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CEB 135 - Os núcleos urbanos planejados do século XVIII: Porto Seguro e São Paulo

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(1)

Centro

de

Estudos

Baianos

apiipiP

è&v^’ U:V •-; :• r&c£wMtaraM

Maria Helena Flexor

OS

NÚCLEOS

URBANOS

PLANEJADOS

DO

SÉCULO

XVffl:

PORTO

SEGURO

E

SÃO

PAULO

PUBLICAÇÃO

DA

UNIVERSIDADE

FEDERAL

DA

BAHIA

(2)

Toda correspondência deve ser enviada à Direção do Centro de

Estudos Baianos da Universidade Federal da Bahia antigo prédio da

Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus - Térreo - Distrito da Sé -

(3)

Maria

Helena

Flexor

OS

NÚCLEOS

URBANOS

PLANEJADOS

DO

SÉCULO

XVÍIi:

PORTO

SEGURO

E

SÃO

PAULO

Universidade

Federal

da

Bahia

Centro

de

Estudos

Baianos

(4)

Professor JOSÉ ROGÉRIO DA COSTA VARGENS Reitor da Universidade Federal da Bahia Professor FERNANDO DA ROCHA PERES

de Estudos Baianos da UFBA. Diretor do Centro

i.

VITAE

ApoioàCultura,EducaçãoePromoçãoSocial

FLEXOR, Maria Helena M. Occhi.

Os núcleos urbanos planejados do século XVIII: Porto Seguro e São Paulo /

Helena M. Occhi Flexor. — Salvador:

Maria Cen

tro de Estudos Baianos da Universidade Fe

deral da Bahia, 1989.

40p.

da Bahia. Centro de Estudos Baianos,Publi

cação

; 22 cm. — (Universidade Federal

; 135)

1. Planejamento urbano — Brasil —secu 1o XVIII. I. Título. II. Serie.

CDU - 71(81)

(5)

sumario

OS

NÜCLEOS

URBANOS

PLANEJADOS

DO

SÉCULO

XVIII:

PORTO

SEGURO

E SÂO PAULO...

05

MAPAS:

PORTO SEGURO

SAO PAULO...

31

33

NOTAS

35

(6)

OS

NOCLEOS

URBANOS

PLANEJADOS

DO

SÉCULO

XVIII:

PORTO

SEGURO

E

SAO

PAULO

Maria Helena 0. Flexor*

No

Brasil,

a

ocupação

do

território

foi

feita

por

pedestres,

pouco

a

pouco,

passo

a

passo,

tanto

no

li

to

ral,

quanto

no

sertão.

Foram

estes

pedestres

que

formaram

os

primeiros

núcleos

urbanos,

ao

lado

dos

índios

que

assi

mil

aram

o

novo

tipo

de

civilização

implantada

pelos

peus.

euro

As vésperas da instalação do Governo Geral, em

1548, existiam, em todo o território, 16 vilas e povoados.

Um pouco mais de um século depois, 1650, contavam-se 37 po

voações entre vilas e cidades. Apenas três desses nucleoê

povoados nasceram cidades: Salvador (1549), Rio de Janeiro

(1565) e Filipéia de N. Sra. das Neves, atual João

(1584). Pessoa

__ As origens dos núcleos urbanos são diversas e

jã foram apontadas por vários estudiosos como Aroldo deAze

vedo1, Pierre Deffontaines, Francisco de Paulo Dias Andrã

de2, Paulo Santos3, Nelson Omegna4. “

Nas classificações dadas por esses autores,não

encontramos nenhuma identificação de núcleos urbanos que

tiveram origem no que denominamos povoações e vilas plane

jadas do século XVIII. Isso não exclui a verdade de quê

alguns dos núcleos planejados tiveram como ponto de parti_

da uma aldeia indígena, um arraial, uma freguesia, um pon

to habitado da boca do sertão, um pouso. Alguns desses riu

cleos foram elevados à vila e, depois, ã cidade, ou desapê

receram.

Uma analise histórica do período mostra a

tade do governo luso de povoar efetivamente o vasto terrT

tõrio de seu domínio, através de uma política urbanizadorã,

política esta que se enquadra na definição dada por Nestor

Goulart para os dois séculos anteriores . Na realidade, o

processo urbanizador do século XVIII, especialmente da se

gunda metade, foi decorrente da política geral do Marques

de Pombal, de D. José I e dos tratados de limites do perío^

A Metropole tomava a si o controle total da co

lonia por meio da intervenção direta. Nesse período, inclu

sive, iniciaram-se os primeiros recenseamentos visando, dê

um lado, ter-se conhecimento do numero real de habitantes

e, de outro, saber a quantidade de homens válidos ao Servi_

ço Real. Outras medidas de grande importância foram tcm^

das para melhoria da técnica agrícola ccmo experimentos

com sementes não nativas e tentativa de introdução do ara

von

(7)

do e do estrume; abertura de caminhos para o ccmercio^ in

tensificação de comercio entre as capitanias; permissão de

comércio direto entre Portugal e diversos portos do Brasil;

ordenanças,

criação de tropas regulares, auxiliares e de

incluindo o armamento dos próprios escravos; conquista do

sertão,etc.

Para melhor compreensão do processo de impla_n

tação de novos núcleos urbanos, temamos duas regiões: as

antigas Capitanias de Porto Seguro e Sao Paulo. 0 confron

to das duas regiões permite-nos visualizar as peculiaridê

des próprias dos dois espaços geográficos, bem como a for

ma como surgiram núcleos urbanos em diversos pontos das

duas Capitanias. Visualizam-se, também, as transformações

sociais decorrentes da instalação obrigatória de ^núcleos

urbanos. IncluTmos o homem por acharmos imprescindível sua

presença para explicar o estabelecimento dos núcleos, seu

desenvolvimento ou regressão.

Assim, o exame das duas regiões permite-nos

constatar que em São Paulo e em Porto Seguro a mudança de

domicilio era freqUente. Os habitantes das duas regi.oes não

se apegavam ao solo. Foi preciso que em Sao Paulo,por exem

plo, fossem feitas proibições da Metrópole para que alguns

se fixassem ao território. A Provisão de D. João V,de 1720,

proibia a migração e a Carta Régia de 2 de julho de

proibia os sítios volantes.

Até então, as vilas ou núcleos de freguesias

reduziam-se ã pequenos grupos bastante frouxos, pouco coe

rentes, compostos de construções esparsas. Os homens sedis_

punham em sítios isolados junto a elas. Quando, por exem

plo, se pedia, ja em 1797, para elevar a freguesia de Ja_

guari a vila — futura Nova Bragança — o Ouvidor descre^

via-a, afirmando que o centro ou "capital" de Jaguari tT

nha 25 fogos6. Toda a freguesia possuía 1.106 fogos, o que

representa que apenas 2,2% dos fogos estavam na "capital"

da povoação.

1766

As vilas não apareciam, até os meados do sécu

lo, aglomeradas devido ãs dimensões do território, aciden

tes geográficos, bem como por causa do numero reduzido__ dê

habitantes civilizados. Era urgente povoar-se o território.

Visando viabilizar a política de urbanizaçao e

povoamento, foram enviadas para todas as regiões do Brasil,

em datas diversas, Cartas Régias e Instruções para que as

autoridades, representativas do governo luso, promovessem

a criação de povoações e erigissem estas e as aldeias indí

genas em vilas.

A Carta Regia de 3 de março de 1765 mandavafu_n

dar povoações^e vilas naS aldeias indígenas de Porto Segu^

ro. A Carta Regia de 10 de outubro de 1769 reforçava a oF

dem. As Instruções Reais de 23 de janeiro de 1765 mandavam

que em São Paulo se erigissem em vilas as aldeias dos íji

dios "e que os vadios dispersos ou que vivem em citios vo

(8)

1antes" se congregassem em "Dovoacões civis", em que pudes

sem receber os sacramentos e onae estivessem prontos

"todas as occaziões do seu Real Serviço"7.

_ A Carta de 26 de janeiro de 1765, do Ministro

e Secretario de Estado dos Negócios do Reino, Conde de Oei

ras (futuro Marquês de Pornbal), Sebastião Josê de Carvalho

e Melo, dirigida ao Vice-Rei do Estado do Brasil, Conde da

Cunha, mandava os artigos das Instruções para que se

dassem novas vilas, tanto nas aldeias dos Tndios,

em outros lugares que fossem tidos como proprios para es

sas fundações. Em 1767, o Capitão General de São Paulo ain

da nao tinha recebido as Instruções. Sabia de sua existen

cia e, por isso, mandara logo congregar vadios para servT

rem de povoadores8. —

A Carta Regia de 22 de julho de 1766 dava ins

truções para o Governador da Bahia, Conde

criar vilas na Capitania da Bahia9.

0 mesmo programa foi desenvolvido, por governa

dores locais, em varias partes do território hispanoamerT

cano, segundo informações de RamÕn Gutierrez10. ~

_ Para Que 0 projeto português tivesse êxito, e

em conseqüencia da mudança da capital do Vice-Reinado para

o Rio de Janeiro, foram criadas as Comarcas de Ilhéus ePor

to Seguro que,poucos anos antes, em 1759, tinham revertido

para a Coroa, por haverem sido extintas as Capitanias

formavam11 .

para

fun

quanto

de

Azambuja,

que

Ao chegar a Porto Seguro, a 7 de dezembro de

1763, o Ouvidor Thome Couceiro de Abreu, que viera

instalar a Ouvidoria naquela Comarca, tomou posse de

cargo no dia seguinte, o de fL Sra. da Conceição. Empossa^

do, Couceiro de Abreu deu notTcias, em janeiro do ano se

guinte, ao Ministro dos NegÕcios de Ultramar, Francisco Xa

vier de Mendonça Furtado, sobre as povoaçÕes,

rios e madeiras da região12.

Foi substituTdo, em 1767, por Josê Xavier

chado Monteiro que recebeu instruções da Secretaria de E?

tado dos Negõcios do Reino para levar avante o projeto dê

criaçao de povoações e vilas-.

Em Sao Paulo, o proprio Governador e

Capitão-General tevea incumbência, auxiliado por seu Ajudante de Or

dens e Ouvidores das Comarcas de São Paulo e Paranaguá, dê

implantar o citado projeto. Para essa Capitania foi manda

do um homem obstinado e de pulso: D. Luís Antonio de Sou

za Botelho Mourão, o Morgado de Mateus13 . ”

Spix e Martius, em 1817, referem-se a esse pro

jeto do governo português que visava criar o espírito dl

cidadania, assegurar-lhes toda a proteção e vigilância da

lei, promovería moralidade e as virtudes cívicas,facilitar

a administração, percepção de impostos, regular a milícia

e o recrutamento. Segundo os autores, isso so era possível

através da "benefica“influência da sociedade"11*.

para

seu

população, Ma

(9)

A fundação de povoações e/ou vilas pretendia

reunir os habitantes para que as pessoas se agregassem e

não morassem somenté em sítios dispersos. As Instruções da

citada Carta ordenavam que todos os lavradores construis

centros urbanos para, pelo menos de

n15

tempos

sem casas nos

em tempos, reunirem-se em "sociedade civil

Segundo o testemunho dos governantes,com a dis^

persão dos habitantes, estes tinham perdido o habito relT

gioso. Por isso, mandava-se fundar igrejas "para. que essa

aente nossa aproveitarce do Santo Sacrificio da Missa, de

òue tanto fogem"16 . Ao ver do Morgado_de Mateus, os habi

tantes viviam "por hum tal modo que nao são uteis para

ner "ara o Estado"17 .

As autoridades pretendiam, além do mais,povoar

o território para "adiantar a^cultura, e lavoura dos campos

que ficão misticos as PovoaçÕes" para produzir o suficieji

abastecimento local e um excedente para exporta

sT

te para o

çãoíe .

"Aestas pessoas que houverem de servir de Pn

voadores", dizia o Morgado de Mateus, em 1767,

dirigincio-se aos oficiais da Câmara de Curitiba, "depois de serem es

colhidos e approvados por mim, lhes enviarei as ordens e a

planta para saberem como hade ser feita a Povoacao, e lhe

prometto em nome de Sua Majestade, muitas merces, especial_

mente as do habito de Christo com tenças, conforme aos ser

vicos que cada hú delies fizer a este Estado"19

miação era prometida também aos povoadores de Porto Segu

ro20 .

A citada Carta_de 26 de janeiro de 1765,

tendo as Instruções do então Conde de Oeiras, esclarece a

real finalidade da política urbanizadora lusa. Por ela, a

fundação de vilas, a liberdade dos índios e o desenvolvi_

mento do comércio entre eles, seria o*melhor meio de^resis_

tir aos Jesuítas cuja maior força e riqueza, na America,

tinha sido o domínio completo da civilização dos

índios^ Por isso, D. Jose ordenava que se

povoaçoes civis de índios livres, que assim deixariam de

inimigos dos portugueses e dos espanhóis e nao assalta

riam os caminhos, as cidades, vilas e aldeias das duas Na^

ções21 . Na realidade, os portugueses estavam perdendo ter.

ritorio para os espanhóis, em especial nas regiões

quente-a sua expulsão, estavam sob o domínio dos Jesuítas. Todas

as providencias tomadas foram no^sentido de reaver os te£

ritorios, fixar o homem e defendé-los. Não se descuidou

também do litoral. . Essa pre con mesmos estabelecessem ser

0 proprio Conde de Oeiras dava um parecer auma

carta do Morgado de Mateus, de 17 de setembro de 1765, maji

dando os "aventureiros" (bandeirantes) irem fundando povoa

ções para além aa Serra de Apucarana e civilizando os Tn

dios que fossem encontrando, dando-lhes ferramentas, crian.

(10)

co_de Mendonça Furtado no sertão do Parã22. 0 exemplo do

Grã-Parã e Maranhão deveria ser seguido por toda a colônia

dados os resultados que aquele Governador tinha conseguido.

A empresa não era simples e fácil e as prõ

prias autoridades davam conta das principais dificuldadesT

As duas regioes^eram povoadas dispersamente por dois tipos

de habitantes: índios e portugueses. Os negros eram,então,

em numero reduzidíssimo, quase insignificante.

Entre as dificuldades apontadas pelos

Capitães-Generais e Ouvidores, encontramos: falta de gente e

gio de "civilização" dos índios, falta de oficiais mecânT

cos e instrumentos de trabalho; falta de material constru

tivo de maior durabilidade; pobreza e falta de dinheiro!

ignorância dos povoadores; dificuldades administrativas e

jurisdicionais: corrupção e boatos; condições locais diver

sas e adversas23 . ~

Tanto numa quanto na outra região foram feitos

vários projetos de elevação de povoações em vila. Essas di

ficuldades impediram que os mesmos fossem executados na in

tegra. Mesmo assim, podemos verificar pelos mapas, em

xo, que grande parte das vilas existentes nos três primeT

ros séculos de colonização, surgiram a partir da implanta

ção do projeto que tratamos, principalmente em São Paulo.

Machado Monteiro, num documento de 1771, mos

tra bem as dificuldades que enfrentou em Porto Seguro par¥

a implantação de núcleos habitados:

Ve toda* a* obnlgaçõe* do meu mlnlátenlo

(__ ), he e*ta (enlgln vllá*) a mal* dl{{l

cultoza de cumpnín, pninclpalmente em *Z

tio ainda deó povo ado ou ainda naquelle* em

que 6do pouco* o* povoadone* . Pana acanl

clalo* pana hum dezento, aonde hão de e*pe

nan 2 anno*, que a& tenna* lhe* pnoduzao

mantimento*; anda/1 no emtanto em pnovelo*

de {aninha* pana come/iem vinda* de out/ia*

pa/ite* e de 6 emente* e {eAKamenta* pana

abnl/im lavouAa*; encamlnha/i e {azen con

Aenvan IR degnadado*, homen* commumente vZ

clozo*, que *o *e le/nbhão ou de {uglnem ou

de pe/itu/iba/iem ao* out/io*; p/iove/i de antZ

{.íce* temponae*; e zelan o pnovlmento do*

eAplnltuae*, que com tão ma qualidade de

gente govennem a vinha do Senhon *endo ne*_

ta Capitania tanta a {alta de * acendote*,

(...). Pazen enlgln e panamentan Egneja*

4 em dlnhelno, nem de onde *e obtenha ao me

no* pana o* movei* pneclzo* pana o *acni{Z

cloj e*colhen pana o govenno tempónal juZ

ze*, etcnlvão e mal* o{{lclae*, aonde o*

empnego* nada nendem e aonde pon acazo *e

acha quem Aalba len e e*cneven; e {Inaànen

estã

(11)

tz ^

clzzji

abtuJi ^OYVtzA, ^omoJi porutzò e. baA

ccl

&,

coa

X

oa

moXoò, abíOt am<Lnkoò e zò&ia

daA, in&ioduz-iji gadoò, dzA cayvtiíaA z aXzA

hApltmaA oò tzAAznoò, haLizoJi moA z ptia

çaA, etc.24

Em Porto Seguro houve, alem de tudo, o probl£

ma de "civilizar" os índios que constituíam a maior parte

da populaçao. Não vamos discutir os métodos e processos

civilizatorios dos índios, que indubitavelmente, abrem mar

gem a largas discussões. Devemos, no entanto, ressaltar,

como o fizeram Spix e Martius, que se previa a convivência

de índios e brancos para que aqueles se civilizassem _ "pe^

los suavissimos meios do comercio e da communicação"25.

Ja em 1763 o Ouvidor Couceiro de Abreu pedira

acsvigários das vilas e povoa^Ões existentes que fizessem

um levantamento do número de índios que habitavam as me^

mas, devendo assinalar ainda o número de ausentes. Entre

as vilas encontradas pelo Ouvidor estavam as de Vila Verde

e Trancoso.

Em 1764 notificava que os índios continuavam a

viver^nas duas vilas da mesma forma como antes "debaixo de

uma sÕ oalhoça 10, 12 e mais com seus filhos^ e

Não havia pastos comuns para rendimento da Câmara. _

reno delimitado era tão pequeno que muitos se queixavamnao

ter terra para lavrar, pois algumas que tinham recebido ja

estavam cansadas e cheias.de formigueiros e outras ja eram

capoeiras. Não tinham diretor, mas apenas um escrivão com

a obrigação de ensinar os meninos a ler. E conclui, antes

mesmo de receber a Ordem Regia: "A estes incumbi por ora

algumas advertências do Directorio do Maranhão, de que vao

dando boa conta, dei plantas para a formalidade das Vilias

e hum d'estes dias vou dispor o mais que me parecer

conforme as ordens de Sua Magestade e bem d‘estas duas po

voações"26. ”

filhas".

0 ter

mais

A prática civilizatoria sõ foi levada a efeito

pelo Ouvidor seguinte que, em 1767, deu as "Instruccões na

ra o governo dos índios da Capitania de Porto Seguro, que

os seus Directores hão de praticar em tudo aqui11o oue se

não encontrar com o Directorio dos índios do Gran Para"27 .

Tentava, desta forma, aplicar entre os índios

a pratica corrente em alguns lugares da Europa e de Portu

gal, estabelecida pelas Ordenações, pela qual os filhos Õr

fâos de pais mecânicos ou pais vivos dementes, deviam aplT

car-se aos mesmos ofícios mecânicos ou trabalhar "a solda

da". "0 mesmo parece justo que observe com os filhos de fn

dios ainda que tenham pa.ys vivos; porque por dementes epro

digos se reputam governados por Directores como seus tutó

res", diz o documento28. ~

Civilizar os índios significava fazê-los

tirem-se, ter uma vida espiritual e temporal igual a doT

brancos, bem como "ajudar" os mesmos na agricultura e

ves no

(12)

comércio. Isto vale dizer, impor os valores dos brancos:

vida sedentana, moral, ambição, acumulo de bens, vida uni

familiar. —

Uma das formas de "civilizar" os Tndios de Por

to Seguro era colocar os mais aptos nas escolas para apreri

der a ler, escrever e contar e os demais a aprender ofT

cios ou trabalhar por salãrio29 .

, 0„segundo Ouvidor de Porto Seguro, no processo

de civilizar os índios, tirava-os, ainda pequenos,

seus pais para afasta-los do que chamava "nuase copnenitos

;!clos * Para Pue esquecessem a língua materna. Em

dizia: Ha eschola em que aprendem a ler e escrever 80 me

mnos- e por acazo nao ha mestre ou official de officio mê

camco, que deixe^de ter alqum por aprendiz e dos maiores

os mais rústicos a soldada"30 .

Vários empregos eram previstos para os Tndios,

havendo preferencias de atividades, umas em relação as ou

tras, na^seguinte ordem: os cjue desejassem aprender ofT

cios mecânicos, deveriam fazê-lo junto a um amo ou mestre

que lhes ensinasse algum; poderiam ser pagens, trabalhar

na lavoura, ou finalmente, dedicar-se aos trabalhos da na

vegaçao e pescaria.

de 1771

Não deviam, de modo algum, trabalhar para cati

vo, mas apenas para os brancos "ou nardos meios

dos, que vivao, se^tratem e estimem como os mesmos bran

cos tendo preferencia sobre estes últimos os Tndios j?

civilizados. Os jã civilizados deviam ser empregados ape

nas se tivessemvontade e nao fosse necessária sua ajuda riã

lavoura dos pais.

disfarça

Como compensação pela ajuda, os mestres e amos

deviam sustentar seus__aprendizes, dar-lhes vestuário deuso

semanal e festivo, além de remuneração por outros serviços

prestados. 3 " ;

Ficavam em companhia dos mestres ou amos até o

tempo do casamento. 0 produto dos pagamentos dos

devia ser aplicado no vestuário. 0 resto deveria

gado na compra de gado ou de ferramentas

telha e feitio de suas casas.

Para as meninas o procedimento era quase

mo. Estas, por falta de mestras públicas, eram colocadaT

casas das brancas para aprender os lavores domésticos

e vestirem-se adequadamente31 .

Em relatos posteriores, de 1771 e 1772, o Ou

vidor torna a falar no processo "civilizatorio", ressaltalí

do os resultados positivos que vinha obtendo32. ~

Fm 1773 dizia que os mais velhos usavam ainda

a iTngua bárbara "reprimindo-lh'a no público o temordocas

ti^o•. mas praticanao-as sempre no particular e maiorment¥

com os filhos, que tem na sua companhia, porque dos que

lhes tirei para_a dos Mestres e Amos,- tanto mais pequenos,

tanto mais se vem esquecidos delia"33 . E continua': "Serão

rapazes

ser

empre

para

a

lavoura,

o

mes

nas

(13)

perto de 400 os que actualmente existem de hum e outro se

xo distribuídos a officios e soldada pelas cazas dos mes"

mos brancos (.. .)34 .

No ano seguinte, comunicava que grande parte

dos índios jã andava de calção, morava em casas cobertas

de telhas e providas de moveis como os brancos e que a^

guns daqueles que iniciaram a aprender ofícios ja chegavam

a "trabalhar nor fõra independentes dos mestres"35.

As dificuldades encontradas em São Paulo dife^

rem um pouco daquelas de Porto Seguro, como foi dito, por

que jã existiam mais núcleos urbanos pelo menos delimita

dos. Aí os obstáculos apareciam quando se defrontavam com

os problemas de regular os distritos das freguesias^e das

câmaras circunvizinhas; como pagar as côngruas dos párocos;

como aumentar o número de casamentos^ como pagar aos corn?

gedores e satisfazer os gastos das câmaras das novas vilas.

Os receios dessas despesas impedi ram por algum tempo a ere

çao de novas povoaçõesna vila como aconteceu com S.João cfe

Atibaia, Mogiguagu e Faxina36.

0 proprio povo opunha-se para fazê-las frus

trar. Foi o que ocorreu, em 1767, com a Vila de Sabaúna37,

principalmente pelos "embaraços que nascem de notícias e

frioleyras do vulgo" e pelos Juízes Ordinários das Vilas

de Iguape e Cananeia^se virem ameaçados38 . Podiam aparecer

dificuldades quanto a localização da nova povoaçao39 e

quanto ao local onde seria melhor recrutar povoadores, por

que muitos lugarejos eram pequenos e "diminutos de gente".

Contava-se ainda com revoltas ou amotinados contra o Dire

tor da povoaçao ou eram os Diretores das povoações .que

agiam mais em seu proprio interesse, como o Vigário de Pi_

racicaba que, em 1774, dava conta do estado miserável em

que se encontrava a nova povoaçao "sem estabelecimento nem

forma alguma de Povoaçao civil", sendo o causador disso o

Diretor "que so tem cuidado em se estabelecer a si sem dei

xar estabelecer livremente aos mais Povoadores (...)

Os métodos de recrutamento de pessoas para po

voar as novas regiões eram diversos. Iam desde a conquista’

do índio ate o indulto â criminosos que se refugiavam na

capitania41 .

ii40

A conquista do índio era um obstáculo que os

Ouvidores transpunham com dificuldade. 0 proprio Ouvidor

Couceirojde Abreu,__em 1764, tentou fixar os índios da na

ção menhãa na região do Rio Doce. Prometeu-lhes um clérigo

e os cargos da camara quando a vila fosse instalada "e pa

ra que lono entrassem a fundar a sua habitação com a formã

li nade de Vi 11a, mandei ir nara a/uielle sitio hum homem de

bom proposito e jã conhecido cTeltes, com huma forma de

planta, para que por ella fosse regulado as cazas, que os

ditos índios haviam de edificar; e que a cada um deli es

desse terreno ao menos para seis auartos, hum que lhes ser

visse de sallinha, outro nara os Pais dormirem, outro oará

(14)

os filhos, o 49 para as filhas, o 59 para cozinha e o 6o

para terem os seus effeitos"42. Em outro documento conti

nuava: (...) lhes assignei a seu contento, sitio Dara e?

tabelecerem huma regular povoação, Dor haver fallecido õ

homem, que para este fim e nara os dirigir havia mandado

para o dito Rio, deixando-lhes recomendado, oue entrassem

loqo a fazer a casa para o clerino, oue para'lã havia de

ir e depois delia as suas, em que havião de viver com esta

e aauella formalidade que lhes deixei em um risco'', txecu

taram a casa do clérigo e mais cinco, mas fugiram, no di?

de Sao Jose, no acima43.

... . . ver de Spix e Martius, a lei que assegurava

a liberdade dos índios, porem sob a guarda dos portugueses,

era desastrosa, pois aqueles fugiam, sempre em maior nume

r° para o interior das matas"'. Em relação a isso, o Mo7

gado de Mateus recomendava também que se seguisse o Direto

rio dos índios, dando-lhes bons diretores, recolhendo-o?

todos, terminando com as administrações particulares, for

mando conpanhias militares para que reconhecessem a

rioridade e a obediência, "obrigando-os a

vestirem-recer as gentes, deixando os matos, e vindo mais

povoaçao". SÕ devia ser permitido o trânsito das

entre as Comarcas e Capitanias com "passaporte" para

nao ficassem vadiando de um lugar para o outro45. Alem'da

fuga dos Tndios, contavam com um outro problema: a falta

de outros povoadores. Fixar o homem — índio ou português

- ao solo e conseguir noVos povoadores, consistia uma das

dificuldades mais sérias e constantes. 0 Ouvidor Monteiro

projetou tris povoações, além das que criou, instalando ín

dios e degredados solteiros, que fazia casar com as índia?,

ou famílias ja formadas^ Pretendia, com isso, que essa po

pulaçao aumentasse em numero para erigir os lugarejos

vilas, especialmente para que estas servissem de

contra os gentios que, constantemente, atacavam as povoa

çoes pelo lado de terra. Fez varias solicitações âs autorT

dades da Bahia para que aplicassem a "Lei de Polícia" n?

cidade e recôncavo e mandassem os ociosos e vauios, que po

voavam especialmente este ultimo, para habitar efazer cre?

cer as novas vilas, porque faziam "subir a farinha a

traordinario preço, e seria melhor a viessem iavrar aonae

tanta se pode nroduzir"46 . Peaia também o mesmo tipo de in

divíduos â Relação do Rio de Janeiro47. De início foram e?

viados em maior numero, porém, com o tempo, foram

seando.

0 povoamento de Porto Seguro dependia,

da civili^ução dos índios e envio de degredados.

0 processo de arregimentação de povoadores em

São Paulo diferia um pouco daquele de Porto Seguro. A pes

soa que se encarregasse do povoamento, como Diretor, devi?

mudar-sè para a nova localidade com a família e casa. A ar

regim.entação dos demais povoadores dependia do Governado?

SUp£ seeapa vezes a pessoas que em defesa ex escas pois,

(15)

e do Diretor nomeado. Aquele publicava um bando convocando

os que quisessem acompanhar o segundo e es^te usava seu pro

prio prestigio para aumentar o numero de pessoas dispostas

a fundar um novo lugar40 .

Os povoadores arregimentados nem sempre

voluntários. 0 proprio Morgado de Mateus afirmava:

não fallo das deficuldades de mover os novos Jiabitadoí-ci»,

que huns não querem, outros nedem o que nao hã, outros^cnc)

rão, outros se escondem, que tudo isso se vencei....)

"He segundo as Ordens de Sua Magestade", contj^

nua, "oue os Governadores tem animado as novas Povoacoens,

tão necessárias nesta America._0ra para estas

sÕ vão gentes mizeraveis oue não tem com que tirem

rias: criminozos de pequenos delictos, na esperança oe vt_

verem ali socegados; devedores faliidos afim de obterem

huma moratoria por certo numero de annos (^•;)“50*

$Õ depois de quatro anos,^no mínimo, de insta

lados nas novas vilas, e que os indivíduos .podiam ser coji

siderados como "vizinhos". Antes disso, não podiam exercer

os cargos da câmara51 . •

As vilas recêm-criadas eram^fomiadas por iji

dios, ociosos, vadios e criminosos, porem "as oessoas re

voltozas, e de mao viver, que pudessem perverter a Doa edu

cação, e armonia" deviam ser expulsas. Mas, na maioria dos

casos, era justamente para essas novas povoações quesema_n

davam os indivTduos de mã conduta. Para elas eram mandadas

as prostitutas, mulheres adGlteras cujos maridos não as

queriam de volta, bem como todo tipo de criminosos52.

Nao era difícil arregimentar-se povoadores "à

força", principalmente entre vadios, possuidores de sítios

volantes e criminosos. Estes últimos constituíam o quadro

dos chamados degredados. Entenda-se como degredados nãoapc?

nas aqueles que eram expatriados da Metrópole e outras co

lonias para o Brasil, mas também aqueles que,devido a seus

crimes, eram expulsos de suas povoações e vilas "para nun

ca mais voltar".

eram

(...)

povoaçoens ses!:ia

A instalação desses povoadores não significava

que as povoações programadas fossem definitivas. Se o meio

natural, por exemplo, fosse inadequado, as pessoas se mu

davam da mesma forma como tinham se instalado. Como aincfêr

continuavam sem poder tirar seu título definitivo de ter

ras, permaneciam^em sítios volantes que podiam, por varias

causas, ser também abandonados. A mudança de local para me

lhores condições de vida correspondia menos ã busca de atT

vidades rentáveis, para enriquecimento, que pelo próprio

instinto de sobrevivência e auto-defesa. A busca de ríque

za, entretanto, não e descartada. John Lucckock nos da no

tícias de como o boato sobre a descoberta de ouro podia fa_

zer um grande número de indivíduos deslocar-se de um lugar

para outro distante53.

Esse abandono era considerado deserção. Os no

(16)

E

KS53.1

s».-s

taçoes ou então serVesos

Ksrsrsw

e detidos

r^ixsfit

para São^Paulo-1

A esse têmpo o Ouvidor de Sao Paulo, em correicão Delas

ral3nhr° n°rte dâ Comarca* havia determinado que as Pcãma

ras obrigassem os moradores dispersos pelos sítios a faz!

rem, dentro de dois meses, casas arruadas nas resplctiva!

vilas com os castigos condizentes, entre eles o dePser pre

so a ferros e escoltado para São Paulo as suas proprfascüf

nnf'cpr! m bem d0 ServiÇ° Real» da sociedade edaPpolicia

que se tomavam essas medidas, e a favor dos próprios

dores, como alegava56. w p

n. Periodicamente, as duas regiões sofriam o im

h!' !J desP°voaniento, provocando, também, descontinuidã

de e regressão na estruturação definitiva dos núcleos. Os

^mLn OS-demr°9raf2COS mostram ^uao frouxas eram as rela

ociais. Eram fatores de despovoamento: mudança obrT

?rí?H PvnlH-1S10SSS e mí11tanes» descoberta de ouro, rê

crutas, expedições de exploração e conquista,

epidemias-p^astent^e brancos e mdios e mesmo os recenseamentos que

eram tomados como recrutas. M

Com a diminuição da população, alqumas

çoes regrediram. A adversidade do meio podia provocar mu

danças. Deste modo, novas povoações apareciam, enquanto as

Se na5 desaPareciam3 permaneciam com um número

diminuto de povoadores, quase sempre miseráveis.

_ Por isso mesmo, alguns desses núcleos programa

dos nao se desenvolveram a contento e foram alvo de nova”

política de fixaçao de habitantes. Em 1797, temos noticias

de que os camaristas da Vila de São Luis de Guaratuba re

presentavam a Rainha informando sobre a decadência-da viíã

por falta de homens que- cultivassem as terras desertas pa

ra fazer florescer a agricultura e o comercio. A vila fora"

tundada em 1770 e, acrescentavam os camaristas, "oor serem

os índividuos da sua primeira fundação vadios, de baixa es

fera, e sem estímulos de honra, e somente alguns poucos h¥

beis e capazes, ue a fazer florescer, a pezar desses

cos elia se acha em total decadência, de’sorte que I tan

tos annos funaaaa nenhum augmento tem pela referida cauza-17".

Diziam que a vila estava situada num bom lugar, com terras

lavradias, capazes de excelentes plantações, com rios nave

gaveis, caminho para serra acima, ligando-a com lugares põ^

voados que podiam fornecer-lhe animais e barra para a saT

da_para o mar, mas que apesar disso estava despovoada57

D-proprio Capitão-mor, Antonio dos Santos Amaral, recém-em

possado no cargo, sentiu necessidade de representar a RaT

nha, tal c estado em que encontrou a vila e inércia da

pulaçao, que chegou a pedir mão-de-obra para a lavoura.

Guaratuba. em 1797, possuTa 58 fogos e 317 al

mora

povo^

(17)

. Muitos de seus moradores tinham desertado e boa parte

fora obrigada a ir na expedição para Tibagi59 . Em 1799 o

Governo Geral tratava de reativar seu povoamento. Assim,

ordenava o Capitão General de São Paulo, Antonio Manuel de

Melo Castro e Mendonça, que auxiliasse o estabelecimento

de novos povoadores. Esses povoadores constituiam-se de fa

milias vindas das Ilhas da Madeira e outros naturais do

Rio Grande do Sul, açorianos ou seus descendentes .

Em Porto Seguro, alêm da falta de povoadores,

as autoridades e os poucos habitantes ressentiam-se da fal_

ta de ferramentas. Referindo-se ã Vila Verde e ViladeTraji

habitan mas

coso,

o

Ouvidor

Couceiro

de

Abreu

dizia

que

seus

tes

haviam

construído

suas

casas

sem

ferramentas.Ambas

po£

suTam,

então,

apenas

20

moradores

todos

índios.

So

ai

a

referida

autoridade

solicitou

a

um

comerciante

daquela

ca

donos

pitai que mandasse buscar ferramentas na Bahia. Os

de índios escravizados ou "a soldada" deviam depositar o

jornal ou salario dos mesmos nas mãos desse

Francisco de Carvalho, para, de um lado, evitar que os in.

dios despendessemseu ganho em aguardente e, por outro,para

que tivessem ferramentas para o trabalho mais necessário .

Por isso mesmo procurou convencer os índios das cercanias

de São Mateus e Rio Grande (Rio Doce) a reunirem-se num nu

cleo unico, pois dessa forma teriam ferramentas que_ pode

riam ser utilizadas nas suas lavouras e na construção de

comerciante,

suas casas.

Em 1771, ao se referir ã Vila de Porto Alegre,

dizia o Ouvidor Machado Monteiro, ter providenciado para

que os habitantes trabalhassem em^roças alheias parajjoder

comprar ferramentas e, depois, usa-las nas suas próprias

e, ainda "(...) com o seu producto erigirem a Egreja, que

ainda he coberta de palha, assim como ainda o sao as cazas

delles"62 . 0 mesmo acontecia na Vila de Alcobaça, ereta a

essa categoria em 177263.

A compra de ferramentas foi, aos poucos, sendo

solucionada útilizando-se o mesmo processo, isto e, reter

o salario dos índios para empregã-lo nessa compra.

Em São Paulo o processo foi diverso. Desloca '

vam-se escravos — índios ou negros — que ajudavam na edT

ficação, oficiais de pedreiros, carpinteiros,instrumentos,

imagens, ornamento e emolumentos, gara a construção de ca

sas, igrejas e manutenção de um clérigo64,

Alem da falta de ferramentas, não havia

mão-de-obra especializada, como bem indicava Machado Monteiro.

Assim, era o povo, em especial os índios, que, em Porto S_e

guro, construíam as vilas.

Jã o Ouvidor Couceiro de Abreu nos dava notí

cias dessa atividade: "Não me tenho descuidado da melhor

forma da creaçao das duas vilas novas de Trancoso e Villa_

verde, cujos índios vão fabricando as suas cazas com a for

(18)

o /°.?e referir ã edificação das matrizes de Bel

monte e Porto Alegre, em 1772, o Ouvidor dizia textualmen

te que os artifices foram osjseus mesmos povoadores, cad?

qual conforme a sua habiiitaçao, por não terem pelasuamui

ta pobreza com que pagar a outros". As telhas e os ornamen

tos foram doados por esmolas66, Mas, jã nesse mesmo ano,na

e

Seguro e locais mais proximos, empregava-se

mao-de-obra especializada, bem como o Ouvidor delegava o

a 2utr&n: "estou apromptándo o necessário para a

reedificaçao do corpo e frontespicio da Matriz desta depor­

to Seguro, que acha a cahir por instantes pela ladroeira

do empreiteiro, que haverã 40 anos arrematou na Cidade da

Bahia por 2 contos de reis, pagos na Fazenda Real,além dos

carretos a que se obrigou o povo; e para esta obra tenho

ja promessas (...)" e se

tornar a concorrer o povo

com os carretos e houver zelo na administraçao, se poderá

effectuar a moderna por hum bom risco, que ja mandei la

vrar, em tudo, e por tudo muito melhor que a antiga, que

nem cunhaes, nem cimalhas, nem alinho algum tem e tão so

mente humas brutas paredes, ainda sem reboque"67. Fizera

reedificar mais três matrizes, "(...) mas estas porbonsar

tifices a moderna e de pedra e cal": a capela-mor da igre

ja da Vila de Caravelas, corpo e frontespício da Igreja dê”

N.Sra, da Ajuda em Porto Sequro e o frontespício da igreja

da freguesia de Santa Cruz66.

As vilas menores ou recêm-criadas continuavam

a ser construídas pelos próprios habitantes. Em 1773

ficava Machado Monteiro que "por todas as vi11 as se augme?

tão a proporção das possibilidades dos habitantes, e par?

o que por falta de artifices as vão fabricando por mãos de

curiozos"69 . E continua: "Não achei em toda a Capitania

mais que 2 pedreiros, que com outros 2, que acariciei de

fora e mais 4 degradados ja chegao ao numero de 8,mas taes

que eu fui o mestre da obra das cazas da Câmara (de Porto

Seguro) porque os da Bahia me pedem por ella exorbitantis

simo presso, com que querem compensar o virem para

tão longe"70 .

Falando das obras publicas, dizia ter iniciado

as Casas de Câmara e Cadeia das Vilas do Prado e Belmonte,

bem como a Matriz da capital "(...) apezar dos poucos e

maus officiaes de pedreiros e carpinteiros e da extremoza

carência, cjue tenho deli es para. as mesmas e para outras,

assim do publico, como de particulares, a que a emulação

ou a inveja os vae demovendo mais a fabricai-as e com al

gum primor, do que a possibilidade". E reclamava: "Se d?

Bahia me viesse huma minima parte daquelles ociozos e va_

dios, que tanto procuro, além do bem que aquella cidade ex

perimentaria em exellil-os, talvez achasse eu prestimo em

muitos para aqui exercitarem os taes e outros officios,que

lã tem abandonado"71 .

noti

ca de

(19)

pondo-se como fator negativo para a fundação de vilas, po

demos citar o exemplo abaixo da Vila de Mogiguaçu.

Inicialmente, a freguesia que devia ser eleva

da a vila era Mogiguaçu, termo da Vila de Jundiaí, em Sao

Paulo. Tanto que foi ordenado ao Ouvidor Geral e Correge^

dor da Comarca de Sao Paulo que fosse aquela localidade pa

ra indicar as pessoas capazes para servirem de juízes e ve

readores e escolher o local apropriado para a construção

da Casa de Câmara e Cadeia.

Os oficiais da Câmara de JundiaT, no entanto,

se opuseram a tal empreendimento, pois segundo eles, Mogi^

guaçu estava "l...) situado numa baixa junto dum rio sem

oferecer condiçoes de segurança aos seus habitantes, pois

são frequentes as inundações e pestes que vitima muita gen

te". Diziam que “a uma légua dè Mogiguaçu, hã o arraial de

S.Jose de Mogimirim com um ribeiro, onde se abastecem os

seus moradores para regar as hortas, e por se tratar dum

local situado numa grande planície, dando ocasião a que

se desenvolva sempre mais a referida freguesia, acha ser a

região indicada para ser ali fundada a vila"72, como de fa

to o fo; a 22 de outubro de 1769. “

Seria longo listarmos todas as dificuldades eji

contradas pelas autoridades locais que se dispunham a essê

Serviço Real de criar, povoar e fazer desenvolver as povo^

çoes e*vilas programadas.

Devemos ressaltar que os ^roprios moradores e

autoridades pocfiaK solicitara elevaçao de usa povoação ou

freguesia a vila73, partincftrpotcskdfc.

Pelos docunentos do peribdb, epor afgumas pas

sagens ja referidas, verificamos que os próprios Ouvidore?

e Capitaes-Generais foram os urbanistas, arquitetos e

tres de obra, e o povo, na ausência de oficiais mecânico?

especializados^ o construtor. Coube a eles a organização

espacial dos núcleos urbanos_programados e a expansão

rede urbana. Sendo duas regiões extremamente pobres,so tar

diamente puderam contar com a presença de engenheiros milT

tares em suas obras públicas e civis. “

Segundo o que ordenavam, os edifícios deviam

inserir-se num espaço determinado. Em Porto Seguro e

Sao Paulo predominou a uniformidade teórica, em

"boa perspectiva", sem que os edifícios estabelecessem di

ferenciaçao social. Com o transcorrer do tempo, o que sê

fez ressaltar foi a diferença economica e não especifica

mente a social. Alguns tinham conseguido seguir o determT

nado, fazendo suas casas de tijolos e cobertas de telha?

ombreando-se com aquelas cujos donos não tinham tido possi

bilidades econômicas de cobri-las com material mais nobre

e continuavam a usar a palha.

Esse tipo de povoaçoes e vilas planejadas dão

resposta a una das tres soluções hipoteticamente colocadas,

para explicar a regularidade dos espaços urbanos, por Nes

mes

da

•em

(20)

e°XVn^art> v^1(*as» segundo o autor, para os Ti

í

^

l

at¥i

L.d,

Js

«f&assitt

içsánwf

dencia coletiva ao se fundar uma vila. Assim que se fundou

Guaratuba, logo no mesmo ano se mandava fundar a Igreja

Ja la. tem alguns cazaes por pouco que acrescentem as plan

tas ja os mais podem subsistir valendo-se das pescas e dã

caça . E mandava.D. Luis Antonio dizer a seu Ajudante de

Ordens, Afonso Botelho de Sampaio e Souza, encarregado da

tarefa:

(...) pnÁnetpie Vo6*a men.ce togo a ígAe

ja, ccmcòóando peta Capeta moA que ■ pode.

cu&ta da Fazenda Reat, e tanto que.

eUUveA úetto pouco maí& ou menoò atguma

couòa pana AemediaA e 6e pode.

a

dlzen. HL&

áo

,

tangue o maí& ao^Pouo que etteÁ a acabanão,

pot& tem obntgaqão de ^azen. o CoApo da IgAe

A capela-mor pertencia 5 Sua Majestade cano padroeiro e Se

nhor dos Dízimos75 .

_ ,

Coroo se ve, davam, inicialmente, as condiçoes

mínimas para a fundaçao destas povoaçoes, ficando "a como

didade e aumento delas para o futuro".

~

A localidade era escolhida segundo determina

das circunstancias. 0 nome da povoaçao era dado pelas pro

prias autoridades: "(...) suponho que Vossa merce saberá

que esta Povoaçao, por ordem que tenho de Sua Magestade",

dizia o Morgado de Mateus, "que me da licença para isso,

se hade chamar a Vila de S.Luiz (de Guaratuba) e a Igreja

de Nossa Senhora dos Prazeres". "A imagem de Nossa Senhora

dos Prazeres procurarei manda-la com comodidade porque ago

ra nao cabe o tempo". Em outra correspondência, D. Luis A7i

tonio reafirmava que "tendo logar lhe mandarey hum PayneT

de NossaSenhora para ser colocado no altar mor, isto he,

quando nao queyra colocar esse Paynel que tem, mudando-se

a invocaçao porque a Senhora he no Cêo a mesma". Os

mentos seriam os do Colégio dos Jesuítas que iamporemprés

timo .0 Ouvidor de Porto Seguro, por ocasiao do arruame?

to de Vila Viçosa, dizia: "Todos os referidos nomes lhe?

assignei, huns respeitando aos sitios e outros a alguns

particulares objectos". Essa própria vila era chamada Al

deia do Campinho "a que dei o nome de Vi11a Viçosa", dizi?

a mesma autoridade77 .

Com a fundaçao de novas povoaçoes, as sesma

rias que se encontrassem no local escolhido perdiam a valT

dade, prevalecendo o bem comum, contra os interesses partT

culares. Os sesmeiros,_no entanto, podiam recorrer a justT

ça para dar-lhes solução ou conseguirem outra sesmaria78.

Cabe ressaltar que a regularidade que os nu

orna

(21)

cleos urbanos passaram a ter, mesmo baseados num traçado em

pTrico, foi adotada em toda a rede urbana que então se esta

belecia. Mesmo empírico, esse traçado alicerçava-se numa ex

periencia anterior, pelo menos óptica, das autoridades que

traçaram os "riscos" dos núcleos que fundaram, Essa expe

riência anterior e lusa, com base no traçado regular renas_

centista, "ponto de partida para o estudo da gênese dos tra

çados das cidades nas Américas portuguesa e espanhola", se

gundo Paulo Santos79 .

0 traçado desses núcleos e caracterizado, pois,

pela regularidade, ordem, simetria, retomando as caracterís

ticas tTpicas do século XVI de toda a America Latina80 ,

partir da praça central — contendo o pelourinho, Matriz e

Casa de Câmara,e Cadeia — , as construções particulares

acresciam-se, num traçado regular, numa ordem centrTpeta,

mas guardando um relacionamento centrifugo.

0 traçado regular das vilas, fundadas a partir

do fim do reinado de D.João V e, principalmente, sob o domT

nio do Marques de Pombal, substituiu a morfologia urbana 1T

vre do urbanismo luso e começou a assimilar a experiência

hispanoamericana, segundo RamÕn Gutierrez01 e anteriormente

jã constatada por Paulo Santos02 ,

Vale dizer que algumas das povoações formadas

espontaneamente nos séculos XVI e XVII, e mesmo algumas dei

xadas pelos donatários das Capitanias, foram retraçadas ou

reurbanizadas no século XVIII, dentro dessa mesma ordenação.

Para Paulo Santos, as vilas de traçados ^regula

res "constituiram em determinado sentido uma regressão urba

nística", fascinado que mostra ser pelas cidades e vilas ir

regulares do período colonial83. 0 traçado regular fazia

parte do projeto português de que tratamos, portanto unifor

me para toda a rede urbana brasileira que, então, se cria_

va. A regularidade do traçado foi, como aconteceu com as

casas, o padrão estabelecido para a implantaçao de novas vi

las, mas fácil de ser imposto e de se adequar as localidã

des tao diversas em que foram eretas. A irregularidade dos

riscos se opunha, então^ a própria políticaurbanizadoraque

trazia imbutida no seu âmago o conceito de ordem.

Um documento de Machado Monteiro traz a descri

ção da planta de Vila Viçosa, contendo a descrição do nll

cleo urbano da forma como foi idealizada e implantada por

ele: "A respeito da fundação de villas", dizia,"somente eri

gi huma na Aldeia chamada do Campinho, a que dei o nome de

Villa Viçosa e de que remetto planta, em tudo conformeoseu

original, ainda que, por falta de architecto, delineado pe

la minha rústica idéia e decifrada pela minha.penna"84 . 0

mesmo plano, com ligeiras modificações, e valido para as de^

mais vilas implantadas pela mesma autoridade85.

Nesse sentido, os núcleos planejados não foram

produto de uma ordem social, mas conseqüencia de uma ordem

(22)

0

traçado

da

rede

urbana

previa

o

tipo

de

povoa

mento

aglomerado

ou

concentrado,

ao

contrario

do

que

exi?

tia

ate

então^

disperso

e

disseminado,

No

modelo

de

povoã

mento

português,

encontramos

os

dois

tipos.

0

primeiro

é

racterizado

pela

organização

de

casas

juntas

"arruadas

ecom

largos,

mas

com

nítida

separação

do

campo

S

volta".

Os

pro

jetos

visavam

a

aglomeração

seriada

de

casas,

sem

interposT

çao

de

espaços

cultivados,

em

que

as

casas

pegam

umas

com

as

outras.

Os

quintais

ficavam

no

fundo,

geraímente

invisT

veis

da

rua86

.

-Em

alguns

casos

o

povoamento

se

fez

por

dissemi

naçao

consecutiva,

isto

e,

foram

combinadas

formas

subsi?

tentes

,

de

_

aglomerações

. .

anteriores

acrescenta

mentos. Podemos citar o exemplo da Vila de Mova Bragança,an

tiga Jaguari, à qual ja nos referimos.

„ As casas eram erigidas de acordo com modelos

pre-estabelecidos. 0 proprio Ouvidor Couceiro de Abreu, co

mo ja vimos anteriormente em relação a Trancoso e Vila Ver

de, e seu sucessor, Jose Xavier Machado Monteiro

Seguro e D. Luis Antonio de Souza Botelho Mourão,

Paulo, além de traçar as plantas das vilas criadas ou

tas por eles, estabelecia o padrão das casas e sua

buiçao no espaço urbano.

com os novos

em Porto

em São

ere distrT

Temos duas descrições que, no geral, variam mui

.to pouco uma em relação a outra. A primeira foi dada aos in

dios de toda a Comarca de Porto Seguro, através do Direto

rio, que dispunha: ~

28 - Convem multo o vlvexem em famUloA

A epaxadaA e que. to do

a

façam cazaA dentxo e

não faxa doA axxuamentoA doA vlllaA e Al

delaA, em que. xezldem e que não Aejão como

choupanaA cobextaA de palha, que logo Ae

axxulnão, maA AÁm de telha, nem a/imadoA poA.

elleA que tão bem Aão pouco duAaveÁA, maA

poK o£faclaeA de caAplnteAÁn fab/UcadaA,

ppti nao haveA pedbui-, de madeixa ao melhoA.

uzo do paiz na fanma Aegulnte:

29 - Tenhão quando menoA de faente 42

palmo

a

e 30 de fando paxa Ae nepaxlviem em

1 A ala e 3 camaxaA ou quaxtoA, hum na pax

te da Xua junto aAala e 2 da banda do quln.

tal; e de altuxa' nem menoA de 14, nem malA

de 15 deAde o pavimento e o nZvel em que

houvex de facax a xua até o telhado; hma

Ao ponta, paxa a xua, eAta com 5 de laxgo e

10 de alto, outxa paxa o qulnta,l e

oa

malA pox dentxç neceAAaxlaA, todaA de 4 1/2

de laxgo e 9 de alto e 3 janellaA, 2 paxa

a xua de 4 1/2 de laxgo e 7 de alto e huma

paxa o quintal que pode Aex malA pequena.

O

a

fagõeA paxa a cozinha Ae fação noA quln

(23)

taeò ao pe daò cazaò, maA $na do

de aA Incendlanem,

30 - A

a

que. Álcanem de canto devem Aen

daò que cã Ae chamam de tacanlAAa,cm a coh

nente daò aguaA tãobem pana aquella paniê

e todaA ã 'no da de cachonnoò, ainda que Ae

jão toòcoò pana expedlnem a agua malò a{,aA_

toda daA panedeò. 0 enchimento deòtaA a

não òQJiem de pedna, maA de Almpleò banno,

convem òeja logo emquanto molle cnavejado

de pednlnhaA meudaò ou cãcoò baòtoA pana

Aobne elleò pega/1 bem o neboque da

polò do contnonlo logo lhe coAtuma cahln,

pnlnclpalmente da ponte aonde a chuva malA

o açoita e

oa

^nechaeA e batenteò daA pon

taA pnegadoò a pnegoò de fienno e não aman

nadoA,

31 - He conveniente humaA connão o

a

te

UiadoA pon. Igual com

oa

daA outnaò, aonde

o tenneno o penmlttln e que todaA Ae a/rnern

logo de modo que podenem admlttln ponto de

telha, quando a houven, e no emtanto pana

Iheò não apodn.ecen.em

oa

madelnaò, cobnlndo

de palha.

32 - Anmem-Ae todaA como dito falca, A em

excepção pon ofálclaeA penltoA,com

oa

quaeA

eAtipulanem

oa

VlnectoneA o Aalanlo de an

manem cada huma o malò commodo, que pode

nem, Aenvlndo o meAmo ajuAte pana aA malÃ

do meAmo feitio e gnandeza; e ponque jã ha

IndloA ainda que poucoA, n’lAAo baòtante

mente InAtnuldoA e Intellgenteò, pnefcínao

QAteA neòte lucno, que com menoA Ae hao de

dan pon AatíA^eltoA e Aejão ajudadoò doA

donoA ate ã pozltuna doA calbnoA ,cachonnoA

e pontaA, que emquanto a telhan, nlpan e

enclmentan todoA ou quazl todoA o

a

abem

áazen; e Ae emquanto aA áabnlcão pneclza

nem enlgln alguma palhoça pana Ae necoUãê

nem ou telhelno pana a guanda doA matenlaeA,

não

a

eja na nua, nem no lugan daA cazoA ,maA

Alm no doA qulntaeA e áIndaò que Aejão Ae

Iheò &aça demolln.

33 - O

a

qulntaeA pelo A nlòcoA e alinha

mentoA que Iheò deixei Aão pequenoA, maÃ

Alm convinha pana o A annuamentoA e penòpec

tlva daò vlllaò e pana o ^Im de A e podenem

Aempne covAenvan com pouco dlòpèndlo, tapa

doA e de^endldoA; e concluída a obna de cã

da huma daò cazaA Ae obnlgue logo o donõ

delia a cencan de madelna chamada de pao a

penlgo

(24)

* a ^emP*fe

toito

o «ue í-tca aendo me/104

^6to6o pana 06 d06 conjunto6,87

tnnV n mnH,neríebe'SÇ que~os portugueses trataram de des

íodu 0 de.composição formadg por casas coletivas’"

S i ^.?10riSd?s ®l*1as jeSuítlcas do Brasil ê

Paraguai, e edificar nOcleos familiares individualizados

caPdpefjrhLabn~ariUma Gnica-.fan,:riia- Basiçamente, a políti

ca de urbamzaçao ligava-se a estrutura familiar, povoamen

to, loteamento e solidariedade comunitãria.

~

+ „lia .

. °,outr? modelo padrão estã inserido no documen

SegSro, SaSdoader]7él° ^ VÍÇ°Sa’ "a Comarca * Port°

V

cuul

a (ca6a.\ do6 monado>iC6 6e dana a ca

da hum toda a exten6ao da fnente. que pedlÃ

paha com ellaò occupan; maá nada de6ta pa

Ka qucntae6, ponque todo6 hão de álcan dã

paAte detnaz, pantlndo hunó com 06 outnoò

cazaò; e

e aquel

poA A^Qual exten6ao de ánente daò „

de £undo não podendo excedeu eòtaò __

laA na6 nua6, que 6ahem do adno do6 70 que

lhe tocanam no alinhamento e naò outna6 do6

oO, que lhe neò peitando, excepto 06 que

álcanem pana a6 extneiru.dade6 pana a ponte

do nio ou do campo, que penmltto accne6cen

tonem-lhe malò 10, ponem todo6 em via

ta; e exceptuando tão bem 06 que álcanem

na6 eòqulnaò, que pneclzamente hão de ten

o menon quintal; o que lhe6 álea nemunena

do com a malon e melhon vl6ta da6 caza&~

Pon eòte modo todo6 06 qulntae6 do. Inte

àlon da vltla £ccão tapado6 com 06 caza6 ~ê

todo6 06 monadonet huná 6 em Inveja do6 ou

tno6.

Toda6 a6 dlta6, a 6enem tenneaò, como 6e

pnatica. no palz, não hão de exceden, nem

dimcnuln de altuna de 14 palmo6 do pavlmen

to da nua ate o telhado e pon dentno 6enãõ

atennado6. mal6 alto do me6mo pavimento

ate 2 palmo6, pana que 06 agoa6 pluvlae6,

que dl6 connem pelaò nua6, 06 nao Innundem.

06 belnaet ou 6e ^açãò 6obne madelna

jão de algenoz de telha ou de tijolo. Hãõ

de 6ahln daò panedex, pana fana todo6 pon

Igual na extenòao de 3 palmo6. 0 cume em

toda6 a6 de telha connenã pon Igual,

na6 que pon agona pon áalta delia 6e cobnl

nem de palha, podenã 6en mal6 alto pana eÃ

coante daò aguaò, Igualando-aò com aò mau

ao depolt, quando 6e cobnlnem de telha, e

nec

um

ou 6e

(25)

^tnatmente

pofttaÁ e janelaÁ dci

pante

da fiua Áenão do. tgual abtufia e lafigufia ku

maÁ dou, outAaò e aò IntentofiCÁ e doé quun

£ae& podenã cada qual fiazefi como qutzeji.

Ninguém entfiaAa a anAual-au 6 em

ticença

doò Juiz

pana eòteu

mandafiem pfUmel

fio atinhafi peto cuAlozo, que. deixo paAa

I

áòo

deputado; de. baixo da pena de. que,

não òe achando ao depolò na ^onmatidade

devida òefiem demolldou; e tão bem ninguém

podenã pofi naÁ fiuaÁ pontaA da paute de

fia maÚÁ que hum degfiao e ao fiedofi da pa/ie

de da fiua aÁòento continuado de. tijolo pa

fia malon. Aegufiança do aticen.ce, mau

áo

taAguna de palmo e meto todo debaixo da

pena de 2000

e de òe lhe demollfi ã Áua

cuÁta.08

A criação, medição e demarcação de^Vila Viçosa

deu-se a 23 de outubro de 1768. Esse ato foi publico- e a

ele concorreram todas as autoridades, cabendo ao Ouvidor

o ato da cerimônia. Na ocasião levantara o pelourinho e

aclamara a vila, com o chapéu na mão, em voz alta e inte

ligTvel: "Real-Real-Real. Esta nova Vila Viçosa pelo nos

so Augusto e Fidelissimo Monarcha D.José o primeiro, ReT

de Portugal". Seguiam-se o Te Deum Laudamus e Missa.

A planta da praça, ruas e travessas e suas me

didas eram "bem explicitadas, individuadas com seus nomes’’*’,

no livro de provimentos da correiçao. Foram indicados ar

ruador da agulha e ajudantes da corda, picadores do mato,

todos moradores do local89 .

Ao erigir Vila Viçosa, o Ouvidor mandara para

a localidade as "leis municipaes, chamadas vulgarmente po^

turas" que estabeleciam os deveres e direitos' dos Juizes e

Oficiais da Câmara e do'povo9fl . Essas posturas são validas

para as demais vilas fundadas e mesmo para a própria sede

da Comarca, Porto Seguro.

Registros posteriores nos dão noticias da sj_

tuação e desenvolvimento de Vila Viçosa e outras vilas91 ,

Tanto o Ouvidor Machado Monteiro, de Porto Se

guro, quanto o Governador e Capitão-General de São PauloT

D. Luis Antonio de Souza Boteino Mourão, o Morgado de Ma

teus, permaneceram no comando de suas regiões durante dez"

longos anos, ultrapassando de muito o tempo pre-estabel£

cido para o desencargo de suas funções.

Em 1776, apesar da avançada idade (63 anos) o

Ouvidor de Porto Seguro continuava seu trabalho, mas quei

xando-se sempre da falta de bons oficiais mecânicos e faT

ta de avanço na cobertura de telha das casas das diversa?

vilas por não contar com várias olarias por causa da pobre?

(26)

Não posso jã

qájíoa

. poa todaA as v-illas z

povos dztta, como em todos os ,

coaaztção-i \azta z ainda hz pazcizo,

ayÁmoJi tanto bzm pubtico z paci&icaA

tzs dz 3 quatidadzs dz nação tão divzAScCs

z opostas, quz contínuamzntz zstão

tando tntntgas com o petUgo dz via a azeã

hüt poa alguma dzzzação, mquanto ~

tão mats aAAaigadas, no

e/ta,93

annos (em

pa/ia

gzn

susct

nao zs

despovoado quz

Em 1772 a Comarca possuía oito vilas e cinco

aldeias14 e em 1777 contava com dez vilas e freguesias, al

gumas das quais, como a freguesia de Santa Cruz,

construções e arruamentos regulares, inclusive melhores que

os da capital de Porto Seguro95 .

Nesse mesmo ano_de 1977, Machado Monteiro fazia

uma retrospectiva de sua ação desde 1767. Metade da popula

ção constituía-se de índios, andando "todos uni versa lmente’Tr

vestidos, ao menos com camisa e calção. As casas ji estavam

"alfaiadas" como a dos brancos. Dizia, então, que erigiu

tres vilas, em observância às Instruções que recebera da Se

cretaria de Estado: Vila Viçosa, padroeira N.Sra. da ConceT

ção, distante do mar um quarto de légua ã margem do rio Pêi

roipe, tendo^então 160 casais; Porto Alegre, padroeiro ST

Jos5, junto a barra do rio Mecurim, a dezoito léguas da

praia que contava 130 e tantos casais, predominando desde o

início os tapuias; a terceira a Vila de Alcobaça, padroeiro

S. Bernardo, junto à barra do Rio Itanham que chegava a ter

130 casais e mais de 400 habitantes96 .

Deu início a tris aldeias: uma na enseada do rio

Camujutiba, outra na barra do rio de S. Mateus e a ultima

junto ao Rio Doce, pois eram lugares de terras férteis epos

sibilitavam, através da estrada que abriu, comunicação com

a Capitania do Espírito Santo. Apenas não as elevou a vila

pela falta de gente que as povoasse, ja porque não haviam

índios pelas redondezas, jã porque poucos degredados lhe

eram enviados.

com boas

Estas se somaram a Trancoso e Vila Verde,que fo

ram reurbanizadas pelo Ouvidor anterior, Prado e Belmonte.

Formavam

o

conjunto

de

vilas

fundadas

dentro

do

projeto

por

tugues.

Machado Monteiro aumentou e melhorou as demais

vilas com construções novas e reedificações, alem de execu

tar pontes e pontões, caminhos e fontes e com isso "ja por

terra se vadeia toda a Capitania, quando anteriormente

se

podia

fazer

oor

mar".

E

acrescenta:

"Nos

aros

de

as

vilas,

mais

modernas

como

antigas,

e

tãobem

os

das

dei

as fiz derribar e reduzir a campo, no espaço de 2 tiros

de baila, os alterozos mattos, que as emboscavam, para pas^

searem menos timidos dos seus nacionaes inimigos, para bene

so

todas

Al

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