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Brasília (DF), 20 de junho de 2003.

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Órgão : 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais Classe : ACJ – Apelação Cível no Juizado Especial

N. Processo : 2000 01 1 051637-4

Apelante : INVEST COMPANY - CONSULTORIA IMOBILIARIA E INCORPORAÇÕES LTDA

Apelada : PATRÍCIA LUIZA RIBEIRO SERRA Relator Juiz : ALFEU GONZAGA MACHADO

EMENTA

PROCESSO CIVIL - EMBARGOS DE TERCEIRO.

PENHORA DE BEM PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. APLICAÇÃO DA TEORIA DA

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE

JURÍDICA (ART. 28 DO CDC). PERMISSIBILIDADE.

I - Viola dispositivo do CDC, empresas constituídas com os mesmos sócios, com atividades coligadas e afins - uma constrói e a outra vende imóveis, situadas no mesmo prédio e andar, apenas funcionando em salas distintas, dando ensejo a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica. II - Prova documental produzida no sentido de configurar abuso de direito e objetivo de fraudar credores e consumidores. Recurso improvido. Sentença mantida.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, ALFEU GONZAGA MACHADO – Relator, VILMAR JOSÉ BARRETO PINHEIRO - Vogal, JOSÉ CARLOS SOUZA e ÁVILA - Vogal, sob a presidência do Juiz JOSÉ CARLOS SOUZA e ÁVILA, em NEGAR PROVIMENTO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 20 de junho de 2003.

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JOSÉ CARLOS SOUZA e ÁVILA Presidente

ALFEU GONZAGA MACHADO Relator

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RELATÓRIO

Trata-se de Ação de Embargos de Terceiros com pedido de liminar proposta por Invest Company - Consultoria e Incorporações Ltda em desfavor de Patrícia Luiza Ribeiro Serra, objetivando desconstituição de penhora de imóvel em processo de execução, junto ao 6º JEC de Brasília-DF( fls.02/04).

Assevera que restou provada a sua qualidade de terceiro e legitimado para o procedimento e requisitos necessários para obtenção de liminar.

Impugnando o feito, (fls.26/32) em breve resumo, alegou em preliminar da carência de ação, por impossibilidade jurídica do pedido (não são terceiros senhores e possuidores), não existindo prova sumária da posse e que as empresas CONSTRUTEC e INVEST COMPANY são dos mesmos sócios Ivanildo - 35%, Rogério 55% e Joaquim com 10%, consoante fls. 36/37.

Ao final, requereu a improcedência do pedido, sob o argumento de que o bem objeto de penhora é de propriedade dos requeridos.

Sentença de fls. 47/48, julgando improcedente o pedido da Embargante.

Recurso da Embargante nas fls. 51/56, pugnando pela reforma da sentença prolatada, sob o argumento da arbitrariedade da decisão e bem como ausentes as hipóteses ordinárias e extraordinárias para a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, vez que uma constrói e outra realiza atividade de consultoria e venda. Aduz ainda mais que os endereços são distintos (sala 1.317 e outra nas salas 1.319, 1.321 e 1.323), com penhora junto à 6ª Vara do Trabalho de Brasília-DF, com a desconstituição da penhora.

Contra-Razões às fls. 60/69 propugnando pela manutenção da sentença.

Tudo bem visto e relatado.

VOTOS

O Senhor Juiz ALFEU GONZAGA MACHADO – Relator

Conheço do Recurso, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade. Tempestivo, subscrito por Advogado, houve preparo e foi contra-arrazoado.

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Cuida-se da espécie de Embargos de Terceiros julgados improcedentes, em virtude de ser aplicada a teoria da desconsideração da personalidade jurídica.

Os fatos elencados na inicial não procedem. A UMA, os endereços, sócios e empreendimentos são dirigidos pelas mesmas pessoas. A DUAS, os documentos acostados aos autos nos dão conta da confusão entre as pessoas dos sócios e da mesma pessoa jurídica.

A prova documental produzida nos autos não deixa dúvida neste sentido, consoante documentos de fls. 36/45.

Percebe-se claramente a intenção da Embargante Recorrente em fraudar terceiros, principalmente consumidor, já objeto de processo em fase de execução. Em verdade, cometeu abuso de direito em detrimento de consumidor.

Basta verificar pelos documentos acostados que são os mesmos sócios, com atividades coligadas e afins: uma empresa construía imóveis e a outra vendia, com endereços idênticos, apenas as salas eram diferentes, TUDO NO MESMO ANDAR. Tanto é que uma vendia e emitia recibo em nome da outra.

Neste sentido julgado recente do TJDF de lavra do Eminente Des. Vásquez Cruxen, verbis:

Classe do Processo: APELAÇÃO CÍVEL 19990110239688APC DF

Registro do Acórdão Número : 172797 Data de Julgamento : 17/03/2003 Órgão Julgador : 3ª Turma Cível Relator : VASQUEZ CRUXÊN

Publicação no DJU: 21/05/2003 Pág. : 97 Ementa

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO.

GRUPO DE SOCIEDADES. ESTRUTURA MERAMENTE FORMAL. ADMINISTRAÇÃO SOB UNIDADE GERENCIAL, LABORAL E PATRIMONIAL.

GESTÃO FRAUDULENTA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA PESSOA JURÍDICA DEVEDORA. EXTENSÃO DOS EFEITOS A SÓCIO MAJORITÁRIO. POSSIBILIDADE. HAVENDO GESTÃO FRAUDULENTA E PERTENCENDO A PESSOA JURÍDICA DEVEDORA A GRUPO DE SOCIEDADES SOB O MESMO CONTROLE E COM ESTRUTURA MERAMENTE FORMAL, O QUE OCORRE QUANDO AS DIVERSAS PESSOAS JURÍDICAS DO GRUPO

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EXERCEM SUAS ATIVIDADES SOB UNIDADE GERENCIAL, LABORAL E PATRIMONIAL, É LEGITIMA A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA DEVEDORA PARA QUE OS EFEITOS DA EXECUÇÃO ALCANCEM AS DEMAIS SOCIEDADES DO GRUPO E OS BENS DO SÓCIO MAJORITÁRIO. IMPEDIR A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NESTA HIPÓTESE IMPLICARIA PRESTIGIAR A FRAUDE À LEI OU CONTRA CREDORES. A APLICAÇÃO DA TEORIA DA

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE

JURÍDICA DISPENSA A PROPOSITURA DE AÇÃO AUTÔNOMA PARA TAL. VERIFICADOS OS PRESSUPOSTOS DE SUA INCIDÊNCIA, DEVE O JUIZ LEVANTAR O VÉU DA PERSONALIDADE JURÍDICA PARA QUE O ATO DE EXPROPRIAÇÃO ATINJA OS BENS PARTICULARES DE SEUS SÓCIOS, DE FORMA A IMPEDIR A CONCRETIZAÇÃO DE FRAUDE À LEI OU CONTRA TERCEIROS. - PRECEDENTE DO STJ” (RESP 332763/SP; DJ 24.06.2002, REL. MIN.

NANCY ANDRIGHI, 3A TURMA, UNÂNIME).

Decisão:

CONHECER E PROVER O RECURSO, TUDO À UNANIMIDADE.

A r. sentença monocrática, não merece ser reformada, entretanto, com o devido respeito ao seu Ilustre Prolator merecia uma fundamentação mais robusta, devido a complexidade da matéria em discussão.Tenho que o “decisum”

ora guerreado analisou a matéria objeto da lide ainda que de forma sucinta, eis que seu Ilustre Prolator aplicou bem o direito ao caso “sub judice”.

Face ao exposto, nego provimento ao recurso mantendo os fundamentos do “decisum” monocrático pelos seus próprios e jurídicos fundamentos.

Custas pelo Recorrente, nos termos do art. 55, da Lei Nº 9.099/95, parte final. Honorários que arbitro em 15% sobre o valor dado à causa, devidamente corrigidos.

É como voto.

O Senhor Juiz VILMAR JOSÉ BARRETO PINHEIRO – Vogal Com o Relator.

O Senhor Juiz JOSÉ CARLOS SOUZA e ÁVILA – Vogal

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Com a Turma.

DECISÃO

Negado provimento. Unânime.

Referências

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