Modelamento Matemático da Mina Pequizão em
Crixás GO
AUTOR: MARCELO PEREIRA DE CAMPOS
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA UFOP
C198m Campos, Marcelo Pereira de.
Modelamento matemático da Mina Pequizão em Crixás GO [manuscrito] / Marcelo Pereira de Campos. - 2015.
161f.: il.: color; grafs; tabs.
Orientador: Prof. Dr. André Pacheco de Assis.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Nucleo de Geotecnia da UFOP. Mineração.
Área de Concentração: Modelagem Computacional.
1. Modelagem geológica. 2. Método dos elementos finitos. 3. Layout. I. Assis, André Pacheco de. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Titulo.
CDU: 551.243
ii
iii
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Gabriel Campos,
Homem inteligente e trabalhador, exemplo para toda à família. Começou a trabalhar cedo em
Bambuí e antes de completar 18 anos foi para Belo Horizonte em busca de mais
oportunidades, em poucos anos se estabeleceu e trouxe sua esposa, irmãos e cunhados para
trabalhar com ele. Infelizmente sua passagem por essa vida foi muito curta, e apesar de ter ido
iv
AGRADECIMENTOS
Esse trabalho se deve muito ao apoio de muitas pessoas que de alguma forma contribuíram de
forma direta ou indireta na sua realização, contudo algumas merecem ser lembradas.
A toda minha família, em especial aos meus avos pelas novenas, a minha mãe e ao meu pai por
sempre exigirem o melhor de mim e aos meus anjos da guarda que nunca me abandonaram.
A minha querida esposa Daiane, pelo amor e dedicação em todos os momentos.
Aos meus filhos, o incansável Guilherme e o Matheus que está chegando, por me darem
motivação de querer sempre mais.
Aos companheiros e amigos geotécnicos, Gerson, Diogo, Túlio, Gustavo e Davi pelo bom
ambiente de trabalho e amizade.
Aos colegas de trabalho da Mina Cuiabá pelas discussões sobre modelamento e afins.
Aos professores do NUGEO, que contribuíram para meu crescimento técnico, em especial aos
professores Romero Cesar, Rodrigo Figueiredo e André Assis pela qualidade de suas aulas e
pela orientação na realização desse trabalho.
Aos gerentes Edijarbas, Diogo e Ricardo, os quais sempre me apoiaram e permitiram a
realização desse trabalho.
Ao companheiro de trabalho Físico e Engenheiro de Minas Roberto Hugo, cm quem tive o
privilégio de trabalhar no início de minha vida profissional e a infelicidade de perder em um
v
RESUMO
Nesta dissertação, o layout de lavra e desenvolvimento, aplicáveis aos ambientes de
mineração subterrânea de ouro na Mina Pequizão, Brasil, são avaliados por meio de
Modelagem Numérica Bidimensional, a partir do Método de Elementos Finitos, implementado
em Phase2. Para isso, são definidas a propriedades do maciço rochoso que subsidiam a
avaliação de instabilidade das múltiplas variantes do método sublevel-stoping e open-stoping.
Dessa forma pretende-se testar as condicionantes de projeto do layout (arranjo) atual,
segundo princípios e critérios estabelecidos. Determinam-se as condições de instabilidade nas
galerias de desenvolvimento, nos pilares tipo sill-pillar e no hangingwall dos realces. As
análises matemáticas consideram as características mecânicas do maciço rochoso, incluindo a
geometria do corpo de minério. As diferenças de propriedades de resistência entre o minério,
a rocha encaixante e os demais domínios são considerados, tanto quanto o estado de tensões
durante o desenvolvimento e durante o aprofundamento da lavra. Os modelos numéricos são
aplicados considerando elementos de suporte, como cavilhas tipo Split set e cable bolts, além
da forma de exposição do minério durante o desenvolvimento. Analisam-se os resultados
tanto nas escavações já realizadas como os resultados nas etapas de desenvolvimento e
também nas lavras subsequentes, considerando os impactos do aprofundamento da lavra na
estabilidade dos realces, dos sill-pillar, do hangingwall e na eficiência do suporte. Em última
análise, essa dissertação se apresenta com uma contribuição na identificação de pontos de
vi
ABSTRACT
In this dissertation, the mining and development layout, applicable to underground gold
mining environments in Mina Pequizão, Brazil, are evaluated by Numerical Modeling
dimensional, from the finite element method, implemented in Phase2. Therefore, it is set to
rock mass properties that support the evaluation of instability of multiple variants of the
sublevel stoping method and open-stoping. Thus we intend to test the layout design
constraints present, in accordance with principles and criteria. Shall be determined by the
conditions of instability in the development of galleries, the pillars sill pillar-type and
hangingwall of the highlights. Mathematical analysis consider the mechanical characteristics of
the rock mass, including the geometry of the ore body. The differences in strength properties
between ore, country rock and other fields are considered, such as the state of stress during
development and during the progress of the mine in deeper areas. The numerical models are
used considering supporting elements such as split sets and cable bolts, as well as the ore
exposure during development. Analyze the results in both excavation already exposed and the
results in development stages and also in the subsequent workings, considering the impacts on
deeper mines on stopes stability, the sill-pillar, the hangingwall and the support efficiency. And
finally, this dissertation presents with a contribution in identifying points of observation and
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1-1: Layout das rampas dos Corpos C e G do Pequizão. ... 5
Figura 2-1: Célula e amostra de ensaio de pelo método de sobrefuração à esquerda e strain
gauges à direita (Furnas, 2013). ... 11
Figura 2-2: Célula e obturadores para ensaio de Fraturamento Hidráulico (Furnas, 2013). ... 12
Figura 2-3: Comportamento Frágil X Dúctil de rocha intacta – modificado de Edelbro, 2003. .. 13
Figura 2-4: Condições do maciço rochoso, onde o Critério de Hoek & Brown pode ser aplicado -
modificado de Hoek, 2001). ... 16
Figura 2-5: Critério Mohr-Coulomb em termos de a) Tensões principais e b) tensão normal e
cisalhante – modificado de Edelbro, 2003. ... 18
Figura 2-6: Figura Esquemática mostrando o apartado do Teste de Carga Pontual (PLT) e da
amostra - modificado de Peng & Jhang (2007). ... 19
Figura 2-7: Esquema do aparato do teste brasileiro e da amostra - modificado de Peng & Jhang,
2007. ... 21
Figura 2-8: Esquema do Ensaio de Resistência a Compressão simples (RCS). ... 22
Figura 2-9: Gráfico do módulo de elasticidade e módulo de deformação. ... 23
Figura 2-10: Perfil de rugosidade e valor JRC correspondente (após Barton e Choubey, 1977) -
modificado Hoek et al. (1994). ... 25
Figura 2-11: Classificação do maciço e recomendações de suporte ( modificado Barbosa,2008,
segundo Hutchinson e Diederichs, 1996. ... 31
Figura 2-12: Ábaco para determinar GSI de maciços xistosos (modificado de Barbosa, 2008,
segundo Hoek, 2001). ... 33
Figura 2-13: Fator A para diferentes valores de σc/σ1. ... 36
Figura 2-14: Ajuste fator B, para orientação da junta em relação a face da escavação
(modificado de Hoek, 2001). ... 36
viii
Figura 2-16: Fator de ajuste gravidade para rupturas por deslizamento. Após Potvin (1988)
modificado de Hoek, 2001. ... 37
Figura 3-1: Mapa de localização dos principais Corpos da MSG. ... 42
Figura 3-2: Coluna estratigráfica esquemática do Greenstone belt Crixás. ... 43
Figura 3-3: Seção vertical esquemática do empilhamento estratigráfico na Região de Crixás. . 45
Figura 3-4: Modelo em Datamine de estruturas mapeadas através do MEP na Mina Pequizão 50 Figura 3-5: Domínios geomecânicos da Mina Pequizão ... 51
Figura 4-1: Fotos de rejeitos de rupturas ocorridos no em frentes de desenvolvimento e de lavra na Mina Pequizão. ... 53
Figura 4-2: Estruturas persistentes levantadas na Mina Pequizão e interpretadas no DIPS da Rocscience. ... 55
Figura 4-3: Localização dos Furos geotécnicos em relação às escavações realizadas. ... 58
Figura 4-4: Da esquerda para direita as Seções A B e C em vermelho; em cinza as escavações atuais e em vermelho o recurso do Pequizão. ... 59
Figura 4-5: Foto de uma amostra de mão da ZCIV com placas de grafita bem cristalizadas... 60
Figura 4-6: Fotografia de testemunho de sondagem. Em detalhe MVA (hospedeira) ao centro e MG (encaixante) em contato superior e inferior. ... 61
Figura 4-7: Fotografia de testemunho de sondagem. Contato entre MG e GXN. ... 61
Figura 4-8: Foto de testemunho de sondagem. Detalhe da ZCIV. ... 62
Figura 4-9: Foto de testemunho de sondagem – À esquerda CBCX e a direita DOL. ... 62
Figura 4-10: Furos de sonda realizados no Pequizão. ... 63
Figura 5-1: A partir da foto superior a esquerda no sentido horário, temos ruptura em realces de corte e enchimento no teto do realce, início de ruptura entre SN e J1 na TV acesso, e rupturas em SN também na TV de acesso. ... 68
Figura 6-1: Layout das escavações do Pequizão na Seção 1. ... 74
Figura 6-2: Detalhe dos elementos da Seção 1. ... 75
ix
Figura 6-4: Layout das escavações do Pequizão na Seção 2. ... 78
Figura 6-5: Resultado do FS em galerias de desenvolvimento na Seção 2. ... 79
Figura 6-6: Layout da Seção 3 – apresenta a esquerda as escavações realizadas e a direita as planejadas. ... 80
Figura 6-7: Resultado da simulação do FS para escavações da Seção 3 entre 240 @ 355 m de profundidade. ... 81
Figura 6-8: Localização dos sill pillars na Seção 1. ... 82
Figura 6-9: Gráfico do FS e da tensão desviatória durante o progresso da lavra – tensão em MPa. ... 84
Figura 6-10: Locação dos pontos de controle alocados nos sill pillars da Seção 3. ... 85
Figura 6-11: Gráfico da relação entre os monitoramentos – FS; (σ1-σ3) e σ3. ... 87
Figura 6-12: Layout do monitoramento de deslocamento total na Seção 1. ... 88
Figura 6-13: Localização dos pontos de controle do segmento superior do Corpo G - Seção 1. 91 Figura 6-14: Localização dos monitoramentos de deslocamento (mm) no segmento inferior da Seção 1. ... 92
Figura 6-15: Locação dos monitoramentos de deslocamento total na Seção 2. ... 93
Figura 6-16: Localização dos monitoramentos de deslocamento total na Seção 3. ... 94
Figura 6-17: Overview dos deslocamentos totais na Seção 3. ... 95
Figura 6-18: Zona de plastificação restrita a ZCIV durante o desenvolvimento. ... 97
Figura 6-19: Zona plastificada durante a lavra - Corpo G superior. ... 98
Figura 6-20: Zona plastificada (linha preta) - Corpo G inferior e Corpo G1. ... 99
Figura 6-21 Zona de plastificação na Seção 2. ... 100
Figura 6-22: Zona plastificada em galerias de desenvolvimento da Seção 3. ... 101
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 2-1: Pesos e fatores da Classificação Geomecânica. ... 28
Tabela 2-2: Classes do maciço rochoso, segundo sistema RMR. ... 29
Tabela 2-3: Índice de qualidade do maciço rochoso (modificado de Barton et al., 1974). ... 30
Tabela 3-1: Resumo da situação atual Minas em Operações da MSG (2014). ... 41
Tabela 4-1: Mediana dos resultados laboratoriais realizados na Mina Pequizão... 55
Tabela 4-2: Média dos valores de RMR dos litotipos presentes na Mina Pequizão. ... 59
Tabela 4-3: Valores de GSI baseados na relação (Hoek et al., 1995) com o RMR89. ... 64
Tabela 5-1: Valores dos materiais utilizados na modelagem ... 70
Tabela 6-1: Resultado da simulação do FS, σ1, σ3 e σ1-σ3 nos Sill pillars da Seção 1. ... 84
Tabela 6-2: Resultados da simulação de FS; (σ1 - σ3) e σ3 na Seção 3. ... 86
Tabela 6-3: Deslocamentos em mm dos pontos na superfície do HW em cada estágio. ... 90
Tabela 6-4: Monitoramento dos deslocamentos totais (mm) na Seção 2. ... 93
xi
LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES
A Área inicial da amostra
backfill Enchimento hidráulico
BEM Método de elemento de contorno
C Coesão
CBCX Carbonato-biotita-clorita xisto
D Dano provocado pela escavação
DEM Método de elemento distinto
DIP Ângulo de mergulho de um plano
DIP DIR Direção do mergulho de um plano
DOL Dolomitos impuros
E Módulo de young (elasticidade)
Emr Módulo de deformabilidade do maciço rochoso
Erm Módulo de deformabilidade do maciço rochoso
FDM Método de diferenças finitas
FEM Método de elementos finitos
footwall Rocha encaixante da base do minério
FS Fator de segurança
GNCX Quartzo-clorita-sericita-granada xisto
GSI Índice de resistência geológica
GXN Frafita xisto
hangingwall Rocha encaixante do topo do minério
in situ Região que ainda não sofreu o efeito de escavações
Is Índice inicial - ensaio point load test
Is(50) Índice padrão
ISRM Sociedade internacional de mecânica das rochas
JCS Resistência a compressão da parede da junta JCS0 Resistência a compressão da parede da junta em
Escala de laboratório (100 mm)
JCSn Resistência a compressão da parede da junta em
Escala de campo
Jn Número de juntas
Jr Rugosidade da descontinuidade
JRC Coeficiente de rugosidade da junta
JRC0 Coeficiente de rugosidade da junta em escala de
xii
JRCn Coeficiente de rugosidade da junta em escala de
campo
K Razão entre tensão principal maior e tensão principal menor
KH Relação entre a tensão horizontal maior e a
tensão vertical
Kh Relação entre a tensão horizontal menor e a
tensão vertical
layout Arranjo das escavações
mb Módulo do maciço rochoso
MEP Mapeamento de estruturas persistêntes
MG Meta-grauvaca
mi Módulo da rocha intacta
MVA Meta-vulcânica ácida
N Número de estabilidade
N' Número de estabilidade modificado
P Carga de ruptura
Pe Diâmetro equivalente (mm)
plunge Direção da maior continuidade da mineralização
Índice de qualidade
Q' Índice de qualidade modificado
RCD Resistência ao cisalhamento direto
RCS Resistência a compressão simples ou uniaxial RCT Resistência a compressão triaxial
RH Raio hidráulico
rib pillar Pilar que separa os blocos dentro do painel de lavra
RTI Resistência a tração indireta - método brasileiro
SF Fator de segurança
sill pillar Pillar que divide dois paineis de lavra
spalling Ruptura por extensão
SRF Fator de redução de tensão
T0 Carga aplicada (N)
UCS Resisistência a compressão uniaxial
yield Região plastificada
ZCIV Zona de cisalhamento da estrutura IV
σ1 Tensão principal maior
σ'1 Tensão maxima efetiva
σ3 Tensão principal menor
σ'3 Tensão mínima efetiva
σc Tensão de ruptura
xiii
σcm Tensão de ruptura em maciço rochoso
σf Tensão cisalhante no plano de ruptura
σlim Limite de tensão onde a deformação deixa de ser somente elástica
σN Tensão normal
σres Tensão residual após deformação substancial
σt Tensão máxima cisalhante
φ Ângulo de atrito
xiv
LISTA DE ANEXOS
ANEXO I: BANCO DE DADOS DE ESTRUTURAS PERSISTENTES ... 112
ANEXO II: RESULTADOS LABORATORIAIS DOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA ... 139
xv
ÍNDICE
DEDICATÓRIA ... iii
AGRADECIMENTOS ... iv
RESUMO ... v
ABSTRACT ... vi
LISTA DE FIGURAS ... vii
LISTA DE TABELAS ... x
LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES ... xi
LISTA DE ANEXOS ... xiv
ÍNDICE ... xv
1 - INTRODUÇÃO ... 1
1.1 - A INDÚSTRIA MINEIRA AURÍFERA NO BRASIL E NO MUNDO ... 1
1.2 - ENQUADRAMENTO DA MODELAGEM NUMÉRICA ... 3
1.3 - APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E DO ESTUDO DE CASO ANALISADO ... 4
1.4 - OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO ... 6
1.5 - METODOLOGIA ADOTADA ... 7
2 - MODELAGEM NÚMERICA DA MINA PEQUIZÃO EM CRIXÁS-GO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 9
2.1 - INTRODUÇÃO ... 9
2.2 - ENSAIO PARA DETERMINAÇÃO DE TENSÕES IN SITU ... 9
2.1.1. Método de Sobrefuração (Overcoring) ... 10
2.3 - COMPORTAMENTO DO MACIÇO ROCHOSO - RESISTÊNCIA E DEFORMABILIDADE .... 12
2.2.1. Tipos de Ruptura em Rochas ... 12
xvi
2.2.3. Quando usar o critério de Hoek & Brown ... 15
2.2.4. Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb ... 17
2.2.5. Módulo de Deformabilidade do Maciço Rochoso ... 18
2.2.6. Parâmetros para Rocha Intacta ... 18
2.2.7. Módulo de Deformação ... 23
2.2.8. Resistência ao cisalhamento de descontinuidades ... 23
2.4 - CLASSIFICAÇAO DE MACIÇOS ROCHOSOS ... 26
2.5 - SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE MACIÇOS ROCHOSOS ... 26
2.4.1. Sistema de Classificação RMR(Rock Mass Rating System) ... 27
2.4.2. Sistema de Classificação Q (Q-Tunnelling index)... 29
2.4.3. Índice de Resistência Geológica (GSI) ... 32
2.4.4. Método do Gráfico de Estabilidade ... 34
2.4.5. Número de Estabilidade Modificado N’ ... 35
2.4.6. Raio Hidráulico ... 38
2.6 - MÉTODOS NÚMERICOS DE ANÁLISE DE TENSÕES ... 38
2.5.1. Métodos de Domínio ... 38
2.5.2. Métodos Integrais ... 39
3 - MINA PEQUIZÃO ... 41
3.1 - INTRODUÇÃO ... 41
3.2 - LOCALIZAÇÃO ... 41
3.3 - CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS ... 42
3.3.1. Greenstone Belt de Crixás ... 44
3.3.2. Depósitos Auríferos ... 44
3.3.3. Geologia da Mina Pequizão ... 45
xvii
3.3.5. Metabasaltos e Carbonato-Clorita Xistos ... 47
3.3.6. Silicificação ... 48
3.4 - CARACTERIZAÇÃO DA MINA PEQUIZÃO ... 48
3.5 - DADOS EXISTENTES ... 49
3.5.1. Mapeamento Estruturas Persistentes (MEP) ... 49
3.5.2. Definição de Domínios Geomecânicos ... 50
3.5.3. Ensaios de Resistência ... 51
4 - CLASSIFICAÇÃO DE MACIÇOS ROCHOSOS ... 52
4.1 - CARACTERIZAÇAO GERAL DO CORPO PEQUIZÃO ... 52
4.2 - DESCONTINUIDADES GEOLÓGICAS ... 53
4.3 - PARÂMETROS GEOMECÂNICOS: RESULTADOS LABORATORIAIS ... 55
4.4 - CLASSIFICAÇÃO DO MACIÇO ROCHOSO ... 57
4.5 - ENSAIOS DE TENSÃO IN SITU ... 63
4.6 - RELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE RESISTÊNCIA GEOLÓGICA (GSI) E CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA (RMR) ... 64
5 - CRITÉRIOS PROPOSTOS PARA A MODELAGEM MATEMÁTICA ... 66
5.1 - INTRODUÇÃO: CONTEXTUALIZAÇAO DO PROBLEMA ... 66
5.2 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DA MODELAGEM DO CORPO PEQUIZÃO ... 67
5.3 - DADOS DE ENTRADA NA SIMULAÇÃO MATEMÁTICA ... 69
5.3.1. Domínios Geotécnicos ... 69
5.3.2. Campo de Tensões ... 70
5.3.3. Suporte ... 70
5.4 - CRITÉRIOS CONSIDERADOS PARA MENSURAR A INSTABILIDADE DAS ESCAVAÇÕES . 71 5.4.1. Instabilidade Segundo o Fator de Segurança ... 71
xviii
5.4.3. Instabilidade Segundo a Zona de Plastificação ... 72
6 - MODELAGEM MATEMÁTICA: MINA PEQUIZÃO... 73
6.1. ESTABILIDADE DAS ESCAVAÇÕES DURANTE O DESENVOLVIMENTO... 73
6.2. ESTABILIDADE DOS PILARES TIPO SILL PILLAR... 81
6.3. ESTABILIDADE DO HANGINGWALL DOS REALCES ... 87
6.4. ZONA DE PLASTIFICAÇÃO E SUPORTE ... 97
7 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES ... 104
7.1 - INTRODUÇÃO ... 104
7.2 - CONCLUSÕES ... 104
7.2.1. Importância do Corpo Pequizão ... 104
7.2.2. Classificação do Maciço Rochoso ... 104
7.2.3. Modelagem Matemática ... 105
7.3 - RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS ... 107
7.3.1. No Desenvolvimento ... 107
7.3.2. Na Lavra ... 107
7.4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS GERAIS ... 108
8. BIBLIOGRAFIA ... 110
ANEXO I: BANCO DE DADOS DE ESTRUTURAS PERSISTENTES ... 112
ANEXO II: RESULTADOS LABORATORIAIS DOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA ... 139
1
1 -
INTRODUÇÃO
1.1 -
A INDÚSTRIA MINEIRA AURÍFERA NO BRASIL E NO MUNDO
Neste capítulo será contextualizada a evolução econômica da indústria mineira de produção
aurífera nas últimas décadas. Nessa contextualização será desenvolvida a aplicação de técnicas
de modelagem numérica para validação do layout proposto para extração aurífera em uma
mina subterrânea localizada no município de Crixás, Goiás, Brasil.
O relatório do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM, 2009) mostra os impactos
significativos da indústria produtora de ouro na geração de riquezas. Em nível mundial,
durante o período 1990-96, as cotações do ouro apresentaram modesta volatilidade
posicionando-se entre US$ 340-400/oz. A partir de 1997, ocorreu um significativo declínio dos
preços do ouro, chegando a registrar US$ 253/oz nos meses de julho e agosto de 1999. Essa
baixa cotação obrigou o fechamento de diversas minas de pequeno e médio porte e obrigou as
empresas de grande porte a submeter-se a processos de consolidação, através de fusões,
incorporações e aquisições entre seus concorrentes, no intuito de incorporar ganhos de escala
em seus empreendimentos. A partir de abril de 2002, o ouro voltou a se posicionar acima dos
US$ 300/oz, chegando a US$ 840/oz, o que provocou uma corrida para o aumento das
capacidades produtivas instaladas e uma tentativa de elevação dos volumes de produção.
Nesse período AngloGold Ashanti, Gold Fields e Harmony Gold Mining acumulavam 14.7% da
produção global de ouro. Contudo o aumento do preço aurífero não foi acompanhado pelo
aumento de oferta do metal, ou seja, no período entre 1995 e 2007 houve uma taxa média de
crescimento anual da ordem de 0,9%.
Diferentemente do ocorrido com outros países, o auge da produção aurífera no Brasil ocorreu
na década de 80, quando o Brasil ocupou o 5º lugar mundial com a produção de 113 t de outo.
Desde então a produção recuou consideravelmente, em virtude da incapacidade das empresas
em substituir a produção oriunda das lavras garimpeiras. No período de 1995 a 2007 a
produção de ouro brasileira apresentou um decrescimento médio de 3,6% ao ano. Entre 2004
e 2007 novas minas passaram a liderar a indústria mineira de ouro no país. Em 2007 as
operações mineiras formais produziram 42,4 toneladas de metal, registraram um acréscimo de
8.1% frente à produção do ano anterior, correspondendo a 89% da produção nacional. Nesse
2
posição de maior produtora nacional de ouro, sendo responsável por cerca de 20% da
produção nacional de ouro. Também no ano de 2007, a usina Serra Grande, da Mineração
Serra Grande beneficiou a segunda maior produção do país, produzindo 5.403 kg de ouro
lingote.
O Brasil tradicionalmente se posiciona no mercado internacional como um centro produtor e
exportador de ouro, apresentando dessa forma saldos superavitários na balança comercial do
ouro. Em 2007, o consumo mundial de ouro cresceu 3,3% em termos de quantidade (3.519 t),
o que representa um aumento de 18.7% em relação ao ano anterior. Nesse mesmo ano de
2007 a demanda por ouro superou a oferta em 59%, representada por diversos setores, que
abrangem desde segmentos industriais, de saúde, eletrônicos, joalheria e financeiro, este com
finalidades especulativas.
Em agosto de 2011 o ouro atingiu a marca histórica de US$ 1.880,70/oz, que representa um
aumento de cerca de 620% no período de 2002 a 2011. Devido ao ápice na cotação do ouro,
houve uma maior demanda de produção, o que pode gerar ambientes geotécnicos mais
complexos, mais profundos e, por conseguinte mais desafiadores. Nesse cenário, aumenta a
demanda por uma melhor avaliação técnico-econômica dos projetos de mineração, na qual se
enquadra a modelagem numérica, para um planejamento seguro na otimização dos layouts de
lavra e desenvolvimento das minas de grande porte. Em muitos casos os projetos inviáveis no
passado tornaram-se viáveis com a alta na cotação do ouro.
Contudo os tempos dourados podem ter chegado ao fim, pelo menos por enquanto. Os preços
do metal, que estavam próximos de US$ 1.800/onça no início de 2012, apresentaram uma
trajetória de queda acentuada, chegando abaixo de US$ 1.200/onça nos últimos meses de
2014, colocando em situação crítica aqueles produtores que estavam operando com custos
elevados. Diante desse quadro, uma das medidas mais perseguidas pelos produtores de ouro
tem sido a redução de custos, em todos os níveis: Cash Cost, All-in Cost. O Cash Cost, como se
sabe, é o custo direto de produção; enquanto o All-in Cost inclui tanto os custos operacionais
quanto de capital para sustentar a produção de ouro em bases atuais.
Como o grau de interferência dos produtores sobre os níveis de preço é mínima, eles têm
mesmo que atuar fortemente sobre os custos envolvidos na produção do metal, conscientes
de que a lucratividade futura, o fluxo de caixa operacional e a posição financeira de suas
3
fatores preponderantes que influenciam o preço do ouro incluem a oferta e demanda para o
metal, a solidez relativa das moedas macroeconômicas como as expectativas atuais e futuras
da inflação e a taxas de juros.
No Brasil, os preços atuais na ordem de US$ 1.200/onça, está levando os produtores a deixar
de lado ou adiar a implantação de novos projetos ou postergar projetos de expansão de
capacidade. Há, inclusive, quem está pensando em se desfazer de ativos que não são
considerados muito atraentes do ponto de vista de rentabilidade na atual conjuntura de
preços. Mesmo projetos que haviam sido concluídos recentemente estão sendo
descontinuados, seja por razões técnicas ou econômicas.
1.2 -
ENQUADRAMENTO DA MODELAGEM NUMÉRICA
Os layouts de mina não devem ser planejados sem que sejam consideradas as condições
geológicas, estruturais e geotécnicas do maciço. A variação da morfologia do minério em
função da presença de estruturas geológicas complexas, tais como dobras, falhas e até
intrusões, demanda ferramentas de análise sofisticadas. Existem várias formas de realizar
análises geotécnicas, são exemplos de métodos e ferramentas, formulações, classificações e
ranqueamentos empíricos, métodos analíticos e numéricos, ensaios laboratoriais e ensaios in
situ. Faz parte desse conjunto a descrição geotécnica de testemunhos de sondagem; as classificações e o zoneamento da qualidade do maciço; a determinação empírica do raio
hidráulico; os ensaios laboratoriais das propriedades mecânicas da rocha e as interpretações
numéricas bidimensionais e tridimensionais.
A modelagem numérica ganhou força em todo o mundo com a evolução dos computadores
com maior capacidade de processamento. Condições do maciço, tais como, morfologia,
heterogeneidade, estado de tensões pré e pós-lavra, entre outras condições requerem que a
análise de minas subterrâneas seja feita por meio da modelagem numérica. Quanto maior a
variedade de condições do maciço e de lavra maior é a necessidade do uso de análises
numéricas para a determinação dos riscos geotécnicos na elaboração do layout da mina.
Geralmente as minas subterrâneas são desenhadas em função da geometria do corpo
(condicionada pela espessura e inclinação), pela condição de tensão, e pelas características de
4
condições de estabilidade dos maciços. Em termos gerais, a incidência de fenômenos de
desplacamentos em minas subterrâneas depende das reações dos maciços rochosos em
função da lavra, da complexidade geológica, do aprofundamento das frentes de trabalho e
consequente elevação das tensões. Devido aos vários fatores que influenciam a estabilidade
das escavações subterrâneas, surge a necessidade de aplicar controles técnicos, cuja eficácia
pode ser avaliada com a ajuda da modelagem numérica. Diante da necessidade de produções
cada vez maiores, e mais profundas, mudanças no método de lavra podem torna-se
imprescindíveis. Nestes casos, a geomecânica pode integrar uma avaliação multidisciplinar,
detalhada, visando a uma possível aplicação de determinado método de lavra que contemple
e se ajuste às condições geotécnicas prevalecentes, o que permite a implementação eficiente e
segura do novo método extrativo e contribui para a melhora no aumento da produtividade.
A sofisticação dos métodos de lavra, envolvendo sequenciamentos variados das escavações de
mina, requerem análises numéricas. Dessa forma, o emprego da modelagem numérica, como
ferramenta de análise e desenho de mina, é oportuno e deve ser utilizado como instrumento
de suporte sistemático ao planejamento de mina. A geotecnia promove a implantação do rigor
técnico com o propósito de mitigar e controlar os riscos em operações de lavra.
1.3 -
APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E DO ESTUDO DE CASO ANALISADO
A Mina Pequizão, objeto dessa dissertação, tem sua principal atividade de lavra concentrada a
profundidade média de 400 m, o que pode atingir até 850 m de profundidade baseado nos
recursos conhecidos até o momento. É provável, então, antever um aumento no estado de
tensões no entorno das escavações com a continuidade da lavra em maiores profundidades.
Na Mina, o teor da mineralização varia ao longo do strike e também em função da
profundidade, o que exige uma atenção no sequenciamento da lavra. O layout atual da mina
contempla a lavra dos corpos através de três métodos diferentes em função do mergulho do
minério. Para corpos com mergulho menor que 15˚ é aplicado o método Câmaras e Pilares,
para corpos com mergulho entre 15˚ a 35˚ é empregado o método Corte e Enchimento, e para
corpos com mergulho maior que 35˚ é aplicado o método Sub Level ou Open Stoping. As
operações de lavra são realizadas de forma mecanizada com o uso também de equipamentos
5
Devido à variação da morfologia e mergulho das camadas mineralizadas, o que implica num
layout diversificado, torna essencial o uso da modelagem numérica. A realização das análises geotécnicas cabíveis, com a finalidade de antecipar circunstâncias das lavras, proporciona
tanto uma pré-avaliação do layout atual como de uma possível otimização.
Na Mina Pequizão, atualmente, existem dois corpos de mineralização principais, são eles o
Corpo C e o Corpo G, ambos possuem zonas de cisalhamento métrica na base, falhas
subparalelas à foliação no hangingwall e juntas cortando as camadas. Devido à presença de
uma zona de cisalhamento variando de 0,5 a 10 m de espessura na base da zona de minério a
rampa principal foi alocada para o hangingwall. O Corpo C possui um mergulho menos
acentuado com inclinações variando de 25˚ até 55˚ em profundidades maiores, enquanto o
Corpo G possui uma inclinação de até 45˚, podendo chegar localmente a 65˚. A diferença de
ambos os corpos de minério tanto na inclinação como na direção do plunge da mineralização,
tornou necessário o desenvolvimento de rampas principais separadas para ambos os corpos a
partir do painel do nível 300 (N300).
A Figura 1-1Erro! Fonte de referência não encontrada. ilustra o layout das rampas principais
da Mina Pequizão.
6
As lavras de sublevel em corpos com aproximadamente 35˚ no Pequizão, representam hoje, a
maioria dos realcesem lavra. Atualmente é realizado o enchimento dos painéis já lavrados
através de enchimento de material estéril (rockfill) proveniente do desenvolvimento primário
(rampas), o que por um lado aproveita o material estéril dentro da mina, mas gera um
aumento significativo no ciclo de lavra devido ao tempo necessário para realizar o enchimento.
Uma alternativa de lavra que está sendo empregada nos corpos com mergulho maior que 35˚
é a lavra através do método open stoping, no qual a lavra é realizada de forma descendente,
onde o enchimento só é realizado ao final da lavra de todo o painel.
As condições geotécnicas são tais que se deve analisar, por meio de ferramentas de
modelagem numérica, a estabilidade das escavações de lavra propostas, o que até o momento
não foi realizado. A conclusão de um estudo que defina as condições de estabilidade do atual
layout podem ser tais, que permitam uma nova proposta de layout de mina, de acordo com os pontos críticos da modelagem.
1.4 -
OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO
Este estudo tem como objetivo realizar uma simulação computacional do comportamento
geomecânico de uma mina de ouro subterrânea localizada no município de Crixás no interior
do estado de Goiás. Essa mina pertence à Mineração Serra Grande, uma empresa do Grupo
Anglo Gold Ashanti. Essa simulação será realizada através da avaliação geotécnica por meio de
modelagem numérica bidimensional, na aplicabilidade do método de lavra sublevel e open
stoping para lavra do Corpo C e G da Mina Pequizão, caracterizado como um ambiente geológico-geotécnico complexo. Essencialmente, se pretende avaliar para diferentes
profundidades de lavra, a estabilidade dos pilares de sustentação que limitam painéis (sill
pillars), bem como a estabilidade ao longo do hangingwall das escavações.
Em geral, o maciço apresenta propriedades mecânicas diferentes entre topo e base da
mineralização, onde o topo é constituído por um grafita xisto (GXN) e a base é caracterizada
pela conhecida zona de cisalhamento da estrutura IV (ZCIV), o que dificulta o desenvolvimento
devido o escorregamento de blocos de minério para o interior da galeria; e aumenta a diluição
durante a lavra, devido o escorregamento da ZCIV devido o desconfinamento da mesma após
7
ruptura por deslocamento associado ao relaxamento do hangingwall após a lavra e, para
regiões mais profundas é esperado um mecanismo de ruptura associado à tensão nos pilares.
O presente trabalho tem como objetivos intrínsecos:
- Apresentar o padrão estrutural do Pequizão;
- Apresentar os resultados de testes de resistência laboratoriais;
- Realizar a classificação geomecânica do maciço rochoso;
- Definir domínios geotécnicos com características semelhantes
- Estimar as tensões in situ atuantes no maciço rochoso;
- Analisar o nível de instabilidade durante o desenvolvimento produtivo (primário);
- Analisar a tensão atuante nos pilares tipo sill Pillar;
- Calcular o deslocamento total no teto de realces;
- Analisar a eficiência do suporte aplicado como reforço nas escavações em relação a zona de
plastificação.
1.5 -
METODOLOGIA ADOTADA
Com a definição do problema e objetivos desta dissertação, o primeiro passo é a consulta às
bibliografias disponíveis a fim de expor alguns conceitos relacionados à geologia e mecânica de
rochas.
Para realização do estudo primeiramente será realizado uma descrição geotécnica de 26 furos
de sonda que foram realizados nos últimos três anos, para assim realizar uma atualização dos
domínios geomecânicos existentes. A classificação do maciço rochoso será baseada na
descrição de furos de sonda; nos resultados de ensaios de compressão uniaxial, triaxial,
diametral e de cisalhamento; e também no mapeamento de estruturas no subsolo. Serão
descritos os parâmetros necessários para realizar a classificação do maciço de acordo com
Bieniawski, 1989 (Classificação Geomecânica). No mapeamento de subsolo além de checado
os parâmetros das descontinuidades serão descritos a atitude, a natureza e a persistência das
8
Será utilizado o critério de ruptura de Hoek & Brown (1980) para determinar os parâmetros do
maciço, o qual utiliza os parâmetros de resistência da rocha intacta, e dados de mapeamento
geotécnico de subsolo e da descrição geotécnica dos testemunhos.
O parâmetro “k” será estimado de forma empírica de acordo com a proposta de Sheorey
(1994), considerando o módulo de deformabilidade do maciço “Emr” calculado através do
Critério de Hoek-Brown.
O banco de dados estrutural será construído com base nas estruturas mapeadas no subsolo e
servirão de base para definir a atitude das principais estruturas presentes nas minas. A zona de
cisalhamento visto sua importância, será incorporada na modelagem numérico como um
domínio presente no footwall da estrutura mineralizada através do critério de ruptura de Hoek
& Brown a partir das propriedades físicas da rocha intacta em conjunto com o GSI.
O trabalho de simulação computacional será realizado no software Phase2 8.0 da Rocscience,
com base nas escavações do layout atual e conjunto com os parâmetros do maciço rochoso.
Para isso será necessário realizar o desenho das escavações no software Phase2 para assim
iniciar as simulações propriamente ditas. Essa simulação será realizada considerando o cenário
tanto do maciço antes das escavações (tensões in situ), bem como o maciço escavado pelas
escavações existentes e, por conseguinte em função de todas as escavações que serão
9
2 -
MODELAGEM NÚMERICA DA MINA PEQUIZÃO EM CRIXÁS-GO: UMA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 -
INTRODUÇÃO
Nesse capitulo é apresentado uma revisão bibliográfica como o foco de elucidar os métodos,
critérios e procedimentos abordados nessa dissertação, tais como:
- Determinação da tensão in situ;
- Comportamento do maciço rochoso;
- Classificação do maciço rochoso;
- e Métodos numéricos de análise de tensões.
2.2 -
ENSAIO PARA DETERMINAÇÃO DE TENSÕES
IN SITU
De acordo com os novos métodos sugeridos (SM’s) pela Sociedade Internacional de Mecânica
das Rochas (ISRM) para estimação da tensão in situ, seguem abaixo pontos importantes para
uma estratégia de aproximação da estimação:
- Um maciço rochoso fraturado e/ou heterogêneo pode ser inapropriado usar
mecanismos contínuos o que pode causar um conceito inapropriado de tensão. Esse é o caso
particular do maciço formado por blocos rígidos de rocha onde houve deslocamento entre
seus limites causados por uma deformação preliminar. Nesse caso um maciço contínuo
aproximado somente será valido se a análise for feita para volumes significativamente maiores
do que a dos blocos constitutivos.
- Identificar os objetivos da campanha de estimação das tensões in situ, listando os
componentes que devem ser estimados com precisão, e aqueles que podem ser simplesmente
atribuídos valores de considerações gerais.
- A estimativa de tensão in situ não pode basear somente em um único padrão de
10
entre várias medições é pequena em relação ao gradiente de tensões, um procedimento
estatístico simples pode ser adotado. De outra forma se várias medições forem conduzidas em
diferentes localizações e o gradiente de tensão possuir uma variação significativa, regras de
interpolação devem ser propostas. Procedimentos de extrapolação podem ajudar a identificar
zonas de heterogeneidade e ou descontinuidade.
Uma investigação preliminar geológica poderá indicar a formação rochosa, a geologia
estrutural e a presença de fraturas, o que é muito útil para estabelecer uma estimativa do
tensor stress. Essa estimativa é muito útil para a realização do ensaio de tensões in situ, pois
pode ser utilizado para conduzir as medições. Essa informação é essencial para estabelecer
uma estratégia de estimativa, no que diz respeito se o maciço rochoso possui comportamento
elástico quebradiço, plástico ou visco-elástico, bem como se o maciço está sujeito a
poro-pressão. Sob a superfície, a componente da tensão normal a superfície possui magnitude zero,
o que reflete num σ3 vertical nos primeiros 100 m de profundidade em rocha sã. Áreas
próximas a grandes falhas devem ser evitadas em campanhas de estimativa do campo de
tensões.
2.1.1. Método de Sobrefuração (
Overcoring
)
A medição de tensões pelo método de sobrefuração (Overcoring) tridimensional está
estabelecida desde sua concepção na década de 1960 por Leeman and Hayes e Leeman. Em
2003 a ISRM publicou os métodos sugeridos (SM’s) para estimação de tensões em rochas. Uma
lista dos métodos disponíveis foi publicada por Amadei e Stephansson em 1997.
O propósito do método é medir a tensão induzida na parede do furo. A medição é baseada na
deformação quando a amostra de rocha é desprendida do maciço rochoso. A tensão in situ
pode ser calculada pela medida de deformação juntamente com o conhecimento de
propriedades elásticas do maciço, gerado pelo ensaio biaxial da amostra ensaiada.
A célula de medição é composta por straingauges na sua superfície externa (Figura 2-1). Essa
célula é colada na parede de um furo piloto de forma que os strain gauges permanecem
conectados a parede desse furo. E realizado uma sobrefuração de diâmetro maior que o furo
piloto de forma que a amostra de maciço juntamente com a célula são efetivamente aliviadas
da tensão atuante sobre a rocha. Os strain gauges deformam juntamente com a amostra
11
Esse teste resulta no tensor tensão completo, expresso nas três direções principais (magnitude
e orientação) o que pode ser transformado para qualquer sistema de coordenadas.
Amadei e Stephansson revisaram vários estudos e encontraram que a imprecisão esperada é
pelo menos de 10 a 20% em um maciço de condições ideais. Variações na orientação das
medições são grandes, principalmente em casos onde duas das principais tensões são similares
em magnitude. Erros podem ser minimizados pelo controle e aderência a procedimentos
operacionais de qualidade.
Figura 2-1: Célula e amostra de ensaio de pelo método de sobrefuração à esquerda e strain gauges à direita (Furnas,
2013).
De acordo com o método sugerido em 2003 pela sociedade internacional de mecânica de
rochas, o fraturamento hidráulico também conhecido como “hidrofrac” e as vezes como
“minifrac” é um método de determinação de tensão, que deriva de uma técnica originalmente
desenvolvida para a indústria do petróleo, para estimular a produção de óleo através do
aumento global da porosidade e permeabilidade do maciço rochoso. O teste de fraturamento
hidráulico resulta geralmente em uma estimativa do estado de tensão in situ em um plano
perpendicular ao eixo do furo. Quando ambos, o furo e a fratura induzida estão
12
sendo um componente principal e igual ao peso da coluna de rochas acima do local onde foi
gerada a fratura.
Em ambos os métodos, a seção do furo é selada com o uso de dois anéis de borracha inflável
(Figura 2-2), o qual é inflado suficientemente para aderir na parede do furo. Fluido hidráulico
(geralmente água) é bombeado sob a taxa de fluxo constante para dentro da seção, e a
pressão é gradualmente aumentada na parede do furo até que a fratura é iniciada no maciço,
ou uma fratura pré-existente é mecanicamente aberta. O bombeamento é parado e as
condições ambientes de pressão do maciço são restabelecidas depois de vários minutos do
decaimento da pressão. O ciclo de pressão é repetido várias vezes mantendo a mesma taxa de
fluxo. Os valores de pressão chave são escolhidos do gráfico pressão versus tempo. A atitude
da fratura induzida ou pré-existente é obtida usando um marcador de borracha que registra a
impressão da fratura na parede do furo ou pelo uso de câmera de vídeo.
Figura 2-2: Célula e obturadores para ensaio de Fraturamento Hidráulico (Furnas, 2013).
2.3 -
COMPORTAMENTO DO MACIÇO ROCHOSO - RESISTÊNCIA E
DEFORMABILIDADE
13
De acordo com Edelbro, 2003, as falha em maciços rochosos podem ser dividida em dois
grupos, dependendo da característica da ruptura; frágil ou dúctil, como pode ser visto na
Figura 2-3. Para rupturas frágeis existe uma perda súbita de resistência após o pico (σpico) ser
alcançado. Apesar do fato do maciço romper, ainda existe a resistência residual (σres), a qual
representa o nível de tensão que o maciço pode suportar após a deformação substancial
sofrida. O limite yield (σlimite) é definido pelo nível de tensão onde a deformação deixa de ser
somente elástica, começando a deformação permanente (plástica). Para rupturas dúcteis a
perda de resistência é menor ou não existe quando o σlimite é atingido.
Rupturas em rochas intactas são frequentemente classificadas como rúpteis
, bem como em rochas ígneas e algumas rochas metamórficas. Rochas intactas pouco
competentes de origem sedimentar tendem a falhar de maneira mais dúctil.
Figura 2-3: Comportamento Frágil X Dúctil de rocha intacta – modificado de Edelbro, 2003.
Falhas de maciço ocorrem quando a combinação de tensão, deformação, temperatura e
tempo excedem certo limite crítico. Existem três diferentes mecanismos de ruptura que
podem ser observados em rochas duras.
- ruptura por tração;
- ruptura por extensão (spalling);
14
Segundo Feder (1986), Rupturas por tração ocorrem quando a valor absoluto da tensão
principal menor (σ3) é menor que o valor absoluto da resistência a tração do maciço rochoso
(σtm). A resistência a tração do maciço rochoso é normalmente assumida como zero.
Rupturas por extensão ocorrem como fraturamento de micro defeitos paralelos a tensão
principal maior (σ1) e perpendicular ao σ3; resultando em uma deformação extensional
paralela a σ3.
O início do mecanismo de ruptura por cisalhamento é similar ao spalling. Na ruptura por
cisalhamento, a propagação das rachaduras na direção do σ1 é impedida pela tensão
confinante e a zona de cisalhamento é criada. Rupturas no maciço rochoso envolvem tanto
mecanismos de ruptura de rocha intacta, como o cisalhamento e a dilatação ao longo da
descontinuidade pré-existente.
A resistência do maciço rochoso, em teoria, é determinada pela resistência combinada da
rocha intacta e das varias descontinuidades do maciço rochoso. A instabilidade do maciço
rochoso é frequentemente caracterizada pelo:
- Queda de blocos – ruptura estruturalmente controlada. Normalmente tratado como um
problema descontínuo.
- Rupturas induzidas pela sobre-tensão, que pode ser tratado como um problema contínuo ou
descontínuo.
- Instabilidade em zonas de falha ou zonas de rocha incompetente. Pode ser tratado como um
problema contínuo ou descontínuo, dependendo do tamanho da zona de incompetência ou de
falha em relação ao tamanho do modelo. Para grandes escalas (maior detalhe), zonas de falha
ou de material fraco podem ser tratadas como juntas e devem ser analisados como um
problema descontínuo.
Desde que o projeto seja focado em maciços de rochas duras, problemas contínuos com
rupturas induzidas por sobre tensão ou instabilidade de zonas de rocha incompetente são mais
importantes.
O efeito da tensão desviatória causada por uma escavação podem danificar o maciço rochoso
se o valor dessa tensão ultrapassar o intervalo de 1/3 até 1/2 da RCS. Mesmo que a tensão
15
ruptura final da rocha. Contudo a depender do grau de fraturamento a ruptura da rocha pode
ocorrer em tensões desviatória bem menores.
2.2.2. Critérios de Ruptura Hoek & Brown
O critério original de ruptura de Hoek & Brown foi apresentado em 1980, o qual foi atualizado
várias vezes, contudo para rochas intactas a formulação teve pequenas alterações. Hoek &
Brown (1980) concluiu que o pico da resistência à compressão triaxial de rochas intactas
poderia ser escrito através de:
σ
1= σ
3+ σ
ci(m
iσ
3/σ
ci+ 1)
1/2
(2.1)
onde σ1 é tensão principal maior na ruptura
σ3 é a tensão principal menor na ruptura
σc é a resistência à compressão uniaxial da rocha intacta
mié a constante do material rocha intacta.
A constante mi pode ser calculada através de dados de testes laboratoriais triaxiais e seu valor
está relacionado com sua composição mineralógica e tamanho dos grãos da rocha intacta.
Tabelas com valores de miforam apresentadas por Hoek (1983) e Hoek et al. (1992, 1995,
2001), e foram baseadas na análise de resultados laboratoriais triaxiais de rocha intacta.
Atualmente o critério de Hoek-Brown é amplamente aceito e aplicado em um grande número
de projetos, onde são aceitos os parâmetros de entrada baseado nos parâmetros calculados
através do software RocLab (Rocscience, 2002).
2.2.3. Quando usar o critério de Hoek & Brown
O critério de Hoek & Brown é aplicado à rocha intacta ou a maciços rochosos fortemente
fraturados, os quais possuem propriedades de seus matérias iguais em todas as direções.
O critério não deve ser aplicado a rochas xistosas, onde as propriedades são controladas por
um simples padrão de descontinuidade como o plano de foliação. Quando dois padrões de
juntas ocorrem no maciço rochoso, o critério pode ser usado desde que esses planos tenham
16
Para maciços rochosos caracterizados pela presença de várias famílias de descontinuidades, o
critério de Hoek & Brown pode ser aplicado, de acordo com:
σ’
1= σ’
3+ σ
c(m
bx σ’
3/σ
c+ s)
a
(2.2)
onde, mb é a constante m do maciço rochoso
s e a são as constantes que dependem das características do maciço rochoso
σc é a resistência à compressão uniaxial
σ’1 são as tensões axial e confinante efetivas principais respectivamente.
A Figura 2.4 descreve os casos onde o critério de Hoek & Brown podem ser aplicados.
Figura 2-4: Condições do maciço rochoso, onde o Critério de Hoek & Brown pode ser aplicado - modificado de Hoek,
17
2.2.4. Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb
Segundo Edelbro, 2003, o critério de ruptura Mohr-Coulomb é dependente da tensão normal e
é escrito de acordo com:
τ
f= c + σ
ntan
φ
(2.3)
onde,
τf é a tensão cisalhante ao longo do plano de ruptura,
c e a coesão,
σn é a tensão normal atuando no plano de cisalhamento,
φ é o ângulo de atrito do plano de cisalhamento.
Essa equação é frequentemente referida como critério Mohr-Coulomb e é aplicada em
mecânica das rochas para ruptura por cisalhamento em rochas, juntas em rochas e maciços
rochosos.
O critério Mohr-Coulomb pode também ser expresso em termos das tensões principais:
σ
1= σ
c+ mσ
3(2.4)
onde,
k é a razão entre intervalos de σ1 e σ3, e σc é a resistência a compressão simples (RCS).
Os valores de φ é da c podem ser calculados através de:
sin φ = ( m – 1 ) / ( m + 1 )
(2.5)
C
= σ
c( 1 – sin φ ) / 2 cosφ
(2.6)
Em especial quando C = 0, tem-se que:
18
A Figura 2-5 mostra o critério de Mohr-Coulomb expresso no espaço das tensões principais e
das tensões normal e de cisalhamento.
Figura 2-5: Critério Mohr-Coulomb em termos de a) Tensões principais e b) tensão normal e cisalhante – modificado
de Edelbro, 2003.
2.2.5. Módulo de Deformabilidade do Maciço Rochoso
Para que seja possível determinar os índices físicos de um dado maciço rochoso é necessário
realizar uma aproximação considerando o maciço como um meio elástico. Em casos onde já é
conhecido o módulo de elasticidade da rocha intacta (Ei) e o GSI, Hoek & Diederichs (2006)
propõem a determinação do módulo de deformação de um maciço rochoso (Emr) através de:
(2.8)
onde, D é o dano provocado pela escavação no maciço rochoso.
2.2.6. Parâmetros para Rocha Intacta
Segundo Peng & Jhang (2007), existem vários tipos de testes de laboratório para obter
19
preparação das amostras e a análise física. A Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas
(ISRM) sugere padrões de preparação e testes.
Teste de Carga Puntiforme (PLT)
De acordo com Peng & Jhang (2007), o equipamento de PLT inclui um par de cones de 60°
instalados em um arranjo de bomba manual, usado em campo, ou um arranjo de
carregamento para uso em laboratório. Uma boa vantagem dessa metodologia é o fato de
poder ser usado amostras com forma irregulares para realizar o teste. Através da carga no
momento da ruptura (P), a resistência pode ser calculada segundo Zeng, 2002:
I
s= P/D
2e
(2.9)
Onde, Is é o índice inicial, P é a carga no momento da ruptura e De é o diâmetro equivalente.
Apresenta abaixo a Figura 2-6, ilustrando o arranjo do ensaio PLT.
Figura 2-6: Figura Esquemática mostrando o apartado do Teste de Carga Pontual (PLT) e da amostra - modificado de Peng & Jhang (2007).
Onde De é o diâmetro (mm) equivalente da amostra. De acordo com a geometria da amostra é
a direção de carregamento, De é calculado como:
20 Para teste axial, De = (4WD / π )1/2
onde, D, W são os parâmetros relacionados ao tamanho(mm) da amostra, como mostrado na
Figura 2.6 acima.
Para correção de tamanho, deve ser calculado o Índice Padrão (Is(50)) através de:
I
s(50)= ( D
e/ 50 )
1/2I
s(2.10)
O cálculo da resistência à tração uniaxial (T0) pode ser calculada através de:
T
0= S
aP / ( (L – 1,7P) / 22 I
s(50))
2
(2.11)
Onde L é o tamanho da amostra (mm), como definido na Figura 2.6; Sa é o fator forma
determinado por:
Para teste diametral Sa = 0,79
Para outros testes Sa = 0,79 D/L
O PLT também pode ser utilizado para determinar a resistência à compressão simples (UCS)
das rochas. Bieniawski, 1975, estabeleceu uma relação onde rochas fortes e duras podem ter o
UCS estimado a partir de:
UCS = 24I
s(50)(2.12)
Teste Brasileiro (Tração Indireta)
Teste brasileiro é um teste para determinação da resistência à tração de forma indireta, que
consiste em aplicar um carregamento (compressão) em amostras em forma de disco sobre o
seu diâmetro. Essa compressão gera uma tensão de tração no centro do disco (amostra) na
direção perpendicular a força aplicada; dessa forma a ruptura ocorre através de fraturas
extensionais no, ou próximo, ao plano diametral carregado.
A resistência à tração é dada através:
21
Onde, D, t são o diâmetro e a espessura da amostra em mm; Fcé a carga aplicada em N; T0 é a
resistência a tração em MPa.
Apresenta abaixo a Figura 2-7, a qual ilustra o esquema da realização do ensaio brasileiro.
Figura 2-7: Esquema do aparato do teste brasileiro e da amostra - modificado de Peng & Jhang, 2007.
Teste de Resistência à Compressão Uniaxial
O teste de resistência a compressão uniaxial é usado para determinar tanto a resistência a
compressão uniaxial / simples, como o coeficiente de poisson (ν), e o Módulo de Young (Ei)
Na resistência à compressão uniaxial, ou resistência à compressão simples (UCS), uma amostra
cilíndrica é submetida a um ensaio de laboratório segundo normas da ISRM (1981), onde é
definida a carga máxima suportada antes da ruptura. A tensão é calculada conforme a carga
máxima aplicada paralelamente ao eixo maior do cilindro dividida pela área da seção
22
σ
c= P/A
(2.14)
Onde:
σc = resistência à compressão uniaxial (RCS)
P – carga de ruptura
A – área inicial da amostra
Figura 2-8: Esquema do Ensaio de Resistência a Compressão simples (RCS).
A ISRM recomenda que a razão entre o diâmetro (D) e a altura (H) é igual a dois. Para amostras
que não obedecem à relação acima é recomendado:
UCS = 0,889 σ
c(0,778 + 0,222 H / D)
(2.15)
Quando a curva tensão-deformação não é linear, ou o módulo de Young (E) e o Poisson (ν)
dependem do nível de tensão, é comum especificar os valores de E e ν sobre 50% do tensão de
pico, conforme Expressão 2.15 e 2.16.
E = σ
c(50)/ ε
a(50)(2.16)
ν = - ε
r(50)/ ε
a(50)(2.17)
23
εa(50) e εr(50) são as deformações axial e radial em σc(50), respectivamente.
2.2.7. Módulo de Deformação
Deformabilidade das rochas significa a capacidade da rocha deformar sob a ação de
carregamento ou descarregamento. Para que seja definido o modulo de Deformabilidade das
rochas, é feito uma aproximação onde é considerado um comportamento elástico, onde o
módulo de elasticidade (E) da rocha é dado pela razão entre tensão normal pela deformação
axial (Figura 2-9). Um método bastante utilizado para definir o E de uma rocha é dado pela
inclinação de uma reta tangente a um ponto do gráfico, que representa uma certa tensão ou
deformação de interesse (Módulo de Deformação Tangente).
Figura 2-9: Gráfico do módulo de elasticidade e módulo de deformação.
O módulo de elasticidade mais exato é calculado através da reta inclinada que é representativa
dos descarregamentos dos ciclos de carga e descarga realizados durante o ensaio de
resistência à compressão simples. Existem outros métodos para cálculo do módulo de
elasticidade que não serão abordados nesse trabalho.
2.2.8. Resistência ao cisalhamento de descontinuidades
Segundo Hoek et al. em Support of Underground Excavations in Hard Rocks, maciços rochosos
sob baixa profundidade são divididos em blocos discretos pela interseção de descontinuidades
como planos de acamamento ou foliação, juntas, falhas e até zonas de cisalhamento.
Considerando o baixo regime de tensão em minas rasas, o mecanismo de ruptura principal
24
rocha individuais. O entendimento do fator que controla a resistência a tração é essencial para
analisar a estabilidade do maciço rochoso.
Resistência ao cisalhamento de superfícies rugosas
A ondulação e a aspereza em uma descontinuidade natural tem uma significante influência no
comportamento do cisalhamento, ou seja, a rugosidade incrementa a resistência ao
cisalhamento da superfície, o que é extremamente importante para a estabilidade do maciço
em escavações subterrâneas.
A resistência ao cisalhamento foi bastante estudada por Barton et al. 1973, 1976, 1977, 1990,
os quais propuseram a relação:
τ = σ
ntan [ φ
b+ JRC log
10( JCS / σ
n)]
(2.18)
onde, JRC é o coeficiente de rugosidade da junta,
JCS é a resistência à compressão da parede da junta.
Estimativa de JRC no campo
O coeficiente JRC é o número que pode ser determinada pela comparação da aparência da
superfície da descontinuidade com o padrão estabelecido por Barton e Choubey (1977), como
25
Figura 2-10: Perfil de rugosidade e valor JRC correspondente (após Barton e Choubey, 1977) - modificado Hoek et al.
(1994).
Estimativa de campo para JCS
A sugestão do método para estimativa da resistência a compressão da parede da
descontinuidade (JCS) foi publicada pela ISRM em 1978, sendo que o uso do martelo de
Schimidt para estimativa do JCS foi proposta por Deere e Miller em 1966.
Sabendo que o aumento da escala ocasiona uma diminuição na rugosidade efetiva, Barton e
Bandis propuseram em 1982 uma relação para determinar a dependência de escala do JRC e
26
JRC
n= JRC
0[ L
n/ L
0]
-0,02 JRC0
(2.19)
JCS
n= JCS
0[L
n/ L
0]
-0,03 JCS0
(2.20)
onde, JRC0, JCS0 e L0 referem à escala de laboratório de 100 mm,
JRCn, JCSn e Ln referem à escala de campo.
O JCS0, a resistência a compressão da parede da junta de 100 mm da amostra de laboratório,
tem o valor máximo igual à resistência a compressão uniaxial. Esse valor máximo será
encontrado no caso da parede da junta estar fresca e sem preenchimento. A resistência
decresce pela intemperismo ou alteração da superfície e também pelo tamanho da superfície,
como sugerido pelas Expressões acima.
2.4 -
CLASSIFICAÇAO DE MACIÇOS ROCHOSOS
Segundo Milne et al. em Rock Mass Characterization for Underground Hard Rock Mines (1998),
durante estágios de design de viabilidade e preliminares de um projeto, quanto existe pouca
informação sobre o maciço rochoso, estado de tensão e hidrogeologia disponível, o uso da
classificação de maciços é muito útil. Sendo comum o uso de um ou mais esquemas de
classificação para compor uma imagem inicial do maciço e assim estimar de forma inicial
características tais como, suporte requerido e propriedades de resistência e deformação do
maciço rochoso.
Para elaborar projetos mais elaborados, é necessário um nível de informações mais detalhada,
como tensão in situ, propriedades do maciço rochoso e também a sequência planejada de
escavações. Os esquemas de classificação podem ser atualizados e usados em conjunto com
análises mais específicas.
2.5 -
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE MACIÇOS ROCHOSOS
De acordo com Hoek em Rock Mass Characterization for Underground Hard Rock Mines,
existem muitos sistemas de classificação de maciços usados em minas subterrâneas, dentre