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A importancia da avaliação do trabalho humano na implantação de novas tecnologias de produção : o caso Sul Fabril

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DO TRABALHO HUMANO NA IMPLANTAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO :

O CASO SUL FABRIL

DISSERTAÇÃO SUB MENTIDA A UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA.

PAULO EDUARDO PACHECO BASTOS

FLORIANÓPOLIS 1 9 9 4

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O CASO SUL FABRIL

PAULO EDUARDO PACHECO BASTOS

Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de

Mestre em Engenharia

Especialidade em Engenharia de Produção e aprovada em sua forma final pelo

Programa de Pós-Graduação

Orientador: Prof. Ingeborg Sell, Dra.

Prof. Neri dos Santos, Dr.

.. ...

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"Em áreas c o m p l e x a s . . . nenhuma p e s q u i s a i nd i v i d u a l p r o p o r c i o n a r e s p o s t a s a t odas as perguntas i mport ant es. Cada estudo não po d e f azer mai s do que l ançar al guma luz sobre uma pe qu en a f a c e t a de um p r o bl e ma , not adament e nos p r i me i r o s e s t á g i o s da i n v e s t i g a ç ã o c i e n t í f i c a ,

quando os i nstrumentos de me d i da e os

p r o c e d i me n t o s e x p e r i me n t a i s são g r o s s e i r o s e i n e f i c i e n t e s . O p r o g r e s s o e x i g e , p o i s , muito empenho em p e s q u i s a , j untamente com e s f o r ç o s s i s t e m á t i c o s de a v a l i a ç ã o de mé t o d o s , i nt e graç ão de r e s u l t a d o s . . . i nt e rpre t aç ão de r e s u l t a d o s c o nt r a d i t ó r i o s e s u g e s t ã o de o r i e n t a ç õ e s para no v a s p e s q u i s a s . "

Marti n L. Hoffman

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— À e mp r e s a Sul Fabri l SA, abri ndo ge nt i l me nt e suas portas para que eu u t i l i z a s s e suas d e p e n d ê n c i a s como l a b o r a t ó r i o de minhas p e s q u i s a s , dando- me todo a p o i o , at ravés de seus g e r e nt e s de de par t ament os que se mostraram abert os e d i s p o s t o s a qual quer e s c l a r e c i m e n t o , onde seus s u p e r v i s o r e s e o p e r a d o r e s , ape s ar do alto ritmo de t rabal ho, a p r e s e n t a v a m- s e sempre s o l í c i t o s a ajudar em minhas i n d a g a ç õ e s . Um a gr ade c i men t o e s p e c i a l ao e nge nhe i r o de s e g u r a n ç a do t rabal ho C l o v i s Sal az ar M e l l o , a p r e s e n t a n d o - me à e mp r e s a e as s umi ndo a r e s p o n s a b i l i d a d e da mi nha p r e s e n ç a n e s t a e a seus a u x i l i a r e s , em part i cul ar, o t é c n i c o Ro b e r t o Ko h l e r que me acompanhou nos d i f e r e n t e s s e t o r e s da empresa.

— A C A P E S , as s umi ndo o ônus da s us t e nt aç ão f i na n c e i r a .

— Ao Depart ament o de Engenhar i a de Produção.

— F i n a l me nt e , à P r o f e s s o r a Dra. I ngeborg S e l l p e l a o r i e nt a ç ã o e a p o i o , mas p r i nc i p a l me n t e p e l a oport uni dade dada.

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Mui t as e mp r e s a s ac redi t am, ho j e , ser o p r o c e s s o i ndus tri al a s s i s t i d o por c omput ador, o úni co modo de po de r e m enfrentar a p r e s s ã o dos curtos pr a z o s , da al ta q u a l i d a d e a c us t o s b a i x o s e do aumento da p r o d u t i v i d a d e . Para que e s t a p r o p o s t a tenha uma r e l a ç ã o c u s t o / b e n e f í c i o e f i c a z , é p r e c i s o somar à al t a t e c n o l o g i a empregada, c o n h e c i me n t o s da r e l a ç ã o d e s t a com outros f at ore s que c omp õem o s i s t e m a p r o d u t i v o , a fim de a l can çar o o b j e t i v o p r i n c i p a l : "vender mai s no menor tempo p o s s í v e l " . As n o v a s t e c n o l o g i a s de pr odução buscam e s t a b e l e c e r t ai s r e l a ç õ e s .

Est e trabal ho de p e s q u i s a tem o o b j e t i v o de mostrar a o i por í ânei a da a v a l i a ç ã o do trabal ho humano na i mpl ant aç ão de s t as no v a s t e c í i o i o g i a s , apre s ent ando o c as o da e mp r e s a "Sul Fabri l SA". Abrange os p r o b l e ma s e as s o l u ç õ e s encont radas na pr e pa r a ç ã o para a i mpl a nt a ç ã o da t e c n o l o g i a MRP II/JIT em seu s i s t e m a de produção. Vá r i o s p o s t o s de t rabal ho foram a n a l i s a d o s , na f á b r i c a em Bl umenau, ne s t e p e r í o d o de p r e p a r a ç ã o , com a u t i l i z a ç ã o do i nstrumento AET.

Al gumas s u g e s t õ e s são dadas no s e nt i do de cont ri bui r para o a p e r f e i ç o a m e n t o do futuro s i s t e ma. Foram e mb a s a d a s em dados b i b l i o g r á f i c o s r e f e r e n t e s ao s i s t e ma de t rabal ho e às no v a s t e c n o l o g i a s , junt ament e com os v a l o r e s o b t i d o s at ravés das a n á l i s e s f e i t a s nos p o s t o s de t rabal ho.

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Many e n t e r p r i s e s b e l i e v e that, t oday, the comput er a i de d i ndus tri al p r o c e s s , to be the onl y wa y to hel p them to confront the pr e s s u r e o f short t i me, o f the high qual i t y wi t h s mal l pr i c e and i n c r e a s e o f the pr o d u c t i v i t y . In order o f this p r o p o s a l has a r e l a t i o n e f f e c t i v e c o s t / b e n e f i t , we ne ed add to the high t e c h n o l o g y e mp l o y e d , k n o w l e d g e s o f this r e l a t i o n wi t h others f act ors that c o mp o s e all the p r o d u c t i v e s ys t em, purpos e to reach the p r i n c i p a l o b j e c t i v e : "s el l more in the s m a l l e s t time that is p o s s i b l e . " The n e w pr oduct i on t e c h n o l o g i e s s e a r c h e s t a b l i s h thi s r e l a t i o n s .

This wor k o f r e s e a r c h has the o b j e c t i v e o f s h o w the import ance by e v a l u a t i o n o f the human work' s in the impl ant o f this ne w t e c h n o l o g i e s , pr e s e n t i ng the cas e in Sul Fabr i l SA e nt erpr i s e. En c o mpa s s the p r o b l e ms and r e s o l u t i o n s found in pr e par at i on for the impl ant o f MRP II/JIT t e c h n o l o g y in this pr o du c t i o n s ys t em. S e v e r a l work p l a c e s we r e a n a l y s e d , in Bl umenau' s f a c t o r y , in p e r i o d o f pr e par at i on, u t i l i z i n g the AET instrument.

Some s u g e s t i o n s are g i v e n in g r i e v e d from cont ri but e for the i mprovement o f the future s ys t em. They w e r e b a s e d on b i b l i o g r a p h y f act s r ef er ri ng to wor k s ys t em and to n e w t e c h n o l o g i e s , adj o i ni ng wi t h the v a l u e s obt a i n e d a c r o s s the a n a l y s i s in the work p l a c e s .

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1 - I N T R O D U Ç Ã O ... !

1.1 - Na t u r e z a e Formul aç ão do P r o b l e m a ... 1

1.2 - Ob j e t i v o e J u s t i f i c a t i v a da P e s q u i s a ... 5 1.3 - Estrutura do Trabal ho de P e s q u i s a ... 6 2 - A N Á L I S E E R G O N Ô M I C A DO T R A B A L H O ... 8 2.1 - I nt r o duç ã o ... g 2. 2 - O Si s t e ma de T r a b a l h o ... 9 2.2 . 1 - S i s t e ma Ho me m- Má q u i n a ... 1 2 2.3 - Cargas e S o l i c i t a ç õ e s no T r a b a l h o ... 1 5 2. 4 - O Trabal ho Humano... l g 2.5 - A v a l i a ç ã o do Trabal ho Humano... 27 2. 5 . 1 - A n á l i s e do Tr a b a l h o ... 27 2 . 5 . 2 - A E T : Instrumento para A n á l i s e do Tr a b a l h o ... 28 3 - N O V A S T E C N O L O G I A S DE P R O D U Ç Ã O ... 3 4 3.1 - I n t r o d u ç ã o ... 3 4 3. 2 - T e c n o l o g i a MRP I I / JI T... 3 8 3. 2 . 1 - F i l o s o f i a J u s t - i n - T i m e ... 4 4 3.3 - Cé l ul a s F l e x í v e i s de Manufatura ( F M C / F M S ' s ) ... 48 3. 3 . 1 - C o n t r o l e ... ... 5 1 3 . 3 . 2 - P a d r o n i z a ç ã o ... ... 5 3 3 . 3 . 3 - Ger en ci a me nt o das ( F M C / F M S ' s ) ... 5 4

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4 - M A T E R I A I S E M É T O D O S ... 62

4.1 - I n t r o d uç ã o ... 52 4 . 2 - I mpl ant ação do N o v o S i s t e ma na Sul F a b r i l ... 62 4 . 2 . 1 - P r o c e d i me n t o s para o MRP II / JI T... 6 3

4 . 2 . 2 - Introdução do Kanban ... <55

4. 3 - A p l i c a ç ã o do Instrumento AET na Sul F a b r i l ... 6 8

4 . 3 . 1 - Levant ament o dos Pont os Cr í t i c o s p e l o A E T ... 76 4 . 3 . 2 - Pr o j e t o dos N o v o s P o s t o s de T r a b a l h o ... 8 1 5 - R E S U L T A D O S ... 87 6 - D I S C U S S Ã O ... ... 9 0 7 - C O N C L U S Õ E S ... 9 5 7.1 - I n t r o d u ç ã o ... 9 5 7. 2 - C o n c l u s õ e s F i n a i s ... 9 5 7.3 - R e c o m e n d a ç õ e s ... 9 7 A N E X O S ... 98 R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S ... m B I B L I O G R A F I A 114

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1 - I N T R O D U Ç Ã O

1.1 - Na t u r e z a e Formul aç ão do P r o b l e ma

A luta p e l o mercado e a p r e s s ã o dos p a í s e s a s i á t i c o s como Japão, Co r é i a , T a i wa n , Si ngapura e China, c o n c o r r e n d o com pr odut os de p r e ç o s b a i x o s e b o a q u a l i d a d e , fazem com que os p a í s e s como o B r a s i l , r e v i s e m suas formas de c ont rol e de qu a l i d a de e admi n i s t r a ç ã o .

O mer ca do atual da i ndús t r i a t ê x t i l , no B r a s i l , f o r ç a a e mp r e s a a procurar no v a s t e c n o l o g i a s , a fim de d i v e r s i f i c a r seus pr odut os e a g i l i z a r as c o n d i ç õ e s e os pr az os de ent rega a seus c l i e n t e s , mantendo o mesmo p r e ç o e qu al i d ade . Os p r i n c i p a i s f at ore s para que a e mp r e s a busque n o v a s al t e r na t i v a s são: o c r e s c i me n t o da demanda do me r ca d o interno e externo, a di s pu t a com os c o n c o r r e n t e s por uma mai or f a t i a no mer cado e a c r i a ç ã o de n o v o s m o d e l o s de c o n f e c ç ã o . S i s t e m a s t e c n o l o g i c a m e n t e a v a n ç a d o s , a u x i l i a d o s por co mp u t a d o r e s , s o ma d o s a mét o d o s de apri moramento da pr o d u ç ã o , buscam ot i mi zar ao máxi mo o p r o c e s s o p r o d u t i v o , porém, em f a c e do alto custo que e s t e s s i s t e ma s requerem, t o r n a - s e i n v i á v e l sua a p l i c a ç ã o para a ma i o r i a das e mp r e s a s , que tentam s o l u c i o n a r seus p r o bl e ma s d i s p o n d o de p o u c o s r e c ur s o s .

At ual ment e as t e c n o l o g i a s de pr oduç ão se apresent am como a mel hor a l t e r n a t i v a em t o do s os a s p e c t o s , porém d e v e - s e fazer um es t udo aprof undado, o b s e r v a n d o a r e l a ç ã o c u s t o / b e n e f í c i o , não ape nas em pont os i s o l a d o s no p r o c e s s o , mas o b s e r v a n d o - o como um todo. O J u s t - i n - Ti me ao l ado de outras t e c n o l o g i a s ( C A D / C A M , MRP, MRP II, CIM, EDI, FMS , R o b ô s , OPT, GDR) são u t i l i z a d o s p e l a s e mp r e s a s , a fi m de que e s t as a l c a n c e m ma i o r e s n í v e i s de qu a l i d a de a p r e ç o s b a i x o s , de f orma a permi t i r c o n d i ç õ e s de di s putar o mercado. A e mp r e s a de mal has Sul Fabri l S. A. optou p e l a i nt rodução da t e c n o l o g i a MRP II/JIT em seu s i s t e m a de pr o d u ç ã o , com o o b j e t i v o de o t i m i z á - l o , aut omat i zando o s i s t e m a de pl anej ame nt o e c o nt r o l e da pr odu ção e apri morando o p r o c e s s o pr odut i vo.

Um dos p r i n c i p a i s o b j e t i v o s do MRP II é b a l a n c e a r a p r ogr amaç ão da pr oduç ão para manter o ritmo do f l uxo de produção e s t á v e l . N e l e e x i s t e m r e c u r s o s aut omat i zados que i nformam oque, quanto e quando produzi r. Dando c o n d i ç õ e s de pr e v e r , com uma c e r t a

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p r e c i s ã o , quant i dades e pr az os de entrega, at ravés de programas que si mul am a pr oduç ão. Para que o MRP II tenha ê x i t o , é n e c e s s á r i o que não haja g a r g a l o s , nem o c i o s i d a d e s no p r o c e s s o pr o du t i v o e o t rabal ho de ve ser e x e c ut a do com r e g u l a r i d a d e por parte do o p e r á r i o , i s t o é, não ter uma grande v a r i a ç ã o de tempo e de q u a l i d a de na sua r e a l i z a ç ã o . As i n f o r ma ç õ e s e mi t i da s por cada p r o c e s s o e o ritmo do f l uxo de produção dão c o n d i ç õ e s ao s i s t e m a de r e a l i z a r s i m u l a ç õ e s , most rando quai s os l i mi t e s de sua c a p a c i d a d e de pr oduç ão para a b s o r v e r n o v o s p e d i d o s , obt endo dados p r e c i s o s r e l a t i v o s à quant i dade e pr az os de entrega, o que f a c i l i t a as n e g o c i a ç õ e s com seus c l i e n t e s . A r e l a ç ã o homem- máqui na é r e s p o n s á v e l p e l a p r o d u t i v i d a d e o b t i d a em c a da p r o c e s s o , porém, os v a l o r e s r e f e r e n t e s à sua c a p a c i d a d e de p r o du ç ã o , ge r a l me n t e , são b a s e a d o s , ape nas , nos re ndi me n t os das máqui nas, tornando i n v e r í d i c o s os dados o b t i d o s p e l a s s i m u l a ç õ e s . O ritmo do f l uxo de pr odução é di t ado, tanto p e l a e f i c i ê n c i a das máqui nas , quanto p e l a e f i c i ê n c i a de quem as o pe r a e cont rol a. A s s i m como as máqui nas, o homem também po d e ter sua e f i c i ê n c i a aumentada, at ravés de me l horame nt os nos a s p e c t o s f í s i c o s e p s í q u i c o s ; l o c a i s e r gon omi c ame n t e p r o j e t a d o s ; me l h o r e s c o n d i ç õ e s ambi ent ai s ; apri morament o dos mé t o d o s de t rabal ho e t re i name nt os e s p e c í f i c o s . Com i s s o , o aumento da p r o d u t i v i d a d e da r e l a ç ã o home m- máqui na não f i c a r e s t r i t o , ape nas , aos me l h orame nt os da máquina.

P r o b l e ma s de a b s e n t e í s mo , quebras de máqui nas , p e ç a s d e f e i t u o s a s , erros de f a b r i c a ç ã o , a c i d e n t e s , e d e f i c i ê n c i a nas o p e r a ç õ e s e t r oc as de f errament as , tornaram n e c e s s á r i a a i mpl e me nt a ç ã o do programa MRP II com o J u s t - i n - Ti me "j u s t o - a -

t e m p o , a p e n a s - a - t e m p o ou n o - m o m e n t o - c e r t o " (RAE, 1989, P. 49),

uma f i l o s o f i a de a d mi n i s t r a ç ã o , que at ravés de um conjunto de s i s t e ma s i nt ernos v i s a o mel horame nt o contí nuo da pr oduç ão, u t i l i z a nd o o p r o c e s s o mai s s i m p l e s p o s s í v e l . Seu l ema é: " q u e b r a

z e r o , d e f e i t o z e r o , a c i d e n t e z e r o . " ( Bezerra, 1990, p. 41), onde o

f ator humano é fundamental nas etapas de sua e x e c u ç ã o : - manter o ambi ent e l impo;

- fazer v e r i f i c a ç õ e s de rotina; - c ons e rt ar p e q u e n o s d e f e i t o s ;

- e l i mi n a r d e s p e r d í c i o s ao u t i l i z a r os a c e s s ó r i o s do p o s t o de trabalho; - f aze r manut enção de r ot i na em conjunto com a equi pe de manutenção.

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O JIT e s t á fundamentado na r e moção dos o b s t á c u l o s que surgem com a di mi nu i ç ã o do i n v e nt á r i o , o que os j a p o n e s e s chamam de ”rio de i nvent ári o", onde o n í v e l da água é r e duz i do para r e v e l a r as pe dr as que de ve m ser r e mo v i d a s para pe rmi t i r que os b a r c o s

p o s s a m navegar. As pedras podem ser uma máqui na parada,

p r o b l e ma s de q u a l i d a d e e m ã o - d e - o b r a não f l e x í v e l . Com a a v a l i a ç ã o do t rabal ho humano não e x i s t e a n e c e s s i d a d e de de i xar bai xar o n í v e l da água para c o me ç a r a c ombat er parte d e s s e s p r o b l e ma s , p o d e n do ser f e i t o um trabal ho p r e v e n t i v o , e v i t a n do , de s t a forma, s o l u ç õ e s i me d i a t i s t a s . Outra ferramenta, i nt roduzi da com o JIT no s i s t e m a Sul F a b r i l , são as Cé l u l a s F l e x í v e i s de Manufatura ( F M C / F M S ' s ) , que p r o v a v e l me n t e no futuro e s t arão p r e s e n t e s em t o d o s os s e t o r e s de pr o duç ã o i ndus t ri al . Reúne, em um det ermi nado e s p a ç o f í s i c o , os d i v e r s o s p r o c e s s o s de f a b r i c a ç ã o por onde o produto p a s s a , até a sua t rans f or mação f i nal . O t rabal hador t or n a- s e mu l t i f u n c i o n a l , com d i v e r s a s f u n ç õ e s na c é l u l a , sendo n e c e s s á r i a uma a v a l i a ç ã o de suas a t i v i d a d e s , para que as cargas e s o l i c i t a ç õ e s e x i g i d a s s ej am r epart i das de f orma c r i t e r i o s a .

Das no v a s t e c n o l o g i a s , o J u s t - i n - Ti me é a mai s r e q u i s i t a d a p e l a s e mpr e s as por sua f l e x i b i l i d a d e no s i s t e ma , pod en do ser i nt e grada a outras t e c n o l o g i a s de pr oduç ão. Sua p r i n c i p a l f errament a g e r e n c i a l é o apri morament o contí nuo de p r o c e s s o s e p r o c e d i me n t o s na pr o duç ã o , porém v á r i a s e mp r e s a s t i veram p r o b l e ma s na sua i mpl a nt a ç ã o , por não r e l a c i o n a r e m a i mpor t ânc i a do fator humano ao seu d e s e n v o l v i m e n t o . " A l g u m a s e m p r e s a s e s t ã o t e n d o p r o b l e m a s e m i m p l a n t a r a f i l o s o f i a J I T , d e v i d o ao s e u e n f o q u e s e r a i n d a d o p o n t o de v i s t a t r a d i c i o n a l . Um r e f l e x o d i s t o é a b a i x a p o n d e r a ç ã o à s m e d i d a s a d m i n i s t r a t i v a s , p o i s a s e m p r e s a s e s t ã o r e l e g a n d o a um s e g u n d o p l a n o a p a r t i c i p a ç â o do t r a b a l h a d o r c o m o e l e m e n t o d i n a m i z a d o r da p r o d u ç ã o . " (Chamorro, 1994, p. 115)

Al guns e s t u d i o s o s j a p o n e s e s como G. Taguchi e W. Ouchi demost ram que as c a r a c t e r í s t i c a s p r o d u t i v a s da i ndús t r i a j a p o n e s a po d e m ser adot adas em outras r e a l i d a d e s , j á Ke s t e r (1993, p. 48), af i rma que o Japão e a condut a das e mpre s as j a p o n e s a s di v e r g e dos d e ma i s m o d e l o s e c o n ô m i c o s b a s i c a me n t e por p r o b l e ma s cul t urai s , p o i s e s t e s s eguem os p r i n c í p i o s de Co n f ú c i o , para quem o de v e r para com os outros e a s ubmers ão do i n t e r e s s e pr ópr i o são uma vi rtude. Então* o que aparent a como d e s a t e n ç ã o com a l u c r a t i v i d a d e e uma

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e s me r a d a atenção com a qu a l i d a de e b a i x o s s a l á r i o s , nada mai s são do que d e c o r r ê n c i a dos f at ore s cul t urai s . Porém, outros e s t u d i o s o s o c i d e n t a i s de f ende m que Taguchi e Ouchi podem estar c e r t o s , p o i s os o p e r á r i o s j a p o n e s e s trabalham em c o n d i ç õ e s apr opr i adas para a r e a l i z a ç ã o de suas taref as. "Se f o r ç a d o a r e a l i z a r t a r e f a s m o n ó t o n a s

e r e p e t i t i v a s , c o m p o r t a m e n t a l i z a d a s , n u m a f á b r i c a m e c a n i z a d a ou a u t o m a t i z a d a , s e m q u a l q u e r l i b e r d a d e de a ç ã o , a t é m e s m o o m a i s d e d i c a d o t r a b a l h a d o r j a p o n ê s a c a b a r á p e r d e n d o a v o n t a d e de t r a b a l h a r e d e i x a r á de i d e n t i f i c a r - s e c o m a c o m p a n h i a . " ( Odaka, Ja pa n e s e Manage me nt A F o r wa r d- Lo o k i ng An al ys i s , p. 26) apnd ( Wo r o n o f f , 1993, p. 63)

Vá r i o s e s t u d i o s o s têm o t rabal hador como o p r i n c i p a l fator das me d i d a s de de s e mpe nho das no v a s t e c n o l o g i a s de pr odução. "É p r e o c u p a ç ã o d i á r i a a "h u m a n i z a ç ã o do l o c a l de t r a b a l h o ", e n t e n d e n d o - s e c o m o t a l a l i b e r t a ç ã o do h o m e m de t a r e f a s p e s a d a s , i n s a l u b r e s , r e p e t i t i v a s , p e r i g o s a s e d i f í c e i s , em l o c a i s ma l a r e j a d o s , m a l i l u m i n a d o s , r u i d o s o s , q u e n t e s ou m u i t o f r i o s . "

(St emmer 89) apnd (Chamorro, 1994, p. 50)

Es t as a f i r ma ç õ e s c omprovam que as n o v a s t e c n o l o g i a s de pr o d u ç ã o , ao s erem i mpl ant adas em e mp r e s a s i n s t a l a d a s no B r a s i l , s ej am b r a s i l e i r a s ou m u l t i n a c i o n a i s , devem c o me ç a r as mudanças p e l a me n t a l i d a d e , e l i mi nando e s t e r i ó t i p o s do t i po, "o pa í s é v i á v e l por c aus a da m ã o - d e - o b r a barata" ou "operári o parado é pr e j u í zo para a empresa". Em tempos atrás a f i l o s o f i a das e mpre s as era de s o b r e c a r r e g a r a f á b r i c a além do n e c e s s á r i o , com e l e v a d o s e s t o q u e s i n t e r me d i á r i o s como f orma de garanti a, com os o p e r á r i o s trabal hando sob p r e s s ã o cons t ant e. Agor a, s a b e - s e que e s t a f i l o s o f i a aumenta o i n v e nt á r i o , e s t r e s s a os o p e r á r i o s , c r i a g a r g a l o s e enc obr e os p r o bl e ma s de pr o d u ç ã o , gerando qu a l i d a de do produto, d e s b a l a n c e a me n t o da p r odu ção, a b s e n t e í s mo , r e f ug o s , ret r a b a l ho s , at ras os na entrega, di mi nui ç ã o da e f i c i ê n c i a e da pr o d u t i v i d a d e .

As c o n d i ç õ e s da ma i o r i a dos t ra b a l ha d o re s b r a s i l e i r o s são retratadas por l i d a (1990) em sua de d i c a t ó r i a : " Aos t r a b a l h a d o r e s

b r a s i l e i r o s , q u e c o n t i n u a m l u t a n d o e p r o d u z i n d o , n u m a d e m o n s t r a ç ã o de t o l e r â n c i a , s a b e d o r i a e e s t o i c i s m o , d i a n t e da i n c o m p e t ê n c i a , m e s q u i n h e z e i n d i f e r e n ç a d o s p o d e r o s o s . " Caso não

sej am t omadas me d i d a s de me l h o r i a para as c o n d i ç õ e s do t rabal hador b r a s i l e i r o , qual quer t e c n o l o g i a c r i a d a em p a í s e s onde e x i s t e o

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r e s p e i t o ao s er- humano e ao t rabal ho r e a l i z a d o por e l e , no B r a s i l não c o n s e g u i r á s ai r do p a p e l , t o r n a nd o - s e um enorme pr e j u í zo para a e mp r e s a e c o n s e q ü e n t e me n t e para o paí s .

1.2 - Ob j e t i v o e J u s t i f i c a t i v a da P e s q u i s a

O o b j e t i v o d e s t a d i s s e r t a ç ã o é mostrar, at ravés do c a s o Sul Fa b r i l , a i mp o r t â nc i a da a v a l i a ç ã o do t rabal ho humano na i mpl ant aç ão de n o v a s t e c n o l o g i a s de pr o d u ç ã o , ana l i s a n do e r e p roj et an do s e t e p o s t o s de trabal ho, pe r t i n e n t e s ao fl uxo de f a b r i c a ç ã o da Sul F a b r i l , de s de a entrada da mal ha no b e n e f i c i a me n t o até a e x p e d i ç ã o do produto f i nal . Foi u t i l i z a d o para a a n á l i s e do trabal ho o i nstrumento AET, p r o c e d i me n t o s a p l i c a d o s na área de est udo do t rabal ho, que a n a l i s a o que se e x i g e das p e s s o a s em seus p o s t o s , de t ec t and o suas cargas c r í t i c a s e e x p o n d o , g r a f i c a me n t e , i tens r e f e r e nt e s à taref a, ao s i s t e ma de t rabal ho e à s o l i c i t a ç ã o e x i g i d a , que s e r v e m de r e f e r ê n c i a s para a a v a l i a ç ã o do t rabal ho humano.

Os p o s t o s de trabal ho a n a l i s a d o s foram: - ope r a do r de máqui na omez ( b e n e f i c i a m e n t o ) - o p e r a d o r a de e n c a i x e ( t e x o g r a f i a ) - a u x i l i a r de d e p ó s i t o ( armazenament o do c ort e) - e n f e s t a d e i r a ( e n f e s t a ç ã o ) - c o r t a do r a ( c o r t e ) - c o s t u r e i r a ( c o s t u r a ) - e s t ampador ( e s t a mp a r i a l o c a l i z a d a ) As i n f l u ê n c i a s das no v a s t e c n o l o g i a s de produção no t rabal ho humano são d e c o r r e n t e s das t ra n s f o r ma ç õ e s por e l a s ge radas no s i s t e m a de p r oduç ão. A e mp r e s a Sul Fabr i l ao i mpl antar o MRP II/ JIT, most ra a n e c e s s i d a d e de um estudo do t rabal ho em seus p o s t o s , onde e s t e s p o s s a m ser a p e r f e i ç o a d o s e adapt ados à n o v a r e a l i d a d e .

Em r es umo, o o b j e t i v o p r i n c i p a l é r e l a c i o n a r as me l h o r i a s nos p o s t o s de t rabal ho ao de s e mpe nh o do fator humano nas no v a s t e c n o l o g i a s de p r oduç ão. Te nd o , como l a bo r a t ó r i o de p e s q u i s a , a f á b r i c a da Sul Fa b r i l , em Bl umenau.

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A j u s t i f i c a t i v a é que o homem e s t á c a da v e z mai s c o mp r o me t i d o com os r e s u l t a d o s do t rabal ho r e a l i z a d o nos p r o c e s s o s p r o d u t i v o s . Com o avanço dos s i s t e ma s e s p e c i a l i s t a s na a d mi n i s t r a ç ã o da produção e a aut omat i zaç ão dos p r o c e s s o s , as a t i v i d a d e s r e p e t i t i v a s , que geral ment e exi ge m e s f o r ç o f í s i c o extremo, e s t ão dando e s p a ç o às a t i v i d a d e s c o m p l e x a s , com o homem e x e r c i t a n d o o seu i n t e l e c t o , tomando d e c i s õ e s e as s umi ndo r e s p o n s a b i l i d a d e s . "O c o n t r o l e de q u a l i d a d e p o d e s e r o c o r a ç ã o de um s i s t e m a J I T , m a s o s p r o g r a m a s de e d u c a ç ã o e t r e i n a m e n t o s ã o a s f e r r a m e n t a s q u e p e r m i t e m ao J I T f u n c i o n a r . Ca da a s p e c t o do d e s e n v o l v i m e n t o de s i s t e m a s J I T d e p e n d e de p e s s o a s q u e t r a b a l h e m m a i s p r o d u t i v a m e n t e "m a i s e s p e r t a m e n t e " e a j u d a n d o a m e l h o r a r c o n t i n u a m e n t e o s i s t e m a . P a r a c o n s e g u i r e s s e p a d r ã o de p r o d u t i v i d a d e a g e r ê n c i a n ã o p o d e i n s i s t i r em t é c n i c a s de a d m i n i s t r a ç ã o do t i p o c e n o u r a e c h i c o t e . " ( Lubben, 1989, p. 109)

Es t a af i rma t i v a , de um dos ma i o r e s p e s q u i s a d o r e s da f i l o s o f i a JIT,

m o s t r a a i mpo r t â nc i a do fator humano no d e s e n v o l v i m e n t o de sua

i mpl ant aç ão.

1.3 - Estrutura do Tr abal ho de P e s q u i s a

Est e t rabal ho apres ent a, pr i me i rame nt e , uma r e v i s ã o b a s e a d a em p e s q u i s a à l i t erat ura e s p e c i a l i z a d a nas mat ér i as de:

a) A n á l i s e E r g o n ô mi c a do Tr abal ho, fundamentado no s i s t e m a de trabal ho; no s i s t e m a homem-máquina; nas cargas e s o l i c i t a ç õ e s no trabal ho; no t rabal ho humano; na a v a l i a ç ã o do trabal ho humano e o i nstrumento AET para aux i l i a r a a n á l i s e do trabal ho.

b) N o v a s T e c n o l o g i a s de P r o d uç ã o , e v i d e n c i a n d o o MRP II/JIT das mai s r e c e n t e s t e c n o l o g i a s u t i l i z a d a s na pr o d u ç ã o , junto às Cé l u l a s de Manufatura.

A p ó s a r e v i s ã o t e ó r i c a , são a p r e s e n t a d o s os mét o d o s e mp r e g a d o s e n v o l v e n d o as p e s q u i s a s f e i t a s na Sul Fabr i l . Os dados a n a l i s a d o s com o a u x í l i o do i nstrumento AET são u t i l i z a d o s para a a v a l i a ç ã o do t rabal ho humano nos p o s t o s de trabal ho p e s q u i s a d o s . Ao fi nal des t a, são p r o p o s t a s s u g e s t õ e s para a me l h o r i a dos p o s t o s , onde a a n á l i s e do trabal ho f oi r e a l i z a d a , , a fim de a p e r f e i ç o á - l o s para o n o v o s i s t e ma.

As d i f i c u l d a d e s e ncont radas durante a p e s q u i s a ocorreram, no campo t e ó r i c o , d e v i d o a f a l t a de p u b l i c a ç õ e s r e f e r e n t e s à r e l a ç ã o

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entre o trabal ho humano e as no v a s t e c n o l o g i a s . E no campo pr á t i c o , na i mpl a nt a ç ã o do s i s t e m a MRP II/JIT na Sul Fa b r i l , em f unção do atraso na i n s t a l a ç ã o do r e s p e c t i v o programa. Os e s t ud o s r e a l i z a d o s se l i mi t am à i n t e gr aç ão do t rabal ho humano com as no v a s t e c n o l o g i a s e mpr e gadas no s i s t e m a de pr o du ç ã o , o homem em seu ambi ente de t rabal ho, com as p o s i ç õ e s e mo v i me n t o s , as cargas e s o l i c i t a ç õ e s f í s i c a s e p s í q u i c a s , sem, no entanto, estar di ret ament e r e l a c i o n a d o ao seu c o n h e c i me nt o p r o f i s s i o n a l ou ao mat eri al por e l e pr o du z i d o . Nã o se po de dei xar de r e s s a l t a r a i mpo r t â nc i a e a i n f l u ê n c i a que os s e t o r e s a d mi n i s t r a t i v o s da e mpr e s a e x e r c e m nos p o s t o s de trabal ho.

"A l i b e r d a d e f u n c i o n a l de um t r a b a l h o de b a s e é f o r t e m e n t e l i m i t a d a p o r s u a s o p ç õ e s o r g a n i z a c i o n a i s p r e s a s ao n i v e l da a d m i n i s t r a ç ã o ; s e r á o m e s m o p a r a a E r g o n o m i a q u e r e s t r i n g e s eu h o r i z o n t e ao d o s p o s t o s d e t r a b a l h o i n d i v i d u a i s . " (Cazami an, 1974,

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2 - A N Á L I S E E R G O N Ô M I C A DO T R A B A L H O

2.1 - Introdução

"A E r g o n o m i a ê o e s t u d o da a d a p t a ç ã o do t r a b a l h o ao h o m e m " ( l i d a , 1990, p. 0 1). A i n t e graç ão do homem com seu ambi ente de t rabal ho é o p r i n c i p a l o b j e t i v o da Ergonomi a, t o r na nd o - o s um todo. Seus o b j e t i v o s p r á t i c o s são: s e gurança, s a t i s f a ç ã o e bem est ar dos t r a b a l ha d o r e s nos s i s t e ma s p r o d u t i v o s . Tem uma abordage m i n t e r d i s c i p l i n a r onde pa r t i c i pa m a d mi n i s t r a d o r e s , p s i c ó l o g o s , e n g e n h e i r o s , d e s e n h i s t a s , m é d i c o s e outros, porém o o pe r á r i o é p e ç a fundamental , c ont ri bui ndo at ravés de seus c o n h e c i me n t o s p r á t i c o s , r el at ando suas d i f i c u l d a d e s e d e s c o n f o r t o s , dando um f e e d b a c k i me di a t o ao p r o c e s s o através de e s t ud o s do homem em r e l a ç ã o ao ambi ente f í s i c o e s o c i a l , à i nf or maç ão, à o r g a n i z a ç ã o , às máqu i na s / f e r r a men t a s e às c o n s e q ü ê n c i a s que i sto lhe traz. O s i s t e m a de pr oduç ão não pode ausentar t ai s a s p e c t o s em sua a p l i c a ç ã o , p o i s o tornari a de s conj unt urado e f rági l para qual quer t en t at i va de a p e r f e i ç o a m e n t o s e me l h o r i a s no s i s t e ma , por e x e mp l o , na i nt rodução de t e c n o l o g i a s como MRP II, JIT, OPT e outras.

Durante mui t os anos, p a s s a v a - s e a i d é i a de que o homem era um f ator i n s i g n i f i c a n t e no ambi ente de trabal ho, porém com o tempo f o i - s e p e r c e b e n d o a i mpo r t â nc i a que sua p r e s e n ç a p o s s u í a e as vant agens que se obt i nha ao not á- l a. Ho j e , muitas e mpre s as tratam seus o p e r á r i o s com r e s p e i t o e humani smo, f aze ndo com que e s t e s s i n t a m- s e a c o l h i d o s , d i r e c i o n a n d o - o s e c o n d u z i n d o - o s não apenas v i s a n d o um l ucro mo ne t á r i o , mas como um i nv e s t i me n t o que, a médi o e l ongo prazo trarão um c r e s c i me n t o à sua empresa.

A a p l i c a ç ã o s i s t e m á t i c a da Er g o no mi a na i nd ús t r i a é f e i t a nos l o c a i s onde o correm ma i o r e s p r o bl e ma s e r g o n ô mi c o s , como, alto í n d i c e de e rros , a c i d e n t e s , d o e n ç a s , a b s e n t e í s mo s e r o t a t i v i d a d e dos op e r á r i o s . E s s e s f at os i ndi c am que podem estar oc orr endo uma i nadapt aç ão das máqui nas, f al has na or g a ni za ç ã o do trabal ho ou d e f i c i ê n c i a s a mbi e nt ai s que pr o v o c a m t e n s õ e s mus c u l ar e s e p s í q u i c a s , l e v a n d o os t ra b a l ha d o re s ao e s t r e s s e . Isto oc orre p e l a f a l t a de um pl anej ame nt o que a na l i s e os i tens me n c i o n a d o s , s o l u c i o n a n d o - o s de modo permanente.

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As etapas de c o nt r i bui ç ã o da Er g o n o mi a ocorrem na f as e i n i c i a l de p r o j e t o , com a Er gonomi a de c o n c e p ç ã o , i s t o é, nas f a s e s de p l a n e j a me n t o , d e s e n v o l v i m e n t o e da p r ó p r i a c o n c e p ç ã o do produt o, máqui na ou ambi ente. No cas o de j á e x i s t i r e m, a c o n t r i b u i ç ã o se dá com a Er g o no mi a de c o r r e ç ã o , que terá como mai or o b s t á c u l o o cus t o, muitas v e z e s e l e v a d o . As c o n t r i b u i ç õ e s para me l h o r i a s em s i t u a ç õ e s de trabal ho dentro da e mp r e s a podem var i ar, d e pe nd en do da a b r a n g ê n c i a com que são r e a l i z a d a s e conf orme a et apa em que e l a s ocorrem. A a br a ng ê nc i a é c l a s s i f i c a d a em: a n á l i s e do s i s t e m a de t rabal ho e a n á l i s e das cargas e s o l i c i t a ç õ e s no t rabal ho. N a a n á l i s e do s i s t e ma de t rabal ho a p r e o c u p a ç ã o mai or é com r e l a ç ã o ao f unci onament o g l o b a l de uma e qui pe de trabal ho usando uma ou mai s máqui nas, onde a s p e c t o s como d i s t r i b u i ç ã o e m e c a n i z a ç ã o r e l a t i v o s à taref a são a n a l i s a d o s junto a c r i t é r i o s como c us t o, c o n f i a b i l i d a d e , s e gur anç a e outros. A a n á l i s e das cargas e s o l i c i t a ç õ e s no t rabal ho abrange: a tarefa, a pos t ura, os mo v i me n t o s do t rabal hador e suas e x i g ê n c i a s f í s i c a s e p s í q u i c a s , onde o correm as i n t e r a ç õ e s home m- máqui na- ambi ent e .

2. 2 - O S i s t e m a de Trabal ho

O homem e os me i o s de pr odução c o mp õ e m o s i s t e m a de trabal ho. Interagem entre si , para uma de t er mi nada f i n a l i d a d e na e x e c u ç ã o de uma t a re f a pr é - det e r mi nada. Cons t i t uí do por a s p e c t o s do l ado t é c n i c o e s o c i a l , c a r a c t e r i z a d o p e l a r e l a ç ã o entre a p e s s o a e os de mai s f at ore s e n v o l v i d o s (f i g. 2.1).

Os f a t o r e s b á s i c o s em um s i s t e m a de t rabal ho, são:

Ta r e f a de Trabal ho - a t are f a de t rabal ho c o n s i s t e no que o t rabal hador de v e execut ar, tendo como f i n a l i d a d e a trans f ormação p r é - d e t e r mi n a d a p e l o s i s t ema. Ex e mpl o s : cortar t e c i d o s , embal ar c a mi s e t a s , transportar p e ç a s de malha.

Entrada - num s i s t e ma de t rabal ho, a entrada c o n s i s t e de o b j e t o s de t rabal ho, que se apresent am de formas v a r i a d a s , como: ma t e r i a l , e ne r g i a , i nf ormação e p e s s o a s , que irão sof r er m o d i f i c a ç õ e s quanto à forma, à p o s i ç ã o , à l o c a l i z a ç ã o , etc. E x e mp l o s : chapas de aço para f u n d i ç ã o , p e ç a s de mal has para e n f e s t a ç ã o , e n e r g i a e l é t r i c a , dados a sere m p r o c e s s a d o s .

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P e s s o a - a p e s s o a é o el e me nt o at i vo do s i s t e ma , com o a u x i l i o de m e i o s de pr odu ção, t ransforma os o b j e t o s de trabal ho da entrada em pr odut os d e s e j a d o s na s aí d a, de a c or do com a t are f a de trabal ho pr é - d e t e r mi na d a . Ex e mpl o s : e mbal ador , es t ampador , o per ador de máquina.

M e i o s de Pr od uç ão - os m e i o s de pr odução c a r a c t e r i z a m- s e p e l a sua u t i l i z a ç ã o na t rans f ormação dos o b j e t o s de entrada em produt os de saí da. Se apresent am como e l e me n t o s a t i v o s , quando a c i o n a d o s aut omat i came nt e, e p a s s i v o s , quando c o n d u z i d o s por p e s s o a ( s ) . E x e mp l o s : máqui na de cort e, c o mp u t a d o r e s , e mp i l h a de i r a .

De c u r s o do Trabal ho - também denomi nado como p r o c e s s o de t rabal ho, faz a i nt eração entre os me i o s de pr o duç ã o e a p e s s o a , i nt e r l i g a n d o , em um det ermi nado p e r í o d o de tempo e e s p a ç o , a entrada à s a í d a do s i s t e m a de t rabal ho.

Fat ore s Amb i e n t a i s - ge ra l me n t e, os f at ore s ambi e nt ai s s of r em i n f l u ê n c i a s de c o r r e n t e s do pr ópr i o p r o c e s s o ou de p r o c e s s o s v i z i n h o s , quando n o c i v o s , i nt erf erem de f orma n e g a t i v a no s i s t ema. Ex e mp l o s : v i b r a ç õ e s , r uí do s , umi dade, f r i o , c a l o r , mau- c he i r o.

S a í d a - a s a í d a apr e s ent a os r e s u l t a d o s o b t i d o s p e l a t rans f ormação p r o c e s s a d a no obj e t o de t rabal ho, da entrada à s a í d a d e s e j a d a . E x e mp l o s : t e c i d o s e s t a mpa d o s , p e ç a s de mal ha c a l a n dr a da s , c a mi s e t a s e mbal adas .

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0 menor s i s t e m a de trabal ho é o po s t o de "trabalho i n d i v i d u a l ”, onde a p e s s o a e x e c u t a a t aref a em um ün i c o po s t o . Porém, o s i s t e m a de trabal ho pode se apres ent ar como "trabalho mú l t i p l o s i mp l e s " , com uma p e s s o a em v á r i o s p o s t o s , "trabalho em grupo", para v á r i a s p e s s o a s num úni c o pos t o ou "trabalho mú l t i p l o em grupo", quando v á r i a s p e s s o a s trabalham em d i v e r s o s p o s t o s .

O t rabal ho r e a l i z a d o entre a p e s s o a e o me i o de pr o du ç ã o , num s i s t e m a de t rabal ho, dá- s e de três formas: ( f i g. 2.2)

a) Trabal ho Manual - a p e s s o a é det ent ora da i nf o r ma ç ã o , porém, de pe nd en do da t r o c a de i n f o r ma ç õ e s com o me i o de p r o du ç ã o , no c a s o , uma ferrament a manual, a p e s s o a d i s p e n d e r á a e n e r g i a n e c e s s á r i a para a e x e c u ç ã o da tarefa.

b) Trabal ho M e c a n i z a d o - a p e s s o a é de t ent ora da i nf o r ma ç ã o , porém grande parte da e ne r g i a n e c e s s á r i a para a e x e c u ç ã o da t aref a é f o r n e c i d a externament e ao me i o de produção.

c) Tr abal ho Aut omat i z ado - a i nf ormação é p r e v i a me nt e armazenada no c o n t r o l a d o r p r ogr amáve l que i nterage com o me i o de pr o d u ç ã o , f i c a n d o a p e s s o a l i mi t a d a ao c o nt r o l e e s u p e r v i s ã o , e t oda e ne r g i a d i s p e n d i d a é f o r n e c i d a externament e ao mei o de pr oduç ão.

BRUU (Material e informação} Otetariâl PrcxMssado) IMBXLHO MHTCKL EHTBUU Inían&açào fcw rgla) SAI Oi (Katerial Processado) TRABALHO tffC2NIZAD0 BRUU (Material, Infomaçâo Energia) (Material Proo«ss»*5) TRSBALBO «JXCMAXIZADO L e g e n d a : M - P e s s o a ; H - F e r r a m e n t a m a n u a l ; B - M e i o de p r o d u ç ã o ; I - I n f o r m a ç ã o ; E - E n e r g i a ; R - C o n t r o l a d o r P r o g r a m á v e l .

(20)

2.2 . 1 - S i s t e ma Ho me m- Má q u i n a

D e s d e que surgi ram, as máqui nas es t ão gr adat i vame nt e s ubs t i t ui ndo o homem em d i v e r s a s t aref as. Com o c r e s c i me n t o e o cont í nuo p r o g r e s s o t e c n o l ó g i c o , e l a s es t ão ca da v e z mai s f o r t e s , r á pi d a s , p r e c i s a s , c o n f i á v e i s e i n t e l i g e n t e s .

Para a Er gonomi a, a máqui na não e x i s t e , s e não em f unção dos o p e r a d o r e s humanos que i nt eragem com ela. Qual quer t i po de máqui na, equi pament o ou produto não é uma a t i v i d a d e i s o l a d a , mas d e s t i n a - s e a d e s e n v o l v e r cer t as f u n ç õ e s e h a b i l i d a d e s que compl e me nt am as do ser humano. ”A c a p a c i d a d e de o h o m e m c o n t r o l a r o s p r ó p r i o s m o v i m e n t o s d e v e s e r t r a n s f e r i d a p a r a os m o v i m e n t o s d a s p e ç a s da m á q u i n a , e l a s t ê m q u e s e r p r o j e t a d a s o b e d e c e n d o a s l i m i t a ç õ e s e c a p a c i d a d e s do o p e r a d o r . " (Palmer,

1976, p . 97)

No a p e r f e i ç o a me n t o do s i s t e ma home m- máqui na, a Er g o n o mi a é a p l i c a d a na f as e de pr oj e t o de máqui nas, e qui p a me nt o s e p o s t o s de t rabal ho. N a o r g a n i z a ç ã o do t rabal ho p r o c u r a - s e reduzi r a f a d i g a e a mo no t o n i a , e l i mi n a nd o o t rabal ho al tamente r e p e t i t i v o , o que torna o t rabal hador mai s p a r t i c i p a t i v o , f az e ndo com que este s i n t a - s e mai s v a l o r i z a d o e c o n s e q ü e n t e me n t e , mo t i v a d o . "O p o s t o de

t r a b a l h o d e v e e n v o l v e r o t r a b a l h a d o r c o m o u ma "v e s t i m e n t a " b e m a d a p t a d a , em q u e e l e p o s s a r e a l i z a r a s u a t a r e f a c o m c o n f o r t o , s e g u r a n ç a e e f i c i ê n c i a . " (CIPA, 1991, v. 12, n. 143, p. 19)

A abordage m e r g o n ô mi c a no pr oj et o de um s i s t e m a homem- máqui na, de ve ser f e i t a a partir de uma v i s ã o ampl a, c o n s i d e r a n d o t o do s os e l e me n t o s que i nf l ui rão no de s e mpe nh o da máqui na, dentro do ambi ent e que d e v e r á operar. A qu a l i d a de d e s s e d e s e mp e n h o es t ará di ret ament e r e l a c i o n a d a com o grau de adapt ação d e s t a ao ope r ador , ao s i s t e m a p r o d u t i v o , à o r g a ni z a ç ã o da pr oduç ão e até mes mo à cul tura t é c n i c a da r e g i ã o ou paí s .

N a d i v i s ã o de f u n ç õ e s , o homem é muitas v e z e s r e l e g a d o a um p a p e l de v i g i a da máquina, num t rabal ho t e d i o s o , ou e x p l o r a d o por e s t a num s i s t e m a aut omat i zado, onde a t aref a é extremamente c o mp l e x a . Para o pr o j e t o de um s i s t e m a home m- máqui na, c a be r á ao . p r o j e t i s t a d e c i d i r quai s f u n ç õ e s serão a l o c a d a s às máqui nas e quai s f i c a r ã o a cargo do homem ( v e r t a b e l a s 2 . 1 e 2.2). O s i s t e m a de ve ser pr o j e t a d o , c o ns t r uí do e ope r ado com s e g ur a nç a e de f orma a de quada

(21)

ao homem. N a aut o ma t i za ç ã o , o homem é p e ç a fundamental e de ve ser c o n s i d e r a d o como tal. "No f u n d o , a s d i f e r e n ç a s e n t r e m á q u i n a s e

h o m e n s s ã o t ã o n u m e r o s a s que, c e r t o s a u t o r e s a c h a m q u e n ã o s ã o c o m p a r á v e i s e n t r e si, m a s se c o m p l e m e n t a m m u t u a m e n t e , c a d a um c o m c a r a c t e r í s t i c a s p r ó p r i a s e um s u p r i n d o a s f a l h a s do o u t r o . "

( l i d a , 1990, p. 33)

A d i s t r i b u i ç ã o de f un ç õ e s entre o homem e a máqui na é mat er i al p e s q u i s a d o em todo o mundo, o que mos t ra a p r e o c u p a ç ã o de e s t u d i o s o s do ramo na b u s c a de al t er na t i v a s para, ca da v e z mai s , chegar ao i d e a l . F a t o r e s p a r a o p r o j e t o de um s i s t e m a h o m e m - m á q u i n a Ho me m M á q u i n a A t i v i d a d e s C o m p l e x a s canal ú n i c o , d i s c r i m i n a grande v a r i e d a d e de pa d rõ e s . v á r i o s c a n a i s , d i s c r i mi n a grande número de pa d r õ e s em s é r i e . V e l o c i d a d e de R e s p o s t a p r o b a b i l i d a d e b a i x a de s erem r ápi das e

p r e c i s a s . r e s p o s t a s r á pi d a s , pr e v i a me nt e programadas. M e m ó r i a e C a p a c i d a d e de R a c i o c í n i o

grande quanti dade de me mó r i a e c a p a c i d a d e de r a c i o c í n i o , com p o u c a p r e c i s ã o .

quanti dade l i mi t ada, mas e l a b o r a p r o c e s s o s l ó g i c o s e de d u t i v o s em curto e s p a ç o de tempo. F a t o r e s A m b i e n t a i s p o u c a t o l e r â n c i a a al tas temperat uras, g a s e s t ó x i c o s , r uí do s , r a d i a ç õ e s , etc. pode operar em ambi ente h o s t i l , al ém dos l i mi t e s humanos. Cu s t o c ust o i n i c i a l b a i x o , porém e l e v a n d o - s e com o tempo. custo i n i c i a l e l e v a d o , bai xando quando a e f i c i ê n c i a da máqui na é p r ó x i ma a 1 0 0%.

T a b e l a ( 2 . 1 ) - Fat or e s da r e l a ç ã o home m- máqui na a serem c o n s i d e r a d o s em pr oj et o. Veja: l i d a , 1 9 9 0 , p. 30.

(22)

O u t r o s f a t o r e s p a r a o p r o j e t o de um s i s t e m a h o m e m - m á q u i n a

T e c n o l ó g i c o

0 avanç o t e c n o l ó g i c o não pára, anual mente, c e nt e nas ou mi l hare s de produt os e p r o c e s s o s chegam ao mer cado, tornando o b s o l e t a s as s o l u ç õ e s e x i s t e n t e s . 0 i n t e r v a l o da d e s c o b e r t a c i e n t í f i c a e seu apr o v e i t a me nt o e s t á sendo c ada v e z mai s r eduz i do.

Huma n o

0 de s e mpe nh o humano é af et ado por f at or e s tipo: m o t i v a ç ã o , s a t i s f a ç ã o , i dade, s e x o , i n t e l i g ê n c i a e out ros, que i nf l ue nc i a m sua t omada de d e c i s ã o .

T o m a d a de

De ci s f l o

For maç ão do homem - g e n é t i c a ; s o c i a l ;

i n t e l e c t u a l ; p r o f i s s i o n a l N í v e i s de i nf ormação - d e t e c ç ã o ; d i s c r i mi n a ç ã o ;

i nt e rpret ação; tratamento N í v e i s de n e c e s s i d a d e - f i s i o l ó g i c a ; segurança; s o c i a l ; esti ma; r e a l i z a ç ã o Ambi e nt e de t rabal ho - f í s i c o ; s o c i a l E f i c i ê n c i a da máqui na - c a p a c i d a de ; manutenção; ope r ação; p r o c e s s a me n t o T i p o s de s i s t e ma s - s i mp l e s ; c o m p l e x o s I n f l u ê n c i a s D i r e t a s P r o c e s s a me n t o - ( pr o c e s s a me n t o da máqui na) Inf ormação - ( i nf o r ma ç ã o r e c e b i d a da máqui na) D e c i s ã o - ( d e c i s ã o t omada p e l o homem)

Ope r a ç ã o - ( o p e r a ç ã o f e i t a p e l o homem)

T a b e l a ( 2 . 2 ) - Fat or e s i mportantes num proj et o de s i s t e m a homem- máquina. Veja: l i d a , 1 9 9 0 , p. 31.

Os i m p r e v i s t o s o c o r r i d o s na p r odu ção, e s p e c i f i c a m e n t e c a u s a d o s por mal c o n d i c i o n a me n t o da r e l a ç ã o homem- máqui na, devem ser t ratados com a manutenção p e r i ó d i c a das máqui nas , t rei nament os e c o n d i ç õ e s i d e a i s para o homem em seu po s t o de trabal ho. Grande parte d e s s e s p r o b l e ma s é dec orr ent e de f a l ha humana, porém es t a f al ha, muitas v e z e s , o r i g i n a - s e do mal tratamento que é dado ao homem em s eu p o s t o de trabal ho. Quando não tratado ade quadame nt e , po d e d e s e s t a b i l i z a r t odo um programa.

(23)

Al guns dos pont os p r i n c i p a i s do s i s t e ma home m- máqui na são: o r e s p e i t o , dar c o n d i ç õ e s e saber cobrar. D e v e - s e dar c o n f i a n ç a e r e s p o n s a b i l i d a d e , fazer com que e l e s i n t a - s e bem e conti nue trabal hando com o mesmo af i nco e qu al i d ade de s e mpr e, não adi anta amedrontar o t rabal hador e di zer que tem uma f i l a e s pe ran do seu lugar.

Bons s a l á r i o s , a s s i s t ê n c i a mé d i c a , r e f e i ç ã o , t ransporte e boas i n s t a l a ç õ e s , não são f a v o r e s dados aos e mp r e g a do s e sim uma f orma de p o d e r cobrar d e l e s o de s e mpe nh o e s p e r a d o . Sem e s t as c o n d i ç õ e s , o s i s t e m a home m- máqui na f i c a r á p r e j u d i c a d o , c o n s e q ü e n t e me n t e o rendi mento e s p e r a d o p e l a máqui na não p o d e r á ser a l c a n ç a d o .

2.3 - Cargas e S o l i c i t a ç õ e s no Trabal ho

Num s i s t e m a de t rabal ho, o homem i nterage com os me i o s de pr o duç ã o para a t rans f ormação de ma t e r i a i s , s i n a i s e / o u i n f o r ma ç õ e s , f i c a n d o s u j e i t o , ao atuar sobre o obj et o de t rabal ho, a d i v e r s a s i n f l u ê n c i a s m a l é f i c a s e / ou b e n é f i c a s , l i g a d a s à t are f a (ex. n í v e l de d i f i c u l d a d e em carregar ou manusear a ma s s a do obj e t o de t r a b a l ho ) , no ambi ente de t rabal ho (ex. f at or e s f í s i c o s : c l i ma, ruí do, v i b r a ç õ e s ; f at ore s qu í mi c o s : g a s e s , v a p o r e s , s u b s t â nc i a s t ó x i c a s ; e f at ore s o r g a n i z a c i o n a i s e s o c i a i s ) e na c o n f i g u r a ç ã o dos me i o s de trabal ho (ex. o p o s i c i o n a m e n t o de c o n t r o l e s e c o ma n do s , a f o r ç a e x e r c i d a em um det ermi nado comando da máquina).

Al gumas d i s c i p l i n a s , como P s i c o l o g i a e F i s i o l o g i a do Tr abal ho, com o intuito de pr e v e n i r do e nç a s o c u p a c i o n a i s e o d e s g a s t e p r e c o c e das c a p a c i d a d e s do homem para o t rabal ho, estudam os e f e i t o s que os f a t o r e s a d v e r s o s , r e l a t i v o s à t aref a e ao mei o ambi ent e, podem e x e r c e r s obre o homem. Idade, s e x o , med i da s ant r o po mé t r i c a s , são c l a s s i f i c a d o s c omo f at or e s de qual i dade; a f o r ç a mus cul ar e a de s t r e z a manual, como f at ore s de c a p a c i d a d e e h a b i l i d a d e ; conjunto de p r é - c o n d i ç õ e s para a e x e c u ç ã o de uma taref a são r e q u i s i t o s dos f at ore s de apti dão; e n e c e s s i d a d e s p e s s o a i s , formam os f at ore s que geram as c aus as e os e f e i t o s sobre o homem no s i s t e m a de trabal ho.

Para e s t udo, as c aus as e os e f e i t o s são chamados de cargas e s o l i c i t a ç õ e s , r e s p e c t i v a me n t e .

(24)

Cargas p a r c i a i s , ( Kirchner apud Sell, 1991a, p. 10): a) P r o v e n i e n t e s da t aref a

- e x e r c e r f orç as ; - fazer movi men t os ; - falar;

- r e c e b e r i n f o r ma ç õ e s ; - tratar i n f o r ma ç õ e s .

b) P r o v e n i e n t e s da s i t uaç ão de trabalho

- e s p a ç o f í s i c o ( d i s p o s i ç ã o g e o m é t r i c a dos e l e me n t o s do e s p a ç o - f í s i c o ) ;

- f at or e s f í s i c o s e q u í mi c o s ( s om, c l i ma, p r e s s ã o a t mo s f é r i c a , i l u mi n a ç ã o , v i b r a ç õ e s , s u b s t â n c i a s , c o n c e n t r a ç ã o de 0 2 no ar); - o r g a ni z a ç ã o (est rut ura do t rabal ho, turno de t rabal ho, duração da

j o r n a d a de t rabal ho, estrutura da j o r n a d a de t rabal ho, c o mb i n a ç ã o dos e l e me n t o s do trabal ho no tempo, tempos ou de s e mpe nho pré- d e t e r mi n a d o s , o c o r r ê n c i a s raras);

- c l i m a s o c i a l ( r e l a ç ã o com s u p e r i o r e s , s u bal t er nos e c o l e g a s ) . S o l i c i t a ç õ e s p a r c i a i s , (Kirchner apud Sel l, 1991a, p. 10): a) S o l i c i t a ç ã o f í s i c a

- s o l i c i t a ç ã o mus cul ar ( d i n â mi c a p e s a d a , di n â mi c a u n i l at e ral , e s t á t i c a ) ; - s o l i c i t a ç ã o do e s q u e l e t o ( o s s o s ) , t e nd õ e s e l i gament os ; - s o l i c i t a ç ã o s e n s o - n e r v o s a / h o r m o n a l ; - s o l i c i t a ç ã o do c o r a ç ã o e da c i r c u l a ç ã o ; - s o l i c i t a ç ã o s o má t i ca . b) S o l i c i t a ç ã o p s í q u i c a - s o l i c i t a ç ã o mental ( s e n s o r i a l , d i s c r i mi n a t ó r i a , c o mb i n a t ó r i a , dos ór gãos e f e r e n t e s ) ; - s o l i c i t a ç ã o e mo c i o n a l .

A f i gur a ( 2 . 3 ) most ra que p e s s o a s d i f e r e n t e s s uj e i t a s a cargas s e me l h a n t e s têm s o l i c i t a ç õ e s di f e re nt e s ; as p r é - c o n d i ç õ e s f í s i c a s e p s í q u i c a s da p e s s o a mudam com o t empo, portanto, as mes mas cargas po d e m l e v a r a d i f e r e n t e s s o l i c i t a ç õ e s .

(25)

Cargas parolais pxovaniantas - d« tarafa - dO «MblMlt* Caxga; lnttniidid* t n p o Cargas parolais - slmnlt&naaaanta - sucassivaaanta Qnalldadaa, Capaoldadaa, Kabllldadas, Aptldõas individuala

Solloltaçôaa parolais da: - asqaalato

- tanddes

- másculos

- coraçáo/clxcnlaçáo - rasplxaçáo

> - óxgioa dos santidos

gllndolai sndoxlparaa slstaua narvosos cantral pala

Sollcltaçáo santlda paio trabalhador

Fi gura ( 2 . 3 ) - M o d e l o de cargas e s o l i c i t a ç õ e s no trabal ho. Veja: S e l l , 1 9 9 1 a , p. 9.

S a b e - s e , at ravés da F i s i o l o g i a , que as cargas p r o v e n i e n t e s da t a re f a e do ambi ente de t rabal ho, quando u l t r a p a s s a d o s os seus l i m i t e s , causam danos ao or gani s mo das p e s s o a s . Quando as s o l i c i t a ç õ e s são d e t e r mi n á v e i s quant i t at i vame nt e , pod en do ser capt adas por r e c e p t o r e s a d e qu a do s , são chamadas de f e n ô me n o s o b j e t i v o s . Quando as s o l i c i t a ç õ e s não são o bj e t i v a me n t e r e p r o d u z í v e i s , como p e r c e p ç õ e s , i m p r e s s õ e s e s e nt i me n t o s , são chamadas de f e n ô me n o s s u b j e t i v o s .

T o d a a t i v i d a d e , na pr á t i c a p r o f i s s i o n a l , permi t e ao t rabal hador uma de t er mi nada l i b e r d a d e de ação na e x e c u ç ã o da tarefa, po d e n do se t ransformar em uma carga p s í q u i c a , p o i s o grau de l i b e r d a d e e s t á di ret ament e r e l a c i o n a d o com o grau de r e s p o n s a b i l i d a d e p e l o s r e s u l t a d o s do trabal ho, port ant o, ao faze r o l evant ame nt o das s o l i c i t a ç õ e s , tal r e l a ç ã o de ve ser c o n s i d e r a d a .

N a a v a l i a ç ã o das c o n d i ç õ e s de t rabal ho, as cargas f í s i c a s e p s í q u i c a s e s t ão i n t e r - l i g a d a s , sendo um dos p r i n c i p a i s f at ore s para que haja s e g u i d o s r e p l a n e j a me n t o s , r e p r o j e t o s , r e o r g a n i z a ç õ e s , p o i s d e pe nd e n do do grau de r e s p o n s a b i l i d a d e da p e s s o a nos r e s u l t a d o s do t rabal ho, e s t a p o d e r á sof rer do e nç a s p s i c o s s o m á t i c a s . Portanto, o t rabal ho d e v e ser r e a l i z a d o de f orma que a p e s s o a tenha pl e no preparo às s o l i c i t a ç õ e s f í s i c a s e p s í q u i c a s e x i g i d a s no s i s t e ma.

(26)

2. 4 - O Tr abal ho Humano

Ao estudar o f unci onament o de uma máqui na, p r o c u r a - s e ter os c o n h e c i me n t o s dos f at or e s r e l a t i v o s ao seu r endi ment o, também d e v e - s e ter o mes mo p r o c e d i me n t o com r e l a ç ã o ao homem, para i d e n t i f i c a r mo s se us l i mi t e s at ravés dos f a t o r e s que os i nf l ue nci am.

"Os o p e r a d o r e s n ã o d e v e m t e r q u e u s a r o m á x i m o de s u a s c a p a c i d a d e s , e l e s d e v e m s e r c a p a c i t a d o s a se p o s i c i o n a r e m m e l h o r . " ( Wo o ds o n, 1981, p. 372)

A b i o m e c ã n i c a e s t uda tudo que se r e l a c i o n a com mo v i me n t o s , f o r ç a s e di n â mi c a do corpo na i nt e ração entre o trabal ho e o homem. O corpo se mo v i me n t a at ravés da c ont raç ão e d i s t e n s ã o de mú s c u l o s . D e p e n d e n d o da parte do corpo e n v o l v i d a , p o d e - s e ter mai or ou menor quant i dade de f or ç a, v e l o c i d a d e e p r e c i s ã o . A s s i m , para mo v i me n t o s que e xi j am grandes e s f o r ç o s é p r e f e r í v e l us a r - s e a mus cul at ura das pernas ( f i g. 2 . 4 ) , por outro l ado, para mo v i me n t o s que n e c e s s i t a m de grande p r e c i s ã o e a g i l i d a d e , ut i l i z a r a ponta dos d e d o s e as mãos , r e s p e c t i v a me n t e ( f i g. 2 . 5 ) . A v e l o c i d a d e e n v o l v i d a nos mo v i me n t o s não de ve p r o p o r c i o n a r mudanças br us cas de ritmo e a c e l e r a ç ã o , p o i s , es t as e x i g e m ma i o r e s c o n t r a ç õ e s mus cul ar e s . O t rabal ho mus cul ar, quanto ao mo v i me n t o , é s u b d i v i d i d o em trabal ho mus cul ar e s t á t i c o e trabal ho mus cul ar di nâmi c o.

Fi gura ( 2 . 4 ) - Quantidade de f o r ç a da mus cul at ura das pernas, na p o s i ç ã o s ent ado. Fonte: Grandjean, 1 9 8 2 , p. 27

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