JUNTOS, MAS SEM PARIDADE

CORAÇÕES SINCRONIZADOS

“Por onde for quero ser seu par” foi o tema do nosso Retiro de Casais deste ano. O que torna duas pessoas num par?

Duas pessoas podem viver sempre juntas, caminhar lado a lado, trilhar ao mesmo tempo a mesma estrada, conversar sobre assuntos afins, sem, no entanto, estarem andando juntas, sem serem um par.

Essa ingrata surpresa ao longo da caminhada tem deixado muitos casais, muitos amigos, muitas famílias e muitas igrejas boquiabertas, com gosto amargo na boca, quando descobrem que sempre estiveram juntos mas nunca foram um par! É muito triste, mas tem sido verdade em muitas histórias.

Para ser um par, marido e mulher, pais e filhos, amigos e amigas, irmãos e irmãs de fé precisam muito mais que um mesmo caminho, eles precisam estar sincronizados; os seus corações precisam viver em sincronia. Isso me leva ao texto dos discípulos no caminho para Emaús.

Abra em Lucas 24.13-35.

- Oração

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JUNTOS, MAS SEM PARIDADE

Esse texto é incrível pelas mais diversas verdades e as mais profundas razões que se nos apresenta. No entanto, para esta ocasião, o que me chama a atenção é que Cleopas e a outra pessoa com ele estão juntos, mas sem paridade.

Quem é a outra pessoa? Muita gente tem dito muita coisa sobre a identidade da pessoa ao lado de Cleopas. Já se disse até que era Lucas, o autor do Evangelho. Realmente não importa quem tenha sido a outra pessoa. Cita-se Cleopas apenas por ele ser uma pessoa de renome naqueles dias, do contrário, não faria sentido a menção do seu nome.

Podia muito bem ser duas pessoas que se conheciam, dois

conterrâneos, dois amigos de longas datas e até um casal (Lc 24.30),

Clopas e Maria de João 19.25 (conforme A. T. Robertson, estudioso

batista do Novo Testamento e do grego bíblico, cria ser).

Não dá para saber, mas não importa. O que importa para nós é que os dois seguiam juntos, mas não estavam, pelo menos não naquele momento, formando um par. Por que eu digo que não? Há três dicas no texto, revelando que estavam juntos, mas sem paridade.

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1. Na mesma estrada, mas com a cabeça perturbada pela decepção

Os dois estão tão perturbados que não conseguem esperar o dia seguinte para viajar (Lc 24.13). Eles viajam na tarde do domingo, algo que não era comum nem recomendado naqueles tempos.

Por que e com o que eles estavam decepcionados? Eles estavam decepcionados porque viram as suas expectativas se frustrarem.

Lc 24.13-20 |

Naquele mesmo dia, dois deles estavam indo para um povoado chamado Emaús, a onze quilômetros de Jerusalém.

No caminho, conversavam a respeito de tudo o que havia acontecido.

Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles;

mas os olhos deles foram impedidos de reconhecê-lo.

Ele lhes perguntou: “Sobre o que vocês estão discutindo enquanto caminham?” Eles pararam, com os rostos entristecidos.

Um deles, chamado Cleopas, perguntou-lhe: “Você é o único visitante em Jerusalém que não sabe das coisas que ali aconteceram nestes dias?”

“Que coisas?”, perguntou ele. “O que aconteceu com Jesus de Nazaré”, responderam eles. “Ele era um profeta, poderoso em palavras e em obras diante de Deus e de todo o povo.

Os chefes dos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram;

A frustração deles não era um com o outro, pois se fosse eles já teriam se separado e nem estariam mais trilhando a mesma estrada. A frustração e a decepção deles eram com os outros.

A frustração deles era com Jesus, pois o Senhor não tinha vindo para realizar os sonhos deles nem para concretizar as suas utopias.

Lc 24.21 | e nós esperávamos que era ele que ia trazer a redenção a Israel. E hoje é o terceiro dia desde que tudo isso aconteceu.

A frustração deles era também com todos os que acreditaram na

“mentira” da ressurreição.

Lc 24.22-24 |

Algumas das mulheres entre nós nos deram um susto hoje. Foram de manhã bem cedo ao sepulcro

e não acharam o corpo dele. Voltaram e nos contaram ter tido uma visão de anjos, que disseram que ele está vivo.

Alguns dos nossos companheiros foram ao sepulcro e encontraram tudo exatamente como as mulheres tinham dito, mas não o viram.”

Note que o que os unia era a decepção deles com Deus e com as pessoas que seguiam crendo em Deus. Era sobre isso que eles conversavam. Era sobre isso que eles gargalhavam. Era isso que eles usavam para se justificarem.

Com a cabeça perturbada, eles seguiam juntos, conversando sobre os últimos acontecimentos sob a ótica e pela interpretação deles, irritados com tudo e com todos, mas não formavam um par.

As decepções e os problemas que nós criamos não nos unem como pares, nos unem como pessoas rancorosas, decepcionadas e amargas. Faz de nós bandos!

A cabeça perturbada pela decepção nos impede de seguir sonhando com o amor e as boas obras, nos faz nutrir cada vez mais amargura, afastando-nos de Deus e do próximo, forçando-nos a nos encaramujar em Emaús e viver só para nós mesmos e para aqueles que pensam como nós pensamos.

A cabeça perturbada pela decepção, pelo medo, pela vergonha ou por outra confusão qualquer é capaz de unir até inimigos em prol da maldade comum, mas jamais conseguirá criar pares para a glória de Deus.

Mc 3.6 | Então os fariseus saíram e começaram a conspirar com os herodianos contra Jesus, sobre como poderiam matá-lo.

Mc 12.13 | Mais tarde enviaram a Jesus alguns dos fariseus e herodianos para o apanharem em alguma coisa que ele dissesse.

Reveja suas companhias e suas amizades à luz dos dois discípulos no caminho para Emaús. O que os une? O que lhes faz andarem juntos?

Qual é o tema recorrente das conversas que vocês nutrem? O que os faz gargalhar quando estão juntos?

A cabeça perturbada pela decepção, seja por motivos verdadeiros ou falsos, não une pares; une pessoas amargas, rancorosas e vingativas;

cria e preserva amizades, famílias e até igrejas doentes. Divide, muito

mais que aglutina.

2. Na mesma estrada, mas com os olhos embaçados pela depressão

O que unia esses dois discípulos no caminho para Emaús, além da decepção, era a depressão, a tristeza profunda. Eles se uniam para se confortarem na exaltação do ego. Resultado? Eles não conseguiam mais identificar a presença, nem a ação e nem o mover de Jesus.

Lc 24.13-18 |

Naquele mesmo dia, dois deles estavam indo para um povoado chamado Emaús, a onze quilômetros de Jerusalém.

No caminho, conversavam a respeito de tudo o que havia acontecido.

Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles;

mas os olhos deles foram impedidos de reconhecê-lo.

Ele lhes perguntou: “Sobre o que vocês estão discutindo enquanto caminham?” Eles pararam, com os rostos entristecidos.

Um deles, chamado Cleopas, perguntou-lhe: “Você é o único visitante em Jerusalém que não sabe das coisas que ali aconteceram nestes dias?”

Qualquer assunto que parecesse questionar o seu estado de profunda tristeza, que os colocasse para refletir sobre a realidade dos fatos, ou que sugerisse discordar da legitimidade daquela dor tirava-os profundamente do sério.

Pessoas que se unem para nutrir autovitimização não formam pares que vivem para a glória de Deus, mas criam uma incubadora de doenças e neuroses emocionais, sociais e espirituais. Quando os olhos não enxergam mais Jesus porque estão embaçados pela tristeza de um coração doente, deve-se acender o alerta vermelho.

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3. Na mesma estrada, mas com o coração frio pela distorção

Juntos, na mesma estrada, mas sem paridade, com o coração frio.

A frieza em que se encontravam pode ser observada em pelo menos duas falas deles. Primeiro, quando Cleopas friamente questiona o Senhor Jesus:

Lc 24.18 | Um deles, chamado Cleopas, perguntou-lhe: “Você é o único

visitante em Jerusalém que não sabe das coisas que ali aconteceram

nestes dias?”

Só fala assim com o próximo quem está com a alma fria. Gente com o coração aquecido pelo amor sabe usar palavras temperadas com sal.

Depois, eles mesmos confessam, indiretamente, que, antes da palavra de Jesus, o coração deles estava frio.

Lc 24.32 | Perguntaram-se um ao outro: “Não estava queimando o nosso coração, enquanto ele nos falava no caminho e nos expunha as Escrituras?”

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JUNTOS, MAS SEM PARIDADE

A frieza do coração, a decepção e a depressão deles tinham todos a mesma raiz: distorção dos fatos e da verdade. Eles queriam e idealizaram e puseram-se a seguir um messias político, libertador social, e não um Salvador pessoal! Tanto que Jesus os corrige ao dizer- lhes:

Lc 24.26-27 |

Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?”

E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras.

Vejam, portanto, que estavam juntos, mas sem paridade. O coração estava frio, os olhos estavam embaçados e a cabeça estava perturbada.

Gente assim não vive para o outro. Gente assim vive para si e usa o outro para o seu próprio benefício.

O que os unia naquele momento era a decepção, a depressão e a distorção. Eles não formavam um par. Usavam um ao outro para seguir na estrada da teimosia, do medo, do desafeto e da incredulidade.

Quanta gente vivendo assim! Como é fácil nos enganarmos com as mesmas mentiras do coração dos discípulos no caminho para Emaús!

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O DIAGNÓSTICO DE JESUS

Por que Cleopas e a outra pessoa chegaram a esse ponto? Como eles conseguiram ficar juntos sem formarem um par? Jesus faz o diagnóstico certo. Observe:

Lc 24.15-19 |

Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se

aproximou e começou a caminhar com eles;

mas os olhos deles foram

impedidos de reconhecê-lo.

Ele lhes perguntou: “Sobre o que vocês estão discutindo enquanto caminham?” Eles pararam, com os rostos entristecidos.

Um deles, chamado Cleopas, perguntou-lhe: “Você é o único visitante em Jerusalém que não sabe das coisas que ali aconteceram nestes dias?”

“Que coisas?”, perguntou ele.

Desse ponto até o verso 24, Cleopas dá os seus argumentos, então Jesus conclui, dizendo:

Lc 24.25 | Ele lhes disse: “Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram!

O problema deles é que eles eram loucos e lentos, isto é: eles se fecharam na ignorância de não quererem compreender as circunstâncias deles à luz das palavras dos profetas e não permitiram que seus corações se regozijassem naquela situação.

A Palavra de Deus não guiou o pensamento nem o coração deles.

Resultado? A alma deles ficou atrasada com relação ao mover de Deus.

O Senhor agiu na história, mas eles não sincronizaram o coração com a ação de Deus.

A pergunta de Jesus é profundamente sutil! Quado faz a segunda indagação a eles, dizendo: “Que coisas aconteceram que eu não estou sabendo?” (Lc 24.19), ele identifica que a alma deles estava presa ao passado, à sexta-feira da paixão, enquanto a história já tinha andado, já havia chegado ao domingo da ressurreição!

A alma presa à sexta-feira da crucificação e do sepultamento, mas a história já na tarde do domingo da ressurreição. Não quiseram acompanhar o ritmo da ação e do mover de Deus. Agora, vítimas de suas próprias vontades, de seus próprios planos, de suas próprias ideologias, de suas próprias interpretações da Bíblia, eles não sincronizam mente e coração com as ações de Deus.

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A SÍNDROME DE EMAÚS

A síndrome de Emaús pega e faz adoecer! Quem são essas pessoas

contaminadas? É gente que mantém lealdade com os problemas do

passado; que não dá a chance de que os novos atos de Deus lhes provem

o contrário; de que aquilo que pensaram que foi um problema, de fato foi

um plano divino para lhes colocar diante de uma realidade ainda melhor… Não apenas dar a eles acesso à felicidade momentânea, mas abrir-lhes os portões de acesso à eternidade.

Os problemas que vamos criando ao longo da caminhada vão nos separando dos nossos pares. Podemos até seguir caminhando juntos, mas sem paridade. Quando a mente e o coração se atrasam para o mover de Deus, quando nos negamos a enxergar os fatos como Deus quer, nós esfriamos o coração, embaçamos os olhos e esquentamos a cabeça em confusão. O resultado é que não vemos mais a Deus e paramos de amar as pessoas.

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SINCRONIZANDO OS CORAÇÕES

Como se ver curado dessa síndrome de Emaús? Como sincronizar os corações e seguir como um par? Como voltar a amar a Deus e ao próximo? Três coisas são necessárias:

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1. A presença de Jesus (jejum e oração)

Lc 24.15, 28-30 |

Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles; (…)

Ao se aproximarem do povoado para o qual estavam indo, Jesus fez como quem ia mais adiante.

Mas eles insistiram muito com ele: “Fique conosco, pois a noite já vem; o dia já está quase findando”. Então, ele entrou para ficar com eles.

Quando estava à mesa com eles, tomou o pão, deu graças, partiu-o e o deu a eles.

Então os olhos deles foram abertos e o reconheceram, e ele desapareceu da vista deles.

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2. A Palavra de Deus (leitura e meditação)

Lc 24.26-27 |

Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?”

E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras.

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3. O poder do Espírito Santo (intervenção e milagre)

Lc 24.31-32 |

Então os olhos deles foram abertos e o reconheceram, e

ele desapareceu da vista deles.

Perguntaram-se um ao outro: “Não

estava queimando o nosso coração, enquanto ele nos falava no caminho e

nos expunha as Escrituras?”

CORAÇÕES SINCRONIZADOS

Corações sincronizados produzem pares, geram pessoas que não vivem mais para si mesmas, mas para o outro e para a glória de Deus.

Lc 24.33-35 |

Levantaram-se e voltaram imediatamente para Jerusalém. Ali encontraram os Onze e os que estavam com eles reunidos,

que diziam: “É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!”

Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como Jesus fora reconhecido por eles quando partia o pão.

Diante de tudo o que vimos, desafio-os a três ações:

1. Ressincronize a sua alma (mente e coração) com as ações de Deus (a) Sua alma está atrasada?

(b) Em que ponto da história de Deus você parou?

(c) Levante-se e prossiga.

2. Abandone a solidariedade para com a dor e solidarize-se com Deus (a) Morra para você e viva para Deus.

(b) Pense no outro como superior a si mesmo.

(c) Entregue sua causa a Jesus e se veja livre para seguir.

3. Atualize a sua história com a história de Deus (a) Busque a presença de Jesus

(b) Queira a Palavra de Deus

(c) Dependa do poder do Espírito Santo

“Felizes são as pessoas que todos os dias atualizam o seu sentir com a fé. O Sentir da gente não pode continuar enterrado no luto, pois do contrário seremos incapazes de experimentar o que Deus fez por nós em Jesus e deseja fazer em nós hoje pelo seu Espírito Santo.”

- Caio Fábio

Que Deus nos abençoe com corações sincronizados.