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A Indústria Farmacêutica – Uma Breve História

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A Indústria Farmacêutica – Uma Breve História

Valduga, C. J. Laboratório de Síntese e Formulações

Programa de Mestrado em Farmácia, Universidade Bandeirante de São Paulo – SP

Resumo

O propósito deste artigo foi trazer à luz importantes aspectos históricos relacionados à indústria farmacêutica mundial, desde suas origens no século XIX até os dias de hoje. Também procuramos oferecer ao leitor um panorama atualizado a respeito do método de trabalho daquelas companhias, seus interesses, riscos, oportunidades e necessidades. Ainda que superficialmente, explicamos alguns dos princípios fundamentais que regem o direito à propriedade intelectual e como esses princípios servem de importante estímulo à inovação científica e tecnológica do setor farmacêutico. Em seguida, tratamos das origens legais e econômicas do segmento de medicamentos genéricos, fornecendo números atualizados do setor e elencando algumas das principais tendências observadas ao longo dos últimos anos. Por fim, apresentamos uma relação atualizada das cinco maiores companhias farmacêuticas mundiais e um breve apanhado da biografia empresarial de cada uma delas.

Palavras-chave: Princípio ativo, fármacos, medicamentos, indústria farmacêutica.

INTRODUÇÃO

A falta de sorte de dois homens muito ricos Londres, julho de 1836

Nathan Mayer Rothschild tinha 58 anos de idade; era um homem baixo e corpulento mas tinha boa saúde e grande disposição para o trabalho (1). Em sua época, Nathan foi o líder da mais poderosa dinastia de banqueiros de que até hoje se tem notícia. Desde a metade do século 18 os Rothschild foram (e ainda são) a grande eminência parda das finanças internacionais: seus bancos financiaram reis, rainhas, tiranos, revolucionários franceses, a derrota de Napoleão, a construção do Canal de Suez e muitos outros grandes empreendimentos típicos do porte de sua legendária riqueza (2,3). Além disso, os Rothschild colecionavam as maiores propriedades imobiliárias de toda a Europa. Castelos na Grã-Bretanha, em Nápoles, em Paris, em Frankfurt e em Viena, entre outros, serviam de acomodação à família em suas viagens a passeio ou a trabalho; suas impressionantes residências eram todas finamente decoradas com os mais exóticos e luxuosos ornamentos vindos de todas as praças européias e até mesmo dos longínquos entrepostos do Oriente Próximo e do Extremo Oriente (2). Enfim, àquela altura de sua vida, Nathan era certamente o homem mais rico do mundo e podia se dar ao luxo de comprar aquilo que bem entendesse – o que nunca hesitava em fazer (2). Porém, a despeito de toda a sua riqueza, naquele mês de julho Nathan vinha sendo incomodado por uma espécie de furúnculo em sua região lombar. Com o passar das semanas e após uma cirurgia, ocorreu que a ferida infeccionou e se tornou purulenta. Embora houvesse tido ao seu dispor todos os recursos médicos existentes na época, Nathan faleceu no dia 28 daquele mês (1). Um simples abscesso infeccioso matou Nathan Mayer Rothschild, o banqueiro judeu mais rico de todos os tempos (1).

Cidade do Cabo, março de 1902

Correspondência:

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Aparentemente, Cecil Rhodes era um típico aventureiro inglês, tal qual seu homólogo Indiana Jones; a diferença entre ambos, no entanto, é que o professor Jones se expôs às aventuras em troca de conhecimento científico: ele era um importante arqueólogo de uma das mais renomadas universidades do Reino Unido. Rhodes, por outro lado, de modo algum era movido pela Ciência. Sofria, desde muito jovem, de uma séria complicação cardíaca (um aneurisma da aorta) e os médicos ingleses imaginaram que o clima sul-africano lhe seria mais recomendável do que o londrino. Mudou-se, então, aos 16 anos (juntamente com um irmão mais velho) para a Cidade do Cabo (4).

Na África do Sul, Rhodes testemunhou a descoberta da gigantesca mina de diamantes de Kimberley – até hoje, provavelmente, a maior mina diamantífera de que já se teve notícia. Percebeu que, devido a Kimberley, haveria a partir daquele momento uma inevitável e brutal oferta de diamantes no mundo – o que seguramente destruiria o valor comercial da pedra preciosa (4). Fez suas malas, foi a Londres e, após incansáveis tentativas, logrou êxito em pedir ao banco dos Rothschild um empréstimo para fundar uma empresa que fosse capaz de controlar a oferta e o comércio dos diamantes no mundo (4,5).

Tratava-se, na realidade, de se criar uma empresa que controlasse monopolisticamente o comércio internacional da pedra preciosa e que, consequentemente, fosse capaz de manter o seu preço em patamares apropriada e permanentemente elevados (4,5). Assim, em 1888, Cecil Rhodes fundou a De Beers Consolidated Mines – empresa que, até hoje, ainda detém aquele monopólio (4,5).

Em seu tempo, Cecil Rhodes, assim como Nathan Rothschild, também foi o homem mais rico do mundo; aliás, curiosamente, ele foi o último europeu a ocupar tal posição (5). Apesar de haver alcançado a riqueza material ainda muito jovem, esse Ozymandias da Era Moderna não obteve sucesso no tratamento de sua enfermidade cardíaca. Nem os médicos e muito menos o clima sulafricano foram capazes de ajudá-lo a controlar sua própria doença e, aos 26 de março de 1902, morria Cecil Rhodes (4). Contava 48 anos de idade (4).

A história da vida desses dois homens nos revela um drama enfrentado pela Humanidade do final do século 19: a Medicina, a despeito de sua antiguidade hipocrática, mostrava-se nitidamente incapaz de oferecer soluções adequadas ao controle de doenças e à manutenção da vida.

O historiador britânico Eric Hobsbawm nos ensina, em seu brilhante A Era das Revoluções, que o homem europeu dos séculos 18 e 19 era substancialmente diferente daquele que hoje nós conhecemos (6). Bem menor em sua estatura, franzino, muito mais mal-alimentado e quase totalmente vulnerável às vicissitudes da Natureza, aquele homem oitocentista era muito limitado por sua baixíssima expectativa de vida e, sempre que a Natureza se levantava contra esse homem, ela inevitavelmente o vencia (6). Entretanto, é claro que nem Cecil Rhodes e muito menos Nathan Rothschild poderiam ser considerados homens comuns, homens do povo. Foram homens que dispuseram de uma riqueza verdadeiramente fabulosa até mesmo para os padrões atuais e, diante da lógica prevalecente em nossos dias, seria inconcebível que doenças hoje tão facilmente tratáveis pudessem riscar da face da Terra os homens mais ricos do planeta.

Por que, afinal de contas, homens como eles sucumbiram àquelas doenças? Sucumbiram sobretudo porque o mundo em que Cecil Rhodes e Nathan Rothschild viveram era muito diferente do nosso mundo.

Em primeiro lugar, as próprias pessoas não tinham o costume de ser lá muito higiênicas, independentemente de serem pobres ou ricas, nobres ou plebéias: segundo nos conta Gilberto Freyre, em seu Casa-Grande & Senzala, “em princípios do século 19 ... ainda se encontravam pessoas na Alemanha que em toda a sua vida não se lembravam de ter tomado banho uma única vez. Os franceses não se achavam, a esse respeito, em condições superiores às dos seus vizinhos” (7).

Além desse pouco asseio, tão característico do homem branco, somavam-se ainda os conflitos e as guerras constantemente travadas durante séculos entre as monarquias absolutistas européias, comprometendo seriamente o equilíbrio financeiro de seus reinos e consequentemente trazendo consigo, além da morte pelas baionetas, também a ruína econômica e a deterioração da já precária qualidade de vida das populações, favorecendo ainda mais o surgimento de pestes e de epidemias (6). Diante desse cenário de desolação, a produção artesanal de medicamentos existente nas épocas de Rothschild ou de Rhodes pouco pôde fazer para impedir que milhões de vidas humanas fossem prematuramente ceifadas.

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As Indústrias Farmacêuticas: Vilãs ou Heroínas? Um Breve Histórico

Afinal de contas, o que são e que papel realmente desempenham as indústrias farmacêuticas em nossos dias? Desde a segunda metade do século 20, essa pergunta vem sendo feita insistentemente por jornalistas, cientistas, religiosos, estadistas e até mesmo pelos mais humildes estratos sociais de todas as nações do mundo.

Os adeptos do conspiracionismo enxergam na indústria farmacêutica um Leviatã do universo empresarial contemporâneo; os ingênuos, por outro lado, acreditam piamente na tese de que as conquistas da indústria farmacêutica são apenas fruto da simples volição, enquanto os radicais querem negar a essas indústrias o direito legítimo de escolher livremente os temas de pesquisa sobre os quais priorizarão o uso de sua energia, de seu tempo e do seu dinheiro.

As opiniões a respeito da indústria farmacêutica são seguramente muito variadas e não julgamos relevante elencá-las todas neste trabalho; entretanto, o primeiro ponto pacífico é que nenhuma das opiniões expostas acima consegue traduzir, com exatidão e justiça, o que são, o que fazem e o que realmente desejam aquelas companhias.

As indústrias farmacêuticas vieram ao mundo na esteira da 2ª Revolução Industrial, num momento em que a Europa e os Estados Unidos desfrutavam de uma relativa estabilidade social e política que, com o passar do tempo, inevitavelmente induziria um aumento de suas populações. No entanto, uma vez que a expectativa de duração da vida humana ainda era muito baixa (segundo o próprio professor Hobsbawm, aquela foi uma época em que as pessoas raramente conseguiam vencer a barreira dos 40 anos de idade (6)), aquele crescimento populacional seria devido sobretudo a um aumento da taxa de natalidade.

Portanto, uma questão urgentíssima se impunha pela primeira vez em séculos: nasceriam mais pessoas do que o usual; porém não havia, até aquela época, meios suficientes para prolongar a duração da vida humana; vivendo mais, teoricamente o ser humano seria capaz de produzir mais riqueza econômica. Por outro lado, sem que o ser humano encontrasse um meio de adiar a própria morte, os níveis de crescimento econômico tenderiam a permanecer estáveis e, havendo (pelo menos num momento inicial) mais gente para dividir uma quantidade constante de riqueza, em pouco tempo aquele aumento da natalidade tenderia novamente ao desaparecimento (8).

Em poucas palavras: caso quisessem aproveitar o momento favorável para criar reais condições de crescimento e de expansão de seus domínios políticos, econômicos e territoriais, os países de então não mais poderiam continuar tolerando e convivendo com a baixa expectativa de vida de suas populações. Era necessário, de alguma maneira, prolongar a existência humana ao máximo possível (8).

Algo precisava ser feito e, àquela altura, a Química já era uma ciência bastante evoluída e que não cessava de apresentar avanços; o grande problema, entretanto, é que ainda não havia meios para se tornarem públicos os benefícios decorrentes daqueles avanços. Via de regra, as descobertas dos laboratórios ficavam confinadas apenas a quatro paredes, beneficiando apenas a vida de muito poucas pessoas - na verdade, a maioria dos medicamentos da época ainda era caseira e de fabricação artesanal, feita apenas para contribuir com o tratamento das enfermidades de familiares (10).

Essa situação aflitiva permaneceu até 13 de março de 1877, quando a John Wyeth & Brother finalmente registrou, nos Estados Unidos, a patente da criação do comprimido (curiosamente, a invenção da Wyeth só foi possível graças a uma outra invenção, feita em 1843 pelo artista plástico inglês William Brockedon: tratava-se de uma pequena máquina manual, cuja finalidade era apenas fabricar minas de grafite de melhor qualidade para os lápis de desenho do próprio Brockedon (Fig. 1). Ao tomar conhecimento da existência dessa máquina, um funcionário da John Wyeth & Brother imediatamente imaginou utilizá-la para dar aos remédios a forma de pequenos tabletes chamados “compressed tablets”, hoje conhecidos por nós como “comprimidos”) (10, 11, 12).

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Figura 1. A máquina de Brockedon.

Oficialmente, a entrada em cena da máquina de Brockedon representou um grande divisor de águas e o marco inaugural da indústria farmacêutica mundial; foi, de fato, o ponto de partida para que os medicamentos pudessem ser produzidos em grande escala e amplamente distribuídos às pessoas. Pelo menos em princípio, foram resolvidos aqueles problemas mais imediatos relativos aos cuidados com a saúde e à necessidade de elevação da expectativa de vida da população.

Depois de toda a evolução experimentada pela indústria farmacêutica durante o transcorrer do breve século 20, eis que chegamos ao século 21 diante de um cenário mundial caracterizado muito nitidamente pela existência de dois grupos principais de companhias fabricantes de remédios: os grandes laboratórios (todos originários do século 19 e detentores da grande maioria das patentes dos fármacos inovadores) e as chamadas “empresas emergentes”, especializadas na fabricação de fármacos com patente vencida (popularmente chamados de “genéricos”).

Os “Genéricos” e as “Empresas Emergentes”

Afinal de contas, o que são os “medicamentos genéricos”?

Antes de respondermos a essa pergunta, precisamos primeiro compreender o que são os chamados “medicamentos de referência”.

Uma indústria farmacêutica só tem a segurança de investir seus recursos em busca de um novo medicamento porque há, em âmbito mundial, leis específicas de proteção à propriedade intelectual. Um novo remédio, quando vem à luz, é propriedade (intelectual) da indústria farmacêutica responsável pela sua criação e produção. É a proteção adequada a esse tipo de propriedade que garante às indústrias farmacêuticas um retorno financeiro legítimo e compatível com seus investimentos, além de servir como inquestionável fonte de estímulo à inovação científica e tecnológica (27).

Como se dá, no entanto, essa proteção à propriedade intelectual das indústrias farmacêuticas? Ela se dá através de um instrumento jurídico denominado patente: no dicionário UOL-Michaelis, consta que patente é “o registro de uma invenção ou descoberta, oferecido pelo governo para garantir a propriedade do autor, bem como o uso e exploração exclusiva” (20). Assim, quando uma indústria farmacêutica descobre fármaco-referência (isto é, um remédio absolutamente novo e original), ela terá garantias jurídicas (dadas através da propriedade da patente sobre aquele fármaco) de que poderá explorar, com exclusividade, os frutos de sua pesquisa.

Há, no entanto, um entendimento comum entre as legislações de muitos países de que patentes não podem corresponder (como de fato não correspondem) a direitos perpétuos de exploração exclusiva. Toda patente é válida e confere ao seu proprietário o direito de exploração com exclusividade apenas durante um determinado prazo (formalmente chamado de “vigência da patente” e que, no caso dos medicamentos, usualmente corresponde a um período que vai de 5 a 10 anos, a partir da data de seu registro nos órgãos competentes). Quando uma patente deixa de vigir (isto é, quando expira o seu prazo de validade), seu

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proprietário deixa de gozar dos direitos de exploração exclusiva. E é aí que entram os medicamentos genéricos.

Após a expiração do prazo de validade da patente, qualquer indústria farmacêutica poderá produzir livremente aquele medicamento de referência e, obviamente, vendê-lo ao mercado por um preço substancialmente inferior àquele praticado pela indústria que originalmente detinha aquela patente. Isso ocorre por um único e simples motivo: ao contrário desta, aquela não precisou realizar pesados investimentos em ciência, tecnologia e marketing, a fim de chegar à concepção final e à venda ao público de um medicamento com formulação e efeitos inéditos. Às indústrias que se dedicam à produção de medicamentos genéricos dá-se o nome de “empresas emergentes”.

As empresas emergentes têm como competência principal o domínio da tecnologia de síntese de princípios ativos, o que lhes possibilita a cópia da maioria dos fármacos. Essas empresas também estão, via de regra, integradas à produção de fármacos-referência (pois geralmente pertencem a grandes conglomerados farmacêuticos) e várias delas operam em âmbito mundial (9).

Em 2008, a líder mundial na fabricação desse tipo de medicamentos foi a suíça Novartis-Sandoz e o país-líder na fabricação de genéricos permaneceu sendo a Índia (15).

No mundo, o mercado de genéricos cresce aproximadamente 17% ao ano e movimenta cerca de US$ 55 bilhões (dos quais US$ 22 bilhões se concentram nos Estados Unidos, onde esses medicamentos respondem por 60% das prescrições médicas, custam de 30% a 80% menos do que os medicamentos de referência e acarretam uma economia anual de cerca de US$ 10 bilhões aos consumidores norte-americanos) (19). No Brasil (país onde, em 2003, até 70% da população não tinha acesso a medicamentos (18)) as vendas de genéricos experimentaram em 2008 o impressionante crescimento de 31,4% em termos financeiros e de quase 10% no volume de quantidades comercializadas. Durante o mesmo período, observou-se uma taxa de crescimento de 20% para o volume financeiro transacionado por todo o mercado farmacêutico brasileiro, frente aos dados de 2007 (17) e essa tendência é mundial, visto quem até 2012, o vencimento de novas patentes atingirá medicamentos de marca que em média rendem anualmente cerca de US$ 60 bilhões para as indústrias detentoras de seus direitos de comercialização (9).

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró-Genérico), a evolução desses números representa uma forte migração dos consumidores brasileiros dos remédios chamados “de marca” para os medicamentos genéricos já que, desde que chegaram ao mercado brasileiro, em meados do ano 2000, os genéricos já proporcionaram uma economia de US$ 10,5 bilhões aos consumidores brasileiros, de acordo com dados da entidade. “A verdade é que o genérico permitiu o acesso de uma grande parte da população aos tratamentos (de saúde)”, afirmou Odnir Finotti, presidente da Pró-Genérico (17).

Panorama Atual e Perspectivas para os Grandes Laboratórios

Evidentemente, desde a época dos irmãos Wyeth muitas coisas mudaram no “modus-operandi” das indústrias farmacêuticas: em sua escala econômica, por exemplo, pouco resta hoje em dia daquela indústria do século 19. O aumento da demanda e o surgimento de novas doenças tornaram imprescindível o acesso a elevadas somas de capital intensivo, o que transformou aquelas pequenas companhias individuais de outrora em grandes sociedades anônimas, com ações negociadas nas principais bolsas de valores de todo o mundo. Sob o ponto de vista empresarial, uma indústria farmacêutica tornou-se um negócio potencialmente muito lucrativo e, ao mesmo tempo, extremamente arriscado: as estatísticas dos fabricantes e dos observadores externos estimam que, em média, apenas uma de entre 5 a 10 mil substâncias promissoras passa nos exigentes testes de investigação para demonstrar qualidade, segurança e eficácia, podendo tornar-se um medicamento comercializável. Estima-se que o lançamento de um novo remédio exija, em média, 15 anos de pesquisa e consuma algo em torno de US$ 1,7 bilhão (incluídas nessa cifra as despesas com marketing); além disso, mais de 70% dos medicamentos que chegam ao mercado não têm retorno financeiro suficiente sequer para recuperar os seus próprios custos com pesquisa e desenvolvimento. Como conseqüência, o retorno do investimento das indústrias depende exclusivamente do sucesso de um número muito limitado de medicamentos (21, 22).

Em muitos aspectos, as indústrias farmacêuticas são companhias como outras quaisquer: por estarem expostas a grandes riscos, precisam fazer apostas que sejam compatíveis com as suas possibilidades econômico-financeiras e que apontem sempre para a direção presumivelmente mais suscetível ao êxito. Afinal de contas, essas indústrias pertencem a milhões de pequenos, médios e grandes acionistas que naturalmente esperam ver correspondida a confiança que depositaram na seriedade e no talento de suas centenas de milhares de profissionais.

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Por isso mesmo, os grandes laboratórios escolheram para si o caminho das fusões e incorporações: a partir da década de 1980, logo no início do primeiro governo de Ronald Reagan, essas companhias foram estimuladas a formar grandes conglomerados industriais com vistas à redução de seus custos e à elevação de seu poder de investimento em pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos (21).

Como dissemos anteriormente, as indústrias farmacêuticas se transformaram em um negócio de altíssimo lucro mas também de altíssimo risco: na hipótese de vir a apostar num remédio que futuramente se revelará um fiasco de vendas ou que (pior ainda) implicará riscos para a saúde de seus consumidores, um fabricante pode se ver diante de embaraços jurídicos, morais, econômicos e financeiros de proporções colossais - e o exemplo mais recente desse tipo de episódio envolveu a companhia norte-americana Merck, fabricante do medicamento Vioxx.

Lançado em 1999 como um dos remédios mais eficazes no combate à dor das vítimas de artrite, até 2004 o Vioxx foi consumido por 84 milhões de pessoas em mais de oitenta países e se transformou em um dos carros-chefe de seu fabricante. O entusiasmo em relação ao remédio foi tão grande que, não demorou muito, o Vioxx passou também a ser receitado para o alívio dos mais variados tipos de dor – de cólicas menstruais a desconforto muscular, de dor de dente a enxaqueca. Entretanto, em outubro de 2004 e por iniciativa de seu fabricante, o Vioxx foi retirado do mercado mundial. O motivo? Um estudo interno da própria Merck demonstrava que o consumo diário de 25 miligramas do medicamento, por mais de dezoito meses, dobrava os riscos de infartos e de derrames (23).

É claro que a acertada decisão da Merck visou não só preservar a saúde de seus clientes, mas também a sua própria. Não havia outro caminho a se seguir pois, caso o laboratório não se pronunciasse, sua imagem ficaria seriamente comprometida e a desconfiança dos consumidores poderia se estender a todos os seus produtos (23). No entanto, mesmo reconhecendo publicamente os riscos do Vioxx, os prejuízos sofridos pela empresa foram enormes: no mesmo dia em que o remédio fora banido das farmácias, as ações do seu fabricante despencaram quase 27% na Bolsa de Nova Iorque (23).

Na sequência dos acontecimentos, desencadeou-se em vários países uma enxurrada de quase 27.000 processos judiciais abertos contra a Merck, pelos quais a companhia propôs em 2007 um acordo indenizatório de quase US$ 5 bilhões (24); até março de 2008, no entanto, aquele acordo ainda não havia sido aceito por 85% dos querelantes – condição imposta pela justiça norte-americana para que as negociações chegassem ao fim (25, 26).

Entre 2004 e 2007, as despesas com os honorários advocatícios de sua defesa custaram aos cofres da Merck outros US$ 2 bilhões (25, 26). Nem tudo são flores.

Porém, da mesma maneira que uma decisão equivocada pode comprometer seriamente a imagem e até mesmo as finanças de uma companhia farmacêutica, os acertos são fabulosamente recompensados.

E para que tenhamos uma idéia mais concreta a respeito daquelas recompensas, podemos tomar os dados fornecidos pela própria PhRMA - Pharmaceutical Research and Manufacturers of America: em 2002, o lançamento de um fármaco inovador exigia investimentos da ordem de US$ 800 milhões. Considerando que os prazos de exploração de um produto com exclusividade são de cinco a dez anos e que nenhum dos dez fármacos mais vendidos apresentou faturamento inferior a US$ 2 bilhões por ano, é fácil concluir que o faturamento total por produto atinge, no mínimo, de US$ 10 a US$ 20 bilhões durante o período de vigência da proteção patentária, indicando que os custos de desenvolvimento são facilmente amortizados (9, 21, 27). Mas isso, convém relembrar, refere-se apenas ao lançamento de um fármaco inovador, isto é, não se trata de uma regra geral que possa ser aplicada à totalidade dos produtos desenvolvidos e comercializados pelas indústrias farmacêuticas.

Hoje em dia, 85% do faturamento anual das grandes indústrias farmacêuticas é obtido no eixo das nações desenvolvidas (Estados Unidos – União Européia – Japão) e apenas 4% do volume total provém das vendas na América Latina (9, 21).

Segundo dados coletados pelo International Medical Statistics – IMS, em 2002 havia no mundo aproximadamente 10.000 empresas fabricantes de produtos farmacêuticos, sendo que apenas 100 delas respondiam por 90% dos produtos destinados ao consumo humano e os 5 maiores laboratórios controlavam quase 30% das vendas mundiais do setor (9).

Ainda usando aqueles dados de 2002, pode-se notar que os 10 medicamentos mais vendidos em todo o mundo, na ocasião, totalizavam vendas de US$ 44,9 bilhões (equivalentes a 11% do faturamento mundial de todas as companhias farmacêuticas juntas) e especial destaque recebiam os remédios Lípitor® (Pfizer), com vendas superiores a US$ 8,8 bilhões e Zocor® (Merck), ambos para redução de colesterol; Novarsc® (Pfizer) para hipertensão, Prevacid® (TAP) e Nexium® (AstraZeneca) para distúrbios gástricos (9).

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Segundo um relatório setorial produzido em 2007 pela empresa de consultoria Pricewaterhouse Coopers, estima-se que em 2020 o faturamento mundial desse grupo de empresas será o dobro do volume financeiro atual, ultrapassando a impressionante cifra de US$ 1 trilhão (28).

A título de informação complementar, apresentamos a seguir duas figuras que ilustram o ranking das maiores indústrias farmacêuticas mundiais em 2007, publicado pela revista Fortune, segundo os critérios de faturamento anual bruto (Figura 2) e de número de funcionários diretamente empregados (Figura 3) (29); logo em seguida, apresentaremos uma breve biografia empresarial de cada uma das 5 maiores companhias listadas. 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 John son & Jo hnso n Pfiz er Mer ck Abb ott Wyet h Brys tol-M yers Squ ibb E li-Lilly Am gen Sch erin g-P loug h Gen zym e Alle rgan Gilead Sci ence s (m il h õ es d e d ó la res)

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0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 John son & J ohns on Pfiz er Abb ott Me rck Wye th Bry stol -Mye rs S quib b E li-Lilly Sch erin g-P loug h Am gen Gen zym e Alle rgan Gile ad S cien ces N ú m e ro d e em p reg ad o s

Figura 2. Funcionários diretamente empregados nas doze maiores indústrias farmacêuticas do mundo.

Johnson & Johnson

A Johnson & Johnson nasceu há mais de um século, na pequena cidade de New Brunswick, estado de New Jersey, nos Estados Unidos. Em 1886, os irmãos Robert, James e Edward Johnson montaram uma empresa com instalações modestas e 14 empregados. A idéia era criar a primeira fábrica no mundo a produzir uma compressa cirúrgica asséptica pronta para o uso, que reduziria a ameaça de infecção.

Nessa época, as taxas de mortalidade no pós-operatório chegavam a 90% em alguns hospitais. E não por acaso, porque o algodão comum era recolhido do chão das tecelagens e utilizado durante as cirurgias. Os médicos muitas vezes vestiam um avental já sujo de sangue para operar um paciente.

A compressa que a Johnson & Johnson criou foi baseada nas teorias então revolucionárias do cirurgião inglês Joseph Lister. Ele identificou a presença de germes no ar, que seriam a fonte de infecção nas salas de cirurgia. Robert Johnson se interessou pelas descobertas de Lister e estudou uma aplicação prática para elas. Fabricando compressas e desenvolvendo novos processos de esterilização, a Johnson & Johnson iniciou sua expansão internacional em 1919, com a abertura de uma filial no Canadá. Dois anos mais tarde, a empresa deu o primeiro passo na diversificação de seus produtos com o lançamento do BAND-AID®, uma de suas criações mais usadas e conhecidas.

Com o crescimento, a Johnson & Johnson foi se organizando em divisões e subsidiárias e hoje está presente em 51 países, nos cinco continentes, com produtos comercializados em mais de 175 países.

A empresa empenha-se atualmente em todo o mundo na fabricação de produtos cirúrgico-hospitalares, de primeiros socorros, para higiene de crianças, produtos de higiene oral, farmacêuticos, de higiene feminina e outros produtos destinados a manter a saúde e o bem-estar dos consumidores.

Com isso, a Johnson & Johnson é considerada a maior e mais diversificada empresa de cuidados com a saúde do mundo (30).

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Pfizer

No século 19, chegaram a Nova York os primos e imigrantes alemães Charles Pfizer e Charles Erhart. O primeiro tinha conhecimentos de química e composição de remédios, o segundo era confeiteiro. Em 1849, combinando suas habilidades, fundaram a Pfizer, um pequeno negócio voltado à produção de insumos para o preparo de medicamentos.

A projeção mundial veio quando a dupla viabilizou a produção em larga escala da penicilina, descoberta por Alexander Fleming em 1928. Um século e meio depois de sua fundação, a Pfizer se consolida como líder em importantes segmentos do setor farmacêutico, com presença em mais de 140 países e aproximadamente 120 mil funcionários.

O espírito inovador de seus fundadores continua vivo, ainda hoje, em um amplo portfólio nas áreas de saúde humana e animal, em constante aprimoramento, graças aos significativos investimentos na pesquisa de novas moléculas.

Pioneira na produção de antibióticos, a Pfizer é reconhecida por lançar medicamentos que se tornaram novas opções para a medicina.

Referência para o mercado, a empresa investe anualmente mais de US$ 7 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. Isso representa mais de 150 novas moléculas em análise e 5 mil estudos clínicos em acompanhamento, muitos deles no Brasil (31).

Em janeiro de 2009, a Pfizer comprou sua concorrente Wyeth por US$ 68 bilhões (32, 36). Merck

Alemanha, 1668. Começa aí a história da Merck, quando o farmacêutico Friedrich Jacob Merck (1621 – 1678) adquire a Farmácia do Anjo, em Darmstadt.

Em 1827, sob a direção de Heinrich Emanuel Merck (1794 – 1855), foi acelerado o desenvolvimento industrial da empresa, através da produção de alcalóides.

Dedicado à fitoquímica, Emanuel Merck foi o primeiro pesquisador a preparar morfina pura extraída do ópio e outros alcalóides vegetais puros em escala industrial.

Como resultado de suas pesquisas, publicou o compêndio "Gabinete de Novidades Farmacêutico-Químicas" destinado a médicos e farmacêuticos, onde descrevia as propriedades dos alcalóides puros e os colocava à venda em sua indústria.

A Merck é um grupo europeu que atualmente ocupa a liderança de vários segmentos do mercado de produtos farmacêuticos, laboratoriais e de especialidades químicas. Oferece mais de 20 mil diferentes itens (medicamentos, vitaminas, biomateriais, reagentes, equipamentos e acessórios para laboratório, reagentes para a indústria eletrônica, cristais líquidos, pigmentos...), além de muitos serviços.

Com representação própria em 55 países e 60 fábricas em 27 deles, proporciona mais de 28 mil empregos no mundo todo. No Brasil, o grupo é representado pela empresa Merck S.A., com sede em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, uma filial em São Paulo e 2 unidades no Nordeste.

Em março de 2009, a Merck anunciou a compra de sua concorrente Schering-Plough por US$ 41 bilhões (33, 34).

Abbot

Wallace C. Abbott era um tipo incomum de homem: reunia qualidades como talento médico, espírito científico e veia empreendedora. Acreditava que, se produzisse medicamentos, conseguiria contribuir ainda mais para melhorar a saúde de seus pacientes. Movido por essa idéia, em 1888 começou a fabricar pílulas à base de alcalóide extraído de plantas medicinais. O seu "laboratório" era a cozinha do apartamento em que morava nas cercanias de Chicago, nos Estados Unidos. Dois anos depois, com a procura pelas pílulas superando sua capacidade pessoal de produção, resolve construir um laboratório em um modesto galpão de subúrbio e o batiza de Abbott Alkaloidal Company.

O empreendimento vai bem, mas, convencido por um professor de medicina de que o futuro caminhava na direção da química, Abbott desloca o objeto de suas investigações para os sintéticos, uma área com tremendo potencial de crescimento. Em 1915, como reflexo do envolvimento com o novo tipo de pesquisa, a empresa muda de nome para Abbott Laboratories.

Inicia-se um período de crescimento, caracterizado por constantes buscas científicas. O primeiro medicamento sintético produzido pela companhia, um anti-séptico chamado Clorazeno, é amplamente usado para limpar feridas nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.

O empreendimento ganha vulto, projeta-se no mercado farmacêutico norte-americano e acaba despertando o interesse dos investidores. Até que, em 1929, Wallace Abbott abre com sucesso o capital da empresa, oferecendo 20 mil dólares em ações na Bolsa de Valores de Chicago. Os recursos provenientes da estratégia

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impulsionam o crescimento da companhia que, em 1931, instala no Canadá sua primeira filial fora dos Estados Unidos. É o começo de uma bem sucedida expansão pelo mundo.

Wallace Abbott faleceu em 1921, aos 63 anos. A Sra. Abbott faleceu três anos depois e, em seu testamento, deixou expresso o desejo de criar um fundo a ser usado para o benefício da ciência médica, química e cirúrgica, e para ajudar as famílias dos empregados Abbott com necessidades. Cumprido o desejo, a Fundação Clara Abbott completava o ciclo das aspirações humanitárias do médico Abbott.

Nos últimos anos, adaptando-se ao ambiente das rápidas mudanças e à intensa competitividade do século 21, a Abbott começou a remodelar o seu negócio, para maior diversificação e crescimento. Não foi a primeira vez em sua existência que a empresa mudou de estratégia comercial, mas nenhuma outra foi maior ou tão bem-sucedida como a que a levou a adquirir treze empresas no prazo de cinco anos, entre 2001 e 2006. A maior dessas transações - e de toda a sua história - ocorreu em 2001, quando incorporou as operações da Knoll, braço farmacêutico mundial da Basf, que lhe deu a liderança mundial em desenvolvimento e produção de biológicos.

Com o propósito de expandir a atuação para a área de produtos médicos, na seqüência adquire a Vysis, que produz testes para monitoramento do câncer recorrente da bexiga; a Integrated Vascular Systems; a Spinal Concepts, uma empresa inovadora da área de implantes para coluna; a Spine Next, de dispositivos para cirurgia da coluna; a ZonePerfect Nutritional e a EAS, ambas do mercado de nutricionais; a TheraSense, líder na área da glicemia; e a i-STAT Corp, do mercado de diagnóstico rápido.

Adquire também a área de stents cardiovasculares da Biocompatibles International, as linhas de produtos cirúrgicos para vasos periféricos e coronarianos da Jomed's e a linha vascular da Guidant que, combinada aos negócios já existentes nessa área, forma uma unidade com posição de liderança mundial em produtos vasculares.

Em 2005, o faturamento registrado foi de US$ 22,3 bilhões. Além disso, adquire a Kos Pharmaceutical, que fortaleceu o negócio de produtos farmacêuticos.

Com sede em Illinois, Chicago, a Abbott possui mais de 100 instalações em todo o mundo, 65 mil funcionários e comercializa produtos em mais de 130 países. Seu valor de mercado situa-se entre as 50 maiores companhias dos Estados Unidos e entre as 100 maiores do mundo. Desde que se tornou companhia pública, em 1929, seu desempenho financeiro está classificado entre os melhores do mundo, colocando-a em altas posições nos rankings das principais publicações em negócios, incluindo a lista da revista Fortune e da Forbes.

A Abbott também é reconhecida todos os anos como uma das "Companhias Mais Admiradas da América", desde 1984, pela revista Fortune (35).

Wyeth

Em 1860 John Wyeth e seu irmão mais novo Frank abrem uma farmácia de varejo com um pequeno laboratório de pesquisa em Filadélfia. Ambos haviam se formado recentemente na Faculdade de Farmácia de Filadélfia, a primeira do gênero nos Estados Unidos. Em 1872, Harry Bower, um funcionário da John Wyeth & Brother, desenvolve uma das primeiras máquinas giratórias para prensagem de comprimidos nos Estados Unidos, destinada à fabricação massiva de medicamentos com precisão e velocidade sem precedentes e, posteriormente, puderam expandir-se para a fabricação de vacinas.

Em 1929 a empresa vê seu creme dental Kolynos® se transformar em um dos principais impulsionadores de suas vendas mundiais e, nesse mesmo ano, o controle da companhia é transferido para a Universidade de Harvard em decorrência da morte de Stuart Wyeth. Em 1930 a John Wyeth & Brother compra os direitos de fabricação do remédio Anacin®, que logo se transformaria no principal produto da empresa.

Em 1931 a Universidade de Harvard vende o controle da John Wyeth & Brother para a American Home por US$ 2,9 milhões. Nos 15 anos seguintes, a Wyeth dará andamento a um agressivo programa de aquisições de 34 concorrentes. Durante as últimas décadas a John Wyeth & Brother evoluiu para a Wyeth Laboratories, uma empresa com mais de 20 mil funcionários e um dos maiores laboratórios farmacêuticos do mundo (12).

CONCLUSÕES

Antes de encerrarmos, é recomendável investir algum tempo para lhe explicar os porquês deste texto. Em primeiro lugar, julgamos apropriado ressaltar que ele não tem (e nem quer ter) vocação jornalística ou historiográfica de espécie alguma; ademais, embora tenha sido escrito por uma pesquisadora farmacêutica que é química por formação, ele também não pretende advogar para si o direito de ser considerado um artigo científico “strictu sensu” - nem a respeito de Química e muito menos a respeito de quaisquer outras Ciências que escapem aos domínios e às competências desta autora. Ao escrevê-lo, nossa única pretensão foi tentar jogar um facho de luz sobre um nebuloso (mas importantíssimo) cenário que raramente é apreciado com a

(11)

devida atenção nas salas de aula. Com essa finalidade, fizemos emergir para o debate e para a reflexão algumas das principais questões que, embora em repouso nas profundezas silenciosas da Farmácia, constituem talvez os principais elementos que nela interferem e que não raramente lhe determinam o curso dos acontecimentos.

REFERÊNCIAS

1. The Wealth and Poverty of Nations: Why Some Are So Rich and Some So Poor, David S. Landes, W. W. Norton & Company Inc., 1ª Edição, 1999, New York, United States of America.

2. The House of Rothschild: Volume 1: Money's Prophets: 1798-1848, Niall Ferguson, Penguin Books, 1ª Edição, 1999, New York, United States of America.

3. Os Credores do Mundo, Anthony Sampson, Editora Record, 4ª Edição, 1981, Rio de Janeiro, Brasil. 4. Rhodes: Race for Africa, Antony Thomas, St. Martin´s Press, 1ª Edição, 1997, New York, United States of America.

5. The Last Empire: De Beers, Diamonds, and the World, Stefan Kanfer, Farrar, Straus and Giroux, 1ª Edição, 1993, New York, United States of America.

6. The Age of Revolution: 1789-1848, E. J. Hobsbawm, Weidenfeld & Nicholson, 1ª Edição, 1962, London, Great Britain.

7. Casa-Grande & Senzala, Gilberto Freyre, Global Editora, 51ª Edição, 2008, São Paulo, Brasil. 8. O Poder do Ouro, Peter L.Bernstein, Editora Campus, 1ª Edição, 2001, Rio de Janeiro, Brasil. 9. http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/6991_4.PDF?NrOcoSis=19866&CdLinPrg=pt 10. http://www.sindusfarma.org.br/images/1212_livro_sindusfarma.pdf 11. http://www.ssplprints.com/image.php?imgref=10287319 12. http://www.wyeth.com.br/br/historia.htm 13. http://www.cremesp.com.br/?siteAcao=Publicacoes&acao=detalhes_capitulos&cod_capitulo=67 14. http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u317372.shtml 15. http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u93599.shtml 16. http://www.vilage.com.br/informativos/20070202.html 17. http://www.saudebusinessweb.com.br/noticias/index.asp?cod=54871 18. http://indexet.gazetamercantil.com.br/arquivo/2003/07/24/7/MEDICAMENTOS:-Ate-70-milhoes-de-brasileiros-estao-sem-acesso.html 19. http://www.consultaremedios.com.br/genericos.php?id=mercado 20. http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php

21. A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos, Marcia Angell, Editora Record, 3ª Edição, 2008, São Paulo, Brasil. 22. http://www.msd.pt/content/corporate/about/pt_olhar_industria.html 23. http://veja.abril.com.br/061004/p_088.html 24. http://www.advsaude.com.br/noticias.php?local=1&nid=478 25. http://www.conjur.com.br/2008-mar-04/acordo_merck_faz_44_mil_pessoas_retirarem_acoes 26. http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL175869-9356,00-MERCK+ACEITA+PAGAR+US+BILHOES+PARA+ACERTAR+LITIGIO+SOBRE+O+VIOXX+NOS+E UA.html

(12)

27. http://www.bndes.gov.br/conhecimento/bnset/set2208.pdf 28. http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u304185.shtml 29. http://www.imdiversity.com/Villages/Channels/pharmaceutical/pharma_companies_new.asp 30. http://www.jnjbrasil.com.br/noticia_full.asp?noticia=170&pos=0 31. http://www.pfizer.com.br/interna.aspx?idConteudo=1&idConteudo2=57 32. http://www.estadao.com.br/economia/not_eco313071,0.htm 33. http://www.merck.com.br/index.php?link=merck_historia.php 34. http://veja.abril.com.br/agencias/afp/afp-economia/detail/2009-03-09-304251.shtml 35. http://www.abbottbrasil.com.br/telas/AbbottMundo.aspx?menu=abbottmundo 36. http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-saude/pfizer-fecha-compra-wyeth-417291.shtml

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