• Nenhum resultado encontrado

Discurso de José Rodrigues de Jesus

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Discurso de José Rodrigues de Jesus"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Discurso de José Rodrigues de Jesus

Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas Em 5 de janeiro de 2018 – na sua tomada de posse

Em Suas Excelências o Presidente do Tribunal de Contas e o Ministro das Finanças dirijo-me a todas as individualidades já nomeadas e aos demais presentes, subtraindo o cumprimento de regras protocolares em benefício da comodidade de V. Exas.

Quis a circunstância que tivesse de proferir, agora, algumas palavras.

É sempre uma honra servir a Ordem, tão maior quanto mais inquietantes forem as condições de vida dos seus membros e da profissão.

(2)

conceptual e tecnológica adstrita ao processamento, transmissão, utilização e controlo da informação financeira.

A hipersensibilidade dos mercados, a sofisticação das práticas negociais com crescente desmaterialização e digitalização, a inovação tecnológica dos processos e sistemas de informação e de relato e as novas matrizes da gestão moderna exigem profissionais superiormente qualificados e com conhecimentos em permanente atualização, suportados por normas de elevado requinte e servidas por arquétipos irrepreensíveis.

Tenho já referido ser a profissão uma espécie de sacerdócio, antes que a natural terrena vivência comum.

É assim que as cento e duas pessoas que assumem, aqui, o compromisso de prosseguir a Ordem, constituem um conjunto que a todos representam, salientando de modo justo a dignidade, a competência, a moral, a integridade, a missão de serviço que enformam os nossos princípios, em suma a defesa do interesse público que nos cabe defender.

(3)

Teremos de passar por:

• Promover um diálogo aberto e colaborativo com o Governo, o Tribunal de Contas e outras autoridades de regulação e de supervisão, designadamente a CMVM, tendente a melhorar a nossa posição de parceiro num mercado transparente;

• Desenvolver mecanismos que proporcionem melhor reconhecimento social e económico da profissão de forma a atrair mais jovens, com acrescidas e melhores competências;

• Manter um quadro de aperfeiçoamento constante da qualidade dos serviços que prestamos, como garante de credibilidade junto das empresas, entidades públicas, reguladores e outros tendo em vista o interesse público;

• Intensificar a formação dos profissionais de modo a que sejam absorvidas as dimensões normativas, técnicas e deontológicas da atividade dos Revisores Oficiais de Contas, incorporando a acelerada evolução tecnológica.

Permita-se-me que, antes de terminar, refira um tema que há muito me preocupa, mais do ponto de vista intelectual, do que de uma observação prática.

(4)

escalões pouco recomendáveis, em alguns casos com sinais de tendência depreciativa.

Refiro-me, por exemplo, aos indicadores do Global Competitiveness Report 2017-2018 das rubricas de “Robustez das normas de auditoria e de informação financeira” (101.º em 137) e de “Regulação das bolsas” (113.º), sem parar nos bancos.

Admitindo, mesmo, o exagero negativo da avaliação, por exemplo por não haver a captação dos aspetos favoráveis, não estamos confortáveis.

Acresce que, se bem penso, não temos uma perceção idêntica à revelada naquele relatório.

Na verdade, fomos dos primeiros a transpor as diretivas da contabilidade, com um notável trabalho da Comissão de Normalização Contabilística, com uma aplicação efetiva e atualizada de normas que são muito próximas das internacionais ou estas mesmas em alguns casos.

O mesmo aconteceu com a diretiva da auditoria, e as normas de auditoria são também as normas internacionais e a sua aplicação é exigentemente controlada pelo nosso supervisor e pela própria Ordem.

(5)

Teremos, pois, de questionar-nos sobre o que está a faltar. Podemos fazer alguma coisa, as instituições, os profissionais, os responsáveis das diferentes áreas de intervenção – todos nós que, pelo menos aparentemente, nos pautamos pelas melhores práticas, mesmo internacionais?

Não é um problema de leis, porque nessas muitas vezes somos até mais avançados, é uma questão de mútua colaboração das entidades envolvidas. Penso que, antes de mais, é urgente ultrapassar a fragmentação das instituições. Somos tão poucos e andamos pelos mesmos espaços que mal se entende o que possa impedir que analisemos o que está a fazer falta. As instituições, designadamente as que de mais autoridade dispõem, não podem alhear-se tanto da capacidade de cumprimento das outras entidades, como dos reflexos da sua intervenção nas restantes partes do tecido envolvente.

Ninguém tem de prescindir da sua autoridade, muito menos demitir-se das suas responsabilidades - temos é de conhecer a realidade antes de desenharmos as tarefas.

(6)

As funções de regulação e de supervisão – a Ordem é um regulador e supervisor regulado e supervisionado – são úteis, além do mais ao prescreverem o dever ser – mas isso não inibe que essa função tenha de ter o complemento da observação do ser, sob pena de o dever ser não se converter em ser, com impiedoso prejuízo para a sociedade.

Excelências: a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas – qual ordem mendicante – oferece os seus apenas materialmente pobres ofícios como contributo para que consigamos, não apenas fazer bem, mas mostrar que isso acontece.

(7)

A Ordem está certa de que a profissão acrescenta valor social, ao intervir no aumento da credibilidade da informação financeira, em entidades de todas as dimensões: os nossos membros estão preparados para as entidades maiores e mais complexas. A credibilidade da informação financeira é um bem social de necessidade inquestionável. Sempre tivemos a coragem para enfrentar as eventuais falhas e estamos disponíveis, sempre estivemos, para assumir a parte da responsabilidade que nos possa caber. Mas, acima de tudo, estamos todos empenhados, todos os nossos membros fazem um trabalho notável nesse sentido, com custos a vários níveis elevados, para investir nas melhores práticas de auditoria, no controlo do risco de auditoria que, em qualquer caso, não deixará de existir. Importa partilhar este esforço com todos os agentes com responsabilidades na qualidade da informação financeira. Quero também referir que a profissão acrescenta valor, para além da auditoria, ou por causa dela ou seu complemento, na gestão das entidades públicas e privadas, sendo nestas de sublinhar o contributo para as pequenas e médias empresas, e mesmo para as microempresas, muitas de cariz familiar – sublinho, no caso das pequenas empresas, o benefício que resulta não só para as próprias em termos de processos internos, como para uma maior credibilidade do relato financeiro junto das instituições financeiras e das instituições do Estado.

Referências

Documentos relacionados

To measure the horizontal and resultant lower limbs external kinetics at backstroke starting, researchers have used one force plate, while for ventral starts one and two force

To identify a source of ligands able to activate Olfr692- expressing cells, we first exposed adult animals to bio- logically relevant stimuli and then labeled the activated neurons

Os dados descritos no presente estudo relacionados aos haplótipos ligados ao grupo de genes da globina β S demonstraram freqüência elevada do genótipo CAR/Ben, seguida

Era de conhecimento de todos e as observações etnográficas dos viajantes, nas mais diversas regiões brasileiras, demonstraram largamente os cuidados e o apreço

6 Num regime monárquico e de desigualdade social, sem partidos políticos, uma carta outor- gada pelo rei nada tinha realmente com o povo, considerado como o conjunto de

O  contribuinte  A.  AZEVEDO  INDÚSTRIA  E  COMÉRCIO  DE  ÓLEOS 

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Foi membro da Comissão Instaladora do Instituto Universitário de Évora e viria a exercer muitos outros cargos de relevo na Universidade de Évora, nomeadamente, o de Pró-reitor (1976-