequentar” indica mais de uma vez, porque “frequentar” é ir várias vezes. Então, não podemos desconsiderar a semântica do verbo.

Em verbos que não trazem essas acepções, o entendimento é fácil. Por sua vez, em:

(4)Eu trabalhei na escola que você trabalhou.

Podemos perceber ações pontuais e que não querem indicar uma extensão dentro do tempo. No entanto, se falássemos:

(5)Eu viajei durante dez anos na minha infância.

O advérbio “durante dez anos” dá a ideia de ação processual.

É importante observar nas provas que, tratando-se de

“sentido”, o texto não pode ser desconsiderado. É necessário observar os advérbios que estão associados a ele, observar o contexto em que eles foram empregados. No entanto, nem todo verbo assume qualquer sentido. Os verbos colocados aqui são mais polivalentes e estão como sentido contextual.

Lembre-se... O pretérito perfeito e o pretérito mais-que- perfeito têm aspecto pontual, um aspecto não durativo, enquanto o pretérito imperfeito tem um aspecto durativo.

O pretérito mais-que-perfeito indica uma ação anterior a outra. É importante saber que, se quisermos dizer que uma ação é passada em relação a outra, temos que usar o pretérito mais-que-perfeito.

(6)Ele estudara na escola em que a Maria estudou.

Ele estudara antes e Maria estudou depois. Sendo assim, o pretérito mais-que-perfeito só serve para indicar uma ação anterior à outra ação.

Vale lembrar que ele sempre tem indicação pontual, ou seja, nunca indica duração.

Veja o exemplo cobrado em uma prova do Cespe nesse sentido:

(7)Durante vinte anos, ele trabalhara.

Essa oração está errada, porque o pretérito mais-que- perfeito só pode indicar pontualidade. Essa construção é, portanto, incorreta.

Já o pretérito perfeito nessa relação indica posterioridade, mas ele é contextual. Se falarmos, por exemplo:

(8)Eu nasci, em 1981, na cidade em que você nasceu em 1991.

Usamos o pretérito perfeito nos dois. No entanto, pelo advérbio utilizado, o pretérito perfeito “nasci” é anterior ao pretérito perfeito “nasceu”. Nesse contexto, estamos

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Gramática

Professora Raquel Cesário

(13)

Gramática indicando que “eu” nasci primeiro e “você” depois, porque a

data dos advérbios indica essa ação de anterioridade e de posterioridade.

Além disso, em tese, o pretérito perfeito é pontual.

Entretanto, sabemos que, dependendo da situação, ele pode indicar duração. Por exemplo:

(9)Eu frequentei o clube.

(10)Eu trabalhei durante oito anos naquela escola.

No exemplo (9), o verbo não está flexionado no tempo que indica a duração. A flexão, a forma física do verbo é de pretérito perfeito. Mas ele indica, ele significa, ele dá ideia de que é possível inferir que a pessoa foi mais de uma vez ao clube, porque o verbo “frequentar” tem essa acepção.

Já no exemplo (10) “Eu trabalhei” é uma ideia. Assim, a forma física, a desinência do verbo, é de pretérito perfeito, mas ele indica no contexto que esse “trabalhar” durou um tempo. Nós podemos inferir isso pela construção do advérbio.

Importante! No pretérito perfeito, a regra é que ele indique pontualidade, mas, dependendo do contexto, ele pode indicar duração.

1.2. Pretérito imperfeito

O pretérito imperfeito tem a ideia de indicar uma ação:

• durativa;

• simultânea;

• habitual no passado.

(11)Eu estava falando com a Maria quando ela chegou.

É uma ação processual que se encontra com a outra.

Observe que “chegou”, pretérito perfeito, está indicando uma ação que ocorre de maneira simultânea à ação da locução verbal “estava falando”.

Não podemos dizer:

(12)Eu estava falando com a Maria quando ela chegara.

Isso porque “chegara” trataria sempre de uma ação anterior, pois se trata do pretérito mais-que-perfeito. Se queremos indicar uma simultaneidade, não podemos usar o “chegara”. O que é contextual, portanto, é o pretérito perfeito, que pode indicar uma ação passada anterior a outra, posterior a outra ou simultânea a outra, dependendo da situação.

Veja o seguinte exemplo para indicar um hábito do passado:

(13)Quando eu era criança, eu tomava sorvete.

O verbo “tomava” indica um hábito do passado, uma ação que durou no passado.

Dica! O pretérito imperfeito é o mais cobrado em prova, porque ele tem muitas desinências. Como o pretérito perfeito não tem desinências, temos que aprender a

responder às questões por eliminação. Se não é imperfeito e não é mais-que-perfeito, então é perfeito. Se falarmos

“comera”, por exemplo, sabemos que se trata de pretérito mais-que-perfeito e “comia” é pretérito imperfeito, logo,

“comeu” é o que sobrou, pretérito perfeito..

Temos um mnemônico que diz assim: “Tudo que é imperfeito merece uma ‘vaianha’, porque já era”. Esse mnemônico serve para memorizar todas as desinências, identificamos VA-IA- NHA, tendo em -va a primeira desinência, em -ia” a segunda e em -nha a terceira. Por fim, em “porque já era”, temos a forma do pretérito imperfeito do verbo “ser”.

1.3. Presente

O presente é um tempo muito cobrado em prova, principalmente pelo Cespe, porque é um tempo bem contextual. O presente, de acordo com Bechara, é chamado de “não tempo”, porque ele pode ser tudo. Ele pode indicar:

• uma ação passada;

• uma ação no momento da anunciação;

• um futuro;

• uma rotina;

• uma ação atemporal.

Imagine aquelas manchetes antigas de jornal que diziam:

(14)Marido mata a esposa com cinco facadas.

Em “marido mata esposa”, fica claro que o marido já matou a esposa, mas coloca-se o “mata”, no presente, para indicar uma ação que aconteceu no momento. Estamos usando o presente com a acepção de passado. Esse exemplo é importante porque uma prova estilo Cespe questionaria:

Pode-se trocar o “mata” por “matou” sem prejuízo gramatical? A resposta seria sim e não haveria prejuízo semântico também.

Você pode se perguntar se não mudou o sentido, já que um é presente e o outro é passado. Porém, em “marido mata”, temos uma ação no presente mas com sentido de passado.

Sendo assim, temos que ver o contexto para fazermos a substituição.

Da mesma forma, se perguntarem se não muda o sentindo, a resposta é não. Então, por que colocar o verbo no presente?

Porque o uso do presente nessa oração serve para chamar a atenção do leitor. É muito comum o uso do presente para narrar algo no passado em reconstituição de crimes.

A narração do crime contra a menina do casal Nardoni é um outro exemplo. Quando fizeram a reconstituição, a narração se deu no presente:

(15)“a madrasta bate, pega, corta, joga”.

Essa narração no presente faz o leitor participar da cena e causa uma revolta maior. Vale lembrar que, em regra, o tempo predominante nas narrações é o passado. Nós contamos história no passado. Entretanto, podemos escolher narrar no presente, se quisermos trazer o leitor para dentro da narrativa, fazendo com que ele participe.

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Gramática Veja agora um outro exemplo do presente, quando ele é

usado para indicar uma ação no momento da anunciação:

(16)Estou falando com você.

A oração informa que o tempo presente trata do agora, naquele momento.

Outra possibilidade do uso do tempo presente é para indicar uma ação futura:

(17)Viajo no ano que vem.

O exemplo (17), “Viajo” está no sentido de “viajarei”.

Colocou-se “viajo” porque se queria indicar uma ação certa ou que está quase acontecendo. Esse uso é muito comum com o verbo “ir”.

De outro modo, quando se pergunta:

(18) Você vai viajar?

Em “vai viajar” o verbo não está flexionado no futuro, porque o futuro do verbo “ir” é “irei” ou “irá”. O verbo “vai”

está no presente, mas tem a acepção de futuro.

O emprego muito comum do presente, também, é no sentido atemporal. Em livros didáticos, eles usam o presente nesse sentido, por exemplo, quando falam:

(19)A baleia é um mamífero.

Em “é um mamífero” o “é” está no presente. Mas não é porque ela “é” no passado, ou “é” no futuro, ou “é” agora, ou “é” habitualmente. Pois ela não é habitualmente um mamífero, porque hábito é algo que muda. Ou seja, a baleia não é habitualmente um mamífero e amanhã pode virar um peixe. Na verdade isso é um fato, uma afirmação. É o que as provas classificam como “verdade universal”. Trata-se de situações atemporais. Isso é muito comum em textos expositivos, que apresentam um fato, uma informação tida como verdade. Logo, usamos o presente do indicativo também nesses casos.

O tempo presente é especial porque ele pode ser utilizado para significar qualquer coisa. Por isso, as provas, em geral, perguntam quanto à substituição. Assim, se o presente tiver sentido de passado, você pode trocar pelo passado, se o presente tiver sentido de futuro, você pode trocar pelo futuro. No entanto, é preciso saber o contexto para fazer a substituição adequada.

1.4. Futuro do presente e futuro do pretérito

O futuro do presente é usado para indicar um futuro certo, para indicar algo que acontecerá. E o futuro do pretérito é usado para indicar um futuro possível, aquilo que aconteceria.

O verbo é muito importante para a construção textual, para a comunicação, para a habilidade de argumentação.

O futuro do presente é o futuro do “seu” presente, um futuro certo e que vai acontecer. Por exemplo:

(20) Eu viajarei amanhã.

Apesar de ninguém poder controlar o futuro, propriamente dito, na oração, o futuro pode ser considerado certo porque a pessoa já tinha a passagem comprada, por exemplo. Porém, se o tempo passa e, por algum, motivo não se realiza a ação, ela deixa de ser o futuro do presente e passa a ser o futuro do passado (futuro do pretérito), um futuro possível. Passaria a ser, por exemplo:

(21)Eu viajaria, se não tivesse sido atropelada.

Pense da seguinte forma: quando fechamos os olhos no presente, tudo o que olhamos pra frente é relativo ao futuro:

(22) Eu viajarei; eu me casarei; eu ganharei na loteria; eu serei feliz.

Passado o tempo e, por qualquer motivo, essas coisas não se realizam, essas ações se tornam futuro do passado, um futuro possível. Então, passa-se a dizer:

(23) Eu viajaria; eu me casaria; eu emagreceria; eu engordaria, etc.

Saiba mais: Se o futuro do pretérito é um futuro possível, o que ele faz no indicativo, que é o modo da certeza?

Ele é o futuro do passado, quando ele era uma certeza.

Suponha que alguém diga:

(24)Quando eu crescer, eu serei um ladrão.

Então, essa pessoa cresce e, felizmente, ela não vira um ladrão. Logo, a flexão verbal passa a ser:

(25) Eu seria um ladrão, se não tivesse virado professora.

Em “eu seria um ladrão” o tempo já passou e isso não é futuro do presente, mas futuro do passado/pretérito.

O futuro do pretérito é um futuro possível que aconteceria se não tivesse sido impedido. Ele é o futuro do passado que não se realizou por algum motivo. Entretanto, existem outros empregos para os tempos futuros do indicativo:

• O futuro do presente também é utilizado para indicar a ordem. Nos dez mandamentos, por exemplo, temos expressões como:

(26)Não matarás; não roubarás; não cobiçarás a mulher do próximo.

Os dez mandamentos trazem dez ordens. Então, em “não matarás” o verbo denota uma ordem, mas ele não está flexionado na imperativo, ele está flexionado no futuro do presente, porque o “rá” é uma desinência de futuro do presente do indicativo. Se perguntarem por que ele indica ordem, a resposta é que se é um futuro certo, então é uma ordem, assim como se alguém disser:

(27)Você arrumará seu quarto agora.

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Gramática

• Da mesma forma, o futuro do pretérito também é usado como um futuro possível. Em vez de ser uma ordem, ele indica um pedido.

(28) Você me daria um copo de água?

Como é um futuro possível, pode ser que se faça ou não. A pessoa daria a água se ela quisesse, se ela pudesse.

Muitas vezes usamos esse tempo de forma coloquial. Por exemplo, quando ligamos para alguém e falamos:

(29)Eu queria falar com João.

Em “eu queria” temos o passado. Mas, na verdade, o que gostaríamos de dizer era:

(30) Eu quereria (eu gostaria, eu poderia) falar com o João.

Então, trata-se de um pedido, uma forma polida usada no lugar de falar “chame o João” ou “quero falar com João”.

1.4.1. A possibilidade com o futuro do presente e a afirmação modalizada com o futuro do pretérito Importante! O futuro do presente, em ocasiões especiais, pode indicar um futuro possível, quando utilizado em perguntas. Por sua vez, o futuro do pretérito pode indicar uma afirmação certa, mas modalizada, quando utilizadas em textos argumentativos.

Observe, no exemplo a seguir, que temos um futuro certo, mas que pode indicar possibilidade, diferentemente de quando temos um futuro possível, mas que pode indicar certeza. Imagine o seguinte comentário em um casamento em que a mulher casou com pouco tempo de namoro:

(31)Será que ela está grávida?

O verbo “Será” está no futuro, mas ele não indica certeza.

Do mesmo modo, o futuro do pretérito pode indicar uma afirmação certa quando utilizado em dissertações. Para isso, a pessoa usa a afirmação no futuro do pretérito em vez de no presente, é o que chamamos de afirmação modalizada.

É uma forma de se afirmar algo sem ser categórico demais e proteger o texto de possíveis radicalismos.

Às vezes, quando nos deparamos com um autor de posicionamento radical, pela sua escrita, podemos inferir que ele não é bom em argumentação, mas é bom em ataque.

Uma pessoa muito radical não tem noção da diferença entre ataque e argumentação racional.

Imagine o seguinte texto:

(32) São Paulo estava sofrendo com a crise do desemprego porque não fecharam as porteiras do Nordeste.

Suponhamos que a opinião sobre o excesso de mão-de- obra em São Paulo esteja correta. No entanto, há outras maneiras de opinarmos em relação à situação exposta. Veja:

(33) Um dos problemas da falta de emprego em São Paulo seria a grande mão-de-obra vinda de outras regiões, como, por exemplo, do Nordeste.

A intenção do texto (32) é que o texto seja lido até o final, mesmo sem o leitor concordar com o exposto. Já no exemplo (31), o leitor pode ter preconceito do que está sendo exposto e, por isso, ficar com raiva. Então, quando alguém é muito categórico e tem seu próprio público, ele corre o risco de o leitor ler com desconfiança. Assim, mesmo que o autor tenha escrito vários outros textos bons, nessas expressões, os leitores podem passar a ter antipatia. Em outro exemplo, temos:

(34)Um dos problemas do excesso de mão-de-obra ou da falta de emprego em São Paulo seria o excesso de mão- de-obra vinda do Nordeste.

Aqui, o “seria” mostra para o leitor que se trata de uma análise, uma possibilidade, e o leitor lê o texto de forma mais desarmada. Portanto, com o texto mais modalizado, a pessoa lê parecendo que está raciocinando junto, quando, na verdade, o autor está colocando o posicionamento dele.

Em uma ocasião, o Cespe colocou um texto falando sobre as atribuições da ciência, o qual dizia que a ciência estava trabalhando com diversos fenômenos da realidade, buscando soluções para doenças e para a construção de pontes dentro de mares e citou vários outros exemplos. Na conclusão, colocaram da seguinte forma:

(35) Assim, a ciência se ocuparia da busca do conhecimento.

Sabendo que “se ocuparia” está no futuro do pretérito, o Cespe pergunta: “Poder-se-ia substituir “se ocuparia” por

“se ocupa” sem prejuízo gramatical e sem alterar o sentido do texto?”.

Poderíamos pensar que “se ocuparia” trata de possibilidade, enquanto “se ocupa” trata de certeza, o que poderia mudar o sentido. Entretanto, no texto, são apresentados muitos exemplos em que a ciência busca o conhecimento para solucionar doenças, a construção de pontes, etc. Nesse contexto, o “assim” é uma conclusão que está fechando e sintetizando o que já foi comprovado no texto. Então, se já foi comprovado, não é possibilidade.

Dessa forma, quando se diz “Assim, a ciência se ocuparia da busca do conhecimento”, não se trata de uma possibilidade, mas de uma certeza. E, se é uma certeza, nós podemos trocar por “se ocupa” sem prejuízo gramatical e sem alterar o sentido do texto.

Perceba, ainda, que é um texto dissertativo argumentativo, em que está marcado seu posicionamento, o qual já estava comprovado antes da conclusão, trazendo a ideia de que não se trata de uma possibilidade, mas de uma afirmação.

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Professora Raquel Cesário

VERBOS – PARTE IV

INTRODUÇÃO

Trabalharemos neste momento com o emprego dos verbos e a flexão verbal.

1.  EMPREGO E FLEXÃO VERBAL 1.1. Modo imperativo

O modo imperativo indica uma ordem, um pedido. Temos o imperativo afirmativo, que indica uma ação, que direciona uma ordem afirmativa, e temos o imperativo negativo.

Lembre-se... No imperativo não existe a primeira pessoa do discurso porque não se dá ordem para si mesmo.

Neste modo, não fazemos a conjugação na primeira pessoa. Quando você se olha no espelho e diz:

(1)Para de falar!

É como se você estivesse falando para outra pessoa.

Memorize! No imperativo também não existe a 3ª pessoa

“ele” porque só se dá ordem para aquele com quem se fala.

Se eu olho para você e digo:

(2)Estuda!

(3)Estude!

Sempre daremos ordem para aqueles com quem estamos falando, podendo tratá-lo por “tu” (2), “tu estuda”, ou podendo tratá-lo por “você” (3), “você estude”.

Uma outra observação sobre o imperativo é que o imperativo negativo, obviamente, terá algum advérbio ou algo que indique uma negação:

(4)Não fale a verdade.

Não fecha a porta.

A nossa observação inicial é que o imperativo é utilizado no momento da enunciação. Nós não damos ordem no passado, damos ordem na hora em que estamos falando com a pessoa.

Ele é direcionado ao interlocutor, mas pode ser para nós também. Chamamos a atenção que esse interlocutor pode ser a 2ª pessoa “tu” ou a 3ª pessoa “você”. Lembre-se que

“você” é um pronome de tratamento que serve para tratar o interlocutor, mas se comporta como 3ª pessoa.

O imperativo também é dividido em ordens afirmativas e ordens negativas.

Quadro 1 – Emprego dos verbos no modo imperativo Imperativo: indica ordem, pedido.

Afirmativo Negativo

- É usado no momento da enunciação: não damos ordem no passado, só no momento em que estamos falando com a pessoa.

- Não existe a 1ª pessoa porque você não dá ordem a si mesmo.

- O interlocutor (para quem você dá ordem) pode ser a 2ª pessoa

“tu” ou pode ser a 3ª pessoa “você”. Sabemos que o “você” tem comportamento de 3ª pessoa, mas ele é usado para falar como um interlocutor.

No imperativo afirmativo não existe a 1ª pessoa, existem o “tu”, “você”, “nós”, “vós” e “vocês”. Já o imperativo negativo vem acompanhado de um advérbio de negação “não”. Nele também não existe a 1ª pessoa, existem o “tu”, “você”, “nós”,

“vós” e “vocês”.

Imperativo: indica ordem, pedido.

Afirmativo Negativo

(não existe) eu (não existe) eu

tu não tu

você não você

nós não nós

vós não vós

vocês não vocês

2.  FLEXÃO VERBAL

A flexão do verbo está associada ao emprego de desinências. É o uso da desinência que marca o passado, o presente e o futuro. Já falamos que o pretérito perfeito não tem desinência e que o presente também não tem. A flexão verbal é diferente do emprego do verbo, que está associado ao sentido, ao valor utilizado dentro do texto.

É importante saber que existem algumas limitações. O pretérito mais-que-perfeito nunca vai indicar uma ação durativa, mas ele tem um sentido, um emprego específico que é indicar uma ação passada em relação a outra ação passada.

Importante! Para saber flexionar um verbo é importante saber: uma pessoa do presente, uma pessoa do pretérito perfeito e o infinitivo do verbo.

• O presente do indicativo é responsável por formar o presente do subjuntivo. Então, com o presente do indicativo, especificamente a 1ª pessoa, temos a formação do presente do subjuntivo.

• O pretérito perfeito, que é o passado coringa, forma: o pretérito mais-que-perfeito, o pretérito imperfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo.

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Gramática

• Já o infinitivo é o tempo verbal que forma os outros tempos: o pretérito imperfeito, o futuro do presente e o futuro do pretérito.

• Da mesma forma, o presente do subjuntivo é responsável por formar o imperativo.

Lembre-se! O emprego do verbo é o sentido que ele vai assumir dentro do contexto, enquanto a flexão do verbo é a forma física desse verbo.

É importante saber essa relação por alguns motivos básicos. Por exemplo: o pretérito perfeito forma o pretérito mais-que-perfeito, o pretérito e o futuro do subjuntivo. E o que isso implica?

Ora, se um verbo é irregular, ele tem alteração no passado, como, por exemplo, o verbo “saber”. No pretérito perfeito, não falamos “eu sabeu”, falamos “eu soube”, e nos outros tempos que ele forma ficará: “Eu soubera”, “Se eu soubesse” e

“Quando eu souber”. Então, é relevante saber a regra porque, quando um verbo é irregular, essa irregularidade passará para os outros tempos. Tem a ver com o sentido e com a forma física do verbo.

Ao observarmos essa irregularidade, percebemos que ela não acontece no pretérito imperfeito “eu sabia”, porque o imperfeito vem do infinitivo e ele não tem alteração da raiz. Outra observação é que o presente do subjuntivo vem do presente do indicativo. Portanto, não é uma questão de semântica, é a forma física do verbo: “eu faço”, “que eu faça”.

Por que temos que saber isso e não só decorar? Porque se um verbo for defectivo e ele não existir no presente do indicativo, ele não existirá do subjuntivo e, por sua vez, também não existirá no imperativo.

Atenção! Se um verbo for defectivo e não existir no presente, ele não existirá no subjuntivo e não existirá no imperativo. Dessa forma, se não entendermos essa relação, acabamos tendo que decorar, e isso seria impossível.

Se o verbo for irregular no pretérito perfeito, ele será irregular no pretérito perfeito, no pretérito mais-que- perfeito do indicativo, no pretérito imperfeito e no futuro do subjuntivo. Já os outros tempos verbais derivam do infinitivo, com os quais só trocamos as desinências.

2.1. Formação dos tempos verbais

Quando falamos de flexão, nós falamos de alteração de desinência e precisamos saber basicamente três regras:

1ª regra: a 1ª pessoa do presente do indicativo forma o presente do subjuntivo. Por exemplo:

(5) Eu faço.

Ele espera que eu faça.

Nós não temos dificuldades com essa primeira pessoa.

É só colocar um advérbio “hoje” em “eu faço” para auxiliar a flexão.

• 2ª regra: o pretérito perfeito, que é contextual e que não tem desinência, forma o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, o pretérito imperfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo.

• 3ª regra: o infinitivo forma os outros tempos: o pretérito imperfeito do indicativo, o futuro do presente “viajarei”, o futuro do pretérito “viajaria”, o gerúndio e o particípio.

Essas regras são a base da flexão. O presente do subjuntivo, como regra, forma o imperativo. Veremos mais à frente que o imperativo também busca algumas pessoas do presente do indicativo.

Na verdade, isso não é entendimento, é regra de conjugação. O presente do indicativo (6) forma o presente do subjuntivo (7), :

(6)Eu faço um bolo.

(7)Que eu faça um bolo.

Sintetizando! Flexão do verbo: É a forma física do verbo, da palavra. Você recupera a flexão pela desinência. É a desinência que indica se o verbo está no presente, no passado ou no futuro.

Emprego do verbo: depende do uso da palavra no contexto.

Dessa forma, a flexão é uma pergunta normativa, e o emprego é uma pergunta voltada à questão semântica.

Atenção! O presente do indicativo não tem desinência, mas o presente do subjuntivo tem duas residências o “-e”

e o “-a”. O pretérito perfeito, especificamente, também não tem desinência.

Exemplificando as regras:

• 1ª regra - Presente do indicativo: “eu posso” -> presente do subjuntivo “que eu possa”.

Para ajudar a flexionar o tempo presente do subjuntivo, usamos o “que”. Não é obrigatório o uso do “que” para fazer o presente do subjuntivo. Existem outras conjunções:

(8)Caso eu possa.

(9)Embora eu possa.

Trata-se apenas de um auxílio para ajudar a conjugar o verbo. Da mesma forma, usamos o “se” para o pretérito imperfeito do subjuntivo (10) e o “quando” para o futuro do subjuntivo (11):

(10) Se eu pudesse.

(11)Quando eu puder.

Não é regra usar essas conjunções. Elas auxiliam na flexão da palavra, na flexão desses tempos, existindo as situações em que não usamos a conjunção:

(12)Quem quiser sair.

ALCATEIA ALCATEIA ALCATEIA

ALCATEIA

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