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AVALIAÇÃO DA SAÚDE OCUPACIONAL DOS GARIS DE HIDROLÂNDIA, GOIÁS.

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AVALIAÇÃO DA SAÚDE OCUPACIONAL DOS GARIS DE

HIDROLÂNDIA, GOIÁS.

Germano Augusto de Oliveira1, Harlen Inácio dos Santos2

RESUMO

Esta pesquisa tem o objetivo de avaliar os problemas da saúde ocupacional dos garis da cidade de Hidrolândia, que estão sendo assistidos em um modelo de desenvolvimento, no qual a saúde e a segurança do colaborador, nem sempre é objeto de preocupação da Administração Pública. Nesse sentido, o trabalho foi desenvolvido com aplicação de questionário que envolve possíveis riscos socioambientais e avaliação em campo. Após a execução da pesquisa pôde-se então, identificar diversos riscos que os colaboradores da limpeza pública estão sujeitos por falta de uma estrutura de segurança adequada. Por meio desses estudos, a pesquisa sugere medidas e recomendações para melhoria quanto à saúde humana e social da categoria.

Palavras-chaves: Saúde Ocupacional, Garis e Segurança do Trabalho.

ABSTRACT

This research has the objective to evaluate the problems of the occupational health of garbage workers of Hidrolândia, that are being attended in a model of development which the health and the security of the worker not always is object of concern of the public administration. In this direction, the work was developed with a questionnaire application that involves possible partner-ambient risks and assessment. After the execution of the research, we could identify many risks that the garbage workers are being subject because of the lack of a structure of adequate security. Through this study, the research it suggest what has to be done and the recommendations for the improvement of the human health and social of the class.

Keywords: Occupational health, Garbage workers and Workers security.

1

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1 INTRODUÇÃO

A produção de resíduos sólidos urbanos vem crescendo nas últimas décadas principalmente pelo aumento do consumo de produtos industrializados e pela proliferação dos “descartáveis” que fazem parte dos costumes ocidentais, que são responsáveis pela geração de imensas quantidades de resíduos, transformando-os em um dos maiores problemas da sociedade moderna (ABEQ, 2001).

Os principais problemas gerados pela disposição inadequada dos resíduos se relacionam à saúde pública e a degradação ambiental. Os resíduos sólidos urbanos, ou lixos orgânicos e inorgânicos são acumulados de forma contínua no ambiente, isso favorece a proliferação de animais transmissores de doenças como moscas, ratos e baratas. Tudo que ameaçam a população, a degradação pela ação conjunta de mecanismos físicos, químicos e biológicos, resultando em vetores de poluição, como a contaminação de águas subterrâneas e superficiais (IDEC, 2001).

Embora não existam dúvidas sobre a importância da atividade de limpeza urbana para o meio ambiente e para saúde da comunidade, esta percepção não tem sido traduzida em ações efetivas quando se diz respeito a mudanças quantitativas e qualitativas na situação de segurança e saúde dos colaboradores da limpeza pública. Particularmente, as funções de garis e coletores de lixo municipal, que todos os dias estes profissionais percorrem ruas e bairros da cidade, expondo sua vida e sua saúde a diversos riscos, enfrentando as mais variadas situações, que vão desde mordida de cães a cortes em mãos ou pés ocasionadas pela má postura dos usuários. Enfim, seu trabalho afeta diretamente a sua saúde, devido às condições inadequadas e pelas atividades que são realizadas em céu aberto, bem como pela falta de orientação quanto à segurança no serviço diário.

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2 OBJETIVOS

Esta pesquisa tem o objetivo de identificar e avaliar a saúde ocupacional dos garis e coletores de lixo através de um questionário estruturado sobre os riscos socioambientais3. Cada colaborador da limpeza pública respondeu as questões objetivas e também os relatórios de campo sobre a existência de equipamentos de proteção individual (EPI’s). A partir das discussões e resultados da pesquisa iremos sugerir medidas e recomendações para melhorar a saúde humana e social dos profissionais.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Até o início do século passado, o lixo gerado – restos de comida, excrementos de animais e outros materiais orgânicos, reintegravam-se aos ciclos naturais e serviam como adubo para agricultura. Porém, com a industrialização e a concentração da população nas grandes cidades, o lixo foi se tornando um problema. A sociedade moderna rompeu os ciclos da natureza. Por um lado, extraímos mais e mais matérias primas e por outro, facultamos o crescimento de montanhas de lixo. E como todo esse rejeito não retorna ao ciclo natural, transformando-se em novas matérias-primas, pode-se tornar uma perigosa fonte de contaminação para o meio ambiente ou proliferação de doenças (IDEC, 2001).

Tanto a forma de ocupação do solo, quanto o crescimento populacional causam impacto direto nas políticas de coleta, processamento e destinação final do lixo. Enquanto a forma de ocupação territorial seguir dificultando o acesso da população aos serviços de coleta do lixo e modificando o custo de transporte dos resíduos coletados, o aumento populacional será superior à quantidade de lixo produzida, significando maior custo para manutenção dos serviços (GUIZARD, 2005).

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Dentre as soluções convencionais, os lixões continuam sendo ainda a opção mais utilizada. Apesar dos graves prejuízos que trazem ao meio ambiente, à saúde e a qualidade de vida da população. Já a coleta seletiva, reciclagem de entulho e compostagem simplificada, embora sejam mais complexas do ponto de vista da sua operacionalização, conseguem incorporar questões mais amplas como preocupação com a perspectiva de gênero, emprego e renda, parcerias com outros setores governamentais e com a sociedade civil (ABEQ, 2001).

No entanto, existem poucos estudos epidemiológicos sobre a saúde dos colaboradores dos sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos municipais, mesmo nos países desenvolvidos. Apesar disso, algumas populações podem ser identificadas como suscetíveis de serem afetadas pelas questões ambientais, com redução da qualidade de vida e ampliação dos problemas de saúde. A primeira população a ser considerada é aquela que não dispõe de coleta domiciliar regular e que, ao desfazer-se dos resíduos produzidos, os lançam no entorno da área em que vivem, gerando um meio ambiente deteriorado com presença de fumaça, mau cheiro, vetores transmissores de doenças, animais que se alimentam dos restos, numa convivência promíscua e deletéria para saúde (RUBERG & PHILIPPI JR., 1999).

Os colaboradores, diretamente envolvidos com os processos de manuseio, transporte e destinação final dos resíduos, formam uma população exposta. A exposição se dá, notoriamente, pelos riscos de acidentes de trabalho provocados pela ausência de treinamento, pela falta de condições adequadas de trabalho e pela escassez de tecnologia utilizada à realidade dos países em desenvolvimento. Os riscos de contaminação pelo contato direto e mais próximo do instante da geração do resíduo, têm maiores probabilidades de presença ativa de microrganismos infecciosos (FERREIRA, 1997; VELLOSO et al., 1997).

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Segundo Velloso (1995), estudando os riscos sócio–ambientais mais freqüentes nos resíduos sólidos urbanos e nos processos dos sistemas de seu gerenciamento, foi possível encontrar em sua pesquisa quatro agentes que são capazes de interferir na saúde humana e no meio ambiente, definidos como:

a) Agentes físicos

O odor emanado dos resíduos pode causar mal-estar, cefaléias e náuseas em trabalhadores e pessoas que se encontrem próximas aos equipamentos de coleta ou de sistemas de manuseio, transporte e destinação final. Ruídos em excesso, durante as operações de gerenciamento dos resíduos, podem promover a perda parcial ou permanente da audição, cefaléia, tensão nervosa, estresse e hipertensão arterial, assim como, a exposição ao sol sem o uso do protetor solar pode ocasionar doenças relacionadas a pele (câncer de pele e queimaduras). A poeira que pode ser responsável por desconforto e perda momentânea da visão, e por problemas respiratórios e pulmonares.

b) Agentes químicos

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c) Agentes biológicos

Os agentes biológicos presentes nos resíduos sólidos podem ser responsáveis pela transmissão direta e indireta de doenças. Microrganismos patogênicos ocorrem nos resíduos sólidos municipais mediante a presença de lenços de papel, curativos, fraldas descartáveis, papel higiênico, absorventes, agulhas, seringas descartáveis e camisinhas, originados da população, dos resíduos de pequenas clínicas, farmácias e laboratórios e, na maioria dos casos, dos resíduos hospitalares, misturados aos resíduos domiciliares.

d) Agentes Acidentais/ocupacionais

A saúde do colaborador envolvido nos processos de operação do sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos municipais está relacionada não só aos riscos ocupacionais inerentes aos processos, mas também às suas condições de vida (ANJOS et al., 2000; VELLOSO, 1995). Nos países latino-americanos não existem dados e informações sistematizados sobre acidentes de trabalho. Quanto a doenças relacionadas ao trabalho com resíduos sólidos municipais, as informações praticamente são inexistentes (FERREIRA, 1997).

Os riscos de acidentes e de agravos à saúde dependem da atividade exercida pelo colaborador. Alguns dos acidentes mais freqüentes entre colaboradores que manuseiam diretamente os resíduos sólidos municipais (FERREIRA, 1997; VELLOSO et al., 1997) são descritos a seguir:

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braços e pernas.

• Cortes e perfurações com outros objetos pontiagudos: espinhos, pregos, agulhas de seringas e espetos são responsáveis por corriqueiros acidentes envolvendo colaboradores. Os motivos são semelhantes aos do item anterior.

• Queda do veículo: a natureza dos trabalhos no sistema de limpeza urbana, em especial na coleta domiciliar e operações especiais de limpeza de logradouros, acaba por obrigar o transporte dos colaboradores nos mesmos veículos utilizados para a coleta e transporte dos resíduos. Isso faz com que as quedas de veículos sejam comuns. Dois aspectos são importantes como causas destes acidentes (muitos dos quais fatais): a inadequação dos veículos para tal transporte, onde o exemplo maior é o veículo de coleta em que os trabalhadores são transportados dependurados no estribo traseiro, sem nenhuma proteção (os veículos de coleta são construídos com base na tecnologia dos países desenvolvidos, onde a coleta é realizada por guarnições de no máximo dois homens, que viajam na cabine junto com o motorista) (ROBAZZI et al., 1992).

• Atropelamentos: a eles estão expostos tanto os colaboradores da coleta domiciliar e limpeza de logradouros como os trabalhadores de locais de transferência e destinação final dos resíduos. Além dos riscos inerentes à atividade, contribuem para os atropelamentos a sobrecarga e a velocidade de trabalho a que estão sujeitos os trabalhadores e o pouco respeito que os motoristas em geral têm para os limites e regras estabelecidas para o trânsito. Também deve ser lembrada a ausência de uniformes adequados (roupas visíveis, sapatos resistentes e antiderrapantes) como um fator de agravamento dos riscos de atropelamento.

• Outros: ferimentos e perdas de membros por prensagem em equipamentos de compactação e outras máquinas, mordidas de animais (cães, ratos) e picadas de formigas também fazem parte da relação de acidentes com resíduos sólidos municipais.

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Além disso, entende-se que as condições de trabalho devem ser consideradas de “forma mais integrada e global, onde as cargas de trabalho são determinadas por fatores relativos ao processo de trabalho – a organização do trabalho e as condições ambientais; e por fatores relativos ao indivíduo – sexo, idade e condições de inserção na produção, nível de aprendizagem, condições de vida, estado de saúde física e emocional, motivação e interesse” (MATTOS, 1992).

Um aspecto praticamente ainda não estudado é o da carga fisiológica de trabalho que as várias atividades desempenhadas pelos colaboradores dos sistemas de limpeza urbana representam para o ser humano e o desgaste que podem provocar. A interação destes fatores com a exposição ocupacional pode aumentar o risco dos colaboradores(ANJOS & FERREIRA, 2000). Na coleta domiciliar, por exemplo, as características do processo de trabalho podem determinar hábitos alimentares bastante irregulares para os garis (tanto com relação ao horário como com relação à qualidade do alimento ingerido) que, associados a outros hábitos como o tabagismo e o consumo de álcool, podem ter efeitos deletérios à sua saúde, bem como ampliar os riscos de acidentes.

Com relação a doenças ocupacionais relacionadas às atividades com resíduos sólidos municipais, as micoses são comuns, aparecendo mais freqüentemente nas mãos e pés, onde as luvas e calçados estabelecem condições favoráveis para o desenvolvimento de microrganismos. Índices relativamente altos de doenças coronarianas e hipertensão arterial têm sido detectadas entre colaboradores da limpeza urbana (principalmente entre colaboradores da coleta domiciliar). Velloso (1995) em sua pesquisa relacionada a doenças ocupacionais encontrou 6,5% de hipertensão arterial e 2,2% de doenças coronarianas; e ANJOS et al. (2000) encontraram 46% com algum grau de hipertensão arterial, dos quais 20% com sintomas moderados ou severos, nos colaboradores da coleta domiciliar em uma gerência do Município do Rio de Janeiro.

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No Brasil, observa-se uma grande dificuldade em estabelecer uma real taxa de freqüência e de gravidade dos acidentes, e até mesmo de identificar quantos estabelecimentos hospitalares possuem em seus quadros os Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). As ações de Vigilância, Segurança e Saúde do Trabalhador, no âmbito dos estabelecimentos de saúde, encontram-se como em outros ramos de atividade, em fase de desenvolvimento, onde se detectam alguns estabelecimentos com serviços bem estruturados, outros somente para cumprir preceitos legais e outros onde eles não existem (TAKADA, 2003).

4 METODOLOGIA

A metodologia de estudo de caso pode ser detalhada da seguinte forma:

• levantamento do espaço amostral por meio da Administração Pública em seguida implantação de questionário individual4 nos quais os autores ficaram encarregados da elaboração e aplicação e também da observação “in loco” de indicadores que venham a comprometer a saúde ocupacional e a segurança dos colaboradores da limpeza pública;

• avaliação por meio de questionário explorando os riscos individuais e ocupacionais a partir da data de admissão ao cargo de gari e também observando durante a entrevista informações que possam chegar a um resultado satisfatório à saúde pública, além de definir melhorias ao Departamento de Limpeza Pública;

• definição de melhorias à saúde ocupacional dos garis através dos dados obtidos e a interpretação das falhas dos colaboradores conforme figuras e tabelas e;

• sugestão de medidas e recomendações de melhorias a saúde humana e social dos colaboradores através da categorização dos tipos de riscos (biológicos, físicos, químicos, ocupacionais/acidentais e sociais) observados.

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A Figura 1 representa o fluxograma das etapas de desenvolvimento do trabalho:

Figura 1: Fluxograma das etapas de desenvolvimento do trabalho

O município de Hidrolândia possui uma área total de 1.027,25 km² (PREF. MUNICIPAL DE HIDROLÂNDIA, 2006) e faz parte da região metropolitana de Goiânia, localizada na porção central do Estado de Goiás, abrigando uma população de 14860 habitantes dos quais 13086 encontram-se na área urbana, com uma taxa de urbanização de 88,06 % (IBGE, 2000). O município apresenta diferentes realidades nas diversas regiões da cidade, fruto de um padrão de crescimento urbano que se processou sob os auspícios dos interesses do capital agroindustrial e aliado às várias frações do capital agropastoril.

A Quadro 1 mostra como foi aplicado o modelo de questionário individual para melhor dimensionamento e elaboração dos gráficos e, consequentemente classificação das respostas dos entrevistados de acordo com os riscos obtidos.

Quadro 1: Modelo de questionário individual.

RISCOS CLASSIFICAÇÃO SOCIOAMBIENTAIS A - Tipos de Doenças 1 2 3 4 BIOLÓGICOS B - Atestados Médicos 1 2 3 4 C - Odor ao Lixo 1 2 3 4 FÍSICOS D - Incômodo ao Serviço 1 2 3 4 QUÍMICOS E - Ferimento 1 2 3 4 F - Objetos Cortantes 1 2 3 4 OCUPACIONAIS/

ACIDENTAIS G - Rotina Diária 1 2 3 4

SOCIAL H - Percepção Social 1 2 3 4

Levantamento do espaço amostral.

Recomendação de melhorias a saúde socioambiental dos colaboradores. Definição de melhorias à saúde

ocupacional dos garis. Tabulação e Correlação dos

dados obtidos na pesquisa. Avaliação por meio de questionário

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A política de limpeza urbana é toda coordenada pela Administração Pública Municipal, reduzida à coleta de resíduos domésticos e à varrição de ruas da cidade, serviços esses feitos em dias não definidos e no itinerário diurno, ou seja, sazonalmente durante o mês e todos os dias das 7 horas às 16hs, respectivamente, assim formados num total de 22 garis, sendo que 05 estão de licença/atestados ou férias e 01 surdo e mudo, totalizando 16 entrevistados. Ainda, a cidade conta com 02 caminhões de coleta de lixo (sendo, 01 caminhão compactador 5 ton. e 01 de carroceria aberta) (PREFEITURA MUNICIPAL HIDROLÂNDIA, 2006).

Neste contexto, desde 2002, o Departamento de Limpeza Pública desapropriou uma área para a disposição de seus resíduos urbanos, um lixão a céu aberto, situada a 4 km do núcleo urbano, às margens da estrada vicinal que dá acesso ao distrito de Oloana, em uma situação que é progressiva, já que o município possui um plano diretor recente e ainda não dispõe de uma conduta de gerenciamento desses resíduos. Tudo isso pode gerar impactos e degradação ambiental, poluindo o solo, o ar e os recursos hídricos superficiais e subterrâneos da região. Após a avaliação de campo e a aplicação do questionário foram observados os resultados descritos a seguir:

Na avaliação de campo a não-conformidade na utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) foi evidente, em decorrência da Administração Pública disponibilizar apenas quando necessário, uniformes, bonés (com logomarca da gestão atual) e luvas. Os calçados antiderrapantes, máscaras e coletes sinalizadores nunca foram adotados por nenhum gestor municipal, assim os garis ficam sujeitos a riscos diversos e a morbidade coletiva.

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Para diminuir esses casos, a sugestão seria adotar a Norma Regulamentadora – NR4, que trata de Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, que estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho, embasados juridicamente pelo artigo 162 da Consolidação de Leis Trabalhistas – CLT (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2007).

13%

6%

75%

6%

Gripes Diarréias Dermatites Coluna e Braços

Figura 2. Doenças adquiridas pelos garis.

Nota-se na Figura 3 uma igualdade em 31% entre garis que utilizam de 2 a 4 vezes/ano e aqueles que nunca utilizaram atestados médicos. Isso se deve pelo relato de que alguns entrevistados utilizam o atestado médico para o uso próprio e outros com o pretexto de levar suas crianças ao médico, já que existe um grande número de mães que fizeram parte da amostra de entrevistados.

(13)

31%

25%

31%

13%

Nunca utilizei 1 vez /ano

2 a 4 vezes/ano Acima de 5 vezes/ano

Figura 3. Quantidade de atestados médicos durante o ano.

Nos riscos químicos foi observado que nunca houve ferimento dos garis por produtos químicos, ou seja, 100% nunca sofreram quaisquer tipos de acidentes com esse tipo de produto durante o manuseio e/ou transporte do mesmo. Isso se deve pelo fato de tratar de características de lixo urbano e conseqüentemente, possuírem insignificantes volumes de resíduos químicos.

Na identificação dos problemas decorrentes da inalação de odor dos resíduos coletados, observa-se na Figura 4 que, 56% dos entrevistados estão acostumados com o mal cheiro do lixo e que no início do serviço 25% sentiam ou ainda sentem cefaléias diárias.

56%

13%

25%

6%

Nada, já acostumei Mal-estar Cefaléias Náuseas

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No contato diário com resíduos e outros fatores físicos durante o serviço, pôde-se observar na Figura 5 que, 37% dos trabalhadores da limpeza pública se sentem incomodados com os particulados suspensos no ar, especialmente com as poeiras inspiradas, pois podem causar problemas ao trato respiratório, e outros 25% têm a visão prejudicada.

25%

13%

25%

37%

Não há incômodo Odor Poeira (olhos) Poeira (nariz)

Figura 5. Incômodos diários em serviço.

Durante o manuseio e o transporte dos resíduos diários foi observada na Figura 6 a freqüência que o entrevistado se acidenta com objetos cortantes ou perfurocortante e notou que 74% dos entrevistados nunca tiveram qualquer tipo de acidente dessa natureza. Pode se dizer isto, pelo fato de todos eles terem contato indireto com o objeto cortante, manuseando por meio de pás, vassouras e/ou carrinho para coleta.

74%

13%

13%

0%

Nunca Sim, 1 vez/mês

1 vez/semana Acima de 3 vezes/ semana

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Na identificação dos riscos ocupacionais diários foi perguntado ao entrevistado quanto à ergonomia durante o tempo de serviço. Observou-se conforme Figura 7 que, 69% dos entrevistados têm algum problema de má postura relacionado ao equipamento de uso diário (carrinho, pá e/ou vassouras), ou seja, 11 garis num total de 16. Isso se deve ao fato das ferramentas serem inadequadas à estatura dos garis e a posição incorreta de varrição ou coleta diária.

Nota-se, que não está em conformidade com o que prevê a Norma Regulamentadora – NR17, que visa estabelecer parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às condições psicofisiológicas, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente dos colaboradores, embasados juridicamente pelos artigos 198 e 199 da Consolidação de Leis Trabalhistas – CLT (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2007).

69%

0%

31%

0%

Má postura Quedas

Não há má postura Atropelamentos

Figura 7. Riscos ocupacionais diários.

(16)

56%

0%

6%

38%

Gostam do que fazem Indiferente

Pouco discriminado Muito discriminado

Figura 8. Percepção social do serviço de gari.

Na Figura 9, após pesquisa em campo nota-se que 16 entrevistados, ou seja, 100% não utilizam coletes sinalizadores e também se observa a inadequação quanto ao restante dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), na utilização diária pelos colaboradores de limpeza pública. Isto se deve pela má conduta da gestão do Departamento de Limpeza Pública que não fornece com freqüência os equipamentos adequados a seus colaboradores e/ou a desobediência dos garis quando é fornecido.

Estando em desacordo com as normas regulamentadoras (NR’s), em particular as NR6 e NR26, que prevê a obrigatoriedade de fornecimento de EPI’s a seus empregados sempre que as condições de trabalho o exigir e a sinalização de segurança nos ambientes de trabalho, embasados juridicamente pelos artigos 166, 167 e 200 da CLT, respectivamente (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2007).

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 N º d e ga ri s en tr evi st a d o s

Calçados Luvas Bonés Col. Sinalizadores Uniformes

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O espaço amostral para este trabalho foi insuficiente para uma correlação confiável e consistente entre saúde ocupacional e segurança do trabalho, em função do quantitativo entrevistado, capacidade de auto-avaliação e carência de dados no universo de possíveis doenças adquiridas ao longo do tempo de serviço.

Observou-se então, um acentuado risco à saúde dos garis de Hidrolândia devido à falta de instrumentos que auxiliam na melhoria da qualidade coletiva e na otimização dos serviços prestados.

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REFERÊNCIAS

ABEQ, Associação Brasileira de Engenharia Química. Lixão afeta meio ambiente em

todo o estado de Alagoas, 2001. Disponível em: <http://www.abeq.org.br> Acesso em:

set.2006.

ANJOS, L. A. & FERREIRA, J. A. A avaliação da carga fisiológica de trabalho na

legislação brasileira deve ser revista! O caso da coleta de lixo domiciliar. Cadernos de Saúde Pública, 16:785-790, 2000.

FERREIRA, J. A. Lixo Hospitalar e Domiciliar: Semelhanças e Diferenças – Estudo de Caso no Município do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, 1997.

GUIZARD, J.B.R. Aterro sanitário de Limeira: diagnóstico ambiental, 2005. Disponível em: <http://www.unipinhal.edu.br> Acesso em: set.2006.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de dados, 2000. Disponível em <http://www.ibge.gov.br> Acesso em: mai.2007.

IDEC, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Lixo: um grave problema do

mundo moderno, 2001. Disponível em: http://www.idec.org.br/biblioteca/mcs_lixo.

Acesso em: set.2006.

MATTOS, U. A. O. Introdução ao Estudo da Questão Saúde e Trabalho. Rio de Janeiro: Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, 1992.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Segurança e Saúde no Trabalho. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/seg_sau/default.asp> Acesso em: mai.2007. PREFEITURA MUNICIPAL DE HIDROLÂNDIA. Departamento de Limpeza e

Obras. Coleta de dados: out.2006.

ROBAZZI, M. L. C.; MORIYA, T. M.; FÁVERO, M. & PINTO, P. H. D. Algumas

considerações sobre o trabalho dos coletores de lixo. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 20:34-40, 1992.

RUBERG, C. & PHILIPPI Jr., A. O Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Domiciliares: Problemas e Soluções – Um Estudo de Caso. In: 20o Congresso

Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Anais, CD-ROM III. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1999.

TAKADA, A.C.S. O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde e o

Direito do Trabalhador. Monografia Final de Curso, Brasília: Escola Nacional de

Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

VELLOSO, M. P. Processo de Trabalho da Coleta de Lixo Domiciliar da Cidade do

Rio de Janeiro: Percepção e Vivência dos Trabalhadores. Dissertação de Mestrado,

Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, 1995. VELLOSO, M. P.; SANTOS, E. M. & ANJOS, L. A. Processo de trabalho e acidentes

de trabalho em coletores de lixo domiciliar na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.

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ANEXO 1: Questionário

PESQUISA SOCIOAMBIENTAL DA SAÚDE OCUPACIONAL DOS GARIS DE HIDROLÂNDIA-GO

ENTREVISTADO:

IDADE: DT. ADMISSÃO: ITINERÁRIO:

RISCOS BIOLÓGICOS

a) O Senhor(a) já teve algum tipo de doença, como:

1- Gripes 2- Diarréia 3- Dermatites 4- Coluna e Braços (Osteomuscular) b) Qual foi a freqüência que o Senhor(a) utilizou atestados médicos para a ausência ao serviço:

1-Nunca 2- Uma vez/ ano 3- De 2 a 4 vezes/ ano 4- Acima de 5 vezes/ ano

RISCOS FÍSICOS

b) Quanto ao odor do resíduo no momento do manuseio e transporte, costuma sentir:

1- Sinto bem, estou acostumado 2- Mal-estar 3- Cefaléias 4- Náuseas c) O que mais te incomoda no dia a dia de trabalho?

1- Não há incômodo 2- Odor 3- Poeira (olhos) 4- Poeira (Nariz)

RISCOS QUÍMICOS

d) Já se feriu ou houve algum tipo de desconforto no manuseio ou transporte de:

™ Pilhas, baterias, óleos e graxas, solventes, tintas, remédios e outros.

1- Nunca 2- Raramente 3- Poucas vezes 4- Freqüentemente

RISCOS OCUPACIONAIS E ACIDENTAIS

e) Ao manusear ou transportar os resíduos diários, já houve acidentes:

™ Cortes com vidros, materiais perfurocortantes ou pontiagudos.

1-Nunca 2- Sim, 1 vez/ mês 3- 1 vez/ semana 4- 3 ou mais vezes/ semana f) Na rotina diária já houve:

1- Má postura ao equipamento 2- Quedas 3- Ferimentos 4- Atropelamento

RISCOS SOCIAIS

g) Qual é a percepção do serviço do Senhor(a) em relação a sociedade:

Referências

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