EFEITO DA ~C/+Çk:) IE FUNGICIDAS 00 cnmaE BIOUlGIOO DE ~ IE PLANI'~
Wcqler Bettiol
Centro Naciroal de Pesquisa da Defesa da Ag'ricultura/CNP~RAPA;
Caixa Postal 69
13820 - Jaguariúna, SP - Brasil
os
estuios da CCI'I'pOSição quantitativa e qualitativa dos microrga-nism::>s da rizosfera, bem carro as investigações de suas atividades constituem parte in'portante para o ccnheci.nento das inter-relações entre os microrgani~mos e as.plantas. A composição quantitativa e especifica da microflora da ri-zosfera e da fi los fera depende das condições clirnã.ticas e edáficas, além da própria espécie da planta c:nn quem mantém relaciooanento. Esta oooposição po-de ser· profmdanente m:xlificada cem várias ccnsequências, ora benéficas ora prejudiciais.
Dentro do vasto IIJ.lildo micrd>iano da superflcie das raizes e fol.h:ls, as pcpulaçi)es de patógenos dqs plantas apresentam-se, nonnalnente, em rrenor n§ nero. Ccrtparado c:nn outros microrganisroos nuitos patógencs são fraex>s coopet!_ dores por nutrientes e espaço dispcn!veis. Cootudo, eles escapam desta ~ tição por infectar as plantas hospedeiras, vivendo em seus tecidos. Entretan to, durante certos estádios de seu . ciclo de vida os patógenos são suscept! veis
às
interações can a microflora saprofi tica. Esses es~ádios incluem gemnina-ção dos esporos, infecção no hospedeiro e principalnente, sd:Jrevi vência naau-sênci~ da cultura hospedeira. O estabelecinento do patÓgeno não é semente in-fluenciado pela oonpatibilidade hospedeiro-parasita, na dependência das coodi-ções anbientes, mas tanbém é consideravel.nente m::dificado pela presença da nú.-érof1ora antagonlstica.
Os. efeitos de di versas substâncias qulmicas, entre as quais os f~ gicidas, sobre os sistemas ani>ientais são pci>renente entendidos e as relações entre essas substâncias e a microflara da rizosfera e filosfera muito menos. Na última década tem havido um amento nas atenções dos in'pactos dos
defensi-vos agrícolas sobxe os nd.crorqanismos não visados (HISIDP, 19 76) • Esses 1.npae_
tos causam efeitos locais e são de significado ecológico fundanental. Há
tam-bém um significado prático, porque
a
dive:rsa a nd.croflora da rizosfera e filo! fera,a
qual pode, porinterações
antagênicascan
patógenos, inibir a infecção e a patogênese (LEBEN, 1965). Assim, as possíveis IOOdificações da ndcroflo-ra pelos funqici~ podeJ11 trazer ocnsequências benéficas e/ou preju:llciais ao c:cntrole de doenças de plantas.Alguns pesquisadores preocupados com estes possíveis efeitos no equil!brio mt.crobiano desenvolveram uma série de traballlos, e
são
descritos na literatura nunerosos exenploe de antagcnisno soore condições naturais contro-lando dive:rsas doenças de plantas {~ & TVEIT, 1955).ELAD et al. (1980) conbinando o cootrole químico, físico, e bioló-gioo para doenças de solo, da batata (Solanwn tubvw.6wn verificaram que paste~ rização solar e fumigação com bi'OIOOto de netila do solo, quando testados em ccndições de canpo, reduziram as doenças causadas por Rlúzodonia -6ota.ni Ve!!; UciWwn da.hli.a.e1 tanbém houve redu;ão com aÇ}Emte de biocontrole T!tic.hodVtma. ha.Jtzia.num. A CCilbinação pasteurização solar ou brareto de netila can T. ha.Jt-z.úutum aumentou sua eficiência e resultou no cootrole de Sc.teJto:t.i.um ILOi.~.6Ü, sendo que a prcdução de tubérculos de batata cxxn as catbinações allilelltou em 56 e 95%, respectivanente, quando carparado can a pasteurização ou fumigação, isoladanente.
amr
et al. (1982) tanbém verificaram que a coobinação de trata-nento químico e biológico do solo foi mais eficiente no controle de R. -6ota.niem bulbos de Íris, inclusive refletindo positi'VéliiJ31te na prc:xiução e peso dos bulbos.
A partir de 1970, os plantadores de anendoim do s\X3este das E. U.A. têm verificado a\.Ulel1tos de perdas causados por m:>fo branco, doença causada por Sc.teJto.Uum !Lol6-6il. Coincidentenente, durante este período 80-90% dos fazen-deiros haviam adotado o f\.U'lgicida sistêrnico ~1,
can
grande sucesso, para controle da Ce!Lc.o-6poll4 a.~tac.hidic.ola. e Ce!Lc.o-6po!ti~iwn pe!t..6onatum. ~ et al. (1975) derrmstraram que tal fatoé
devido ao efeito de benanyl scbre T.'Li-c.hodvuna v.iJÚde, um antagcnista natural a S. !Lol6.6il.PORI'ER (1977) verificou que chlorothalooil, um fungicida recooen~
do para cootrolar mancha de oercospora em anendoim,
não
foi sarente inefeti vo em controlar murcha de sclerotinia (Sc.((UW.tinia 6c..f.e!Lo.ti..oJtum), mas levou a um a\.Ulel1to na severidade·da doença. Em testes de canp:::>, plantas tratadas can chlorotalaúl apresentaram maior incidência de S • .6C..f.eJto.tioJtum e nenor prc:xi~ ção de vagens, do que plantas não tratadas. PORI'ER (1980) verificou que capt~fol e chlorot.alcnil aplicados nas dosagens reocmandadas para ccntrolar mancha foliar de oercx::spora em anendoim aunentaram si<,Jlificativamente a severidade de doença causada por SclvwUtúa. minoiL.
ANOREH) & I<ENERLY (1978), realizaram estlrloe para verificar oefe_! to de programas de pulveriZação de fmgicidas, bactericidas e inseticidas para cxntrole de pragas e doenças da macieira sd:>re a
população
de microrganisnos ~ pif!ticas não visados pelos produt:Os. O; autol:es observaram que a canunida-de microbiana foi quantitativa e qualitativaDSlte. alterada quando o esque-ma padrão de pulveriZação de defensiva~ foi realizado nas macieiras. Amagni-bx1e da ·redução de bactérias, fungos filanentosos, leveduras e actinooú.oeta:> ~
riou anualnente e entre as categorias da microflora.
PcpJlações
em folhas tr~·tadas foram reduzidas entre 10 e 1000 vezes em 1976 e 50 vezes em 1977. Os re sultackls sugerem qte nunerosos antagâlioos de patógenos foliares pcxlem ter si-do reduzidos pelos programas de pulverização utilizados, podendo apresentar
inplicaçôes para o· desenvol vilrento da abordagem biológica para estratégias de coot:role J,ntegrado. Q3 esttdos na;traram que ba~rias mais do ~ fungos foram afetados na canmidade microbiana. Toma-se necessário considerar a im-portância deste fato, pois esses· organisroos apresentam potencial antagônico. Essas obserVações apresentam indicélÇÕes &E significados ecológicas e poten-cial de ccntrole da sarna da macieirà. Inplicações destas desc~rtas para lBll
provável ccntrole integrado da sarna da macieira podem ser esperadas em con~
quência dos estudos do potencial dos antagonistas da microflora do filopla-no a Ventwúa -inaequa..ti.-6. ANDREWS & KENERLY (1978) acreditam que o ccntrole bi~
lógico da sarna é \Da tática que pode ser desenvolvida, em parte, por
manipu-~ das populações de mi.crorganisnos antagênioos presentes nas partes foli~ re~ e florais da macieira, na primavera e verão. Alguns microrganism::>s cuja população foi afetada nostraram, in vitro, forte antagcnisno a V. útaequa.ti.-6.
GIQ;S & ~ (1972) nostraram que folhas de cevada originadas de semante tratadas can benaryl apresentavam inibição do crescinento de Spo!w-bolomycu 1Lo.6e~, Leuco.6pollicü.um .6co.tW e AWLeobMic:ü.um pul.tufan-6. Por ou-tro lado, folhas originadas de senentes tratadas can carboxin não inibiram es-ses organisroos. Essas cbservações podem ter sérias repercussões, pos ~ DEN HEUVEL (1969) JOO&trou q\.1:! A. putfu1an.6, canum em folhas, pede produzir o núne_;:
ro de. lesões causadas por AUVUta!U.a zúuU.ae em feijão~ Tanbém LUZ (1984)
cb-servou que arganisnDs neutros do filoplano de trigo, corro S. 'Lo.6e~, SpoJtobo.t~
mycu sp. e Rhodo.toiLUl..a sp. , reduziram eficientercente infecções foliares cau-sadas por Coch.UoboltU .l.t:Lti.vU-6 e LeptoJ.»phae!Ua nodo'l.um. Isto toma inportante a escolha de fungicidas para tratanento de senentes, pois
I:xrle
alterar asne-cessidades de CXXltrole de doenças da parte aérea pelos efeitos causados na fi-losfera.
A sobrevivência de muitos patógenos fora do hospedeiro é fortenen-te influenciada por organisJOOS conpetidores ou antagcnistas i tratanentos os quais seletivamente inibem tais organiSIOOS tendem a aunentar a abundância do
patógeno no anbiente e cx::nsequentenente a incidência e severidade da doença. rn:mças resultantes ou que aurrentam a severidade através do uso de substân-cias qu!micas para proteção de uma cultura p:xlem ser referidas caoo iatrogên_! cas (GRIFFITHS1 1981) 1 sendo este um efeito indireto do uso de fungicidas no
cootrole biológico.
Un aspecto explorado nos últina; anos é a utilização de microrga-niSIOOS antagênic:a3 can resistência a fungicidas específicos 1 para cxntrole de
doenças da parte aérea da planta. Trabalhos neste sentido
vêm
sendodesenvol-vidos para cootrolf;! de BotJr.yw c.-ineJtea. 1 agente causal da pcx:lridão cinzenta da
uva, com a utilização de
Ttúc.hodvuna
resistente a benomyl ou vinclozolin1 vi-sando o cootrole integrado (GUILIOO & GARIBMDI, 1983i GUILIOO et al., 1985).Finalnente 1 há necessidade de ocnsiderar as possi veis alteraçies f.!
siológicas nas plantas decorrentes da utilização de fungicidas. Essas altera
ções
poderiam induzir IOOdificações no micrdlabitat e desta fonna interferir no controle biológico.REFERtNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ANDRE.WS, J. H. & C.M. KENERLY, 1978. 'lbe effects of a pesticida program oo n~
target epi:fhytic micrcbial populatioos of apple leaves. Canadian Journal of Micrd:>iology, 24: 1058-1072.
BACKl-11\N, P.A.; R. roDRiaJEZ-KABANA & I. C. WILLIAMS, 1975. 'Ihe effect of pea-nut leafspot flD'lgicides oo the noo..;,tardet pathogen, Sc.l.e!tot.-i.um ltol6~.U:. Phl
topathology, 65: 773-776.
OIE.T, I. ; Y. EI.AD, A. KALFON i Y. HADAR & J. KAT.AN, 19 82. Integrated cootrol of soilbome and bulbome pathogens in iris. Phytoparasitica, 10: 229-236.
EI.AD, Y. ; J. KATAL'\l & I. CHEI' I 19 80. Physical I biological 1 and chemical
con-trol integrated for soilbome diseases in potatoes. Phytopathology 1 70:
GRIFFITHS, E., 1981. Iatrogenic plant diseases. .Annual Qeview of Phytcpatho-~, 19: 69-82.
CiiOSS, Y. & R. KENNElll, 1972. 'lhe fate of carboxin, benarrfl and thiabendazo-le in seed-and soi1-treated planta, as shcMn by in vitro and in vivo bios-says oo sooe epiJ;ilytic yeasts. Ann.
AIJ>l.
Biol.,]l:
307-318.GUILIOO, M.L. & A. GARIBAIDI, 1983. Situaticn actuelle et perspectives
d'ave-nir de la 1utte biologique et intégree CXI'ltre la poumiture griss
de
la vig: ne en Italie. In: Ies antagcnisnes micrd:>iens, 24 ene colloque de la SOCi~ti Française de Phytcpatholcx;ue; B()rdeaux, 26-28 maio de 1983. r:p. 91-97.
GUJL]N), M. L. ; M. ~ZALAMA & A. <?ARABAI.DI, 1985. Biologica1 and integrated
ocntrol of BotJtyfu c..i.nVL.e.a in Ita1y: Experinental results and prcblems. In: Guademi del1a scuoe1a di specia1izzaziooe in viticultura eQ ecnologia 19f5 lbiversitá di Torino. p.299-308.
HISI.OP, E.C., 1976. Sane effects of fWlgicide and other agrochemicals on the micrdliology of the aeria1 surfaces of plants. In: DICK~, C.H. & T.F. PREECE (Coord. ) Microbiology of aerial plant surfaoos. Academic Press, New York, pp. 41-.74.
LEBEN,
c. ,
1965. EpiJ;ilytic microorganisms in relaticn to plant disease. Annual leview of Phytopatho1ogy,1=
209-230.LUZ,
w.c.,
1984. Efeito dos microrganisrros do filoplano scbre as manchas fWl-gicidas foliares do trigo. Fitopatologia Brasileira, 10: 79-83.PORI'ER, D.M., 1977. 'lhe effect of chlorothalooil and benanyl oo the severity of sc1e:rotinia blight of peanuts. Plant Disease Ieporter, 61: 995-998.
PORI'ER, D.M., 1980. Increased severity of ScleJUJ.túúa blight in ~anuts tre~
ted with captafol and chlorothalonil. Plant Disease, 64: 394-395.
VAN ~ HEUVEL, J., 1969. Effect of AWteobM.-i.diwn puUui.an-6 on nwrbers of le-sioos oo dwarf bean leaves by Altv~:ualr.-<.a z..tnn-<.ae Neth. J. Pl. Path. , 75: 300.
NX)I), R. K.