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Os movimentos sociais como instrumento dos processos de criação e de implantação de unidades de conservação no Distrito Federal: um estudo comparativo dos parques do Gama e Parque Ecológico de Águas Claras

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(1)

UNIVERSIDADE

CATÓLICA DE

BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTU SENSU

EM PLANEJAMENTO E

GESTÃO AMBIENTAL

Mestrado

OS MOVIMENTOS SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DOS PROCESSOS DE CRIAÇÃO E DE IMPLANTAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO COMPARATIVO DOS PARQUES DO GAMA

E PARQUE ECOLÓGICO DE ÁGUAS CLARAS Autora: FLAVIA MARIA BARBOSA

Orientador: Profº. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araujo

(2)

FLAVIA MARIA BARBOSA

OS MOVIMENTOS SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DOS PROCESSOS DE CRIAÇÃO E DE IMPLANTAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO COMPARATIVO DOS PARQUES DO GAMA

E PARQUE ECOLÓGICO DE ÁGUAS CLARAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação stricto sensu em Planejamento e Gestão Ambiental, da Universidade Católica de Brasília, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientador: Profº. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araujo

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7,5cm

Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB.

B238m Barbosa, Flavia Maria.

Os movimentos sociais como instrumento dos processos de criação e de implantação de unidades de conservação no Distrito Federal: um estudo comparativo dos parques do Gama e Parque Ecológico de Águas Claras / Flavia Maria Barbosa – 2006.

222 f. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2006. Orientação: Paulo Ricardo da Rocha Araujo

1. Educação ambiental. 2. Movimentos sociais. 3. Reservas naturais – Distrito Federal. I. Araújo, Paulo Ricardo da Rocha, orientador.

II. Título

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TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, defendida e aprovada, em 06 de

novembro de 2006, pela banca examinadora constituída por:

Banca Examinadora:

______________________________________________________________________ Profº. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araujo - Orientador

______________________________________________________________________ Profº. Dr. Genebaldo Freire Dias – Examinador Interno

______________________________________________________________________ Profº. Dr. Marcos Sorrentino – Examinador Externo

______________________________________________________________________ Profº. Dr. Mário Lisboa Theodoro - Suplente

(5)

DEDICATÓRIA

À minha irmã, Silvânia, que lutou constantemente e insistentemente pela felicidade, pelo

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus. Sem a fé e a confiança Nele, nada seria possível!

Aos meus amados Pais, Sebastião e Wanda, pelo amor, compreensão, incentivo e por me deixarem livre para ir à busca dos meus sonhos!

À minha Tia Vera, primos e primas, pela acolhida e pelo apoio!

Ao meu grande Mestre e Amigo, Profº. Dr. Antônio José, pela amizade, pelo estímulo, pelas oportunidades e por não desistir de mim...

Ao meu querido Orientador, Profº. Dr. Paulo Ricardo, por me aceitar, pela confiança, pelos desafios propostos, pela amizade e, também, pelas “brigas”...

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por ser o órgão fomentador da pesquisa e pela concessão de bolsa de estudos nesse período, pois sem ela não seria possível dar este passo tão importante na minha vida.

Ao meu amado Esposo, Amarildo, pelo amor, companheirismo e compreensão...

Ao meu amado Filho, João Antônio, por simplesmente existir e me ensinar a ser uma pessoa cada vez melhor!

À SEMARH-DF, instituição que foi uma escola em meio ambiente e educação ambiental! Aos meus Amigos e ex-colegas da SEMARH e da COMPARQUES, pelas informações cedidas a esta pesquisa e pelo convívio no ambiente de trabalho!

Aos amigos Ana Flávia e Roberto Petterle, pelas valiosas contribuições, pelos ensinamentos e pelas oportunidades!

Às lideranças comunitárias do Gama, em especial ao Sr. Aquelino (Núcleo Rural da Ponte Alta Norte), a Srª. Regina e Srª. Cleusa (Núcleo Rural Crispim) e Sr. Formiga (Prefeitura da Quadra 30 do Setor Oeste), pelas informações cedidas e oportunidade de trabalhos conjuntos. À Associação de Moradores de Águas Claras, pelas informações.

À Diretoria Regional de Ensino de Santa Maria, da Secretaria de Estado de Educação do DF, em especial às minhas chefias, Zuleide e Gerson, pela compreensão e apoio na conclusão deste trabalho.

Aos membros da banca examinadora, Professores Genebaldo Freire Dias, Mário Lisboa Theodoro e Marcos Sorrentino, pelas contribuições.

(7)
(8)

RESUMO

Esse trabalho aborda ações e políticas públicas envolvendo educação ambiental cuja prática e discussão constitui-se como inspiração de movimentos sociais ambientalistas nas cidades do Gama e em Águas Claras, no Distrito Federal. Tais movimentos passam a atuar como agentes

políticos ao pressionar governo e autoridades locais no sentido da efetiva implantação de unidades de conservação. Evidencia-se um diferencial de relativa comparação entre essas

cidades a partir de um relato sobre a elaboração e implantação da Política de Gestão Ambiental de Parques Ecológicos e de uso Múltiplo do Distrito Federal e sua execução pelos órgãos competentes, bem como a situação em que os Parques das cidades em estudo se

encontram. Esse diferencial envolve origem, perfil sócio-econômico da população, categoria e objetivo dos parques, assim como o envolvimento de suas comunidades com as áreas

ambientalmente protegidas. A pesquisa ora apresentada faz, ainda, um resgate histórico sobre as ações de educação ambiental promovidas nas duas cidades e que desencadearam um processo de empoderamento de movimentos sociais ambientalistas que, embora embrionários,

tentam pressionar o governo local para a efetiva implantação de suas unidades de conservação. O presente trabalho refere-se, então, à relação da educação ambiental com a atuação de movimentos sociais ambientalistas como instrumento dos processos de criação e

de implantação de unidades de conservação no Distrito Federal.

Palavras-chave: movimentos sociais – educação ambiental – Parque Recreativo do Gama (Prainha) - Parque Urbano e Vivencial do Gama - Parque Ecológico e Vivencial da Ponte Alta

(9)

ABSTRACT

This work approaches public actions and politics involving ambient education whose practical and quarrel it consists as inspiration of environmental social movements in the cities of Gamma and Clear Waters, in the Federal District. Such movements start to act as agents

politicians when pressuring local government and authorities in the direction of the effective implantation of units of conservation. A differential of relative comparison is proven enters

these cities from a story on the elaboration and implantation of the Politics of Ambient Management of Ecological Parks and Multiple use of the Federal District and its execution for the competent agencies, as well as the situation where the Parks of the cities in study if find.

This differential involves origin, partner-economic profile of the population, category and objective of the parks, as well as the envolvement of its communities with the areas ambiently

protected. The presented research however makes, still, a historical rescue on the promoted actions of ambient education in the two cities and that they had unchained a process of empoderamento of environmental social movements that, even so embryonic, they try to

pressure the local government for the effective implantation of its units of conservation. The present work is mentioned, then, to the relation of the ambient education with the performance of environmental social movements as instrument of the processes of creation

and implantation of units of conservation in the Federal District.

(10)

SUMÁRIO

RESUMO...vii

ABSTRACT...viii

LISTA DE FIGURAS...xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...xvii

INTRODUÇÃO...19

Problema de Pesquisa e Hipóteses...28

Metodologia...29

CAPÍTULO 1 - CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO...34

1.1. Gama e o meio ambiente...34

1.1.1.Os Parques no Contexto Histórico da Cidade do Gama...46

1.1.1.1.O “Parque Recreativo do Gama (Prainha)”...46

1.1.1.1.1. Vegetação e Fauna do Parque Recreativo do Gama...53

1.1.1.1.2. Educação Ambiental e Mobilização da Comunidade Local...58

1.1.1.2. “Parque Ecológico da Ponte Alta do Gama”...63

1.1.1.3. “Parque Urbano e Vivencial do Gama”...69

1.1.1.3.1. Concepção, Atores e Conflitos de Gestão sócio-ambiental...78

1.2. Águas Claras e o meio ambiente...81

(11)

1.2.2. Gestão Ambiental Compartilhada em um dos Maiores Canteiros de Obras do

Mundo...93

1.2.3. Educação Ambiental e Mobilização da Comunidade Local...98

CAPÍTULO 2 – PARTICIPAÇÃO SOCIAL NOS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO...101

2.1. A História dos Movimentos Sociais...101

2.2. A História da Criação de Unidades de Conservação...119

2.3. Movimentos Sociais, Unidades de Conservação e Educação Ambiental...123

2.4. Os Espaços de Participação Pública...130

CAPÍTULO 3 – CONCLUSÃO...137

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...144

ANEXOS...150

ANEXO I – Questionário utilizado durante a entrevista com representante do GDF...151

ANEXO II – Lei Complementar nº. 265/1999, que dispõe sobre a criação de Parques Ecológicos e de Uso Múltiplo no Distrito Federal...153

ANEXO III - Lei nº. 3280, de 31 de dezembro de 2003. Cria a Secretaria de Estado de Administração de Parques e Unidades de Conservação do Distrito Federal e institui o Fundo de Melhoria da Gestão dos Parques do Distrito Federal – PRO-PARQUES...159

(12)

da Lei Orgânica do Distrito Federal...136 ANEXO V – Decreto nº. 108, de 6 de setembro de 1961, que Cria o Parque Municipal do

Gama...205 ANEXO VI – Decreto nº. 6.953, de 23 de agosto de 1982, que extingue o Parque Municipal do Gama e cria o Parque Recreativo do Gama...206

ANEXO VII – Questionário utilizado durante entrevista com os administradores dos Parques do Gama e do Parque Ecológico de Águas Claras...207

ANEXO VIII - Decreto n°. 11.261, de 16 de setembro de 1998, que dispõe sobre a criação da Reserva Ecológica do Gama...210 ANEXO IX - Decreto nº. 25.867, de 23 de maio de 2005, que define as coordenadas da

poligonal do Parque Recreativo do Gama e as coordenadas da poligonal da Reserva Ecológica do Gama...212

ANEXO X - Lei nº. 1.202, de 20 de setembro de 1996, que cria o Parque Ecológico e Vivencial da Ponte Alta do Gama...214 ANEXO XI - Lei nº. 1.959, de 08 de junho de 1998, que dispõe sobre a criação do Parque

Urbano e Vivencial do Gama...215 ANEXO XII - Reportagem “BRASÍLIA, A CAPITAL DOS PARQUES ECOLÓGICOS NO PAPEL”, Jornal do Brasil. Data: 26/06/05...216

ANEXO XIII – Reportagem “Águas Claras: realidade concreta. A nova cidade é o maior

canteiro de obras agrupadas das Américas e um dos melhores lugares para se viver no DF”. Edição 849 - 05/03 a 11/03 de 2005. Cidades. Jornal da Comunidade. Silvana

(13)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa da População segundo as Regiões Administrativas do Distrito Federal – 2004. Região Administrativa do Gama, com 112.019 habitantes, (5,4%); Águas Claras, com 43.623 habitantes (2,1%)...33

Figura 2: Mapa de Localização da Região Administrativa do Gama, no Distrito Federal. Localização de seus três parques: Recreativo do Gama (Prainha), Urbano e Vivencial do Gama, Ecológico e Vivencial da Ponte Alta do Gama...39

Figura 3: Mapa de localização da Região Administrativa de Santa Maria, no Distrito Federal...40

Figura 4: Área de Proteção Ambiental (APA) do Planalto Central...43

Figura 5: Parcelamentos ilegais na Área Rural Remanescente da Ponte Alta (Norte) e Área de Proteção de Mananciais do Córrego Ponte de Terra, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...45

Figura 6: Depósito de lixo na Área de Proteção de Mananciais do Córrego Olho D’Água, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...45

(14)

Figura 8: Mapa hidrográfico do Distrito Federal...48

Figura 9: Trecho da estrada que corta o Parque Recreativo do Gama (Prainha), na Região Administrativa do Gama, limite com a cidade de Novo Gama (GO); área no interior do Parque com depósito de lixo proveniente da comunidade do Condomínio Boa Vista de Goiás

(Novo Gama)...52

Figura 10: Cerrado típico presente no Parque Recreativo do Gama (Prainha), na Região Administrativa da Gama, Distrito Federal...54

Figura 11: Parque Recreativo do Gama (Prainha); Vale do Córrego Alagado, com paredão rochoso e vegetação nativa...56

Figura 12: Trecho do Córrego Alagado, no interior do Parque Recreativo do Gama (Prainha), na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...57

Figura 13: Tirolesa e rapel no Parque Recreativo do Gama (Prainha): esporte, lazer e recreação para a comunidade...58

Figura 14: Atividade de educação ambiental com alunos da Rede Oficial de Ensino, no Núcleo de Educação Ambiental, do Parque Recreativo do Gama (Prainha), na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...60

(15)

Figura 16: Parque Ecológico e Vivencial da Ponte Alta do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal, com o alambrado destruído e grande quantidade de lixo e entulho

depositado em seu interior...66

Figura 17: Tubulação da rede de esgotos da CAESB, aberta, no interior do Parque Ecológico e Vivencial da Ponte Alta do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...67

Figura 18: Esgoto transbordando da tubulação no interior do Parque Ecológico e Vivencial da Ponte Alta do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito

Federal...68

Figura 19: Parque Urbano e Vivencial do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...70

Figura 20: Chácaras no interior do Parque Urbano e Vivencial do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...72

Figura 21: Quiosque de uso comercial no interior do Parque Urbano e Vivencial do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...73

(16)

Figura 23: Igreja Evangélica no interior do Parque Urbano e Vivencial do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...75

Figura 24: Associação de idosos no interior do Parque Urbano e Vivencial do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...76

Figura 25: Loja Maçônica no interior do Parque Urbano e Vivencial do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...77

Figura 26: Estacionamento do DETRAN no interior do Parque Urbano e Vivencial do Gama, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal...78

Figura 27: Mapa de localização da cidade de Águas Claras (Distrito Federal) e do Parque Ecológico de Águas Claras, na Região Administrativa de Taguatinga (DF)...84

Figura 28: Figura esquemática, indicando as transformações ocorridas no projeto original da cidade de Águas Claras, Distrito Federal...88

Figura 29: Área do Parque Ecológico de Águas Claras, localizado à margem da Avenida Parque Águas Claras, na cidade de Águas Claras, Distrito Federal...89

(17)

Figura 31: Local de escoamento de águas pluviais e de água proveniente de bombeamento de construtoras, que escorrem pela rua em direção ao Parque Ecológico de Águas Claras; cidade

de Águas Claras, Distrito Federal...95

Figura 32: Cerca do Parque Ecológico de Águas Claras derrubada pela ação de enxurrada, com lixo e entulho da cidade de Águas Claras, Distrito Federal...96

Figura 33: Erosão no interior do Parque Ecológico de Águas Claras, provocada pelo escoamento das águas pluviais; cidade de Águas Claras, Distrito Federal...97

TABELAS

Tabela 1: Relação dos grupos sociais ligados à temática ambiental das cidades do Gama e de Águas Claras...138

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA – Área de Proteção Ambiental;

ASSMSN – Associação dos Moradores do Setor Norte do Gama; ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico;

CODEPLAN – Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central;

COMPARQUES – Comissão Permanente de Implantação de Parques Ecológicos e de Uso Múltiplo do DF;

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente; DF – Distrito Federal;

DETRAN / DF – Departamento de Trânsito do Distrito Federal; EA – Educação Ambiental;

EIA – Estudo de Impacto Ambiental; ETE – Estação de Tratamento de Esgotos; GDF – Governo do Distrito Federal;

IEMA – Instituto de Ecologia e Meio Ambiente; MMA – Ministério do Meio Ambiente;

OSCIP – Organizações Sociais de Interesse Público; PDL – Plano de Desenvolvimento Local;

PDOT – Plano Diretor de Ordenamento Territorial; RA II – Região Administrativa II – Gama;

RIMA – Relatório de Impacto de Meio Ambiente; SDUC – Sistema Distrital de Unidades de Conservação;

(19)

SEMATEC – Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal; SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação;

(20)

INTRODUÇÃO

O Brasil possui um número crescente de Unidades de Conservação de diversas categorias, número esse que vem aumentando à medida que cresce o movimento ambientalista no país e, consequentemente, a mobilização social no sentido de uma educação ambiental em prol da

proteção do meio ambiente natural com vistas à qualidade de vida das comunidades.

O aumento no número de Unidades de Conservação reflete o aumento da conscientização

face à degradação ambiental e o desejo da sociedade de preservar o que resta; a sociedade passa a se preocupar com as causas que determinam essa destruição do meio ambiente natural e com as conseqüências para as gerações futuras. Surge, assim, a necessidade de recuperar

ambientes já degradados e de estabelecer critérios para a continuidade da exploração. Neste contexto:

Desde o surgimento dos primeiros reclames ambientalistas, a legislação nos diversos países tem sido incrementada, através inclusive da adoção de políticas públicas objetivando a proteção dos recursos naturais, antes de forma tímida, esparsa em uma ou outra norma mais geral, hoje de maneira mais acentuada, fruto de uma tomada de posição mais militante de grupos de interesse e movimentos sociais organizados, que reivindicam um maior cuidado com as injunções humanas sobre o meio ambiente (JÚNIOR, 2000).

Essa militância em prol do meio ambiente envolve, não somente os ditos “ambientalistas”

ou “ecologistas”, mas também, grupos organizados a princípio, para atuação junto a outras causas, como o movimento feminista, dos trabalhadores, sem-terra, sem-teto e outros, passando a constituir, dessa forma, uma rede de movimentos sociais.

(21)

variedade de Fóruns temáticos organizados pelos movimentos populares e pelas organizações não governamentais (SCHERER-WARREN, 1996).

No Brasil, a evolução da Legislação Ambiental se deu conforme a manifestação da sociedade civil e o surgimento de grupos organizados da sociedade que pressionaram o Estado para uma tomada de atitude em relação ao meio ambiente, que ocorreu de forma muito lenta,

porém foram alcançados alguns avanços no que se refere à proteção de ambientes sensíveis. Um desses avanços é sem dúvida, a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC), instituído pela Lei nº. 9.985 de 18 de julho de 2000 e regulamentado pelo Decreto nº. 4.340 de 22 de agosto de 2002, que representa o compromisso assumido pelo Estado com organizações não-governamentais e gestores públicos no que tange à proteção do patrimônio

natural brasileiro. O SNUC oferece aos planejadores e gestores ambientais os dispositivos legais adequados à preservação das áreas protegidas do Brasil, que guardam remanescentes de

todos os biomas brasileiros.

Com a edição do Decreto nº. 4.340/2002, conforme expresso no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) estabeleceu-se alguns critérios no que diz respeito à gestão

ambiental de Unidades de Conservação (UC), que podem ser considerados pontos positivos no que diz respeito à participação da sociedade civil.

Destacam-se como avanços da gestão ambiental, em relação à participação popular, a consulta pública prévia à criação de áreas protegidas; a definição das atribuições dos conselhos consultivo e deliberativo das UCs objetivando a legitimação e a maior participação

da sociedade civil nos processos de gestão; a definição de critérios para a gestão compartilhada de UCs com organizações sociais de interesse público (OSCIP); definição, no

próprio decreto, de dispositivos claros e objetivos para a relação com as populações residentes em UCs de proteção integral, quando da sua criação, assegurando os seus direitos; explicitação das regras para aplicação dos recursos advindos de compensação dos

(22)

Em relação a estes critérios, pode-se considerar para efeitos de compreensão do objeto desta dissertação, os Parques Distritais Recreativo do Gama (PRAINHA), Ecológico e Vivencial da Ponte Alta do Gama, Urbano e Vivencial do Gama e o Parque Ecológico de Águas Claras, criados em momentos distintos da história do movimento ambientalista e da Legislação Ambiental Brasileira.

O primeiro – Prainha - foi criado no momento em que se criava o Distrito Federal (1961), em terras desapropriadas de antigas fazendas da região e ao longo de sua história mudou três

vezes de categoria, tendo, recentemente, suas poligonais definidas e distintas suas áreas de Parque e de Reserva Ecológica; o segundo – Ecológico e Vivencial da Ponte Alta do Gama – foi criado, principalmente, para proteção dos mananciais e para contenção dos parcelamentos

irregulares do solo, em 1996; o terceiro – Urbano e Vivencial do Gama – criado em 1998, com o intuito de proporcionar lazer, recreação e qualidade de vida à comunidade do Gama,

localizado no centro urbano; e o quarto parque – o Ecológico de Águas Claras - criado após a instituição da Lei nº. 265/1999, que dispõe sobre a criação de parques no DF e antes da instituição do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (2000); cabe ressaltar

que esse parque foi criado por Lei Complementar de forma equivocada, tendo em vista a existência da Lei nº. 265/1999 (também Lei Complementar), o que impede ou retarda alterações e/ou ampliações.

Dessa comparação, surgem inúmeras diferenças entre essas unidades, tanto de objetivos de criação, quanto de mobilização social, mas, sobretudo, dos processos de planejamento e de

gestão ambiental que serão explicitados neste trabalho. O SNUC define Unidade de Conservação como:

(23)

O SNUC define dois grupos de UCs:

• Unidades de Proteção Integral, cujo objetivo é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Este grupo é composto pelas seguintes categorias de unidades de conservação:

(a) Estação Ecológica; (b) Reserva Biológica; (c) Parque Nacional;

(d) Monumento Natural; (e) Refúgio de Vida Silvestre.

• Unidades de Uso Sustentável, que têm como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Fazem parte

desse grupo:

(a) Área de Proteção Ambiental;

(b) Área de Relevante Interesse Ecológico; (c) Floresta Nacional;

(d) Reserva Extrativista;

(e) Reserva de Fauna;

(f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável;

(g) Reserva Particular do Patrimônio Natural.

A Lei nº. 9.985/2000, em seu artigo 6º, Parágrafo Único, preconiza que:

(24)

Entretanto, no Distrito Federal, o SNUC não é aplicável para a gestão de seus parques, ou seja, os Parques Distritais não são considerados Unidades de Conservação. Esse entendimento

se deve ao fato de que, por ocasião da aprovação da Lei Complementar nº. 265/1999, proposta pela antiga Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia (SEMATEC), que dispõe sobre a criação de parques no DF, o seu artigo 1º, que considerava os parques como UC foi

vetado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. Para um maior entendimento, faz-se necessário uma retomada do contexto político-social no qual se situa o objeto ora investigado.

Em 1999, o GDF implementou, por meio da sua Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia (SEMATEC) e seu órgão vinculado, o Instituto de Ecologia e Meio Ambiente (IEMA), uma Política de Gestão Ambiental de Parques, pautada na Lei Complementar

nº. 265, de 14 de dezembro de 1999. Essa política teve sua origem no Programa de Gestão de Parques elaborado e proposto pelo IEMA, em maio de 19991 (Ver anexo I).

Além do veto ao artigo 1º da Lei nº. 265/1999 (Ver anexo II), várias alterações foram feitas ao Projeto de Lei apresentado pela então SEMATEC, sendo publicada uma Lei com algumas imperfeições.

Essa Lei dispõe sobre a criação de Parques Ecológicos e de Uso Múltiplo no Distrito Federal e os considera como Unidades de Uso Sustentável, conceituando-os e definindo seus

objetivos assim:

• Parques Ecológicos: devem possuir áreas de preservação permanente, nascentes, olhos d’água, veredas, matas ciliares, campos de murundus ou manchas representativas de qualquer fitofisionomia do cerrado que abranjam, no mínimo, trinta por cento da área

total da unidade. São seus objetivos:

(a) Conservar amostras dos ecossistemas naturais;

1 Informações obtidas por meio de entrevista com representante do GDF/SEMARH/COMPARQUES e um

(25)

(b) Proteger paisagens naturais de beleza cênica notável, bem como atributos excepcionais de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica e histórica;

(c) Proteger e recuperar recursos hídricos, edáficos e genéticos;

(d) Promover a recuperação de áreas degradadas e a sua revegetação com espécies nativas;

(e) Incentivar atividades de pesquisa, estudos e monitoramento ambiental;

(f) Estimular o desenvolvimento da educação ambiental e das atividades de recreação

e lazer em contato harmônico com a natureza.

• Parques de Uso Múltiplo: devem situar-se dentro de centros urbanos, ou contíguos a estes, em áreas de fácil acesso à população, predominantemente cobertas por vegetação, nativa ou exótica. Ressalta-se que as áreas selecionadas para a criação e

implantação de parques de Uso Múltiplo devem possuir infra-estrutura para o desenvolvimento de atividades recreativas, culturais, esportivas, educacionais e

artísticas. Possuem os seguintes objetivos:

(a) Conservar áreas verdes, nativas, exóticas ou restauradas, de grande beleza cênica;

(b) Promover a recuperação de áreas degradadas e a sua revegetação, com espécies nativas ou exóticas;

(c) Estimular o desenvolvimento da educação ambiental e das atividades de recreação e lazer em contato harmônico com a natureza.

(26)

usos e demais atributos; atributos esses que levaram a antiga SEMATEC, em 1988, a

transformar o Prainha em Reserva Ecológica do

Gama. O Parque Urbano e Vivencial do Gama, por sua vez é considerado como Parque de Uso Múltiplo.

A Lei Complementar nº. 265/1999 incumbia ao IEMA/SEMATEC (órgãos já extintos e

substituídos pela SEMARH) a supervisão dos parques distritais e, às Administrações Regionais, o dever de implantar, administrar e fiscalizar aqueles parques situados na sua

circunscrição territorial.

Em 14 de março de 2000, atendendo a solicitações da comunidade quanto à solução de problemas relacionados aos parques, o então Governador do Distrito Federal, Joaquim

Domingos Roriz criou, vinculada à Secretaria de Governo, a Comissão Permanente de Implantação de Parques Ecológicos e de Uso Múltiplo do DF (COMPARQUES). Essa

comissão era composta por representantes de todos os órgãos do GDF e que tinha como missão agilizar os processos de criação e de implantação das áreas protegidas, disponibilizando-as para as comunidades.

O processo de criação e implantação de áreas protegidas inclui o levantamento da situação fundiária das áreas; a definição das poligonais; a adequação das legislações; as retiradas ou remoção de ocupantes irregulares; implementação de cercamento e policiamento por meio da

Polícia Militar Ambiental, atividades essas realizadas por diferentes órgãos do governo. Segundo representante do GDF2, a comissão teve um papel fundamental para a articulação

e integração dos órgãos do complexo administrativo do GDF, necessários para a implantação definitiva dos parques. A comissão, além de agilizar os processos de criação e de implantação de parques, também funcionou como instrumento da educação ambiental, conscientizando

2Informações obtidas por meio de entrevista com representante do GDF/SEMARH/COMPARQUES e um

(27)

integrantes do governo quanto à importância de proteger os espaços naturais, atendendo dessa forma as comunidades.

Vale ressaltar que essa agilidade se deve ao fato de que a comissão foi criada por ato do poder executivo e tinha comunicação direta com o governador, ficando livre, de certa forma, dos entraves burocráticos institucionais.

No entanto, ainda no ano de 2000, ocorreu a reforma administrativa do Governo do Distrito Federal (GDF), que desencadeou uma série de modificações na estrutura do complexo administrativo (Decreto nº. 21.170, de 5 de maio de 2000). Uma dessas modificações foi a

extinção da SEMATEC e de seu órgão executor da Política Ambiental Distrital, o IEMA, sendo criada em substituição a esses dois órgãos a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos

Hídricos (SEMARH).

Apesar dessa reforma, a COMPARQUES se manteve dando continuidade ao seu trabalho

de implantação de parques no DF. Quando da criação da comissão (2000), o Distrito Federal possuía quarenta e quatro parques, sendo que desses, apenas seis estavam em condições de uso pelas comunidades, ou seja, cercados, com infra-estrutura mínima contendo uma

Administração, vigilância patrimonial, banheiros e espaços para recreação, lazer e prática de esportes: o Parque Dona Sarah Kubistchek (Parque da Cidade), o Parque dos Jequitibás em Sobradinho, Saburo Onoyama em Taguatinga, Três Meninas em Samambaia, Recreativo do

Gama (Prainha) e o Parque Ecológico do Paranoá.

No período de 2000 a 2003, o número de parques no DF aumentou, de quarenta e quatro

para sessenta e três parques. Atualmente, o DF conta com 67 parques, sendo que 47 dispõem de poligonal definida; 23 encontram-se cercados em alambrado; 11 estão em pleno uso pela comunidade, por onde passam semanalmente 150 mil pessoas, conforme dados fornecidos

(28)

para a preservação de ecossistemas) e, também, a grande maioria, de projetos de lei de parlamentares da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Em 2003, o GDF considerando positivos os resultados apresentados pela COMPARQUES, a transformou em Secretaria de Estado de Administração de Parques e Unidades de Conservação, por meio do Decreto nº. 3.280, de 31 de dezembro de 2003 (Ver

anexo III). Ainda segundo o representante do GDF, a criação da Secretaria é fruto de um trabalho iniciado ainda no IEMA/SEMATEC aliado ao trabalho da Comissão de Parques.

Considerando então, a Lei nº. 265/1999, alterada e aprovada pela Câmara Legislativa do DF, os parques distritais não são unidades de conservação; apenas a Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESEC-AE), Estação Ecológica do Jardim Botânico, Áreas de Relevante

Interesse Ecológico (ARIE), Áreas de Proteção Ambiental (APA) e as Reservas Ecológicas (RESEC) que deverão ser renomeadas conforme as categorias de proteção integral previstas

no SNUC.

A fim de atender às peculiaridades dos parques distritais e considerá-los como unidades de conservação foi proposto e está tramitando na Câmara Legislativa do Distrito Federal, Projeto

de Lei Nº. 62/20033, que institui o Sistema Distrital de Unidades de Conservação da Natureza (SDUC).

Diante desse contexto, esta pesquisa considera as relações de poder nos processos de

gestão ambiental dos parques, seja do Estado, ao elaborar e implementar políticas públicas voltadas a esses espaços naturais, seja da comunidade, em legitimar ou não a criação desses

parques.

Apesar da evidência de lacunas teóricas, ao longo deste estudo, devidas às dificuldades em se realizar uma análise interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar envolvendo diversas

áreas do conhecimento, em contraponto a área de formação em Biologia da autora, espera-se

3 O Projeto de Lei nº. 062/2003 foi proposto pela Deputada Distrital Eliana Pedrosa, sendo que já foi analisado e

(29)

que a conclusão desta pesquisa contribua de maneira significativa para que se repense, sobretudo nos órgãos ambientais, as estratégias de mobilização e de educação ambiental das

comunidades relacionadas às diversas unidades de conservação do Distrito Federal.

PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESE:

Em se tratando de áreas ambientalmente protegidas, seja no meio urbano ou rural, a

criação de tais áreas são reconhecidas como importante na conservação de recursos naturais, tais como água, solo, relevo, biodiversidade, vegetação nativa, etc. (SILVA, L. 2003). Seja pela relevância ecológica de tais áreas, seja pela luta de interesses de determinados grupos

sociais, em relação às Unidades de Conservação, surgem movimentos sociais com o discurso de proteção e de sustentabilidade dessas unidades.

Dessa forma o presente trabalho espera apresentar um estudo sobre os movimentos sociais do Distrito Federal que se articularam e deram origem ao movimento ambientalista na região, priorizando os movimentos relacionados à criação, implantação e gestão ambiental das

unidades de conservação das cidades do Gama e de Águas Claras, associando-os aos processos de educação ambiental, como instrumentos de movimentos sociais ambientalistas.

Como surgiram esses movimentos sociais ambientalistas no Distrito Federal e qual a sua

participação efetiva no planejamento e implantação dos modelos de gestão ambiental dos parques locais é a pergunta-problema que a presente pesquisa procura responder.

HIPÓTESE 1: Os movimentos sociais ambientalistas no DF surgem a partir de um processo de educação ambiental, na tentativa de promover uma maior participação da

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dos espaços naturais públicos para a garantia dos recursos naturais e para o bem-estar de todos.

HIPÓTESE 2: Os movimentos sociais ambientalistas no DF surgem a partir de demandas da sociedade por serviços públicos que garantem a sua qualidade de vida e seus interesses (nem sempre coletivos), sejam eles habitação e moradia, geração de emprego e renda,

valorização de empreendimentos ou ainda, devido à urgência de ações governamentais em locais onde o adensamento populacional está em fase de expansão.

METODOLOGIA:

O trabalho foi baseado em um primeiro momento, na experiência da autora, em trabalhos realizados em nome da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do DF (SEMARH),

durante o período de 1999 a 2003, e posteriormente, de 2004 a 2005, pela Secretaria de Estado de Administração de Parques e Unidades de Conservação do DF (COMPARQUES), trabalhos esses relacionados a planejamento, gestão e educação ambiental (EA), incluindo

cursos de formação em EA, voltados a educadores e comunidade em geral.

O trabalho realizado na SEMARH teve início em 1999, com o levantamento de dados sobre ações de educação ambiental realizadas na cidade do Gama por escolas da rede pública

de ensino, rede privada, por organizações não-governamentais e Administração Regional do Gama.

Por meio desse diagnóstico foram identificadas duas escolas – o Centro Educacional (CED) nº. 02 do Gama (atual Centro de Ensino Médio nº. 02) e o Centro de Ensino Especial nº. 01 do Gama – que tinham em desenvolvimento projetos de educação.

(31)

levantamento de dados referentes a ações de educação ambiental promovidas na década de 1980 pela SEMATEC, pela Administração Regional do Gama / Divisão Regional de Serviços

Públicos (DRSP) e pela Associação de Amigos do Parque Recreativo do Gama (Prainha). Os contatos feitos à época despertaram o interesse dos educadores do CED Nº. 02 do Gama em participar do Curso de Multiplicadores em Educação Ambiental, promovido pela,

então, SEMATEC.

Assim, foi planejado e promovido o Curso de Educação Ambiental para a cidade do

Gama, no ano 2000, primeiramente, para o público da escola, com a formação de duas turmas, com quarenta educadores cada uma, nos turnos matutino e vespertino, utilizando o espaço escolar para a realização do curso, com carga horária de 80 horas.

As avaliações processuais e finais do referido curso demonstraram o interesse da comunidade escolar em participar de novos cursos e ações de educação ambiental, com

sugestões de ampliação da carga horária e que o local de realização do curso fosse o Parque Recreativo do Gama.

Foi então que, em 2002, atendendo a esse interesse da comunidade, a SEMARH

improvisou um Núcleo de Educação Ambiental no Prainha, adequando instalações já existentes no local para o funcionamento de um espaço para o desenvolvimento das ações de EA. A criação do espaço envolveu funcionários da Administração Regional do Gama, da

SEMARH e comunidade em um mutirão para reforma das edificações já existentes no Parque. Ali se realizou o chamado Curso de Reeditor Ambiental – uma nova versão do curso básico

de EA promovido pela SEMARH, com oito turmas, cada uma com quarenta educadores da rede oficial de ensino.

A seqüência de cursos de educação ambiental promovida pela SEMARH continuou no

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Os cursos oferecidos na cidade do Gama, pela SEMARH tiveram como metodologia: exercícios de sensibilização; visitas de campo; aulas teóricas com projeção de vídeos, slides e

transparências; discussões em grupos; apresentação de projetos desenvolvidos pelas comunidades locais; avaliação final por meio de questionários; acompanhamento das ações, através de relatórios, reuniões e seminários; realização de palestras e exposições;

desenvolvimento de atividades especiais como ações práticas de integração entre os participantes que pretendem garantir a mobilização permanente dos diversos segmentos

sociais.

O acompanhamento dos trabalhos comunitários, após a realização dos cursos de formação,

por meio de encontros, reuniões e participação em seminários foi e tem sido de fundamental importância para a análise sobre o surgimento dos movimentos sociais, principalmente na

cidade do Gama e sobre o envolvimento que tais comunidades têm com o Estado e com os parques em estudo.

A realização dos cursos de EA promovidos no “Prainha”, na cidade do Gama,

desencadeou o surgimento de alguns grupos sociais na cidade (que serão explicitados ao longo deste trabalho) e a continuidade dos cursos por outras instituições em prol do meio

ambiente.

Dessa forma considera-se que a presente pesquisa foi realizada por meio de um estudo de caso comparado, dos referidos Parques das cidades do Gama e de Águas Claras, por ter este o

papel de investigar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente

definidos. Empregando múltiplos métodos de tratamento de dados – nesse caso qualitativos – sobre uma ou algumas entidades (pessoas, grupos, organizações ou fenômenos) (YIN, 2001).

Tentou-se neste trabalho realizar uma investigação, associando a ela fundamentação

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Ambiental da SEMARH (1999 a 2003), históricos das cidades estudadas, planos diretores, legislação e reportagens.

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com representante do GDF/SEMARH/COMPARQUES, com ex-administradores e supervisores de parques (da SEMARH, da Administração Regional do Gama e da COMPARQUES).

Os cursos de educação ambiental, reuniões e seminários permitiram o convívio com lideranças comunitárias, obtendo-se desta forma dados referentes ao histórico das cidades e

suas comunidades, processos de surgimento dos movimentos sociais e educação ambiental. O relato dessa história oral e depoimentos foram gravados em vídeo.

Durante todo esse processo de investigação foram realizadas visitas de campo, nos quatro

parques escolhidos para o estudo (Parque Recreativo do Gama, Parque Ecológico e Vivencial da Ponte Alta do Gama, Parque Urbano e Vivencial do Gama e Parque Ecológico de Águas

Claras), com objetivos de observar a situação atual das áreas em estudo e a relação das comunidades com o meio ambiente.

Esta pesquisa teve como universo as comunidades das Cidades do Gama e de Águas

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Figura 1: Mapa da População segundo as Regiões Administrativas do Distrito Federal – 2004. Região Administrativa do Gama, com 112.019 habitantes, (5,4%); Águas Claras, com

43.623 habitantes (2,1%).

Fonte: SEPLAN/CODEPLAN – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios – 2004.

É importante prestar um esclarecimento, em relação aos poucos dados obtidos sobre a cidade de Águas Claras e de sua comunidade, no que se refere a movimentos sociais e

educação ambiental, o que se justifica pelo tempo histórico da cidade, que foi concebida há apenas 14 anos. Em comparação com a cidade do Gama (atualmente com 45 anos), a

(35)

CAPÍTULO 1 - CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO

1.1. Gama e meio ambiente

No artigo “O Canteiro de Obras da Cidade Planejada e o Fator de Aglomeração”, presente

no livro “A Conquista da Cidade: Movimentos Populares em Brasília” organizado por Aldo Paviani, QUINTO JR. e IWAKAMI4 (1998) relatam que:

A necessidade de construir a capital em menos de quatro anos obrigou a utilização de uma massa de mão-de-obra de forma extensiva tal que se criou um fluxo migratório sem precedentes. Este fato consolidou a criação de cidades como extensão dos conflitos, do mercado e da reprodução da força de trabalho, como a própria Cidade Livre (Núcleo Bandeirante), Taguatinga e Gama, antes da fundação da cidade que os migrantes vieram construir (p. 62).

Dessa forma, a cidade do Gama é coetânea a Brasília, havendo sido criada, assim como as

demais cidades-satélites, pela necessidade de dar respostas à maneira como se processou a atração da mão-de-obra para a construção da Nova Capital, que se transformou numa antítese das propostas originais de se criar uma capital isolada das massas urbanas e dos migrantes que

iniciavam um processo de transformação radical das cidades brasileiras (IWAKAMI & QUINTO JR., 1998, p. 63).

Ainda segundo IWAKAMI & QUINTO JR. (1998), a remoção dos diversos assentamentos e favelas de diversos pontos ligados a Brasília, não ocorreu por acaso ou, simplesmente, foi a criação de mais uma cidade-satélite. A lógica das transferências de

população dentro do Distrito Federal está intimamente ligada ao processo de construção do Plano-Piloto.

Assim, tentando-se fazer entender, historicamente, a constituição de Brasília dentro do sentido dado à preservação daquilo que foi planejado, a conseqüência imediata foi, e continua

4 Artigo “O Canteiro de Obras da Cidade Planejada e o Fator de Aglomeração”, obra de QUINTO JR. e

(36)

sendo até os dias de hoje, a de afastar e controlar o fator de aglomeração que se formaria inevitavelmente em torno do Plano-Piloto (IWAKAMI & QUINTO JR, 1998, p. 68).

Dessa forma, as remoções da Vila Amauri (área próxima à Vila Planalto, inundada após a criação do Lago Paranoá) deram origem à cidade do Gama.

Hoje, com 45 anos de idade, o Gama conta com uma população em torno de 130.580

habitantes, segundo o Anuário Estatístico do Distrito Federal (2002) - organizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH) -, enfrentando uma

série de problemas sócio-ambientais, tais como: aumento da demanda por habitação, invasões de áreas públicas, ocupações irregulares, violência, dentre outros. Ressalta-se que grande parte desses problemas poderia, pelo menos, ser minimizada, senão evitada, levando-se em

conta o Plano de Desenvolvimento Local (PDL), que só foi aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, no dia 18 de agosto deste ano de 2006, pela Lei Complementar nº. 728

(Ver anexo IV).

Em relação ao PDL cabe ressaltar que esse documento é uma das exigências da Lei Orgânica do Distrito Federal, de 09 de junho de 1993, expressa em seu artigo 15, inciso X,

sobre as competências do GDF:

Elaborar e executar o plano diretor de ordenamento territorial e os planos diretores locais, para promover adequado ordenamento territorial integrado aos valores ambientais, mediante planejamento e controle do uso, parcelamento e ocupação do solo urbano.

Considerando a data de publicação da Lei Orgânica do DF, tem-se aí um atraso de exatos

13 anos na elaboração e aprovação do Plano de Desenvolvimento Local da cidade do Gama. Conforme dados constantes do Projeto de Lei Complementar, o Plano de Desenvolvimento Local do Gama começou a ser elaborado em setembro de 1995, por

técnicos da Administração Regional do Gama, do Instituto de Planejamento Territorial Urbano do Distrito Federal (IPDF), da Subsecretaria de Planejamento, da Companhia de

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Administrações Regionais (SUCAR), obedecendo ao disposto no artigo 316, da Lei Orgânica do DF:

O Distrito Federal terá obrigatoriamente plano diretor de ordenamento territorial e planos diretores locais, instrumentos básicos das políticas de ordenamento territorial e desenvolvimento urbano, aprovados por lei complementar.

Ainda segundo o Projeto de Lei Complementar do PDL do Gama, as estratégias de mobilização social, utilizadas pela equipe técnica responsável pela elaboração do documento foram pesquisas de opinião, reuniões gerais e por setores da cidade, audiências públicas,

seminários e debates, além de plantão de técnicos da equipe, após as audiências públicas, para atendimento à comunidade. Foram realizadas reuniões com representantes da sociedade do

Gama, tais como: arquitetos, servidores públicos, representantes da educação e da cultura, feirantes, ambulantes, representantes legislativos e Associação Comercial e Industrial do Gama.

Entretanto, o que se percebe é que as discussões ficaram restritas a esses grupos, que de certa forma, defendem interesses próprios de cada um. Grande parte da população ainda está

alheia ao que se decide no âmbito dessas instituições, não compreendendo bem a função e objetivos de um Plano de Desenvolvimento Local, como dos demais planos diretores. Isso se evidenciou durante as audiências públicas, onde os participantes eram os mesmos

representantes dos grupos mencionados, que se manifestaram defendendo não interesses e direitos da coletividade, mas sim, interesses particulares de determinados grupos sociais, tais

como a liberação de áreas para instalação de empresas, indústrias e regularização de ocupações irregulares.

Até mesmo no processo de divulgação dos encontros com a comunidade, percebeu-se

(38)

jornais, inclusive com esclarecimentos sobre o plano, seus objetivos e interferência no cotidiano da população, não foram utilizados.

Em relação a áreas ambientalmente protegidas (e o PDL do Gama endossa as ações já previstas na Lei Complementar nº. 265/1999), atualmente, a cidade do Gama possui três parques, que abrigam uma significativa amostra da biodiversidade do Cerrado nativo da

região – o Parque Recreativo do Gama (Prainha), o Parque Ecológico da Ponte Alta do Gama e o Parque Urbano e Vivencial do Gama. Esses parques têm sido alvos de um forte processo de degradação ambiental ao longo desses últimos vinte anos, tendo suas características naturais parcialmente destruídas, dadas às condições de abandono em que foram colocados e, também, pela pressão urbana.

Essa condição de abandono se deve ao fato de que a urbanização da Cidade do Gama demorou mais de uma década e a proximidade do estado de Goiás direcionou sua expansão

para além da divisa do DF — onde loteamentos deram origem às cidades goianas de Novo Gama e Pedregal.

A preocupação do Estado com essa porção sul do Distrito Federal se deu muito mais no

sentido de efetivar os assentamentos humanos, do que implementar a urbanização, cuidar do meio ambiente natural e da qualidade de vida da população. Afastada da BR-040/050 (o que lhe conferia certa proteção contra os processos de ocupação), o próprio governo do DF

acabou por favorecer o seu adensamento populacional ao criar Santa Maria — uma extensão do Gama (a primeira dentro do DF). Criada como Núcleo Habitacional Santa Maria, o novo

assentamento permaneceu como área rural da RAII - Gama até 1992, quando a Lei nº. 348/92 e o Decreto nº. 14.604/93 criaram a Região Administrativa Santa Maria.

A nova cidade, desprovida da infra-estrutura básica como saúde, educação, segurança,

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de assentamento de famílias de baixa renda, em lotes semi-urbanizados, transferindo e fixando os moradores das invasões do Gama e das demais localidades do Distrito Federal

(40)

Figura 2: Mapa de Localização da Região Administrativa do Gama, no Distrito Federal. Localização dos seus três parques: Recreativo do Gama (ao sul), Urbano e Vivencial (ao

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(42)

A Região Administrativa do Gama possui uma área de 276,34 km² e tem como sede a cidade satélite de mesmo nome, com 15,37 km² de área urbana, 260,97 km² de área rural,

situada 33 km a Sudoeste de Brasília, abrigando uma população de 130.580 habitantes, com renda “per capta” de R$245,20 (duzentos e quarenta e cinco reais e vinte centavos), conforme dados do Anuário Estatístico do Distrito Federal, de 2002.

Em relação à forma e relevo, em quase sua totalidade, é suave plano e suave ondulado,

tendo como característica própria um grande vale, denominado Vale do Tamanduá. As

variações altimétricas do relevo, de acordo com Atlas do Distrito Federal da Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central – CODEPLAN (disponível em <http: www.gama.df.gov.br>) apresentam níveis correspondentes: Superfícies planas, nas cotas

acima de 1.200m, sendo 1.271m altitude máxima aproximada, cobertas predominantemente por cerrado e cerradão; superfície, nas cotas de 1.000 a 1.200m, coberta por cerrado ralo,

cerrado, cerradão e algumas manchas de mata ciliar; e superfície, nas cotas inferiores a 900m, indo até 1.000m, coberta por cerrado ralo, mata sub-caducifólia e algumas manchas de mata ciliar.

A Região Administrativa do Gama apresenta solos, em sua maioria, ácidos e com baixa fertilidade, predominando solos com horizonte B dos tipos câmbico, latossólico e textual, bem como algumas manchas de solo hidromórfico e, em pequena quantidade, os solos

aluviais, situados nas baixadas às beiras dos ribeirões e córregos (Fonte: CADASTRO/GEPLAN - RA II, disponível em <http: www.gama.df.gov.br>).

Estes números comprovam que de todo o território da cidade, a maior parte ainda se mantém como área rural (apesar de problemas relativos a parcelamentos ilegais e ocupação indevida do solo), o que implica em uma maior qualidade de vida para sua população, visto

(43)

urbana e ocupações irregulares), juntamente com a vegetação e fauna. Dos três Parques que a cidade possui dois (Parque Ecológico e Vivencial da Ponte Alta do Gama e Parque

Recreativo do Gama) estão localizados em área rural; o Parque Urbano e Vivencial localiza-se em meio urbano, no localiza-setor norte da cidade.

Além desses três parques, toda a área rural do Gama está inserida na Área de Proteção

Ambiental (APA) do Planalto Central criada por Decreto s/nº. de 10 de janeiro de 2002, com objetivos de proteger os mananciais, regular o uso dos recursos hídricos e o parcelamento do

solo, garantindo o uso dos recursos naturais e protegendo o patrimônio ambiental e cultural da região; contendo uma área de 504.608 (ha.) abrangendo o Distrito Federal e os municípios de Padre Bernardo, Planaltina e Águas Lindas de Goiás no estado de Goiás. A região é

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As áreas rurais e de Proteção de Mananciais (APM) do Gama inseridas na APA do Planalto Central são:

• Núcleo Rural Casa Grande;

• Área Rural Remanescente Ponte Alta (subdividida em Ponte Alta Norte, Ponte Alta de Cima e Ponte Alta de Baixo);

• Área Rural Remanescente do Ribeirão Alagado;

• Área Rural Remanescente do Córrego Crispim;

• Área Rural Remanescente do Córrego Monjolo;

• Área de Proteção de Manancial do Córrego Olho D’Água;

• Área de Proteção de Manancial do Córrego Ponte de Terra;

• Área de Proteção de Manancial do Ribeirão Alagado;

• Área de Proteção de Manancial do Córrego Crispim.

As áreas rurais do Gama têm representantes no Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável do DF, instituído pelo Decreto nº. 2.068, de 10 de abril de 2001 que é hoje, no

Gama, o segmento da sociedade que mais tem se manifestado e lutado contra as ocupações irregulares em Áreas de Proteção de Mananciais, por meio de publicações mensais em um

jornal local, participações em seminários e reuniões diversas sobre a temática, além de denúncias junto ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

As Áreas Rurais Remanescentes da Ponte Alta, do Ribeirão Alagado, do Córrego Crispim, assim como as Áreas de Proteção de Mananciais do Córrego Olho D’água, do Córrego Ponte de Terra e do Córrego Crispim, são as áreas que mais sofrem com as ocupações irregulares e

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Figura 5: Parcelamentos ilegais na Área Rural Remanescente da Ponte Alta (Norte) e Área de Proteção de Mananciais do Córrego Ponte de Terra, na Região Administrativa do Gama,

Distrito Federal.

Fonte: Aquelino Alves Machado, 2005.

Figura 6: Depósito de lixo na Área de Proteção de Mananciais do Córrego Olho D’Água, na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal.

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Figura 7: Represa da Unidade de Tratamento de Água Simplificado Olho D’Água (UTS / CAESB), na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal.

Fonte: Aquelino Alves Machado, 2005.

1.1.1. Os Parques no Contexto Histórico da Cidade do Gama

Os parques da cidade do Gama têm íntima relação com a criação da cidade, não só no que

se refere ao tempo histórico, como também aos problemas de uso e ocupação do solo. O Gama possui três parques, sendo o Parque Recreativo do Gama (Prainha), o Parque Ecológico e Vivencial da Ponte Alta e o Parque Urbano e Vivencial do Gama (PUVG).

1.1.1.1. “O Parque Recreativo do Gama (Prainha)”

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freqüentado pelos moradores de toda a região devido à existência de belas cachoeiras, corredeiras e paredão rochoso que formam um local propício para balneário e prática de

esportes. Como a cidade do Gama estava recém criada, a ausência de infra-estrutura, levava as mulheres pioneiras a lavarem roupas nas águas do Córrego Alagado que banham o parque.

Durante as décadas de 1960 e 1970, o Prainha foi utilizado pelas comunidades do Gama e

região como área de recreação, lazer e, no caso das mulheres, para trabalho (conforme depoimento de algumas mulheres pioneiras na cidade), até quando foi implantada na cidade a indústria SKOL (atual Cia. de Bebidas da América – AMBEV) que começou a explorar a

nascente do Córrego Crispim (tributário do Córrego Alagado) e a lançar seu efluente diretamente no Córrego Alagado. Por essa razão, a comunidade não mais freqüentou o

parque.

Os Córregos Alagado e Crispim pertencem à Bacia Hidrográfica do Rio Corumbá, tendo

suas principais nascentes inseridas na Região Administrativa do Gama, porção sul do Distrito Federal (Ver figura 8). Às cabeceiras do Córrego Alagado, está localizada a Unidade de Tratamento Simplificado de Água do Alagado (UTS / CAESB), captação construída logo

após a criação da cidade, para abastecimento da população, recentemente interditada, devido aos processos de ocupação do solo que se instalaram aos seus arredores, principalmente o

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Figura 8: Mapa hidrográfico do Distrito Federal.

(50)

A instituição da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), em 1981, estimulou os estados e DF, por meio de suas Secretarias de Meio Ambiente a implementarem a sua Política

Ambiental – no caso do Distrito Federal, instituída pela Lei nº. 041, de 13 de setembro de 1989 visando, fundamentalmente, disciplinar as relações entre a sociedade, suas atividades e a necessidade de conservação e preservação do meio ambiente, harmonizando o homem e o

seu meio, buscando garantir o desenvolvimento para presentes e futuras gerações. A partir da criação da SEMATEC e da Lei de Política Ambiental, importante marco na condução das

questões afetas ao meio ambiente, o Distrito Federal avançou a passos largos na gestão de seus recursos naturais em direção ao desejado desenvolvimento sustentável (Disponível em http://www.semarh.df.gov.br). Dessa forma a indústria SKOL foi interditada pela SEMATEC

e tomadas providências junto à CAESB no sentido de cessar o lançamento de efluentes no Córrego Alagado.

Em 23 de agosto de 1982, pelo Decreto nº. 6.953 (Ver anexo VI), o Parque Municipal do Gama foi extinto e criado o Parque Recreativo do Gama. A área do parque extinto foi desmembrada e dos 653 hectares remanescentes, parte foi incorporada na formação do trecho

leste do bairro Itamaracá (Setor Leste do Gama) e o restante ficou sob a administração da Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, conforme registros encontrados nos processos referentes ao Parque, na SEMARH e COMPARQUES.

Por determinação desse decreto, o Parque ficou subordinado à Administração Regional do Gama, para fins de lazer e recreação, com uma área de 136 (cento e trinta e seis) hectares,

contida no perímetro do Parque extinto, como consta do referido Decreto.

Assim, a fim de se fazer cumprir os objetivos previstos no Decreto em questão, a Administração Regional do Gama implantou no parque equipamentos públicos tais como

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havia também uma Biblioteca nomeada “Alma de Gato”, com cerca de 480 exemplares específicos sobre meio ambiente, literatura infantil, informações sobre agricultura, viveiros

alternativos, dicionários sobre agricultura, dicionários das plantas úteis e tóxicas brasileiras. Essa biblioteca desenvolvia o projeto “Escola no Parque” que se constituía em visitas orientadas às escolas, atendendo a todas as faixas etárias. Mais tarde, essa biblioteca seria

retirada do parque para dar lugar a um restaurante, cuja administração, como das piscinas (abastecidas com água de nascentes), foi concedida a terceiros. Conforme informações

obtidas junto a administradores e supervisores de parques dos órgãos ambientais responsáveis (Administração Regional do Gama, SEMARH e COMPARQUES), tais parcerias eram realizadas por meio de contratos sem licitação e que nunca reverteram parte dos lucros em

benefício do parque, nem para pagamento da energia elétrica e água utilizada (Ver anexo VII).

Em 16 de setembro de 1988, o Parque Recreativo do Gama foi extinto e na mesma área, pelo Decreto nº. 11.261 (Ver anexo VIII), foi criada a Reserva Ecológica do Gama, sob as seguintes considerações:

• Considerando a necessidade de se preservar a Mata Ciliar do Córrego

Alagado, que além de proteger suas margens, apresenta grande riqueza em espécies da flora nativa;

• Considerando a existência no local de espécies raras e endêmicas da

flora; considerando a necessidade de proteger as encostas ao sul da Cidade Satélite do Gama, que devido a sua formação geológica, são muito susceptíveis aos processos erosivos;

• Considerando a existência de trecho do Córrego Alagado de grande

beleza cênica, com cachoeiras e piscinas naturais.

Desta forma, o Prainha passou a ser uma Unidade de Conservação de uso restrito e a visitação pública não deveria ser permitida; entretanto, o uso consolidado era o de parque.

(52)

Alagado, por meio da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do Alagado, implantada pela CAESB. A continuidade da poluição do Córrego Alagado fez com que a comunidade se

afastasse ainda mais do Prainha e, com isso também, os órgãos ambientais responsáveis. Segundo a Administração do Parque, com a ausência de cercamento até o ano de 2005, era impossível controlar a entrada e saída de pessoas do parque; entretanto era evidente que

as pessoas que ali transitavam e ainda o fazem, utilizam o parque apenas como via de ligação entre as cidades do Gama (DF) e do Novo Gama (GO). O fato de não haver manutenção da

infra-estrutura disponível para recreação e lazer, para atendimento a usuários, evidencia o abandono. A vigilância presente na área é apenas patrimonial (edificações, materiais e equipamentos), não sendo responsável pela fiscalização ambiental.

O descaso com a gestão ambiental da Unidade de Conservação fez com que o parque se tornasse alvo de vandalismo e crimes de toda ordem, como desmatamentos para criação de

campos de futebol, queimadas criminosas, depredação do patrimônio público e, até mesmo, assassinatos. Segundo depoimentos de Policiais Militares, a estrada que corta o parque, com destino à cidade de Novo Gama, era frequentemente utilizada por veículos que evitavam

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Figura 9: Trecho da estrada que corta o Parque Recreativo do Gama (Prainha), na Região Administrativa do Gama (DF); área limite com a cidade de Novo Gama (GO), no interior do Parque, com grande concentração de lixo proveniente da comunidade do Condomínio Boa

Vista de Goiás (Novo Gama – GO). Fonte: Flavia Maria Barbosa; 2003.

O Condomínio Boa Vista de Goiás, pertencente ao município do Novo Gama, constitui uma ocupação irregular que se estabeleceu nos limites do Distrito Federal (Gama) com o

Estado de Goiás (Novo Gama). Trata-se de uma comunidade carente, desprovida dos serviços públicos básicos como saneamento básico, coleta e destinação correta de lixo e entulho,

abastecimento de água potável e transporte coletivo; com essa carência, o Parque Recreativo do Gama sofre com a pressão e os impactos aos quais é submetido.

Duas ações importantes para solucionar esses problemas foram realizadas entre 2005 e

(54)

Com a publicação do decreto nº. 25.867, de 23 de maio de 2005, o GDF “Define as coordenadas da poligonal do Parque Recreativo do Gama e as coordenadas da poligonal da Reserva Ecológica do Gama” (Ver anexo IX).

Dessa forma o Parque Recreativo do Gama (Prainha) mantém a sua área de 136 ha., sendo contíguo à Reserva Ecológica do Gama, com 537,63ha. e perímetro de 12.580,53

metros.

A partir dessa definição de poligonais o cercamento do Parque foi efetivado e concluído

pela COMPARQUES neste ano de 2006, tendendo a minimizar os impactos da pressão urbana, evitando-se a exploração de suas nascentes, a caça predatória de animais silvestres, as práticas de desmatamento, acúmulo de lixo no seu interior, presença de animais domésticos,

principalmente por cavalos (esses animais eram soltos no parque por seus donos - carroceiros - no final do dia) e suas trilhas foram transformadas em vias de acesso para uma população

que transita no Parque em direção ao Gama a pé, de bicicleta, de moto e, até mesmo, de carro. Com o cercamento, parte dessas trilhas deverá ser fechada e sua vegetação regenerada.

1.1.1.1.1. Vegetação e Fauna do Parque Recreativo do Gama

Conforme o Documento “Proposta para Criação da Reserva da Biosfera do Cerrado –

Fase 1, Distrito Federal - GDF 1992; Vegetação 2000 apud CAVALCANTI & RAMOS (2001, p. 13), 42% da área física do DF encontram-se inseridos em algum tipo de Unidade de

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de água contaminadas pelo lixo e esgoto, e, tendo consequentemente, a vegetação natural retirada.

No Distrito Federal, a vegetação predominante é o Cerrado, bem caracterizada por seus arbustos com troncos e galhos retorcidos, casca grossa do tipo cortiça e folhas secas (Ver figura 10).

Figura 10: Cerrado típico presente no Parque Recreativo do Gama (Prainha), Região Administrativa do Gama, Distrito Federal.

Fonte: Flavia Maria Barbosa; 2002.

Segundo PROENÇA et al. (2001, p. 89), o Distrito Federal é provavelmente a região mais

Imagem

Figura  1:  Mapa  da  População  segundo  as  Regiões  Administrativas  do  Distrito  Federal  –  2004
Figura 4: Área de Proteção Ambiental (APA) do Planalto Central.
Figura 5: Parcelamentos ilegais na Área Rural Remanescente da Ponte Alta (Norte) e Área de  Proteção  de  Mananciais  do  Córrego  Ponte  de  Terra,  na  Região  Administrativa  do  Gama,  Distrito Federal
Figura  7:  Represa  da  Unidade  de  Tratamento  de  Água  Simplificado  Olho  D’Água  (UTS  /  CAESB), na Região Administrativa do Gama, Distrito Federal
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Referências

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