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Educação Física: uma história nos Grupos Escolares de Juiz de Fora ( )

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Juiz de Fora (1907-1950)

Carlos Fernando Ferreira da Cunha JuniorMárcia Soares de Oliveira∗∗ Marina Fernandes Braga∗∗∗ Rafael de Souza Pereira∗∗∗∗

Resumo

Este estudo tem como objetivo investigar o processo de escolarização da Educação Física nos Grupos Escolares de Juiz de Fora. Para isso utilizamos informações relativas à Educação Física da época, dando ênfase em sua organização enquanto disciplina, os conteúdos, ao público que se destinava, aos critérios e formas de contratação de seus professores, às justificativas para sua presença no interior da escola.

Palavras-Chave: Educação Física; Higiene; Grupos Escolares.

Abstract

This study has as objective investigates the process of insertion of the physical education in the School Groups of Juiz de Fora. For that we used relative information to the physical education of the time, giving emphasis in your organization while it disciplines, the contents, to the public that it was destined, to the criteria and forms of your teachers' recruiting, to the justifications for your presence inside the school.

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Introdução

O presente trabalho faz parte das ações implementadas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação Física e do Esporte (GEPHEFE), organismo criado em 2002, vinculado à Faculdade de Educação Física e Desportos da UFJF, cadastrado junto ao Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.

Em meados de 2003, o GEPHEFE passou a contribuir com o projeto “O Estado e a Educação Básica em Juiz de Fora: Pioneirismo, Organização e Expansão”, desenvolvido pelo “Grupo de História da Educação – História Regional”, organismo ligado ao Núcleo de Estudos Sociais do Conhecimento e da Educação (NESCE), da Faculdade de Educação da UFJF. Tal projeto pretende estudar a história dos Grupos Escolares em Juiz de Fora, instituições que colocaram em prática renovadas idéias para a educação em nível primário nos anos posteriores e próximos à proclamação do regime republicano no país.

A abordagem do GEPHEFE sobre os Grupos Escolares de Juiz de Fora se volta para o estudo histórico das atividades corporais, ou seja, um conjunto de manifestações intra-escolares que indicam ou podem indicar as formas como foi concebida ao longo do tempo a escolarização e o seu papel na formação humana. Essas práticas podem bem estar assentadas na organização do tempo e do espaço escolares, como na própria manifestação corporal dos agentes escolares e chegando às manifestações corporais – autônomas ou tuteladas – dos alunos. Portanto, as atividades corporais escolares incluem e superam aquelas práticas ou atividades afeitas apenas à Educação Física: as brincadeiras e jogos dos recreios, as atividades artísticas, os trabalhos manuais, os castigos físicos, os hábitos de formar e se posicionar em sala de aula e outros.

A invenção dos Grupos Escolares

A escola primária tal como conhecemos hodiernamente - graduada, organizada num prédio com salas de aula e vários professores - é algo recente na história da educação brasileira. Este modelo de educação em nível primário foi organizado primeiramente no Estado de São Paulo, em 1893, e recebeu o nome de Grupo Escolar.

Durante o período imperial brasileiro, a instrução primária caracterizou-se pelo ensino particular (realizado no lar do aluno) e pelas escolas isoladas, ou seja, professores que em suas próprias casas ou em ambientes alugados ministravam a educação elementar a seu modo: estabeleciam os horários, os conteúdos e o tempo da aprendizagem dos alunos.

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civilizar e consolidar a ordem social, sendo necessário para tanto um modelo de ensino primário mais racional e padronizado que possibilitasse a universalização da instrução elementar.

O movimento de renovação da escola primária empreendido pelos primeiros governos republicanos teve um profundo significado político, social e cultural. Tratava-se não apenas de sua difusão no meio popular e da “democratização” do acesso à leitura e à escrita, mas da implantação de uma instituição educativa comprometida com os ideais da república e com as perspectivas de modernização da sociedade brasileira (Souza, 1998).

Nas palavras de Luciano Faria Filho (2000), o

crescente movimento em defesa da instrução como via de integração do povo à nação e ao mercado de trabalho assalariado, que se viu sobremaneira fortalecido com a proclamação da República e com a abolição do trabalho escravo, significou também um momento crucial de produção da necessidade de refundar a escola pública, uma vez que aquela que existia era identificada como atrasada e desorganizada. (p.30)

Os Grupos Escolares em Juiz de Fora

A iniciativa tomada por São Paulo em 1893, a criação do primeiro Grupo Escolar, serviu como modelo de ensino elementar para outras regiões do país. Em 1902, Estevam de Oliveira, Inspetor Técnico do Ensino de Minas Gerais, residente em Juiz de Fora, visitou a referida escola e ficou deslumbrado com o “espetáculo” de ordem, civismo, disciplina, seriedade e competência que disse ter observado naquela instituição de instrução primária (Faria Filho, 2000). Estevam de Oliveira passou a defender ardorosamente a adoção dos Grupos Escolares como a forma mais moderna e eficiente de organizar o ensino elementar em todo o Estado de Minas.

A adoção dos Grupos Escolares em Juiz de Fora era defendida não só como forma de organizar, mas de reinventar a própria escola, como observa Faria Filho (2000):

Reinventar a escola significava, dentre outras coisas, organizar o ensino, suas metodologias e conteúdos; formar, controlar e fiscalizar a professora; adequar espaços e tempos ao ensino, repensar a relação com as crianças, famílias e com a própria cidade” (p.31)

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Juiz de Fora faz parte desse contexto social e político, tendo como fator adicional sua proximidade e seu intercâmbio econômico e cultural com o Rio de Janeiro, o que fez a cidade ocupar um lugar singular em Minas Gerais até 1930. Como sustenta Christo (1994),

A abertura da estrada União e Indústria e da Estrada de Ferro Central do Brasil veio reforçar o convívio com o cosmopolitismo da cidade do Rio de Janeiro. E mais importante do que a distância física entre Juiz de Fora, Rio, Ouro Preto e posteriormente, Belo Horizonte, se coloca a natureza de sua urbanização. Enquanto as cidades barrocas se formam e se guiam pelos sinos das igrejas, a população de Juiz de Fora teve sua vida normatizada pelos apitos das fábricas de estilo neoclássico e o bater dos tamancos de seus operários de ambos os sexos e diversas nacionalidades. (Christo, 1994, p.10).

Nos anos próximos ao início do século XX, a cidade passou por um intenso processo de modernização patrocinado por fazendeiros e industriais que incluiu a esfera educacional. A educação/instrução contribuiria para a formação da elite, para a formação dos quadros burocráticos e também para a formação do trabalhador, do “povo miúdo”.

Destinado a atender essa última clientela, seria implementado em Minas Gerais, em Juiz de Fora, a partir de 1907, o modelo de ensino primário baseado nos Grupos Escolares defendido por Estevam de Oliveira e promovido pelo então Presidente do Estado, João Pinheiro. O Grupo Escolar apresentava a função social de formar “bons cidadãos” e, acima de tudo, “bons trabalhadores”, através da educação intelectual, moral e física. A escola estaria a serviço da fábrica, da indústria, fornecendo os saberes e os valores fundamentais ao futuro trabalhador: a escrita, a leitura, as operações matemáticas elementares, a disciplina, o respeito às normas e à hierarquia, o autocontrole e os bons hábitos de higiene.

No dia 4 de fevereiro de 1907 foi fundado em Juiz de Fora o Grupo Escolar José Rangel, na parte central do município. Meses depois outras instituições similares foram fundadas em diversos municípios e também em Juiz de Fora, compondo a rede do ensino primário no Estado de Minas Gerais. Ainda no ano de 1907 foi fundado, no mesmo prédio o Grupo Escolar Delfim Moreira e que em 1926 abrigou, também, o Grupo Escolar Estevam de Oliveira, compondo, então, os Grupos Centrais.

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As atividades corporais nos Grupos Escolares de Minas Gerais

Dentre as diversas possibilidades de estudo que os Grupos Escolares mineiros oferecem aos pesquisadores da História da Educação, a produção teórica tem destacado o tema dos saberes escolares, ou seja, os processos de introdução e desenvolvimento das cadeiras/disciplinas que compuseram as grades curriculares dessas instituições.

Tarcísio Mauro Vago e Eustáquia Salvadora de Souza (2003) demonstraram as possibilidades de pesquisa no que diz respeito ao estudo da história das atividades corporais nos Grupos Escolares - incluindo os de Juiz de Fora - e a riqueza das fontes que estão disponíveis para tanto: a legislação do ensino; os ofícios produzidos pela Secretaria do Interior e os que lhe foram enviados por diretores, inspetores e professores; relatórios de inspetores e diretores; atas de concursos para o provimento das cadeiras de Ginástica; atas de congregações; atas de exames prestados pelos alunos; mapas de matrículas e de freqüência; manuais de Ginástica; fotografias; jornais; dentre outros.

A maior parte dessas fontes encontra-se no Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte, mas o trabalho inicial desenvolvido pelo GEPHEFE demonstrou farta documentação existente sobre a história escolar das atividades corporais em arquivos de Juiz de Fora: Arquivo Municipal de Juiz de Fora, Arquivo Histórico da UFJF, Colégio Granbery, Instituto Histórico e Geográfico, Arquivos dos Grupos Escolares Delfim Moreira, José Rangel e Estevam de Oliveira, Instituto Teuto-Brasileiro (Cunha Junior et al, 2003).

Neste momento inicial do presente trabalho, as fontes examinadas foram: a Reforma de Ensino Público Primário e Normal em Minas de 1902, o Regulamento da Instrução Pública Primária e Normal de 1906, Programa do Ensino Público Primário no Estado de Minas Gerais, o jornal Correio da Tarde, os arquivos dos Grupos Escolares - a cima citados -, o Álbum do município de Juiz de Fora de 1915 e produções teóricas que abordam as atividades corporais em outras instituições de ensino de Minas Gerais.

Como defendemos anteriormente neste texto, nossa investigação sobre as atividades corporais vão além da disciplina Educação Física. E, se no caso desta, ainda são escassos os estudos históricos nos Grupos Escolares de Juiz de Fora, a situação se agrava quando consideramos outras manifestações corporais.

Pretendemos com esta comunicação divulgar os primeiros resultados de nossa pesquisa no que diz respeito ao processo de escolarização da Educação Física nos Grupos Centrais desta cidade.

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A higiene, de acordo com José G. Gondra (2004), era um “ramo da medicina dedicado à prevenção dos problemas sociais, em uma perspectiva preventista: fundamental era impedir que o mal e o vício se instalem”.

Os médicos higienistas defendiam a presença da higiene na educação, de modo a construir uma nova sociedade, uma “nova raça brasileira”. Para o sucesso de tal projeto era considerada de fundamental importância a criação dos Grupos Escolares, onde a higiene teria como algumas funções: o preparo de homens sadios e fortes, o desenvolvimento físico das crianças, a construção de mobiliários adaptados aos alunos e a construção de prédios escolares de modo a prevenirem moléstias.

Algumas destas medidas higiênicas seriam necessárias para obter um controle de epidemias, principalmente a tuberculose e, como percebemos através de documentos dos Grupos, problemas como a miopia e a escoliose. Os médicos higienistas acreditavam que a aglomeração de crianças nas escolas facilitaria o contágio com as doenças.

Como medida profilática, a higiene ditava uma completa modificação na estrutura escolar. De acordo com Tarcísio Mauro VAGO (2002):

Um planejamento arquitetônico minucioso, balizado por preceitos de teorias higienistas já consagradas na Europa, orientou a construção de prédios específicos para as praticas educativas, as quais deveriam obedecer às normas legais que determinavam programas de ensino, distribuição dos tempos destinados aos saberes autorizados, obediência aos preceitos higiênicos e aos valores morais preconizados, dentre outros. As relações entre higiene e grupos escolares foram estreitas em Juiz de Fora, assim como em outras regiões do país. Na cidade, localizamos o Código Sanitário, livro de Eduardo de Menezes (1911) que indicava a necessidade de uma ficha sanitária para determinar o “desenvolvimento físico” dos alunos:

Art. 8. º Será estabelecida a ficha sanitária compulsória para os alunnos das escolas e institutos de ensino e asylos municipais de menores.

Paragrapho 1.º A ficha sanitária será constituída por uma caderneta, na qyual serão inscriptos, alem do numero de ordem: nome, sexo, filiação, naturaliodade, residência, referencias de vaccinação, medidas anthropometricas e dados resultantes de exames physico-pathologico, psychico e outros que possam ser de utilidade.

Paragrapho 2.º A ficha sanitária consistira o historico sanitário do aluno e servira para julgar do desenvolvimento physico do mesmo.

Paragrapho 3.º Da ficha sanitária constarão as anotações seguintes: 1º. Peso, estatura, perímetro thoraxico e amplitude respiratória. 2º. Colrido da pelle e cicatrizes cutâneas.

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4º. Deformação do esqueleto (membros e columna vertebral). 5º. Conformalção do thorax e estado dos respectivos órgãos. 6º. Estado dos órgãos de phonação.

7º. Estado do apparelho digestivo e dos órgãos abdominaes. 8º. Estado dos órgãos de visão e audição.

9º. Dados psychicos. 10º. Observações.

De acordo com informações colhidas no relatório de Estevam de Oliveira (1902), bem como em documentação dos Grupos Escolares de Juiz de Fora, temos indícios que essas fichas foram realmente organizadas. É o caso do Grupo Delfim Moreira, como percebemos pela ata realizada em 2 de março de 19401:

tratando do conhecimento, tão perfeito quanto possível da criança; observou D. Maria do Ceo a necessidade de um exame psicológico retrospectivo de cada professora e também a realisação de um fichário do desenvolvimento físico e mental das crianças, principalmente das classes novatas.

Nesse novo contexto pensados pelos republicanos, a educação deveria atender à formação de um novo homem o qual, segundo MENEZES (1911), seria

por meio da educação physica, moral e intellectual das creanças, incutindo-lhes a convicção de que a sua educação tem por fim dar-lhes elementos de ação para o trabalho útil á si, á família, á sociedade e á pátria, em qualquer espécie ou forma de profissão.

Essa "educação physica", citada acima, de acordo com o art. 4º do Regulamento da Instrução Primária e Normal do Estado de Minas1 seria

realizada “não só por meio da gymnastica e exercícios espontaneos, como principalmente por meio dos trabalhos manuaes”. A "educação physica" não serviria somente para manter os corpos rijos e saudáveis, mas deveria preocupar-se com um conjunto harmonioso de regras higiênicas que “garantam a manutenção e a conservação physica e psychica (...) do homem” de acordo com MENEZES (1911, p.198).

A importância da "educação physica" já aparecia no próprio relatório de Estevam de Oliveira:

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primeiro corollario, o fortalecimento muscular das creanças na escola, fundamento primario da educação physica. (OLIVEIRA, 1902, p. 13). De acordo com o "Termo de visita do inspector téchinico da 5ª circumscrpição litteraria”1 encontrado no Livro de Registro para Visitas

Oficiais, e para Atas e Termos de Exames e Promoções do 1º Grupo de Juiz de Fora: 1907/1925, os Grupos Escolares de Juiz de Fora pareciam estar de acordo com o que os republicanos esperavam de uma instituição de ensino:

Aos 27, 28,29 e 31 dias do corrente mez esteve em visita official nestes institutos de ensino, na qualidade de inspector technico desta circumscripção litteraria, o Dr. Pedro Salazar Moscoso da Veiga Pessoa, que, acompanhado do diretor dos mesmos institutos, assistiu às diversas aulas de um e outro grupo: - Estive em visita nos dias supra indicados aos dois grupos escolares desta cidade, na qualidade de inspector technico do ensino, visitei diversas aulas, examinei cuidadosamente os livros da escripturação, percorri todas as dependencias do grandioso predio em que funccionam um e outro grupo, assistindo tambem aos exercicios e evoluções militares feitos pelos alumnos na hora apropriada; e, quer como autoridde escolar, quer como educador que tem sido há longos annos, me é summamente grato declarar, simplismente em homenagem à justiça e à verdade, que excedeu à minha expectativa a bôa organização e o admiravel funccionamento de um e outro grupo escolar.

Exercícios Physicos/Educação Física.

A “educação physica” seria contemplada nos Grupos Escolares por meio da ginástica, dos exercícios espontâneos e dos trabalhos manuais. No entanto, notamos que a ginástica/Educação Física era o dispositivo central que buscava transformar os corpos das crianças, representados como raquíticos e fracos, em desejados corpos sadios e fortes, aperfeiçoando, fortalecendo e aprimorando o físico e a saúde (VAGO, 2002).

Incluída no Programa de Ensino Primário (1906), a ginástica era recomendada diariamente, inclusive aos sábados, por 25 minutos, como recurso higiênico, já que os exercícios físicos estavam posicionados entre as demais disciplinas, com caráter de descanso dos trabalhos intelectuais.

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No dia 15 de Março de 1907, nesse mesmo jornal, notamos a presença de um militar ministrando exercícios:

O alferes José Machado Bragança, commandante do destacamento local, iniciou hontem, no grupo escolar, a aula de exercicios militares, com a primeira turma, composta de 40 alumnos.

Hoje houve novas lições, mostrando-se os seus discipulos grande contentamento.(CORREIO DA TARDE, 1907).

Este fato vem corroborar o que dizia a Reforma do Ensino de 1906, promulgada através do decreto n. 1.947, de 30 de Setembro, sobre um programa de “exercícios physicos” que autoriza a presença de militares para o ensino de exercícios.

Ainda sobre os ministrantes dessa disciplina, verificamos a presença de um aluno instruindo os demais, como consta no termo de visita de Estevão L. Magalhães Pinto1:

Tive por occasião de visita no dia 4 de março de 1909 este estabelecimento de ensino, de (termo ilegível) e de assistir algumas lições de cada uma das aulas do turno da manhã, bem como os trabalhos do curso technico e exercicios militares de uma turma de alumnos, sob o mando de um dos próprios alumnos, que é o instructor... (p.15).

Com a introdução da prática de ginástica/exercícios físicos nas escolas normais, o professorado passaria a se aperfeiçoar e a se preparar nesta disciplina, necessária para o magistério. De acordo com VAGO (In NETO, 1999,p.52).

Assim com os corpos conformados e disciplinados, professores e professoras estariam prontos para a tarefa de conformação dos corpos das crianças, meninos e meninas, que estavam na escola..

No Livro de Registro Funcional (1912-1960), localizamos o primeiro registro de professora regente da cadeira de Educação Física no ano de 1925. Ainda neste livro foram encontrados mais quatro registros de professoras desta mesma disciplina. Uma destas foi comissionada em 1933, para fazer o curso Intensivo de Educação Física na Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, cujo objetivo era “dar aos professores primários uma técnica moderna de ensino” (MOURÃO, 1962, p.425). Em outro livro, duas dessas professoras assinaram uma das atas das reuniões de leitura dos Grupos Centrais1.

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Considerações Finais

Sabemos que a Educação Física era um instrumento importante para os médicos higienistas que buscavam disseminar os preceitos higiênicos em toda a sociedade, onde a escola seria um ponto importante. Em Juiz de Fora, Dr. Eduardo de Menezes, diretor de higiene desta cidade e membro da Academia Nacional de Medicina, destacou-se por escrever um código sanitário que continha informações sobre a higiene dentro do ambiente escolar. Desta maneira, o investimento higienista materializou-se por meio das disciplinas escolares, principalmente da Educação Física.

Referencias Bibliográficas

CHRISTO, Maraliz de Castro Vieira. A Europa dos Pobres: Juiz de Fora na Belle-Époque mineira. Juiz de Fora: EDUFJF, 1994.

CORREIO DA TARDE, Jornal. Juiz de Fora: Ano I, nº 213, 257, 263, 270; 1907. CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando F. da et. al. História da Educação Física, do Esporte e do Lazer em Juiz de Fora: Ações do Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação Física e do Esporte (GEPHEFE). XIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte. Anais... Campinas, CBCE, 2003.

FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Dos pardieiros aos palácios: cultura escolar em Belo Horizonte na Primeira República. Passo Fundo: UPF, 2000.

GONDRA, José G. Combater a "Poética Pallidez": a questão da higienização dos corpos. In: Perspectiva, Florianópolis, v. 22, n. Especial, p. 121-161, 2004.

GRUPOS CENTRAIS. Livro dos registros das atas das reuniões de “leitura” – Grupos Centrais. 1931-1937. (Arquivos do NESCE/FACED/UFJF)

GRUPO ESCOLAR DELFIM MOREIRA. Atas da Reunião de Leitura Grupo Delfim Moreira 1938-1941. (Arquivos do NESCE/FACED/UFJF)

GRUPO ESCOLAR JOSÉ RANGEL. Livro de Registro para Visitas Oficiais, e para Atas e Termos de Exames e Promoções do 1º GRUPO DE JUIZ DE FORA:1907 - 1925. (Arquivos do NESCE/FACED/UFJF)

GRUPO ESCOLAR JOSÉ RANGEL. Registro funcional dos professores do Grupo José Rangel. 1912 - 1960. (Arquivos do NESCE/FACED/UFJF)

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MENEZES, Eduardo de. Cidade Salubre: Codigo sanitario fundamentado e justificado, feito para a cidade e municipio de Juiz de Fóra. Juiz de Fora, Typographia Brazil, 1911.

MINAS GERAIS. Regulamento da Instrução Primária e Normal do Estado de Minas. Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1906.

MINAS GERAIS. Programa do Ensino Público Primário no Estado de Minas. Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1907.

OLIVEIRA, Estevam. Reforma do ensino público primário e normal de Minas. Belo Horizonte: Imprensa Oficial: 1902.

SOUSA, Eustáquia Salvadora de. Meninos, à marcha! Meninas, à sombra!: a história do ensino da Educação Física em Belo Horizonte (1897-1994). Tese de doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Estadual de Campinas, 1994.

SOUZA, Rosa Fátima de. Espaço da Educação e da Civilização: Origens dos Grupos Escolares no Brasil. In: SOUZA, Rosa Fátima de, VALDEMARIN, Vera Teresa, ALMEIDA, Jane Soares (Orgs.). O Legado Educacional do Século XIX. Araraquara: UNESP, 1998.

VAGO, Tarcísio Mauro. Estratégias de Formação de Professores de Gymnastica em Minas Gerais na Década de 1920: Produzindo o especialista. In: NETO, Amarílio Ferreira (org.). Pesquisa histórica na educação física. Aracruz, ES: FACHA, 1999.

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