CENTRO
DE
CIÊNCIAS
DA
SAÚDE
DEPARTAMENTO
DE
ENFERMAGEM
ATUAÇÃO DO
ENFERMEIRO
COMO
ACOMPANHANTE
TERAPÊUTICO
Uma
proposta
assistencial
aos
portadores
de
transtorno mental,
fundamentada na
teoria
de Joyce
Travelbee
í-_
___._._
_._.í.
1-
GISELE
PRUNER
_:
MICHELE
ELISA
SARDÁ
_..;__ ...4 ___.- .-
C
ENF 0259 e enfermeiro coinmaliompII
I
Ac. 24 432 ccsM TCC UFS Pruner G`se Atuação do 9725 753 sc Bsccsm «-.ii-
íí-
__.í. Bm. N.Ch Autor T'tu o: Ex UF 'Florianópolis
-
sc
2003
CCSM TCC UFSC ENF 0259 Ex..-Michele
Elisa
Sardá
ATUA
ÇAO
DO
ENFERMEIRO
COMO
ACOMPANHANTE
TERAPÊUTICO:
Uma
proposta
assistencial
aos
portadores
de
transtorno mental,
fundamentada
na
teoria
de Joyce
Travelbee
Trabalho
de
conclusãodo Curso de Graduação
em
Enfermagem
da
Universidade Federalde
SantaCatarina, apresentado à Disciplina
Enfermagem
Assistencial Aplicada.Orientador: Prof° Dr. Jonas
Salomão
Spricigo Supervisora: Eni”Msc.
Alicedo
Lago
Banca
Examinadora:
Prof' Dr. JonasSalomão
Spricigo Enf'Msc.
Miriam
Alicedo Lago
Prof
Msc. Rosangela Maria
Fenili~ í ~ ~ ~ ~ ¬ ~
eí
Ninguém
enada
crescem
sozinhos, é precisoum
olharde
apoio,uma
palavra de
incentivo,um
gestode compreensão.
Com
carinho,agradecemos
aqueles
que
de
alguma
forma
foram
importantesna
realização deste trabalho.A
Deus, pelo seu
AMOR,
por
capacitarmos
enos dar paciência
edeterminação
para chegarmos
até aqui.Aos
pais,Hélio
e Inês;Mauri
e Valdete,por
lutarem pela nossa
formação
ededicarem parte de suas
vidaspara que
tornássemos pessoas
na
qual
somos
hoje.Aos
irmãos,Michelle
eMurilo;
Nicole e Juliana,por
compreenderem
nosso humor,
às vezes ínconstante, e
pelos
momentos
em
que
estivemos distantes.Ao meu
Namorado,
Dinho,
por
sermeu
maior
incentivador e atravésde suas
palavras
ecarinho muito
terme
apoiado
na
construção
deste trabalho.Meu
muito
obrigada. Te
Amo
muito,muito
“de bastante ”!!!Ao
professor
Jonas
Salomão
Spricigo,nosso
orientador,por
acreditarem
nossas
potencialidades,
pelo apoio
e auxílioao
longo
destacaminhada.
A
supervisoraMiriam
Alicedo
Lago,
por
nos mostrar
na
práticao
ser eo fazer
do
Enfermeiro
na
Saúde
Mental.Pela
disposição eapoio
que nos
proporcionou
nos
momentos
de
dificuldade.A
professora Rosangela, pelas
sugestões e contribuiçõesconcedidas
na
elaboração
deste trabalho.
A
equipedo
NAPS, por
mostrarem-se
sempre
dispostos enos oportunizarem o
desenvolvimento de
um
estágiona
área
da
Saúde Mental
epor
acreditaremem
nossa
capacidade.
Aos
usuários,que nos aceitaram
econtribuíram
atravésde suas
histórias,nos
ensinando
que
cada
indivíduopossui suas
particularidades ecomo
convivercom
a
“loucura
que
éa
vida”.Ao
SANPS,
em
especial,Everaldo pelo seu
jeitoengraçado
de
ser,pela paciência
edisposição
concedida
epelo toque
todo especialem
nosso
trabalho; Jeferson,por
nos
Aos
amigos
do
SESC
-Cacupé,
em
especial, Jayson, Silvia eSimone,
que além
de
contribuírem
em
minha formação
acadêmica, tornaram-se
grandes
amigos. Vocêssão
especiais!!!
Aos
amigos
do SANPS, que ao
longo de
trêsanos
me
presentearam
com
momentos
privilegiados
jamais
vivenciadospor
outroacadêmico.
Por
contribuíremem meu
aprendizado
epelos
momentos
quase
que
constantesde
alegria ede
apoio que
me
proporcionaram.
A
vocês,não
tenhopalavras
para
demonstrar
tamanha
gratidãopor
acreditarem
em
mim.
Muito
obrigada!!!Aos
colegasda
turma,pelo companheirismo, pelas
particularidades e diferençasque
fizeram
com
que
fossemos
uma
turma
especial.Vocês deixarão
saudades!
As
amigas que
nos
acompanharam
ao
longo
destacaminhada,
em
especial Carina,pelos
nossos
sonhos
emomentos
de
compreensão
e parceirismo; Samira,pelo seu
sorrisomeigo
epor
sempre
estara
nossa
disposição;Ana
Paula,pelo seu
jeitinhocarinhoso
e Lídia,pelo seu
jeitoatrapalhado de
serque
muito
nos
fez sorrir.Ao
Movimento
Estudantil, ressaltandoo Centro
Acadêmico
Livrede
Enfermagem
e
a
Juventude Avançando, que nos
proporcionaram
um
melhor entendimento
da
sociedade
eque
mostram
a
necessidade
de
lutarpor
uma
universidade crítica,criadora
epopular.
A
nós,por
nos compreendermos, pelos
momentos
de
ajuda,de
atenção, e,Este trabalho
contempla
os requisitos paraa
conclusãodo Curso de
VGraduaçãoem
Enfermagem
da
Universidade Federalde
Santa Catarina. Trata-sede
uma
prática assistencialrealizada
com
usuáriosdo
Núcleo de Atenção
Psicossocial -NAPS,
de
Florianópols/SC,desenvolvido
no
períodode 09 de
outubroa
09
de dezembro de
2003.Tem
como
objetivo,prestar assistência
de
enfermagem
em
saúde mental, atravésdo
acompanhamento
terapêutico, aosportadores
de
transtorno mentalque
seencontram
em
dificuldadede
interação fimiliar e social,utilizando
com
instrumentometodológico a Relação Pessoa a Pessoa de
Joyce Travelbee.Acreditamos que o
acompanhamento
terapêutico,como
propostade
atuaçãodo
enfermeiro,possibilita
a aproximação da
realidadedo
indivíduo considerado “louco” e, juntos,a busca de
mecanismos de
enfrentamentosde
uma
realidadea
qual vivecomo
hostil eameaçadora.
PALAVRAS-CHAVE:
Acompanhante
Terapêutico,Enfermagem,
Enfermeiro,Reforma
l
2
3 3.1 3.2 3.3INTRODUÇÃO
... ..¿ ... ... ._CONTEXTUALIZACAO
DO CAMPO
... ..REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
... ..Reforma
Psiquiátrica ... ..Reforma
Psiquiátricano
Brasil ... ..3.2.1 Cenário Atual
da
Reforma
Psiquiátrica ... ..Transtomos Mentais
... .. 3.3.1Esquizofienia
... .. . . . z z . . z . . ‹ . . . z . z z -« . . . « . . . « z . . . .N . . . ›n z . . z ¢ ¢ z . . z . . . z z z . › . . . . ~ . z › . z . z .- ›-AI--\›-:›-:›-AI-1' Ó\O\UIl\J>-*I-^0\-5:23.3.2 Transtorno
Do
Humor
Bipolar ... .. 213.3.3
Depressão
... ..26
3.3.4
Transtomo
Esquizoafetivo Depressivo ... ..29
3.3.5
Transtomos Mentais Devido ao
Uso
de
Substâncias ... ..30
3.3.6 Transtorno Delirante
Tipo
Persecutório ... ..32
Acompanhante
Terapêutico ... .. 33 Visita Domiciliar ... ..38
Ética ... ..39
REFERENCIAL TEÓRICO
... ..42
Marco
Conceitual ... ..42
Biografia
da
Teorista ... ..42
3.4 3.5 3.64
4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 5 5.1 5.26
\O0O\l 10 ... ..Relação Pessoa a Pessoa
... .. ... ..43
Pressupostos
da
Teoria ... _.45
Conceitos Básicos ... ..46
Processo
de
Enfermagem
... ..49
OBJETIVOS
/ESTRATÉGIAS
/AVALIAÇÕES
... .. 51Objetivo Geral ... .. ‹ - . . . ‹ . . ‹ . . . . z . . . z. Objetivos
Específicos
... .. 51APRESENTAÇÃO Dos
RESULTADOS
... ..ATIVIDADES REALIZADAS E
NÃO
PROGRAl\/IADAS
. . . » . z » . z ›N . . . z . . . « . ‹ « z . z.CRONOGRAMA
... .. 73CONSIDERAÇÕES
FINAIS..
... ..79
REFERENCIAS
BIBLIOGRAEICAS
... ..82
85O
presente trabalhocontempla
a disciplinade
Prática Assistencial Aplicadada
VIIIUnidade
Curriculardo
Curso de Graduação
em
Enfermagem
da
Universidade Federalde
SantaCatarina -
UFSC,
desenvolvidono
períodode
09
de
outubro a09
de
dezembro
de
2003.Tratando-se
de
estágio assistencialnos
direcionamos,em
especial, aos usuáriosdo
Núcleo
deAtenção
Psicossocial -NAPS,
localizadono
bairroAgronômica,
municípiode
Florianópolis/SC,com
a propostade acompanhantes
terapêuticos, tendocomo
suporte a relaçãoPessoa a Pessoa de
Joyce
Travelbee.Segundo
Resniszky eMauer
(1987, p.37),“O
trabalhodo acompanhante
terapêutico é,fundamentahnente, assistencial, e
tem
uma
curta história. Surgiucomo
uma
necessidade ch'nicaem
relação
a
pacientescom
os quais asabordagens
terapêuticas clássicasfiacassavam".
O
referencial teórico utilizadocomo
suporte, segue os preceitos preconizadospor
Travelbee (1979), para
quem
a relaçãopessoa a pessoa
possibilita vislumbrarcada
serhumano
eas suas características individuais e pessoais
que o
tomam,
um
ser único e distinto,no
universode
tantos sereshumanos.
Observamos
a maneira
com
que
ostranstomos
mentais são vistos e rotulados pelasociedade
de
modo
geral, assimcomo
o termo
loucura, continuamente utilizadono
sensocominn
como
indicativode alguém que
cometa ou
tenhacometido
algum
atoque
fuja daquiloque a
sociedade
ou
apessoa que
profere tal adjetivo considerecomo
não
estando dentrodos
padrõesnormais
aserem
seguidos. Costtuna-se dizerque
“de loucotodo
mundo
tem
um
pouco”,
mesmo
no
casode
pessoasque de
tão certas são consideradas loucaspor não
sedeixarem
levarem
nenhum momento
por
seus impulsos.É
por
esta realidade tão presenteem
nosso cotidianoque
optamos
pela realização deste trabalho, paraque
possamos
assim ampliarnosso conhecimento
com
o
tema
eentendermos o
contextoda
saúde mental atual.Contudo, o
interesse pelotema
concretizou-seapós a
realizaçãoda
disciplinaEnfermagem
Psiquiátrica IIda
VIIUnidade
Curriculardo
Curso,quando
nos
deparamos
com
a
realidadeda
psiquiatria brasileira,o que
fezcom
que
despertasseem
nós a vontade de
contribuirpara
que
um
novo
olharao
indivíduo considerado louco se concretize, ea
possibilidadede
usufiuirde
uma
sociedadesem
manicômios.
Esta é achamada Reforma
Psiquiátrica,desencadeada
pelavontade e necessidade
da
realizaçãode
mudanças
no
atualmodelo,
ou
seja, a superação gradualda intemação nos
hospitais psiquiátricos, atravésda
criaçãode
serviçosna comunidade, do
deslocamento
da
intervenção terapêutica parao
contexto social das pessoas,a
prevenção,a
promoção
ea
reabilitaçãodos transtomos
mentaisnão
apenas centralizadasnos
hospitais.O
acompanhamento
terapêutico surgecomo
uma
das alternativas paracomplementar
estamudança.
Olhar parao
indivíduocomo
uma
pessoa
única enão
como
um
doenteque
necessita serassistido e
de
auxflio paraque possa
realizar desde as mais simples até asmais complexas
atividades
do
seu cotidiano e assim teruma
vidamais
digna e feliz. Aceitara
premissade
que o
indivíduo é
um
sujeito, sujeito esteque
sofie
e apresenta dificuldades, possuidorde
vontadespróprias e
que
necessita exerceruma
determinadaautonomia
com
possibilidade de escolha,ou
seja, necessita
de
possibilidadesde
vida, implicaem
aceitá-lo portadorde
credenciaisque o
possibilita a
empreender
acordos,respondendo
por
eles,no
limitede
suas responsabilidades,o
que
traz para
o
acompanhante não
terum
paciente,mas
um
cidadão,com
o
qualtem
que
se negociar, e ajudá-loa
viver.A
atual Políticado
Ministérioda Saúde
prevêa
implantação de redesde
serviços locais,descrentralizadas e extra-hospitalares
de
atençãoao
portador de transtorno mental.A
I Conferência Municipalde
Saúde, realizadaem
1995, ea
I Conferência Regional deSaúde
Mental, 2001, seguindo esta orientação, deliberarampor
Luna Políticade
Saúde Mental do
município
de
Florianópolis/SC,como
objetivode
constituiruma
redede
serviços assistenciaisextra-hospitalares
em
Saúde
Mental,em
consonânciacom
o
processode
Reforma
PsiquiátricaBrasileira, visando prestar atenção integral aos portadores
de sofiimento
psíquicoí.A
implantaçãodo
primeiroNAPS
-
PONTA
DO
CORAL,
significouo
início deste tipode
atenção etambém
a
busca
pela reversãono modelo
de
assistênciaà
saúde mentalno
município.O
NAPS
localiza-se, temporariamente, facea
reformas,na
rua Allan Kardec, n° 120,no
bairro
Agronômica,
municípiode
Florianópolis/SC. Foifundado
em
março
de
1996, iniciahnente localizando-sena
Policlínicade
Referência Regional, centroda
cidade, local esteque
impossibilitavaa execução
efetiva das atividades previstas, devidoa
faltade
espaço.Posteriormente,
em
dezembro do
mesmo
ano
transferiu-se paraa Agronômica.
Este serviçoatende a
população
do
município desprovidade
cuidadosde
saúde mental,desde
crianças,adolescentes, adultos,
buscando
evitarque
essas pessoas sejarn (re) intemadas, retiradasde
suasfamílias e
que
essasmesmas
famíliasvenham
a
apresentarproblemas
dessaordem.
Este serviço
marca
o
início desta Políticade Saúde Mental buscando
um
trabalhoem
parceria entre Secretaria Municipal
de
Saúde,Desenvolvimento
Social, Cultura e Esporte,Secretaria
de Estado de Saúde
e outrascomo
a Fundação
Franklin Cascaes,que
possam
contribuircom
a
inserção social destes usuários.Atuahnente,
o
NAPS
desenvolveum
Projeto Terapêuticoque
visa singularizara
atençãoprestada,
com
o
estabelecimentode
projetos terapêuticos individuaiscom
terapeutasde
referênciapara
cada
usuário. Isto possibilita construir conjuntamenteuma
proposta eum
contratode
É
Conforme
dados obtidos noNAPS,
este termo é utilizadoem
substituiçao de doença e transtomo mental,atendimento visando
a
promoção
da
saúde ea
inclusão social, estabelecendometas a serem
buscadas pelo usuário
com
a mediação do
serviço.O
trabalhodo
NAPS
baseia-senos fundamentos
do campo
da
atenção psicossocial,nos
princípios
de
uma
clinicanão
manicomial,nos
conceitosde saúde-doença
como
processosde
construção,
nos fundamentos
teóricos-práticosda
formação dos
profissionais envolvidos nesteprojeto terapêutico coletivo,
além dos fundamentos
re-significadosda
psicopatologia eda
psicofarmacologia.O
perfil atualdos
usuáriosdo
serviço éde
adultoscom
transtomos
mentais graves.Neste
sentido, variadas estratégiasde
atenção psicossocial são utilizadas, apresentandocada uma,
elementos importantes
de
re-construçãoda
saúde eda
cidadania. Estas estratégias estãoem
permanente
significação e avaliaçãopor
partedos
técnicos e usuários, os quaispropõem,
constroem, participam e avaliam os grupos, oficinas e
demais
atividades terapêuticas ede
reabilitação.
As
atividades terapêuticas desenvolvidas pelo serviço são:-Atendimento
Familiar:tem
por
objetivo refletir as relações entre familiares eo
portadorde
sofrimento psíquico; descobrir
novas formas de
lidarcom
os conflitos familiares; abrirum
espaçode
acolhimento às famílias; incentivara
participação eo
envolvimentono
serviço;promover
um
espaço
de
informação acerca das dúvidasque
surgem
em
tomo
dos
tratamentos,quadros
clínicos; informar às famílias as propostas
do
serviço eda
políticade
saúde mental.- Orientação: visa através
de
intervenções focais, breves, instrurnentalizaro
usuário para enfrentarsituações
de
ordem
práticade
seu cotidiano, considerando as especificidadesdo
mesmo.
Atendimentos
realizados pelo terapeutade
referência deacordo
com
a necessidadedo
usuário.- Psicoterapz'a: objetiva constituir
mn
espaçode reflexão
sobredemandas
individuais e/oucoletivas relacionais decorrentes
do
modo
singularde
apropriaçãoda
realidadede cada
usuário, realizadapor
psicólogos e psiquiatras.-
Atenção Medicamentosa:
proporciona orientação ao usuário acercado
uso
de medicação
psicofarmacológica, permitindo a este se apropriar
de conhecimentos
relativo aomedicamento,
avaliar sua necessidade, seus efeitos colaterais, etc. Realizada conjuntamente pelo médico,
-Atendimento de Emergência:
proporcionar aos usuáriosem
situaçãode
criseum
ambientede
segurança, acolhimento ede
possibilidadede
vivenciara
crisecom
cuidados técnicos necessários. Realizados pela equipe técnica juntamentecom
o
terapeutade
referência.-
Grupo
Psicoterapêutico: apresenta objetivos semelhantes aos definidos paraa
psicoterapia,salvaguardando as especialidades
da
constituiçãodo
grupo. Destinada aos usuários e familiares,realizado
por
psicólogos, psiquiatras,com
a
participaçãode mais
um
técnicoda
equipe.-
Grupo
Terapêutico:propõe
um
trabalho coletivode
repensaro
sofrimento ea maneira de
lidarcom
ele,buscando
descobrir outras possibilidadesde
vida. Constituium
espaçode reflexão
sobrea
maneira singularde
apropriaçãoda
realidadede cada
usuário,além de
propiciarum
espaçoque
ofereça possibilidades
de
questionar e refletira
históriade
vida e0
cotidianode cada
usuário,auxiliando
na
transformaçãode
atitudes ena
descobertade novas
altemativaspara
vivenciaro
cotidiano.A
atividade écoordenada por
uma
psicóloga euma
enfenneira.-
Oficinas
Terapêuticos: espaçode
socialização, expressão e aprendizagem,que
visa àautonomia
e
a
promoção
de
cidadaniado
usuário.Organizada por
terapeutascom
a
participaçãode
usuáriose familiares. Entre as oficinas estão:
Oficina de
Cerâmica,Saúde
e Atualidades,Oficina de
ArtesPlásticas,
de Dança, de Mosaico, de Jogos
Esportes e Lazer,de
Música
eda
Terra.-Assembléia de
Técnicos,Usuários
e Familiares,Assembléia
do
NAPS:
seconfigura
em
um
espaço
de
exercíciode autonomia
ede
gestão participativado
NAPS,
garanteum
espaçode
construção coletiva deste serviço,
motivando o
envolvimentodos
usuáriosna
definiçãode
regrasde
convivência, sugestões e avaliação das atividades realizadas.Formada
por
técnicos, usuários, estagiários e familiares.-Jornal
LetrasDoídas:
um
espaço abertode
criação, criatividade e participação,que propõe
facilitar
a comunicação
internado
serviço e serum
instrumentode
comunicação
com
a
comunidade. Proporciona
intercâmbiocom
outras instituições e eventos,como também
objetiva veicular atravésdo
jornala produção
das oficinas terapêuticas (desenhos, poesias, textos). Estaoficina envolve usuários, técnicos e familiares,
além de
estagiáriosde comunicação
social epsicologia
com
a
comunidade
em
geral.- Visitas Domicíliares: objetiva estabelecer vínculo
com
a realidade familiar, sócio-econômica edos
usuáriosna
família,motiva o
retornodos
usuáriosque
estão afastadosdos
atendimentosdo
NAPS,
e ampliaa
relaçãodo
serviçocom
a comunidade, buscando
estabelecerum
vínculocom
as organizações existentes nela.
Esta
atividade é desenvolvidapor
um
psicólogo,um
assistentesocial e
duas
estagiáriasde
psicologia.-Atividades Educativas
em
Saúde: busca
atravésdos grupos
operativos, consultorias e debatesem
instituições educacionais ede
saúde, discutir assuntos referentesa temas
como
sexualidade,prevenção
aouso de
drogas, relação matemo-infantil, desenvolvimento infantil e adolescência.Podem
ser realizadaspor
qualquermembro
da
equipe técnica.-Atividades Comunitárias:
visam
possibilitar açõesde
orientação eprevenção
do
sofrimentopsíquico junto às organizações comunitárias,
bem
como
estimulara realizaçãode
atividadesde
lazer, esporte e culturais, contribuindo para
a
integraçãodo
usuáriona comunidade
e sua (re)inserção social.
Podem
ser realizadaspor
qualquermembro
da
equipe técnica.-
Ações
Conjuntas
com
Organizações
da Comunidade:
visam
estabeleceruma
relaçãode
parceriacom
ascomunidades de
onde procedem
os usuáriosdo
NAPS.
Esta atividade prevê contatoscom
lideranças comunitáriasno
sentidode
dinamizar e contextualizaro
trabalhodo
NAPS,
bem
como
sua integração e assessoria aos serviços prestadosna
própriacomunidade.
-Articulação
com
Entidades/Programas
e Serviços:tem
por
objetivoconhecer
os recursosoferecidos
por
outras entidadesque
trabalhamcom
a
assistência e/oua
promoção
da
saúdemental, facilitando a criação
de
urna rede integradade
serviços eo
aproveitamento daspotencialidades
de
cada
urna.-Atividades Técnicas: proporcionar Lun espaço
de
discussão das questõesde
ordem
técnicado
funcionamento
diáriodo
NAPS;
discutircom
terapeutasde
referência as propostasou
modificações de
projetos terapêuticosde
usuáriosdo
serviço; levantar necessidadesde
treinamento e buscar viabilizá-los; elaborar materiais informativos e educativos relacionados à
proposta
do
NAPS
e avaliar os pedidosde
estágios curriculares e extracurricularesno
NAPS.
Esta retmião envolve
toda
a equipe técnicado
serviço.-Atividades
de
Formação
e Pesquisa:tem
por
objetivopromover
e coordenar as atividadesde
pesquisa, estudos e
formação envolvendo
técnicos, usuários e familiaresdo
NAPS
com
instituições
de
ensino, pesquisa e extensão.A
equipe técnicado
NAPS
é constituídapor
profissionaisde
nível superior:um
psiquiatra,
duas
enfermeiras, quatro psicólogos,uma
assistente social,uma
socióloga euma
educadora
artística; profissionaisde
nível médio: dois auxiliaresde enfermagem,
um
auxiliaradministrativo; profissionais
de
apoio: dois vigilantes (24 horas) eum
auxiliarde
limpeza; e trêser
3.1
Reforma
PsiquiatricaNossa
sociedade teme a loucura, rejeita-a e a imaginacomo
um
infemo onde nãoexiste qualquer razão. Pensando assim, temos a impressão de que
somos
perfeitos, normais, completamente razoáveis.
Nossa
sociedade é boa e correta.Nela tudo é lógico.
A
falta de lógica é doença.A
falta de lógica, se acontece, éum
caso especial que deve ser levado imediatamente para o hospício. Assim, traçamosum
limite entre a normalidade e a loucura. Neste limite, geralmente,encontra-se o
muro
do asilo ou o rótulo de paciente psiquiátrico.Do
lado de cáestão os sadios, do lado de lá, os loucos. Se não nos comportarmos direitinho,
seremos
mandados
parao
lado de lá(SERRANO,1986).
Como
fonna de
compreendermos
melhor o
Acompanhante
Terapêuticoconsideramos
importante, primeiramente,fazermos
um
estudo sobre aReforma
Psiquiátrica.Para
Amaral
(1999)a
Reforma
Psiquiátrica surgecomo
um
processo históricode
formulação crítica e prática
que
tem
como
objetivos e estratégiaso
questionamento e elaboraçãode
propostasde
transformaçãodo modelo
clássico edo paradigma da
psiquiatria.Com
o
resultadoda
crescente organização e mobilizaçãodos
trabalhadores e usuáriosde
serviçosde
saúde mental, se instituiuuma
sériede
medidas
em
favor daquiloque
seconvencionou
chamar de
Reforma
Psiquiátrica. Disto resultouo
aumento
crescentede
ofertade
serviços e práticas inovadorasde
cuidado e assistênciano
campo
da
saúde mental, especialmente,em
municípios cujos
governos
locaismostram-se mais comprometidos
com
a
propostada Refonna.
Dentro
desta ótica,consideramos
o
acompanhamento
terapêuticocomo
um
dos
serviços inovadores,sendo que
este faz partedo
processoda
Reforma
Psiquiátrica eque busca
um
novo
olhar para
a
saúde mental.Segtmdo Amarante
(1998),o
tenno
Reforma
Psiquiátrica signíficaum
conjuntode
iniciativas políticas, sociais, culturais administrativas e jurídicas
que visam a
transformara
relaçãoSendo
assim,Reforma
Psiquiátrica consistena
gradativa substituiçãodo
sistemahospitalocêntrico
de
cuidados às pessoas portadorasde transtomo
mental,por
uma
rede integradade
variados serviços assistenciais, taiscomo
ambulatórios, emergências psiquiátricasem
hospitaisgerais, unidades
de
observação psiquiátricaem
hospitais gerais, hospitais-dia, hospitais-noite,centros
de
convivência, centros comunitários, centrosde
atenção psicossocial, núcleosde
atençãopsicossocial, centros residenciais
de
cuidados intensivos, residências terapêuticas, lares abrigados,pensões públicas e comunitárias, oficinas
de
atividades construtivas e similares,ou
seja,uma
reversão
do modelo
hospitalocêntricopor
esta rede de serviços assistenciaiscomprometidos
com
as condições
do
sentidoda
existênciado
sujeito portadorde transtomo
mental visando amelhor
condição
de
vida.Coloca
aindaAmarante
(1998, p. 88-90),que
é dificil definirquando
se iniciao
processode
Reforma
da
prática edo
saber psiquiátrico,porém,
tantona
França,com
o
aparecimentodo
primeiro asilo psiquiátrico
com
o
Pinel,quanto
no
Brasil,com
a
criaçãodo
Hospíciode
Pedro
II,no Rio de
Janeiro, é possível já localizar críticas, resistências e projetosde
mudanças
e daspraticidades
da
psiquiatria.A
questãoda
Reforma
Psiquiátrica tentapromover
a discussão quanto a reestruturaçãoda
atençãoà
Saúde
Mental,a
reestruturação aomodelo
de
assistência,compreendendo
a
palavra “atenção”em
seu sentidomais amplo
e diverso,não
se restringindosomente ao
atendimento feitoem
instituições psiquiátricascom
a farmacoterapia,mas
o de
ocupar-se
da pessoa
3.2
Reforma
Psiquiátricano
BrasilDe
acordo
com
Spricigo (2001),a
assistência psiquiátricano
Brasil iniciou-secom
a
delimitaçãode
um
espaço destinado ao louco.A
preocupação
com
as pessoasdesocupadas que
vagavam
pelas ruas, ea forma
desumana
as quaisos
loucosestavam
submetidos -um
espaço
comum
a
todosos
desviantes,sem
assistência médica, entreguea
guardas e carcereiros -pressionam 0 Estado a
intervir,donde
surgeo
Hospíciode
Pedro
II,na
cidadedo Rio de
Janeiro,inaugurado
em
05/12/1852,sob a
direçãodos
religiosos.Em
1881, osmédicos
firmam
seusdireitos sobre
o
hospício epassam
a
lecionar“doenças
nervosas e mentais”na
escolade
medicina.No
Brasila
Reforma
Psiquiátricaéum
processoque
surgemais
concretamente a partirda
conjuntura
de
redemocratização,em
fins da década
de70
etem
como
fundamentos,não
apenasuma
crítica conjunturalao
Subsistema Nacionalde Saúde
Mental,ou
seja, críticasao
govemo
militar e, principahnente, sobre
o
SistemaNacional
de
Assistência Psiquiátrica,que
inclui torturas,corrupções e fraudes denunciadas pelo
Movimento
dos
Trabalhadoresem
Saúde
Mental.Também
uma
crítica estrutural às instituições psiquiátricas clássicas, dentrode toda a movimentação
político-social
que
caracterizaa
conjunturade
redemocratização(AMARANTE,
1998).Amaral
(1999) refere que, juntamentecom
o
inícioda
Refomaa
Psiquiátrica brasileira, éfundado o
Centro Brasileirode Estudos
deSaúde
- CEBES,
que
tem
por
objetivo organizar adiscussão
na
área,congregando
profissionaisda
saúde,promovendo
debates, pesquisas e lançandoa
revista“Saúde
em
Debate”. Sindicatosde médicos
sãofundados
e osConselhos
profissionaissão retomados.
É
nesse contextoque
surgeo
movimento
por
uma
Refomia
Sanitária,que
reorganize
o
atendimento àsaúde
da
população.As
Conferências Nacionaisde
Saúde, até então órgão burocrático,tomam-se
verdadeirosfóruns
onde
se debate e sepropõem
as políticasde
saúde,com
a
participaçãodos
órgãos oficiais,dos
prestadoresde
serviçosde
saúde edos
usuários.Assim
como
desenvolve-seo
Movimento
dos
Trabalhadores
em
Saúde
Mental,que
trazalém dos
ecosdos
movimentos
intemacionais,a
discussão
da
Reforma
Sanitária parao
campo
da
saúde mental.Em
1987
acontece a I Conferência Nacionalde Saúde Mental
-CNSM,
que
tem
como
tema
principala
discussãoda
cidadania edoença
mental,momento
esteem
que
foi propostopontos
importantes para0
processoda
Reforma
Psiquiátrica, dentre estes:a
reversãoda
tendênciahospitalocêntrica e psiquiatrocêntrica,
dando
prioridadeao
sistema extra-hospitalar e multiprofissional;não
credenciamento pelo setor públicode
leitos hospitalaresem
hospitais psiquiátricos tradicionais,com
redução progressivados
existentes, substituindo-ospor
serviços altemativos; proibiçãoda
construçãode novos
hospitais psiquiátricos; implantaçãode
recursosassistenciais alternativos
como
hospital-dia, lares protegidos, núcleosde
atenção, etc;_ recuperaçãode
pacientes crônicosem
serviços extra-hospitalares;emergência
psiquiátricafimcionando
em
emergências de hospitais gerais.
Com
relação ao resgateda
cidadania, aCNSM
propôs
retirara
acessar seu prontuário
médico;
direitodo
pacientea
escolhero
tipo de tratamento e terapeuta; garantias legais contra internações involuntárias.A
IICNSM
realizadano ano de
1992,na
cidadede
Brasília, praticamenteafirma
os princípios propostosna
primeira conferência.A
III ConferênciaNacional
de
Saúde Mental
sediadana
cidadede
Brasíliaem
2001, tevecomo
tema
central “Cuidar sim, excluir não”, subdivididoem
três temas: reorientaçãodo modelo
assistencial; recursos
humanos
e financiamento; e controle social, acessibilidade, direitos ecidadania
Em
1990,no
nível intemacional,a
OrganizaçãoMundial da Saúde
-
OMS
- reúneum
conjunto
de
entidades para discutira
atençãoà
saúde mental eo
resultado éo que
ficou
conhecidacomo
Declaraçãode
Caracas.Seus pontos
principais são os seguintes:u
-
a
atenção psiquiátrica hospitalar convencionalnão
atende aos seus objetivos por: isolaro
paciente
do
meio
social e, portanto,promover
a
segregação; afrontaos
direitos civis ehumanos;
consome
recursos financeiros; enão
promove
aprendizagem;- a atenção
deve
salvaguardara
dignidade e os direitosdos
pacientes; basear-seem
critériostecnicamente adequados; e
promover
amanutenção
do
pacienteno
seu meio;- as legislações
devem
assegurar: respeito aos direitoshumanos
e civis; e organizaçãode
serviçoscomunitários; e
- as
intemações
psiquiátricasdevem
ser feitasem
hospitais gerais.Em
1989 o
Deputado
PauloDelgado
lançamn
Ante-Projetode
Leicontemplando
osprincipais
pontos
da
Reforma
Psiquiátrica, quais sejarn: a extinção progressivados
manicôrnios esuas substituições
por
serviços alternativosà
internação psiquiátrica compulsória, proibição àconstrução
de novos manicômios
edá competência
aEstados
e municípios para implantara
Refonna
PsiquiátricaEste projeto,
após
12anos
e muitas alterações foi aprovado, transformando-sena
Lei n°10.216,
aprovada
em
última instânciano
Plenárioda
Câmara
Federalem
06
de
abrilde
2001.(Anexo
A).Esta
Lei dispõe sobrea
proteção e os direitos das pessoas portadorasde
transtornosmentais e redireciona
o
modelo
assistencialem
saúde mental,além de
regulamentar cuidadosinternação involuntária e/ou desnecessária.
A
expressão concreta dessa Lei é principalmente deslocar os recursosà
redede
serviços substitutivos.Em
31de
julhode
2003,em
funçãoda
existênciade
um
contingentede
pacientescom
longa
intemação
em
hospitais psiquiátricos, estigmatizadoscomo
pacientes crônicospor
faltade
altemativas sócio-assistenciais, foi sancionada
a
Lein
° 10.708,que
instituio
auxílio-reabilitaçãopsicossocial
para
pacientesacometidos de transtomos
mentais egressosde
intemações.Programa
De
volta paraCasa
(Anexo
B).3.2.1 Cenário Atual
da
Reforma
PsiquiátricaO
Ministérioda
Saúde,em
circularMS/SAS/ASTEC
(Área
Técnicade Saúde Mental
Brasília, 2002),
expõe que
os gastos anuaisno
cenário atualda
Saúde Mental
sãode
579
milhões,destes,
466
milhõescom
pagamento de
diárias hospitalares(2,3% do orçamento
anualdo SUS).
O
Relatório
Sobre a Saúde no
Mundo
(2001), sugereque
um
percentual satisfatório seriade
pelomenos
5%
dos
gastos totaiscom
saúde eque
recursosdevem
ser ampliados,de
modo
a atingirem,pelo
menos, o dobro dos
valores atuaisem
médio
prazo.Tabela 1 -
Evolução
comparativa entre gastoscom
rede hospitalar e rede substitutivade saúde
mental
no
processoda
Reforma
Psiquiátrica,de 1997 a
2002,no
Brasil.1997
1998
1999
2000
2001
2002
Gastohospitalar 379.667.296 422.058.386 461.906.622 463.324.089 479.360.210 466.(I)0.000*
Gasto extra-hospitalar 27 945.351 37.169.456 47 .443.107 87.089 369 99.880.438 119 .000 000*
Total Gfl'a|- 407.612.647 459.227.842 509.349.729 550.413.458 ¶9.240.648 585.000.000*
°/o Gastos hospitalares 93,14 91,91 90,69 84,18 82,76
/ Gastos extra- 79,55*
hospitalares
*
Estimativas -2002
Í
Fonte:
DATASUS
IIBGE -
Estimativas Donulacionais ano 2001/ Area Técnicade Saúde
MentaI¡'MSA
partir desta realidade,o
Ministérioda Saúde
estabelecemetas
paraos anos 2003
e2004, entre elas:
- redução Progressiva
dos
Leitos Psiquiátricos-
desinstimcionalização;- inclusão radical das ações
de
saúde mentalna
atenção básica;- implantação
do
“Incentivo-bônus”;-
expansão
das Residências Terapêuticas;-
formação
e qualificaçãode
Recursos
Humanos;
-
promoção
de
direitosde
usuários e familiares e incentivoà
participaçãono
cuidado; - reorientaçãodos
Manicômios
Judiciários; e- qualjficação
do
atendimento hospitalar e ambulatorial existentes.3.3
Transtomos
Mentais
De
acordo
com
aCID-10, o termo transtomo
éusado a
fim
de
evitarproblemas
aindamaiores inerentes
ao uso de tennos
taiscomo
doença
ou
enfermidade.O
termo
éusado
paraindicar
a
existênciade
um
conjuntode
sintomasou
comportamentos
clinicamente reconhecívelassociado,
na
maioriados
casos,a
sofrimento e interferênciacom
funções pessoais.Assim
optamos
por
utilizaro termo transtomo no
decorrerdo
trabalho.Apesar do
grandenúmero
de
transtomos
mentais,faremos
uma
breve apresentação incluindoa
esquizofrenia,transtomo
do
hmnor
bipolar, depressão, transtorno esquizoafetivo depressivo,transtomo
delirante tipopersecutório e transtorno mental devido
ao uso de
substâncias, considerandoque
os três últimos são referentes aos transtornosdos
usuáriosacompanhados.
3.3.1
Esquizofienia
Conforme
a CID-10,
esquizofrenia se caracteriza,em
geral,como
um
distúrbioque
apresenta distorções
fimdamentais
e característicasdo
pensamento
eda
percepção, epor
afetosinapropriados
ou
embotados. Usuahnente 0
indivíduocom
esquizofreniamantém
clara suaconsciência e sua capacidade intelectual.
O
primeiroa
utilizaro termo
esquizofrenia foio
psiquiatra suiço,Eugen
Bleuler,em
1911, sobre os pacientes
que tinham
as característicasde
desligados de seus processosde
pensamentos
e respostas emotivas(LOUZÃ NETO,
1996).O
termo
esquizofrenia deriva das palavras gregas: schizo=
cindido,phén
=
mente,que
significa“mente
dividida”,como
colocaLouzã Neto
(1996). Estetranstomo
abrangeum
grupo de
moléstias caracterizadas
por
perturbações mentais, afetivas, volitivas euma
tendênciaa
fugirda
realidade.
É
caracterizadopor
sintomas psicóticosque
alteramprofundamente a
personalidade,como
distúrbiosdo pensamento,
alucinações, delírios,da
afetividade,do comportamento,
epor
alterações
do desempenho
social e profissionaldo
indivíduo.A
esquizofrenia trazum
prejuízocapaz
de
interferiramplamente na
capacidadede
atender às exigênciasda
vida eda
realidade.Os
portadores
de
esquizofreniaapresentam
uma
diminuiçãona
capacidadede
trabalhar,de
serelacionar
com
os outros ede
cuidarde
simesmo.
SINTOMAS
Os
aspectos essenciaisda
esquizofrenia sãoum
mistode
sinais e sintomas característicos,que
podem
ser conceitualizadoscomo
enquadrando-seem
duas amplas
categorias_
positivos enegativos.
Como
sustenta Taylor (1992), os sintomas positivosrefletem
um
excessoou
distorçãono conteúdo
ena forma do pensamento, de
percepção,ou
seja, distorçãodo
fimcionamento
normal
das funções psíquicas.Enquanto
os sintomas negativosparecem
refletir urna diminuiçãoou
perda
das funções psíquicas.Entre os sintomas positivos incluem:
- Delírios: são crenças e idéias falsas,
que não correspondem à
realidade, das quaiso
indivíduotem
convicção absoluta.Por exemplo,
ele se senteerroneamente
perseguidoou
observado.- Alucinações: são percepções falsas
dos
órgãosdos
sentidos, especialmente auditivas,em
forma
de
vozes. Essas percepçõesocorrem na
ausênciade
estímuloextemo
real.- Alterações
do
Pensamento:
as idéiaspodem
setomar
confusas, desorganizadasou
desconexas,sem
sentido para os interlocutores.O
indivíduotem
a
sensaçãode
que
seuspensamentos
não
lhepertencem,
com
a
convicçãode
que foram
colocadospor
outras pessoas,ou
que pensamentos
são
roubados de
suamente
ou
inseridos nela(LOUZÃ
NETO,
1996).Os
sintomas negativos são:- Alterações
da
Afetívídade: muitos indivíduostêm
uma
perda
da
capacidadede
reagiremocionalmente
aos acontecimentos,ficando
indiferente esem
expressão afetiva(embotamento
afetivo). Outras vezes
o
paciente apresenta reações afetivasque
são inadequadasem
relaçãoao
-
Diminuição
da
Motivação: o
indivíduo perde a vontade,fica desanimado
e apático,não
tem
mais
impulso suficiente para enfrentar as tarefasdo
dia-a-dia.Quase
não
conversa,fica
isoladoe retraído socialrnente. Necessitaque
alguém
mande
e insista paraque
desempenhe
asmais
simplestarefas.
-
Sintomas
Motores: alguns indivíduos portadoresde
esquizofieniaapresentam
alteraçõesda
motricidade,
ficando muito
parados,sem
movimentação
espontânea. Já outrospodem
ficaragitados
sem
conseguir pararde
se movimentar, falam e gesticulam bastante,sem
propósitoalgum
(LoUzÃ
NETO,
1996).Além
dos
sintomas descritos,o
indivíduopode
apresentartambém
dificuldades deatenção e concentração.
Às
vezes,tem
dificuldadesde
memória
epode
estar desorientadoem
relação
a
tempo
e local.Pode
mostrar-se ambivalente,ou
seja, possuir sentimentosou
vontadesopostas
ao
mesmo
tempo,
deixando-o perplexo e angustiado(LOUZÃ NETO,
1996).Segtmdo
o
Manual
Diagnóstico e Estatísticode Transtomos Mentais
-
DSM-VI,
em
geral
a
idademédia de
iníciodos
primeiros sintomas psicóticosda
esquizofreniaaparecem
durantea adolescência
ou
durantea década dos
20
anos nos
homens
e durantea década dos 20
ou
princípio
dos
30 anos
para as mulheres.O
iniciopode
ser abruptoou
insidioso,mas
a
maioriados
indivíduos, entretanto, exibealguma
evidênciade
esquizofrenia antesdo
primeiro episódio psicótico,ou
seja,perda
do
sentidode
realidadeou
incapacidadede
distinguir entre as experiências reais e imaginárias,quadro que
se traduzem
delírios e alucinações.ETIOLOGIA
Até
hoje, apesarde muitos
estudos,não
se descobriua
causaou
causasda
esquizofrenia.Muitas
evidênciaspermitem afirmar que
sejauma
doença
cerebral, resultadoda
interaçãode
muitos fatores,
sem
haveruma
causa
única. Fatores genéticos e ambientaisque influenciam na
maneira variável
no
aparecimento e evoluçãodo transtomo
(LOUZÃ
NETO,
1996).Segundo
Santosapud
Teixeira eMoraes
(2003, p. 38),[...] as pessoas
com
esquizofienia não são vítimas de sua origem pobre ou defatores ambientais; a maioria é vítima de erros no desenvolvimento do cérebro
surgidos geneticamente.
As
pesquisas mais recentes estão encontrando taisanormalidades
no
fetoem
desenvolvimento e não após o nascimento. Algunsneurotransmissores (mensageiros químicos entre as células e o sistema nervoso).
Um
possível elo entre as anormalidades cerebrais e o desenvolvimento daesquizofrenia envolve o transporte de dopamina pelo neurotransmissor.
sUBT1Pos cLÍN1cos
Como
constana CID-10,
são delimitados alguns subtipos clínicosda
esquizofrenia,agrupamento
feito atravésdos
sintomas. Entre eles, os principais subtipos clínicos são:- Esquizofrenía Paranóíde: caracteriza-se essencialmente pela presença
de
idéias delirantespersistentes, paranóide, freqüentemente
de
perseguição,em
geralacompanhadas
de
alucinações,particularmente auditiva e
de
perturbaçõesda
percepção. Estaforma de
esquizofienia éa mais
comum
- Esquizofrenía Hebefrêníca: caracterizada pela presença proeminente
de
uma
perturbação ealteração
da
afetividade.Os
delírios e as alucinações são fugazes e fiagmentárias,de
naturezabizarra e fantástica.
O
indivíduoque
é portador deste subtipo clínicode
esquizofrenia apresentaum
comportamento
irresponsável e imprevisível.O
afeto é superficial e inapropriado,com
risosimotivados.
O
pensamento
é desorganizado eo
discurso incoerente.O
prognóstico édesfavorável
por
causado
rápido desenvolvimentode
sintomas "negativos"(embotamento
do
afeto e
perda
da
vontade).O
indivíduoacometido
tem
tendência ao isolamento social.-
Esquizofienía
Catatônica: subtipo clínicodominado
por transtomos
psicomotores proeminentes.O
indivíduopode
externar períodosde
agitação e excitaçãocom
períodosde
estupor,mutismo
e negativismo.Um
padrão marcante
pode
ser constituídopor
episódiosde
excitação violenta.-
Esquizofienia
Simples:forma
rarade
esquizofrenia caracteriza-sepor
uma
deterioração graduale progressiva
da
personalidade.Os
sintomas negativos sedesenvolvem
sem
serem
precedidospor
quaisquer sintomas psicóticos manifestos.O
indivíduo portador destetranstomo
é incapazde
responder às exigênciasque a
sociedade impõe.- Esquizofrenía Resídual: considerado
o
estado crônicoda
evoluçãode
um
transtomo
esquizofrênico, depois
do
indivíduo manifestar doisou
mais
episódios e apresentarpobreza da
qualidade edo conteúdo
do
discurso,pouca
comunicação
não-verbal, falta decuidados pessoais e
desempenho
social medíocre.TRATAMENTO
Segundo Louzã Neto
(1996), a esquizofienianão
tem
cura,sendo que o
tratamentoapenas alivia
ou
controla os sintomas.O
DSM-IV
afirma
que o
tratamentoda
esquizofrenia visaao
controledos
sintomas ea
reintegração socialdo
indivíduo, e requerduas
abordagens: tratamentomedicamentoso
eabordagem
psicossocial.O
tratamento medicarnentoso é feitocom
remédios
chamados
como
antipsicóticos
ou
neurolépticos. Eles são imprescindíveis, utilizadosna
maioria das vezes duranteo
surtoagudo
com
o
intuitode
aliviar os sintomas psicóticos, etambém
nos
períodos entre ascrises, para prevenir
novas
recaídas.A
maioriados
indivíduoscom
esquizofrenia necessitam fazero uso
da medicação
ininterruptamente paranão
ternovas
crises.Assim
o
mesmo
deve
submeter-sea
avaliaçõesmédicas
periódicas.A
confiança
no
médico
éum
dos
principais ingredientes parao
sucesso
do
tratamento; ele procuramanter
amedicação na
menor
dose
possível para evitarrecaídas e evitar eventuais efeitos colaterais.
As
abordagens
psicossociais,como
constano
DSM-IV,
são necessárias parapromover
areintegração
do
pacienteà
família e à sociedade,proporcionado
uma
melhora na
qualidade de vidado
indivíduo.O
planejamentode
reabilitaçãodeve
ser individualizado, devidoao
fatode que
alguns sintomas, principahnente apatia, desinteresse e isolamento social,
podem
persistirmesmo
após
as crises. Essas pessoas necessitamem
geralde
psicoterapia, terapia ocupacional, e outrosprocedimentos
que visem
ajudá-loa
lidarcom
mais
facilidadenos
enfrentamentosde
seu dia-a-dia.ASSISTÊNCIA
DE
ENFERÀM
GEM
A
enfermeiradeve
dar apoioao
indivíduocom
esquizofienianos
momentos
de
angústia eansiedade e
compreender que
nem
sempre o
mesmo
terá condiçõesde
transmitiro
que
estásentindo.
É
preciso ter disposição para escutar sedesejam
falar, aceitandosem
críticas emenosprezos
as situaçõesde
delírios e/ou
alucinações. Toleraro
silêncio é essencial,sendo
que
obrigara pessoa a
falar constantementepode
confundí-lo; as perglmtas insistentespodem
fazerPropiciar
que
o
indivíduoaprenda
aconfiar
em
outro serhumano
é funçãoda
enfermeira,que
em
momento
algum
façapromessas que não possa
cumprir. Este indivíduo vivencia eteme
uma
grande solidão,mas
não
tantocomo
teme
uma
intimidade interpessoal.Compreender
as necessidades afetadasda
pessoacom
esquizofienia, principahnentealimentação, hidratação, sono, eliminações e higienização, permite
ao
enfermeiro auxiliá-lo e estimulá-lona
realizaçãode
seus próprios procedimentos,sem
excluiro
respeitode
seuscostumes
e hábitos (rituaisde
limpeza, hábitos alimentares),proporcionando
o
desenvolvimentodo
autocuidado e autonomia.
As
atividadescomo
acompanhante
terapêutico,segtmdo Resnizky
eMauer
(1987),não
podem
ser planejadascom
muita
rigidez e antecipação, pois trabalharcom
pessoas acometidasde
transtorno mental é
muito
imprevisível.As
atividadesdevem
ser curtas,de
ritmo lento, dosadasde
acordo
com
o
tempo
de
dedicaçãoque
requercada
tarefa.Durante o
acompanhamento
deve-seevitar lugares
com
grande concentraçãode
pessoas enão
superpor objetivos,como
por exemplo:
se
o
objetivo é ir ao centro para consulta odontológica,não
convém
usara
mesma
saída para ir aoshopping
ou
fazercompras,
estesdesdobramentos
costumam
gerarno
indivíduomuita
ansiedade. 3.3.2Transtomo
Do
Humor
BipolarTranstornos
do
humor
são aquelesnos
quaisa
perturbação fundamental éuma
alteraçãodo
humor
ou
do
afeto,no
sentidode
uma
depressão(com ou sem
ansiedade associada).A
alteração
do
humor
em
geral seacompanha
de
uma
modificação
do
nível globalde
atividade.A
maioria destes transtornos são recorrentes e,
a
ocorrênciados
episódios individuaispode
freqüentemente estar relacionada