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POTENCIAL DO FRAGMENTO FLORESTAL DO IFC CAMPUS BLUMENAU PARA ATIVIDADES INCLUSIVAS COM DEFICIENTES VISUAIS.

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Academic year: 2021

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POTENCIAL DO FRAGMENTO FLORESTAL DO IFC – CAMPUS

BLUMENAU PARA ATIVIDADES INCLUSIVAS COM DEFICIENTES

VISUAIS.

Péricles Rocha da SILVA1; Geórgia Baumann BRANDÃO2; Aléxia Tainá L. dos

SANTOS2

1. Orientador IFC-Campus Blumenau; 2. Alunas do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio.

RESUMO

Este trabalho teve o objetivo de levantar dados da fauna e flora para realização de práticas com deficientes visuais. O registro das aves ocorreram entre 2016 e 2017 pelo método de observação auditiva e visual. Também coletaram-se sementes vegetais. Foram identificados 6 pontos de observação para deficientes visuais, 73 espécies de aves e cinco morfoespécies tiveram suas sementes coletadas. As sementes foram utilizadas para montar um jogo da memória. As características observadas demonstram o potencial área para atividades inclusivas, como a realização de visitas monitoradas com deficientes visuais para explorar e transmitir conhecimentos ecológicos sobre aves, plantas e sua interação.

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O acesso igualitário a todos os espaços da vida é um pré-requisito para os direitos humanos universais e liberdades fundamentais do cidadão. O esforço rumo a uma sociedade inclusiva é a essência do desenvolvimento social sustentável.

Segundo dados do IBGE (2002), 14,5% da população nacional possuíam algum tipo de deficiência física, mental ou sensorial. Desse índice, os deficientes visuais representam o maior grupo, correspondendo a 48,1%.

A deficiência visual não é barreira para o contato com a natureza e há muitas iniciativas que estimulam a inclusão, mostrando que as belezas naturais, além de apreciadas com os olhos, podem ser também percebidas por outros sentidos. A inclusão de pessoas com deficiência em atividades em áreas naturais como a contemplação e interação coma a natureza proporcionam a promoção da auto-estima e socialização dessas pessoas. Este fator concorre para a formação de um indivíduo com valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes voltadas para a conservação e uso sustentável do meio ambiente e de uma visão holística sobre os

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espaços que compõe a cidade.

Segundo Mazzota (1982) a utilização de lugares como parques e unidades de conservação, é uma maneira de alcançar essa socialização de forma que desperte o interesse na pessoa, pois torna uma maneira nova e divertida de ver o mundo, muitas vezes sendo marcante. Esses locais estimulam o raciocínio, e facilitam a integração de diversos temas. Ainda nesses locais, pessoas com deficiências visuais podem aproveitar para sentir o ambiente explorando diversos sentidos. No caso das crianças com deficiência, elas precisam receber estímulos durante todo o seu desenvolvimento, principalmente aquelas com cegueira congênita. Esses estímulos contribuirão para o desenvolvimento para que essas pessoas tenham a possibilidade de levar uma vida normal e independente, sendo uma maneira de tratar problemas característicos causados pela cegueira, como no desenvolvimento de repercussões escolares, sociais, emocionais e físicas (Gil, 2000).

No Brasil, a educação inclusiva teve início na década de 80, com a constituição federal que tinha como intenção o desenvolvimento de pessoas sem quaisquer tipos de discriminação. A lei complementar, nº 7.853/89, impôs como crime qualquer forma que impedisse o estudo de qualquer pessoa, usando como pretexto o motivo de deficiência. A educação inclusiva ganhou forças a partir da década de 90, com a promulgação de documentos como Declaração Mundial sobre educação para todos; A Declaração de Salamanca (1994), mais tarde com a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que possibilitava a escolha do estudo dessas pessoas em escolas comuns ou especiais. Essa possibilidade com o decreto nº 3.956 de 2001, onde se esclarece que pessoas com deficiências devem freqüentar escolas normais (Rayça, 2008). Para isso a escola deve adequar em todos os âmbitos, desde sua estrutura física utilização de materiais didáticos especializados (como recursos ópticos, textos ampliados, máquina de escrever braille, reglete, punção, jogos adaptados, softwares específicos e sorobã, dentre outros), à preparação de funcionários, docentes e alunos.

O convívio de crianças de diversas realidades (com necessidades ou não), quando iniciado cedo e de maneira constante, possibilita uma aceitação positiva para ambos, diminuindo preconceitos e tornando o processo de integração algo comum

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e natural. A inclusão, não cabe apenas à escola, mas também a família, vizinhos, colegas, enfim a toda sociedade, dentro e fora da escola. O deficiente não deve ser tratado como um ser estranho, diferente, pois ele é uma pessoa que possui limitações e capacidades como qualquer outra, cabendo a ele também o seu papel na sociedade.

Este trabalho teve o objetivo de levantar dados da fauna e flora de um fragmento florestal para realização de práticas inclusivas com deficientes visuais. As atividades poderão utilizar elementos naturais (canto das aves e plantas) do meio como estimulantes do desenvolvimento dos deficientes visuais e inclusão por meio de visitas monitoradas no fragmento do IFC – campus Blumenau.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado em um fragmento de mata atlântica com cerca de 17ha do IFC – campus Blumenau. As coletas de dados foram realizadas entre setembro de 2016 a agosto de 2017. Foi utilizado o método de observação auditiva e visual nas trilhas, bordas e áreas abertas para registro das aves. As aves foram registradas através de observação direta (visualização) com auxílio de binóculos (Nikon Trailblazer 8x25), rádio gravador digital (Marantz Professional PMD620MKII), câmera fotográfica (Nikon Coolpix P500 12.1 megapixels e 36X Zomm) e microfone unidirecional (Sennheiser ME 66).

Em seguida, foi elaborada uma lista de espécies registradas nos sítios de amostragem contendo informações importantes do ponto de vista conservacionista e funcional. Para sua elaboração, foi adotada a listagem sistemática proposta por Piacentini et al. (2015), bem como características ecológicas relevantes como distribuição geográfica e grau de ameaça de extinção.

Foram realizadas coletas mensais de sementes de espécies vegetais nativas para o desenvolvimento de atividades sensoriais. Pelo menos um par de sementes de cada espécie alvo foi coletado. O jogo desenvolvido com as sementes coletadas permite sua exposição ao toque pelo público-alvo. Dessa forma, o primeiro passo foi disponibilizar todas as sementes dentro de uma caixa para que o participante a toque. Em seguida o participante tenta identificar a semente correspondente, pelo

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toque, dentre diversas sementes misturadas na caixa. Após a identificação o participante poderá recebe informações adicionais sobre a espécie como características estruturais, funcionais, uso e/ou características culturais se houver. Pontos específicos da área foram identificados para uso dos deficientes visuais na escuta de vocalizações da avifauna.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram realizadas 12 saídas de campo que permitiram identificar 6 pontos de observação para deficientes visuais, 73 espécies de aves distribuídas entre as guildas frugívoras, carnívoras, detritívoras, insetívoras e omnívoras. A maioria das espécies ocorre em todo Brasil, e 18 espécies são endêmicas da Mata Atlântica (ex.: Thalurania glaucopis, Ramphastos dicolorus e Chiroxiphia caudata). As plantas tiveram cinco morfo espécies (palmeiras, graviola, guapuruvu, ameixa branca e pinha) com sementes coletadas.

As sementes foram utilizadas para montar um jogo da memória em que duas sementes de cada espécie foram inseridas em uma caixa com apenas um orifício para retirar uma semente por vez. O participante ao retirar uma semente poderá trabalhar a memória tentando achar seu par e consequentemente aguçar a sensibilidade estabelecendo uma memória táctil. Em seguida após a identificação do par o participante obtém informações ecológicas sobre a espécie, como qual animal está relacionado ao consumo do fruto e sua dispersão, bem como sua relação com outros seres vivos da natureza inclusive o homem.

Segundo Line e Mergulhão (2014) a experiência sensitiva é a melhor maneira para a captação de conhecimento do deficiente visual, portanto é por meio do desenvolvimento e estimulação constante dos sentidos, que assimilações de objetos e de espaços ocorrerão. Os autores realçam ainda que atividades como as propostas acima são muito importantes para a construção de imagens mentais (no caso das sementes), as aproximando da realidade, já que muitas vezes, são construídas por meio de descrições verbais, nem sempre muito claras para os deficientes visuais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se que a área tem potencial para atividades inclusivas, como a realização de visitas monitoradas com deficientes visuais para explorar e transmitir conhecimentos ecológicos. Inicialmente poderão ser realizadas atividades nas bordas do fragmento onde o acesso é fácil e posteriormente no início das trilhas cujos trechos não possuem obstáculos.

REFERÊNCIAS

GIL, Marta (Org). Caderno da TV Escola: Deficiência Visual. Brasília. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. 2000.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasil em Números: Censo IBGE 2000. Rio de Janeiro, 2002.

PIACENTINI, V.Q.; A. ALEIXO, C.E. AGNE, G.N. MAURÍCIO, J.F. PACHECO, G.A. BRAVO, G.R.R. BRITO, L.N. NAKA, F. OLMOS, S. POSSO, L.F. SILVEIRA, G.S. BETINI, E. CARRANO, I. FRANZ, A.C. LEES, L.M. LIMA, D. PIOLI, F. SCHUNCK, F.R. AMARAL, G.A. BENCKE, M. COHN-HAFT, L.F.A. FIGUEIREDO, F.C. STRAUBE & E. CESARI. 2015. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, 23(2): 91–298.

LINE, Janaina Peres e MERGULHÃO, Maria Cornélia (2014). Educação Ambiental e inclusão social: participação de crianças com deficiência visual em atividades de Educação Ambiental. REB 7 (2): 193-209.

MAZZOTA, Marcos José S. da. Fundamentos de Educação Especial. São Paulo: Livraria Pioneira, 1982.

RAIÇA, Darcy. Tecnologias para a Educação Inclusiva. Tecnologia e Educação Inclusiva. São Paulo: Avercamp, 2008.

Referências

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